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Direitos Humanos e Princípios Constitucionais em Segurança Pública Professor Doutor Roberto Wanderley ([email protected] ) 1. Teoria Geral e História dos Direitos 1. Teoria Geral e História dos Direitos Humanos Humanos 2. Constitucionalismo e Direitos 2. Constitucionalismo e Direitos Humanos: os Princípios Humanos: os Princípios Constitucionais como Direitos Constitucionais como Direitos Fundamentais Fundamentais 3. Perspectiva crítica dos Direitos 3. Perspectiva crítica dos Direitos Humanos: Burke, Bentham e Marx Humanos: Burke, Bentham e Marx 4. Estado, Segurança e Direitos 4. Estado, Segurança e Direitos Humanos: a polícia e sua função Humanos: a polícia e sua função

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Direitos Humanos e Princípios Constitucionais em Segurança Pública

Professor Doutor Roberto Wanderley([email protected] )

1. Teoria Geral e História dos Direitos Humanos1. Teoria Geral e História dos Direitos Humanos

2. Constitucionalismo e Direitos Humanos: os Princípios 2. Constitucionalismo e Direitos Humanos: os Princípios Constitucionais como Direitos FundamentaisConstitucionais como Direitos Fundamentais

3. Perspectiva crítica dos Direitos Humanos: Burke, 3. Perspectiva crítica dos Direitos Humanos: Burke, Bentham e MarxBentham e Marx

4. Estado, Segurança e Direitos Humanos: a polícia e sua 4. Estado, Segurança e Direitos Humanos: a polícia e sua função constitucionalfunção constitucional

Teoria Geral e História dos Direitos Humanos

Direitos Humanos como fenômeno histórico-cultural não “natural”Direitos Humanos como fenômeno histórico-cultural não “natural”

Contextualização Histórica, Filosófica e CulturalContextualização Histórica, Filosófica e Cultural

- Era humana: Modernidade (racionalidade)- Era humana: Modernidade (racionalidade) - Local: o Atlântico Norte (Europa e EUA)- Local: o Atlântico Norte (Europa e EUA) - Tempo: a modernidade do século XVIII- Tempo: a modernidade do século XVIII - Pensamento: jusnaturalismo racional- Pensamento: jusnaturalismo racional - Cultura: Judaica-Cristão- Cultura: Judaica-Cristão - Movimento Político: ascensão e revoluções burguesas- Movimento Político: ascensão e revoluções burguesas - Positivação: das Declarações Burguesas às Constituições e à DUDH - Positivação: das Declarações Burguesas às Constituições e à DUDH - Importância: Integração de valores morais, jurídicos e políticos - Importância: Integração de valores morais, jurídicos e políticos

Teoria Geral e Historia dos Direitos Humanos

J. Torbes-Muñiz: J. Torbes-Muñiz:

“ “(...) filosofia antiga e medieval cristã, porém sua teoria é, na (...) filosofia antiga e medieval cristã, porém sua teoria é, na realidade, fenômeno da razão da modernidade e das condições sócio-realidade, fenômeno da razão da modernidade e das condições sócio-econômicas do capitalismo. Por outro lado, o Estado como poder econômicas do capitalismo. Por outro lado, o Estado como poder central, racionalizado, burocrático e burguês é seu marco político, central, racionalizado, burocrático e burguês é seu marco político, aliado ao ambiente filosófico do ideário racional e individualista. São aliado ao ambiente filosófico do ideário racional e individualista. São nos pleitos de liberdade e limitação do poder político feitos pela nos pleitos de liberdade e limitação do poder político feitos pela sociedade burguesa em que se constrói a teoria dos direitos humanos.”sociedade burguesa em que se constrói a teoria dos direitos humanos.”

Teoria Geral e História dos Direitos Humanos

ConceituaçãoConceituação - Complexa: varias áreas do conhecimento humano (sociologia, história, - Complexa: varias áreas do conhecimento humano (sociologia, história,

filosofia, direito, política) e diversos conteúdos de direitos de distintas filosofia, direito, política) e diversos conteúdos de direitos de distintas naturezas (vida, liberdade, trabalho, garantias processuais) naturezas (vida, liberdade, trabalho, garantias processuais)

- Muito se fala e pouco se sabe sobre “direitos humanos”: termo vago, - Muito se fala e pouco se sabe sobre “direitos humanos”: termo vago,

ambíguo e versátilambíguo e versátil - “Prerrogativas exigíveis – conjunto de direitos – que são titulares todo - “Prerrogativas exigíveis – conjunto de direitos – que são titulares todo

ser humano por sua racionalidade e conseguinte dignidade”ser humano por sua racionalidade e conseguinte dignidade”

Teoria Geral e Historia dos Direitos Humanos

Fundamentação: o porquê dos Direitos HumanosFundamentação: o porquê dos Direitos Humanos - importância: boas fundamentações convencem e reforçam a teoria- importância: boas fundamentações convencem e reforçam a teoria o direito interno e sobretudo o internacional são débeiso direito interno e sobretudo o internacional são débeis fórum acadêmico, político e social para o assuntofórum acadêmico, político e social para o assunto - político-jurídica: Positivação (Constituições e DUDH 1948)- político-jurídica: Positivação (Constituições e DUDH 1948) - teórico-filosófica: o consenso e as necessidades (Habermas e Heller), entre outras, - teórico-filosófica: o consenso e as necessidades (Habermas e Heller), entre outras,

como as contratualistas de Hobbes e Russeau ou o positivismo de Kelsen, etc.como as contratualistas de Hobbes e Russeau ou o positivismo de Kelsen, etc.

- Para Bobbio: ainda que vinculados, o maior problema dos direitos humanos, pós - Para Bobbio: ainda que vinculados, o maior problema dos direitos humanos, pós DUDH, não é seu fundamento, mas sua efetividade.DUDH, não é seu fundamento, mas sua efetividade.

Teoria Geral e Historia dos Direitos Humanos

Principais Características dos Direitos HumanosPrincipais Características dos Direitos Humanos

- Universalidade - Irrenunciáveis- Universalidade - Irrenunciáveis

- Absolutos - Historicidade- Absolutos - Historicidade

- Lista aberta - Complexidade- Lista aberta - Complexidade

- Constitucionalidade - Inalienável - Constitucionalidade - Inalienável

- Básicos (nec-cons) - Individualismo- Básicos (nec-cons) - Individualismo

Teoria Geral e História dos Direitos Humanos

Classificação dos Direitos HumanosClassificação dos Direitos Humanos

- Problemática e arbitrariedade das classificações- Problemática e arbitrariedade das classificações

- Direitos de Liberdade, Direitos Democráticos e Direitos de Prestações - Direitos de Liberdade, Direitos Democráticos e Direitos de Prestações

- Direitos de Primeira, Segunda e Terceira Gerações- Direitos de Primeira, Segunda e Terceira Gerações

- Direitos e Garantias- Direitos e Garantias

Teoria Geral e Historia dos Direitos Humanos

Caracterização Funcional do conceito de Direitos Humanos ou seu Caracterização Funcional do conceito de Direitos Humanos ou seu “núcleo de certeza”“núcleo de certeza”

- Função Legitimadora do Poder Político e das Reivindicações Sociais- Função Legitimadora do Poder Político e das Reivindicações Sociais- Limitação da Soberania do Estado frente ao Soberania do Individuo- Limitação da Soberania do Estado frente ao Soberania do Individuo- Condição para pertinência na Sociedade de Nações- Condição para pertinência na Sociedade de Nações- Razão para a intervenção externa (desrespeito à Soberania)- Razão para a intervenção externa (desrespeito à Soberania)

- Núcleo de certeza de Luiz Pietro: i) reivindicação do individuo para o - Núcleo de certeza de Luiz Pietro: i) reivindicação do individuo para o poder; ii) legitimação e efetividade do poder poder; ii) legitimação e efetividade do poder

Teoria Geral e Historia dos Direitos Humanos

““(…) los caracteres esenciales que conformarían el “núcleo de (…) los caracteres esenciales que conformarían el “núcleo de certeza” del término “derechos humanos” son dos: primero, la idea de certeza” del término “derechos humanos” son dos: primero, la idea de vehículo, que en los últimos siglos de la modernidad hasta la vehículo, que en los últimos siglos de la modernidad hasta la actualidad, habría intentado conducir determinadas aspiraciones actualidad, habría intentado conducir determinadas aspiraciones importantes de la persona desde el mundo de la moralidad al ambiente importantes de la persona desde el mundo de la moralidad al ambiente de la juridicidad. Segundo, la adopción de una cualidad legitimadora de la juridicidad. Segundo, la adopción de una cualidad legitimadora del poder que se basa en normas fundamentales para medir la del poder que se basa en normas fundamentales para medir la justificabilidad de las formas de organización política y administrativa justificabilidad de las formas de organización política y administrativa y, de este modo, para que éstas se hagan acreedoras a la obediencia y, de este modo, para que éstas se hagan acreedoras a la obediencia voluntaria de los ciudadanos.” (voluntaria de los ciudadanos.” (Prieto, L., Prieto, L., Estudios sobre derechos Estudios sobre derechos fundamentalesfundamentales, Debate, Madrid, 1990, pp. 10-29)., Debate, Madrid, 1990, pp. 10-29).

Constitucionalismo e Direitos Humanos

Constitucionalismo

- Século XVIII: Idéia Racional, Centralizadora e Burocrática do Mundo (Estado Nacional e organização racional e planejada da vida)

- Positivação: critérios racionais, controlados e prefixados para a produção da ordem jurídica (Processo Legislativo)

- Reconhecimento e Positivação dos Direitos Humanos na Ordem Jurídica Constitucional: Direitos Fundamentais

Constitucionalismo e Direitos Humanos

Constitucionalismo Clássico: como promover Constitucionalismo Clássico: como promover justiçajustiça sem o Estado? sem o Estado?

- Estado Liberal BurguêsEstado Liberal Burguês- Direitos IndividuaisDireitos Individuais- Individuo em face do EstadoIndividuo em face do Estado- Liberalismo EconômicoLiberalismo Econômico- Século XVIII/XIX na Inglaterra, EUA e França Século XVIII/XIX na Inglaterra, EUA e França

Constitucionalismo e Direitos Humanos

Constitucionalismo Sócio-Econômico: como Constitucionalismo Sócio-Econômico: como jurisdicizar jurisdicizar o Estado o Estado social?social?

- Estado SocialEstado Social- Direitos Individuais e SociaisDireitos Individuais e Sociais- Individuo reconciliado com o EstadoIndividuo reconciliado com o Estado- Controle Judicial das LeisControle Judicial das Leis- Século XX/XXI nascendo na Alemanha de Weimar Século XX/XXI nascendo na Alemanha de Weimar

Constitucionalismo e Direitos Humanos

Direitos Fundamentais: Direitos e Garantias ambos como direitos que Direitos Fundamentais: Direitos e Garantias ambos como direitos que a Constituição de um Estado reconhece aos cidadãosa Constituição de um Estado reconhece aos cidadãos

Na doutrina, porém, como Rui Barbosa, “direito é a faculdade Na doutrina, porém, como Rui Barbosa, “direito é a faculdade reconhecida na Constituição de praticar-se ou não atos e a garantia é a reconhecida na Constituição de praticar-se ou não atos e a garantia é a segurança desta faculdade”segurança desta faculdade”

Direitos Garantias Direitos Garantias - Declaratório: Declaratório: dever serdever ser - Assecuratório - Assecuratório - valores e bens - Protege o valor e o bem valores e bens - Protege o valor e o bem - Principais - Acessório Principais - Acessório - Substantivos (Civil, Penal, etc) - Adjetivo (Processual)Substantivos (Civil, Penal, etc) - Adjetivo (Processual)- Liga-se a pessoa diretamente - Liga-se através do direito Liga-se a pessoa diretamente - Liga-se através do direito

Constitucionalismo e Direitos Humanos

Direitos Fundamentais (Direitos e Garantias) como Princípios Direitos Fundamentais (Direitos e Garantias) como Princípios ConstitucionaisConstitucionais

DireitosDireitos- LegalidadeLegalidade- Liberdade (legalidade formal)Liberdade (legalidade formal)- Igualdade (legalidade material)Igualdade (legalidade material)- DignidadeDignidade- VidaVida- SegurançaSegurança- Propriedade Propriedade

Constitucionalismo e Direitos Humanos

GarantiasGarantias

- Garantias Institucionais ou GenéricasGarantias Institucionais ou Genéricas: : protege a essência da Constituição na protege a essência da Constituição na medida em que atos administrativos, judiciais ou legislativos derivados devem medida em que atos administrativos, judiciais ou legislativos derivados devem ser considerados inconstitucional quanto atingir instituição garantida. ser considerados inconstitucional quanto atingir instituição garantida.

Parlamento como o protagonista do Processo LegislativoParlamento como o protagonista do Processo Legislativo Controle Parlamentário das Ações do GovernoControle Parlamentário das Ações do Governo Eletividade Democrática das Funções PúblicasEletividade Democrática das Funções Públicas Supremacia das Normas Constitucionais: Controle Judicial das Leis Supremacia das Normas Constitucionais: Controle Judicial das Leis Cláusulas PétreasCláusulas Pétreas Rigidez ConstitucionalRigidez Constitucional Auto Aplicabilidade dos Direitos FundamentaisAuto Aplicabilidade dos Direitos Fundamentais

Constitucionalismo e Direitos Humanos

- - Garantias IndividuaisGarantias Individuais: : protege o exercício dos direitos individuais por protege o exercício dos direitos individuais por parte do cidadãoparte do cidadão

Quanto ao Processo:Quanto ao Processo: Devido Processo LegalDevido Processo Legal Ampla Defesa e ContraditórioAmpla Defesa e Contraditório Inafastabilidade do Poder JudiciárioInafastabilidade do Poder Judiciário Juiz Natural, etc.Juiz Natural, etc.

Especificas:Especificas: Habeas CorpusHabeas Corpus Mandado de Segurança, etc. Mandado de Segurança, etc.

Constitucionalismo e Direitos Humanos

Principio da Separação dos Poderes como a garantia máxima dos Principio da Separação dos Poderes como a garantia máxima dos direitos humanos (cláusula pétrea expressa na CF/88) no sistema direitos humanos (cláusula pétrea expressa na CF/88) no sistema constitucionalconstitucional

“ “O principio da separação dos poderes e tudo que dele decorre é a O principio da separação dos poderes e tudo que dele decorre é a garantia das garantias constitucionais, de preservação e evolução da garantia das garantias constitucionais, de preservação e evolução da Constituição democrática, libera e pluralista, pois, de um lado, é um Constituição democrática, libera e pluralista, pois, de um lado, é um principio construtivo, racionalizador, estabilizador e limitador do principio construtivo, racionalizador, estabilizador e limitador do poder do Estado; de outro, é essencial para a configuração do Estado poder do Estado; de outro, é essencial para a configuração do Estado Social de Direito e o exercício pleno dos direitos fundamentais.” Social de Direito e o exercício pleno dos direitos fundamentais.” (Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional)(Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional)

Perspectivas Criticas dos Direitos Humanos: Marx

Marx: a critica materialistaMarx: a critica materialista

- rompimento com o liberalismo individualista do pensamento burguêsrompimento com o liberalismo individualista do pensamento burguês- o direito como superestrutura ideológicao direito como superestrutura ideológica- questão judaicaquestão judaica: o direito como alienação política e não libertação: o direito como alienação política e não libertação- o homem não como abstração-individual-universal, mas como o homem não como abstração-individual-universal, mas como

necessidades concretas e relativasnecessidades concretas e relativas- direito como instrumento de legitimação do poder e não como direito como instrumento de legitimação do poder e não como justiçajustiça, ,

vontade do povo vontade do povo ou ou manifestação publica do legislador (proc. leg.)manifestação publica do legislador (proc. leg.)

Perspectivas Criticas dos Direitos Humanos: Marx

Marx: direito como instrumento de emancipação do homemMarx: direito como instrumento de emancipação do homem

- Analises da Revolução Francesa e AmericanaAnalises da Revolução Francesa e Americana- Direitos verdadeiros são direitos conquistados, não declaradosDireitos verdadeiros são direitos conquistados, não declarados- Direitos Humanos como direitos da sociedade civil burguesaDireitos Humanos como direitos da sociedade civil burguesa- Direitos da sociedade civil que os conquistou, no caso, a burguesa; não a Direitos da sociedade civil que os conquistou, no caso, a burguesa; não a

do homem do homem qualquer, qualquer, ou do homem abstrato para os burguesesou do homem abstrato para os burgueses- Critica: liberdade, igualdade,propriedade e segurançaCritica: liberdade, igualdade,propriedade e segurança “ “longe de conceber o homem como um ser genérico, estes direitos, pelo longe de conceber o homem como um ser genérico, estes direitos, pelo

contrário, fazem da própria vida genética, da sociedade, um marco contrário, fazem da própria vida genética, da sociedade, um marco exterior aos indivíduos, uma limitação de sua independência primitiva. exterior aos indivíduos, uma limitação de sua independência primitiva. O único nexo que os mantém em coesão é a necessidade do sistema e os O único nexo que os mantém em coesão é a necessidade do sistema e os interesses particulares de manterem suas propriedade e suas interesses particulares de manterem suas propriedade e suas individualidades egoísticas” (Marx, na Questão Judaica)individualidades egoísticas” (Marx, na Questão Judaica)

Perspectivas Criticas dos Direitos Humanos: Burke

Burke - os argumentos contra-revolucionários (e conservadores) de Burke - os argumentos contra-revolucionários (e conservadores) de um reformista: critica aos princípios da revolução francesaum reformista: critica aos princípios da revolução francesa

- argumentos históricos: diferenças nas revoluções inglesas (1688) e - argumentos históricos: diferenças nas revoluções inglesas (1688) e francesa (1789) francesa (1789)

i) ruptura com o passado / restauração de uma tradição i) ruptura com o passado / restauração de uma tradição interrompidainterrompida

ii) decisão do povo e do poder/resultado de um processo ii) decisão do povo e do poder/resultado de um processo institucionalinstitucional

iii) derivados da iii) derivados da razão razão / direitos históricos com herança vinculada/ direitos históricos com herança vinculada

Perspectivas Criticas dos Direitos Humanos: Burke

– – Argumentos Teóricos: não há direito de um povo a ruptura Argumentos Teóricos: não há direito de um povo a ruptura revolucionaria com o passadorevolucionaria com o passado

i) a sociedade não é fruto exclusivo da razão abstrata atemporal, mas i) a sociedade não é fruto exclusivo da razão abstrata atemporal, mas resultado de uma colaboração intergeracionalresultado de uma colaboração intergeracional

ii) política não é uma engenharia social, mas a administração de valores ii) política não é uma engenharia social, mas a administração de valores passados para o futuropassados para o futuro

ii) o contrato social não é entre pessoas, mas entre gerações: nova ii) o contrato social não é entre pessoas, mas entre gerações: nova interpretação do contrato socialinterpretação do contrato social

Perspectivas Criticas dos Direitos Humanos: Burke

- Os verdadeiros direitos humanos- Os verdadeiros direitos humanos- Os verdadeiros direitos do homem são direitos convencionais de Os verdadeiros direitos do homem são direitos convencionais de

determinada sociedade civildeterminada sociedade civil- Os verdadeiros direitos do homem são locais, históricos e concretos, Os verdadeiros direitos do homem são locais, históricos e concretos,

não naturais, universais e abstratosnão naturais, universais e abstratos- A razão política dos verdadeiros direitos do homem é a prudência para A razão política dos verdadeiros direitos do homem é a prudência para

melhor existir e não a razão metafísica-racional melhor existir e não a razão metafísica-racional

““A ciência de construir uma comunidade, de a renovar ou de a reformar, A ciência de construir uma comunidade, de a renovar ou de a reformar, não pode, como nenhuma outra ciência experimental, ensinar-se a não pode, como nenhuma outra ciência experimental, ensinar-se a priori” (E. Burke) priori” (E. Burke)

Perspectivas Criticas dos Direitos Humanos: Bentham

Bentham: um utilitarista crítico do jusnaturalismoBentham: um utilitarista crítico do jusnaturalismo

- Linguística: as declarações de direitos estão constituídas sobre um Linguística: as declarações de direitos estão constituídas sobre um abuso vazio de linguagem: confusão entre o ontológico e o abuso vazio de linguagem: confusão entre o ontológico e o deontológico. Por exemplo, deontológico. Por exemplo, “Art.1 – Os homens nascem e “Art.1 – Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções se fundam na permanecem livres e iguais em direitos. As distinções se fundam na utilidade comum.”utilidade comum.”

Todos os Homens nascem livres – Todos os Homens nascem livres – todos os homens nascem num todos os homens nascem num estado de sujeição, inclusive a mais absoluta; estado de sujeição, inclusive a mais absoluta; Todos os homens Todos os homens permanecem livre – permanecem livre – no mínimo, estão sujeitos à governos e leis; no mínimo, estão sujeitos à governos e leis; Todos Todos os homens permanecem iguais em direitos os homens permanecem iguais em direitos – não significa nada, pois – não significa nada, pois as relações humanas e jurídicas são “desiguais”; as relações humanas e jurídicas são “desiguais”; As distinções se As distinções se fundam na utilidade comumfundam na utilidade comum – que distinções? e se não se fundar na – que distinções? e se não se fundar na “utilidade comum? O que é utilidade comum?“utilidade comum? O que é utilidade comum?

Perspectivas criticas dos direitos humanos: Bentham

- Conceitual: contradição na idéia de direito natural (ser e dever ser)Conceitual: contradição na idéia de direito natural (ser e dever ser)

todo direito subjetivo é objetivotodo direito subjetivo é objetivo

todo direito são legais (utéis) e não inerentes (pretensão)todo direito são legais (utéis) e não inerentes (pretensão)

““No direito natural não há direito pois neste não há onde se possa exigir No direito natural não há direito pois neste não há onde se possa exigir nada a ninguém.” nada a ninguém.”

- Impossibilidade de utilidade:-nenhum direito é inalien. ou impresc.Impossibilidade de utilidade:-nenhum direito é inalien. ou impresc.

-incompatível com a ordem sócio-econ.-incompatível com a ordem sócio-econ.

-legislar é tarefa do real, não de -legislar é tarefa do real, não de principios principios abstratos abstratos

Perspectivas Críticas dos Direitos Humanos: Bentham

As declarações de direitos são perigosas:As declarações de direitos são perigosas:

- pretendem justificar revoluções e guerraspretendem justificar revoluções e guerras- mais sentimentos e paixões que razãomais sentimentos e paixões que razão- A invocação de direitos individuais A invocação de direitos individuais naturaisnaturais e e universaisuniversais é um atalho para é um atalho para

evitar o juízo evitar o juízo racional,racional, contextualcontextual e e específicoespecífico que cada caso pede que cada caso pede

Um reformador utilitarista: deontológico X teleológico(utilitarista)Um reformador utilitarista: deontológico X teleológico(utilitarista)- principio moral da utilidade: maximizar o bem-estar agregadoprincipio moral da utilidade: maximizar o bem-estar agregado- A decisão do povo é soberana (legitimador do direito) e não abstrações A decisão do povo é soberana (legitimador do direito) e não abstrações ““É ridículo e irracional que podeis vocês mesmos amarrar-se em cordas É ridículo e irracional que podeis vocês mesmos amarrar-se em cordas

inventadas por vocês mesmosinventadas por vocês mesmos””““Podemos em tese inclusive falar em escravidão desde que esta seja Podemos em tese inclusive falar em escravidão desde que esta seja

utilitaristamente vantajoso”utilitaristamente vantajoso”

Segurança e Direitos Humanos

Segurança (sentido lato)Segurança (sentido lato)

- Conceito Realista: controle e afirmação de poder (Hans MConceito Realista: controle e afirmação de poder (Hans Morgenthau)orgenthau)

- Conceito Idealista: estabelecimento e manutenção da Paz (E. Kant)Conceito Idealista: estabelecimento e manutenção da Paz (E. Kant)

- Conceito Complexo: policial, militar, ambiental, político, econômico, Conceito Complexo: policial, militar, ambiental, político, econômico, social, etc. “social, etc. “capacidade de liberarse de la amenaza y ser capaz, bien capacidade de liberarse de la amenaza y ser capaz, bien sean los Estados o las sociedades, de mantener su independencia en lo sean los Estados o las sociedades, de mantener su independencia en lo que se refiere a su identidad, y a su integridad funcional, frente a que se refiere a su identidad, y a su integridad funcional, frente a fuerzas de cambios consideradas hostilesfuerzas de cambios consideradas hostiles” (B.Buzan)” (B.Buzan)

Segurança e Direitos Humanos

O Conceito de Segurança (lato senso) e a PolíticaO Conceito de Segurança (lato senso) e a Política

- Estado legitimado ao menos pela idéia de Segurança (Hobbes)Estado legitimado ao menos pela idéia de Segurança (Hobbes)- As Ameaças: fatos valorizados politicamenteAs Ameaças: fatos valorizados politicamente- Segurança como respostas às ameaçasSegurança como respostas às ameaças- MelhorMelhor meio político de imposição de restrições aos direitos humanos meio político de imposição de restrições aos direitos humanos

“ “Lo que la erección del espacio político, a través de la libre creación del Lo que la erección del espacio político, a través de la libre creación del Leviatán, proporciona es, en el discurso de Hobbes, un valor muy Leviatán, proporciona es, en el discurso de Hobbes, un valor muy peculiar: la seguridad. Un valor deseable que, sin embargo, cuando se peculiar: la seguridad. Un valor deseable que, sin embargo, cuando se erige en Máximo Valor, en sentido nietzscheano, tiende a engullir, de erige en Máximo Valor, en sentido nietzscheano, tiende a engullir, de forma voraz y caníbal, los demás valores (libertad, justicia, buena vida, forma voraz y caníbal, los demás valores (libertad, justicia, buena vida, igualdad, fraternidad)” (igualdad, fraternidad)” (E. Frías, E. Frías, La Política y sus sombrasLa Política y sus sombras”, artículo ”, artículo publicado en publicado en El MundoEl Mundo, 13.05.2003. P.04), 13.05.2003. P.04)

Segurança e Direitos Humanos

Segurança Nacional ou Segurança do EstadoSegurança Nacional ou Segurança do Estado

- Garantir e Proteger a Soberania do EstadoGarantir e Proteger a Soberania do Estado- Se volta em face de ameaças externas (internacionais)Se volta em face de ameaças externas (internacionais)- Se volta contra os inimigos do Estado como um todo (O.J.)Se volta contra os inimigos do Estado como um todo (O.J.)- Forças ArmadasForças Armadas

Segurança e Direitos Humanos

Segurança PúblicaSegurança Pública

- Segurança InternaSegurança Interna- Função de Garantir a aplicação da OJ interna (direitos humanos)Função de Garantir a aplicação da OJ interna (direitos humanos)- Garantir o exercício dos direitos individuais do individuoGarantir o exercício dos direitos individuais do individuo- As polícias como o principal órgão do Estado para esta funçãoAs polícias como o principal órgão do Estado para esta função- Ato de polícia é ato de proteger direitos, mediante comportamento Ato de polícia é ato de proteger direitos, mediante comportamento

vinculado à Leivinculado à Lei

Quanto mais separada a SN da SP mais acorde com os DD HH seráQuanto mais separada a SN da SP mais acorde com os DD HH será

Segurança e Direitos Humanos

PolíciaPolícia

- caráter sistêmico da função policialcaráter sistêmico da função policial- Integração horizontal: outros órgãos (PJ, MP, SP, etc)Integração horizontal: outros órgãos (PJ, MP, SP, etc)- Integração vertical: polícia – cidadão (aproximação e democratização)Integração vertical: polícia – cidadão (aproximação e democratização)- Estrito cumprimento da Lei (legalidade Estrita-Discricionária)Estrito cumprimento da Lei (legalidade Estrita-Discricionária)- Problemática: o ato de polícia – ato de proteção à direitos individuais - Problemática: o ato de polícia – ato de proteção à direitos individuais -

é muitas vezes ato restritivo de direitos individuais (contradição)é muitas vezes ato restritivo de direitos individuais (contradição)

FIM FIM