diretrizes curriculares nacionais gerais para a … · conferência nacional de educação –...
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Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais para a Educação Básica:
desafios e perspectivas ao cotidiano
escolar
Prof. Elcio Cecchetti
Lições de um Espelho
Era uma vez... uma rainha que vivia em um grande
castelo. Ela tinha uma varinha mágica que fazia as
pessoas bonitas ou feias, alegres ou tristes,
vitoriosas ou fracassadas.
Como todas as rainhas, ela também tinha um
espelho mágico. Um dia querendo, avaliar sua
beleza, também ela perguntou ao espelho:
- Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita
do que eu?
O espelho olhou bem para ela e respondeu:
- Minha rainha, os tempos estão mudados. Esta
não é uma resposta assim tão simples. Hoje em
dia, para responder a sua pergunta eu preciso de
alguns elementos mais claros.
Atônita, a rainha não sabia o que dizer.
Só lhe ocorreu perguntar: Como assim?
- Veja bem, respondeu o espelho – Em primeiro
lugar, preciso saber por que Vossa Majestade fez
essa pergunta, ou seja, o que pretende fazer com
minha resposta. Pretende apenas levantar dados
sobre o seu ibope no castelo? Pretende examinar
seu nível de beleza, comparando-o com o de
outras pessoas, ou sua avaliação visa ao
desenvolvimento de sua própria beleza? É uma
avaliação considerando a norma ou critérios pré-
determinados?
E continuou o espelho:
Além disso, eu preciso que Vossa Majestade me
defina com que bases devo fazer essa avaliação.
Devo considerar o peso, a altura, a cor dos olhos,
o conjunto? Quem devo consultar para fazer essa
análise?
Por exemplo: se consultar somente os moradores
do castelo, vou ter uma resposta; por outro lado,
se utilizar parâmetros nacionais, poderei ter outra
resposta. Entre a turma da copa ou mesmo entre
os anões, a Branca de Neve ganha estourado!
Mas, se perguntar aos seus conselheiros, acho que
minha rainha terá o primeiro lugar.
Depois, ainda tem o seguinte: Como vou fazer
essa avaliação? Devo utilizar análises continuadas?
Posso utilizar alguma prova para verificar o grau
dessa beleza? Utilizo a observação?
Finalmente, concluiu o espelho:
- Será que estou sendo justo? Tantos são os pontos
a considerar...
(BATISTA, S.H.S.S. e cols.(2001))
Contexto Atual
Novos tempos...
Complexidade;
Dinamicidade e movimento;
Diversidade x homogeneidade;
Localismos x globalismos;
Contradições, exclusões e desigualdades;
Controle e vigilância subliminares;
Dominação x resistências.
Novo Contexto = Nova Escola
Questionamento e surgimento de novos
paradigmas;
Emergências de políticas educacionais que
asseguram o direito de todo brasileiro à
formação humana e cidadã;
Educação: direito inalienável de todos os
cidadãos – condição primeira para o
exercício pleno dos direitos sociais, civis e
políticos.
Educação Básica
Foco central da luta pelo direito à educação;
Alvo de debates e mudanças que visam a
melhoria de sua qualidade e de ampliação de sua
abrangência;
Novas leis, normas, sistemas de financiamento,
sistemas de avaliação e monitoramento,
programas de formação de professores;
Necessidade de um currículo e de novos
projetos político-pedagógicos que sejam capazes
de dar conta dos grandes desafios educacionais
da contemporaneidade.
Movimento MEC
Indagações sobre o Currículo
Em 2007 o MEC publicação 05 cinco
cadernos priorizando 05 eixos organizadores:
Currículo e Desenvolvimento Humano;
Educandos e Educadores: seus Direitos e o
Currículo;
Currículo, Conhecimento e Cultura;
Diversidade e Currículo;
Currículo e Avaliação.
Concepção de Currículo
Conjunto de experiências escolares que se
desdobram em torno do conhecimento, em
meio a relações sociais, contribuindo para a
construção das identidades dos sujeitos;
“O currículo é, em outras palavras, o coração
da escola, o espaço central em que todos
atuamos, o que nos torna, nos diferentes níveis
do processo educacional, responsáveis por sua
elaboração” (MOREIRA e CANDAU, 2007, p.
19).
Concepção de Currículo
“O papel do educador no processo curricular é,
assim, fundamental. Ele é um dos grandes artífices,
queira ou não, da construção dos currículos que
se materializam nas escolas e nas salas de aula.
Daí a necessidade de constantes discussões e
reflexões, na escola, sobre o currículo, tanto o
currículo formalmente planejado e desenvolvido
quanto o currículo oculto” (MOREIRA e
CANDAU, 2007, p. 19).
Ações do MEC/CNE
Resolução Nº 5, de 17 de Dezembro de 2009.
Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil;
Resolução Nº 4, de 13 de Julho de 2010. Define
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica;
Resolução Nº 7, de 14 de dezembro de 2010.
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental de 9 (nove) anos;
Parecer Nº 05, de 05 de Maio de 2011. Define
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio.
Movimento Nacional
Conferência Nacional de Educação –
CONAE (2009-2010);
Minuta do Plano Nacional de Educação
(Projeto de Lei nº 8.035/2010);
Movimento Todos pela Educação;
GT Brasil do Ensino Fundamental.
Diretrizes do PNE - 2011/2020
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - superação das desigualdades educacionais;
IV - melhoria da qualidade do ensino;
V - formação para o trabalho;
VI - promoção da sustentabilidade sócio-
ambiental;
VII- promoção humanística, científica e tecnológica;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de
recursos públicos em educação como proporção
do produto interno bruto;
IX - valorização dos profissionais da educação; e
X - difusão dos princípios da equidade, do respeito à
diversidade e a gestão democrática da educação.
EDUCAÇÃO BÁSICA
Direito universal e alicerce indispensável para o
exercício da cidadania em plenitude, da qual
depende a possibilidade de conquistar todos os
demais direitos (Art. 5 Res. CNE/CEB nº 4/2010);
Considerar as dimensões do educar e do cuidar,
buscando recuperar a sua centralidade, que é o
educando, pessoa em formação na sua essência
humana (Art. 6 Res. CNE/CEB nº 4/2010);
DCNs Gerais Educação Básica
A Educação Básica se fundamenta essencialmente na responsabilidade que o Estado, a família e sociedade têm de garantir:
a) a democratização/universalização do acesso (Metas 1, 2, 3 e 4 do PNE);
b) a permanência, a aprendizagem (Metas 5 e 6 do PNE) e o sucesso das crianças e jovens na escola, em idade própria a cada etapa e modalidade;
c) A continuidade dos estudos em direção à progressiva extensão da obrigatoriedade (Emenda Constitucional nº 59/2006);
Currículo da Educação Básica
Integração das três etapas (EI, EF e EM) e
modalidades da educação básica (EJA, Ed. Especial,
Ed. Profissional, entre outras) fundamentadas na
inseparabilidade dos conceitos referenciais de
cuidar e educar (Parecer CNE/CEB nº 7/2010);
Superação de políticas curriculares fragmentadas
buscando a integração e transição entre as etapas
e garantia ao estudante de acesso, permanência,
aprendizagem e sucesso na conclusão de seus
estudos.
Currículo da Educação Básica
Configura-se como o conjunto de valores e
práticas que proporcionam a produção, a socialização
de significados no espaço social e contribuem
intensamente para a construção de identidades
socioculturais dos educandos;
Constitui-se de experiências escolares que se
desdobram em torno do conhecimento, permeadas
pelas relações sociais, articulando vivências e
saberes dos estudantes com os conhecimentos
historicamente acumulados;
(Resolução CNE/CEB nº 4/2010, Art. 13)
Organização Curricular
Ampliação da jornada escolar, em único oudiferentes espaços educativos, nos quais apermanência do estudante vincula-se tanto àquantidade e qualidade do tempo diário deescolarização quanto à diversidade de atividadesde aprendizagens (Meta 6 do PNE);
A jornada em tempo integral com qualidadeimplica a necessidade da incorporação efetiva eorgânica, no currículo, de atividades e estudospedagogicamente planejados e acompanhados.
(Resolução CNE/CEB nº 4/2010,Art. 12)
Reinvenção da Escola
“Priorizar processos capazes de gerar sujeitos
inventivos, participativos, cooperativos,
preparados para diversificadas inserções sociais,
políticas, culturais, laborais e, ao mesmo tempo,
capazes de intervir e problematizar as formas
de produção e de vida.
A escola tem, diante de si, o desafio de sua
própria recriação, pois tudo que a ela se refere
constitui-se como invenção: os rituais escolares
são invenções de um determinado contexto
sociocultural em movimento”
(Parecer CNE/CEB nº 7/2010)
Reinvenção da Escola
A escola é o espaço em que se ressignifica e se
recria a cultura herdada, reconstruindo-se as
identidades culturais, em que se aprende a
valorizar as raízes próprias das diferentes regiões
do País.
Exige a superação do rito escolar:
Integre sua multidimensionalidade, privilegiando
trocas, acolhimento e aconchego, para garantir o
bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e
adultos, no relacionamento entre todas as pessoas.
(Resolução CNE/CEB nº 4/2010, Art. 11)
Formas para a Organização Curricular
Promover a aprendizagem para além sala de
aula da escola;
Ampliação e diversificação dos tempos e
espaços curriculares;
Escolha de abordagem didático-pedagógica
disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou
transdisciplinar pela escola, subsidiando a
organização da matriz curricular, a definição de
eixos temáticos e a constituição de redes de
aprendizagem;
Formas para a Organização Curricular
Eixos temáticos são uma forma de organizar o
trabalho pedagógico, limitando a dispersão do
conhecimento, na visão interdisciplinar,
superando o isolamento das pessoas e dos
conhecimentos;
Constituição de redes de aprendizagens;
Transversalidade: entendida como uma forma de
organizar o trabalho didático pedagógico em que
temas e eixos temáticos são integrados às
disciplinas e às áreas de conhecimento.
Base Comum Nacional
Integram a base nacional comum nacional:
a) Língua Portuguesa;
b) Matemática;
c) Conhecimento do mundo físico, natural, da realidade
social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o
estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e
Indígena,
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão,
incluindo-se a música;
e) a Educação Física;
f) o Ensino Religioso.
(Resolução CNE/CEB nº 4/2010, Art. 14)
Mudanças do/no EF9 anos ?!
Seriam 8 +1?
ou
Seriam 1 + 8?
Crianças de 6 anos na primeira série?!
Re-divisão dos conteúdos por série?
Ensino Fundamental 9 anos
Etapa da educação responsável por
assegurar a cada um e a todos o acesso ao
conhecimento e aos elementos da cultura
imprescindíveis para o seu desenvolvimento
pessoal e para a vida em sociedade;
(Resolução CNE/CEB nº 7/2010, Art. 4º).
Mudança de Paradigma
O EF8 constitui-se de:
a) 08 séries letivas;
b) Ênfase disciplinar;
c) Elencos de conteúdos escolares;
d) Pode ser concluído em oito anos;
e) Se o estudante não “aprender” o conteúdo relativo a qualquer das séries, repetirá tantas vezes quanto à escola julgar necessárias;
f) Não “aprendizagem” resulta em “reprovação”;
g) Foco no ensino reprodutivo;
Mudança de Paradigma
O EF9 anos com 9 anos de duração (aprendizagem continua, sem retenção) de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos 6 anos, tem duas fases sequentescom características próprias, chamadas de anos iniciais, com 5 anos de duração, para alunos de 6 a 10 anos de idade; e anos finais, com 4 anos de duração,para alunos de 11 a 14 anos (Res. CNE/CEB nº 4/2010, Art. 23).
Para cada ano civil de escolaridade e faixa etária correspondente há um elenco de expectativas de aprendizagens;
Foco no ensino produtivo e na qualificação da aprendizagem;
Mudança de Paradigma
Na perspectiva do EF8:
a) aprovar/reprovar coloca a escola, o professor e o
conteúdo em um lado e, no outro, o aluno;
b) Professor ensina/transmite conteúdos ao aluno;
c) A avaliação traduz-se em um ato classificatório:
aprova ou reprova o estudante que não “domina”
(reproduz/transmite) o conteúdo escolar.
Mudança de Paradigma
A lógica do EF9:
a) Transcende aprovação/reprovação;
b) Foco no “aprender”: aprendizagem produtiva e
qualitativa de conhecimentos para a vida e para a
cidadania, em que se envolvam, articuladamente,
escola, professor, aluno, currículo e
conceito/conteúdo.
c) A avaliação, processual, diagnóstica, continuada e
formadora: preocupa-se com a aprendizagem e
propõe retomada pedagógica para o êxito cognitivo
e social do estudante.
Objetivos EF9 anos
I - desenvolvimento da capacidade de aprender,
tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo;
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3
(três) primeiros anos;
III - compreensão do ambiente natural e social, do
sistema político, da economia, da tecnologia, das
artes, da cultura e dos valores em que se
fundamenta a sociedade;
Objetivos EF9 anos
IV - o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de
atitudes e valores;
V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
de solidariedade humana e de respeito recíproco
em que se assenta a vida social
(Resolução CNE/CEB nº 4/2010, Art. 24)
Meta principal EF9 anos
Assegurar o ingresso, a permanência e o
sucesso na escola, com a conseqüente
redução da evasão, retenção e das
distorções série/idade.
(Resolução CNE/CEB nº 7/2010, Art. 5°)
Currículo EF9 anosOs componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental
serão assim organizados em relação às áreas de conhecimento:
I – Linguagens:
a) Língua Portuguesa;
b) Língua Materna, para populações indígenas;
c) Língua Estrangeira moderna;
d) Arte; e
e) Educação Física;
II – Matemática;
III – Ciências da Natureza;
IV – Ciências Humanas:
a) História;
b) Geografia;
V – Ensino Religioso. (Res. CNE/CEB 7/2010, Art. 15)
Currículo EF9 anos
Ampliar o leque de referências culturais de toda a
população escolar;
Contribuir para a mudança das suas concepções de
mundo;
Contribuir para a construção de identidades mais
plurais e solidárias;
Os componentes curriculares e as áreas de
conhecimento devem articular em seus conteúdos, a
partir da abordagem de temas abrangentes e
contemporâneos que afetam a vida humana em escala
global, regional e local, bem como na esfera individual.
(Resolução CNE/CEB nº 7/2010, Art. 15 e 16)
Referências
BATISTA, S.H.S.S. e cols. O processo de capacitação do
SARESP: pressupostos, experiências e aprendizagens. São Paulo.
(2001).
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n°
8.035/2010. Aprova o Plano Nacional de Educação para o
decênio 2011-2020, e dá outras providências.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.
Câmara de Educação Básica. Resolução Nº 4, de 13 de Julho de
2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
Educação Básica.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação.
Câmara de Educação Básica. Resolução Nº 7, de 14 de
dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.