direitos autorais - cartilha

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1 1. O que é Direito Autoral? É o direito do autor, do criador, do tradutor, do pesquisador, do artista, de controlar o uso que se faz de sua obra. Consolidado na Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, garante ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. A lei de direitos autorais regulamenta no país aquilo que é disposto nos tratados internacionais relacionados ao tema, dos quais o Brasil é signatário. 2. Quais as novidades trazidas pela Lei 9.610/98? A Lei de Direitos Autorais representa um avanço importante na regulamentação dos direitos do autor, em sua definição do que é permitido e proibido a título de reprodução e quais as sanções civis a serem aplicadas aos infratores. 3. O que é reprodução e o que constitui contrafação? Reprodução é a cópia em um ou mais exemplares de uma obra literária, artística ou científica. Contrafação é a cópia não autorizada de uma obra. Desta forma, toda reprodução é uma cópia, e cópia sem autorização do titular dos direitos autorais e/ou detentor dos direitos de reprodução ou fora das estipulações legais constitui contrafação, ato ilícito civil e penal. 4. O que é permitido? De acordo com o disposto no artigo 28 da Lei do Direito Autoral, cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. O artigo 29 dispõe que depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, dentre elas a reprodução parcial ou integral. Contudo, essa exclusividade é limitada pelas hipóteses expressamente indicadas no artigo 46 da mesma Lei. Fora dessas exceções legais, e da permissão da cópia para uso privado do copista, a reprodução, sem autorização do titular de direitos autorais ou de seu representante, constitui contrafação passível de punição nas esferas cível e criminal. 5. O que é “pequeno trecho”? A Lei não define o que é “pequeno trecho” de uma obra, tampouco versa sobre porcentagem quando trata de pequeno trecho. É importante frisar que pequeno trecho é um fragmento da obra que não contempla sua substância. “Pequeno trecho” não se refere à extensão da reprodução, mas sim ao conteúdo reproduzido. Assim, qualquer intenção de se associar o “pequeno trecho” a 10% ou 15% da totalidade de uma obra integral é descabida. Isto porque é possível que em 10 ou 15% de reprodução esteja contemplada parte substancial da obra protegida.

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Direitos Autorais - Cartilha.

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    1. O que Direito Autoral?

    o direito do autor, do criador, do tradutor, do pesquisador, do artista, de controlar o uso que se faz de sua obra. Consolidado na Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, garante ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.

    A lei de direitos autorais regulamenta no pas aquilo que disposto nos tratados internacionais relacionados ao tema, dos quais o Brasil signatrio. 2. Quais as novidades trazidas pela Lei 9.610/98?

    A Lei de Direitos Autorais representa um avano importante na regulamentao dos direitos do autor, em sua definio do que permitido e proibido a ttulo de reproduo e quais as sanes civis a serem aplicadas aos infratores.

    3. O que reproduo e o que constitui contrafao?

    Reproduo a cpia em um ou mais exemplares de uma obra literria, artstica ou cientfica. Contrafao a cpia no autorizada de uma obra. Desta forma, toda reproduo uma cpia, e cpia sem autorizao do titular dos direitos autorais e/ou detentor dos direitos de reproduo ou fora das estipulaes legais constitui contrafao, ato ilcito civil e penal.

    4. O que permitido?

    De acordo com o disposto no artigo 28 da Lei do Direito Autoral, cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literria, artstica ou cientfica. O artigo 29 dispe que depende de autorizao prvia e expressa do autor a utilizao da obra, por quaisquer modalidades, dentre elas a reproduo parcial ou integral. Contudo, essa exclusividade limitada pelas hipteses expressamente indicadas no artigo 46 da mesma Lei. Fora dessas excees legais, e da permisso da cpia para uso privado do copista, a reproduo, sem autorizao do titular de direitos autorais ou de seu representante, constitui contrafao passvel de punio nas esferas cvel e criminal.

    5. O que pequeno trecho?

    A Lei no define o que pequeno trecho de uma obra, tampouco versa sobre porcentagem quando trata de pequeno trecho. importante frisar que pequeno trecho um fragmento da obra que no contempla sua substncia. Pequeno trecho no se refere extenso da reproduo, mas sim ao contedo reproduzido. Assim, qualquer inteno de se associar o pequeno trecho a 10% ou 15% da totalidade de uma obra integral descabida. Isto porque possvel que em 10 ou 15% de reproduo esteja contemplada parte substancial da obra protegida.

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    Em todo caso, ainda que o trecho que se pretenda reproduzir possa ser objeto de consenso como sendo pequeno trecho, esta apenas uma das hipteses especificadas na lei, mas que precisaria estar atendida simultaneamente s demais. Se qualquer uma das hipteses no for atendida, a reproduo simplesmente ilegal.

    6. A prpria ABDR no havia permitido a reproduo autorizada de percentuais de obras?

    De fato, houve a tentativa de trazer ao Brasil as prticas que existem em outros mercados, em especial nos pases desenvolvidos. Estas autorizaes referem-se a percentuais da obra, mas as quantidades so pr-definidas pelos autores e editoras e contemplam sempre a mesma parte da obra. Porm, no Brasil, houve uma total desvirtuao desse processo. Uma soluo encontrada pela ABDR para este problema se concretizou na criao da Pasta do Professor. O projeto, iniciativa indita das editoras brasileiras, tem como objetivo disponibilizar contedos editoriais em formato diferente e fragmentado, como apoio da internet. Com ele os professores podero formar suas pastas com as bibliografias bsicas e os alunos tero acesso de forma fcil por meio dos pontos de vendas j existentes. O material ser personalizado, impresso com o nome da editora e do aluno, em locais previamente homologados. Dessa forma, todos os envolvidos neste processo saem ganhando. Autores e editoras sero remunerados pela utilizao do material copiado e copiadoras, alunos e professores tero acesso legal a parte do contedo dos livros.

    7. Como o funcionamento do projeto Pasta do Professor?

    Simples. Mas antes de falar sobre seu funcionamento importante destacar que este um projeto que conta com cinco alicerces importantes: editoras, professores, instituies de ensino, empresas de fotocpias (pontos de vendas) e alunos. Somente a atuao em conjunto de todos que vai garantir o sucesso do projeto. Tendo como interface o portal www.pastadoprofessor.com.br, o usurio cadastrado professores e alunos - poder ter acesso ao contedo dos livros disponibilizado pelas editoras. Um professor, por exemplo, consegue selecionar o material desejado que ser utilizado em sala de aula. Essa seleo ser salva em uma pasta especfica. Tendo em mos essa informao, o aluno pode, em um ponto de venda homologado, ter acesso a esse material, tirando a cpia do trecho do captulo pedido pelo professor. Essa cpia ser personalizada, impressa

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    com o nome da editora e do aluno. Uma outra vantagem que o estudante agora no ficar restrito a universidade ou escola, podendo tirar a cpia do material de qualquer ponto de venda. Diferentemente do mtodo de reproduo atual, o valor pago ir contemplar os direitos autorais e os custos de impresso deste contedo. O que no significa que o valor final da cpia ter seu preo sensivelmente modificado, visto que a margem cobrada pelos direitos autorais ser reduzida e a concorrncia tambm vai auxiliar neste sentido.

    8. O que pirataria editorial?

    A pirataria intelectual, ou seja, a utilizao e reproduo no autorizadas de obras intelectuais (marcas, patentes e obras literrias, artsticas e cientficas) com finalidade de lucro geram bilhes de prejuzos aos titulares dos direitos e aos mercados estabelecidos. No caso especfico da pirataria editorial, os prejuzos atingem a todos, principalmente aos autores e editores. Aos autores, porque tm seus direitos intelectuais impunemente violados e seu trabalho usurpado. Aos editores por encontrarem no mercado obras, pelas quais pagaram os direitos autorais e de edio, completamente sem qualidade, reprografadas ilegalmente, o que lhes acarreta srios e graves prejuzos morais e materiais. Como bem assegura Plnio Cabral (in Revoluo Tecnolgica e Direito Autoral, Ed. Sagra Luzzatto, 1998, p. 100-101), o ciclo criar, produzir, distribuir se rompe pela ao pirata que atinge o movimento editorial, uma vez que: A edio de um livro exige muito trabalho e a interveno de vrios setores em sua cadeia produtiva. Ela vai do plantio da rvore at a industrializao da celulose para transform-la em papel. Elaborao do texto, editorao, composio, reviso, impresso, armazenagem dos estoques, distribuio, transporte, exposio e venda nas livrarias tudo isto requer um trabalho fantstico que exige grandes investimentos, cujo retorno possibilita a manuteno ativa e ininterrupta do ciclo produtivo. E continua: O pirata, entretanto, valendo-se (...) de modernos instrumentos tecnolgicos, simplesmente adquire um exemplar do livro para depois reproduzi-lo aos milhares e vender, naturalmente a preo muito baixo, para obter um ganho extraordinrio, j que nessa operao s teve uma despesa editorial: a compra de um exemplar do livro a ser pirateado.

    9. Alm do desrespeito ao Direito Autoral, quais os prejuzos causados pela pirataria?

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    Em termos concretos, estima-se que o mercado editorial brasileiro perde mais de R$ 1 bilho/ano por causa da pirataria do livro. Este nmero foi estimado por meio do consumo mdio de cpias no autorizadas, realizado anualmente pelos alunos dos cursos superiores. um prejuzo expressivo e que tem resultado no fechamento de inmeras editoras que se especializavam em livros tcnicos e didticos, notadamente da rea das cincias humanas, o que acarreta desemprego de centenas de profissionais, tais como autores, ilustradores, designers, tradutores, revisores, agentes literrios, empregados das reas administrativas e de apoio, livreiros e todos aqueles que operam a extensa cadeia da produo, distribuio e comercializao de livros. A pirataria editorial responsvel, tambm, por um outro quadro problemtico: as pequenas tiragens dos livros no Brasil. Este fato indica a estagnao do mercado leitor no pas, fato que contribui para o aumento do custo do livro. Enquanto as tiragens e o nmero de vendas de livros praticamente estacionaram, as cpias desses mesmos livros se multiplicaram. Tudo isto se traduz em pouca atratividade para gerar e publicar contedos, o que acabar resultando numa possvel interrupo do processo de disseminao do conhecimento acadmico em lngua portuguesa.

    10. Quais as punies para quem reproduz ilegalmente obra protegida?

    Em 1 de julho de 2003 entrou em vigor a Lei 10.693, que alterou os artigos 184 e 186 do Cdigo Penal e acrescentou pargrafos ao artigo 525 do Cdigo de Processo Penal. Considerada uma nova arma para o combate pirataria, essa lei representa um grande avano, j que eleva a pena mnima para os crimes de violao de direito de autor com intuito de lucro ainda que indireto para 2 (dois) anos de recluso. Com isso, o crime de violao de direito de autor, com finalidade de comrcio, deixa de ser considerado crime de menor potencial ofensivo, o que demonstra a seriedade com que passa a ser tratado pela legislao penal. Alm da pena de recluso, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa e da apreenso da totalidade dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, existe tambm a possibilidade de apreenso dos equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existncia, desde que se destinem prtica do delito. Na esfera cvel, o infrator estar sujeito ao pagamento de indenizao que ser calculada a partir do prejuzo causado aos ofendidos. Quando esta mensurao no for possvel por causa do desconhecimento do nmero de exemplares contrafeitos, a Lei prev que o ofensor indenize os ofendidos pagando-lhes o valor de 3.000 (trs mil) exemplares por ttulo

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    reproduzido ilegalmente, alm dos apreendidos. Apenas para ilustrar, se um livro de R$ 30,00 (trinta reais) foi reproduzido ilegalmente, alm de o copista poder ser penalmente punido com a pena de recluso de 2 a 4 anos de priso, ainda poder ser condenado a pagar indenizao que facilmente poder superar R$ 90.000,00 (noventa mil reais).

    11. Por que esta questo da Propriedade Intelectual tornou-se to premente no Brasil?

    O Brasil avanou muito nos ltimos anos no campo da represso violao da Propriedade Intelectual. No caso especfico da pirataria, est mais que comprovado o volume das perdas, para os mais diversos setores do Pas, com o no pagamento dos direitos devidos, encargos e impostos dessa indstria marginal. Reconhecer o direito de quem cria e de quem produz um avano em cidadania e respeito cultura e economia do nosso Pas e do mundo. Neste sentido, o Relatrio da CPI da Pirataria de 2004, no captulo V, que versa sobre os Direitos Autorais e Editoriais, informa que far uma Indicao ao Poder Executivo, por intermdio do Ministrio da Educao, no sentido de alertar todas as Universidades e Faculdades, por ele credenciadas, que a conduta por elas tolerada criminosa, alm dos malefcios que esse tipo de pirataria traz disseminao da cultura, formao do jovem e ao respeito pelos direitos alheios. Acima de tudo, necessrio lembrar tambm que a produo de contedo intelectual demanda dedicao e sacrifcio de outras atividades pelos autores. Como a pirataria vem diminuindo, cada vez mais, a compensao que estes autores tinham atravs dos seus direitos autorais, diminui tambm o interesse de bons autores em transformar o seu conhecimento em livros, para permitir o compartilhamento com os estudantes. Se continuar assim, as perspectivas de mdio e longo prazo so preocupantes com relao produo e publicao futuras de contedo intelectual genuinamente brasileiro.

    12. Qual o papel do editor e quais os seus direitos e deveres?

    O editor a pessoa que assume a responsabilidade e riscos de produzir, publicar e distribuir a obra. a pessoa fsica ou jurdica a quem se concede o direito exclusivo de reproduo da obra e o dever de divulg-la, nos limites previstos no contrato de edio. Ele est sempre atento para reconhecer e buscar, para sua rea de atuao editorial, o que de melhor se cria e se produz nos principais centros de produo acadmica e profissional, a partir da seleo da obra que vai editar.

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    A ele cabe arcar com os custos de uma boa reviso, traduo, composio, papel, impresso, prefcio, letra, ilustrao, capa, assessoria de imprensa etc., alm da divulgao e distribuio necessrias para pr um livro pronto nas lojas e livrarias do Pas.

    13. Por que fundamental o apoio do professor?

    Primeiramente, porque o professor , antes de tudo, um educador, um formador de carter, de opinio. A ele cabe estimular e desenvolver o prazer da leitura e esclarecer a respeito da proteo aos direitos individuais e propriedade intelectual, que so o cerne da cidadania. Muito freqentemente o professor um autor. Mais freqentemente ainda convive com autores. Ele sabe que escrever um livro demanda pesquisas e esforos de muitos anos e que a cpia para fins de comrcio tira do autor a legtima remunerao por este trabalho. Ao assumir o combate contra a cpia no autorizada, ele defende seu trabalho e a obra de seus colegas. Por isso, esperamos do professor um apoio integral, ao organizar seu programa de estudos, com a incluso eventual de pequenos trechos. Porm, nunca substituir o prprio livro. O docente pode entrar em contato conosco a fim de estabelecermos parcerias para o esclarecimento do tema, bem como eventuais doaes para a biblioteca de sua escola ou faculdade.

    14. Como controlar a pirataria?

    O Brasil est acordando para esta luta. Com a lei 10.695, que entrou em vigor em 1 de julho de 2003, percebe-se que o cenrio est mudando. Ela estabelece penas mais severas para os crimes de violao de direito de autor. No caso de livros, autores e editores esto se reunindo em entidades, como a ABDR, para defender o que sabem ser justo.

    15. Como age a ABDR?

    A principal preocupao da ABDR sempre foi e ser conscientizar a populao sobre a necessidade de se respeitar o direito autoral, esclarecendo, educando, proporcionando encontros e discusses sobre a preservao destes direitos, atuando junto a professores e alunos de instituies de ensino, bibliotecas, empresas copiadoras e todo aquele que se utiliza de obras editoriais protegidas. Pensando nisto, elaborou esta cartilha, que pretende encaminhar a todas as bibliotecas de escolas e universidades do pas e espera esclarecer as dvidas pertinentes ao seu objetivo. Professores, autores, livreiros, bibliotecrios e os prprios alunos so considerados parceiros e a sua

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    colaborao imprescindvel para a Associao. Alm do trabalho educativo, a ABDR no deixar de exercer rigorosamente suas funes de fiscalizar, identificar e punir qualquer atitude lesiva aos direitos de seus associados.

    16. Por que a ABDR reprime a pasta do professor que disponibilizada em centros de cpia, procedimento habitual nas universidades?

    A pasta do professor, tal como vinha sendo praticada, representa o total desrespeito ao direito autoral. As cpias de livros contidas nestas pastas, e que representam as matrizes paras as cpias compradas pelos alunos, foram obtidas contrariando totalmente a lei. Pior: muitas vezes se originam dos livros-amostra enviados como cortesia pelas prprias editoras aos professores. Posteriormente, quando estas cpias so duplicadas a pedido do aluno, continua inexistindo a permisso expressa do autor/editora e o copista ainda aufere lucro, pois estas cpias no so cedidas gratuitamente ao estudante. O projeto Pasta do Professor da ABDR vem sanar esta prtica danosa dos estabelecimentos de cpias. Utilizando-se da mesma idia, o projeto disponibiliza para professores e alunos todo o contedo bibliogrfico, s que de forma justa e legal.

    17. E a problemtica dos chamados Centros Acadmicos?

    De acordo com alegaes de diversas universidades do pas, os chamados Centros Acadmicos (C.A.) ou Diretrios Acadmicos (D.A.) seriam territrios independentes e livres. Na maioria das vezes so espaos cedidos gratuita ou onerosamente pelas universidades, onde os estudantes tm liberdade de ao e autonomia para diversas atividades, entre elas tambm administrar mquinas fotocopiadoras, cujo lucro seria, em tese, revertido para os prprios estudantes. Como salienta Plnio Cabral (in Revoluo Tecnolgica e Direito Autoral, Ed. Sagra Luzzatto, 1998, pg. 73), comumente os centros acadmicos entregam a explorao da cpia reprogrfica a terceiros, criando-se assim um comrcio marginal de fotocpias que movimenta uma fortuna. E ressalta: Trata-se de um negcio milionrio e fcil: esse estranho comerciante no paga aluguel, no paga energia eltrica, no paga gua, no paga limpeza, no paga segurana, no paga qualquer imposto logo pode praticar um preo por cpia realmente imbatvel, num processo de concorrncia desleal, protegido sombra daquilo que deveria ser a mais nobre das instituies: a universidade. Na realidade, o fato de a universidade no executar o servio de reproduo de obras protegidas no a desonera da responsabilidade do concurso para a prtica do ilcito. E isto ainda mais patente quando se encontram nas dependncias dos Centros Acadmicos (C.A.) as conhecidas pastas dos professores. Nesta hiptese, a responsabilidade

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    das universidades por violao ao direito autoral mais evidente, pois so os seus prprios funcionrios (professores) que instigam as reprodues. Isso porque cabe s universidades o dever de fiscalizar as atividades desenvolvidas em seu campus, seja por centros acadmicos, bibliotecas ou por empresas que prestem servios reprogrficos. Com relao a essa questo da responsabilidade da Universidade, convm citar uma deciso lapidar da Justia: ao julgar uma Ao de Busca e Apreenso apresentada contra a Universidade de Fortaleza UNIFOR, a qual permitia a prtica de contrafao de livros em copiadoras administradas pelos chamados Diretrios Acadmicos (D.A.), o juiz da 11 Vara Cvel de Fortaleza, Dr. Mantovani Colares Cavalcanti, assim decidiu (transcrio): Assim, a Universidade deve integrar o plo passivo da demanda, pois, cedendo o espao para os centros acadmicos permanece ainda como responsvel pela prtica de atos ilegais praticados nos espaos fsicos cedidos....

    18. Que soluo a ABDR prope para o estudante carente, que muitas vezes no pode comprar todos os livros necessrios?

    A ABDR vem nesses anos propondo solues que visam, de forma direta ou indireta, favorecer tambm o aluno carente. O projeto Pasta do Professor o mais recente exemplo. (veja mais abaixo) O estudante carente um aliado fundamental nesta luta: ele deve exigir atualizao e qualidade da biblioteca de sua instituio. Alm disso, ter exemplares em nmero suficiente para atender s necessidades dos alunos e que tenha um horrio de funcionamento compatvel com estas necessidades. Consultar e ler livros na biblioteca so o caminho para o estudante que, efetivamente, no pode comprar o exemplar. Ressalte-se que recentemente foi aprovada a Poltica Nacional do Livro (Lei n 10.753, de 30.10.2003) e a partir dela, o livro deixou de ser considerado ativo permanente das bibliotecas, tornando possvel e eficaz seu emprstimo aos alunos. Alm disso, h anos os editores brasileiros fazem doaes para bibliotecas pblicas de escolas e universidades, e a ABDR est disposta a incentivar e facilitar o suprimento e atualizao dos acervos de instituies de ensino pblico. Vale destacar a iniciativa das editoras participantes da ABDR, que entenderam que existia uma demanda no atendida por parte dos alunos, e decidiram investir numa nova plataforma que permita ao estudante adquirir o contedo fracionado, em partes. Esta plataforma baseada na Internet, qual se denominou de Pasta do Professor (www.pastadoprofessor.com.br), visa exatamente permitir a definio da bibliografia a partir de fraes dos contedos existentes, reunindo-os em

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    pastas virtuais e viabilizando o respeito aos direitos autorais quando as mesmas so impressas.

    19. Qual a importncia dos bibliotecrios para evitar a pirataria editorial?

    O(a) bibliotecrio(a) um dos mais importantes aliados neste combate, juntamente com os professores, e a ABDR precisa muito contar com seu apoio. A ABDR procura esclarecer e informar sobre a questo do direito autoral e da importncia do incentivo do hbito da leitura, oferecendo condies para que o aluno estude na biblioteca e no utilize os livros somente para a fotocpia, prtica que destri o original e incentiva esta indstria.

    20. Estarei infringindo a Lei se mandar fazer muitas cpias e distribu-las gratuitamente ou pedir que as devolvam aps o uso?

    Sim, estar. So permitidas apenas cpias, em um s exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto. Copiar para distribuir, ainda que sem ganho material, contra a lei e ofende o quesito uso prprio.

    21. Como fica a questo do direito autoral de um livro que tenha sua edio esgotada?

    O fato de a edio estar esgotada no significa que esta possa ser livremente reproduzida, at porque uma obra pode estar fora de circulao em virtude de problemas de distribuio, em razo de atualizao para nova edio ou at desinteresse do autor em uma outra impresso. Para fazer uma analogia muito simples: se o modelo do televisor que voc deseja adquirir no mais fabricado e/ou encontrado no comrcio, isto no torna lcito roubar o aparelho de algum que j o possua. Conforme disposto no 2, do artigo 63, da Lei de Direitos Autorais, considera-se esgotada a edio quando restarem em estoque, em poder do editor, exemplares em nmero inferior a dez por cento (10%) do total da edio. E o artigo 65 esclarece que esgotada a edio, e o editor, com direito outra, no a publicar, poder o autor notific-lo a que o faa em certo prazo, sob pena de perder aquele direito, alm de responder por danos. J o artigo 67 estipula que se, em virtude de sua natureza, for imprescindvel a atualizao da obra em novas edies, o editor, negando-se o autor a faz-la, dela poder encarregar outrem, mencionando o fato na edio. Assim, o contrato de edio estipula o prazo e as condies pactuadas com o autor da obra com relao a sua explorao e reproduo, e a Lei fornece os subsdios para que tanto o autor quanto o editor tenham seus direitos e interesses garantidos com relao questo das novas edies.

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    Finalmente, de acordo com Jos de Oliveira Ascenso, (In Direito Autoral, Ed. Renovar, 2 ed., pg. 268), em caso de obras j divulgadas, mas que no esto mais no mercado, deveria haver a possibilidade de reproduo para fins justificados que ultrapassem o uso privado. Alm disso, esclarece que os fins no seriam justificados se a ausncia da obra fosse temporria e as necessidades permitissem esperar pela publicao da obra. No entanto, o ilustre autor adverte: em qualquer caso, porm, deveria ser imposta a remunerao adequada.

    22. possvel o professor fotocopiar ilustrao ou pgina de obras para trabalhar com seus alunos em sala de aula, com indicao da fonte?

    Quanto reproduo de pginas de obra para trabalhar com alunos em sala-de-aula, h a necessidade de autorizao do autor, j que tal utilizao no est coberta pelo conceito de cpia nica nem nas limitaes legais.

    23. A ABDR concede licenas para a reproduo de obras de seus associados?

    No. Conforme j exposto, desde dezembro de 2003, os associados da ABDR decidiram no mais fornecer licenas remuneradas para a reproduo de suas obras, devido s enormes dificuldades de controle do cumprimento efetivo dos acordos. Contudo, em situaes especiais, a ABDR sugere que os interessados entrem em contato diretamente com a editora responsvel pela edio da obra para avaliao da possibilidade da concesso de licena, caso a caso.

    24. De que maneira a ABDR atua com aqueles que no cumprem a lei?

    As denncias recebidas so sempre investigadas uma a uma. Dependendo da gravidade do caso a ABDR solicita a Busca e Apreenso, por meio de delegacias especializadas no combate pirataria e, instaurado o inqurito policial, o responsvel indiciado pela prtica do crime de violao de direito autoral. Alm disso, a ABDR toma as devidas providncias para o ajuizamento de aes cveis, a fim de buscar indenizao pelos danos morais e patrimoniais sofridos por seus associados.

    ABDR - Associao Brasileira de Direitos Reprogrficos - [email protected]