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4 a edição Direitos Humanos atos internacionais e normas correlatas

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  • 4a edição

    Além dos dispositivos constitucionais relativos aos Direitos Humanos, este volume oferece ao leitor o texto integral de inúmeros atos internacionais decisivos para a afirmação desses direitos.

    Por terem natureza essencialmente universal, os Direitos Humanos englobam os demais, tais como o direito dos refugiados, o direito ao desenvolvimento, o direito à filiação partidária, entre muitos outros. Por isso, nesta obra figuram tanto os textos dos atos já integrados historicamente à comunidade das nações, ainda que não ratificados formalmente pelo Brasil – caso, por exemplo, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 –, quanto os mais recentes como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. Ao cabo de mais de quatrocentas páginas, reproduzem-se também algumas normas correlatas nacionais, como a Lei no 12.847/2013, que institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

    Firma-se, pois, a relevância desta edição, que não tem a pretensão de abarcar todos os acordos internacionais e normas federais pertinentes, mas ela certamente preenche a lacuna de dispositivos normativos essenciais a fim de auxiliar o leitor no estudo dos Direitos Humanos.

    Direitos Humanos

    Direitos Humanos

    atos internacionais e normas correlatas

  • Direitos HumanosATOS INTERNACIONAIS E

    NORMAS CORRELATAS

  • SENADO FEDERAL Mesa Biênio 2013 – 2014

    Senador Renan CalheirosPRESIDENTE

    Senador Jorge VianaPRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

    Senador Romero JucáSEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

    Senador Flexa RibeiroPRIMEIRO-SECRETÁRIO

    Senadora Ângela PortelaSEGUNDA-SECRETÁRIA

    Senador Ciro NogueiraTERCEIRO-SECRETÁRIO

    Senador João Vicente ClaudinoQUARTO-SECRETÁRIO

    SUPLENTES DE SECRETÁRIOSenador Magno MaltaSenador Jayme CamposSenador João DurvalSenador Casildo Maldaner

  • Brasília – 2013

    Direitos HumanosATOS INTERNACIONAIS E

    NORMAS CORRELATAS4a edição

    Secretaria de Editoração e PublicaçõesCoordenação de Edições Técnicas

  • Direitos Humanos. – 4a ed. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2013.

    441 p.

    ISBN: 978-85-7018-532-7

    Conteúdo: Dispositivos constitucionais pertinentes – Atos internacionais não ratificados pelo Brasil – Atos internacionais ratificados pelo Brasil – Normas correlatas – Decretos e regulamentos.

    1. Direitos humanos, legislação, Brasil. 2. Declaração universal dos direitos dos homens.

    CDD 341.12191

    Coordenação de Edições TécnicasPraça dos Três Poderes, Via N-2, Unidade de Apoio IIICEP: 70165-900 – Brasília, DFTelefones: (61) 3303-3575, 3576 e 4755Fax: (61) 3303-4258E-mail: [email protected]

    Edição do Senado FederalDiretor-Geral: Antônio Helder Medeiros RebouçasSecretária-Geral da Mesa: Claudia Lyra Nascimento

    Impresso na Secretaria de Editoração e PublicaçõesDiretor: Florian Augusto Coutinho Madruga

    Produzido na Coordenação de Edições TécnicasCoordenadora: Anna Maria de Lucena Rodrigues

    Organização: Adriana Lopes da SilvaRevisão: Walfrido ViannaEditoração eletrônica: Angelina Almeida e Rejane CamposFicha catalográfica: Vanessa Cristina PachecoCapa e ilustrações: Lucas Santos de OliveiraProjeto gráfico: Raphael Melleiro e Rejane Campos

    Atualizada até agosto de 2013.

  • Sumário

    9 Apresentação

    Dispositivos constitucionais pertinentes12 Constituição da República Federativa do Brasil

    Atos internacionais não ratificados pelo Brasil20 Declaração Universal dos Direitos Humanos24 Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem29 Protocolo Facultativo Referente ao Pacto Internacional sobre os

    Direitos Civis e Políticos32 Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento36 Declaração e Programa de Ação de Viena60 Declaração de Pequim Adotada pela Quarta Conferência Mundial

    sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento e Paz64 Estatuto da Corte Interamericana de Direitos Humanos71 Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas

    Atos internacionais ratificados pelo Brasil82 Convenção sôbre a Escravatura85 Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio89 Convenção sôbre os Trabalhadores Migrantes: Convenção 97101 Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados112 Convenção sôbre Asilo Territorial115 Convenção Suplementar sôbre a Abolição da Escravatura, do Tráfico de

    Escravos e das Instituições e Práticas Análogas à Escravatura120 Convenção Internacional sôbre a Eliminação de Tôdas as Formas de

    Discriminação Racial

  • 130 Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos144 Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais152 Convenção Americana de Direitos Humanos: Pacto de São José da Costa Rica168 Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados171 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher180 Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou

    Degradantes190 Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura194 Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de

    Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: Protocolo de São Salvador202 Convenção sobre os Direitos da Criança217 Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à

    Abolição da Pena de Morte219 Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção

    Internacional229 Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher:

    Convenção de Belém do Pará235 Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores242 Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional299 Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

    contra as Pessoas Portadoras de Deficiência304 Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de

    Discriminação contra a Mulher309 Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança Referente à Venda de

    Criança, à Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil316 Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança Relativo ao Envolvimento

    de Crianças em Conflitos Armados321 Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas

    Cruéis, Desumanos ou Degradantes330 Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção: Convenção de Mérida366 Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais380 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo

    Normas correlatas406 Lei no 12.847/2013411 Lei no 9.474/1997417 Lei no 9.455/1997418 Lei no 9.140/1995421 Lei no 7.716/1989423 Lei no 7.437/1985425 Lei no 2.889/1956

  • Decretos e regulamentos428 Decreto no 7.037/2009 431 Decreto no 6.872/2009 437 Decreto no 6.044/2007440 Resolução no 1/2012

  • Apresentação

    Os direitos e garantias fundamentais contemplados no art. 5o da Constituição de 1988 foram o marco histórico da transição para a democracia e o início da efetivação dos Direitos Humanos no Brasil. De fato, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ter por preceito a observância des-ses direitos tornou-se condição sine qua non, seja no direito interno, seja no âmbito da política externa do País.

    Por terem natureza essencialmente universal, os Direitos Humanos englobam os demais, tais como o direito dos refugiados, o direito ao desenvolvimento, o direito à filiação partidária, entre outros. São eles merecedores do privilégio de proteção no intuito de acompanhar as transforma-ções socioeconômicas e políticas, que, apesar de lentas e paulatinas, são inerentes ao processo evolutivo dos Estados.

    Evidentemente, a deferência aos Direitos Humanos faz parte da estrutura de um Estado De-mocrático de Direito. Nesse viés, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e outros organismos internacionais, em conjunto com os Estados-membros, têm somado esforços para, no plano universal e regional, fazer valer tanto as leis de cada um de seus Estados-membros, quanto os demais instrumentos de proteção dos direitos fundamentais.

    Nisso se firma a relevância desta obra, que não tem a pretensão de abarcar todos os textos de acordos internacionais e normas federais pertinentes, mas o propósito de preencher a lacuna de dispositivos normativos essenciais a fim de auxiliar o leitor no estudo dos Direitos Humanos.

    Reconhecendo a necessidade de conscientizar a sociedade brasileira em razão do processo contínuo de transformação social, em 2012 o Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação, homologou a Resolução no 1, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos e ressalta os seguintes princípios em seu art. 3o: dignidade humana; igualdade de direitos; reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; laicidade do Estado; democracia na educação; transversalidade, vivência e globalidade; e sustentabilidade socioambiental. Esse regulamento normativo, por ser indispensável, não poderia deixar de compor esta obra.

    Vale destacar que a Livraria do Senado Federal dispõe de outras obras que complementam o tema: Estatuto da Igualdade Racial, Lei Maria da Penha, Estatuto do Idoso, Direito das Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais, Estatuto do Estrangeiro, Estatuto da Juventude e Estatuto da Criança e do Adolescente.

  • Dispositivos constitucionais pertinentes

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    Constituição da República Federativa do Brasil

    ................................................................................

    TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais

    Art. 4o A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:...............................................................................

    II – prevalência dos direitos humanos;...............................................................................

    TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias FundamentaisCAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

    Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem dis-tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

    I – homens e mulheres são iguais em di-reitos e obrigações, nos termos desta Cons-tituição;

    II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

    III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

    IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

    V – é assegurado o direito de resposta, pro-porcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

    VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

    VII – é assegurada, nos termos da lei, a pres-tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

    VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

    IX – é livre a expressão da atividade inte-lectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

    X – são invioláveis a intimidade, a vida priva-da, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

    XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consenti-mento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

    XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investi-gação criminal ou instrução processual penal;1

    XIII – é livre o exercício de qualquer traba-lho, ofício ou profissão, atendidas as qualifica-ções profissionais que a lei estabelecer;

    XIV – é assegurado a todos o acesso à infor-mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

    XV – é livre a locomoção no território nacio-nal em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

    XVI – todos podem reunir-se pacificamen-te, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

    1 Lei no 9.296/96.

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    XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

    XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autori-zação, sendo vedada a interferência estatal em seu funcio namento;

    XIX – as associações só poderão ser compul-soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

    XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

    XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou ex-trajudicialmente;

    XXII – é garantido o direito de propriedade;XXIII – a propriedade atenderá a sua função

    social;XXIV – a lei estabelecerá o procedimento

    para desapropriação por necessidade ou utili-dade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressal-vados os casos previstos nesta Constituição;

    XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de pro-priedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

    XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para paga-mento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

    XXVII – aos autores pertence o direito ex-clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

    XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:a) a proteção às participações individuais em

    obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

    b) o direito de fiscalização do aproveitamen-to econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e as-sociativas;

    XXIX – a lei assegurará aos autores de inven-tos industriais privilégio temporário para sua

    utilização, bem como proteção às criações in-dustriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

    XXX – é garantido o direito de herança;XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros

    situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasilei-ros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;

    XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

    XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so-ciedade e do Estado;

    XXXIV – são a todos assegurados, indepen-dentemente do pagamento de taxas:

    a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

    b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimen-to de situações de interesse pessoal;

    XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

    XXXVI – a lei não prejudicará o direito ad-quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

    XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;

    XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

    a) a plenitude de defesa;b) o sigilo das votações;c) a soberania dos veredictos;d) a competência para o julgamento dos

    crimes dolosos contra a vida;XXXIX – não há crime sem lei anterior que

    o defina, nem pena sem prévia cominação legal;XL – a lei penal não retroagirá, salvo para

    beneficiar o réu;XLI – a lei punirá qualquer discriminação

    atentatória dos direitos e liberdades funda-mentais;

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    XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

    XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

    XLIV – constitui crime inafiançável e im-prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;

    XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

    XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

    a) privação ou restrição da liberdade;b) perda de bens;c) multa;d) prestação social alternativa;e) suspensão ou interdição de direitos;XLVII – não haverá penas:a) de morte, salvo em caso de guerra decla-

    rada, nos termos do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;XLVIII – a pena será cumprida em estabe-

    lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

    XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

    L – às presidiárias serão asseguradas con-dições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;

    LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime co-mum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

    LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

    LIII – ninguém será processado nem sen-tenciado senão pela autoridade competente;

    LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

    LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

    LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

    LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

    LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

    LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

    LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimi-dade ou o interesse social o exigirem;

    LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria-mente militar, definidos em lei;

    LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediata-mente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

    LXIII – o preso será informado de seus di-reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

    LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

    LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

    LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

    LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen-tícia e a do depositário infiel;

    LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sem-pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de

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    sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

    LXIX – conceder-se-á mandado de segu-rança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público;

    LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

    a) partido político com representação no Congresso Nacional;

    b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em fun-cionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

    LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberda-des constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

    LXXII – conceder-se-á habeas data:a) para assegurar o conhecimento de in-

    formações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

    b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

    LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade admi-nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

    LXXIV – o Estado prestará assistência jurí-dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

    LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

    LXXVI – são gratuitos para os reconhecida-mente pobres, na forma da lei:

    a) o registro civil de nascimento;b) a certidão de óbito;

    LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania;

    LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

    § 1o As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

    § 2o Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

    § 3o Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respec-tivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.2

    § 4o O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. ...............................................................................

    TÍTULO III – Da Organização do Estado...............................................................................

    CAPÍTULO II – Da União...............................................................................

    Art. 21. Compete à União:I – manter relações com Estados estrangeiros

    e participar de organizações internacionais;...............................................................................

    TÍTULO IV – Da Organização dos PoderesCAPÍTULO I – Do Poder Legislativo...............................................................................

    SEÇÃO II – Das Atribuições do Congresso Nacional...............................................................................

    Art. 49. É da competência exclusiva do Con-gresso Nacional:

    2 Atos aprovados na forma deste artigo: Decreto Legislativo no 186/2008 e Decreto no 6.949/2009.

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    I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patri-mônio nacional; ...............................................................................

    SEÇÃO VIII – Do Processo LegislativoSUBSEÇÃO I – Disposição Geral

    Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:...............................................................................

    VI – decretos legislativos;3 ...............................................................................

    CAPÍTULO II – Do Poder Executivo...............................................................................

    SEÇÃO II – Das Atribuições do Presidente da República

    Art. 84. Compete privativamente ao Presiden-te da República:...............................................................................

    VII – manter relações com Estados estrangei-ros e acreditar seus representantes diplomáticos;

    VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Con-gresso Nacional;...............................................................................

    CAPÍTULO III – Do Poder Judiciário...............................................................................

    SEÇÃO II – Do Supremo Tribunal Federal...............................................................................

    Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Fede-ral, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:...............................................................................

    III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instân-cia, quando a decisão recorrida:

    3 Este ato normativo tem por objeto matérias de com-petência exclusiva do Congresso Nacional, como a de ratificar atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

    ...............................................................................b) declarar a inconstitucionalidade de trata-

    do ou lei federal;...............................................................................

    SEÇÃO III – Do Superior Tribunal de Justiça...............................................................................

    Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:...............................................................................

    III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

    a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar--lhes vigência;...............................................................................

    SEÇÃO IV – Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais...............................................................................

    Art. 109. Aos juízes federais compete proces-sar e julgar:...............................................................................

    V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

    V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; ...............................................................................

    § 5o Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, inci-dente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. ...............................................................................

    TÍTULO VIII – Da Ordem Social...............................................................................

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    CAPÍTULO III – Da Educação, da Cultura e do Desporto...............................................................................

    SEÇÃO II – Da Cultura

    Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fon-tes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

    § 1o O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasi-leiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional................................................................................

    CAPÍTULO VII – Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso

    Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado................................................................................

    § 7o Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsá-vel, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

    § 8o O Estado assegurará a assistência à fa-mília na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

    Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao la-zer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,

    ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. ...............................................................................

    II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiên-cia, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. ...............................................................................

    § 4o A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.

    § 5o A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá ca-sos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros................................................................................

    Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunida-de, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida................................................................................

    ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS...............................................................................

    Art. 7o O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos................................................................................

  • Atos internacionais não ratificados pelo Brasil

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    Declaração Universal dos Direitos Humanos

    PREÂMBULO

    Considerando que o reconhecimento da digni-dade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

    Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Hu-manidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

    Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,

    Considerando essencial promover o desenvol-vimento de relações amistosas entre as nações,

    Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos hu-manos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores con-dições de vida em uma liberdade mais ampla,

    Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

    Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta

    importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

    A Assembléia Geral proclama

    A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses di-reitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio-nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

    ARTIGO I

    Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

    ARTIGO II

    Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

    ARTIGO III

    Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

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    ARTIGO IV

    Ninguém será mantido em escravidão ou ser-vidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

    ARTIGO V

    Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

    ARTIGO VI

    Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

    ARTIGO VII

    Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

    ARTIGO VIII

    Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

    ARTIGO IX

    Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

    ARTIGO X

    Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

    ARTIGO XI

    1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

    2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não cons-tituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

    ARTIGO XII

    Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

    ARTIGO XIII

    1. Toda pessoa tem direito à liberdade de lo-comoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

    2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

    ARTIGO XIV

    1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

    2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

    ARTIGO XV

    1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

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    2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

    ARTIGO XVI

    1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

    2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

    ARTIGO XVII

    1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

    2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

    ARTIGO XVIII

    Toda pessoa tem direito à liberdade de pensa-mento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela ob-servância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

    ARTIGO XIX

    Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

    ARTIGO XX

    1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reu-nião e associação pacíficas.

    2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

    ARTIGO XXI

    1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por inter-médio de representantes livremente escolhidos.

    2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

    3. A vontade do povo será a base da autorida-de do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equiva-lente que assegure a liberdade de voto.

    ARTIGO XXII

    Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

    ARTIGO XXIII

    1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre es-colha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

    2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

    3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe asse-gure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

    4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

    ARTIGO XXIV

    Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclu-sive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

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    ARTIGO XXV

    1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços so-ciais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

    2. A maternidade e a infância têm direito a cui-dados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, goza-rão da mesma proteção social.

    ARTIGO XXVI

    1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução ele-mentar será obrigatória. A instrução técnico--profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

    2. A instrução será orientada no sentido do ple-no desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerân-cia e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

    3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

    ARTIGO XXVII

    1. Toda pessoa tem o direito de participar livre-mente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

    2. Toda pessoa tem direito à proteção dos inte-resses morais e materiais decorrentes de qual-quer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

    ARTIGO XVIII

    Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

    ARTIGO XXIV

    1. Toda pessoa tem deveres para com a comu-nidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

    2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma socie-dade democrática.

    3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

    ARTIGO XXX

    Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

    Adotada e proclamada pela Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Fonte: Portal do Ministério da Justiça. Disponível em: . Acesso em: 7 out. 2013.

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    Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem

    A IX Conferência Internacional Americana,

    Considerando:

    Que os povos americanos dignificaram a pessoa humana e que suas constituições nacionais reconhecem que as instituições jurídicas e polí-ticas, que regem a vida em sociedade, têm como finalidade principal a proteção dos direitos essenciais do homem e a criação de circuns-tâncias que lhe permitam progredir espiritual e materialmente e alcançar a felicidade;

    Que, em repetidas ocasiões, os Estados america-nos reconheceram que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ele ser cidadão de determinado Estado, mas sim do fato dos direitos terem como base os atributos da pessoa humana;

    Que a proteção internacional dos direitos do homem deve ser a orientação principal do direito americano em evolução;

    Que a consagração americana dos direitos essen-ciais do homem, unida às garantias oferecidas pelo regime interno dos Estados, estabelece o sistema inicial de proteção que os Estados americanos consideram adequado às atuais cir-cunstâncias sociais e jurídicas, não deixando de reconhecer, porém, que deverão fortalecê-lo cada vez mais no terreno internacional, à medida que essas circunstâncias se tornem mais propícias;

    Resolve adotar a seguinte

    DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM

    PREÂMBULO

    Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são dotados pela

    natureza de razão e consciência, devem pro-ceder fraternalmente uns para com os outros.

    O cumprimento do dever de cada um é exi-gência do direito de todos. Direitos e deveres integram-se correlativamente em toda a ativi-dade social e política do homem. Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres exprimem a dignidade dessa liberdade.

    Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de ordem moral, que apóiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam.

    É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os seus recursos, porque o espírito é a finalidade suprema da existência humana e a sua máxima categoria.

    É dever do homem exercer, manter e estimular a cultura por todos os meios ao seu alcance, porque a cultura é a mais elevada expressão social e histórica do espírito.

    E, visto que a moral e as boas maneiras consti-tuem a mais nobre manifestação da cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios.

    CAPÍTULO PRIMEIRO – Direitos

    ARTIGO I

    Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa.

    ARTIGO II

    Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm os direitos e deveres consagrados nesta Decla-ração, sem distinção de raça, língua, crença ou qualquer outra.

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    ARTIGO III

    Toda pessoa tem o direito de professar livre-mente uma crença religiosa e de manifestá-la e praticá-la pública e particularmente.

    ARTIGO IV

    Toda pessoa tem o direito à liberdade de inves-tigação, de opinião e de expressão e difusão do pensamento, por qualquer meio.

    ARTIGO V

    Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra os ataques abusivos a sua honra, a sua reputação e a sua vida particular e familiar.

    ARTIGO VI

    Toda pessoa tem direito de constituir família, elemento fundamental da sociedade, e a receber proteção para ela.

    ARTIGO VII

    Toda mulher em estado de gravidez ou em época de lactação, assim como toda criança, têm direito à proteção, cuidados e auxílios especiais.

    ARTIGO VIII

    Toda pessoa tem direito de fixar sua re-sidência no território do Estado de que é nacional, de transitar por ele livremente e de não abandoná-lo senão por sua própria vontade.

    ARTIGO IX

    Toda pessoa tem direito à inviolabilidade do seu domicílio.

    ARTIGO X

    Toda pessoa tem direito à inviolabilidade e a circulação da sua correspondência.

    ARTIGO XI

    Toda pessoa tem direito a que sua saúde seja resguardada por medidas sanitárias e sociais relativas à alimentação, vestuário, habitação e cuidados médicos correspondentes ao nível permitido pelos recursos públicos e da cole-tividade.

    ARTIGO XII

    Toda pessoa tem direito à educação, que deve inspirar-se nos princípios da liberdade, mora-lidade e solidariedade humana.

    Tem, outrossim, direito a que, por meio dessa educação, lhe seja proporcionado o preparo para subsistir de uma maneira digna, para melhorar o seu nível de vida e para poder ser útil à sociedade.

    O direito à educação compreende o de igual-dade de oportunidade em todos os casos, de acordo com os dons naturais, os méritos e o desejo de aproveitar os recursos que possam proporcionar a coletividade e o Estado.

    Toda pessoa tem o direito de que lhe seja mi-nistrada gratuitamente, pelo menos, a instrução primária.

    ARTIGO XIII

    Toda pessoa tem o direito de tomar parte na vida cultural da coletividade, de gozar das artes e de desfrutar dos benefícios resultantes do progresso intelectual e, especialmente, das descobertas científicas.

    Tem o direito, outrossim, de ser protegida em seus interesses morais e materiais no que se refere às invenções, obras literárias, científicas ou artísticas de sua autoria.

    ARTIGO XIV

    Toda pessoa tem direito ao trabalho em con-dições dignas e o de seguir livremente sua

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    vocação, na medida em que for permitido pelas oportunidades de emprego existentes.

    Toda pessoa que trabalha tem o direito de receber uma remuneração que, em relação à sua capacidade de trabalho e habilidade, garanta-lhe um nível de vida conveniente para si mesma e para sua família.

    ARTIGO XV

    Toda pessoa tem direito ao descanso, ao re-creio honesto e à oportunidade de aproveitar utilmente seu tempo livre em benefício de seu melhoramento espiritual, cultural e físico.

    ARTIGO XVI

    Toda pessoa tem direito à previdência social de modo a ficar protegida contra as con-sequências do desemprego, da velhice e da incapacidade que, provenientes de qualquer causa alheia a sua vontade, a impossibilitem física ou mentalmente de obter meios de subsistência.

    ARTIGO XVII

    Toda pessoa tem o direito de ser reconhecida, seja onde for, como pessoa com direitos e obrigações, e a gozar dos direitos civis funda-mentais.

    ARTIGO XVIII

    Toda pessoa pode recorrer aos tribunais para fazer respeitar os seus direitos. Deve poder con-tar, outrossim, com processo simples e breve, mediante o qual a justiça a proteja contra atos de autoridade que violem, em seu prejuízo, quaisquer dos direitos fundamentais consagra-dos constitucionalmente.

    ARTIGO XIX

    Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente lhe corresponda, podendo mudá-la, se assim o desejar, pela de qualquer outro país que estiver disposto a concedê-la.

    ARTIGO XX

    Toda pessoa, legalmente capacitada, tem o direito de tomar parte no governo do seu país, quer diretamente, quer através de seus repre-sentantes, e de participar de eleições, que se processarão por voto secreto, de uma maneira legítima, periódica e livre.

    ARTIGO XXI

    Toda pessoa tem o direito de se reunir pacifi-camente com outras, em manifestação pública, ou em assembléia transitória, em relação aos seus interesses comuns, de qualquer natureza que sejam.

    ARTIGO XXII

    Toda pessoa tem o direito de se associar com outras a fim de promover, exercer e proteger os seus interesses legítimos, de ordem política, econômica, religiosa, social, cultural, profis-sional, sindical ou de qualquer outra natureza.

    ARTIGO XXIII

    Toda pessoa tem direito à propriedade particu-lar correspondente às necessidades essenciais de uma vida decente, e que contribua para manter a dignidade da pessoa e do lar.

    ARTIGO XXIV

    Toda pessoa tem o direito de apresentar so-licitações respeitosas à qualquer autoridade competente, quer por motivo de interesse geral, quer de interesse particular, assim como o de obter uma solução rápida.

    ARTIGO XXV

    Ninguém pode ser privado da sua liberda-de, a não ser nos casos previstos pelas leis e segundo as praxes estabelecidas pelas leis já existentes.

    Ninguém pode ser preso por deixar de cumprir obrigações de natureza claramente civil.

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    Todo indivíduo que tenha sido privado da sua liberdade tem direito a que o juiz verifique sem demora a legalidade da medida, e a que o julgue sem protelação injustificada, ou, em caso contrário, de ser posto em liberdade. Tem tam-bém direito a um tratamento humano durante o tempo em que o privarem da sua liberdade.

    ARTIGO XXVI

    Parte-se do princípio de que todo acusado é inocente até que sua culpabilidade seja provada.

    Toda pessoa acusada de um delito tem o direito de ser ouvida de uma forma imparcial e pública, de ser julgada por tribunais já estabelecidos de acordo com leis preexistentes, e de que não lhe sejam infligidas penas cruéis, infamantes ou inusitadas.

    ARTIGO XXVII

    Toda pessoa tem o direito de procurar e receber asilo em território estrangeiro, em  caso de per-seguição que não seja motivada por delitos de direito comum, e de acordo com a legislação de cada país e com as convenções internacionais.

    ARTIGO XXVIII

    Os direitos do homem estão limitados pelos direitos do próximo, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem-estar geral e do desenvolvimento democrático.

    CAPÍTULO SEGUNDO – Deveres

    ARTIGO XXIX

    O indivíduo tem o dever de conviver com os demais, de maneira que todos e cada um pos-sam formar e desenvolver integralmente a sua personalidade.

    ARTIGO XXX

    Toda pessoa tem o dever de auxiliar, alimentar, educar e amparar os seus filhos menores de idade, e os filhos têm o dever de honrar sempre

    os seus pais e de os auxiliar, alimentar e amparar sempre que precisarem.

    ARTIGO XXXI

    Toda pessoa tem o dever de adquirir, pelo me-nos, a instrução primária.

    ARTIGO XXXII

    Toda pessoa tem o dever de votar nas eleições populares do país de que for nacional, quando estiver legalmente habilitada para isso.

    ARTIGO XXXIII

    Toda pessoa tem o dever de obedecer à lei e aos demais mandamentos legítimos das autorida-des do país onde se encontrar.

    ARTIGO XXXIV

    Toda pessoa devidamente habilitada tem o de-ver de prestar os serviços civis e militares que a pátria exija para a sua defesa e conservação, e, no caso de calamidade pública, os serviços civis que estiverem dentro das suas possibilidades.

    Da mesma forma, tem o dever de desempenhar os cargos de eleição popular de que for   incum-bida no Estado de que for nacional.

    ARTIGO XXXV

    Toda pessoa está obrigada a cooperar com o Estado e com a coletividade na assistência e previdência sociais, de acordo com as suas possibilidades e com as circunstâncias.

    ARTIGO XXXVI

    Toda pessoa tem o dever de pagar os impostos estabelecidos pela lei para a manutenção dos serviços públicos.

    ARTIGO XXXVII

    Toda pessoa tem o dever de trabalhar, dentro das suas capacidades e possibilidades, a fim

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    de obter recursos para sua subsistência ou em benefício da coletividade.

    ARTIGO XXXVIII

    Todo estrangeiro tem o dever de se abster de tomar parte nas atividades políticas que, de acordo com a lei, sejam privativas dos cidadãos do Estado onde se encontrar.

    Resolução XXX, Ata Final, aprovada na IX Conferência Internacional Americana, em Bogotá, em abril de 1948. Fonte: Organização dos Estados Americanos – OEA. Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. Disponível em: . Acesso em: 9 set. 2013.

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    Protocolo Facultativo Referente ao Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos

    Os Estados Partes no presente Protocolo, conside-rando que, para melhor assegurar o cumprimento dos fins do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (a seguir denominado «o Pac-to») e a aplicação das suas disposições, conviria habilitar o Comité dos Direitos do Homem, constituído nos termos da quarta parte do Pacto (a seguir denominado «o Comité»), a receber e examinar, como se prevê no presente Protocolo, as comunicações provenientes de particulares que se considerem vítimas de uma violação dos direi-tos enunciados no Pacto, acordam no seguinte:

    ARTIGO 1o

    Os Estados Partes no Pacto que se tornem partes no presente Protocolo reconhecem que o Comité tem competência para receber e exami-nar comunicações provenientes de particulares sujeitos à sua jurisdição que aleguem ser vítimas de uma violação, por esses Estados Partes, de qualquer dos direitos enunciados no Pacto. O Comité não recebe nenhuma comunicação respeitante a um Estado Parte no Pacto que não seja parte no presente Protocolo.

    ARTIGO 2o

    Ressalvado o disposto no artigo 1o, os particu-lares que se considerem vítimas da violação de qualquer dos direitos enunciados no Pacto e que tenham esgotado todos os recursos internos disponíveis podem apresentar uma comunica-ção escrita ao Comité para que este a examine.

    ARTIGO 3o

    O Comité declarará irrecebíveis as comuni-cações apresentadas, em virtude do presente

    Protocolo, que sejam anónimas ou cuja apresentação considere constituir um abuso de direito ou considere incompatível com as disposições do Pacto.

    ARTIGO 4o

    Ressalvado o disposto no artigo 3o, o Comité levará as comunicações que lhe sejam apre-sentadas, em virtude do presente Protocolo, à atenção dos Estados Partes no dito Protocolo que tenham alegadamente violado qualquer disposição do Pacto.

    Nos 6 meses imediatos, os ditos Estados sub-meterão por escrito ao Comité as explicações ou declarações que esclareçam a questão e indi-carão, se tal for o caso, as medidas que tenham tomado para remediar a situação.

    ARTIGO 5o

    O Comité examina as comunicações recebidas em virtude do presente Protocolo, tendo em conta todas as informações escritas que lhe são submetidas pelo particular e pelo Estado Parte interessado.

    O Comité não examinará nenhuma comunica-ção de um particular sem se assegurar de que:

    A mesma questão não está a ser examinada por outra instância internacional de inquérito ou de decisão;

    O particular esgotou todos os recursos in-ternos disponíveis. Esta regra não se aplica se os processos de recurso excederem prazos razoáveis.

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    O Comité realiza as suas sessões à porta fechada quando examina as comunicações previstas no presente Protocolo.

    O Comité comunica as suas constatações ao Estado Parte interessado e ao particular.

    ARTIGO 6o

    O Comité insere no relatório anual que elabora de acordo com o artigo 45o do Pacto um resumo das suas actividades previstas no presente Protocolo.

    ARTIGO 7o

    Enquanto se espera a realização dos objecti-vos da Resolução 1514 (XV), adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 14 de Dezembro de 1960, referente à Declaração sobre a Concessão de Independência aos Países e aos Povos Coloniais, o disposto no presente Protocolo em nada restringe o direito de petição concedido a estes povos pela Carta das Nações Unidas e por outras convenções e instrumentos internacionais concluídos sob os auspícios da Organização das Nações Unidas ou das suas instituições especializadas.

    ARTIGO 8o

    O presente Protocolo está aberto à assinatura dos Estados que tenham assinado o Pacto.

    O presente Protocolo está sujeito à ratificação dos Estados que ratificaram o Pacto ou a ele aderiram. Os instrumentos de ratificação se-rão depositados junto do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.

    O presente Protocolo está aberto à adesão dos Estados que tenham ratificado o Pacto ou que a ele tenham aderido.

    A adesão far-se-á através do depósito de um instrumento de adesão junto do Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas.

    O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas informa todos os Estados que assinaram

    o presente Protocolo ou que a ele aderiram do depósito de cada instrumento de adesão ou ratificação.

    ARTIGO 9o

    Sob ressalva da entrada em vigor do Pacto, o presente Protocolo entrará em vigor 3 meses após a data do depósito junto do Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas do 10o instrumento de ratificação ou de adesão.

    Para os Estados que ratifiquem o presente Protocolo ou a ele adiram após o depósito do 10o instrumento de ratificação ou de adesão, o dito Protocolo entrará em vigor 3 meses após a data do depósito por esses Estados do seu instrumento de ratificação ou de adesão.

    ARTIGO 10o

    O disposto no presente Protocolo aplica-se, sem limitação ou excepção, a todas as unidades constitutivas dos Estados Federais.

    ARTIGO 11o

    Os Estados Partes no presente Protocolo po-dem propor alterações e depositar o respectivo texto junto do Secretário-Geral da Organiza-ção das Nações Unidas. O Secretário-Geral transmite todos os projectos de alterações aos Estados Partes no dito Protocolo, pedindo--lhes que indiquem se desejam a convocação de uma conferência de Estados Partes para examinar estes projectos e submetê-los a votação. Se pelo menos um terço dos Esta-dos se declarar a favor desta convocação, o Secretário-Geral convoca a conferência sob os auspícios da Organização das Nações Uni-das. As alterações adoptadas pela maioria dos Estados presentes e votantes na conferência serão submetidas para aprovação à Assembleia Geral das Nações Unidas.

    Estas alterações entram em vigor quando forem aprovadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas e aceites, de acordo com as suas regras constitucionais respectivas, por uma maioria

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    de dois terços dos Estados Partes no presente Protocolo.

    Quando estas alterações entrarem em vigor tornam-se obrigatórias para os Estados Partes que as aceitaram, continuando os outros Esta-dos Partes ligados pelas disposições do presente Protocolo e pelas alterações anteriores que tenham aceitado.

    ARTIGO 12o

    Os Estados Partes podem, em qualquer altura, denunciar o presente Protocolo por notifi-cação escrita dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. A denúncia produzirá efeitos 3 meses após a data em que o Secretário-Geral tenha recebido a notificação.

    A denúncia não impedirá a aplicação das disposições do presente Protocolo às comu-nicações apresentadas em conformidade com o artigo 2o antes da data em que a denúncia produz efeitos.

    ARTIGO 13o

    Independentemente das notificações previstas no parágrafo 5 do artigo 8o do presente Proto-colo, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas informará todos os Estados referidos no parágrafo 1 do artigo 48o do Pacto:

    Das assinaturas do presente Protocolo e dos instrumentos de ratificação e de adesão depo-sitados de acordo com o artigo 8o;

    Da data da entrada em vigor do presente Proto-colo de acordo com o artigo 9o e da data da entra-da em vigor das alterações prevista no artigo 11o;

    Das denúncias feitas nos termos do artigo 12o.

    ARTIGO 14o

    O presente Protocolo, cujos textos inglês, chi-nês, espanhol, francês e russo são igualmante válidos, será depositado nos arquivos da Orga-nização das Nações Unidas.

    O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas transmitirá uma cópia autenticada do presente Protocolo a todos os Estados referidos no artigo 48o do Pacto.

    Adotado e aberto à assinatura, ratificação e adesão pela Resolução 2.200 A (XXI) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 16 de dezembro de 1966. Fonte: Universidade de São Paulo – USP. Biblioteca Digital. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2013.

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    Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento

    A Assembléia Geral,

    Tendo em mente os propósitos e os princípios da Carta das Nações Unidas relativos à realiza-ção da cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econô-mico, social, cultural ou humanitário, e para promover e encorajar o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião;

    Reconhecendo que o desenvolvimento é um processo econômico, social, cultural e político abrangente, que visa o constante incremento do bem-estar de toda a população e de todos os indivíduos com base em sua participação ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na distribuição justa dos benefícios daí resultantes;

    Considerando que sob as disposições da Decla-ração Universal dos Direitos Humanos todos têm direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e as liberdades consagrados nesta Declaração possam ser plenamente re-alizados;

    Recordando os dispositivos do Pacto Inter-nacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos;

    Recordando ainda os importantes acordos, convenções, resoluções, recomendações e ou-tros instrumentos das Nações Unidas e de suas agências especializadas relativos ao desenvol-vimento integral do ser humano, ao progresso econômico e social e desenvolvimento de todos os povos, inclusive os instrumentos relativos à descolonização, à prevenção de discriminação, ao respeito e observância dos direitos humanos

    e das liberdades fundamentais, à manutenção da paz e segurança internacionais e maior promoção das relações amistosas e cooperação entre os Estados de acordo com a Carta;

    Recordando o direito dos povos à autodeter-minação, em virtude do qual eles têm o direito de determinar livremente seu status político e de buscar seu desenvolvimento econômico, social e cultural;

    Recordando também o direito dos povos de exercer, sujeitos aos dispositivos relevantes de ambos os Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos, soberania plena e completa sobre todas as suas riquezas e recursos naturais;

    Atenta à obrigação dos Estados sob a Carta de promover o respeito e a observância universais aos direitos humanos e às liberdades funda-mentais para todos, sem distinção de qualquer natureza, tal como de raça, cor, sexo, língua, religião, política ou outra opinião nacional ou social, propriedade, nascimento ou outro status;

    Considerando que a eliminação das violações maciças e flagrantes dos direitos humanos dos povos e indivíduos afetados por situações tais como as resultantes do colonialismo, neoco-lonialismo, apartheid, de todas as formas de racismo e discriminação racial, dominação estrangeira e ocupação, agressão e ameaças contra a soberania nacional, unidade nacional e integridade territorial e ameaças de guerra contribuiria para o estabelecimento de circuns-tâncias propícias para o desenvolvimento de grande parte da humanidade;

    Preocupada com a existência de sérios obs-táculos ao desenvolvimento, assim como à completa realização dos seres humanos e dos

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    povos, constituídos, inter alia, pela negação dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, e considerando que todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis e interdependentes, e que, para promover o desenvolvimento, devem ser dadas atenção igual e consideração urgente à imple-mentação, promoção e proteção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, e que, por conseguinte, a promoção, o respeito e o gozo de certos direitos humanos e liberdades fundamentais não podem justificar a negação de outros direitos humanos e liberdades fun-damentais;

    Considerando que a paz e a segurança interna-cionais são elementos essenciais à realização do direito ao desenvolvimento;

    Reafirmando que existe uma relação íntima entre desarmamento e desenvolvimento e que o progresso no campo do desarmamento promoveria consideravelmente o progresso no campo do desenvolvimento, e que os recursos liberados pelas medidas de desarmamento deveriam dedicar-se ao desenvolvimento econômico e social a ao bem-estar de todos os povos e, em particular, daqueles dos países em desenvolvimento;

    Reconhecendo que a pessoa humana é o sujeito central do processo de desenvolvimento e que essa política de desenvolvimento deveria assim fazer do ser humano o principal participante e beneficiário do desenvolvimento;

    Reconhecendo que a criação de condições favoráveis ao desenvolvimento dos povos e indivíduos é a responsabilidade primária de seus Estados;

    Cientes de que os esforços a nível internacional para promover e proteger os direitos humanos devem ser acompanhados de esforços para estabelecer uma nova ordem econômica in-ternacional;

    Confirmando que o direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável e que a igual-

    dade de oportunidade para o desenvolvimento é uma prerrogativa tanto das nações quanto dos indivíduos que compõem as nações;

    Proclama a seguinte

    DECLARAÇÃO SOBRE O DIREITO AO DESENVOLVIMENTO

    ARTIGO 1o

    1. O direito ao desenvolvimento é um direi-to humano inalienável em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, a ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados.

    2. O direito humano ao desenvolvimento tam-bém implica a plena realização do direito dos povos de autodeterminação que inclui, sujeito às disposições relevantes de ambos os Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos, o exercício de seu direito inalienável de soberania plena sobre todas as suas riquezas e recursos naturais.

    ARTIGO 2o

    1. A pessoa humana é o sujeito central do de-senvolvimento e deveria ser participante ativo e beneficiário do direito ao desenvolvimento.

    2. Todos os seres humanos têm responsabili-dade pelo desenvolvimento, individual e cole-tivamente, levando-se em conta a necessidade de pleno respeito aos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, bem como seus deveres para com a comunidade, que sozinhos podem assegurar a realização livre e completa do ser humano, e deveriam por isso promover e proteger uma ordem política, social e econô-mica apropriada para o desenvolvimento.

    3. Os Estados têm o direito e o dever de formular políticas nacionais adequadas para o desenvol-vimento, que visem o constante aprimoramento

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    do bem-estar de toda a população e de todos os indivíduos, com base em sua participação ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na dis-tribuição eqüitativa dos benefícios daí resultantes.

    ARTIGO 3o

    1. Os Estados têm a responsabilidade primária pela criação das condições nacionais e inter-nacionais favoráveis à realização do direito ao desenvolvimento.

    2. A realização do direito ao desenvolvimento requer pleno respeito aos princípios do direito internacional relativos às relações amistosas e cooperação entre os Estados em conformidade com a Carta das Nações Unidas.

    3. Os Estados têm o dever de cooperar uns com os outros para assegurar o desenvolvimento e eliminar os obstáculos ao desenvolvimento. Os Estados deveriam realizar seus direitos e cum-prir suas obrigações de modo tal a promover uma nova ordem econômica internacional ba-seada na igualdade soberana, interdependência, interesse mútuo e cooperação entre todos os Estados, assim como a encorajar a observância e a realização dos direitos humanos.

    ARTIGO 4o

    1. Os Estados têm o dever de, individual e coletivamente, tomar medidas para formular as políticas internacionais de desenvolvimen-to, com vistas a facilitar a plena realização do direito ao desenvolvimento.

    2. É necessária a ação permanente para promover um desenvolvimento mais rápido dos países em desenvolvimento. Como complemento dos esfor-ços dos países em desenvolvimento, uma coope-ração internacional efetiva é essencial para prover esses países de meios e facilidades apropriados para incrementar seu amplo desenvolvimento.

    ARTIGO 5o

    Os Estados tomarão medidas resolutas para eliminar as violações maciças e flagrantes

    dos direitos humanos dos povos e dos seres humanos afetados por situações tais como as resultantes do apartheid, de todas as formas de racismo e discriminação racial, colonialismo, dominação estrangeira e ocupação, agressão, interferência estrangeira e ameaças contra a soberania nacional, unidade nacional e inte-gridade territorial, ameaças de guerra e recusas de reconhecimento do direito fundamental dos povos à autodeterminação.

    ARTIGO 6o

    1. Todos os Estados devem cooperar com vistas a promover, encorajar e fortalecer o respeito universal pela observância de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

    2. Todos os direitos humanos e liberdades fun-damentais são indivisíveis e interdependentes; atenção igual e consideração urgente devem ser dadas à implementação, promoção e proteção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.

    3. Os Estados devem tomar providências para eliminar os obstáculos ao desenvolvimento resultantes da falha na observância dos direitos civis e políticos, assim como dos direitos eco-nômicos, sociais e culturais.

    ARTIGO 7o

    Todos os Estados devem promover o estabe-lecimento, a manutenção e o fortalecimento da paz e segurança internacionais, e, para este fim, deveriam fazer o máximo para alcançar o desarmamento geral e completo do efetivo controle internacional, assim como assegurar que os recursos liberados por medidas efetivas de desarmamento sejam usados para o desen-volvimento amplo, em particular o dos países em via de desenvolvimento.

    ARTIGO 8o

    1. Os Estados devem tomar, a nível nacional, todas as medidas necessárias para a realização do

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    direito ao desenvolvimento e devem assegurar, inter alia, igualdade de oportunidade para todos em seu acesso aos recursos básicos, educação, serviços de saúde, alimentação, habitação, em-prego e distribuição eqüitativa da renda. Medi-das efetivas devem ser tomadas para assegurar que as mulheres tenham um papel ativo no pro-cesso de desenvolvimento. Reformas econômicas e sociais apropriadas devem ser efetuadas com vistas à erradicação de todas as injustiças sociais.

    2. Os Estados devem encorajar a participação popular em todas as esferas, como um fator importante no desenvolvimento e na plena realização de todos os direitos humanos.

    ARTIGO 9o

    1. Todos os aspectos do direito ao desenvolvi-mento estabelecidos na presente Declaração são indivisíveis e interdependentes, e cada um deles deve ser considerado no contexto do todo.

    2. Nada na presente Declaração deverá ser tido como sendo contrário aos propósitos e princí-

    pios das Nações Unidas, ou como implicando que qualquer Estado, grupo ou pessoa tenha o direito de se engajar em qualquer atividade ou de desempenhar qualquer ato voltado à vio-lação dos direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos.

    ARTIGO 10

    Os Estados deverão tomar medidas para assegurar o pleno exercício e fortalecimento progressivo do direito ao desenvolvimento, incluindo a formulação, adoção e implementa-ção de políticas, medidas legislativas e outras, a níveis nacional e internacional.

    Adotada pela Resolução no 41/128 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 4 de dezembro de 1986. Fonte: Universidade de São Paulo – USP. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos. Disponível em: . Acesso em: 9 set. 2013.

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    Declaração e Programa de Ação de Viena

    A Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos,

    Considerando que a promoção e proteção dos direitos humanos são questões prioritárias para a comunidade internacional e que a Conferên-cia oferece uma oportunidade singular para uma análise abrangente do sistema internacio-nal dos direitos humanos e dos mecanismos de proteção dos direitos humanos, para fortalecer e promover uma maior observância desses direitos de forma justa e equilibrada,

    Reconhecendo e afirmando que todos os direi-tos humanos têm origem na dignidade e valor inerente à pessoa humana, e que esta é o sujeito central dos direitos humanos e liberdades fun-damentais, razão pela qual deve ser a principal beneficiária desses direitos e liberdades e parti-cipar ativamente de sua realização,

    Reafirmando sua adesão aos propósitos e princí-pios enunciados na Carta das Nações Unidas, e na Declaração Universal dos Direitos Humanos,

    Reafirmando o compromisso assumido no âmbito do artigo 56 da Carta das Nações Uni-das, de tomar medidas conjuntas e separadas, enfatizando adequadamente o desenvolvimento de uma cooperação internacional eficaz, visan-do à realização dos propósitos estabelecidos no artigo 55, incluindo o respeito universal e observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas,

    Enfatizando as responsabilidades de todos os Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, de desenvolver e estimular o respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião,

    Lembrando o Preâmbulo da Carta das Nações Unidas, particularmente a determinação de

    reafirmar a fé nos direitos humanos fundamen-tais, na dignidade e valor da pessoa humana e nos direitos iguais de homens e mulheres das nações grandes e pequenas,

    Lembrando também a determinação contida no Preâmbulo da Carta das Nações Unidas, de pre-servar as gerações futuras do flagelo da guerra, de estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações emanadas de tratados e outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, de promover o progresso social e o melhor padrão de vida dentro de um conceito mais amplo de liberdade, de praticar a tolerância e a boa vizinhança e de empregar mecanismos internacionais para promover avanços econô-micos e sociais em beneficio de todos os povos,

    Ressaltando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que constitui uma meta comum para todos os povos e todas as nações, é fonte de inspiração e tem sido a base utilizada pelas Nações Unidas na definição das normas previstas nos instrumentos internacionais de direitos humanos existentes, particularmente no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,

    Considerando as importantes mudanças em curso no cenário internacional e as aspirações de todos os povos por uma ordem internacional baseada nos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, incluindo a promoção dos direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas e o respeito pelo princípio dos direitos iguais e autodeterminação dos povos em condições de paz, democracia, justi-ça, igualdade, Estados de Direito, pluralismo, desenvolvimento, melhores padrões de vida e solidariedade,

    Profundamente preocupada com as diversas formas de discriminação e violência às quais

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    as mulheres continuam expostas em todo o mundo,

    Reconhecendo que as atividades das Nações Unidas na esfera dos direitos humanos devem ser racionalizadas e melhoradas, visando a for-talecer o mecanismo das Nações Unidas nessa esfera e promover os objetivos de respeito uni-versal e observância das normas internacionais dos direitos humanos,

    Tendo levado em consideração as Declara-ções aprovadas nas três Reuniões Regionais, realizadas em Túnis, San José e Bangkok e as contribuições dos Governos, bem como as sugestões apresentadas por organizações intergovernamentais e não-governamentais e os estudos desenvolvidos por peritos inde-pendentes durante o processo preparatório da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos,

    Acolhendo o ano Internacional dos Povos Indí-genas de 1993 como a afirmação do compromis-so da comunidade internacional de garantir-lhes os direitos humanos e liberdades fundamentais e respeitar suas culturas e identidades,

    Reconhecendo também que a comunidade in-ternacional deve conceber os meios para elimi-nar os obstáculos existentes e superar desafios à realização de todos os direitos humanos e para evitar que continuem ocorrendo casos de vio-lações de direitos humanos em todo o mundo,

    Imbuída do espírito de nossa era e da realidade de nosso tempo, que exigem que todos os povos do mundo e todos os Estados-membros das Nações Unidas empreendam com redobrado esforço a tarefa de promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, de modo a garantir a realização plena e universal desses direitos,

    Determinada a tomar novas medidas em re-lação ao compromisso da comunidade inter-nacional de promover avanços substanciais na área dos direitos humanos, mediante esforços renovados e continuados de cooperação e so-lidariedade internacionais,

    Adota solenemente a

    DECLARAÇÃO E O PROGRAMA DE AÇÃO DE VIENA

    I

    A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-nos reafirma o compromisso solene de todos os Estados de promover o respeito universal e a observância e proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais a todas as pessoas, em conformidade com a Carta das Na-ções Unidas, outros instrumentos relacionados aos direitos humanos e o direito internacional. A natureza universal desses direitos e liberdades está fora de questão.

    Nesse contexto, o fortalecimento da cooperação internacional na área dos direitos humanos é essencial à plena realização dos propósitos das Nações Unidas.

    Os direitos humanos e as liberdades fundamen-tais são direitos naturais aos seres humanos; sua proteção e promoção são responsabilidades primordiais dos Governos.

    Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito, determinam livremen-te sua condição política e promovem livremente o desenvolvimento econômico, social e cultural.

    Levando em consideração a situação particular dos povos submetidos à dominação colonial ou outras formas de dominação estrangeira, a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos reconhece o direito dos povos de tomar medi-das legítimas, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, para garantir seu direito inalienável à autodeterminação. A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos considera que a negação do direito à autodeterminação consti-tui uma violação dos direitos humanos e enfatiza a importância da efetiva realização desse direito.

    De acordo com a Declaração sobre os Princí-pios do Direito Internacional Relativos à Rela-

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    ções Amistosas e à Cooperação entre Estados em conformidade com a Carta das Nações Unidas, nada do que foi exposto acima será entendido como uma autorização ou estímulo a qualquer ação que possa desmembrar ou prejudicar, total ou parcialmente, a integrida-de territorial ou unidade política de Estados soberanos e independentes que se conduzam de acordo com o princípio de igualdade de direitos e autodeterminação dos povos e que possuam assim Governo representativo do povo como um todo, pertencente ao território, sem qualquer tipo de distinção.

    3. Devem ser adotadas medidas internacionais eficazes para garantir e monitorar a aplicação de normas de direitos humanos a povos submeti-dos a ocupação estrangeira, bem como medidas jurídicas eficazes contra a violação de seus direitos humanos, de acordo com as normas dos direitos humanos e o direito internacional, particularmente a Convenção de Genebra sobre Proteção de Civis em Tempo de Guerra, de 14 de agosto de 1949, e outras normas aplicáveis do direito humanitário.

    4. A promoção e proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais devem ser consideradas como um objetivo prioritário das Nações Unidas, em conformidade com seus propósitos e princípios, particularmente o propósito da cooperação internacional. No contexto desses propósitos e princípios, a promoção e pr