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DIREITOS HUMANOS Professor Dr. Urbano Félix Pugliese Sistemas regionais de Direitos Humanos

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Page 1: Direitos humanos   sistemas regionais

DIREITOS HUMANOSProfessor Dr.

Urbano Félix Pugliese

Sistemas regionais de Direitos Humanos

Page 2: Direitos humanos   sistemas regionais

Pergunta (4) para a próxima aula:

Há legitimidade em um julgamento por um tribunal externo dos crimes cometidos dentro de um Estado respectivo?

Page 3: Direitos humanos   sistemas regionais

Estrutura normativa do sistema Intl de proteção dos DH’s:1) Sistema global (ONU [normas e órgãos]);

e2) Sistemas regionais (Africano, Americano

e Europeu [normas e órgãos]). Características: São sistemas

coexistentes e complementares visam extrair valores e compatibilizar ideias para uma melhor aplicação dos DH em redor do planeta.

Page 4: Direitos humanos   sistemas regionais

O mundo ainda não está devidamente protegido:

Page 5: Direitos humanos   sistemas regionais

Ordem de criação dos sistemas regionais:1) Europeu;2) Americano; e3) Africano. Quando as defesas domésticas não

funcionam é preciso proteger os DH intl; Não há sistema Asiático e da Oceania; e Há uma Carta Árabe de Direitos humanos

(não é um sistema regional).

Page 6: Direitos humanos   sistemas regionais

Críticas/elogios aos sistemas regionais: Não têm a força de um sistema global

(ONU); Sistemas mais próximos da população

(maior consenso das decisões); Valores regionais levados em conta para

resolver os problemas (valores comuns); e Mecanismos de resolução locais

(conhecidos da população e aceitos).

Page 7: Direitos humanos   sistemas regionais

A Europa (740 milhões):

Page 8: Direitos humanos   sistemas regionais

Sistema Europeu de DH’s: Principal documento: Convenção Europeia

dos DH (1950); Características: Trata, basicamente, dos

dir. individuais; Dir. sociais tratados de maneira vaga;

Há, ainda, a Carta Social Europeia. Órgãos: 1) Comissão Europeia dos DH (extinta); e 2) Corte Europeia dos DH (mantida).

Page 9: Direitos humanos   sistemas regionais

Monitoramento Europeu de DH:

Sistema mais avançado do mundo;1) Um semi-judicial, a Comissão Europeia de Direitos Humanos; 2) Um judicial, a Corte Europeia de Direitos Humanos; e3) Um “diplomático”, o Comitê de Ministros (do Conselho de Europa).

Page 10: Direitos humanos   sistemas regionais

Índice de Desenvolvimento Humano: Criado na década de 1990 pela ONU; Principal indicador da qualidade de vida da

população de um determinado local; Critérios: 1) Nível de escolaridade: média de

anos de estudo da população adulta e do número esperado de anos de estudos; 2) Renda: Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, baseada na paridade de poder de compra dos habitantes; e 3) Nível de saúde: obtida através da expectativa de vida da população.

Page 11: Direitos humanos   sistemas regionais

Ranking do IDH:1° Noruega: 0,938. (Europa).2° Austrália: 0,937. (Oceania).3° Nova Zelândia: 0,907. (Oceania).4° Estados Unidos: 0,902. (América do Norte).5° Irlanda: 0,895. (Europa).6° Liechtenstein: 0,891. (Europa).7° Holanda (Países Baixos): 0,890. (Europa).8° Canadá: 0,888. (América do Norte).9° Suécia: 0,885. (Europa).10 Alemanha: 0,885. (Europa).

Page 12: Direitos humanos   sistemas regionais

O Brasil e o IDH:

75º: 0,755 (2014); 1) Média de anos de estudo: 7,2 anos de

estudo; 2) Renda Nacional Bruta: US$ 14.275; e 3) Expectativa de vida da população:

75,2 anos.

Page 13: Direitos humanos   sistemas regionais

Comparativo da Renda Nacional Bruta:

Rússia: US$ 22.167; Uruguai: US$ 18.108; Argentina: US$ 17.296; África do Sul: US$ 11.788; China: US$ 11.477; e Índia: US$ 5.150.

Page 14: Direitos humanos   sistemas regionais

A África: 1 bilhão de

habitantes; Maior

preocupação mundial; e

Violação constante aos DH.

Page 15: Direitos humanos   sistemas regionais

Sistema Africano de DH’s: Principal documento: Carta Africana dos DH

(Carta de Banju de 1981); Características: Trata de dir. de 1ª, 2ª e 3ª

dimensões (individuais, sociais e coletivos); Órgãos: 1) Comissão Africana dos DH e dos povos

(promoção, proteção e conciliação); 2) Corte Africana dos DH e dos povos

(função contenciosa e jurisdicional); e 3) Corte Africana de Justiça (2003).

Page 16: Direitos humanos   sistemas regionais

Características da Carta Africana:1) Consagração dos valores tribais como

corolário do espírito da Carta;2) Direitos, mas também de deveres dos

indivíduos africanos para com seus grupos familiares; e

3) Afirmação conceitual dos direitos dos povos como direitos humanos, em especial aqueles concernentes ao direito à independência, à autodeterminação e à autonomia dos Estados africanos.

Page 17: Direitos humanos   sistemas regionais

Menores IDH’s do planeta:140° Ilhas Comores: 0,428 (África);141° Lesoto: 0,427 (África);142° Nigéria: 0,423 (África);143° Uganda: 0,422 (África);144° Senegal: 0,411 (África)145° Haiti: 0,404 (América Central).146° Angola: 0,403 (África);147° Djibuti: 0,402 (África);148° Tanzânia: 0,398 (África);149° Costa do Marfim: 0,397 (África);.150° Zâmbia: 0,395 (África);

Page 18: Direitos humanos   sistemas regionais

Menores IDH’s do planeta:151° Gâmbia: 0,390 (África);152° Ruanda: 0,385 (África);153° Maláui: 0,385 (África);154° Sudão: 0,379 (África);155° Afeganistão: 0,349 (Oriente Médio).156° Guiné: 0,340 (África);157° Etiópia: 0,328 (África);158° Serra Leoa: 0,317 (África);159° República Centro-Africana: 0,315 (África);160° Mali: 0,309 (África);.

Page 19: Direitos humanos   sistemas regionais

Menores IDH’s do planeta:161° Burkina Fasso: 0,305 (África);162° Libéria: 0,300 (África);163° Chade: 0,295 (África);164° Guiné-Bissau: 0,289 (África);165° Moçambique: 0,284 (África);166° Burundi: 0,282 (África);167° Níger: 0,261 (África);168° República Democrática do Congo: 0,239 (África); e169° Zimbábue: 0,140 (África)..

Page 20: Direitos humanos   sistemas regionais

Ditadores africanos:

OBIANG MBASOGO (Guiné Equatorial)

YAHYA JAMMEH(Gâmbia)

Page 21: Direitos humanos   sistemas regionais

As Américas: 960 milhões; Problemas

políticos que afetam os DH da população; e

Interesses vários impedem um maior crescimento do IDH.

Page 22: Direitos humanos   sistemas regionais

Sistema Interamericano de DH’s: Principais documentos: 1) Declaração

Americana de Dh’s (Declaração de Bogotá de 1948);

No mesmo momento criou-se a Organização dos Estados Americanos (OEA); Não é tratado (soft law: serve como costume intl); Há paralelo com a DUDH;

2) 1969: Convenção Americana sobre DH’s (Pacto de São José da Costa Rica: Dir. individuais e de liberdade); e

Protocolo de São Salvador de 1988 (Dir, sociais).

Page 23: Direitos humanos   sistemas regionais

Principais órgãos: 1959: Criação da Comissão Interamericana

de DH’s (promoção dos DH’s; não condena o Estado, só concilia e expede recomendação); e

A Corte Interamericana dos DH’s protege o pacto de São José da Costa Rica;

Observações: Um Estado pode ser membro da OEA e não ser signatário da Convenção Americana sobre DH’ e há inúmeros tratados temáticos (mulheres, pessoas sequestradas, população indígena).

Page 24: Direitos humanos   sistemas regionais

Comissão Interamericana: Legitimidade para denunciar violações: Qualquer pessoa, grupo de pessoas ou

entidade não-governamental de Estado-parte; e

Os Estados-parte podem denunciar ofensas existentes nos outros Estados-membro, contanto que reconheçam a competência da Comissão para examinar as próprias violações (princípio da reciprocidade intl).

Page 25: Direitos humanos   sistemas regionais

Comissão Interamericana:Exame de admissibilidade da denúncia1) Os fatos denunciados devem representar violação da Convenção;2) A comunicação não pode ser manifestamente infundada;3) A comunicação não pode ter sido apresentada anteriormente, em termos semelhantes, à Comissão ou outros órgãos internacionais; e4) Inexistência de outros processos no âmbito internacional acerca dos fatos denunciados.

Page 26: Direitos humanos   sistemas regionais

Requisitos finais:5) Interposição e esgotamento de todos os recursos de direito interno; e6) Decurso de, no máximo, seis meses desde a decisão final sobre o caso; Podem não ser seguidos: a) Inexista previsão

de devido processo legal para apurar ofensas aos direitos garantidos pela Convenção; b) O ofendido tenha sido impedido de utilizar os recursos possíveis; e c) Houver demora injustificada para decidir o caso.

Page 27: Direitos humanos   sistemas regionais

Procedimento: Recebida a comunicação de violação, a

Comissão tratará de enviar os trechos da petição que entender pertinentes ao Estado em que ocorreu a ofensa;

O Estado terá dois meses, prorrogáveis por mais um, para apresentar resposta; e

Excepcionalmente, a Comissão poderá diferir o juízo sobre a admissibilidade da reclamação para o julgamento sobre o mérito.

Page 28: Direitos humanos   sistemas regionais

Mérito da querela: Poderá ter investigação in loco imediatamente a denúncia,

se o caso for grave e urgente, ou abrir oportunidade ao peticionário para que se manifeste acerca da resposta do Estado, dentro de dois meses, prorrogáveis por mais um;

Oferecida chance de manifestação ao peticionário, o Estado-parte terá igual prazo para apresentar suas observações;

Findo o prazo, o Estado poderá ter fornecido as informações solicitadas ou poderá ter deixado de fazê-lo, caso em que se poderão presumir verdadeiros os fatos alegados;

A Comissão poderá ainda ter recebido informações supervenientes; e

Em posse de novas informações, poderá a Comissão decidir pelo arquivamento da comunicação ou pela continuação do seu processamento.

Page 29: Direitos humanos   sistemas regionais

Solução amistosa: Em qualquer fase do processo, poderão

as partes chegar a uma solução amistosa; A Comissão fará um relatório e o

encaminhará ao peticionante, aos Estados-parte da Convenção e ao Secretário Geral da OEA; e

Não havendo a solução amistosa o processo prosseguirá.

Page 30: Direitos humanos   sistemas regionais

Submissão à Corte: Não havendo solução amistosa, caberá à

Comissão produzir relatório; Ao cabo de três meses da remessa do relatório

aos interessados, a Comissão poderá, por maioria absoluta, julgar se o Estado remediou a situação e se publica ou não o relatório; e

Se a Comissão verificar que o caso não foi solucionado e não tiver sido submetido à Corte, poderá remetê-lo àquele tribunal, salvo se a maioria absoluta de seus membros se opuser.

Page 31: Direitos humanos   sistemas regionais

Corte Interamericana de DH’s: Sede em São José (Costa Rica); Só podem submeter um caso à Corte os Estados-parte

da Convenção e a Comissão; e As partes ofendidas podem, porém, participar, uma vez

iniciado o processo, bem como solicitar medidas provisórias "em casos de extrema gravidade e urgência e quando for necessário para evitar prejuízos irreparáveis às pessoas".

Page 32: Direitos humanos   sistemas regionais

Corte Interamericana de DH’s: Função contenciosa e consultiva; Consultiva: Provocada pela Comissão ou

Estado que solicitam que a Corte opine sobre a compatibilidade de uma norma e o Pacto de São José; ou

Contenciosa: Conflito entre o Estado e a vítima/família da vítima; e

Na contenciosa pode haver condenação do Estado em determinadas medidas.

Page 33: Direitos humanos   sistemas regionais

Penas da Corte Interamericana de DH’s: Restauração do status quo ante (quando

possível); e/ou Reparação do dano por meio de indeznização. Observações: Não há polícia ou forças armadas; Carece da cooperação intl dos Estados para se

sujeitarem à decisão; O Br aderiu ao pacto de San José em 1992 e à

Corte em 1998 (pode ou não aderir à Corte, mas se aderir é obrigatório [Cláusula Raul Fernandes]).

Page 34: Direitos humanos   sistemas regionais

Condenações do Brasil: O Brasil não pode escolher os casos que se

submeterá à Corte; Já foi condenado diversas vezes/medidas

cautelares também; O Brasil foi condenado a indenizar uma família

pela morte de uma pessoa em um HCT Federal; e

O Brasil foi condenado por que a Lei de Anistia não se compatibiliza com o Pacto de São José (O STF disse que a Lei de Anistia é constitucional; é o transconstitucionalismo).