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Discriminação entre tipos vegetacionais por meio da composição e abundância de famílias de Brachycera e Cyclorrhapha
(Diptera) com especial menção à família Stratiomyidae
Responsável técnico: Prof. Dr. Julio Cesar Rodrigues FontenelleIFMG – Campus Ouro Preto
Foto: Julio Fontenelle
Do comportamento animal à estrutura de comunidades
• O Projeto procurou identificar as diferenças que ocorrem na composição de famílias de Diptera, e mais especificamente de subfamílias e espécies de Stratiomyidae entre diferentes formações vegetais que ocorrem no PERD por oito anos consecutivos em duas diferentes estações.
• Detalhes do comportamento reprodutivo de uma subfamília de Stratiomyidae, a subfamília Sarginae, foram estudados para identificar os fatores ambientais que influenciam nas diferenças de composição encontradas.
• A dinâmica populacional de um dos recursos utilizados por Sarginae, Heliconia episcopalis, foi contrastada com a ocorrencia destes dípteros e sua importância para outros componentes da fauna do PERD também foi avaliada.
Amostragem de Diptera
• Para amostragem dos dípteros foram utilizadas três armadilhas do tipo Malaise, em cada tipo vegetacional, mata secundária baixa, secundária alta e primária. As coletas foram realizadas por oito anos em duas estações diferentes (seca e chuvosa).
• Já foram triados e identificados em nível de família e de subfamílias de Stratiomyidae os seis primeiros anos de coleta.
Foto: Armadilha de interceptação de vôo do tipo Malaise armada na área do Vinhático (Julio Fontenelle).
Abundância total de Diptera
Locais: BG (gambá) – Secundária baixa, TE (Tereza) – Primária e VI (vinhático) – Secundária alta
Número total de indivíduos coletados, nos quatro primeiro anos, em três semanas de coleta, de cada família e no total, em cada um dos locais estudados e por estação (chuvosa ou seca).
Famílias Mata secundária baixa
(Gambá) Mata secundária alta
(Vinhático) Mata primária
(Tereza) Total Chuvosa Seca Chuvosa Seca Chuvosa Seca
Acalyptratae* 1002 178 1865 529 3051 845 7470 Acroceridae 7 0 7 4 0 2 20 Asilidae 155 6 371 25 478 8 1043 Bombyliidae 17 0 16 1 78 9 121 Calliphoridae 0 1 2 0 50 10 63 Conopidae# 26 3 75 16 869 95 1084 Dolichopodidae 465 39 773 27 727 34 2065 Empididae 15 2 272 70 449 8 816 Muscoidea† 163 104 339 180 1058 183 2027 Mydidae 1 0 2 0 3 0 6 Phoridae 4034 801 7874 1620 8119 1160 23608 Pipunculidae 26 7 88 11 100 84 316 Platypezidae 1 0 14 0 4 0 19 Rhagionidae 0 0 0 0 3 1 4 Sarcophagidae 262 262 661 159 1219 252 2815 Scenopinidae 0 0 0 1 1 0 2 Stratiomyidae 31 84 1082 95 2249 246 3787 Syrphidae 21 15 51 20 87 52 246 Tabanidae 160 4 74 1 188 0 427 Tachinidae 808 477 1007 402 2972 527 6193 Therevidae 1 1 1 0 9 27 39 Xylomyidae 0 0 6 3 27 11 47 Total 7195 1984 14580 3164 21741 3554 52218
Fontenelle
Castro & Paschoalini
Fontenelle
Fontenelle
Fontenelle
Fontenelle
Fontenelle
Família Stratiomyidae Família cosmopolita, contêm 375 gêneros e mais de
2800 espécies descritas (Woodley, 2001). Tem uma grande importância ecológica como
espécies polinizadoras, decompositoras e algumas herbívoras.
Subfamílias que ocorrem no PERD: Beridinae, Chiromyzinae, Chrysochlorininae, Clitellariinae,
Hermetiinae, Nemotelinae, Pachygastrinae, Raphiocerinae, Sarginae e Stratiomyinae.
Abundância total da família Stratiomyidae
Locais: BG (gambá) – Secundária baixa, TE (Tereza) – Primária e VI (vinhático) – Secundária alta
Subfamílias de Stratiomyidae Algumas subfamílias foram encontradas apenas na
área de mata primária Foram encontrados padrões sazonais distintos. Por exemplo, Beridinae mostrou tendência de
decréscimo populacional, Chiromyzinae foi a única subfamília mais abundante na estação seca e Sarginae com um padrão de flutuação mais irregular.
Número total de indivíduos coletados, nos quatro primeiros anos, de cada uma das sub-famílias em cada local e estação do ano. Em negrito os três maiores valores de cada coluna.
Local e estação Sub-família
Mata sec. baixa (BG)
Mata séc. alta (VI)
Mata primária (TE) Total
Chuvosa Seca Chuvosa Seca Chuvosa Seca Beridinae 0 0 0 0 536 0 536 Chiromyzinae 0 56 0 13 0 183 252 Chrysochlorininae 5 0 3 0 27 0 35 Clitellariinae 1 0 8 0 163 4 176 Hermetiinae 4 0 27 8 39 16 94 Nemotelinae 0 0 0 0 34 0 34 Pachygastrinae 6 0 7 0 152 6 171 Raphiocerinae 0 0 0 0 160 0 160 Sarginae 17 3 1051 64 1180 73 2388 Stratiomyinae 0 0 1 0 54 0 55 Total 33 59 1097 85 2345 282 3901
Fontenelle Alves
Fontenelle
Castro & Paschoalini
Castro & Paschoalini
Subfamília Beridinae
Locais: BG (gambá) – Secundária baixa, TE (Tereza) – Primária e VI (vinhático) – Secundária alta
Subfamília Chiromyzinae
Locais: BG (gambá) – Secundária baixa, TE (Tereza) – Primária e VI (vinhático) – Secundária alta
Subfamília Sarginae
Locais: BG (gambá) – Secundária baixa, TE (Tereza) – Primária e VI (vinhático) – Secundária alta
Subfamília Sarginae No PERD foram coletados cinco gêneros e 21 espécies
coletados da subfamília Sarginae: Acrochaeta (1 sp.), Merosargus (14 spp.), Microchrysa (2 spp.), Ptecticus (1 sp.) e Sargus (3 spp.), apenas nos quatro primeiros anos.
Machos da maioria das espécies defendem territórios nos locais de reprodução o que facilita a identificação dos recursos utilizados pelas larvas.
O comportamento de seleção de recursos para a reprodução tem forte influência na composição de espécies destas famílias.
Recursos utilizados por Sarginae Entre os recursos utilizados para a reprodução em Sarginae
estão palmeiras como o palmito-doce (Euterpe edulis) e a brejaúba (Astrocaryum aculeatissimum), cipós como o Cipó-timbó (Thoracocarpus bissectus) e vários tipos de frutos tais como Ataúba (Guarea sp.) e Cotieira (Joannesia princeps).
Mas entre o recursos mais utilizados estão os pseudocaules e inflorescências de helicônias.
No PERD ocorrem cinco espécies de helicônias: H. episcopalis, H. spathocircinata, H. aemygdiana, H. angusta e H. x matenensis.
Foto: Julio Fontenelle
Helicônias do PERD
H. episcopalis
H. spathocircinata H. aemygdiana
H. angusta
H. x matenensis
Fotos: Augusto Alves
Fenologia de H. episcopalis
Número de médio de inflorescências por plot (5m2), em três populações de H. episcopalis, duas em mata primária, Beira do Turvo e Campolina e uma em mata secundária, Porto Capim. De forma geral a área de mata secundária apresenta uma maior ocorrência de inflorescências o que resulta em uma maior ocorrência das espécies que utilizam estes recursos.
Recursos utilizados por Sarginae A qualidade e disponibilidade de recursos influencia no tempo de
desenvolvimento e no tamanho do adulto. O tamanho por sua vez tem forte influência no sucesso
reprodutivo destas espécies que defendem territórios. Portanto o comportamento de seleção de substratos e da
intensidade de defesa de territórios determinam que espécies estarão presentes em cada tipo vegetacional.
Recursos utilizados por sarginae também são muito importante para vertebrados, como por exemplo, ataúva foi vista sendo consumida por jacús, meristemas primários de helicônias são utilizadas por cutias e as flores de helicônias são muito importante para os beija-flores que ocorrem no PERD.
Importância das helicônias para os beija-flores do PERD
0
200400
600
8001000
1200
Gh PiEspécies
Núm
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Principais visitantes florais de H. episcopalis no PERD Gh: Glaucis hirsuta e Pi: Phaethornis idaliae. Observações focais (412h) estações seca e chuvosa de 05:00 a 18:00h