direito_agrario_resumo_da_aula_1.pdf

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  • Direito Agrrio Aula 1

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

    Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2, 3 e 5 andares Tel.: (21) 2223-1327 1 Conhea nossa loja online: www.enfaseonline.com.br

    Assuntos tratados:

    1 Horrio.

    Direito Agrrio / Desapropriao para Fins de Reforma Agrria / Diferenas em

    Relao s Demais Espcies de Desapropriao / Proteo Ambiental / Conflito

    Fundirio / Competncia / Conceito de Imvel Rural / Conceito de Funo

    Social / Momento da Transferncia do Domnio / Justa Indenizao / Parcelas

    Integrantes da Justa Indenizao / Ttulos da Dvida Agrria / Bens Protegidos

    2 Horrio.

    Beneficirios / Interveno Obrigatria do MP / Fase Judicial da Desapropriao

    / Caducidade / Direito de Extenso / Requisitos da Petio Inicial /

    Levantamento do Valor Depositado /Adiantamento de valores da prova pericial

    / Efeitos da Apelao / Pagamento de Despesas com Desmonte e Transporte /

    Vedao de Ao Reivindicatria / Notificao Prvia / Modificao aps a

    Notificao / Paralisao da Desapropriao em Caso de Invaso / Condies de

    Uso /

    email do professor: [email protected] ou [email protected]

    1 Horrio

    1. Direito Agrrio

    Direito agrrio um ramo do direito pblico que estuda o conjunto de

    diplomas que tenham repercusso em imveis rurais, envolvendo problemas agrrios,

    isto , engloba o conjunto de normas, leis e princpios que interferem na vida no

    campo.

    Previso normativa:

    - CRFB, arts. 184 a 191;

    - Lei 8.629/93: direito material (trata de conceitos em matria de direito

    agrrio);

    - Lei complementar 76/93: matria processual via judicial;

    - Lei 9784/99 : deve ser usada de forma subsidiria, pois trata do processo

    administrativo;

    - Jurisprudncia e informativos;

  • Direito Agrrio Aula 1

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    - Smulas referentes ao direito agrrio, especialmente sobre o tema da justa

    indenizao.

    Observao: h outras normas de Direito Agrrio, mas as supramencionadas

    so as mais cobradas em prova. A lei 4.504/64 (Estatuto da Terra), por exemplo, no

    cobrada em prova, mas tambm integra esse ramo do Direito. Importante saber,

    portanto, que o Direito Agrrio no se resume somente a essas leis.

    2. Desapropriao para Fins de Reforma Agrria

    2.1. Diferenas em Relao s Demais Espcies de Desapropriao

    Desapropriao para fins de reforma agrria espcie de desapropriao por

    interesse social (desapropriao-sano), com a retirada do bem do seu proprietrio,

    pelo Estado, com o objetivo de repass-lo para terceiros.

    CRFB, Art. 5, XXIV - a lei estabelecer o procedimento para desapropriao por

    necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia

    indenizao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituio;

    Difere-se da desapropriao por interesse social em geral (lei 4.132/62),

    incidente sobre bens que cumprem sua funo social, e que pode ser realizada por

    qualquer ente federativo, desde que haja o pagamento de prvia indenizao em

    dinheiro. Nessa modalidade de desapropriao, o bem ser repassado para terceiro e,

    em alguns casos, o bem nem mesmo ingressa no patrimnio pblico.

    Por outro lado, a desapropriao para fins de reforma agrria, recai sobre bem

    que no cumpre sua funo social e, alm disso, a indenizao paga atravs de

    ttulos da dvida agrria e, das benfeitorias, em dinheiro.1 Esta espcie de

    competncia exclusiva da Unio. Essa uma desapropriao-sano, isto , visa

    sancionar o proprietrio quando o bem no est cumprindo sua funo social.

    H duas maneiras de desapropriao-sano: em caso de imvel rural, a

    desapropriao por interesse social para fins de reforma agrria (indenizao para em

    ttulo da dvida agrria); em caso de imvel urbano, a desapropriao urbanstica

    muito cobrada em provas da magistratura do Estado e MPE (indenizao paga em

    ttulo da dvida pblica).

    1 O laudo de produtividade visa a constatar se a propriedade cumpre a sua funo social. Por sua vez,

    por meio do laudo de avaliao, ser analisada a existncia de benfeitorias, que sero indenizadas em dinheiro, e a terra nua, que ser indenizada em ttulos da dvida pblica - TDA.

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    A desapropriao urbanstica, portanto, tambm recai sobre bem que no

    cumpre sua funo social, de competncia exclusiva do Municpio e ser indenizada

    integralmente mediante ttulos da dvida pblica.

    Art. 182. A poltica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico

    municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

    pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e garantir o bem- estar de

    seus habitantes.

    3 - As desapropriaes de imveis urbanos sero feitas com prvia e justa

    indenizao em dinheiro.

    Ateno: a Unio tem competncia exclusiva para realizar desapropriao para

    fins de reforma agrria. A competncia para legislar sobre o tema, por sua vez,

    privativa deste ente. Vale destacar que outros entes polticos podem desapropriar por

    interesse social, com fundamento na Lei 4.132, pagando a indenizao em dinheiro,

    mas no podero desapropriar para fins de reforma agrria.

    CRFB, Art. 22 - Compete privativamente Unio legislar sobre:

    II - desapropriao;

    2.2. Proteo Ambiental

    O fato de um imvel rural estar sujeito proteo de legislaes ambientais

    no impede a desapropriao para fins de reforma agrria, desde que no sejam

    proibidas edificaes. Pode-se desapropriar um imvel, por exemplo, na Floresta

    Amaznica. A norma prevista no art. 225, 4 da CRFB no impede a desapropriao

    para fins de reforma agrria (STF, RTJ 164/158).

    CRFB, Art. 225, 4 - A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do

    Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira so patrimnio nacional, e sua

    utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a

    preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

    STF, RTJ 158

    A norma inscrita no art. 225, 4, da Constituio deve ser interpretada de modo

    harmonioso com o sistema jurdico consagrado pelo ordenamento fundamental,

    notadamente com a clusula que, proclamada pelo art. 5, XXII, da Carta Poltica,

    garante e assegura o direito de propriedade em todas as suas projees, inclusive

    aquela concernente compensao financeira devida pelo Poder Pblico ao

    proprietrio atingido por atos imputveis atividade estatal. O preceito

    consubstanciado no art. 225, 4, da Carta da Repblica, alm de no haver

    convertido em bens pblicos os imveis particulares abrangidos pelas florestas e

    pelas matas nele referidas (Mata Atlntica, Serra do Mar, Floresta Amaznica

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    brasileira), tambm no impede a utilizao,pelos prprios particulares, dos

    recursos naturais existentes naquelas reas que estejam sujeitas ao domnio

    privado, desde que observadas as prescries legais e respeitadas as condies

    necessrias preservao ambiental. A ordem constitucional dispensa tutela

    efetiva ao direito de propriedade (CF/88, art. 5, XXII). Essa proteo outorgada

    pela Lei Fundamental da Repblica estende-se, na abrangncia normativa de sua

    incidncia tutelar, ao reconhecimento, em favor do dominus, da garantia de

    compensao financeira, sempre que o Estado, mediante atividade que lhe seja

    juridicamente imputvel, atingir o direito de propriedade em seu contedo

    econmico, ainda que o imvel particular afetado pela ao do Poder Pblico

    esteja localizado em qualquer das reas referidas no art. 225, 4, da Constituio.

    O art. 1.276, 1 do Cdigo Civil permite que a Unio arrecade imveis rurais

    abandonados.

    Esta seria uma nova espcie de desapropriao?

    Note-se que no h indenizao, logo no uma nova espcie de

    desapropriao na medida em que no se encaixa na sua qualificao jurdica.

    Desapropriao uma forma de aquisio originaria da propriedade pelo Poder

    Pblico, mediante previa e justa indenizao, em regra em dinheiro.

    CC, Art. 1.276. O imvel urbano que o proprietrio abandonar, com a inteno de

    no mais o conservar em seu patrimnio, e que se no encontrar na posse de

    outrem, poder ser arrecadado, como bem vago, e passar, trs anos depois,

    propriedade do Municpio ou do Distrito Federal, se se achar nas respectivas

    circunscries.

    1o O imvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstncias,

    poder ser arrecadado, como bem vago, e passar, trs anos depois,

    propriedade da Unio, onde quer que ele se localize.

    2o Presumir-se- de modo absoluto a inteno a que se refere este artigo,

    quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietrio de satisfazer os nus

    fiscais.

    O 1 do art.1276 do CC inconstitucional j que cria uma nova forma

    de perda da propriedade fora os casos previstos na CRFB/88?

    No, pois este dispositivo legal apenas d significao jurdica ao animus

    abandonandi (ao abandono), amoldando a conduta do proprietrio, ou seja, mais

    uma face da concreo do princpio da funo social da propriedade.

    O 1 do art.1.276 CC uma nova forma de aquisio de bem pblico.

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    2.3. Conflito Fundirio

    A ao possessria envolvendo conflito fundirio ser de competncia da

    Justia Estadual (ocupao de terra particular pelo MST). Enquanto no houver

    interveno do INCRA autarquia federal -, competente o juiz estadual, inclusive

    com a criao de varas especializadas para esse tema especfico (art. 126 CRFB/88).

    Art. 126. Para dirimir conflitos fundirios, o Tribunal de Justia propor a criao

    de varas especializadas, com competncia exclusiva para questes

    agrrias. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

    Pargrafo nico. Sempre que necessrio eficiente prestao jurisdicional, o juiz

    far-se- presente no local do litgio.

    STJ, CC 1.111 CONFLITO DE COMPETNCIA. INVASO DE TERRAS. FATO NO

    ATENTATRIO ORDEM POLTICA E SOCIAL. COMPETNCIA DA JUSTIA

    ESTADUAL. CONSTITUIO ART. 126. Inocorrendo atentado ordem poltica e

    social, mas apenas conflito fundirio, embora grave, declara-se a competncia da

    Justia estadual.

    Porm, se o INCRA intervier no conflito fundirio, a competncia passa a ser da

    Justia Federal. A competncia da Unio fica circunscrita edio de um Decreto

    expropriatrio pela Presidncia da Repblica, decorrente de processo administrativo

    iniciado pelo INCRA.

    Se no houver acordo com o proprietrio, ter o INCRA que ajuizar ao

    especfica, figurando essa autarquia como expropriante e o proprietrio do imvel

    improdutivo como expropriado.

    Art. 184. Compete Unio desapropriar por interesse social, para fins de reforma

    agrria, o imvel rural que no esteja cumprindo sua funo social, mediante

    prvia e justa indenizao em ttulos da dvida agrria, com clusula de

    preservao do valor real, resgatveis no prazo de at vinte anos, a partir do

    segundo ano de sua emisso, e cuja utilizao ser definida em lei.

    2 - O decreto que declarar o imvel como de interesse social, para fins de

    reforma agrria, autoriza a Unio a propor a ao de desapropriao.

    3 - Cabe lei complementar estabelecer procedimento contraditrio especial,

    de rito sumrio, para o processo judicial de desapropriao.

    Essa ao de rito sumrio objeto da LC 76/93. Este rito sumrio no se

    relaciona ao dos arts. 275 a 281 do CPC, embora seja esse aplicado subsidiariamente,

    nos termos do arts. 1 e 22 da referida lei complementar.

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    Art. 1 O procedimento judicial da desapropriao de imvel rural, por interesse

    social, para fins de reforma agrria, obedecer ao contraditrio especial, de rito

    sumrio, previsto nesta lei Complementar.

    Art. 22. Aplica-se subsidiariamente ao procedimento de que trata esta Lei

    Complementar, no que for compatvel, o Cdigo de Processo Civil.

    As aes envolvendo conflitos fundirios devem ser julgadas prioritariamente,

    da a necessidade de previso de rito sumrio para o seu trmite.

    Pode conflito fundirio ser solucionado por Prefeito ou por Governador?

    Sim, basta que o pagamento da indenizao seja realizado em dinheiro. Nesse

    caso, a desapropriao ser realizada com base na Lei 4.132/62, que trata da

    desapropriao por interesse social em geral. Esse tema foi abordado nos Informativos

    259 e 241, do STJ, e 626, do STF: qualquer ente tem competncia para solucionar

    conflitos fundirios, desde que com base na lei 4.132/62, com o pagamento em

    dinheiro.

    STJ, Informativo 241

    DESAPROPRIAO. ESTADO-MEMBRO. REFORMA AGRRIA. PRVIA

    INDENIZAO. DINHEIRO. A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por

    maioria, que possvel a qualquer ente federado propor, por interesse social, ao

    de desapropriao de imvel rural, mediante prvia e justa indenizao em

    dinheiro (art. 5, XXIV, da CF/1988 e art. 2 da Lei n. 4.132/1962). Note-se no se

    tratar de desapropriao nos moldes do art. 184 da CF/1988, de competncia

    exclusiva da Unio. Precedentes citados do STF: liminar na SS 2.217-RS, DJ

    9/9/2003; do STJ: RMS 16.627-RS. REsp 691.912-RS, Rel. originrio Min. Jos

    Delgado, Rel. para acrdo Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 7/4/2005.

    STF, Informativo 626

    Reputou-se que, muito embora se tratasse de mdia propriedade rural produtiva,

    o ato impugnado no teria a finalidade de desapropriar para reforma agrria, mas

    para atender a interesse social, conceito este mais amplo do que aquele. A

    respeito, o Min. Celso de Mello consignou que a desapropriao para fins de

    reforma agrria seria modalidade de desapropriao-sano, condicionada

    notificao prvia como medida concretizadora do devido processo e vinculada ao

    mau uso da propriedade, cuja justa e prvia indenizao se daria em ttulos da

    dvida agrria. Enfatizou que a hiptese dos autos, por sua vez, trataria de

    assentamento de colonos em observncia a interesse social, sem carter

    sancionatrio motivo pelo qual a justa e prvia indenizao teria ocorrido em

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    espcie e no vinculada produtividade ou s dimenses da rea

    desapropriada. Acrescentou o Min. Joaquim Barbosa, relator, que o referido

    interesse social residiria na necessidade de apaziguamento dos iminentes conflitos

    fundirios na regio e, por essa razo, estaria justificada a interferncia da Unio,

    por meio do INCRA2. O Min. Ayres Britto aduziu que no competiria citada

    autarquia atuar apenas em questes de reforma agrria, mas tambm naquelas

    de interesse social diverso. No tocante ao sustentado desvio de finalidade,

    assentou-se que caberia ao rgo expropriante determinar a gleba a ser destinada

    aos colonos, consideradas, inclusive, as reas de preservao ambiental. MS

    26192/PB, rel. Min. Joaquim Barbosa, 11.5.2011. (MS-26192)

    2.4. Competncia

    O art. 184 da CRFB e o art. 5, 2 da lei 8.629/93 tratam da competncia da

    Unio para a matria. Essa competncia delegada ao INCRA.

    Art. 184. Compete Unio desapropriar por interesse social, para fins de reforma

    agrria, o imvel rural que no esteja cumprindo sua funo social, mediante

    prvia e justa indenizao em ttulos da dvida agrria, com clusula de

    preservao do valor real, resgatveis no prazo de at vinte anos, a partir do

    segundo ano de sua emisso, e cuja utilizao ser definida em lei.

    Lei 8.629/93

    Art. 5 A desapropriao por interesse social, aplicvel ao imvel rural que no

    cumpra sua funo social, importa prvia e justa indenizao em ttulos da dvida

    agrria.

    2 O decreto que declarar o imvel como de interesse social, para fins de

    reforma agrria, autoriza a Unio a propor ao de desapropriao.

    O processo administrativo instaurado pelo INCRA inicia-se com uma notificao

    ao proprietrio do bem, sob pena de nulidade. Esse vcio objeto de vrios MS, em

    face da autoridade federal competente, perante o STF. Por outro lado, se j tiver

    havido o decreto expropriatrio, esse vcio ser questionado por meio de MS, tambm

    no STF, mas dessa vez em face do Presidente da Repblica.

    STF, Informativo 245

    A notificao prevista no art. 2, 2, da Lei 8.629/93 ("...fica a Unio, atravs do

    rgo federal competente, autorizada a ingressar no imvel de propriedade

    particular, para levantamento de dados e informaes, com prvia notificao")

    2 Nota do monitor: nesse julgamento, entendeu o STF que a promoo de desapropriao pelo INCRA

    no se limita aos fins de reforma agrria. Essa autarquia pode atuar em nome da Unio para resolver questes fundirias, sem recorrer diretamente aos institutos prprios da reforma agrria.

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    tem de ser feita pessoalmente ao proprietrio do imvel, ao seu preposto, ou

    pessoa com poderes de representao, sob pena de nulidade do procedimento

    administrativo que antecede a declarao de interesse social para fins de reforma

    agrria. Com esse entendimento, o Tribunal deferiu mandado de segurana para

    anular decreto do Presidente da Repblica que declarara de interesse social, para

    fins de reforma agrria, imvel rural do impetrante, por entender ser invlida a

    notificao feita a empregada de servios gerais da fazenda, no credenciada

    para receb-la. Observou-se, ainda, que a circunstncia de o filho dos

    proprietrios, scio quotista da empresa impetrante, ter acompanhado a

    realizao da vistoria no afasta o vcio da notificao. Precedentes citados: MS

    22.164- (DJU de 17.11.95); MS 22.700-DF (DJU de 8.9.2000). MS 23.947-DF, rel.

    Min. Maurcio Corra, 10.10.2001. (MS-23947)

    Pode ocorrer de propriedade rural invadida ser comprovadamente produtiva,

    por meio de ao declaratria de produtividade, e, nos casos de interveno da Unio,

    a ao deve ser convolada em desapropriao por interesse social, realizada com base

    na Lei 4.132/62, e com o pagamento integralmente em dinheiro.

    2.5. Conceito de Imvel Rural

    O conceito de imvel rural, para efeito de direito agrrio, leva em conta o

    critrio da destinao, de acordo com o art. 4, I, da Lei 8.629/93.

    Lei 8.629/93, Art. 4 Para os efeitos desta lei, conceituam-se:

    I - Imvel Rural - o prdio rstico de rea contnua, qualquer que seja a sua

    localizao, que se destine ou possa se destinar explorao agrcola, pecuria,

    extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial;

    O critrio topogrfico no levado em conta na desapropriao para fins de

    reforma agrria. Todavia, o critrio topogrfico objeto da previso do art. 191 da

    CRFB, que trata da usucapio pro labore (constitucional) que tem prazo de 5 anos. O

    art.1.276, 1 CC usa o critrio topogrfico para definir imvel rural.

    Art. 191. Aquele que, no sendo proprietrio de imvel rural ou urbano, possua

    como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposio, rea de terra, em zona

    rural, no superior a cinqenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho

    ou de sua famlia, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe- a propriedade.

    O pargrafo nico do art. 191 c/c o 3 do art. 183, evidenciam a vedao da

    usucapio de bens pblicos, que so imprescritveis.

    Art. 183, 3 - Os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio.

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    Art. 191, pargrafo nico - Os imveis pblicos no sero adquiridos por

    usucapio.

    2.6. Conceito de Funo Social

    O art. 186 da CRFB traz o conceito de funo social, para cujo preenchimento

    devem ser observados simultaneamente os requisitos ali previstos. So levadas em

    considerao a produtividade, o meio ambiente, as condies de trabalho e a

    observncia da legislao trabalhista.

    Art. 186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende,

    simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos

    seguintes requisitos:

    I - aproveitamento racional e adequado;

    II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio

    ambiente;

    III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho;

    IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.

    O trabalho escravo acarreta a desapropriao para fins de reforma agrria. H

    uma PEC para a transformao deste em causa de confisco, pois, em tese, ainda que

    haja trabalho escravo, o fato de ensejar a desapropriao para fins de reforma agrria

    acarreta a necessidade de justa indenizao, ainda que em TDA. Reconhecida a

    hiptese de confisco, afastar-se-ia a necessidade de indenizao. No h, contudo,

    qurum para essa aprovao da PEC diante da forte bancada ruralista no Congresso

    Nacional.

    Observao: est incorreto falar-se em desapropriao-confisco, uma vez

    que desapropriao pressupe indenizao.

    O art. 186 deve ser combinado com os arts. 9 e 6 da lei 8.629/96 que

    regulamentou este dispositivo constitucional.

    Lei 8.629, Art. 6 Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada

    econmica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilizao da terra

    e de eficincia na explorao, segundo ndices fixados pelo rgo federal

    competente.

    1 O grau de utilizao da terra, para efeito do caput deste artigo, dever ser

    igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relao percentual

    entre a rea efetivamente utilizada e a rea aproveitvel total do imvel.

    2 O grau de eficincia na explorao da terra dever ser igual ou superior a

    100% (cem por cento), e ser obtido de acordo com a seguinte sistemtica:

  • Direito Agrrio Aula 1

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto

    pelos respectivos ndices de rendimento estabelecidos pelo rgo competente do

    Poder Executivo, para cada Microrregio Homognea;

    II - para a explorao pecuria, divide-se o nmero total de Unidades Animais (UA)

    do rebanho, pelo ndice de lotao estabelecido pelo rgo competente do Poder

    Executivo, para cada Microrregio Homognea;

    III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida

    pela rea efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau

    de eficincia na explorao.

    3 Considera-se efetivamente utilizadas:

    I - as reas plantadas com produtos vegetais;

    II - as reas de pastagens nativas e plantadas, observado o ndice de lotao por

    zona de pecuria, fixado pelo Poder Executivo;

    III - as reas de explorao extrativa vegetal ou florestal, observados os ndices de

    rendimento estabelecidos pelo rgo competente do Poder Executivo, para cada

    Microrregio Homognea, e a legislao ambiental;

    IV - as reas de explorao de florestas nativas, de acordo com plano de

    explorao e nas condies estabelecidas pelo rgo federal competente;

    V - as reas sob processos tcnicos de formao ou recuperao de pastagens ou

    de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas,

    mediante documentao e Anotao de Responsabilidade Tcnica. (Redao dada

    pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    4 No caso de consrcio ou intercalao de culturas, considera-se efetivamente

    utilizada a rea total do consrcio ou intercalao.

    5 No caso de mais de um cultivo no ano, com um ou mais produtos, no mesmo

    espao, considera-se efetivamente utilizada a maior rea usada no ano

    considerado.

    6 Para os produtos que no tenham ndices de rendimentos fixados, adotar-se-

    a rea utilizada com esses produtos, com resultado do clculo previsto no inciso I

    do 2 deste artigo.

    7 No perder a qualificao de propriedade produtiva o imvel que, por razes

    de fora maior, caso fortuito ou de renovao de pastagens tecnicamente

    conduzida, devidamente comprovados pelo rgo competente, deixar de

    apresentar, no ano respectivo, os graus de eficincia na explorao, exigidos para

    a espcie.

    8 So garantidos os incentivos fiscais referentes ao Imposto Territorial Rural

    relacionados com os graus de utilizao e de eficincia na explorao, conforme o

    disposto no art. 49 da Lei n 4.504, de 30 de novembro de 1964.

    Art. 9 A funo social cumprida quando a propriedade rural atende,

    simultaneamente, segundo graus e critrios estabelecidos nesta lei, os seguintes

    requisitos:

    I - aproveitamento racional e adequado;

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    II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio

    ambiente;

    III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho;

    IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.

    1 Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de

    utilizao da terra e de eficincia na explorao especificados nos 1 a 7 do

    art. 6 desta lei.

    2 Considera-se adequada a utilizao dos recursos naturais disponveis quando

    a explorao se faz respeitando a vocao natural da terra, de modo a manter o

    potencial produtivo da propriedade.

    3 Considera-se preservao do meio ambiente a manuteno das

    caractersticas prprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais,

    na medida adequada manuteno do equilbrio ecolgico da propriedade e da

    sade e qualidade de vida das comunidades vizinhas.

    4 A observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho implica

    tanto o respeito s leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como s

    disposies que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais.

    5 A explorao que favorece o bem-estar dos proprietrios e trabalhadores

    rurais a que objetiva o atendimento das necessidades bsicas dos que trabalham

    a terra, observa as normas de segurana do trabalho e no provoca conflitos e

    tenses sociais no imvel.

    6 (Vetado.)

    Diversamente, a funo social da propriedade urbana corresponde simples

    observncia do Plano Diretor do Municpio (art. 182, 2 da CRFB). Difere da hiptese

    anterior, sendo esse nico requisito para a desapropriao para fins urbansticos.

    Art. 182. A poltica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico

    municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

    pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade e garantir o bem- estar de

    seus habitantes.

    2 - A propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s

    exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor.

    2.7. Momento da Transferncia do Domnio

    A exigncia de indenizao prvia no impede a imisso provisria na posse.

    Trata-se, entretanto, de condio necessria para que haja a transferncia de domnio

    para a Unio. Salienta-se, com isso, que posse e domnio no se confundem.

    O efeito constitutivo da transferncia realizado com o pagamento da justa

    indenizao; nesse caso, o registro do imvel tem efeito meramente declaratrio.

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    2.8. Justa indenizao

    A justa indenizao equipara o valor do bem. Pelas benfeitorias teis e

    necessrias, deve haver o pagamento em dinheiro, e pela terra nua e benfeitorias

    volupturias, em ttulos da dvida agrria (TDA). Havendo discordncia do proprietrio

    quanto a esses valores, cabe ao INCRA ajuizar a ao de desapropriao para fins de

    reforma agrria.

    Dever o perito do juzo examinar se a quantia em dinheiro e os ttulos

    oferecidos correspondem ao valor justo e de mercado do imvel. Entendendo estarem

    aqum, o INCRA ser condenado a complementar a parte em dinheiro, incluindo o

    complemento em precatrio, nos casos em que o pagamento deveria ocorrer em

    dinheiro, como, por exemplo, a indenizao por benfeitorias teis e necessrias, e/ou

    a emitir mais ttulos da dvida agrria, nos demais casos.

    Dispositivos prevendo a complementao do valor correspondente s

    benfeitorias em espcie foram declarados inconstitucionais, como foi o caso do art. 10.

    pargrafo nico, e do art. 14, ambos da LC 76/93, cujas expresses em espcie e em

    dinheiro fora invalidadas. A Resoluo 19/07 do Senado Federal deu efeito erga

    omnes a essa deciso.

    LC 76/93, Art. 10. Havendo acordo sobre o preo, este ser homologado por

    sentena.

    Pargrafo nico. No havendo acordo, o valor que vier a ser acrescido ao

    depsito inicial por fora de laudo pericial acolhido pelo Juiz ser depositado em

    espcie para as benfeitorias, juntado aos autos o comprovante de lanamento

    de Ttulos da Dvida Agrria para terra nua, como integralizao dos valores

    ofertados. (Includo pela Lei Complementar n 88, de 1996).

    Art. 14. O valor da indenizao, estabelecido por sentena, dever ser depositado

    pelo expropriante ordem do juzo, em dinheiro, para as benfeitorias teis e

    necessrias, inclusive culturas e pastagens artificiais e, em Ttulos da Dvida

    Agrria, para a terra nua. (Vide Resoluo n 19, de 2007).

    Esse complemento deve ser pago por precatrio, diante da necessidade de

    previso oramentria. O art. 184, 4, da CRFB foi regulamentado pelo art. 5, 3

    a 6 da lei 8.629/93.

    Art. 184, 4 - O oramento fixar anualmente o volume total de ttulos da dvida

    agrria, assim como o montante de recursos para atender ao programa de

    reforma agrria no exerccio.

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    Lei 8.629/93, Art. 5 A desapropriao por interesse social, aplicvel ao imvel

    rural que no cumpra sua funo social, importa prvia e justa indenizao em

    ttulos da dvida agrria.

    3 Os ttulos da dvida agrria, que contero clusula assecuratria de

    preservao de seu valor real, sero resgatveis a partir do segundo ano de sua

    emisso, em percentual proporcional ao prazo, observados os seguintes critrios:

    I - do segundo ao dcimo quinto ano, quando emitidos para indenizao de imvel

    com rea de at setenta mdulos fiscais; (Redao dada pela Medida Provisria

    n 2.183-56, de 2001)

    II - do segundo ao dcimo oitavo ano, quando emitidos para indenizao de imvel

    com rea acima de setenta e at cento e cinqenta mdulos fiscais; e (Redao

    dada pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    III - do segundo ao vigsimo ano, quando emitidos para indenizao de imvel

    com rea superior a cento e cinqenta mdulos fiscais. (Redao dada pela

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    4o No caso de aquisio por compra e venda de imveis rurais destinados

    implantao de projetos integrantes do Programa Nacional de Reforma Agrria,

    nos termos desta Lei e da Lei no4.504, de 30 de novembro de 1964, e os

    decorrentes de acordo judicial, em audincia de conciliao, com o objetivo de

    fixar a prvia e justa indenizao, a ser celebrado com a Unio, bem como com os

    entes federados, o pagamento ser efetuado de forma escalonada em Ttulos da

    Dvida Agrria - TDA, resgatveis em parcelas anuais, iguais e sucessivas, a partir

    do segundo ano de sua emisso, observadas as seguintes condies: (Includo pela

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    I - imveis com rea de at trs mil hectares, no prazo de cinco anos; (Includo pela

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    II - imveis com rea superior a trs mil hectares: (Includo pela Medida Provisria

    n 2.183-56, de 2001)

    a) o valor relativo aos primeiros trs mil hectares, no prazo de cinco anos; (Includo

    pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    b) o valor relativo rea superior a trs mil e at dez mil hectares, em dez

    anos; (Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    c) o valor relativo rea superior a dez mil hectares at quinze mil hectares, em

    quinze anos; e (Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    d) o valor da rea que exceder quinze mil hectares, em vinte anos. (Includo pela

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    5o Os prazos previstos no 4o, quando iguais ou superiores a dez anos, podero

    ser reduzidos em cinco anos, desde que o proprietrio concorde em receber o

    pagamento do valor das benfeitorias teis e necessrias integralmente em

    TDA. (Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

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    6o Aceito pelo proprietrio o pagamento das benfeitorias teis e necessrias em

    TDA, os prazos de resgates dos respectivos ttulos sero fixados mantendo-se a

    mesma proporcionalidade estabelecida para aqueles relativos ao valor da terra e

    suas acesses naturais. (Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    A plantao no explorada economicamente equipara-se terra nua.

    Esta indenizao no tem natureza alimentcia e ser paga na lista geral de

    precatrio. Veja-se o art. 100, 1-A da CRFB.

    Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Pblicas Federal, Estaduais,

    Distrital e Municipais, em virtude de sentena judiciria, far-se-o exclusivamente

    na ordem cronolgica de apresentao dos precatrios e conta dos crditos

    respectivos, proibida a designao de casos ou de pessoas nas dotaes

    oramentrias e nos crditos adicionais abertos para este fim. (Redao dada pela

    Emenda Constitucional n 62, de 2009). (Vide Emenda Constitucional n 62, de

    2009)

    1 Os dbitos de natureza alimentcia compreendem aqueles decorrentes de

    salrios, vencimentos, proventos, penses e suas complementaes, benefcios

    previdencirios e indenizaes por morte ou por invalidez, fundadas em

    responsabilidade civil, em virtude de sentena judicial transitada em julgado, e

    sero pagos com preferncia sobre todos os demais dbitos, exceto sobre aqueles

    referidos no 2 deste artigo. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 62,

    de 2009).

    Sobre a indenizao, incide correo monetria, mas no incide imposto de

    renda. Informativo 241 do STJ.

    STJ, Informativo 241 IR. JUROS COMPENSATRIOS E MORATRIOS.

    DESAPROPRIAO. A Turma reafirmou que no incide imposto de renda sobre a

    parcela de juros compensatrios e moratrios integrantes de indenizao

    decorrente de desapropriao. Precedentes citados: RMS 11.392-RJ, DJ

    13/10/2003; REsp 208.477-RS, DJ 25/6/2001, e REsp 141.431-RJ, DJ 15/12/1997.

    REsp 673.273-AL, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/4/2005.

    Os lucros cessantes fazem parte da justa indenizao, e, portanto, no integram

    os juros compensatrios.

    A 2 Turma iniciou julgamento de recurso extraordinrio no qual se discute se o

    valor da justa indenizao para satisfazer o direito de propriedade (CF, art. 5, XXII

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    e XXIV) deve, ou no, incluir, em seu bojo, as perdas do proprietrio decorrentes

    da desvalorizao de sua propriedade e de seus produtos, independentemente, da

    reavaliao do material ftico-probatrio. Na espcie, parte da propriedade do

    recorrente fora declarada de utilidade pblica para a construo de trs estaes

    de tratamento de esgoto - ETEs, no tendo sido includos, nos valores pagos a

    ttulo de indenizao, os lucros cessantes decorrentes da desvalorizao da rea

    remanescente, utilizada no plantio e beneficiamento de laranja para fins de

    exportao, nos quais empregada alta tecnologia. O Min. Gilmar Mendes, relator,

    deu parcial provimento ao recurso para incluir na condenao os valores

    referentes desvalorizao das terras remanescentes. Entendeu que a discusso

    da tese jurdica referente excluso de elementos supostamente nsitos ao

    princpio da justa indenizao no demandaria o reexame da prova, de modo a

    afastar a incidncia do Enunciado 279 da Smula do STF. Aduziu que se trataria,

    na realidade, de interveno administrativa na propriedade para a concretizao

    de fins pblicos e, por isso, todo prejuzo causado pela Administrao, no exerccio

    de seu ius imperii, haveria de ser recomposto ao patrimnio do expropriado.

    Asseverou que, sob pena de violao do ncleo essencial do postulado em apreo,

    em que se funda o direito de propriedade, seria inconcebvel no levar em

    considerao a perda do valor do bem remanescente e de seus produtos. Aps,

    pediu vista dos autos o Min. Joaquim Barbosa. RE 567708/SP, rel. Min. Gilmar

    Mendes, 1.3.2011. (RE-567708)

    2.9.1 Parcelas Integrantes da Justa Indenizao

    A justa indenizao compreende seis parcelas:

    a) o valor do bem, luz do mercado. No atravs do ITR;

    Art. 12. O juiz proferir sentena na audincia de instruo e julgamento ou nos

    trinta dias subseqentes, indicando os fatos que motivaram o seu convencimento.

    1 Ao fixar o valor da indenizao, o juiz considerar, alm dos laudos periciais,

    outros meios objetivos de convencimento, inclusive a pesquisa de mercado.

    2 O valor da indenizao corresponder ao valor apurado na data da percia, ou

    ao consignado pelo juiz, corrigido monetariamente at a data de seu efetivo

    pagamento.

    3 Na sentena, o juiz individualizar o valor do imvel, de suas benfeitorias e

    dos demais componentes do valor da indenizao.

    4 Tratando-se de enfiteuse ou aforamento, o valor da indenizao ser

    depositado em nome dos titulares do domnio til e do domnio direto e disputado

    por via de ao prpria.

    O fato de a cobertura vegetal sofrer restries ambientais no afasta a

    indenizao. No possvel, todavia, elevar o preo da propriedade acima do valor de

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    mercado. Cobertura vegetal engloba o extrativismo e as plantaes. H, ainda, a

    possibilidade de explorao pecuria.

    A cobertura explorada economicamente, portanto, deve ser paga em dinheiro,

    equiparando-se a benfeitorias teis e necessrias; se no explorada, ser paga em

    TDA.

    b) juros moratrios;

    Aqui importante destacar que no incide mais a smula 70 do STJ, passando a

    ser aplicada a smula vinculante n 17.

    STJ, smula 70: Os juros moratrios, na desapropriao direta ou indireta,

    contam-se desde o trnsito em julgado da sentena.CANCELADA

    STF, smula vinculante 17: Durante o perodo previsto no pargrafo 1 do artigo

    100 da Constituio, no incidem juros de mora sobre os precatrios que nele

    sejam pagos.

    c) juros compensatrios

    O fato gerador dos juros moratrios a mora no cumprimento da obrigao, no

    caso, o pagamento fora do prazo. J os juros compensatrios visam compensar o

    proprietrio pela perda antecipada da posse, antes da justa indenizao, sendo sua

    expectativa de renda frustrada com a imisso na posse.

    Os juros moratrios esto previstos no art. 1 da lei 9.494/97; j os juros

    compensatrios so criao jurisprudencial, no valor de 12% ao ano, isto , de 1% ao

    ms, a contar da imisso antecipada na posse. Smula 618 do STF.

    STF, Smula 618 - Na desapropriao, direta ou indireta, a taxa dos juros

    compensatrios de 12% (doze por cento) ao ano.

    O MPF e AGU defendem que no incidem juros compensatrios em

    desapropriao para reforma agrria, pois, nesse caso, a propriedade no est

    produzindo renda. O STJ no acatou essa tese (defendida tambm pelo STF),

    entendendo que os juros compensatrios independem de produtividade (Informativos

    300, 218 e 436 STJ); no caso, decorrem da frustrao gerada pela perda, pois se

    poderia arrendar ou at alienar a propriedade, com o pagamento integralmente em

    dinheiro.

    ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE

    REFORMA AGRRIA. TERRA NUA. JUROS COMPENSATRIOS. INAPLICABILIDADE. 1

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    - Os juros compensatrios so devidos como forma de completar o valor da

    indenizao, aproximando-o do conceito de ser 'justo', por determinao

    constitucional. 2 - Hiptese de desapropriao, por interesse social, para fins de

    reforma agrria, de imvel rural que no cumpre sua funo social, no auferindo

    produtividade, no pode ser agraciado com o percentual de compensao aludido,

    substitutivo que dos chamados lucros cessantes. 3 - "Os juros compensatrios

    somente so devidos quando restar demonstrado que a explorao econmica foi

    obstada pelos efeitos da declarao expropriatria. Pois no so indenizveis

    meras hipteses ou remotas potencialidades de uso e gozo" (REsp n 108.896/SP,

    Rel.Min. Milton Luiz Pereira, DJU 30/11/98). 4 - Recurso especial provido para o

    fim de afastar da condenao imposta ao INCRA a parcela referente aos juros

    compensatrios. (REsp 228481/MA, Rel. Ministro JOS DELGADO, PRIMEIRA

    TURMA, julgado em 24/02/1999, DJ 20/03/2000, p. 46)

    Nesse sentido, destaca-se o art.15-A do DL 3365/41.

    DL 3.365/41, Art. 15-A No caso de imisso prvia na posse, na desapropriao por

    necessidade ou utilidade pblica e interesse social, inclusive para fins de reforma

    agrria, havendo divergncia entre o preo ofertado em juzo e o valor do bem,

    fixado na sentena, expressos em termos reais, incidiro juros compensatrios de

    at seis por cento ao ano sobre o valor da diferena eventualmente apurada, a

    contar da imisso na posse, vedado o clculo de juros compostos. (Includo pela

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    1o Os juros compensatrios destinam-se, apenas, a compensar a perda de

    renda comprovadamente sofrida pelo proprietrio. (Includo pela Medida

    Provisria n 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN n 2.332-2)

    2o No sero devidos juros compensatrios quando o imvel possuir graus de

    utilizao da terra e de eficincia na explorao iguais a zero. (Includo pela

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN n 2.332-2)

    3o O disposto no caput deste artigo aplica-se tambm s aes ordinrias de

    indenizao por apossamento administrativo ou desapropriao indireta, bem

    assim s aes que visem a indenizao por restries decorrentes de atos do

    Poder Pblico, em especial aqueles destinados proteo ambiental, incidindo os

    juros sobre o valor fixado na sentena. (Includo pela Medida Provisria n 2.183-

    56, de 2001)

    4o Nas aes referidas no 3o, no ser o Poder Pblico onerado por juros

    compensatrios relativos a perodo anterior aquisio da propriedade ou posse

    titulada pelo autor da ao." (NR)(Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de

    2001) (Vide ADIN n 2.332-2)

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    A smula 12 do STJ afirmava que se poderiam acumular juros compensatrios e

    moratrios. Ocorre que, com a mudana da data dos moratrios, estaria afastado o

    anatocismo. Hoje ambos incidem em perodos diversos. Nesse sentido, REsp

    1.118.103-SP.

    STJ, Smula 12 - Em desapropriao, so cumulveis juros compensatrios e

    moratrios. STJ, REsp 1.118.103

    ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAO. JUROS MORATRIOS E COMPENSATRIOS.

    INCIDNCIA. PERODO. TAXA. REGIME ATUAL. DECRETO-LEI 3.365/41, ART. 15-B.

    ART. 100, 12 DA CF (REDAO DA EC 62/09). SMULA VINCULANTE 17/STF.

    SMULA 408/STJ. 1. Conforme prescreve o art. 15-B do Decreto-lei 3.365/41,

    introduzido pela Medida Provisria 1.997-34, de 13.01.2000, o termo inicial dos

    juros moratrios em desapropriaes o dia "1 de janeiro do exerccio seguinte

    quele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da

    Constituio ". o que est assentado na jurisprudncia da 1 Seo do STJ, em

    orientao compatvel com a firmada pelo STF, inclusive por smula vinculante

    (Enunciado 17). 2. Ao julgar o REsp 1.111.829/SP, DJe de 25/05/2009, sob o

    regime do art. 543-C do CPC, a 1 Seo do STJ considerou que os juros

    compensatrios, em desapropriao, so devidos no percentual de 12% ao ano,

    nos termos da Smula 618/STF, exceto no perodo compreendido entre 11.06.1997

    (incio da vigncia da Medida Provisria 1.577, que reduziu essa taxa para 6% ao

    ano), at 13.09.2001 (data em que foi publicada deciso liminar do STF na ADIn

    2.332/DF, suspendendo a eficcia da expresso "de at seis por cento ao ano", do

    caput do art. 15-A do Decreto-lei 3.365/41, introduzido pela mesma MP).

    Considerada a especial eficcia vinculativa desse julgado (CPC, art. 543-C, 7),

    impe-se sua aplicao, nos mesmos termos, aos casos anlogos. A matria est,

    ademais, sumulada pelo STJ (Smula 408). 3. Segundo jurisprudncia assentada

    por ambas as Turmas da 1 Seo, os juros compensatrios, em desapropriao,

    somente incidem at a data da expedio do precatrio original. Tal entendimento

    est agora tambm confirmado pelo 12 do art. 100 da CF, com a redao dada

    pela EC 62/09. Sendo assim, no ocorre, no atual quadro normativo, hiptese de

    cumulao de juros moratrios e juros compensatrios, eis que se tratam de

    encargos que incidem em perodos diferentes: os juros compensatrios tm

    incidncia at a data da expedio de precatrio, enquanto que os moratrios

    somente incidiro se o precatrio expedido no for pago no prazo constitucional.

    4. Recurso especial parcialmente provido. Recurso sujeito ao regime do art. 543-C

    do CPC.

    d) atualizao monetria;

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    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    A atualizao monetria est prevista nas smulas 561 do STF e 67 do STJ.

    Trata-se de mera reposio do valor da moeda a fim de evitar sua corroso em razo

    da inflao.

    STJ, Smula 67. Na desapropriao, cabe a atualizao monetaria, ainda que por

    mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o

    calculo e o efetivo pagamento da indenizao.

    STF, Smula 561 - Em desapropriao, devida a correo monetria at a data

    do efetivo pagamento da indenizao, devendo proceder-se atualizao do

    clculo, ainda que por mais de uma vez.

    e) despesas judiciais e processuais;

    Despesas judiciais e processuais ficam a cargo do sucumbente. No se inclui o

    desmonte da propriedade que fica a carga do INCRA. O adiantamento do valor da

    percia feito pelo INCRA.

    Veja-se o art. 20 LC 76/93.

    LC 76/93, Art. 20. Em qualquer fase processual, mesmo aps proferida a sentena,

    compete ao juiz, a requerimento de qualquer das partes, arbitrar valor para

    desmonte e transporte de mveis e semoventes, a ser suportado, ao final, pelo

    expropriante, e cominar prazo para que o promova o expropriado.

    f) honorrios advocatcios.

    Veja-se a Smula 378 STF.

    Smula 378 STF Na indenizao por desapropriao incluem-se honorrios do

    advogado do expropriado.

    Os honorrios so objeto de previso no art. 27, 1 e 3 do DL 3.365/41.

    DL 3.365/41, Art. 27. O juiz indicar na sentena os fatos que motivaram o seu

    convencimento e dever atender, especialmente, estimao dos bens para

    efeitos fiscais; ao preo de aquisio e interesse que deles aufere o proprietrio;

    sua situao, estado de conservao e segurana; ao valor venal dos da mesma

    espcie, nos ltimos cinco anos, e valorizao ou depreciao de rea

    remanescente, pertencente ao ru.

    Pargrafo nico. (Revogado pela Lei n 2.786, de 1956)

    1o A sentena que fixar o valor da indenizao quando este for superior ao

    preo oferecido condenar o desapropriante a pagar honorrios do advogado, que

    sero fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferena, observado o

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    disposto no 4o do art. 20 do Cdigo de Processo Civil, no podendo os honorrios

    ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqenta e um mil reais).(Redao dada

    Medida Provisria n 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN n 2.332-2)

    2 A transmisso da propriedade, decorrente de desapropriao amigvel ou

    judicial, no ficar sujeita ao impsto de lucro imobilirio. (Includo pela Lei n

    2.786, de 1956)

    3 O disposto no 1o deste artigo se aplica: (Includo pela Medida Provisria n

    2.183-56, de 2001)

    I - ao procedimento contraditrio especial, de rito sumrio, para o processo de

    desapropriao de imvel rural, por interesse social, para fins de reforma

    agrria; (Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    II - s aes de indenizao por apossamento administrativo ou desapropriao

    indireta. (Includo pela Medida Provisria n 2.183-56, de 2001)

    4 O valor a que se refere o 1o ser atualizado, a partir de maio de 2000, no

    dia 1o de janeiro de cada ano, com base na variao acumulada do ndice de

    Preos ao Consumidor Amplo - IPCA do respectivo perodo. (Includo pela Medida

    Provisria n 2.183-56, de 2001)

    A Medida Provisria que deu origem controvrsia foi objeto da ADI 2332, na

    qual o limite de 0,5% a 5% foi declarado constitucional, tendo sido, porm declarada a

    inconstitucionalidade do limite de R$151 mil reais.

    ADI 2332

    EMENTA: - Ao direta de inconstitucionalidade. Artigo 1 da Medida Provisria n

    2.027-43, de 27 de setembro de 2000, na parte que altera o Decreto-Lei n 3.365,

    de 21 de junho de 1941, introduzindo o artigo 15-A, com seus pargrafos, e

    alterando a redao do pargrafo primeiro do artigo 27. - Esta Corte j firmou o

    entendimento de que excepcional o controle judicial dos requisitos da urgncia e

    da relevncia de Medida Provisria, s sendo esse controle admitido quando a

    falta de um deles se apresente objetivamente, o que, no caso, no ocorre. -

    Relevncia da argio de inconstitucionalidade da expresso "de at seis por

    cento ao ano" no "caput" do artigo 15-A em causa em face do enunciado da

    smula 618 desta Corte. - Quanto base de clculo dos juros compensatrios

    contida tambm no "caput" desse artigo 15-A, para que no fira o princpio

    constitucional do prvio e justo preo, deve-se dar a ela interpretao conforme

    Constituio, para se ter como constitucional o entendimento de que essa base de

    clculo ser a diferena eventualmente apurada entre 80% do preo ofertado em

    juzo e o valor do bem fixado na sentena. - Relevncia da argio de

    inconstitucionalidade dos pargrafos 1 e 2 do mesmo artigo 15-A, com

    fundamento em ofensa ao princpio constitucional da prvia e justa indenizao. -

    A nica conseqncia normativa relevante da remisso, feita pelo 3 do aludido

    artigo 15-A est na fixao dos juros no percentual de 6% ao ano, o que j foi

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    decidido a respeito dessa taxa de juros. - relevante a alegao de que a restrio

    decorrente do 4 do mencionado artigo 15-A entra em choque com o princpio

    constitucional da garantia do justo preo na desapropriao. - Relevncia da

    argio de inconstitucionalidade do pargrafo 1 do artigo 27 em sua nova

    redao, no tocante expresso "no podendo os honorrios ultrapassar R$

    151.000,00 (cento e cinqenta e um mil reais)". Deferiu-se em parte o pedido de

    liminar, para suspender, no "caput" do artigo 15-A do Decreto-Lei n 3.365, de 21

    de junho de 1941, introduzido pelo artigo 1 da Medida Provisria n 2.027-43, de

    27 de setembro de 2000, e suas sucessivas reedies, a eficcia da expresso "de

    at seis por cento ao ano"; para dar ao final desse "caput" interpretao conforme

    a Constituio no sentido de que a base de clculo dos juros compensatrios ser

    a diferena eventualmente apurada entre 80% do preo ofertado em juzo e o

    valor do bem fixado na sentena; e para suspender os pargrafos 1 e 2 e 4 do

    mesmo artigo 15-A e a expresso "no podendo os honorrios ultrapassar R$

    151.000,00 (cento e cinqenta e um mil reais)" do pargrafo 1 do artigo 27 em

    sua nova redao.

    (ADI 2332 MC, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em

    05/09/2001, DJ 02-04-2004 PP-00008 EMENT VOL-02146-02 PP-00366)

    Veja-se o art. 19 LC 76/93.

    LC 76/93, Art. 19. As despesas judiciais e os honorrios do advogado e do perito

    constituem encargos do sucumbente, assim entendido o expropriado, se o valor da

    indenizao for igual ou inferior ao preo oferecido, ou o expropriante, na hiptese

    de valor superior ao preo oferecido.

    1 Os honorrios do advogado do expropriado sero fixados em at vinte por

    cento sobre a diferena entre o preo oferecido e o valor da indenizao.

    2 Os honorrios periciais sero pagos em valor fixo, estabelecido pelo juiz,

    atendida complexidade do trabalho desenvolvido.

    2.9.2 Ttulos da Dvida Agrria

    Os ttulos da dvida agrria sero emitidos em at 20 anos, podendo ser

    descontados a partir do 2 ano. Quanto maior o valor, mais se aproximar desse prazo

    de 20 anos.

    Natureza Jurdica dos TDAs

    Trata-se de ttulo de crdito pro soluto. Equipara-se a um bem mvel, cujo

    domnio transferido com a tradio. Assim, a partir do momento em que entregue

    ao proprietrio, transfere-se o domnio, ainda que o pagamento seja diferido.

    Evidentemente, esses ttulos podem ser objeto de negcio jurdico.

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    O art. 14 da LC 76/93 determina a incluso do valor das plantaes

    economicamente exploradas no valor das benfeitorias teis e necessrias pagas em

    dinheiro (conceito de benfeitoria no art. 96, 1 a 3 do CC). O pagamento atravs de

    TDA feito pela terra nua e benfeitorias volupturias.

    LC 76/93, Art. 14. O valor da indenizao, estabelecido por sentena, dever ser

    depositado pelo expropriante ordem do juzo, em dinheiro, para as benfeitorias

    teis e necessrias, inclusive culturas e pastagens artificiais e, em Ttulos da Dvida

    Agrria, para a terra nua.

    CC, Art. 96. As benfeitorias podem ser volupturias, teis ou necessrias.

    1 So volupturias as de mero deleite ou recreio, que no aumentam o uso

    habitual do bem, ainda que o tornem mais agradvel ou sejam de elevado valor.

    2 So teis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

    3 So necessrias as que tm por fim conservar o bem ou evitar que se

    deteriore.

    Ttulos da Dvida Agrria X Ttulos da Dvida Pblica

    Ttulos da Dvida Agrria Ttulos da Dvida Pblica

    Desapropriao de imvel rural

    Desapropriao de imvel urbano

    Pagamento em at 20 anos,

    resgatvel a partir do 2 ano

    Pagamento em at 10 anos,

    resgatvel a partir do 1 ano

    CRFB/88 - Art. 184. Compete Unio

    desapropriar por interesse social, para fins de

    reforma agrria, o imvel rural que no

    esteja cumprindo sua funo social, mediante

    prvia e justa indenizao em ttulos da

    dvida agrria, com clusula de preservao

    do valor real, resgatveis no prazo de at

    vinte anos, a partir do segundo ano de sua

    emisso, e cuja utilizao ser definida em

    lei.

    CRFB/88 - Art.182, 4 - facultado ao Poder

    Pblico municipal, mediante lei especfica

    para rea includa no plano diretor, exigir,

    nos termos da lei federal, do proprietrio do

    solo urbano no edificado, subutilizado ou

    no utilizado, que promova seu adequado

    aproveitamento, sob pena, sucessivamente,

    de:

    I - parcelamento ou edificao compulsrios;

    II - imposto sobre a propriedade predial e

    territorial urbana progressivo no tempo;

    III - desapropriao com pagamento

    mediante ttulos da dvida pblica de

    emisso previamente aprovada pelo Senado

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    Federal, com prazo de resgate de at dez

    anos, em parcelas anuais, iguais e

    sucessivas, assegurados o valor real da

    indenizao e os juros legais.

    O art. 184, 5 CRFB/88, fala em iseno, mas na verdade trata-se de

    imunidade.

    Essa imunidade estende-se a terceiros, caso os TDAs sejam

    transferidos?

    No; ela tem como objetivo (conforme entendimento do STF) a proteo do

    proprietrio e dos sem-terra beneficirios da desapropriao. Portanto, no se

    estende a terceiros. Informativo 164, 175 e 184 do STF.

    CRFB, Art. 184, 5 - So isentas de impostos federais, estaduais e municipais as

    operaes de transferncia de imveis desapropriados para fins de reforma

    agrria.

    STF, Informativo 184

    Imunidade de TDA: No-Extenso a Terceiros A imunidade prevista no art. 184,

    5, da CF ("So isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operaes

    de transferncia de imveis desapropriados para fins de reforma agrria.") no

    alcana os ttulos da dvida agrria em poder de terceiros. Com esse

    entendimento, a Turma, ponderando que a referida imunidade tem por objetivo a

    proteo do proprietrio do imvel expropriado e no se estende negociao dos

    ttulos decorrentes da desapropriao, conheceu de recurso extraordinrio do

    Ministrio Pblico Federal e deu-lhe provimento para reformar acrdo proferido

    pelo STJ em mandado de segurana, que estendera ao impetrante, terceiro

    possuidor de TDA's, a imunidade do art. 184, 5, da CF. Precedente citado: RE

    169.628-DF (julgado em 28.9.99 pela Segunda Turma, acrdo pendente de

    publicao, v. Informativo 164). RE 168.110-DF, rel. Min. Moreira Alves, 4.4.2000.

    2.9. Bens Protegidos

    O art. 185 da CRFB elenca bens que no podem ser objeto de desapropriao

    para fins de reforma agrria.

    Art. 185. So insuscetveis de desapropriao para fins de reforma agrria:

    I - a pequena e mdia propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu

    proprietrio no possua outra;

    II - a propriedade produtiva.

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    Pargrafo nico. A lei garantir tratamento especial propriedade produtiva e

    fixar normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua funo social.

    a) A pequena e a mdia propriedade rural

    A pequena e a mdia propriedades no podem sofrer desapropriao para fins

    de reforma agrria, ainda que sejam improdutivas. O conceito de pequena e mdia

    propriedades est no art. 4, II e III da lei 8.629/93.

    Lei 8.629/93, Art. 4, II - Pequena Propriedade - o imvel rural: a) de rea

    compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) mdulos fiscais;

    III - Mdia Propriedade - o imvel rural: a) de rea superior a 4 (quatro) e at 15

    (quinze) mdulos fiscais; Pargrafo nico. So insuscetveis de desapropriao

    para fins de reforma agrria a pequena e a mdia propriedade rural, desde que o

    seu proprietrio no possua outra propriedade rural.

    A prova acerca do tamanho da propriedade, isto , se pequena ou mdia

    nus do INCRA, por ser este o titular do Sistema Nacional de Cadastro de Imveis

    Rurais.

    Veja-se o seguinte julgado do STF.

    STF, MS 22.022

    PARA EFEITO DE REFORMA AGRARIA, A MEDIA PROPRIEDADE RURAL, AINDA QUE

    IMPRODUTIVA, CONSTITUI BEM OBJETIVAMENTE IMUNE A AO

    EXPROPRIATORIA DA UNIO FEDERAL, DESDE QUE O SEU TITULAR NO POSSUA

    OUTRO IMVEL RURAL (CF, ART. 185, I, C/C LEI N. 8.629/93, ART. 4., PARAGRAFO

    NICO). UNITITULARIDADE DOMINIAL: CONDIO NO SATISFEITA PELOS

    IMPETRANTES. - A PROPRIEDADE PRODUTIVA INDEPENDENTEMENTE DE SUA

    EXTENSAO TERRITORIAL E DA CIRCUNSTANCIA DE O SEU TITULAR SER, OU NO,

    PROPRIETARIO DE OUTRO IMVEL RURAL, REVELA-SE INTANGIVEL A AO

    EXPROPRIATORIA DO PODER PBLICO EM TEMA DE REFORMA AGRARIA (CF, ART.

    185, II), DESDE QUE COMPROVADO, DE MODO INQUESTIONAVEL, PELO

    IMPETRANTE, O GRAU ADEQUADO E SUFICENTE DE PRODUTIVIDADE FUNDIARIA.

    b) Propriedade produtiva

    A propriedade produtiva pode ser, porm, desapropriada por interesse social,

    mediante o pagamento em dinheiro. O conceito de propriedade produtiva est

    previsto no supracitado art. 6 da lei 8.629/93.

    Desse modo, a propriedade considerada produtiva quando atinge

    simultaneamente o GUT e o GEE.

    - Grau de utilizao da terra (GUT): 80%. Leva em conta a rea aproveitvel da

    terra. Excluem-se APAs, APPs, reas alagadias, etc.

    - Grau de eficincia na explorao (GEE): 100%.

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    2 Horrio

    2.10. Poltica agrcola

    Veja-se o art. 187 CRFB.

    Art. 187. A poltica agrcola ser planejada e executada na forma da lei, com a

    participao efetiva do setor de produo, envolvendo produtores e trabalhadores

    rurais, bem como dos setores de comercializao, de armazenamento e de

    transportes, levando em conta, especialmente:

    I - os instrumentos creditcios e fiscais;

    II - os preos compatveis com os custos de produo e a garantia de

    comercializao;

    III - o incentivo pesquisa e tecnologia;

    IV - a assistncia tcnica e extenso rural;

    V - o seguro agrcola;

    VI - o cooperativismo;

    VII - a eletrificao rural e irrigao;

    VIII - a habitao para o trabalhador rural.

    1 - Incluem-se no planejamento agrcola as atividades agro-industriais,

    agropecurias, pesqueiras e florestais.

    2 - Sero compatibilizadas as aes de poltica agrcola e de reforma agrria.

    Veja-se o art. 188 CRFB/88.

    Art. 188. A destinao de terras pblicas e devolutas ser compatibilizada com a

    poltica agrcola e com o plano nacional de reforma agrria.

    1 - A alienao ou a concesso, a qualquer ttulo, de terras pblicas com rea

    superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa fsica ou jurdica, ainda que por

    interposta pessoa, depender de prvia aprovao do Congresso Nacional.

    2 - Excetuam-se do disposto no pargrafo anterior as alienaes ou as

    concesses de terras pblicas para fins de reforma agrria.

    A concesso tem duas espcies: natureza pessoal e de natureza real. A lei

    11.284/06 criou uma nova modalidade de concesso, que a concesso de florestas

    pblicas a particulares, para evitar o desmatamento irregular. Esta concesso

    independe de aprovao do Congresso Nacional. A tese da AGU que esta espcie de

    concesso de natureza pessoal e por isto no precisa da aprovao do Congresso

    Nacional. J a concesso prevista no art.188, 1 CRFB de natureza real e as

    concesses desta natureza dependem de aprovao do Congresso Nacional.

    2.11. Beneficirios

    Veja-se o art.189 CRFB/88.

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    Art. 189. Os beneficirios da distribuio de imveis rurais pela reforma agrria

    recebero ttulos de domnio ou de concesso de uso, inegociveis pelo prazo de

    dez anos.

    Pargrafo nico. O ttulo de domnio e a concesso de uso sero conferidos ao

    homem ou mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos

    e condies previstos em lei.

    Os beneficirios da desapropriao para fins de reforma agrria so os sem-

    terras. Estes no podero durante 10 anos ceder o domnio ou o uso da propriedade, a

    qualquer ttulo. Se vierem a arrendar, por exemplo, pode o INCRA ajuizar ao de

    reintegrao de posse. O objetivo dessa limitao evitar fraudes atravs do uso

    desses ttulos. Esta concesso de uso est sujeita a condies resolutivas, so

    inegociveis e o uso personalssimo pela famlia.

    O art. 190 da CRFB prev a possibilidade de utilizao de imvel rural por

    pessoa fsica ou pessoa jurdica estrangeira. A Lei 5.709/71 traz essa regulamentao.

    Art. 190. A lei regular e limitar a aquisio ou o arrendamento de propriedade

    rural por pessoa fsica ou jurdica estrangeira e estabelecer os casos que

    dependero de autorizao do Congresso Nacional.

    2.12. Interveno Obrigatria do MP

    O art. 18, 2 da LC 76/93 prev a obrigatoriedade de interveno do MP nas

    aes de desapropriao para fins de reforma agrria.

    Art. 18. As aes concernentes desapropriao de imvel rural, por interesse

    social, para fins de reforma agrria, tm carter preferencial e prejudicial em

    relao a outras aes referentes ao imvel expropriando, e independem do

    pagamento de preparo ou de emolumentos.

    1 Qualquer ao que tenha por objeto o bem expropriando ser distribuda, por

    dependncia, Vara Federal onde tiver curso a ao de desapropriao,

    determinando-se a pronta interveno da Unio.

    2 O Ministrio Pblico Federal intervir, obrigatoriamente, aps a

    manifestao das partes, antes de cada deciso manifestada no processo, em

    qualquer instncia.

    No existe essa mesma previso nas outras normas a respeito de

    desapropriao (Decreto-Lei 3.365/41 e lei 4.132/62 que trata da desapropriao por

    interesse social). A falta de intimao do Ministrio Pblico originou duas correntes

    uma que alega se tratar de nulidade absoluta e outra de nulidade relativa.

    A doutrina minoritria sustenta que a no interveno do Ministrio Pblico

    acarreta nulidade absoluta (presuno de prejuzo). Veja-se o seguinte julgado do STJ.

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    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAO DE IMVEL RURAL, POR INTERESSE SOCIAL,

    PARA FINS DE REFORMA AGRRIA. INTERVENO DO MINISTRIO PBLICO

    FEDERAL. OBRIGATRIA (LC 76/93, ART. 18, 2; ART. 246, PARGRAFO NICO,

    DO CPC). NULIDADE DO PROCESSO A QUE FALTE A PARTICIPAO DO MPF, NA

    VIGNCIA DA LC 76/93. 1. A partir da vigncia da LC 76/93, obrigatria a

    interveno do Ministrio Pblico Federal, nos processos de desapropriao de

    imvel rural, por interesse social. 2. nulo o processo em que falte dita

    interveno, por ausncia de intimao vlida do MPF (Art. 246, 2, do CPC).

    (REsp 421318/PR, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA

    TURMA, julgado em 17/06/2003, DJ 04/08/2003, p. 227)

    A corrente que prevalece a que defende que a ausncia de interveno s

    gera nulidade se comprovado o prejuzo pela parte que alega o vcio. Trata-se,

    portanto, de causa de nulidade relativa. Veja-se o seguinte julgado do STJ.

    ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AO DE DESAPROPRIAO PARA FINS DE

    REFORMA AGRRIA. ARGIO DE NULIDADE PROCESSUAL PELA AUSNCIA DO

    MINISTRIO PBLICO EM PRIMEIRA INSTNCIA. MANIFESTAO EM SEGUNDO

    GRAU DE JURISDIO. AUSNCIA DE PREJUZOS. NULIDADE AFASTADA. 1. No

    importa nulidade, em ao de desapropriao para fins de reforma agrria, a falta

    de participao do Ministrio Pblico na primeira instncia se no h prejuzo a

    qualquer das partes. Precedentes: AGREsp 209.804/SP, Rel. Min. Castro Meira, DJ

    30.06.2004; REsp 549707/CE, 2 T., Min. Franciulli Netto DJ de 09.05.2005; REsp

    271680/CE, 1 T., Min. Jos Delgado, DJ de 09.04.2001; REsp 604264/RN, 2 T.,

    Min. Castro Meira, DJ de 01.02.2006; REsp 788683/SP, 2 T., Min. Castro Meira, DJ

    de 30.03.2006; REsp 651917/CE, 2 T., Min. Joo Otvio de Noronha, DJ de

    31.08.2006. 2. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 780935/RJ, Rel.

    Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/03/2007, DJ

    12/04/2007, p. 220)

    2.13. Fase Judicial da Desapropriao: LC 76/93

    A desapropriao realizada em duas fases: uma administrativa e uma judicial.

    O processo administrativo tem a finalidade de aquilatar se a propriedade est

    ou no cumprindo sua funo social, atravs da elaborao de um laudo de

    produtividade. Se no houver, junto com esse, pode ser elaborado um laudo de

    avaliao do bem.

    O laudo de avaliao pode ser produzido tanto na fase administrativa quanto

    na via judicial, aps o Decreto do Presidente da Repblica. Esse Decreto encerra a fase

    administrativa, basicamente homologando esse procedimento.

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    No chegando a um acordo proprietrio e INCRA, resta a essa autarquia ajuizar

    ao de desapropriao para fins de reforma agrria, na qual ficar como autor

    expropriante e o proprietrio da fazenda improdutiva ser o ru expropriado.

    O art. 18, 2, da LC 76/93 trata da interveno obrigatria do MP no processo

    de desapropriao para fins de reforma agrria.

    Recurso contra deciso final do processo administrativo no suspende o

    Decreto expropriatrio. Na hiptese, aplica-se subsidiariamente a lei 9.784/99,

    segundo a qual os recursos administrativos no tm efeito suspensivo.

    LC 76/93, Art. 2 A desapropriao de que trata esta lei Complementar de

    competncia privativa da Unio e ser precedida de decreto declarando o imvel

    de interesse social, para fins de reforma agrria.

    1 A ao de desapropriao, proposta pelo rgo federal executor da reforma

    agrria, ser processada e julgada pelo juiz federal competente, inclusive durante

    as frias forenses.

    2 Declarado o interesse social, para fins de reforma agrria, fica o expropriante

    legitimado a promover a vistoria e a avaliao do imvel, inclusive com o auxlio

    de fora policial, mediante prvia autorizao do juiz, responsabilizando-se por

    eventuais perdas e danos que seus agentes vierem a causar, sem prejuzo das

    sanes penais cabveis

    O interesse social declarado pelo Decreto, aps o processo administrativo do

    INCRA. O laudo de avaliao tambm pode ser feito concomitantemente com o

    processo administrativo.

    Naturalmente, para que o INCRA possa ingressar no imvel, para promover a

    vistoria e a avaliao, h necessidade de prvia autorizao do juiz (art. 5, XI da CRFB).

    CRFB, Art. 5, XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo

    penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou

    desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial;

    2.13.1. Caducidade

    o lapso temporal que obrigatrio a propositura da ao judicial sob pena de

    caducidade dos efeitos da desapropriao, podendo ser renovado aps 1 ano.

    LC 76/93 Art. 3 A ao de desapropriao dever ser proposta dentro do prazo de

    dois anos, contado da publicao do decreto declaratrio.

    de dois anos a contar do decreto declaratrio o prazo de caducidade para a

    propositura da ao.

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    A caducidade no pode ser alegada em contestao, na qual s se pode discutir

    vcios formais e valor (art. 9 da LC 76/93 e art. 20 do DL 3.365/41).

    LC 76/93, Art. 9 A contestao deve ser oferecida no prazo de quinze dias e versar

    matria de interesse da defesa, excluda a apreciao quanto ao interesse social

    declarado.

    DL 3.395/41, Art. 20. A contestao s poder versar sobre vcio do processo

    judicial ou impugnao do preo; qualquer outra questo dever ser decidida por

    ao direta.

    Sendo assim, deve ser objeto de ao autnoma, que no ser distribuda por

    dependncia. Somente sero distribudas por dependncia aes de natureza real.

    Aes declaratrias de produtividade, alegando caducidade ou alegando vcios formais

    processuais, no o sero, por serem aes pessoais.

    2.13.2. Direito de Extenso

    Art. 4 Intentada a desapropriao parcial, o proprietrio poder requerer, na

    contestao, a desapropriao de todo o imvel, quando a rea remanescente

    ficar:

    I - reduzida a superfcie inferior da pequena propriedade rural; ou

    II - prejudicada substancialmente em suas condies de explorao econmica,

    caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada.

    Pode o proprietrio pedir, em contestao, que a rea desapropriada seja

    aumentada, com a comprovao do esvaziamento econmico do restante da terra.

    O direito de extenso (previsto exclusivamente neste dispositivo legal) a nica

    exceo de matria que pode ser discutida na ao principal, alm dos vcios formais e

    do valor. Ele ser cabvel sempre que a desapropriao for parcial.

    2.13.3. Requisitos da Petio Inicial

    Alm dos requisitos comuns, previstos no CPC, deve a petio inicial, nesse

    caso, observar os requisitos especficos que esto elencados no art. 5 LC 76/93. A

    falta destes documentos pode ser alegada em sede de contestao como vcio formal,

    por falta de cumprimento requisito da petio inicial.

    LC 76/93, Art. 5 A petio inicial, alm dos requisitos previstos no Cdigo de

    Processo Civil, conter a oferta do preo e ser instruda com os seguintes

    documentos:

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    I - texto do decreto declaratrio de interesse social para fins de reforma agrria,

    publicado no Dirio Oficial da Unio;

    II - certides atualizadas de domnio e de nus real do imvel;

    III - documento cadastral do imvel;

    IV - laudo de vistoria e avaliao administrativa, que conter, necessariamente:

    a) descrio do imvel, por meio de suas plantas geral e de situao, e memorial

    descritivo da rea objeto da ao;

    b) relao das benfeitorias teis, necessrias e volupturias, das culturas e pastos

    naturais e artificiais, da cobertura florestal, seja natural ou decorrente de

    florestamento ou reflorestamento, e dos semoventes;

    c) discriminadamente, os valores de avaliao da terra nua e das benfeitorias

    indenizveis.

    V - comprovante de lanamento dos Ttulos da Dvida Agrria correspondente ao

    valor ofertado para pagamento de terra nua;

    VI - comprovante de depsito em banco oficial, ou outro estabelecimento no caso

    de inexistncia de agncia na localidade, disposio do juzo, correspondente ao

    valor ofertado para pagamento das benfeitorias teis e necessrias.

    Vejam-se ainda o artigo 6 da LC 76/93.

    Art. 6 O juiz, ao despachar a petio inicial, de plano ou no prazo mximo de

    quarenta e oito horas:

    I - mandar imitir o autor na posse do imvel; (Redao dada pela Lei

    Complementar n 88, de 1996).

    II - determinar a cit