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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC MARCUS VINÍCIUS NUNES SANDES JOÃO VICTOR GOUVEIA DOS SANTOS DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO NO COMBATE AO AVANÇO DA EROSÃO COSTEIRA NO LITORAL DE ALAGOAS: análise do trecho da orla de Pajuçara à Ponta Verde MACEIÓ-AL 2017/1

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Page 1: DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO NO … utilizados... · dispositivos utilizados em obras de contenÇÃo no combate ao avanÇo da erosÃo costeira no litoral de alagoas:

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

MARCUS VINÍCIUS NUNES SANDES

JOÃO VICTOR GOUVEIA DOS SANTOS

DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO NO COMBATE AO AVANÇO DA EROSÃO COSTEIRA NO

LITORAL DE ALAGOAS: análise do trecho da orla de Pajuçara à Ponta Verde

MACEIÓ-AL

2017/1

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MARCUS VINÍCIUS NUNES SANDES

JOÃO VICTOR GOUVEIA DOS SANTOS

DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO NO COMBATE AO AVANÇO DA EROSÃO COSTEIRA NO

LITORAL DE ALAGOAS: análise do trecho da orla de Pajuçara à Ponta Verde

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora MSc. Roseneide Honorato dos Santos.

MACEIÓ-AL 2017/1

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MARCUS VINÍCIUS NUNES SANDES

JOÃO VICTOR GOUVEIA DOS SANTOS

DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO NO COMBATE AO AVANÇO DA EROSÃO COSTEIRA NO

LITORAL DE ALAGOAS: análise do trecho da orla de Pajuçara à Ponta Verde

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final, para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora MSc. Roseneide Honorato dos Santos.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus por toda ajuda, proteção e por ter

iluminado nossos passos. Que nos dê força para continuar a caminhada em busca

dos nossos objetivos.

Aos nossos pais e família, por todo o apoio, conselhos e incentivos nessa

longa jornada, pois sem eles não teríamos conseguido chegar tão longe.

Neste momento de agradecimento não poderíamos esquecer nossas

namoradas que em todos os momentos estiveram disponíveis a nos ajudar, por

estarem sempre ao nosso lado, apoiando nos momentos mais difíceis dessa

trajetória de curso, não nos deixando fraquejar em momento algum.

Em especial também agradeço a Professora MSc. Roseneide Honorato Dos

Santos, pela paciência, por seus ensinamentos e assessoramentos na elaboração

de todo o TCC.

Aos professores pelo apoio direto e indireto, que tanto contribuíram para a

nossa formação pessoal e profissional.

A todos que de alguma forma desejaram a nossa obtenção do Grau de

Engenheiro Civil.

Aos nossos amigos por todo apoio que nos deram.

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DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO NO COMBATE AO AVANÇO DA EROSÃO COSTEIRA NO LITORAL DE ALAGOAS: Analise do trecho

da orla de Pajuçara à Ponta Verde

DEVICES USED IN CONTAINMENT WORKS IN COMBATING THE ADVANCE OF COASTAL EROSION IN THE COAST OF ALAGOAS: Analysis of the stretch from

the border of Pajuçara to Ponta Verde

João Victor Gouveia dos Santos Graduando do Curso de Engenharia Civil

[email protected] Marcus Vinicius Nunes Sandes

Graduando do Curso de Engenharia Civil [email protected]

Roseneide Honorato dos Santos Engenheira Civil, Mestrado em Engenharia de Produção

[email protected]

RESUMO

Tendo em vista que a dinâmica entre o continente e o oceano está em constante alteração, seja de forma natural ou devido à ação do homem, por essa razão é comum observar inúmeros dispositivos de engenharia para intervir na preservação do solo, problema que afeta áreas densamente urbanizadas e o ambiente costeiro. O extenso litoral do estado de Alagoas sofre com esse processo, o que levou a elaboração desta pesquisa, que abordou um trecho das praias da cidade de Maceió que correspondem a orla de Pajuçara-Ponta Verde, onde foi observado/estudado os meios antigos e atuais de contenções utilizados no local, expondo suas vantagens e desvantagens, a fim de se obter as melhores soluções para se combater os processos erosivos que tanto degradam o território costeiro. Com o intuito de se obter dados mais concretos sobre a situação atual, foram entrevistados técnicos e engenheiros do IMA que atuaram diretamente no atual modelo do projeto contenção, onde foram expostas as principais causas biológicas e sociais que aceleram a degradação do ambiente. A partir da análise das informações e características elaborou-se um plano de ação como ferramenta para acompanhamento e monitoramento do trecho abordado.

PALAVRAS-CHAVE: Erosão. Contenção. Costeira.

ABSTRACT

Given that the dynamics between the continent and the ocean is constantly changing naturally or due to human action, it is common to detect engineering devices to intervene in soil conservation, a problem that affects densely urbanized areas and Coastal environment. The extensive coastline of the state of Alagoas suffers from this process, which led to the elaboration of this research, which approached a section of the beaches of the city of Maceió that correspond to the border of Pajuçara-Ponta Verde, where it was observed / studied the old and current media Containment, exposing its advantages and disadvantages, in order to obtain as best solutions to combat the erosive processes that so degrade the coastal territory. To obtain more concrete data about a current situation, IMA technicians and engineers were interviewed who acted directly on the current model of the containment project, where the main biological and social causes that accelerate the degradation of the environment have been exposed. Based on the analysis of the information and characteristics, an action plan was developed as a tool for following and monitoring the section.

KEY WORDS: Erosion. Retaining. Coastal.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3 1.1 Tema ................................................................................................................................. 6 1.2 Problema .......................................................................................................................... 7 1.3 Objetivos .......................................................................................................................... 7 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 7 1.3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 8 1.4 Metodologia ...................................................................................................................... 8 1.5 justificativa ....................................................................................................................... 9 2 DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO MARÍTIMA ...................... 10 2.1 Litoral de Alagoas .......................................................................................................... 13 2.2 Dispositivos de Contenção Marítima ........................................................................... 13 2.3 Muro de Arrimo .............................................................................................................. 15 2.4 Gabião ............................................................................................................................. 17 2.4.1 Gabião Caixa ................................................................................................................ 18 2.4.2 Gabião Saco ................................................................................................................. 18 2.4.3 Gabião Colchão ............................................................................................................ 19 2.5 Enrocamento .................................................................................................................. 20 2.6 Bagwall/Bolsacreto ........................................................................................................ 22 3 CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO ABORDADO ............................................................. 26 4 INSTRUMENTO PROPOSTO ............................................................................................ 36 4.1 Integração de Órgãos e Entidades ............................................................................... 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 41 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 41 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

Historicamente, a costa brasileira é ocupada por diferentes configurações

espaciais devido às distintas atividades econômicas ali instaladas e sujeita a

processos morfodinâmicos cujos efeitos afetam a ocupação urbana (FARINACCIO,

2008).

Os processos morfodinâmicos estão relacionados a alterações no terreno

costeiro, causados por ação natural e pela urbanização da orla. Tem-se nestes

casos a ação humana como vetor principal na transformação do ambiente natural

em áreas de uso urbano para diversas atividades, muitas vezes sem ações

ambientais adequadas.

Isso gera um desequilíbrio e um aumento da degradação da orla devido a

erosão costeira, necessitando recorrer a dispositivos de engenharia para a proteção

da orla e amenização dos impactos nos pontos afetados, por este fenômeno.

O Estado de Alagoas apresenta uma extensa faixa de território litorâneo e,

consequentemente, devido ao número de praias, é fácil observar o significativo

número de espaços públicos que necessitam de tratamento urbanístico para a

melhoria estética e infraestrutural, decorrente do tipo de urbanização e fenômenos

morfodinâmicos.

A morfologia praial relaciona-se com as características dos sedimentos, a

dinâmica das ondas, as condições de maré e vento. Durante um longo período,

determinada praia tende a expor um estágio modal ou mais frequentemente

dependente das condições ambientais (ALVES, 2001).

Figura 1 – Perfil do ambiente praial Fonte: Universidade Federal do Paraná, 2014.

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O corte transversal mostrado na figura 1, mostra os componentes que formam

o ambiente praial, onde o trem de ondas formado na zona de arrebentação segue

até colidir na berma. A duna tem papel fundamental na reposição de sedimentos a

faixa da praia, equilibrando o processo morfodinâmico.

As praias são formadas por um aglomerado de sedimentos, na maioria

arenosos, que se delimitam, de um lado, por uma região onde ocorrem as

passagens das ondas que não afetam a faixa de areia submersa, ou seja, a base da

onda, e do outro em uma região aonde não ocorre uma frequente movimentação da

faixa da areia, região mais conhecida como berma. A berma, consiste basicamente

na região que fica protegida das marés e das ondas, é um local do ambiente praial

aonde somente pode ser alcançado por altas marés e tempestades.

Segundo Muehe (1998), o perfil transversal de uma praia dependerá do

ganho ou perda de areia, de acordo com a energia das ondas. Quando houver

tempo bom, haverá ganho de sedimento, e quando houver tempestade, haverá

perda de sedimento.

Figura 2 – Sequência típica de configurações de um perfil de praia com detalhes da concavidade da praia

Fonte: Sonu e Vaan Beek (1971 apud FARIAS, 2006, p.36).

A imagem ilustrativa da figura 2 mostra que a configuração convexa está mais

ligada ao processo construtivo praial, enquanto a concavidade liga-se com o perfil

erosivo. A esse perfil dar-se o nome de berma, que aumenta significativamente nos

processos de acreção (acumulo de sedimentos), ou seja, ocorre o engordamento da

praia e diminui em eventuais ventos de erosão.

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A erosão costeira é o conjunto de processos nos quais é removido mais

material da praia do que suprido, devido à quebra do equilíbrio dinâmico original,

sendo um dos principais problemas mundiais do ponto de vista da preservação do

solo. De fato, nas zonas densamente povoadas, com infraestruturas urbanas,

industriais e turísticas de alto valor econômico, a erosão costeira representa custos

sociais, ambientais e econômicos muito elevados (ALFREDINI, 2014, p. 886).

Os processos morfodinâmicos são transformações da zona litorânea

ocasionadas pelas ações naturais e antrópicas que, sendo o sujeito modificador, se

enquadra como o principal responsável por essas altas mudanças do cenário

costeiro.

Em boa parte, isto é acelerado e potencializado pela presença humana

descaracterizando o cenário natural com a mínima consciência ambiental,

agravando o impacto da erosão costeira, dando a orla peculiaridades que exigem

esforços constantes por meio de dispositivos de defesa dos litorais para manter-se

em equilíbrio dinâmico.

As obras de defesa dos litorais são intervenções estruturais cujas funções são

agir no balanço do transporte sólido, favorecer a estabilização ou a ampliação da

linha da costa, e defendê-la contra a erosão (ALFREDINI, 2014).

As intervenções realizadas por estes dispositivos sejam emergenciais ou

preventivas, devem ser analisadas para que se tenha uma solução adequada e uso

do dispositivo ideal. Pois um dispositivo instalado inadequadamente pode agravar o

problema estético e estrutural.

Figura 3 – Limites de orla Fonte: Ministério do Planejamento, 2004.

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Levando em consideração os limites mínimos de outros países e o quadro

geomorfológicos do Brasil, seria razoável estabelecer um limite mínimo de 50m a

retaguarda da praia, em áreas com urbanização consolidada e de 100m em áreas

com características rurais.

Acrescenta-se a largura necessária à absorção de uma taxa de erosão em um

horizonte de tempo a ser definido, tudo conforme designa o Projeto Orla. Este

projeto é uma ação conjunta entre o Ministério do Meio Ambiente, por intermédio de

sua Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR), e o

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da sua Secretaria do

Patrimônio da União (SPU/MP).

Suas ações buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da

União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla articulação

entre as três esferas de governo e a sociedade. Além disso, o Projeto busca

responder a uma série de desafios como reflexo da fragilidade dos ecossistemas da

orla, do crescimento do uso e ocupação de forma desordenada e irregular, do

aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes.

É possível observar, a presença de problemas de erosão costeira em alguns

trechos ao longo da orla alagoana. Esta destruição é considerada mais evidente nas

praias da Sereia, Garça Torta, Jatiúca, Ponta Verde e Pontal da Barra em Maceió

(LYRA, 2011).

Assim como em vários litorais brasileiros, o Litoral de Alagoas apresenta o

problema de erosão, no trecho da orla entre as praias de Pajuçara e Ponta Verde.

Devido a isso, é importante pesquisar os dispositivos de proteção utilizados em

Alagoas, sua eficiência e como está sendo enfrentado esse problema.

1.1 Tema

O tema escolhido pelos presentes pesquisadores trata da curiosidade dos

mesmos em investigar e obter algumas informações a respeito das ocorrências

percebidas na costa litorânea em nossa cidade, visto que se percebe uma

degradação das áreas urbanizadas do território costeiro de Maceió-AL.

Pesquisar sobre as intervenções realizadas por dispositivos de engenharia

utilizados em obras de contenção, para combate ao avanço da erosão costeira no

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litoral de Alagoas; analisando o trecho da orla de Pajuçara à Ponta Verde, e

contribuir na descoberta e esclarecimentos de quais fatores promovem a erosão.

Por ter belas praias, cenários paradisíacos ao longo do seu extenso território

litorâneo, a cidade de Maceió tem alto potencial turístico. Possui orla altamente

urbanizada e bem consolidada. A cidade é voltada para o mar, mas o avanço do mar

tem sido um tormento para as instalações urbanas de espaços públicos da orla de

Pajuçara à Ponta Verde, o que despertou o interesse do estudo.

Logo o tema tem como foco a identificação dos dispositivos de defesa

utilizados e o comportamento destas obras de defesa, visto que o litoral sofre

constante alteração pela interação das ações naturais e humanas. O uso de técnicas

de defesa do litoral são recursos da engenharia de medidas emergencial, corretiva e

preventiva em zonas agredidas ou expostas a erosão costeira.

1.2 Problema

Ao identificar o tema dos dispositivos utilizados em obras de contenção no

combate ao avanço da erosão costeira no litoral de Alagoas, foco da pesquisa

representada por este projeto, percebe-se que se originou com fins de resolução, ou

mais uma solução do seguinte problema de erosão costeira.

Portanto o problema da erosão costeira nos trechos de Pajuçara à Ponta

Verde deu origem ao tema, visto que se inicia um ciclo onde identifica-se, analisa-se

e relata um diagnóstico, para posteriormente ser feito um plano de ações que

solucione o problema.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O estudo tem por objetivo proporcionar uma adequação das áreas

urbanizadas do trecho abordado da orla de Pajuçara à Ponta Verde. Através da

caracterização do ambiente atual, por meio de análise dos aspectos físicos,

socioeconômico, como também ocupação e uso desta faixa de território costeiro.

Pretende-se promover ações que minimizem os efeitos de degradação da orla, por

meio de dispositivos de engenharia e conscientização.

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1.3.2 Objetivos Específicos

Caracterizar o trecho da Pajuçara – Ponta Verde, descrever o cenário

atual e impacto sofrido pela erosão costeira;

Analisar as ações que interferem no equilíbrio dinâmico, que podem

agravar os impactos;

Identificar as técnicas de contenção utilizadas como ferramenta de

combate aos danos da erosão costeira;

Avaliar o desempenho das obras de contenção encontradas nas praias

de Pajuçara e Ponta Verde, da cidade de Maceió - AL;

Promover um plano de ação e de conscientização para o combate da

erosão costeira do trecho abordado.

1.4 Metodologia

A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho consiste na

análise através das visitas in loco, dos ambientes estudados, trecho de Pajuçara à

Ponta Verde, onde foram expostos os dispositivos de contenção utilizados para

dissipar a energia decorrente do avanço do mar, retardando a erosão costeira.

Durante o desenvolvimento da pesquisa foram realizados relatórios

fotográficos, mostrando o desenvolvimento pelo qual a capital estudada passou ao

longo dos anos, gráficos da balneabilidade das praias evidenciando também o

crescimento populacional e domiciliar. Foram expostos os tipos de contenções

utilizadas na orla de Pajuçara e Ponta Verde, aplicadas para preservação do solo e

combate a erosão e quais delas ainda resistem aos processos de intemperismo.

A pesquisa baseou-se principalmente em fontes bibliográficas, pois dela

foram extraídos os maiores conhecimentos sobre o tema. Dessa pesquisa tirou-se a

conclusão dos melhores meios a serem utilizados no ambiente atual, levando em

consideração a trabalhabilidade, sua eficiência em situações adversas, acesso a

população e custos de execução. Além disso, buscou-se em técnicos e engenheiros

que participaram e atuaram na realização do projeto local, informações e possíveis

ações que possam vir a melhorar a situação presente em nosso litoral, onde foram

debatidos e explanados os principais motivos que aceleram os processos erosivos

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em nossa costa litorânea.

1.5 justificativa

O que impulsionou a realização deste trabalho foi compreender os processos

erosivos ocorridos na costa praieira de Maceió e buscar soluções em obras de

contenções marítimas que se mostrem eficientes, apresentando ferramentas, que

são necessárias no combate contra a erosão costeira.

É importante salientar que este trabalho, além de buscar a preservação

ambiental local, tem como objetivo demonstrar através da construção civil, buscando

em fontes bibliográficas e pesquisas em campo, meios para que se obtenha um

maior aproveitamento da praia por parte da população, minimizando os danos

causados por obras de contenção ineficientes.

Justifica-se pesquisar sobre dispositivos utilizados em obras de contenção

para buscar melhoria nos processos de educação ambiental, gestão de costas,

preservação urbanística das cidades.

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2 DISPOSITIVOS UTILIZADOS EM OBRAS DE CONTENÇÃO MARÍTIMA

Segundo o Projeto Orla (MMA, 2006), a ocupação urbana na costa marítima

brasileira tem início com a chegada dos europeus em busca de riquezas naturais.

Entre as primeiras regiões ocupadas estavam Rio de Janeiro, Salvador e Recife, que

apresentavam significativo contingente populacional em suas zonas costeiras até

fins do século XIX.

Contudo, esse padrão de ocupação tornou-se problemático a partir da década

de 1950, com a intensificação das atividades ligadas ao processo de

industrialização, sendo acentuado com a chegada das multinacionais. Nesse

período, a urbanização atinge plena expansão, e as cidades crescem vertical e

horizontalmente, inclusive em áreas ambientalmente vulneráveis (MMA, 2006).

Segundo o Decreto Nº 5300/2004 – “Regulamentada a Lei nº 7.661, de 16 de

maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, estão:

Ministério do Meio Ambiente: a este compete a avaliação e

implementação permanente do Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro – PNGC; promover o fortalecimento institucional dos órgãos

executores da gestão da zona costeira, mediante o apoio técnico,

financeiro e metodológico; propor normas gerais, referentes ao controle

e manutenção de qualidade do ambiente costeiro; promover a

consolidação do Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro –

SIGERCO.

IBAMA: executar, em âmbito federal, o controle e a manutenção da

qualidade do ambiente costeiro, em estrita consonância com as

normas estabelecidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA; apoiar o Ministério do Meio Ambiente na consolidação do

SIGERCO; executar e acompanhar os programas de monitoramento,

controle e ordenamento; executar as ações do PNGC segundo as

diretrizes definidas pelo Ministério do Meio Ambiente; conceder o

licenciamento ambiental dos empreendimentos ou atividades de

impacto ambiental de âmbito regional ou nacional incidentes na zona

costeira, em observância as normas vigentes; promover, em

articulação com Estados e Municípios, a implantação de unidades de

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conservação federais e apoiar a implantação das unidades de

conservação estaduais e municipais na zona costeira.

Poder Público Estadual: na esfera de suas competências e nas áreas

de sua jurisdição, planejará e executará as atividades de gestão da

zona costeira em articulação com os Municípios e com a sociedade;

designar o Coordenador para execução do PEGC; elaborar,

implementar, executar e acompanhar o PEGC, obedecidas a legislação

federal e o PNGC; estruturar e manter o subsistema estadual de

informação do gerenciamento costeiro; elaborar e promover a ampla

divulgação do PEGC e do PNGC.

Poder Público Municipal: observadas as normas e os padrões federais

e estaduais, planejará e executará suas atividades de gestão da zona

costeira em articulação com os órgãos estaduais, federais e com a

sociedade; elaborar, implementar, executar e acompanhar o PMGC,

observadas as diretrizes do PNGC e do PEGC, bem como o seu

detalhamento constante dos Planos de Intervenção da orla marítima,

conforme previsto no art. 25 deste Decreto; estruturar o sistema

municipal de informações da gestão da zona costeira; estruturar,

implementar e executar os programas de monitoramento; promover a

compatibilização de seus instrumentos de ordenamento territorial com

o zoneamento estadual.

Visto que apenas em 2005 com a elaboração do plano diretor da cidade de

Maceió, lei municipal construída essencialmente com a participação popular, de

acordo com a Constituição de 1988, refere-se a:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder

Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por

objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da

cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório

para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico

da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

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Serve para orientar o crescimento, definir vetores, estabelecer o

macrozoneamento e propriedades estruturais no processo de evolução da malha

urbana, para uma melhoria da qualidade de vida na cidade. Lei 5.486/2005

Lei Municipal Nº 5.593, de 08 de fevereiro de 2007, código de urbanismo e

edificações do município de Maceió, baseada no plano diretor, diz:

Art. 158. No parcelamento do solo urbano serão observadas as

determinações da legislação federal, estadual e municipal vigentes

quanto às faixas de domínio previstas para as rodovias e ferrovias,

além da reserva das seguintes faixas de proteção não edificáveis:

III – 33,00 m (trinta e três metros) a partir do limite da linha de preamar

média na planície costeira e fluviolagunar, que poderá ser utilizada

para fins de lazer e implantação de vias públicas;

§ 1°. A faixa não edificável, prevista no inciso III deste artigo, será

contada a partir do limite da linha de salsa de praia, nos trechos onde

houver avanço da linha de preamar sobre áreas passíveis de serem

ocupadas.

Segundo o Ricardo César, coordenador de Gerenciamento Costeiro do

Instituto do Meio Ambiente (IMA, 2015) “Nossa costa marítima não possui areia o

suficiente para a formação de uma praia consistente. Os bairros de Ponta Verde e

Pajuçara são os mais atingidos. Existe uma forma de conter essa erosão, mas é de

custo alto e, neste momento, inviável para o município. Grande parte da costa de

Maceió é propícia para esse tipo de erosão e que as obras de contenção do mar

foram feitas de forma emergencial”.

Nos casos em que a orla apresenta algum tipo de problema ambiental ou de

infraestrutura, são necessárias intervenções físicas, mesmo de forma provisória,

para manter o funcionamento das atividades naturais e antrópicas ali exercidas.

Segundo Farinaccio (2008), as obras costeiras podem ter função de proteção,

recuperação ou de infraestrutura e lazer.

Essas obras têm o objetivo de resguardar as propriedades, privadas ou

públicas, contra as ações diretas da maré. Nos casos necessários, as obras

recompõem o perfil praial para garantir o desenvolvimento das atividades ali

exercidas (FISCHER, 2005).

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2.1 Litoral de Alagoas

A orla das praias de Pajuçara à Ponta Verde na cidade de Maceió – AL,

podem ser descritas pelas suas características físicas, como uma orla exposta, um

ambiente litorâneo formado por praias oceânicas, com alta taxa de circulação e

renovação de água, predomínio de praias abertas, com zona de arrebentação bem

desenvolvida, já em caráter de ocupação populacional e adensamento. O trecho

apresenta urbanização consolidada de perfil verticalizado.

Maceió possui um alto nível de ocupação urbana e elevado adensamento de

construções e população, paisagens altamente antropizadas, modificadas pela ação

humana, para a criação de ambientes de multiplicidade de uso ao público. Tem um

forte potencial turístico. Outro ponto característico do trecho abordado é o seu perfil

verticalizado, com presença de construções que ultrapassam, na sua maioria, os

cincos andares ou 18 metros de altura. Proporciona um ambiente sujeito a alta

energia de onda, ventos e correntes, como também elevada poluição, seja ela

sanitária, estética e visual.

As características observadas têm como consequência um fenômeno que

afeta constantemente a região, a erosão costeira. Provocado pela incidência do trem

de ondas nos ambientes urbanizados, causando degradação do local.

2.2 Dispositivos de Contenção Marítima

O ambiente extenso e paradisíaco do litoral brasileiro proporciona cenários

admiráveis, mas a costa brasileira é constantemente afetada pela erosão costeira,

onde o mar avança sobre a costa atingindo áreas urbanizadas. Transforma assim a

zona costeira em um ambiente caótico agravado pela ação natural, mudança

climática, aumento do nível de mar, efeito estufa, exaustão das fontes supridoras e

pela ação antrópica, retenção de sedimentos por obras de engenharia,

desmatamento da vegetação litorânea, dispersão de esgoto no mar.

Tudo isso contribui com a degradação da linha de recifes de corais (quebra-

mar natural), exigindo a elaboração de ferramentas realizadas através de técnicas

que possuem característica especifica de funcionar como estruturas dissipativas de

energia, denominadas obras de proteção costeira, reduzindo o impacto causado

pelo regime da maré auxiliando no equilíbrio dinâmico.

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As estruturas dissipativas são sistemas essencialmente evolutivos. Essa

evolução requer tanto que um sistema esteja sujeito a mudanças, quanto que ele

seja capaz de resistir a mudanças, na medida em que a capacidade de auto-

organização de um sistema exige que ele mantenha, até certo ponto, a sua

estrutura. Assim, um sistema dissipativo, para ser capaz de evoluir, deve ser

suficientemente flexível, isto é, apresentar uma instabilidade interna que lhe permita

sofrer mudanças, mas, também apresentar certo grau de resiliência, isto é,

capacidade de absorver impactos externos de maneira a não comprometer o seu

processo de organização (Rihani, 2002).

Figura 4 – Contenção Ponta Verde Fonte: LYRA, 2011, p. 489.

No trecho da costa litorânea Alagoana, entre as praias de Pajuçara e Ponta

Verde analisado, constatou-se visualmente o impacto causado pela erosão costeira

e os esforços realizados para combater tal processo, diversos meios de contenções

foram utilizados a fim de se obter resultados no combate aos processos erosivos,

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entre os dispositivos de contenção encontrados e observados in loco, estão o: Muro

de Arrimo; Gabião; Enrocamento; Bagwall/bolsacreto, descritos a seguir.

2.3 Muro de Arrimo

As estruturas de arrimo estão entre as mais antigas construções humanas, acompanhando a civilização desde as primeiras construções em pedra da pré-história. No entanto, o seu dimensionamento em bases racionais, utilizando modelos teóricos, só se desenvolveu a partir do século XVIII. Em 1773, Coulomb apresentou seu trabalho “Essai sur une des règles de maximis et minimis à quelques problèmes de statique, relatifs à l’achitecture”. Em um dos capítulos deste trabalho Coulomb trata da determinação do empuxo lateral aplicado pelo solo sobre uma estrutura de arrimo. Esta determinação é o passo mais importante no dimensionamento de uma estrutura de arrimo. (BARROS, 2001, p.06).

É um tipo de contenção que serve para suportar a pressão da terra, sem

deixar que ela ceda, deixando o ambiente plano para uma possível construção, e em

segurança em terrenos que tenham grande declive. Além disso, podem servir como

contenções em obras marítimas, sua função é quebrar o choque da maré contra as

construções litorâneas e evitar o processo erosão do local retardando o efeito do

mar.

Os muros de arrimo podem ser construídos com os mais diversos tipos de

materiais, como pedras, gabiões, concretos ciclópico, solo-cimento, concreto armado

e etc. Seu uso requer estudos, planejamentos e projetos bem elaborados e

dimensionados para que não ocorram acidentes.

Em obras de contenção marítima, é mais comum usarem esse método com

pedras e gabiões; o método com pedras trás algumas vantagens e desvantagens

para seu uso em contenções costeiras, algumas vantagens são:

Simplicidade de construção;

Dispensa de dispositivos de drenagem;

Custo reduzido;

Redução da velocidade de escoamento de águas superficiais.

Andando pela orla marítima de Maceió, nota-se que várias foram as tentativas

de se conter o avanço do mar. No trecho da Ponta Verde foram feitos em alguns

pontos contenções de arrimo em pedras para conter a erosão e o avanço da maré.

De início o método se mostrou eficiente, porém com o passar do tempo se tornou

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ineficaz, além de não funcionar, deixou grandes pedaços da estrutura exposta na

areia, causando impactos e desfigurando a paisagem da praia, expondo algumas

das desvantagens do seu uso.

Exposição das pedras sobre a areia;

Poluição visual;

Dificuldade na circulação da população na areia;

Riscos de acidente.

Figura 5 – Contenção Ponta Verde Fonte: Instituto do Meio Ambiente-IMA, 2015.

Figura 6 – Contenção em muro de arrimo Ponta Verde Fonte: Arquivo pessoal.

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Figura 7 – Contenção Danificada Ponta Verde Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 8 – Contenção Danificada Ponta Verde Fonte: Arquivo pessoal.

Nota-se que nas figuras 5 a 8, alguns trechos desse tipo de contenção já

sofrem com o avanço constante do mar e com a energia de arrebentação sobre a

estrutura, na figura 7 nota-se que as forças das ondas derrubaram a contenção

expondo parte da estrutura na areia, e na figura 8, vê-se uma rachadura que rompe

toda a estrutura, risco de possível rompimento no futuro.

2.4 Gabião

O Muro de gabião é um dos meios de contenção mais utilizados na

engenharia e um dos mais antigos da história. Os antigos egípcios já utilizavam

meios rudimentares do método para problemas de contenção nas margens do Nilo,

mas sua forma atual com telas metálicas veio a aparecer no final do séc. XIX na

Itália firmou-se no mercado e vem sendo cada vez mais utilizado como soluções de

problemas na construção civil.

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Segundo Barros (2001, p.16), gabiões:

São elementos modulares, com formas variadas, confeccionados a partir de telas metálicas em malha hexagonal de dupla torção que, preenchidos com pedras de granulometria adequada e costurados juntos, formam estruturas destinadas à solução de problemas geotécnicos, hidráulicos e de controle da erosão. A montagem e o enchimento destes elementos podem ser realizados manualmente ou com equipamentos mecânicos comuns.

Os gabiões diferem entre si pelas dimensões da tela e pelos métodos a serem

utilizados, são eles;

2.4.1 Gabião Caixa

Estrutura aramada em formato de paralelepípedo, com lados de mesma

dimensão, com malha hexagonal, detalhe na figura 9.

Figura 9 – Gabião Caixa Fonte: BARROS, 2001, p. 16.

São mais utilizados como muro, onde é preciso obter o conhecimento do solo

para se dimensionar o tamanho exato do muro e das telas que serão usadas.

2.4.2 Gabião Saco

É uma estrutura aramada com formato cilíndrico, feitos por uma malha

hexagonal em forma de saco, detalhe na figura 10.

Figura 10 – Gabião Saco Fonte: BARROS, 2001, p. 18.

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Utilizado mais em casos emergenciais onde o solo tem baixa capacidade de

apoio e em locais de difícil acesso, onde se precisa de uma intervenção rápida.

2.4.3 Gabião Colchão

Tem o formato de paralelepípedo de grande área e pequena espessura,

formado por dois elementos: base e tampa, também com malha hexagonal e torção

dupla.

Figura 11 – Gabião Colchão Fonte: BARROS, 2001, p. 20.

Esse tipo de gabião é usado em revestimento de canal e barragens de terra,

tem a função de dissipar a energia hidráulica liberada pelo curso da água, fazendo

com que o escoamento seja mais suave, evitando erosões.

Com a maior ocupação populacional nas zonas costeiras de Maceió, os

números de construções nessas regiões estão cada vez maiores, porém, essas

obras feitas sem respeitar a faixa litorânea provocam erosões na costa devido ao

avanço das águas, pela constante mudança climática, preocupando parte da

população e comerciantes das regiões litorâneas.

A prefeitura vendo os riscos desses constantes avanços da maré na área

litorânea deu início a projetos de contenção. O gabião inicialmente foi o meio de

contenção utilizado entre o eixo da Ponta Verde. Porém, com o passar do tempo

esse método veio a se tornar um problema ao invés de solução, pois não conseguiu

barrar o avanço da maré devido a destruição da tela pelo choque da maré e a

salinidade da água, deixando grandes impactos com os restos de estrutura exposta.

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Figura 12 – Gabião na orla da Ponta Verde Fonte: Lyra, Engenheiro Civil Especialista em Obras de Defesas Costeiras, 2011

O Gabião é um método de contenção econômico, com fácil transporte,

aplicação, resistência e drenagem, porém, precisam regulares manutenções. Além

disso, as estruturas de gabião oferecem algumas significativas desvantagens, entre

elas;

Difícil acesso à praia pela população

Presença de pragas

Riscos de acidentes com as telas oxidadas

Desarrumação das pedras após a destruição das telas.

Erosão do aterro da contenção

E a estética local

2.5 Enrocamento

Nota-se a presença de uma linha transversal de pedras, ao longo na orla

formando uma proteção da área urbanizada na praia de Ponta Verde, caracterizando

um quebra-mar artificial denominado enrocamento.

O enrocamento é um dispositivo amortecedor formado por estrutura

executada em pedra, destinado à proteção de taludes e canais, contra efeitos

erosivos ou solapamentos, causados pelos fluxos d'água. O enrocamento pode ser

de pedra arrumada ou lançada, rejuntadas ou não com argamassa. É utilizado na

fundação de galerias e bueiros ou ainda, caso especificado pela fiscalização, no

adensamento dos materiais de fundação, para que venham a apresentar as

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condições exigidas para fundação de galerias ou canais de concreto (DER-SP,

2007).

Figura 13 – Disposição das rochas usadas para enrocamento na orla da Ponta Verde

Fonte: Lyra, Engenheiro Civil Especialista em Obras de Defesas Costeiras, 2011

Figura 14 – Rochas usadas para o Enrocamento na orla da Ponta Verde Fonte: Arquivo Pessoal.

Figura 15 – Enrocamento na orla da Ponta Verde Fonte: Arquivo Pessoal.

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O enrocamento nada mais é do que um maciço formado por fragmentos de

rocha comprimidas, cujo a função desse corpo sólido é resistir a impulsos

hidrostáticos, foi mais um dos métodos utilizados na área da ponta verde, o seu uso

se mostrou pouco eficaz e problemático, pois as disposições das pedras dificultam o

acesso à praia pela população, além de ser um ambiente altamente propício a

aparição de pragas.

O tipo de rocha a ser utilizado nesses revestimentos deverá ser resistente ao intemperismo. Preferencialmente, serão empregadas rochas ígneas ou metamórficas, tais como granitos, basaltos, diabásios, gnaisses, quartzitos ou outras de características similares, desde que aprovadas pela fiscalização. Com a finalidade de evitar o arrancamento do revestimento devido às forças de arraste da água, as pedras a serem utilizadas deverão possuir diâmetros médios acima de 15 cm. Os vazios remanescentes do encaixe entre essas pedras deverão ser preenchidos com pedras de dimensões inferiores, porém de forma a não serem arrastadas pela corrente de água. Em função das condições locais, da intensidade das correntes de água e do grau de importância do enrocamento, o projeto ou a fiscalização poderão determinar a necessidade de rejuntamento das pedras com argamassa. Esse rejuntamento será executado com argamassa de cimento e areia, no traço 1:3 em volume. Sempre que o enrocamento for rejuntado, cuidados especiais com a drenagem deverão ser tomados, no sentido de se evitar o acúmulo de água no interior do solo do maciço. Nessas situações, necessariamente deverá ser executado um sistema de drenagem. Os projetos de proteção de margens e taludes poderão ainda prever o uso de outras técnicas como alternativa para os enrocamentos, particularmente revestimentos tais como resinas especiais, concreto projetado ou gunitagem (SANEPAR, 2012).

Com isso, conclui-se que o material rochoso utilizado dever ser resistente ao

intemperismo, ter um bom comportamento frente ao ataque físico, químico e

biológico, que as rochas estarão expostas. O dimensionamento variado acima de 15

cm em diante, para que se possa acomodar de forma regular e preencher os vazios

entre as rochas maiores, como rochas menores sem que sofram arrasto, caso a

incidência das ondas vença a resistência da pilha, é feito um rejuntamento com

argamassa de cimento e areia, para não desorganizar a linha de rocha e executar

um sistema de drenagem, para que não venha acumular água e romper a

contenção.

2.6 Bagwall/Bolsacreto

O bagwall é a tecnologia aqui apresentada como dispositivo de contenção,

porém, conceituado como dissipador de energia. Sua utilização se dá sobre a linha

da costa de forma longitudinal e é a alternativa mais vantajosa para sua função, pois

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possui como características dominantes para o processo de escolha: sua facilidade

em dissipar as energias providas das ondas, sem interferir na dinâmica do mar e do

ambiente a sua volta, além do baixo custo de manutenção e montagem.

É a técnica mais recente utilizada na orla de Ponta Verde, no primeiro trecho

que compreende 70m, em frente ao Mix um, e depois seguem para trabalhar nos

60m próximo a barraca Eu e Tu. A área entre as Avenidas Júlio Marques Luz e

Doutor Gomes de Barros (Jatiúca), que abrangem 150m também receberam a ação.

(PMM, 2015).

Os investimentos são mais de R$ 1 milhão em recursos próprios do

município, fruto da arrecadação dos tributos. (PMM, 2015) que foram utilizados de

forma bastante eficiente, já que o mar estava avançando em vários locais da orla.

Com esse tipo de investimento, barraqueiros e banhistas sentem-se mais tranquilos,

pois além do bagwall passar confiança na estabilidade da erosão, com ele

implantado o banhista pode passear livremente pelo local, o que era impossível de

se fazer quando se utilizava pedra rachão. Os trabalhos foram feitos em maré baixa,

pois a maré alta impossibilitava a implantação, portanto, um recurso que ajudou

muito no desenvolvimento do projeto foi o “Tábuas da maré”, que auxiliava as

equipes nos dias corretos a ser trabalhado.

Nas praias onde os dissipadores de energia Bagwall foram instalados, eles

funcionam como um sistema essencialmente evolutivo. Essa evolução requer que o

sistema esteja sujeito a mudanças, isto é, ele é capaz de apresentar uma

instabilidade que lhe permite sofrer mudanças, mas apresenta capacidade de

absorver impactos externos, sem comprometer o processo de auto-organização do

sistema, no caso a praia. (LYRA, 2013)

Os resultados positivos obtidos nos últimos nove anos no litoral do Nordeste

do Brasil, onde foram construídos cinco dissipadores de energia Bagwall para

controle da erosão costeira, em condições geológicas, geográficas, morfológicas e

hidro- dinâmicas completamente distintas, indicam coincidências constantes que

devem ser repetidas em outras praias com processos erosivos. (LYRA, 2013)

As figuras 16 e 17 representam uma pequena parte do sistema viário local,

com a localização das avenidas (corredores) importantes da região, destacadas em

função de que estão próximas perpendicularmente ao trecho de praia beneficiado

com a tecnologia do bagwall/bolsacreto.

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Figura 16 – Mapa da Localização do bagwall Fonte: Google Earth, 2017

Figura 17 – Mapa da Localização do bagwall, Barraca eu e tu. Fonte: Google Earth, 2017

Tabela 1 – Quadro com o uso do Bagwall nos litorais.

Fonte: LYRA, 2011, p. 489.

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Na tabela 1 acima nota-se que a tecnologia bagwall foi utilizada na capital de

Maceió na mesomaré, fenômeno em que a amplitude da maré pode variar de 2 a 4

metros. O momento em que o mar atinge seu nível máximo é chamado de preamar

(maré alta), e o mínimo se chama baixamar (maré baixa) e sua classificação se dá

pela diferença entre a preamar e a baixamar em: micro-marés (variação da maré

inferiores a 2 metros), meso-marés e a macro-maré (com variações superiores a 4

metros). A tabela demonstra os locais onde foram utilizados o bagwall nos litorais do

Ceará e de Alagoas; em ambos, o bagwall foi usado para quebrar/dissipar a energia

das ondas e seu uso resultou na contenção do avanço do mar sem dissipar a erosão

às áreas adjacentes.

Figura 18 – Bagwall na orla da Ponta Verde Fonte: Lyra, Engenheiro Civil Especialista em Obras de Defesas Costeiras, 2011

É uma geoforma têxtil de várias dimensões padronizadas, confeccionado com

tecido de combinações poliméricas, com fios de alta resistência tracionados,

retorcidos e fibrilizados, semipermeáveis, para moldagem in loco dentro ou fora

d’água, com microconcreto usinado, argamassa de cimento e areia ou solo-cimento

injetável, sem a necessidade de ensecadeiras, ou de esgotamento. Destacam-se

pelo dispositivo de microfiltrante unifixo, que garante a drenagem do excesso de

água da massa do enchimento, sem a migração da nata de cimento, impedindo a

entrada de água do exterior para a forma, garantindo a qualidade do concreto

(ALFREDINI, 2013).

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3 CARACTERIZAÇÃO DO TRECHO ABORDADO

O trecho abordado para estudar o uso de dispositivos de contenção no

combate a erosão costeira, compreende uma faixa de praia chamada de Caribe

brasileiro, denominado pelo setor turístico devido a sua semelhança visual, que

corresponde às praias de Pajuçara à Ponta Verde. Têm aproximadamente 4 km de

comprimento dos cerca de 230 km que formam a costa de Alagoas; de mar calmo

em inúmeros pontos devido a proteção natural de recifes de corais e de tonalidade

azul-esverdeado, que torna ainda mais convidativo e encantador para o setor

turístico.

As figuras 19 e 20 mostram uma vista aérea das praias analisadas, um

cenário de beleza convidativa, com grande potencial turístico que tem como cartão

postal suas praias. Nota-se o elevado desenvolvimento da malha urbana, grande

potencial hoteleiro e áreas com alto adensamento.

Figura 19 – Orla da Pajuçara Fonte: Tnh1, 2017

Figura 20 – Vista aérea da praia de Ponta Verde Fonte: UOL, 2008

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Apresenta grande variedade urbanística, calçadões ao logo da orla com lazer

ao público, com presença de: quadra poliesportiva, praças multieventos, bares,

restaurantes, quiosques e bancas de revista, ciclovias, centro de artesanato, balança

de peixes (centro de comercialização de pescados), monumentos históricos, e uma

gama hoteleira e condomínios a beira mar, caracterizam as diversas atividades e

distribuições do adensamento urbano ao longo da orla de Pajuçara à Ponta Verde.

A diversidade das características encontradas em cada litoral permite

estabelecer um agrupamento de informações, para que possa descrever o perfil de

diferentes tipos de praias, segundo suas características naturais, urbanísticas e nível

de povoamento:

As características geológicas e urbanísticas, que indicam a fragilidade

da orla frente a processos naturais e antrópicos.

E índices de ocupação humana instalada, referente ao nível de

povoamento e as atividades realizadas em cada localidade.

Realiza-se a avaliação da diversidade da faixa de praia, com a adoção desses

aspectos. Sendo o primeiro referente à forma da orla, pela sua posição e

características naturais e urbanísticas e o segundo de acordo com seu nível de

ocupação e adensamento populacional.

O perfil encontrado no trecho em estudo é de orla exposta com urbanização

consolidada, formado pelo agrupamento das suas características: uma praia

oceânica, banhada pelo oceano atlântico, com alta taxa de renovação e circulação

de água, zona de arrebentação desenvolvida, de baixa concavidade sendo mais

retilínea, sendo moldada na direção das ondas e dos ventos, em geral sua

composição sedimentar é de areia grossa, média e fina.

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Figura 21 – Orla exposta Maceió Fonte: Google Earth, 2017

Em relação a segunda tipologia que se trata de uma orla com urbanização

consolidada: alto nível de adensamento de construções e população; alteração da

paisagem natural pela ação humana; trecho urbanizado com multiplicidade de usos

e consequentemente elevado potencial de poluição sanitária e visual; e perfil urbano

traçado de acordo com os níveis hierárquicos.

Denomina-se poluição sanitária, aquela poluição proveniente dos esgotos que

são encaminhadas das atividades domésticas e comerciais que ocorrem na região;

esses esgotos têm como destino a praia, e seu destino irregular formam as famosas

línguas sujas, que poluem o ambiente marinho e deixam as praias inapropriadas

para banho.

Figura 22 – Hotelaria na orla da Pajuçara Fonte: Prefeitura de Maceió, 2013

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Figura 23 – Hotelaria na orla de Ponta verde Fonte: Prefeitura de Maceió, 2013

Com perfil vertical dominante, as edificações a beira mar encontram-se com

mais de 5 andares ou maiores de 18 metros de altura, formando uma parede linear

ao longo da orla, demonstrado nas figuras 22 e 23. Configura um desenho urbano

bem desenvolvido, com áreas convencionais de formas diversas, os edifícios vão

desde: condomínios, comerciais a serviços. O acesso a praia é de forma direta e

fácil, sem nenhuma dificuldade de chegar ao mar, visto que o cenário é formado por

avenidas, calçadão e praia, por ser uma área de relevo plano totalmente inserida na

área urbana.

A respeito do adensamento do trecho estudado, a ocupação do litoral é de

caráter histórico por fins socioeconômicos, visto que a cidade de Maceió cresceu em

torno do porto. A cidade evoluiu gradativamente sempre ligada a esta relação porto

e economia, mas também, devido as necessidades de sobrevivência, por viver do

pescado, figuras 24 a 26. A proximidade da água levou ao grande povoamento

dessa região.

Figura 24 – Praia dos Sete Coqueiros Fonte: IBGE, 1970

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Figura 25 – Vista panorâmica da orla da Pajuçara Fonte: IBGE, 1970

Figura 26 –Vista panorâmica da orla da Ponta Verde Fonte: IBGE, 1970

Gráfico 1 – Mostra do gráfico da evolução do número de domicilio em relação ao número de habitantes de Maceió.

Fonte: IBGE, 2010

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Conforme o gráfico 1 acima, a população da cidade de Maceió evolui de

263.670 em 1970 para 932.748 em 2010, correspondendo um crescimento de 350%;

enquanto que os domicílios subiram em 568% passando de 48.168 para 273.924

unidades, no mesmo período comparado.

Observa-se que o maior crescimento relativo dos itens analisados foi o de

números de domicílios. Portanto, conclui-se que, cada vez mais áreas inapropriadas

são ocupadas para atender a demanda populacional, em muitos desses casos a

ocupação gera danos colaterais, como é o caso da ocupação populacional no litoral,

que consequentemente agravam os problemas da erosão nesses locais.

Gráfico 2: Gráfico da evolução populacional

Fonte: IBGE, 2010 O gráfico 2, faz um comparativo do crescimento populacional do município em

relação a evolução populacional de Alagoas e a do Brasil. No intervalo de 9 anos,

período o qual foi realizada a pesquisa, o crescimento da população de Maceió foi

de 303707 habitantes, totalizando 932748 habitantes que correspondem a

aproximadamente 30% em relação ao Estado e cerca de 0,49% ao Brasil, da

população em 2010.

O aumento dessa densidade populacional como retrata o censo de 2010,

realizado pelo IBGE, representa em números o quanto cresceu o adensamento

urbano não só na cidade de Maceió, mas também no trecho da orla de Pajuçara a

Ponta Verde da capital alagoana, como retrata as imagens das figuras 22 a 26 na

década de 70 comparadas à atual. A predominância da vegetação nativa, poucos

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edifícios, baixo adensamento populacional, pouca poluição sanitária, estética e

visual, características que contribuem para o equilíbrio dinâmico e evita a erosão

costeira.

A erosão costeira, fenômeno este que ocorre quando o balanço dos

sedimentos da praia é negativo, ou seja, a praia tem uma grande perda de

sedimentos e não recebe nas mesmas proporções, pode variar de acordo com o

tempo. A mudança na costa pode acontecer em processos rápidos ou longos, a

primeira é rapidamente perceptível já a segunda não. Desta forma, as causas da

erosão podem ser antrópicas (retirada de areia pelo homem) ou naturais

(tempestades, maré alta, alteração nas bacias).

Mas com o natural crescimento populacional e socioeconômico, evidenciam-

se as ações antrópicas, onde o cenário paisagístico natural torna-se cada vez mais

urbanizados, para atender as necessidades de uso ao público; construções

compactam o solo retendo os sedimentos que alimentam naturalmente a praia.

Outro elemento do crescimento da malha urbana é o saneamento básico, deve ser

adequado para atender a população atual e evitar poluição das águas. Hoje a rede

de saneamento básico da orla de Pajuçara à Ponta Verde, pertencente a bacia de

esgotamento sudeste, administrada pela Companhia de Saneamento de Alagoas, é

insuficiente para a demanda do trecho abordado, causa de comuns acidentes

ambientais. (CASAL, 2016)

Figura 27 – balneabilidade das praias de Maceió em percentual de tempo por ano Fonte: UFAL, 2015

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A figura 27 retrata a balneabilidade das praias situadas na nossa costa.

Percebe-se que na praia da Ponta Verde houve um pico no ano de 2014 chegando a

85%; há também relativa a esta faixa litorânea um acréscimo de 2013 a 2014 em

função do provável crescimento hoteleiro na região aonde os esgotos são

direcionados para o mar ocasionando as “línguas sujas”.

Na praia da Pajuçara conforme a figura 27 há uma verdadeira variação de

balneabilidade ao longo do período de 2006 – 2014, mantendo-se quase que

constante entre 2014 – 2015 com 90%. Analisando mais a fundo os gráficos da

figura 27, de uma forma geral, constata-se que as praias urbanas de Maceió entre

2014 e 2015 permaneceram inapropriadas para banho, com proporções

comparáveis a praia da avenida, praia esta que sempre atualmente é imprópria para

banho.

Esses aspectos caracterizados anteriormente, proporcionaram um

desequilíbrio dinâmico, o qual resultou na degradação da área urbanizada, pelo

impacto causado pelo trem de ondas, fenômeno chamado de erosão costeira. Em

vários pontos do trecho da orla de Pajuçara à Ponta Verde, locais estes onde a

balneabilidade era mais regular, fica mais evidente o cenário deteriorado devido a

ação antrópica, e pode-se notar alguns dispositivos utilizados para amenizar e até

mesmo sanar esse problema. Dentre os dispositivos de contenção costeira,

utilizados para proteção de áreas urbanas como calçadão, bares e restaurante,

encontram os tipos denominados: enrocamento, gabião caixa, muro de arrimo e

bolsacreto/bagwall.

Figura 28 – Enrocamento praia da Ponta Verde Fonte: Arquivo Pessoal.

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O enrocamento apresentando na figura 28 representa um maciço de pedras

compactados usados na contenção da orla da Pajuçara, com intuito de impedir que

na maré alta o trem de ondas avance sobre o calçadão e a pista, prejudicando a livre

circulação da comunidade. Sua aplicação neste trecho prejudicou a acessibilidade

das pessoas, além de apresentar uma poluição visual para praia.

Figura 29 – Muro de Arrimo praia da Ponta Verde Fonte: Arquivo Pessoal.

Com a finalidade de bloquear o trem de ondas sem mudar a geometria da

praia, e já que a calçada nesse ponto está em um nível muito acima do nível da

praia, a solução aqui foi a construção de um muro de arrimo, tanto para conter a

pressão de terra existente em um lado, quanto evitar que as ondas cheguem até a

área urbanizada.

Figura 30 – Bagwall praia da Ponta Verde Fonte: Arquivo Pessoal

O bagwall foi aplicado em trechos da orla de Ponta Verde, como resultado

obteve-se não só a estabilização do impacto causado pela erosão nos locais, mas

também se percebeu o engordamento da praia, acumulo de sedimentos.

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Figura 31 – Gabião coberto na praia da Ponta Verde Fonte: Arquivo Pessoal

Com o efeito protetor imediato o gabião foi implantado para reprimir o avanço

da maré sobre e costa e retardar a erosão costeira, sua estrutura resiste a fortes

esforços, tem elevada resistência mecânica e física, além de ser econômico e ter

baixo valor de manutenção. Dispositivo foi utilizado na praia de Ponta Verde, para

conter o avanço da erosão, mas o resultado não foi o esperado, sendo substituído

por bolsacreto.

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4 INSTRUMENTO PROPOSTO

Neste capítulo são mostradas as ferramentas utilizadas pelos pesquisadores

como assentamento de propostas que são apresentadas no final deste capitulo com

seu respectivo objetivo. A fim de se obter uma preservação e conservação do

ambiente estudado os pesquisadores mostraram soluções que se colocadas em

prática poderiam resolver o problema da erosão costeira na capital de Alagoas. Para

um melhor aproveitamento dos objetivos propostos é de fundamental importância

que os órgãos competentes pela fiscalização trabalhem em conjunto com

monitoramento integrado e fiscalização in loco do ambiente.

4.1 Integração de Órgãos e Entidades

Primeiramente para se ter um plano de ações eficiente, é necessária uma

grande interação das entidades responsáveis pela gestão e proteção da orla, entre

os órgãos/entidades responsáveis por manter essa fiscalização por toda a costa.

Segundo o Decreto Nº 5300/2004 – “Regulamentada a Lei nº 7.661, de 16 de maio

de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, estão:

Portanto envolvidas as esferas federal, estadual e municipal respectivamente

IBAMA; IMA e a SEMARH; SEMPMA e SMCCU, juntamente ao órgão técnico

CREA-AL.

A Criação de um comitê de responsáveis técnicos de cada setor, tendo como

objetivo mapear, não apenas o trecho abordado no estudo, mas também o litoral do

estado de Alagoas, localizando os pontos onde já possui um cenário bem marcado

pela erosão costeira e local que por perspectiva do zoneamento e crescimento,

como o trecho da praia de Jacarecica, tem potencial para apresentar futuros

problemas.

Promover uma avaliação das condições das estruturas urbanísticas presente,

referente ao seu uso ao público, turismo, área de balneário e atividades executadas

(lazer, esporte, bares, restaurante, centro comercial e serviços diversos). Quais os

pontos afetados pela erosão costeira, já que na maioria das construções urbanas

não respeitam o limite de 50 metros após a primeira berma. Muitas construções

antigas por ausência de diretrizes foram implantadas a beira mar, ficando vulnerável

a ação da erosão costeira.

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Através de relatório descritivo do impacto causado, se as áreas construídas

estão conforme o Plano Diretor e Código de Urbanismo e Edificações do município

de Maceió, e leis vigentes, por meio de análise sugerir qual o dispositivo ideal,

dentre os já existentes e identificados no trecho de Pajuçara a Ponta Verde, para

conter a degradação causada pelo mar. E quais dispositivos de engenharia precisam

ser substituídos ou precisem de reparos e manutenção, para uma maior vida útil.

Evitando obras onerosas.

Promover ações aos pontos críticos que potencializam o fenômeno da erosão

costeira: adequação do sistema de esgotamento sanitário corresponde a menos de

40% do ordenado, causa constante de acidentes ambientais, devido a ligações

ilegais ou rompimento da rede coletora de esgoto, que caem nas galerias de águas

pluviais e chegam à praia, tornando-as impróprias para banho e degradando a

proteção natural da costa, formada pelo recife de corais.

Figura 32 – bacias de esgotamento sanitário de Maceió Fonte: Casal, 2016

Campanhas de conscientização: ações educativas e sociais: campanhas para

conscientização quanto a: uso dos locais públicos; processo urbanístico da orla;

implantação de edificações; preservação da paisagem natural; e poluição da praia.

O desempenho do bolsacreto/bagwall, chamou a atenção por ser um

dissipador de energia muito eficiente e ao mesmo tempo contribuiu para o

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engordamento da praia nos trechos críticos que foram utilizados, se destacando por

suas características físicas, mas também esteticamente por não agredir a paisagem

natural, visualmente e praticamente uma escada de direto e fácil acesso do público

ao balneário.

A implantação do dispositivo como medida de reparo e prevenção ideal no

atual cenário, nos demais trechos afetados que não receberam tratamento

adequado e avaliação na possível substituição dos outros dispositivos presentes.

Figura 33 – Gabião ao lado da Barraca Pedra Virada Fonte: Arquivo Pessoal

Foi então sugerido, por estes pesquisadores como proposta a ser

representada na formulação do trabalho de pesquisa, por meio de avaliação das

características observadas um plano de ação a ser adotado pelos órgãos

competentes, para melhor resposta às transformações e agressões causadas pela

erosão marítima. Com o intuito de integrar, fiscalizar e prevenir de forma conjunta as

ações do intemperismo e antrópicas.

Este plano de ação, além de buscar em campanhas educativas para a

comunidade e comerciantes locais a proteção e cuidado com o ambiente costeiro,

visa também em sua elaboração, a integração conjunta dos órgãos públicos com a

população local e através de audiências públicas ouvir a opinião da comunidade

sobre os problemas encontrados e como soluciona-los, estimulando o combate à

erosão costeira e o desenvolvimento urbanístico dentro dos limites de orla no trecho

da Pajuçara à Ponta Verde.

A elaboração do quadro baixo está relacionada com uma quantidade de

ações e para cada uma dessas, há um objetivo proposto, esses objetivos, consistem

nos resultados finais para resolver os problemas expostos.

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Quadro 1 – Quadro com as ações e objetivos propostos

PLANO DE AÇÕES PARA O TRECHO ANALISADO

AÇÃO OBJETIVO

Realizar campanha de

conscientização junto a comunidade

local.

Conscientizar a população sobre os efeitos

e causas da erosão costeira.

Fortalecer a comunidade através das

Associações de Bairros/Cooperativas

de informações pertinentes.

Estabelecer responsáveis pela comunidade

para que o conhecimento seja passado

para os moradores.

Promover com periodicidades

palestras nas Associações sobre

degradação de costa.

Realizar ações educativas através de

palestras e campanhas educativas

Promover oficinas de educação

ambiental com periodicidade junto às

comunidades, e apoio dos órgãos.

Trabalhar as comunidades para que estas

auxiliem no processo de proteção de costa

Elaboração de um Plano de

Fiscalização construído com a ajuda

de órgãos e comunidade.

Estabelecer diretrizes e responsáveis para

que seja respeitada os limites e

recomendações para urbanização

adequada do local

Criar um grupo comunitário

permanente para fiscalizar o trecho em

conjunto com o órgão fiscalizador.

Designar equipe comunitária para constatar

irregularidades e informar aos órgãos

competentes.

Traçar um plano para visitas as

escolas locais, com educadores,

recreadores, com foco em

sustentabilidade.

Educar e disciplinar por meio de atividades

escolares e ações que esclareçam a

importância da sustentabilidade.

Mapear todo o trecho estudado com

periodicidade fazendo um registro

fotográfico local.

Traçar em intervalos de tempos o perfil da

praia, registrando fotos e informações para

um comparativo

Realização de relatório técnico com a

identificação do problema e as

possíveis soluções

Construir por meio do diagnóstico realizado

um relatório técnico com ações para

solucionar os problemas detectados.

Dentre as soluções – elaborar um

projeto proposto para o local

Planejar qual ação realizar, dispositivo a

utilizar, aplicação, resultados esperados

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AÇÃO OBJETIVO

Apresentação as Autoridades das

possíveis soluções – projeto.

Apresentar para avaliação e aprovação do

projeto aos órgãos responsáveis.

Realizar Audiência Pública (I) para

ouvir a comunidade.

Discutir em audiência pública e registrar as

opiniões dos populares referentes ao

projeto a ser instalado

Realização de Audiência Pública (II)

para apresentar as soluções ou/ e o

projeto.

Apresentar e familiarizar a população local

as ações do projeto, sobre sua aplicação,

utilidade e preservação.

Acionar legisladores municipais e

estaduais para participarem dos

encontros comunitários

Elencar legisladores para participar das

ações comunitárias com uma periodicidade.

Realizar Ouvidoria para a comunidade,

sempre propor ideias e soluções

Criar canal de telecomunicação para ouvir e

acionar os órgãos fiscalizadores quando

constatado irregularidades.

Enviar aos órgãos gestores relatórios

e/ou sugestões construídas/ criadas

pela comunidade

Introduzir as diretrizes de projetos a opinião

dos populares local, para avaliar as suas

necessidades perante projeto.

Realizar ações educativas com os

proprietários bares e restaurantes a

beira mar.

Educar proprietários de empreendimentos a

beira mar segundo a sua responsabilidade

ambiental, por meio de campanhas

conscientizadoras.

O quadro mostra o plano de ações proposto, com base em ações e objetivos,

que visam a socialização entre os diversos setores para uma posterior sugestão de

implementação das atividades elaboradas. Com esses planos em pauta, as

diretrizes a serem tomadas pelos órgãos fiscais responsáveis pela preservação da

costa, serão de fácil integração e acompanhamento.

É importante ressaltar a importância da comunidade em volta desse plano de

ação, seu papel é fundamental para a intensificação e cobrança de controle por

parte das autoridades sobre o resguardo marinho.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos realizados sobre os dispositivos utilizados em obras de contenção

no trecho da orla de Maceió que corresponde às praias de Pajuçara e Ponta Verde,

no combate ao avanço da erosão costeira e os fatores que influenciam na

preservação e degradação do território costeiro, a partir daí pôde-se fazer um estudo

mais detalhado sobre o local e montar o plano de ações apresentado nesse projeto.

Das dificuldades encontradas na elaboração do trabalho, buscamos

informações detalhadas dos engenheiros projetistas e executores do projeto da

empresa responsável pela ultima implantação do dispositivo no trecho, porém, não

se conseguiu contato.

Destacou-se o auxílio e informações coletadas do Instituto do Meio Ambiente

– IMA onde foi realizado uma coleta de dados com os engenheiros Ricardo Cesar e

Juliano Maurício que atuam na parte que envolve questões ambientais da orla

marítima.

Foram buscados nas bibliografias os conhecimentos de autores e

especialistas na área, destacando-se os autores consultados: Alessandro

Farinaccio, Andrea Fischer, Paolo Alfredini e Pérsio Barros

CONCLUSÃO

A ocupação da costa brasileira, historicamente é proporcionada pelas

atividades econômicas instaladas, com diferentes tipos de configurações e

consequentemente alteração do cenário original. Mudanças realizadas por conjuntos

de ações naturais de intemperismo, força dos ventos, impacto das ondas e outros

processos naturais, somadas às ações do homem durante o processo de

urbanização, por meio de construções de edifício e espaços de lazer ao público. Não

havendo equilíbrio entre a ação natural e antrópica, o processo natural de erosão

costeira é potencialmente aumentado, gerando degradação e cenários caóticos.

O trecho da orla de Pajuçara a orla de Ponta Verde, sofre constantemente

com os efeitos de desequilíbrio, sendo necessário a intervenção realizada por

dispositivos de engenharia. Fato que atraiu a curiosidade da pesquisa para

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identificação dos dispositivos e avaliação do seu comportamento, como também os

fatores que influenciam a erosão costeira.

Em relação a exposição dos dispositivos de contenções antigos e novos

utilizados nas obras de contenção, foi demonstrado como cada tipo de contenção

atuou nas orlas da Pajuçara à Ponta Verde, exibindo suas vantagens e

desvantagens. Embasando-se nessas pesquisas em campo pode-se determinar as

melhores alternativas para se obter êxito no combate à erosão desse trecho.

Objetivando proporcionar uma adequação do trecho abordado, orla de

Pajuçara à Ponta Verde, foi realizado por meio de visita ao local, registro fotográfico

do cenário atual, e coleta ao acervo bibliográfico, realizando a caracterização do

ambiente praial, por tipologia genérica segundo os seus aspectos: físicos,

socioeconômicos, naturais, paisagísticos; identificou-se o perfil do trecho estudado e

quais as influências na erosão costeira, gerado pela malha urbana e sua evolução

para a melhor qualidade de vida e uso da população.

A presença dos esforços para conter o avanço do mar foi vista diante da

variedade de dispositivos de engenharia empregados no intuito de resolver o

problema, como gabião caixa, muro de arrimo, bolsacreto/bagwall e enrocamento.

Nota-se que a orla de Maceió carece de cuidados por parte da população,

comerciantes e dos órgãos públicos, para uma melhor interação entre as partes.

Destacou-se um plano de ações para atuar de forma educativa, reguladora,

fiscalizadora, preventiva da orla de Maceió. Entre as ações sugeridas está a

realização de campanhas de educação e conscientização, em escolas, bares,

restaurantes e eventos ao público, para melhor compreensão das responsabilidades

de cada parte no equilíbrio ambiental e dos danos causados pela erosão costeira.

Outras ações como o mapeamento e diagnóstico da orla com periodicidade para a

elaboração de planos de intervenção com dispositivos de contenção ou manutenção

dos que já estão presentes. Alem de apresentar os problemas e possíveis soluções

aos órgãos e entidades responsáveis para devida aprovação e implantação.

A ausência de uma maior fiscalização e punição por parte dos órgãos

públicos geram impactos ambientais irreversíveis, é o caso das línguas sujas. Todos

esses fatores influenciam na balneabilidade do local, que permanece em níveis

altíssimos, deixando a região inapropriada para banho.

Por fim, conclui-se que a erosão costeira é um problema que precisa de

reparação urgente. Seu combate através do dispositivo de contenção mais eficazes

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deve ser feito o quanto antes, com projetos, planejamento e aplicabilidade voltados

para atender os problemas encontrados nas regiões da Pajuçara à Ponta Verde.

Essa região é cartão postal da capital de Alagoas, muito frequentado pela

comunidade, e fonte de atrações turísticas, que gera emprego, trabalho e renda para

Maceió

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REFERÊNCIAS

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