disseminaÇÃo de violÊncia contra a mulher na …

DRA. TALITHA CAMARGO DA FONSECA – OAB/SP 378.910

AO DOUTO JUIZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRÍMINAL DACOMARCA DE AMERICANA – ESTADO DE SÃO PAULO

URGENTE PEDIDO LIMINARDESINTERESSE NA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO (Art. 319, VII CPC)DISSEMINAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA INTERNET

0000000-00.2021.8.26.0000Autos de Processo Digital nº 0000000-00.2021.8.26.000Ação de Obrigação de Fazer C/C Indenização Por Danos Morais e Tutela deUrgência de Natureza Antecipada

JULIANA SOARES DO NASCIMENTO (Professora Juliana),

brasileira, casada, professora, vereadora, inscrita no RG sob nº 45.307.120-SSP/

SP e no CPF/MF nº 369.281.898-00, tendo como domicílio laboral a Câmara

Municipal de Americana, localizada na Praça Divino Salvador, nº 5, no Bairro

Girassol, neste município, CEP 13.465-6891, por intermédio de seus advogados,

DRA TALITHA CAMARGO DA FONSECA, inscrita nos Quadros da Briosa Ordem

dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, Subseção Americana sob o nº 378.910

e DR. VALTER PIETROBOM JUNIOR, inscrito nos Quadros da Briosa Ordem

dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo, Subseção Boituva sob o nº 392.366,

com endereço profissional e eletrônico inframencionado VEM, com o respeito e

acatamento de estilo, a elevada e singular presença de Vossa Excelência, com

espeque nos artigos 318 e ss. do Código de Processo Civil e demais normas

vigentes aplicadas a espécie, apresentar

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO PORDANOS MORAIS E TUTELA DE URGÊNCIA DE

NATUREZA ANTECIPADA

1Anexo I Documentos Pessoais da Requerente

_____________________________________________________________________________________________Endereço profissional: Avenida Boituva, 375, Bairro Recanto Maravilha, Estado de São Paulo, Cep., 18.550-000.

Telefone: 015-9.9804.2545 Endereço Eletrônico: [email protected]

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em face de FELIPE EDUARDO GOMES CORÁ, brasileiro, vereador do município

de Santa Bárbara d´Oeste/SP, (demais documentos pessoais desconhecidos),

portador do endereço eletrônico [email protected], com

endereço de labor na Câmara Municipal de Santa Bárbara d´Oeste/SP, localizada

na Rodovia Luís Ometto, SP-306, 1001 - Res. Dona Margarida, Santa Bárbara

d'Oeste - SP, 13451-902, e FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA

(Instagram), pessoa jurídica de direito privado, CNPJ/MF 13.347.016/0001-17,

com sede na R. Leopoldo Couto de Magalhães Junior, 700, 5º Andar, Itaim Bibi,

São Paulo/SP, CEP 04542-000, pelos motivos fáticos e razões jurídicas que passa

a expor.

1. INTRODUÇÃO NECESSÁRIA

Em seu livro O segundo sexo, de 1949, Simone Beauvoir escreveu:

“Ninguém nasce mulher; torna-se mulher.”

A sua frase poderia ser parafraseada no contexto da violação dos

direitos humanos de mulheres no Brasil, como: Não se nasce mulher, mas se

morre de muitas formas por ser mulher, em especial por ações e/ou omissões

de agentes estatais, sejam eles de carreira ou representantes do povo, que

deveriam, por força de normativas nacionais e internacionais, proteger as

mulheres que tenham seus direitos humanos violados de ofício.

Os direitos das mulheres ainda estão longe de alcançar a sua plena

realização prática, pois há grande defasagem entre a lei e a prática no Brasil,

tornando todas as medidas existentes no país ineficazes, o caso que nesta se

expõe retrata exatamente como discursos de ódio vem se alastrando por meio

das redes sociais e demais midias especializadas.

Reflexos ainda de uma sociedade misógina, fazendo-se necessário que

os profissionais do direito reflitam sobre a violência contra mulher e façam

cessar toda e qualquer violação, como no caso que se leva ao conhecimento de

Vossa Excelência.



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Principalmente quando se trata de figura pública, proveniente da

representação política que deve impor-se em defender o equilibrio do Estado

Democrático de Direito e a Constituição da República Federativa do Brasil, que

asseguram a legitimidade de representação do povo.

Neste sentido, a Carta da República de 1988 em seu § 2°, artigo 5°,

também denominado de “Cláusula de Abertura”, clara e expressamente impõe que

além dos direitos e garantias expressos naquela Constituição, também os direitos e

garantias decorrentes da adesão do Estado brasileiro aos tratados internacionais,

não serão excluídos.

Reforçando tal orientação, em 3 de dezembro de 2008 o Supremo

Tribunal Federal brasileiro, ao apreciar o Recurso Especial nº 466.343-SP, em cujos

autos se viu obrigado a decidir conflito entre norma brasileira e a Convenção

Americana de Direitos Humanos que tangenciava prisão de depositário infiel,

determinou que os tratados internacionais de direitos humanos possuem posição

supralegal no Estado brasileiro, vale dizer, encontram-se hierarquicamente

acima da própria lei ordinária e complementar, doméstica, ao que se deve

acrescentar o reconhecimento expresso pela Corte Maior brasileira sobre a

necessidade de efetiva aplicação do Princípio Pro Homine. Neste sentido:

[...] Convenhamos: nenhum jurista no Brasil pode ignorar a histórica decisão

do STF de 03.12.2008: essa data tornou-se muito importante para nós. Não

só porque acabou com a prisão civil do depoistário infiel, senão, sobretudo,

porque inaugurou um novo modelo de Estado, de Direito e de Justiça: o

constitucional internacionaista [...] (GOMES, Luiz Flávio; MAZZUOLI, Valerio

de Oliveira. COMENTÁRIOS À CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS

HUMANOS – PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA. São Paulo: RT, 2009,

p.68)

Ora, decidir pela opção jurídica mais favorável ao ser humano

(Princípio Pro Homine) implica não apenas uma diretriz a ser tomada numa

decisão de um litígio perante o Poder Judiciário, mas também em estabelecer

vias operacionais, administrativas e procedimentais para que não agravem a

situação dos grupos vulneráveis quando, já violados em seus direitos humanos



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fundamentais, já que de longa data luta-se pela redução de atos de violência

contra mulher.

Tanto que o Brasil tem legislado para proteção dos direitos humanos

do gênero feminino, desde a Lei 11.340/2006 – Conhecida como Lei Maria da

Penha2, e mais recentemente Lei 14.188/2021- Legislação que preceitua a

violência psicológica.

Neste sentido a requerente (vereadora) recorre ao Estado para cessar

uma violência perpetrada contra si, que encontra-se em pleno andamento,

considerando que permanece sendo compartilhada e acessada pela Rede Mundial

de computadores, como detalharemos a seguir.

2. DOS MOTIVOS FÁTICOS

A requerente é vereadora da cidade de Americana/SP, Professora

Juliana como é conhecida é Cientista Social formada pela PUC-Campinas,

estudou com bolsa pelo PROUNI e é especialista em Ensino de Sociologia pela

USP. Filha de trabalhadores, descendente de nordestinos, nasceu e vive em

Americana há 33 anos.

É casada, mãe da J., trabalha como professora na rede estadual há

mais de 10 anos e atua junto à Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de

SP), fazendo a ponte entre o sindicato e a comunidade escolar, mobilizando a

categoria dos professores na luta por melhores condições de trabalho e

aprendizagem nas escolas estaduais.

Em 2020 Juliana se elegeu vereadora com 1.131 votos pelo Partido dos

Trabalhadores defendendo a melhoria na qualidade dos serviços públicos de

educação e saúde, a valorização dos servidores públicos municipais, os direitos

das mulheres e a ampliação da representação feminina no legislativo, o

fortalecimento da participação do povo nos espaços de poder e a

transparência/prestação de contas na gestão pública, sempre atuante na defesa

2 Disponível em: <<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>>



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do equilibrio do Estado Democratico de Direito, e trabalhando na defesa dos mais

necessitados, resguardando o juramento que fez quando assumiu o mandato

como vereadora do Municipio de Americana, quem tem como pilar fundamental, a

defesa da Constituição e dos direitos fundamentais do cidadão.

Lamentávelmente, tomou conhecimento que em de julho de 2021, o

requerido, vereador do município de Santa Bárbara d´Oeste/SP, ora réu FELIPE

CORÁ, postou e disseminou através dos seus canais de comunicação das redes

sociais na Rede Mundial de Computadores, vídeo no qual, discorre discurso de

ódio contra a requerente, caluniando-a, injuriando-a através da Rede Mundial de

Computadores, atingindo de maneira gritante a honra objetiva da requerente.

O vídeo foi postado na rede social, Facebook, na conta do requerido em

27 de julho às 16 horas e 43 minutos, estando disponível em

https://www.facebook.com/watch/?v=1224009464706212&extid=WA-UNK-UNK-UNK-

AN_GK0T-GK1C, também na rede social Instagram, estando disponível em https://

www.instagram.com/p/CR1zOlzjiXm/?utm_medium=copy_link, ambos disponibilizados

no mesmo dia, nas duas midias sociais. Oportuno mencionar que os videos

encontra-se disponíveis nos links acima informados. Imagem abaixo em:3

Em tal vídeo o requerido expressa:

3 Disponível em: (8) Watch | Facebook



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“Vereadora toma vergonha na sua cara vereadora a senhora é

uma fanfarrona, senhora é uma defensora de bandido!”

O e requerido continua:

“Quero gravar este vídeo para dar um recado, um recado vereadora

Juliana do PT de Americana, a senhora vir falar de tratamento

precoce? Porque vocês são culpados de demonizar o tratamento

precoce, vocês são os verdadeiros negacionistas. Uma vereadora

que defende o aborto, que defende ideologia de gênero, que

passa a mão na cabeça de bandido e vagabundo. E que a

cidade de Americana, cidade séria, de um povo sério e trabalhador,

de um povo conservador, tem vergonha de uma vereadora como você,

lave sua boca com ácido sulfúrico, antes de falar do presidente

Jair Bolsonaro, você é uma vergonha!”



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O conteudo produzido pelo requerido, foi compartilhado até a confecção

do presente peça de indenização, 146 vezes, obtendo mais 11 mil visualizações ,

143 comentários e 485 likes e alguns dos usuários vinculados ao vereador,

concordando com o discurso de ódio proferidos pelo requerido, como veremos a

seguir:



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Por amor ao debate, em contra ponto a tese aqui ventilada, evidente

que no Estado de Direito, no Brasil democrático, a função típica e atípica de um

vereador é fiscalizar a administração e os atos dos governantes; atuar como

agente capaz de aperfeiçoar proposições de governo , ser catalisador das

demandas e insatisfações populares e, de certa forma, ajudar o governo a errar

menos e administrar melhor, criticando de forma inteligente, apontando

equívocos e incongruências, destacando as consequências de desacertos e

denunciando erros e omissões.

Outrossim, no papel do vereador de oposição, ( oposição

competente e inteligente ), o parlamentar deve contribuir para se alcançar o

objetivo da ação política de governo, sobretudo alcançar também a satisfação dos

eleitores que lhe confiaram o voto. De mais a mais, a vereança deve ser

propositiva e também atuante no sentido de apresentar caminhos diferentes

dos atuais para garantir maior eficiência do setor público e possibilitar o



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constante crescimento nacional, regional, e em especial do Município,

região, em especial, outrossim, cidades limítrofes.

Todavia, é igualmente cediço que o desempenho de tal função JAMAIS

poderia ultrapassar os limites de seu atributo legislativo , chegando à margem

da ofensa pessoal no uso de discurso inflamados e embebedados de forma

abundante pelo ódio, pela violência, mormente contra a mulher, contra um

ser humano, contra a disseminadora de conhecimento, professora juliana, ora

requerente. É INADIMISSÍVEL!

Nessa entoada, todos os dias Excelência tomamos conhecimento, por

meio dos diversos veículos de comunicação, de histórias graves em que mulheres

são vítimas das mais diversas espécies de violência.

Trata-se de um problema de longa existência, que possivelmente

surgiu associado ao próprio surgimento da unidade familiar, tornando-se

generalizado, não distinguindo pessoas, POIS pobres e ricos, negros e brancos,

cultos e incultos são vítimas de atos de violência.

De mais a mais, a violência é um problema de todos, não somente

de um ordenamento jurídico, pois leis garantem direitos e obrigações a seus

cidadãos, estabelecem limites e punem o crime, mas, infelizmente, não têm o

poder e alcance de educar a sociedade para que tais atos não voltem a ocorrer,

sendo competente por proêmio, o Poder Judicário, “ socorro dos povos” resolver

esse dilema, punindo com o rigor da lei aqueles que praticam o odio e a violência,

em todas as instâncias de genero, em especial, contra a mulher.

Além da repercussão das redes sociais, centenas de cidadãos e cidadãs

da cidade de americana e região, órgãos de governo, politicos e diversas entidades

não governamentais, tiveram acesso a conteúdos de pessoas ligadas ao modelo

politico bolsonaritas, onde praticam ofensas contra a vereadora.



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Não é de hoje que a vereadora é vítima de ataques de pessoas

vinculadas a extrema direita. Mas há um momento de dize BASTA A

VIOLÊNCIA! O caso em tela, teve repercussão regional e nacional,

alcançados os mais diversos rincões, através das redes sociais, senão

vejamos:

Sindicato dos Psicólogos de São Paulo4

Diretorio Estadual do PT – Partido dos Trabalhadores5

4 Conteudo disponível em: Nota de solidariedade à vereadora Juliana Cardoso - SinPsi 5 Conteudo disponível em: Secretaria de Mulheres PT-SP no Instagram: “NOTA DE SOLIDARIEDADE À VEREADORA

PROFESSORA JULIANA As secretarias Nacional e Estadual de Mulheres do PT se solidarizam com a vereadora…”



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Deputado Federal Carlos Zarattini PT 1/2



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Deputado Federal Carlos Zarattini PT 2/26

O diretório nacional do Partido dos Trabalhares, através de nota

assinada pelas secretarias Débora Pereira e Anne Moura, diante do discurso de

ódio proferido por parte do requerido, também emitiu nota oficial em

solidariedade a requerente, vitima de um disseminador de ódio que não tem

civismo no trato com as palavras, que, como as pupilas dilatadas para um

periodo pré constituição de 1988, propaga o regime de intolerância pelos seus

canais de comunicação.

6Conteudo disponível 1_2 e 2_2 disponível em: (7) Carlos Zarattini | Facebook Data 31/07/2021 às 11/26



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“ As secretarias Nacional e Estadual de Mulheres do

PT se solidarizam com a vereadora de Americana (SP),

Professora Juliana, que após ter sofrido um ataque do

vereador Coragem, da cidade de Santa Barbára do

Oeste, depois de lembrar em plenário que não existe

tratamento precoce contra Covid-19, conforme

reconhece a própria Organização Mundial de Saúde , e

que o Governo Bolsonaro provoca um verdadeiro

genocídio, em cima de desinformação e mentiras,

sofreu com uma tentativa de ridicularização, de dois

apresentadores de um programa de televisão. Na

investida do Vereador, além de disseminar mentiras

através de frases feitas, sem qualquer respaldo

científico, validando as falas negacionistas do governo

bolsonaro, ele faz uma ameaça de violência física,

incentivando a violência contra mulheres e o

feminicídio. Tipo de crime que só tem aumentado nos

últimos anos, principalmente por ser validado por

figuras públicas, como a do Vereador, que ao invés de

usar seu espaço de fala para coibir e combater a

violência, usa para propagar intolerância e ódio. Esse

ataque acabou reforçado por dois apresentadores, que

além de desinformação, reverberaram ódio e misoginia,

e ridicularizaram a democracia e o direito, conferido

pela Constituição Federal, de parlamentares se

expressarem livremente. Além de amenizar e fazer

graça com a ameaça do vereador. Lembramos que esse

tipo de construção da mídia e da imprensa valida a

violência política de gênero e reforça a misoginia entre

a população, que esse tipo de conduta faz com que

mulheres que ocupam espaços de poder,

principalmente na política, sejam alvo de ameaças e

injúrias. Vale ainda reforçar que ambos ataques são

crime, e que as Mulheres do PT têm denunciado e

dado todo o suporte para que nenhuma mulher se



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sinta sozinha ou desamparada. Que a assessoria

jurídica do Projeto Elas por Elas já entrou em contato

com a Vereadora para tomar as medidas possíveis.

Mais uma vez, é necessário lembrarmos que estamos

entrando em um estado de exceção, reforçado por

condutas levianas, como a dos três envolvidos, e que

mais que nunca se faz necessário denunciar qualquer

tipo de conduta que tente de alguma forma impedir o

exercício de mandatos conquistados

democraticamente, além de garantir toda a segurança

e saúde, mental e física, das nossas parlamentares.

Silenciadas Nunca Mais!7

Além da repercussão das redes sociais o conteúdo foi enviado para

jornalistas da região e veiculado em 28 de julho de 2021, no programa de

televisão local, denominado TODO DIA NEWS8, como narrado, com ampla

repercussão.

Ora Excelência, como se pode claramente é notório que o Vereador da

Comarca limitrofe a Americana, Santa Barbara do Oeste, FELIPÉ CORÁ,

integrante da agremiação politica PATRIOTA, edil que integra a Câmara

Municipal daquela cidade e PASMEM, membro da Comissão Permanente de

Direitos Humanos, fato este absolutamente paradoxal, que soa como um

deboche ao Estado de Direito, em seu discurso inflamado, faz afirmações de alto

teor calunioso, injurioso, com palavras que desvalorizam a autora em decorrência

ao seu genero, protagonizando cenas de atentado a dignidade de uma mulher, no

extrapolando CLARAMENTE os limites da sua imunidade parlamentar.

Além do mais, a violência produzida pelo vereador FELIPE CORÁ,

em face da requerente, transmitido pela Rede Mundial de Computadores,7 Conteudo disponivel em: Nota de Solidariedade à vereadora Professora Juliana | Partido dos

Trabalhadores (pt.org.br) 8 Conteudo disponivel em: (190) TODO DIA NEWS 28 07 21 - YouTube



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configura QUEBRA DE DECORO PARLAMENTAR e afeta mulheres de todas as

classes sociais. Nos dias atuais a violência contra as mulheres é entendida não

como um problema de ordem privada ou individual, mas como um fenômeno

estrutural, de responsabilidade da sociedade como um todo.

Nada obstante, como mencionado anteriormente e aqui se ratificada,

os números concernentes à violência contra as mulheres no Brasil serem

estarrecedores, muitos avanços foram alcançados em termos de legislação,

sendo a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) considerada pela ONU –

Organização das Nações Unidas uma das três leis mais avançadas de

enfrentamento à violência contra as mulheres do mundo e mais recentemente Lei

14.188/2021- Legislação que preceitua a violência psicológica e que acredita-se

que com muita objeção, foi sancionada pelo Presidente da República.

A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a

Violência contra a Mulher, mais conhecida como Convenção de Belém do Pará ,

assenta a violência contra a mulher como “qualquer ato ou conduta baseada no

gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à

mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” (Capítulo I, Artigo 1°)

e o caso em tela, adequa-se perfeitamente ao disposto na Convenção de Belém do

Pará, como também na Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340, de 7 de agosto de

2006, que criou mecanismos para coibir a violência contra a mulher, nos termos

do artigo § 8o do art. 226 da Constituição Federal.

Por fim, visivelmente abalada por todo exposto na exordial, inclusive

familiares, filhos, pois toda essa situação rendeu a autora uma exposição

vexatória e percebendo que o intento do requerido é denegrir a imagem, a

honra, a moral da autora, não restou alternativa a requerente senão socorrer-se

da Tutela Jurisdicional do Estado através da presente propositura para ver

reparado o dano moral por ela experimentado e remoção do conteudo ofensivo

nas redes sociais.

3. DOS FUNDAMENTOS JURIDICOS DO PEDIDO3.1 Dá Responsabilidade Civil Decorrente do Crime de Injuria, Calunia eDifamação - Inaplicabilidade do Pressuposto da Imunidade Parlamentar.



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A responsabilidade civil parte do pressuposto de que todo aquele que

violar o direito de outrem, causando-lhe danos, seja de natureza material ou

moral, tem o DEVER de reparar o dano que ocasionou.

No vertente caso, é certo inferir que houve patente prejuízo

experimentado pela autora, reportado tanto pelo vídeo que continua a ser

disseminado pela rede sócias, anexo em como também pela repercussão que teve

no meio social da cidade de Americana, região, corredores da Câmara Municipal,

parentes, amigos, incluindo a repercussão nacional experimentada pela autora,

onde o réu ofende a honra objetiva da vereadora professora juliana,

vergonhosamente com vocábulos que desvalorizam a autora em relação ao

genero, praticando injuria, calunia e difamação, sem prejuizo da violência no

âmbito da Lei Maria da Penha e demais normas aplicadas a espécie.

O Código Civil traz, em seu corpo normativo, disposições acerca da

responsabilidade civil:

Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária,

negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a

outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 927 Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Diante do que já fora narrado, resta claro que a conduta do ora

requerido causou um dano imensurável à honra, à moral à dignidade, à imagem

da autora da presente demanda perante a sociedade e familiares.



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Embora o art. 53 do “documento da liberdade”9 , norma replicada na

Constituição Estadual e na Lei Orgânica do Municipio de Santa Barbara do

disponha que os membros do Poder legislativo “são INVIOLÁVEIS (civil e

penalmente), por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos” é necessário que

se ressalte que ESSA IMUNIDADE NÃO É ABSOLUTA.

Inclusive, sobre isso, colaciona-se o entendimento do Praetorium

Excelsior, que versa sobre o tema:

EMENTA: “ A imunidade material prevista no art. 53, caput,

da Constituição não é absoluta, pois somente se verifica nos

casos em que a conduta possa ter alguma relação com o

exercício do mandato parlamentar. (...). (Inq 2.134, Rel. Min.

Joaquim Barbosa, julgamento em 23-3-2006, Plenário, DJde

2-2-2007.)” A garantia constitucional da imunidade,

parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) - que

representa um instrumento vital destinado a viabilizar o

exercício independente do mandato representativo – somente

protege o membro do Congresso Nacional, qualquer que seja o

âmbito espacial (locus) em que este exerça a liberdade de

opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa),

nas hipóteses específicas em que as suas manifestações

guardem conexão com o desempenho da função legislativa

(prática in officio) ou tenham sido proferidas em razão dela

(prática propter ófficium), eis que a superveniente

promulgação da EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a

abrangência tutelar da cláusula da inviolabilidade. A

prerrogativa indisponível da imunidade material que constitui

garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não

traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem,

pessoal) - não se estende-a palavras, nem a manifestações do

congressista, que se revelem estranhas ao exercício, pôr ele, do

9 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos



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mandato legislativo. A cláusula constitucional da

inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente

proteger o parlamentar, supõe existência do necessário nexo

de implicação recíproca entre as) declarações moralmente

ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício

congressional, de. outro. Doutrina. Precedentes." (INQ 1.024 -

Rei. Ministro Celso de Mello, julgamento em 21/11/2002,

Plenário, DJ de 04/03/2005). - grifos nossos

EMENTA: Malgrado a inviolabilidade alcance hoje “

quaisquer opiniões, palavras e votos ” do congressista,

ainda quando proferidas fora do exercício formal do

mandato, não cobre as ofensas que, ademais, pelo

conteúdo e o contexto em que perpetradas, sejam de todo

alheias à condição de Deputado ou Senador do agente. Não

cobre, as ofensas que, ademais, Não cobre, pois, a

inviolabilidade parlamentar a divulgação de imprensa, por um

dirigente de clube de futebol, de suspeita difamatória contra a

empresa patrocinadora de outro e relativa a suborno da

arbitragem de jogo programado entre as respectivas equipes,

nada importando seja o agente, também, um Deputado

Federal. (INQ 1.344 - Rel. Ministro Sepúlveda Pertence,

julgamento em 07/08/2002, Plenário, DJ de 01/08/2003).

Como se percebe, no caso em análise, a ofensa prolatada pelo

vereador FELIPE CORÁ, em face da vereadora requerente, não guarda relação

com o exercicio do mandato do vereador. Alias quando usa a rede social,

ultrapassa os limites do território de ofício. Inobstante, as palavras ríspidas

acidas do vereador, atinge a esfera íntima da vereadora requerente, atacando

diretamente a sua honra em detrimento a sua condição de mulher, com o claro

intuito de desmoraliza-la.

Assim, faz-se claro que a declaração feita pela parte ora requerida,

causou um grave dano de foro íntimo a autora da presente demanda, razão pela



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qual tem o dever de indenizá-la, sobretudo, se retratar publicamente pelas

mesmas vias.

3.2 Da Grave Lesão à Honra e à Dignidade da Pessoa Humana – Configuraçãodo Dano Moral.

Como é sabido, o artigo 5º da Constituição Federal alberga os direitos

e garantias fundamentais. Em seu inciso X traz a seguinte disposição:

Art.5 (…)

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização

pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

(destacou-se).

O Pacto de São José da Costa Rica, também conhecido como

Convenção Interamericana de Direitos Humanos, ratificado e vigente em nosso

país, também traz, em seu art. 11, a garantia à proteção à honra:

Artigo 11 – proteção da honra e da dignidade. 1. Toda pessoa

tem direito ao respeito da sua honra e ao reconhecimento de

sua dignidade. (grifos nossos).

Ora, o respeito à honra de um indivíduo reflete na observância do

princípio da dignidade da pessoa humana . Quando se atinge a honra de

alguém, o ofensor faz com que a vítima seja exposta de maneira vexatória e

humilhante perante a sociedade, causando-lhe um grave dano à sua integridade

moral.

Como já narrado na síntese dos fatos, a requerente tomou

conhecimento que o requerido, através de canal específico de sua propriedade,

dentro do Facebook e Instagram, na Rede Mundial de Computadores, no uso da

palavra asseverou o seguinte:



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“Vereadora toma vergonha na sua cara vereadora a senhora é

uma fanfarrona, senhora é uma defensora de bandido!”

E o requerido continua:

“Quero gravar este vídeo para dar um recado, um recado

vereadora Juliana do PT de Americana, a senhora vir falar de

tratamento precoce? Porque vocês são culpados de

demonizar o tratamento precoce, vocês são os verdadeiros

negacionistas. Uma vereadora que defende o aborto, que

defende ideologia de gênero, que passa a mão na cabeça

de bandido e vagabundo. E que a cidade de Americana,

cidade séria, de um povo sério e trabalhador, de um povo

conservador, tem vergonha de uma vereadora como você, lave

sua boca com ácido sulfúrico, antes de falar do presidente

Jair Bolsonaro, você é uma vergonha!”

O senhor FELIPE CORÁ é vereador, representante eleito pela Cidade

de Santa Barbara do Oeste, e tem visibilidade municipal e regional. Todo e

qualquer discurso que faz é responsável pela formação de opinião de grande

parcela da população.

Assim, quando o vereador prolata afirmações desonrosas como as

narradas em lente, desvalorizam a vítima em decorrência de sua condição de

mulher, expondo a autora de forma vexatória, com discurso fervoroso que destila

o ódio e a violência contra a mulher, algo que o Poder Judiciário não pode ignorar

e tolerar.

Sem ignorar o poder de sua fala, o Requerido incita contra a Autora,

e todas as mulheres, de um lado, um crime hediondo que, segundo nota da

própria Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República, é



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caracterizado justamente por atingir, humilhar e reduzir as mulheres em sua

condição social, política, social e econômica.

Hipótese das mais ofensivas e repugnantes que uma pessoa pode ver

atribuída à sua condição humana, certamente majorada em sua extensão na

medida em que o vídeo se espalhou pelas redes sociais e visto por mais de 11 mil

pessoas, conforme narrado, sem prejuizo das interações específicas como likes e

comentários, na sua maioria, desrespeitosos contra a vereadora, oriunda do

discurso de ódio do requerido.

Ressalte-se, neste sentido, que o Réu não demonstrou nenhum

arrependimento ou retratação por o conteudo continua disponível na sua rede

social, como se fosse um troféu. O mais absurdo é que o réu, quando assumiu o

seu mandato, jurou defender a Constituição Federal, em especial, a dignidade da

pessoal humana E PIOR, É INTEGRANTE DA COMISSÃO DE DIREITOS

HUMANOS DA CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA BARBARA DO OESTE, fato

este que soa como um verdeiro deboche!

Não é difícil se imaginar os danos causados a Autora, a sua imagem

pública e, sobretudo, em sua intimidade, ao ver-se no alvo de tais afirmações

ríspidas ácidas, circulando pelas redes sociais tendo de suportar junto de seus

familiares as imagens de uma pessoa dirigindo lhe tamanha ofensa, fatos que não

são verdadeiros, colocando em dúvida a sua conduta profissional de forma

machista e grosseira.

Estamos diante de um flagrante discurso injurioso, calunioso e

difamatário, o qual foi proferido e transmitido pela rede mundial de

computadores através da FACEBOOK E INSTAGRAM vídeo da fala do vereador

circulou e ainda circula pelas redes sociais, tingindo índices e propagação

estratosféricos.



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Nesse contexto, traz-se a expressa disposição do art. 953 do Código

Civil:

Art. 953 - A indenização por injúria, difamação ou, calúnia

consistirá na reparação do dano que delas resulte o ofendido.

Reitera-se que, embora não seja necessária a comprovação da

prática do delito criminal cometido pelo vereador ora requerido, uma vez que a

responsabilidade civil é independente da criminal (CC, ad. 935), ela está

manifestamente evidenciada no presente caso. Além do mais, que o dano

causado, ultrapassa a pessoa da requerente e toma uma grande proporção que é

perniciosa à defesa dos direitos humanos.

A gravidade dos fatos ora narrados não constitui mera ilação nem

tampouco fruto de suposição, porquanto caracteriza uma situação de verdadeira

perseguição e discriminação odiosa, incompatível com as responsabilidades e

atribuições do Parlamentar do Municipio de Santa Barbar. Destaque-se que não

apenas a honra da Autora foi atingida, mas também a de todas as mulheres do

País que estão sujeitas ou que sofrem diariamente com esse tipo de violência.

Sobre isso, o art. 944 do Código Civil dispõe que “a indenização

mede-se pela extensão do dano”, assim, este juízo deve levar em consideração a

situação fática exposta, a imensa divulgação dos vocábulos proferidos pelo

Requerido, conforme exaustivamente exposto nesta exordial. Isto porque a

condenação deve atender à tríplice função da indenização por danos morais, ou

seja, deve ser arbitrado um valor capaz de compensar a vítima, punir o requerido

pela sua conduta e fazer com que não se repita o ato injurioso, calunioso e

difamatório.

Assim, demonstrado o dolo, ou seja, o deliberado propósito do

requerido em ofender a honra da Autora, cabe a fixação da indenização, conforme



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também já decidiu o EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO

FEDERAL10

“ Reconhecido o dolo na conduta da parte ante a necessidade

de se quantificar a indenização, devida por dano moral,

hão de ser considerados, no mínimo, dois elementos: a

punição do ofensor. Na proporção da gravidade da ofensa por

ele cometida e a compensação traduzida em pecúnia, observado

o poder por ela alcançado no terreno das satis facões

humanas.”

Também deve ser levada em consideração a posição social do

ofendido e do ofensor. Sobre o tema, já decidiu o EGRÉGIO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL11

“ O valor relativo à indenização por danos morais deve obedecer

às condições pessoais tanto do ofensor como do ofendido e ser

proporcional, à ofensa sofrida, atentando-se o julgador para

os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.”

Logo, conclui-se que inexistem dúvidas, no caso específico, acerca

das afirmações feitas pelo vereador FELIPE CORÁ, em relação a autora,

sabidamente injuriosas e de grave lesão à honra e intimidade da requerente em,

expondo a personalidade da vítima de forma veementemente vexatória, fato este

que respalda a sua condenação, na forma ora revindicada, a reparar os danos

morais sofridos pela Autora, professora Juliana, sem prejuizo da retratação

pública.

Fundamentalmente, o dano moral a ser pago a autora está ligado à

humilhação, ao constrangimento íntimo diante das graves ofensas proferidas

10 Apelação Cível 2002015000925 1, Acórdão n' 164035, Rei. Des. Lécio Resende, julgado em

06.5.2002, p. 43.

11 Apelação Cível 20020110034242, Acórdão no 212021, Rel. Des. José Divino de 01i"eira, julgado

em 25.10.2004, DJU de 28.4.2005, p.,54.



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transmitidas ao vivo pela Rede Mundial de Computadores. Tais restrições de

cunho personalíssimo têm reparação de caráter satisfatório e, portanto,

ressarcível, já que não se trata de compensação, mas de satisfação, aliado, a uma

dimensão objetiva que emana de um princípio de não repetição da violação

perpetrada.

Por fim, é razoável que a indenização a título de danos morais,

considerando toda situação fática exposta nessa ação indenizatória, deve ser

fixada em valor não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais) e que deverá ser

suportada pelo Requerido no sentido de punir e coibir o comportamento praticado

pelo vereador, pois, em contrário, soaria como elogio à referida conduta ilícita,

razão pela qual, requer-se o arbitramento do valor de indenização do dano moral

conforme o pleiteado.

3.3 Sobre a Incidência da Convenção para a Erradicação de todas as Formasde Violência Contra a Mulher (CEDAW) Reparação em Matéria de DireitosHumanos.

Aqui é necessária uma reflexão que transcende o caso concreto para

retomar a ele desde uma perspectiva da reparação, da emblematicidade do caso

e, sobretudo, do princípio internacionalmente consagrado da não repetição.

Nos termos dos Tratados Internacionais, de Direitos Humanos

ratificados pelo Brasil, dentre eles o que trata da erradicação de todas as formas

de violência contra mulher, observa-se a compreensão e reconhecimento da

situação de opressão e vulnerabilidade sofrida pelas mulheres em nossa

sociedade, e são projetadas normas que visam à garantia, proteção e reparação

da violência contra as mulheres.

Neste sentido, a chamada Convenção de Belém do Pará, firmada no

âmbito do Sistema Interamericano de Direitos Humanos da OEA, trouxe para o

Brasil, na medida da sua ratificação, uma normativa voltada para a hermenêutica

da proteção e reparação da violência contra mulher, entendida desde a



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perspectiva da violência decorrente da relação de gênero, como acima tratado, e

cuja incidência reivindica-se no caso em análise:

Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e

Erradicar a Violência Contra a Mulher - Promulgada pelo

Decreto n.º 1.973 de 10 de Agosto de 1996.

Artigo 1 - Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por

violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no

género, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou

psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera

privada.

(…)

Artigo 4 – Toda mulher tem direito ao reconhecimento,

desfrute, exercício e proteção de todos os direitos humanos

e liberdades consagrados em todos os instrumentos regionais e

internacionais relativos aos direitos humanos. Estes direitos

abrangem, entre outros.:

a) direito a que se respeite sua vida;

b) direito a que se respeite sua integridade física, mental e

moral;

(…)

Artigo 6 - O direito de toda mulher a ser livre de violência

abrange, entre outros

a) o direito da mulher a ser livre de todas as formas de

discriminação;

Artigo 7 Os Estados Partes condenam todas as formas de

violência contra a mulher e convêm em adotar, por todos os

meios apropriados e sem demora, políticas destinadas a

prevenir, punir e erradicar tal violência e a empenhar-se em.

(…)

b) agir com o devido zelo para prevenir, investigar e punir a

violência contra a mulher;

(…)



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g) estabelecer mecanismos judiciais e administrativos

necessários para assegurar que a mulher sujeitada a violência

tenha efetivo acesso a restituição;

Ainda no âmbito da incidência e aplicação dos Tratados

Internacionais de Direitos Humanos ao caso em tela, há que se tomar por

referencial conceitual e jurídico a jurisprudência da Corte Interamericana de

Direitos Humanos em matéria de reparação de danos, observando-se a

pertinência em proceder-se a ampliação da perspectiva reparatória, de modo a

aliar a dimensão pecuniária a uma dimensão também moralmente satisfativa,

identificada pela 1) publicação da sentença condenatória em veículo de

comunicação e sítio virtual na rede mundial de computadores; ou 2 )

publicação de pedido de desculpas oficial em veículo de comunicação

impresso e na rede mundial de computadores.

Tal mecanismo de satisfação e não repetição é verificado em todas as

condenações do Estado brasileiro perante a Corte Interamericana de IDH, a

saber: o caso Ximenes Lopes x Brasil (2006); caso Echer e outros x Brasil (2009);

caso Garibaldi x Brasil (2009); e caso Gomes Lund e outros x Brasil (2010), nos

termos seguintes constantes da condenação do caso Escher e outros x Brasil e

reiterada em termos semelhantes para as demais:

Sentença Corte IDH, caso Esclier e outros x Brasil:

“ O Estado deve publicar no Diário Oficial, em outro jornal de

ampla circulação nacional, e em um jornal de ampla

circulação no Estado do Paraná, uma única vez, a página de

rosto, os Capítulos I , VI a XI, sem as notas de rodapé, e a

parte resolutiva da presente Sentença, bem como deve

publicar de forma íntegra a presente Decisão em um sítio web

oficial da União Federal e do Estado do Paraná. As publicações

nos jornais e na internet deverão realizar-se nos prazos de seis

e dois meses, respectivamente, contados a partir da notificação



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da presente Sentença, nos termos do parágrafo 239 da

mesma. “

Neste sentido, em tempos de modernização da cultura judicial

brasileira, incorporando a cultura de direitos humanos que emana da Corte

Interamericana de, Direitos Humanos, faz jus a Autora à reparação satisfativa

nos termos da publicação da sentença condenatória e conjuntamente, na

determinação de pedido oficial de desculpas a ser publicado em veículo impresso

e no site virtual do Requerido na rede mundial de computadores, nos mesmos

canais oficiais onde o ofensor prolatou as falas condenadas.

4. DÁ TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA DE NATUREZA ANTECIPADA

O artigo 300, “caput”, do Código de Processo Civil, que traz a previsão

da “tutela de urgência”, abrangendo tanto a de natureza cautelar quanto a de

natureza antecipada, prevê a possibilidade da Autora pedir a antecipação de

tutela quando algum dos elementos a seguir estiver evidente:

Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver

elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo

de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

A disseminação de vídeos que tem em seu conteúdo atos que

traduzem nítida violência contra a mulher e com ofensas e falas machistas que

atingem a honra objetiva da autora em razão de genero, injurias, calúnias,

difamação, que por si só, configuram ato ilícito (artigo 186, CC) é passível de

indenização por danos morais e materiais (artigo 927, CC), haja vista a violação

de direitos fundamentais, dispostos categoricamente nos incisos IV (vedação ao

anonimato), V (direito à resposta) e X (privacidade) do artigo 5°, da Constituição

Federal.

Por outro lado, o artigo 15, § 3º combinado com o artigo 19 da Lei

12.965/14 (Marco Civil da Internet), se apresentam como fonte legal da

obrigação de fazer aqui perseguida, conforme se denota a seguir:



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“Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na

forma de pessoa jurídica e que exerça essa atividade de forma

organizada, profissionalmente e com fins econômicos deverá

manter os respectivos registros de acesso a aplicações de

internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança,

pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento.

(…)

§ 3º. Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente

dos registros de que trata este artigo deverá ser precedida de

autorização judicial, conforme disposto na Seção IV deste

Capítulo”

“Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão

e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet

somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos

decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem

judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito

e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo

assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como

infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.

Diante do exposto, estão plenamente preenchidos os requisitos

autorizadores do deferimento da ordem liminar uma vez que está comprovado que

a permanência do vídeo, com a deflagração de gravíssimas ofensas contra a honra

objetiva da autora na rede social de responsabilidade do FACEBOOK BRASIL S/

A constrange ainda mais a autora e como narrado, colabora com a

disseminação da violência contra a mulher na rede mundial de

computadores, quais sejam:

a) A probabilidade do direito (fumus boni juris), pois a

Autora comprovou a disseminação de vídeo com conteúdo

ofensivo promovido nas páginas do réu via FACEBOOK e

INSTAGRAM, rede social de propriedade Facebook Brasil

as quais denigrem seu nome, sua honra e sua imagem e

disseminam a violência contra a mulher na rede mundial de

computadores;



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b) Perigo da demora (periculum in mora) e,

consequentemente, o justificado receio de ineficácia do

provimento final, no caso de a Autora ter que aguardar o

trâmite normal do processo, a dor moral e o sofrimento

imposto ampliará cada vez mais seus efeitos, haja visa que é

possível constatar que, através da página oficial do réu dentro

da rede social Facebook, o vídeo foi assistindo por mais de 11

mil pessoas e continua sendo propagado.

Por fim, embora a livre manifestação do pensamento se trate de uma

garantia constitucional consagrada (art.5º, IV, da Constituição Federal), assim

como todos os direitos fundamentais não é absoluto. Assim, diante do conflito de

principios constitucionais, é certo que o Poder Judiciário deve aplicar o juizo de

ponderação, impondo limites ao princípio da liberdade de expressão, em

detrimento à reputação e honra da requerente. (art.5, V, da CF).

É certo que informações desabonadoras em rede social, sobretudo,

discursos de ódio como o narrado na presente vestibular, espalham-se com

rapidez e de forma generalizada, cristalizando muitas vezes situações falsas como

“verdades”, o que pode causar ofensas a dignidade, a honra e decoro da pessoa.

Destarte, com o devido respeito e acatamento de estilo, estão

presentes os requisitos legais para o deferimento da medida liminar de remoção

do conteúdo mencionado, com respaldo, inclusive no art. 19, caput e § 1º, do

Marco Civil da Internet. As postagens em redes sociais se espalham

rapidamente, sem controle. Aí está o perigo na demora. O abuso da liberdade de

expressão é a fumaça do bom direito. Nesse sentido, a propósito, já decidiu os

Tribunais Superiores sobre o tema:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE

OBRIGAÇÃO DE FAZER - RETIRADA DE PUBLICAÇÃO DE

CUNHO OFENSIVO DO FACEBOOK - INDICAÇÃO DAS URLs -

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA - PRESENÇA DOS REQUISITOS

PARA CONCESSÃO - DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE



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EXCLUSÃO INTEGRAL DAS PÁGINAS - AGRAVO PROVIDO. -

Para deferimento do pedido de tutela urgência, é

imprescindível o preenchimento dos requisitos cumulativos

indicados no art. 300, do CPC/2015. - Existindo prova

inequívoca da publicação na rede social “Facebook” de

imagens e comentários que podem ser considerados

ofensivos a imagem e a honra, deve o provedor proceder a

sua desativação. - Constatado que as vítimas juntaram

documentos que indicam de forma clara e específica as

URLs das postagens ofensivas, bem como do perfil

responsável, mostra-se plenamente possível o

cumprimento da determinação judicial de remoção de tais

endereços (art. 19, caput e § 1º, do Marco Civil da

Internet ) . - Agravo de Instrumento provido. (TJMG – Agravo de

Instrumento-Cv 1.0000.17.079342-6/001 Relator(a) Des.(a)

José Arthur Filho 9ª CÂMARA CÍVEL Súmula DERAM

PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO Data de

Julgamento 30/01/2018 Data da publicação da súmula

05/02/2018). Negritei

Dessa forma, é o caso de se determinar ao FACEBOOK BRASIL S/A

em sede de cognição sumária e de maneira liminar, sem a oitiva da parte

contrária, QUE PROVIDENCIE A IMEDIATA REMOÇÃO DE VIDEO QUE

CONTÉM CONDUTAS ILÍCITAS MATERIALIZADAS NOS ENDEREÇOS

ELETRÔNICOS ABAIXO, por parte do vereador réu no presente feito, sob

pena de multa diária no valor não inferior a R$ 500,00(quinhentos reais),

nos termo do artigo 537 do CPC, cabendo ressaltar, inclusive, que a

antecipação da tutela não importa em qualquer tipo de periculum in mora reverso,

não causando prejuízo nem aos Réus, tampouco a nenhum terceiro estranho à

lide.

5. DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer que Vossa Excelência digne-se a:



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a) Seja acolhida a presente Ação de Obrigação de Fazer

C/C indenização por Danos Morais e com Pedido de

Tutela de Urgência de Natureza Antecipada, bem como de

todos os documentos que há instruem;

b) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA

ANTECIPADA, em caráter liminar inaudita altera parts

“na forma do artigo 300, do Código de Processo Civil e do

artigo 22 da Lei 12.965/14, para que o Réus

FACEBOOK, EM 24 VINTE E QUATRO) HORAS, após a

notificação liminar, para que proceda à imediata

REMOÇÃO DO VÍDEO publicado no perfil do réu FELIPE

CORÁ, na rede social Facebook como também na rede

social INSTAGRAM, de propriedade do Facebook Brasil

S/A onde foram proferidas ofensas a honra objetiva da

autora, ainda assistidas e compartilhadas por usuários,

sob pena de multa diária não inferior da R$

500,00(quinhentos reais) (artigo 537 do CPC) nas

seguintes URLs, em respeito ao art. 19, caput e § 1º, do

Marco Civil da Internet.

FACEBOOK:https://www.facebook.com/watch/?

v=1224009464706212&extid=WA-UNK-UNK-UNK-

AN_GK0T-GK1C

INSTAGRAM: https://www.instagram.com/p/CR1zOlzjiXm/?

utm_medium=copy_link

b1.) Que conste EXPRESSAMENTE no mandado que o

eventual descumprimento da ordem liminar implicará na

multa cominatória no valor de R$ 500,00 (quinhentos

reais) por dia, em caso de descumprimento, nos termos

do artigo 537 do Código de Processo Civil;



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c) A citação dos requeridos no endereço

supramencionado VIA CORREIOS, através de AR

DIGITAL, servindo o presente de

Citação/Mandado/Ofício, em conformidade com o

Protocolado CG nº 24.746/07, ou subsidiariamente

pessoal por Mandado, através de Oficial de Justiça,

facultando-se ao oficial de Justiça, encarregado da

diligência proceder nos dias e horários de exceção

(CPC/15 - art. 212, §2º), observando-se o disposto no art.

5º, inciso XI, da CF, para, querendo, oferecer resposta no

prazo de 15(quinze) dias (art. 335 do CPC), sob pena de

serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (art.

344 do CPC.);

d) Ao final, com as contestações devidamente

apresentadas, julgar totalmente procedente a presente

demanda para:

d.1) CONDENAR o requerido, vereador FELIPE CORÁ a

indenizar a autora pelos danos morais causados no valor

não inferior a R$ 10.000,00(dez mil reais) pelas

gravíssimas ofensas perpetradas contra a autora, através

do seu perfil na rede social FACEBOOK e INSTAGRAM,

confirmando ao final a liminar pleiteada;

d.2) CONDENAR o requerido, vereador FELIPE CORÁ à

publicação da sentença, bem como à obrigação de se

retratar publicamente em termos proporcionais às

ofensas, tanto em relação à Autora quanto em relação a

violência praticada contra a mulher, na sua rede social,

FACEBOOK E INSTAGRAM;



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e) Finalmente, nos termos do artigo 85 do Código de

Processo Civil, a condenação do Requerido ao pagamento

do ônus de sucumbência, custas e honorários

advocatícios, estes a serem arbitrados sob 20% do valor

da causa, corrigidos monetariamente da data do

ajuizamento da demanda;

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito

admitidos, ainda que não especificados no Código de Processo Civil, desde que

moralmente legítimos (CPC/15 - art. 369), pericial, especialmente pelo

depoimento pessoal do Requerido, sob pena de confissão, se não comparecer, ou,

comparecendo, se negar a depor (CPC/15 – art. 385, § 1º), oitiva de testemunhas

que serão oportunamente arroladas e juntada de novos documentos, se

necessário for.

Por derradeiro, requer, nos termos do § 5º do artigo 272 do Código de

Processo Civil, que todas as publicações e intimações sejam realizadas em nome

do advogado DR. VALTER PIETROBOM JUNIOR, inscrito nos quadros da OAB/

SP, Subseção Boituva sob o nº 392.366 e TALITHA CAMARGO DA FONSECA

OAB/SP 378.910 sob pena de NULIDADE!

Dá se a causa o valor de R$ 10.000,00(dez mil reais), para efeitos de

alçada.

Nesses termos, pede-se deferimento.

De Boituva para Americana, 03 de agosto de 2021

_________________________________ ___________________________________ VALTER PIETROBOM JUNIOR TALITHA CAMARGO DA FONSECA ADVOGADO ADVOGADA OAB/SP 392.366 OAB/SP 378.910

“ FIAT JUSTITIA ET PEREAT MUNDUS ”



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disseminaÇÃo de violÊncia contra a mulher na …

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