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1 Disciplina: Relações Internacionais da América Latina Profº Bruno Rosi Aula 08: O FIM DA GUERRA FRIA NA AMÉRICA LATINA (1961-1989) 1. ASPECTOS GERAIS Oposição conjunta aos EUA: Consenso de Viña del Mar (1969) III Assembleia Geral da OEA (1973) Teologia da Libertação (final da década de 1960) Grande crescimento da dívida externa (década de 1970) Choque do Petróleo (1979) Fim de estratégias desenvolvimentistas (década de 1980) “Década perdida” e colapso dos regimes autoritários (década de 1980) Declaração de Quito (1984): busca de saída articulada da crise Consenso de Cartagena (1984) Grupo de Contadora (1983): posicionamento de não intervenção e autodeterminação Grupo de Apoio a Contadora (1985) Grupo dos Oito Ata de Contadora para a Paz e a Cooperação na América Central Países grandes Projetos desenvolvimentistas da década de 1930 começam a apresentar desgaste na década de 1950 e exaustão na década de 1960: 1) Dependência de bens de produção (maquinaria e tecnologia) importados; 2) Desigualdade nas trocas comerciais com os países desenvolvidos Desigualdades sócias e protestos; conflitos políticos Crise nas contas externas; dependência de organismos internacionais (FMI e BIRD) Governos autoritários Países menores

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Disciplina: Relações Internacionais da América Latina

Profº Bruno Rosi

Aula 08:

O FIM DA GUERRA FRIA NA AMÉRICA LATINA

(1961-1989)

1. ASPECTOS GERAIS

Oposição conjunta aos EUA:

Consenso de Viña del Mar (1969)

III Assembleia Geral da OEA (1973)

Teologia da Libertação (final da década de 1960)

Grande crescimento da dívida externa (década de 1970)

Choque do Petróleo (1979)

Fim de estratégias desenvolvimentistas (década de 1980)

“Década perdida” e colapso dos regimes autoritários (década de 1980)

Declaração de Quito (1984): busca de saída articulada da crise

Consenso de Cartagena (1984)

Grupo de Contadora (1983): posicionamento de não intervenção e autodeterminação

Grupo de Apoio a Contadora (1985)

Grupo dos Oito

Ata de Contadora para a Paz e a Cooperação na América Central

Países grandes

Projetos desenvolvimentistas da década de 1930 começam a apresentar desgaste na

década de 1950 e exaustão na década de 1960:

1) Dependência de bens de produção (maquinaria e tecnologia) importados;

2) Desigualdade nas trocas comerciais com os países desenvolvidos

Desigualdades sócias e protestos; conflitos políticos

Crise nas contas externas; dependência de organismos internacionais (FMI e BIRD)

Governos autoritários

Países menores

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Baixo valor de matérias primas no comércio internacional

Proteção alfandegária inspirada pela Cepal

2. ESTADOS UNIDOS

Dwight D. Eisenhower (1953-1961)

John F. Kennedy (1961-1963)

Aliança para o Progresso

Desenvolvimento econômico e social através de fundos públicos e privados

Contra-insurgência

Conferência Extraordinária do Conselho Interamericano Econômico e Social da OEA

Punta Del Este (1961)

Declaração dos Povos da América

Carta de Punta Del Este

Melhorar condições socioeconômicas e modernizar estruturas políticas

Reforma agrária e fiscal sofrem oposição de conservadores e oligarquias

Posicionamento dúbio diante dos golpes de estado

Crise dos Mísseis 1962

Lyndon B. Johnson (1963-1969)

Assume após o assassinato de Kennedy (1963)

Apoio a governos autoritários, considerando que estes melhor validavam os interesses

dos EUA na região

Intensifica a participação dos EUA no Vietnã

Aumenta a ajuda militar em detrimento da ajuda econômica

Militares latino-americanos são beneficiados com a modernização de equipamentos e

profissionalização de oficiais

A ação dos EUA favorece a transformação dos militares em uma importante força

política na década de 1970

Richard Nixon (1969-1974) e Gerald Ford (1974-1977)

Política Externa Realista, ainda retoricamente voltada para o combate ao comunismo na

América Latina. Na prática, pouca atenção é voltada para a região

Distensão com a URSS e aceitação de uma realidade internacional multipolar

“Desinteresse” dos EUA permite algumas medidas reformistas

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Jimmy Carter (1977-1981)

Política Externa fortemente vinculada à defesa dos Direitos Humanos

América Latina volta a ocupar espaço na agenda diplomática

Adesão ao Pacto de São José (1969) e ao Tratado de Tlatelolco

Redução da ajuda econômica e militar para ditaduras, o que obriga latino-americanos a

buscar novos fornecedores de armas

A política de Carter provoca o afastamento de alguns países latino-americanos

Entrega do Canal ao Panamá

Invasão soviética ao Afeganistão (1979) e boicote aos Jogos Olímpicos (1980)

Ronald Reagan (1981-1989)

Segunda Guerra Fria

Política externa fortemente orientada para a defesa dos interesses dos EUA

Política intervencionista na América Latina

Escândalo Irã-Contras na Nicarágua

3. MÉXICO

Adolfo López Mateos (1958-1964)

Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970)

Massacre de Tlatelolco (1968): repressão a protestos estudantis na Universidade

Nacional Autônoma do México (UNAM), poucos dias antes dos Jogos Olímpicos de

1968

Aproximação com os EUA

Controle dos meios de comunicação e impulso desenvolvimentista

Tratado de Tlatelolco (1969)

Luis Echeverría (1970-1976)

José López Portillo (1976-1982)

Miguel de la Madrid (1982-1988)

Moratória (1982)

Carlos Salinas (1988-1994)

4. AMÉRICA DO SUL

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Tratado de Montevidéu (1960) cria a Associação Latino-Americana de Livre Comércio

(ALALC). Eventualmente todos os países latino-americanos aderem ao tratado (1968),

embora este já demonstrasse sinais de estagnação (1967)

Acordo de Cartagena cria o Pacto Andino (1969)

ANDES

4.1 COLÔMBIA

O país tem tido eleições para presidente há bastante tempo. Não houve presidentes

militares neste período. Em compensação há um eterno embate entre Liberais e

Conservadores, deixando de fora outros grupos políticos

Alberto Lleras Camargo (1958-1962)

Político liberal eloqüente e carismático, obteve apoio de Kennedy no quadro da Aliança

para o Progresso, atendendo às demandas de reformas vindas dos EUA. O país foi

enquadrado pelos EUA e por órgãos multilaterais como modelo de reformismo

democrático

As reformas não beneficiaram os setores rurais. Ao longo da década houve favelização

do país, que se converteu em centro de críticas do Congresso dos EUA ao denunciar a

invalidade da Aliança para o Progresso.

Guillermo León Valencia (1962-1966)

Carlos Lleras Restrepo (1966-1970)

Misael Pastrana Borrero (1970-1974)

Alfonso López Michelsen (1974-1978)

Julio César Turbay Ayala (1978-1982)

Belisario Betancur Cuartas (1982-1986)

Virgilio Barco Vargas (1986-1990)

Grupos guerrilheiros ocupam quase metade do país

Tráfico de drogas toma conta do país

4.2 VENEZUELA

O país tem tido eleições para presidente há bastante tempo. Não houve presidentes

militares neste período.

Rómulo Betancourt (1959-1964)

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Retoma uma antiga reclamação territorial sobre a fronteira com a Guiana (mais

exatamente com a Inglaterra; Laudo Arbitral de Paris, 1899). A reclamação coincide

com o período de independência da Guiana (1966) e contou com mediação dos EUA e

da Inglaterra. Apesar de diversas tentativas de diálogo, a questão permanece em aberto

(2012)

Enfrenta oposição da Frente de Libertação Nacional (FLN) e de sua guerrilha, as Forças

Armadas de Libertação Nacional (FALN). Ao final da década esta guerrilha perdeu

força e desapareceu

Denuncia o envio de armas a partir de Cuba para a guerrilha em seu país (1963).

Invocou o TIAR. Atendendo à Venezuela, a OEA rompe relações com Cuba (1964)

Raúl Leoni (1964-1969)

Sucessor de Betancourt, deu continuidade às políticas reformistas

Ação Democrática passa por divisões internas e se alia a grupos de direita para

combater a guerrilha. Acaba chegando enfraquecida às eleições

Rafael Caldera (1969-1974)

Candidato do Partido Social Democrata Cristão Copei, venceu a Ação Democrática

Estabeleceu diálogo com os grupos de esquerda, proscrevendo a luta armada.

Proclamou a anistia.

Alta dos preços do petróleo (1973) favorece o desenvolvimento econômico e social do

país, diminuindo os conflitos sociais

Obteve apoio de Richard Nixon, tendencioso a apoiar um reformista em lugar de

esquerdistas declarados ou conservadores mais combativos ao marxismo

Política externa de solidariedade com o Terceiro Mundo. Restabelecimento de relações

diplomáticas com Cuba e URSS; normalização das relações com a Guiana

Carlos Andrés Pérez (1974-1979)

Retorno da Ação Democrática

Aumento dos preços do petróleo favorece período de grande crescimento econômico

Manutenção da política reformista e da política externa de Rafael Caldera

Luis Herrera Campins (1979-1984) e Jaime Lusinchi (1984-1989)

Continuação das políticas reformistas e da política externa independente

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Apoio à Argentina na Guerra das Malvinas

Persistência das desigualdades sociais

País é afetado pela crise regional, apesar do diferencial do petróleo

4.3 EQUADOR

José María Velasco Ibarra (1960-1961)

Assume a presidência pela quarta vez. Declarou-se neutro em relação à Guerra Fria,

mas setores de seu governo demonstravam proximidade com Cuba. Intervenção da CIA

para afastar esses setores levam a crise interna e renúncia de Velasco.

Carlos Julio Arosemena (1961-1963)

Vice do antecessor, ficou estigmatizado como esquerdista.

Procurou trazer o país para o grupo dos não alinhados. Foi destituído do poder por um

golpe de estado militar (1963-1966)

Junta Militar (1963-1966)

José María Velasco Ibarra (1968-1972)

Presidente eleito pela quinta vez. Buscou uma política reformista e nacionalista:

Nacionalização de setores ligados a exportação de frutas e açúcar e produção de

petróleo

Crise econômica, diminuição das exportações e aumento da inflação

Congresso controlado por opositores; Velasco dissolve o congresso, assumindo poderes

ditatoriais com apoio do exército (1970)

Guerra do Atum:

Ampliação do mar territorial para 200 milhas náuticas confronta interesses de empresas

de pesca norte-americanas. Diversos barcos são apreendidos e multados

Tentativa de nacionalização do subsolo, fomento à industrialização e reforma agrária

Guillermo Rodríguez Lara (1972-1976)

Militar chegou ao poder dando um golpe para evitar a posse do populista Assad

Bucaram, possível vencedor das eleições de 1972

Continua as PEI e as medidas reformistas de Velasco

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Adesão do Equador a OPEP e criação da Corporação Estatal Petrolífera Equatoriana,

durante auge dos preços do petróleo

Desigualdades sociais elevadas; Lara é substituído por militares mais conservadores

(1976-1979)

Junta Militar (1976-1979)

Outros militares dão um golpe em Lara

Jaime Roldós Aguilera (1979-1981)

Presidente eleito democraticamente, marca o início da passagem dos governos

autoritários para a democracia na América Latina; morto em um desastre de avião, não

completou o mandato

Osvaldo Hurtado (1981-1984)

Vice do anterior, completou o mandato

4.4 PERU

Manuel Prado y Ugarteche (1956-1962)

Eleito democraticamente com apoio do APRA.

Introduz o debate sobre a nacionalização dos recursos do subsolo

Promete realizar a reforma agrária

Grupos de esquerda se radicalizam

Surgimento do Movimento da Esquerda Revolucionária (MIR), dissidência do APRA

ainda mais à esquerda (1962). MIR cria o Exército de Libertação Nacional (ELN),

grupo de guerrilha

Partido Comunista se divide entre maoístas e pró-soviéticos (1958-1963)

Luta camponesa se fortalece

Junta Militar (1962-1963)

Após a eleição de Haya de La Torre (APRA) em 1962, militares tomam o poder em um

golpe de estado

Fernando Belaúnde Terry (1963-1968)

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Reformista democrata, Belaúnde havia perdido a eleição de 1962 para Haya de La Torre

por uma pequena margem de votos. Em novas eleições (1963), saiu vencedor

Seu partido, Ação Popular (AP), fundado em 1956, era visto pelos militares como a

única opção contra o APRA.

Pretendia realizar reformas através da Aliança para o Progresso, mas sofreu severa

oposição do congresso, tanto do APRA quanto de odriístas. Enfrentou também os

primeiros levantes guerrilheiros do país

Procurou realizar reformas, entre as quais a abertura da Amazônia. Considerado muito

moderado tanto pela esquerda quanto pela direita, foi deposto por um golpe de estado

militar (1968)

Juan Velasco Alvarado (1968-1975)

Presidente militar, chegou ao governo através de golpe de estado

Os militares peruanos haviam sido doutrinados anos antes no Centro de Altos Estudos

Militares (CAEM), centro de preparação para a administração política e econômica do

país e promoção da segurança nacional

Os militares eram adeptos de uma doutrina nacionalista e reformista de progresso social

e desenvolvimento influenciada pela Cepal

Promoveram diferentes reformas, incluindo a reforma agrária e nacionalização de

empresas e promoção industrial

Obtiveram amplo apoio, até mesmo do Partido Comunista

Promoveram uma política externa independente. Declararam o país parte do grupo dos

não alinhados, estabeleceram relações com URSS e China e até mesmo questionaram o

bloqueio a Cuba. Também apoiaram o Panamá. Tiveram relação ambígua com os EUA

Ampliação do Mar Territorial para 200 milhas náuticas, exercendo maior controle da

pesca e prejudicando empresa estrangeiras

Aumento da repressão leva ao seu afastamento e substituição por Francisco Morales

Bermúdez

Francisco Morales Bermúdez (1975-1980)

Presidente militar

Fernando Belaúnde Terry (1980-1985)

Presidente eleito democraticamente, marca o fim da ditadura militar no país

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Peru experimenta explosão de violência: Sendero Luminoso e Tupac Amaru

Alan García Pérez (1985-1990)

Primeiro presidente eleito pelo APRA

4.5 BOLÍVIA

Víctor Paz Estenssoro (1960-1964)

Junta Militar (1964-1966) e René Barrientos (1966-1969)

René Barrientos lidera golpe de estado militar contra Estenssoro. Ainda que de forma

descontínua, foi a principal liderança política até 1969

Exército possui grande popularidade devido ao papel social a ele atribuído. O golpe

conta com apoio popular expressivo

Forte repressão às milícias de mineiros e guerrilha esquerdista

Assassinato de Ernesto Che Guevara (1967) confere grande credibilidade a Barrientos

Alfredo Ovando Candía (1969-1970) e Juan José Torres (1970-1971)

Militares reformistas e nacionalistas

Nacionalização de empresas estrangeiras, destacando-se a Gulf Petroleum

O radicalismo dos dois governos leva a um golpe conservador liderado por Hugo

Banzer

Hugo Banzer (1971-1978)

Entre 1978 e 1982 muitos governos militares com meses ou mesmo dias de duração

Hernán Siles Zuazo (1982-1985)

Presidente pela segunda vez, eleito democraticamente, marca o retorno do país à

democracia

Victor Paz Estenssoro (1985-1989)

Presidente pela quarta vez

4.6 CHILE

Jorge Alessandri Rodríguez (1958-1964)

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Político democrata reformista, com amplo apoio dos EUA através da Aliança para o

Progresso

Formação da Frente Revolucionaria de Ação Popular (FRAP) (1958), partido de

Salvador Allende, candidato nas eleições de 1964.

Suas reformas foram consideradas tímidas e muito criticadas pela oposição. As eleições

de 1964 tendem a candidatos com propostas de reforma mais profunda

Eduardo Frei (1964-1970)

Democrata cristão apoiado pelos EUA, derrotou Salvador Allende nas eleições

Propunha um amplo leque de reformas, entre elas reforma agrária, apoio a indústria e

fomento à exportação. O objetivo era a modernização da economia e da sociedade

Construiu alianças com conservadores e progressistas moderados

Enfrentou inflação alta, protestos sociais e perda de apoio político. Ao final de seu

governo era reforçada a percepção de fracasso da Aliança para o Progresso no país,

mesmo com o grande investimento dos EUA

Salvador Allende (1970-1973)

Após várias tentativas chega ao poder pela via democrática

Nacionalização da indústria do cobre

Aumento de salários e redistribuição de terras

Economia começa a dar sinais de crise (1972)

Restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba, Alemanha Oriental, Vietnã e

China

Troca de visitas com Fidel Castro

EUA procuram obstruir acesso a financiamento internacional (FMI, BIRD e BID); CIA

apóia opositores

Oposição de militares e conservadores leva a golpe de estado (1973)

Augusto Pinochet (1974-1990)

Disputa do Canal de Beagle com a Argentina (1978). Conflito é solucionado com

intermediação do Papa João Paulo II e assinatura a Ata de Montevidéu (1979): Chile

toma posse da área em disputa; ao mesmo tempo a livre navegação e neutralidade da

região são garantidas.

Crescimento econômico seguindo os parâmetros do FMI (década de 1980)

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Patricio Aylwin Azócar (1990-1994)

RIO DA PRATA

4.7 ARGENTINA

Juan Domingo Perón (1946-1955)

Governos militares da Revolução Libertadora (1955-1958)

Arturo Frondizi (1958-1962) e Arturo Umberto Illia (1963-1966)

Membros da União Cívica Radical (UCR), foram ambos derrubados por golpes de

estado

Abertura do país a capitais estrangeiros e concessão para exploração de jazidas

petrolíferas a companhias estrangeiras, contrariando o compromisso histórico da UCR

sobre este assunto

Inflação e protestos sociais

Governos militares (1966-1973)

Crescimento dos grupos de esquerda e surgimento da luta armada: Montoneros e

Exército Revolucionário do Povo (ERP)

Juan Domingo Perón (1973-1974) e Isabel Martínez de Perón (1974-1976)

Eleito para o período de 1973 a 1979, tendo sua esposa como vice, Perón faleceu antes

de completar o mandato

Enfrentamento dos grupos de esquerda

Crise econômica

Governo controlado por militares de direita, derrubado por golpe de estado militar

Governos militares (1976-1983)

Disputa do Canal de Beagle com o Chile (1978)

Adolfo Pérez Esquivel recebe o Prêmio Nobel da Paz por sua militância a favor dos

direitos humanos (1980). O evento aumenta a pressão internacional pelo fim da ditadura

Guerra das Malvinas (1982)

Raúl Alfonsín (1983-1989)

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4.8 URUGUAI

Conselho Nacional de Governo (1952-1967)

Jorge Pacheco Areco (1967-1972)

Crescimento dos grupos de esquerda e surgimento da luta armada: Tupamarus

Juan María Bordaberry (1972-1976)

Realiza golpe de estado em 1973

Governos militares (1976-1985)

Julio María Sanguinetti (1985-1990)

Colorado, marca o retorno da democracia

4.9 PARAGUAI

Alfredo Stroessner (1954-1989)

Andrés Rodríguez (1989-1993)

Embora fosse um antigo colaborador, chega ao poder através de um golpe que derruba

Stroessner

Nova constituição limita mandato presidencial a cinco anos

4.10 GUIANA

Eleições parlamentares locais marcam ganho de autonomia (1953)

Partido Progressista Popular (PPP) sob liderança de Cheddy Jagan ganha a maioria dos

votos; o viés marxista de Jagan preocupa Londres e Washington; Londres envia tropas

para frear o ímpeto independentista

PPP se divide entre Jagan, indiano e marxista, com maior liderança no âmbito rural, e

Forbes Burnham moderado e africano, com maior liderança no âmbito urbano.

Intervenção dos EUA e Inglaterra aprofunda divisão. Surge o Congresso Nacional do

Povo (CNP), sob liderança de Burnham.

Com apoio da CIA Burnham se insurge contra Jagan e lidera a independência do país

(1965). É a principal liderança política até seu falecimento (1985). Governa com apoio

dos EUA e Inglaterra através de eleições fraudulentas e repressão a opositores

Presidentes

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Arthur Chung (1970-1980)

Forbes Burnham (1980-1985)

Morreu durante o mandato. Já havia ocupado os cargos de premier (1964-1966) e

primeiro ministro (1966-1980), sendo assim a principal liderança política até seu

falecimento

Desmond Hoyte (1985-1992)

Primeiro Ministro

Forbes Burnham (1966-1980)

Ptolemy Reid (1980-1984)

Desmond Hoyte (1984-1985)

Hamilton Green (1985-1992)

5. AMÉRICA CENTRAL

Comitê de Cooperação Econômica 1951 a convite da Cepal

Carta de São Salvador Organização dos Estados Centro-Americanos (ODECA)

Mercado Comum Centro-Americano (MCCA) (1958)

Pressões dos setores agroexportadores limitam o MCCA a uma Área de Livre Comércio

Guatemala e El Salvador colhem os melhores benefícios da integração, seguidos de

Costa Rica e Nicarágua. Honduras fica a margem do processo

Industrialização por substituição de importações e atração de montadoras através de

isenção de impostos agrava dependência do mercado externo

5.1 PANAMÁ

De 1968 a 1989 (intervenção norte-americana), o comandante da forças de defesa do

Panamá (conhecidas como Guarda Nacional até 1983) era o líder de fato do país

General Omar Torrijos (1968–1981)

Nacionalista e carismático, promoveu reformas econômicas e sociais variadas.

Converteu o país em um centro financeiro de importância internacional e logrou acordos

de nacionalização do canal com o Acordo Torrijos-Carter (1977)

Florencio Flores Aguilar (1981–1982) e Rubén Darío Paredes (1982–1983)

Período de transição após o falecimento de Torrijos

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Manuel Noriega (1983–1989)

Traficante de drogas

Relações com Washington se deterioram

Invasão norte-americana (1989)

5.2 COSTA RICA

Francisco Orlich Bolmarcich (1962-1966)

José Trejos Fernández (1966-1970)

José Figueres Ferrer (1970-1974)

Daniel Oduber Quirós (1974-1978)

Rodrigo Carazo Odio (1978-1982)

Luis Monge Álvarez (1982-1986)

Óscar Arias Sánchez (1986-1990)

Eleito democraticamente, estabeleceu com Vinicio Cerezo, presidente da Guatemala,

um plano de pacificação da América Central. Por essa ação Arias ganhou o Prêmio

Nobel da Paz (1987)

5.3 NICARÁGUA

Anastasio Somoza Debayle (1967-1972) e Junta Militar (1972-1974)

Somoza continua sendo o líder de fato

Anastasio Somoza Debayle (1974-1979)

Crescimento da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN)

Perda de apoio dos EUA durante o governo Carter

Assassinato de Pedro Joaquin Chamorro (1978) desencadeia ação Sandinista que

derruba Somoza

Junta Militar (1979-1985)

Revolução Nicaragüense (1979): Diversos grupos participam da queda de Somoza, mas

os Sandinistas são a liderança de fato

Daniel Ortega (1985-1990)

Antigo líder sandinista, já exercia liderança desde 1983

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Escândalo Irã-Contras

Pressionado pelos Contras, financiados pelos EUA, direcionou o país para Cuba e

URSS

Crise econômica, inflação elevada e medidas impopulares levam a perda de apoio

Acirramento da luta armada; gastos militares em 50% do orçamento

Violeta Chamorro (1990-1997)

Eleita pela União Nacional Opositora

Recebe um país exaurido economicamente

5.4 GUATEMALA

Miguel Ydígoras Fuentes (1958-1963)

Colaborou na tentativa de invasão a Baia dos Porcos (1961)

Sofreu um golpe de estado por permitir o presidente Arévalo retornar ao país e

possivelmente concorrer nas eleições daquele ano (1963)

Enrique Peralta Azurdia (1963-1966)

Coronel, aumentou a militarização do país contra as guerrilhas, sem sucesso

Julio César Méndez Montenegro (1966-1970)

Carlos Manuel Arana Osorio (1970-1974)

Kjell Eugenio Laugerud García (1974-1978)

Fernando Romeo Lucas García (1978-82)

Efraín Ríos Montt (1982-1983)

Óscar Humberto Mejía Victores (1983-1986)

Aprofunda-se o ingrediente étnico na guerra civil do país: meio urbano branco vs. meio

rural indígena

Aprofundamento da repressão contra os indígenas e da sociedade de modo geral;

isolamento internacional e crise econômica forçam a convocação de eleições

Vinicio Cerezo (1986-1991)

Presidente eleito democraticamente, estabeleceu com Oscar Arias, presidente da Costa

Rica, um plano de pacificação da América Central

Implementa diferentes reformas econômicas e políticas

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Inicia o diálogo com a guerrilha (Madri, 1987), assinando um tratado de paz (Oslo,

1990)

Rigoberta Menchú: denuncia o etnocídio indígena e recebe o Prêmio Nobel da Paz

(1992)

5.5 EL SALVADOR

Junta of Government (1960-1961)

Civic-Military Directory (1961-1962)

Eusebio Rodolfo Cordón Cea (provisional (1962)

Julio Adalberto Rivera Carballo (1962-1967)

Fidel Sánchez Hernández (1967-1972)

Arturo Armando Molina (1972-1977)

Eleito mediante fraude para evitar a chegada ao poder da coalizão liderada pelo

democrata-cristão José Napoleón Duarte

Carlos Humberto Romero (1977-1979)

Ditador militar, sofreu uma tentativa de golpe liderada por jovens oficiais reformistas,

inspirada nos acontecimentos da vizinha Nicarágua (1979)

Junta revolucionária de governo (1979-1982)

José Napoleón Duarte é a principal liderança deste período

Assassinato do padre Oscar Arnulfo Romero (1980), promotor de diálogo e pacificação

do país

Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) surge em 1981, iniciando uma

nova guerra civil

Álvaro Magaña (1982-1984)

José Napoleón Duarte (1984-1989)

Democrata-cristão

FMLN lança a maior ofensiva de sua história (1989)

Apoiado pelos EUA, mas sem sucesso em pacificar o país

Alfredo Cristiani (1989-1994)

México e Costa Rica se oferecem para mediar o conflito entre governo e FMLN

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Com intermediação da ONU a guerra entre governo e FMLN chega ao fim (1990)

5.6 HONDURAS

Golpe de estado militar proscreve o Partido Comunista (1956)

Ramón Villeda Morales (1957-1963)

Eleito democraticamente, tenta realizar uma reforma agrária. Sofre um golpe de estado

militar (1963)

Oswaldo López Arellano (1963-1971)

Ditador, chega ao poder através do golpe que derrubou o antecessor. Abortou os

projetos de reforma do antecessor, mas implantou os seus próprios.

Enfrentou El Salvador na Guerra do Futebol (1969). Em suas origens estão a

dependência dos dois países da agroexportação e migração de trabalhadores através da

fronteira. A intervenção da OEA concluiu rapidamente o conflito, mas um tratado de

paz foi assinado somente em 1980.

Ramón Ernesto Cruz Uclés (1971-1972)

Oswaldo López Arellano (1972-1975)

Juan Alberto Melgar Castro (1975-1978)

Policarpo Paz García (Provisional) (1978-1982)

Roberto Suazo Córdova (1982-1986)

Eleito democraticamente, mas com pouca margem de manobra

Militares ampliam o controle sobre a segurança nacional

Pressionado por militares e Washington a cooperar com os Contras na Nicarágua

Economia beneficiada pelo envio de dólares por Reagan

José Azcona del Hoyo (1986-1990)

Enfrenta situação semelhante a do antecessor

6. CARIBE

6.1 REPÚBLICA DOMINICANA

Rafael Trujillo foi o líder político de fato de 1930 até seu assassinato em 1961, sendo

oficialmente presidente em parte deste período

Tentativa de assassinato de Rómulo Betancourt, presidente da Venezuela (1960)

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Após este atentado Trujillo é condenado na V Reunião de Consulta de Chanceleres

(Costa Rica, 1960) e perde apoio dos EUA. É assassinado no ano seguinte (1961), com

consentimento da CIA

Juan Bosch (1963)

Reformista, entre suas medidas declara a legalidade das forças políticas de esquerda no

país. Foi deposto por um golpe militar poucos meses após sua posse

Junta Militar 1963-1966)

Alguns militares pedem a volta de Juan Bosch. Lyndon B. Johnson desconfia de Bosch,

acreditando que a República Dominicana possa se tornar uma nova Cuba. Ordena uma

intervenção, a primeira do tipo em décadas (1965), com apoio da OEA que também

envia tropas (Brasil, Honduras, Costa Rica, Paraguai, Nicarágua, e El Salvador)

Joaquín Balaguer (1966-1978)

Presidente civil eleito

As forças de intervenção deixam a ilha. Balaguer faz um governo com repressão e exílio

de opositores, excluindo especialmente os grupos de esquerda. A intervenção dos EUA

causa profundo ressentimento na América Latina em geral

Antonio Guzmán Fernández (1978-1982)

Presidente eleito, cometeu suicídio pouco antes de completar o mandato

Jacobo Majluta Azar (1982)

Vice-presidente do anterior

Salvador Jorge Blanco (1982-1986)

Joaquín Balaguer (1986-1996)

6.2 CUBA

Dividida entre exportar a revolução e consolidar o comunismo na ilha

Confronto entre China e URSS abre espaço para a atuação cubana no continente,

mesmo com desaprovação da URSS

Ajuda a guerrilheiros : Venezuela (1963)

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Adestramento de grupos de esquerda: Bolívia (1967)

Conferência de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina em Cuba

(1966) decide apoiar a luta armada contra o imperialismo e cria a Organização de

Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAL)

Assassinato de Che Guevara (1967) enfraquece o projeto de exportar a revolução

Liderança de Fidel cresce nos anos 1970; preside a VI Reunião dos Países Não

Alinhados em Havana (1979)

6.3 HAITI

François “Papa Doc” Duvalier (1957-1971)

Eleito democraticamente para um mandato de seis anos, acabou se perpetuando no

poder através de um regime de terror. Profundo anticomunista, obteve apoio dos EUA e

de empresários norte-americanos. Através de uma reforma constitucional logrou passar

o poder para seu filho.

Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier (1971-1986)

Deu prosseguimento às políticas do pai. O Haiti tornou-se conhecido como importante

eixo no tráfico de órgãos.

6.4 GRANADA

Eric Gairy (1974-1979)

Independência (1974)

Maurice Bishop (1979-1983)

Bishop depõe Gairy e lidera movimento identificado com o Terceiro Mundo e o

Socialismo (1979)

EUA não reconhecem o governo de Bishop

Bernard Coard (1983)

Depõe e assassina Bishop; instaura governo ainda mais à esquerda

Reagan intervém alegando crescimento da influência soviética e cubana; a invasão de

Granada é de modo geral aceita pela comunidade internacional e latino-americana

REFERÊNCIAS:

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“O fim da Guerra Fria na América Latina (1961-1989)” (Cap. 8) In.: MOREIRA, Luiz

Felipe Viel; QUINTEROS, Marcela Cristina; SILVA, André Luiz Reis da. As Relações

Internacionais da América Latina. Petrópolis: Vozes, 2010.