direito processual do trabalho material 07 (lÁzaro luiz...
TRANSCRIPT
1
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO – material 07
(LÁZARO LUIZ MENDONÇA BORGES)
11.2.3. Respostas do Reclamado.
São três as modalidades de resposta do réu: contestação, exceção e reconvenção. As duas
primeiras são consideradas defesa; a última não constitui exatamente defesa, mas ação do réu
em face do autor dentro do mesmo processo em que aquele é demandado.
Conforme já visto, não havendo conciliação, o reclamado deverá apresentar defesa escrita ou
oral (tempo máximo de 20 minutos). Havendo litisconsorte, cada um terá 20 minutos para
formular a defesa.
A CLT somente faz previsão expressa da ‘defesa’, embora no sentido de contestação, e duas
modalidades de exceção: a de “foro” e a de suspeição. Não faz menção à reconvenção nem à
exceção de impedimento. Entretanto, não há dúvidas de que são cabíveis no processo
trabalhista. O reclamado poderá, na audiência para a qual foi notificado, apresentar,
simultaneamente, contestação, exceção e reconvenção, ou mesmo oferecer uma ou duas
espécies de resposta, ou mesmo nenhuma.
11.2.3.1. Contestação:
É a modalidade mais usual. Nela, o reclamado se insurge contra os pedidos formulados na
peça de ingresso, e também concernente à própria relação processual, competindo-lhe alegar
toda matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do
autor e especificando as provas que pretende produzir (art. 300, do CPC). Ressalta-se a
desnecessidade de “especificação das provas”, pois elas serão produzidas em audiência.
A contestação pode envolver preliminares – defesa processual ou defesa indireta (artigo 301
do CPC), prejudiciais de mérito (exemplos: prescrição, decadência, acordo na Comissão de
Conciliação Prévia) e o mérito propriamente dito.
2
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (Redação
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - inexistência ou nulidade da citação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - incompetência absoluta; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - inépcia da petição inicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - perempção; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - litispendência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VI - coisa julgada; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VII - conexão; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
X - carência de ação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
(Incluído pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa
de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não
caiba recurso. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Algumas preliminares não são compatíveis com o processo do trabalho, como, por exemplo, a
convenção de arbitragem (inciso IX), por ser inaplicável nas ações individuais oriundas da
relação de emprego (porém, aceita em direito coletivo), haja vista a prevalência do princípio da
irrenunciabilidade; e a perempção (inciso IV), que é prevista no art. 268, parágrafo único, do
CPC. Os artigos 731 e 732, da CLT referem-se à “perempção trabalhista”. Em lides
trabalhistas também não teria lugar a falta de caução (inciso XI).
Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal,
não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta
3
ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de
6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por 2
(duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.
Parte da doutrina entende que as penas previstas nos artigos 731 e 732, da CLT contam-se a
partir do trânsito em julgado da 2ª ação arquivada. A prescrição, todavia, continua correndo.
Essa penalidade é aplicada inclusive quando se tratar de pedidos distintos entre as ações, do
que se depreende que, dentro do prazo prescricional (02 anos após a extinção do contrato), o
reclamante poderá intentar mais de 03 ações, enquanto que no processo civil isso não é
permitido.
Incompetência absoluta deve ser alegada em preliminar, não obstante, por se tratar de matéria
de ordem pública, poder ser levantada a qualquer tempo ou grau de jurisdição, conforme
leitura do artigo 113 do CPC.
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser
alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de
exceção.
§ 1o Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira
oportunidade em que lhe couber falar nos autos, a parte responderá
integralmente pelas custas.
§ 2o Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão
nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.
No tocante à carência de ação, ou alegação de ilegitimidade de parte (naqueles casos de
negativa de vínculo de emprego), o juiz decidirá pela improcedência do pedido e não pela
ilegitimidade de parte, pois as condições da ação, no processo do trabalho, devem ser
analisadas de forma abstrata.
Superadas as preliminares, passa-se ao exame das prejudiciais de mérito, consistindo em
matérias que, embora não sejam preliminares, impedem a análise do mérito propriamente dito,
conforme exemplos acima citados. Na prática, porém, nada impede de que tais “prejudiciais”
sejam abordadas no próprio mérito.
4
Em relação ao mérito, o reclamado deve apresentar defesa direta (contestando os pedidos,
negando os fatos constitutivos indicados pelo reclamante) e , se for o caso, defesa indireta, que
cuida de fatos modificativos, impeditivos e extintivos dos direitos alegados pelo autor. Um
bom exemplo é o que trata do pedido de equiparação salarial, em que o reclamado pode
contestar informando um dos elementos que impedem a concessão do pedido (quadro de
carreira, diferença de perfeição técnica, readaptação do paradigma etc.).
Sobre compensação, verificar o teor das SÚMULAS 48 e 18 (exemplo: compensação do
valor de aviso prévio não cumprido com horas extras deferidas em sentença), do TST.
Contudo, há quem aceite a compensação de verbas trabalhistas com o empréstimo feito pelo
empregador em benefício do empregado (que é dívida de natureza civil).
SÚMULA 48. COMPENSAÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
A compensação só poderá ser arguida com a contestação.
SÚMULA 18. COMPENSAÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza
trabalhista.
Não confundir compensação com dedução, que é o desconto que deve ser imposto em
virtude de quitação parcial de determinada parcela por parte do reclamado. Exemplo: no caso
de deferimento de horas extras, pede-se a dedução das verbas que já foram pagas sob o
mesmo título.
Na compensação, há crédito recíproco; na dedução, não.
11.2.3.2. Exceção:
Nosso direito contempla três tipos de exceção: incompetência relativa, suspeição (artigo 799,
da CLT) e impedimento (esta última não consta na CLT, aplicando-se subsidiariamente
os artigos 134 e 135 do CPC), pois inegável a possibilidade de tal expediente.
5
Verificar artigos 799 a 801 da CLT.
Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser
opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)
§ 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto
a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as
partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 8.737, de 19.1.1946)
Art. 800 - Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos
ao exceto, por 24 (vinte e quatro) horas improrrogáveis, devendo a decisão ser
proferida na primeira audiência ou sessão que se seguir.
Art. 801 - O juiz, presidente ou vogal, é obrigado a dar-se por suspeito, e pode
ser recusado, por algum dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos
litigantes:
a) inimizade pessoal;
b) amizade íntima;
c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.
Parágrafo único - Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição,
salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do
processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a
conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente,
se procurou de propósito o motivo de que ela se originou.
A exceção de incompetência deve ser arguida no momento de apresentação da defesa, sob
pena de preclusão e a consequente prorrogação da competência. O procedimento respectivo
está regulado no artigo 800 da CLT.
Reconhecida a exceção de incompetência, com a remessa dos autos ao juízo competente,
caberá a interposição de recurso caso o feito seja remetido a outro Tribunal Regional,
conforme se depreende da SÚMULA 214, do TST.
6
O procedimento da exceção de suspeição (e de impedimento) tem regramento no art. 802, §§
1º e 2º, CLT.
11.2.3.3. Reconvenção:
É uma ação incidental movida pelo reclamado, chamado reconvinte, em relação ao
reclamante, chamado então de reconvindo, de perfeita aplicação e aceitação no processo do
trabalho. Muito comum quando a empresa ajuíza ação de consignação em pagamento sob o
fundamento de recusa do trabalhador em receber o acerto rescisório ou por ter sido
dispensado por justa causa e este apresenta reconvenção, requerendo a reversão da dispensa
para sem justa causa e pleiteando outros direitos.
O momento oportuno de apresentar a reconvenção é junto com a defesa, caso em que o
reconvindo terá prazo para apresentar defesa (mínimo de 05 dias). Há divergência sobre a
possibilidade de reconvenção nos procedimentos sumário e sumaríssimo. Os que não
admitem reconhecem a possibilidade de pedido contraposto na própria contestação.
Inaplicável a reconvenção no processo de execução, por não existir sentença de
conhecimento, e pelo que dispõe o art. 16, § 3º da Lei de Execução Fiscal (“não será admitida
reconvenção, nem compensação, e as exceções, salvo as de suspeição, incompetência e
impedimentos, serão arguidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os
embargos”).
Se a parte desistir da ação, ou se esta for extinta por algum motivo, a reconvenção terá
seguimento normal, conforme previsão no art. 317, do CPC.
11.3. Procedimento sumaríssimo (artigos 852-A e seguintes da CLT):
O procedimento sumaríssimo deverá ser observado nos dissídios individuais cujo valor da
causa não ultrapasse 40 salários mínimos vigentes na data do ajuizamento da ação,
conforme leitura do art. 852-A da CLT. Não se aplica tal procedimento em dissídios coletivos.
7
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos
ao procedimento sumaríssimo. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas
em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
O procedimento em comento poderá ser aplicado em reclamatórias plúrimas, desde que o
valor total dos pedidos para todos os reclamantes não exceda o limite previsto no art. 852-A
da CLT.
O referido procedimento não pode ser adotado nas demandas em que seja parte a
Administração direta, autárquica e fundacional.
O pedido deverá ser certo e determinado, inobstante na lei constar “ou”, e deverá indicar o
valor correspondente.
Não cabe citação por edital. É obrigação da parte autora a indicação correta do nome e
endereço do reclamado.
As ações inseridas nesse procedimento deverão ser instruídas e julgadas em uma única
audiência (852-C), não comportando, em tese, o “fracionamento” adotado no procedimento
ordinário, sendo que a apreciação da reclamação terá que ocorrer no prazo máximo de 15 dias.
Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas
em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá
ser convocado para atuar simultaneamente com o titular. (Incluído pela Lei nº
9.957, de 12.1.2000)
Se o pedido não for liquidado ou não forem indicados o nome e o endereço corretos do
reclamado, a reclamação será arquivada e o reclamante será condenado ao pagamento de
custas, calculadas sobre o valor da causa (852-B, § 1º). Não é possível emendar a inicial.
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
8
I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do
nome e endereço do reclamado; (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze
dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de
acordo com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste
artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de
custas sobre o valor da causa. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço
ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao
local anteriormente indicado, na ausência de comunicação. (Incluído pela Lei
nº 9.957, de 12.1.2000)
Diferente do previsto para o procedimento ordinário, não haverá no procedimento
sumaríssimo a obrigatoriedade das duas propostas de conciliação. O juiz apenas esclarece as
partes sobre as vantagens da conciliação.
As provas serão produzidas na audiência de instrução, ainda que não requeridas previamente
(852-H, caput).
Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, ainda que não requeridas previamente. (Incluído pela Lei nº 9.957,
de 12.1.2000)
§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á
imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta
impossibilidade, a critério do juiz. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à
audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação. (Incluído
pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente
convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o
juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva. (Incluído pela Lei nº
9.957, de 12.1.2000)
9
§ 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será
deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto
da perícia e nomear perito. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 5º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum
de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo
dar-se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos
autos pelo juiz da causa. (Incluído pela Lei nº 9.957, de 12.1.2000)
Cada parte poderá conduzir no máximo 02 testemunhas, independentemente de intimação. A
intimação somente será deferida em caso de testemunha comprovadamente convidada (carta-
convite assinada, carta ou telegrama com aviso de recebimento, notificação extrajudicial).
Havendo necessidade de prova técnica, cabe ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da
perícia e nomear perito, sendo que as partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no
prazo comum de cinco dias.
Havendo interrupção da audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão
no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz.
O relatório não é exigido na sentença, sendo facultativo ao juiz fazê-lo.
Em caso de recurso ordinário, observar o que preceitua o artigo 895, § 1º, II, III e IV e § 2º da
CLT.
Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior:
(...)
§ 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso
ordinário: (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
I - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o
relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou
Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
10
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão
de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a
indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do
voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
(Incluído pela Lei nº 9.957, de 2000)
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma
para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas
nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. (Incluído pela Lei nº
9.957, de 2000)
Em caso de recurso de revista, observar o que preceitua o artigo 896, § 9º, CLT.
Art. 896. (...)
§ 9o Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido
recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do
Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal
Federal e por violação direta da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº
13.015, de 2014)
11.4. Procedimento sumário (art. 2º, §§ 3º e 4º da Lei 5.584/70):
Aplicado nas causas em que o valor não exceda a 02 salários mínimos. É também conhecido
por dissídio de alçada
Não cabe recurso das sentenças proferidas nesse procedimento, exceto se versarem sobre
matéria constitucional.
Discute-se na doutrina se o procedimento sumaríssimo revogou o procedimento em comento.
O entendimento predominante é no sentido de que não houve revogação, mas a tramitação
seguirá a forma do sumaríssimo, havendo diferenciação somente quanto à interposição de
11
recurso. Por outro lado, há quem entenda que o procedimento sumaríssimo “absorveu” o
procedimento sumário, defendendo a possibilidade de interposição de recurso.
Art 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acordo,
o Presidente, da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á
o valor para a determinação da alçada, se este for indeterminado no pedido.
§ 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer das partes,
impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir revisão da decisão, no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional.
§ 2º O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo deverá ser instruído
com a petição inicial e a Ata da Audiência, em cópia autenticada pela Secretaria
da Junta, e será julgado em 48 (quarenta e oito) horas, a partir do seu
recebimento pelo Presidente do Tribunal Regional.
§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma deste artigo, não exceder de 2
(duas) vezes o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o
resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à
matéria de fato.
§ 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá
das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo
anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do
ajuizamento da ação. (Redação dada pela Lei nº 7.402, de 1985)
11.5. Procedimento ordinário:
Quando a demanda não se sujeitar ao procedimento sumário ou sumaríssimo, seguir-se-á o
procedimento ordinário. Nesse caso, os pedidos não precisam ter indicação do valor
correspondente. Porém, não é aconselhável tal prática.
Caberá citação por edital.
Os entes públicos poderão ser partes no rito em comento.
Cada parte poderá levar até 03 testemunhas.
12
No inquérito judicial para apuração de falta grave de empregado estável (procedimento
especial), o número de testemunhas sobe para 06 a cada parte.
Na sentença, o relatório é indispensável.
11.6. Instrução:
Trata-se do momento em que as partes poderão produzir as provas, ou seja, a oportunidade
que reclamante e reclamado têm para demonstrar a veracidade de uma proposição ou a
existência de um fato. Prova é o meio lícito para demonstrar a veracidade ou não de
determinado fato com a finalidade de convencer o juiz acerca da sua existência ou inexistência
Alguns princípios norteiam a fase de produção das provas: contraditório (a parte deve
manifestar sobre qualquer documento apresentado pela outra, pode formular quesitos em caso
de perícia etc.); ampla defesa (sendo que a parte tem a igualdade de oportunidade de provar
suas alegações); oralidade (as provas devem ser realizadas, preferencialmente, na audiência de
instrução e julgamento, ou seja, oralmente e na presença do juiz); proibição da prova ilícita
(=lealdade da prova – previsão no art. 5º, LVI, Constituição Federal. Teoria dos frutos da
árvore envenenada – os demais atos processuais embasados em prova ilícita não se prestam
às consequências probatórias visadas pela parte); imediação (o juiz é quem tem a direção do
processo e principalmente das provas a serem produzidas pelas partes, lembrando que ele – o
juiz – é o destinatário da prova)
O brocardo in dubio pro misero (possibilidade de o juiz, em caso de dúvida razoável,
interpretar a prova em benefício do empregado) é recebido de forma atenuada pela Justiça do
Trabalho. Decide-se em desfavor daquele que detinha o ônus de produzir a prova e não se
desincumbiu a contento.
11.7. Ônus e objeto da prova:
O artigo 818 da CLT preceitua que “a prova das alegações incumbe à parte que as fizer”. Tal
preceito deve ser verificado junto com o preceituado no artigo 333 do CPC, ou seja, cabe ao
autor (reclamante) a demonstração dos fatos constitutivos do seu direito e ao réu (reclamado)
cabe a demonstração dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos.
13
É prescindível a prova em se tratando de (art. 334 do CPC):
- fatos notórios, ou seja, que são do conhecimento de todos;
- fatos afirmados por uma parte e confessados pela outra parte (exemplo:
reclamante alega um horário de trabalho na inicial, a empresa contesta, mas o admite em
depoimento pessoal, ou o preposto diz que “não sabe”);
- admitidos no processo como incontroversos (exemplo: a empresa
concorda com o horário alegado, ou sequer impugna na contestação);
- em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
(exemplo: o reclamante não precisa provar vício de vontade ao renunciar o direito a férias
anuais remuneradas, pois se presume legalmente que tal renúncia é viciada.
O juiz conhece o direito (iura novit curia). A parte, entretanto, deverá provar direito
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário (art. 337, do CPC). Especificamente, no
processo do trabalho, o juiz também pode determinar que a parte prove o teor e a vigência
não apenas das mencionadas espécies normativas como também dos acordos e convenções
coletivas, dos regulamentos empresariais e sentenças normativas.
Sobre ônus da prova, são pertinentes as súmulas abaixo:
SUM-6 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (redação do item
VI alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) Res.
185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
(...)
VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou
extintivo da equiparação salarial. (ex-Súmula nº 68 - RA 9/1977, DJ
11.02.1977)
SUM-16 NOTIFICAÇÃO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito) horas depois de sua
postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o decurso desse prazo
constitui ônus de prova do destinatário.
14
SUM-212 DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da
continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao
empregado.
SUM-338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA
(incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res.
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o
registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-
apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa
de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em
contrário. (ex-Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234
da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes
são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às
horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial
se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003)
SUM-443 DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO.
EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU
PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO - Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou
de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o
empregado tem direito à reintegração no emprego.
Caso o autor alegue ter sido empregado e o reclamado se defende dizendo que houve apenas
prestação de serviço não subordinado, ou que se tratava de representação comercial, é deste
(reclamado) o ônus da prova. Quando há total negativa de vínculo por parte do reclamado, o
ônus da prova é do reclamante.
15
Sobre valoração da prova, foram utilizados: a) sistema das ordálias (juízos de Deus) – a prova
fugia do controle do juiz. Este não julgava, apenas controlava a obediência do ritual. A pessoa
era submetida a determinada prova (ou ritual) e Deus não lhe permitiria nenhum mal caso
fosse inocente; b) sistema da prova legal ou positiva – cada prova tinha um valor rígido,
inflexível, tarifado. Nesse caso o juiz apenas quantificava a prova; c) sistema da livre convicção
ou convicção íntima – não era necessário que o juiz motivasse suas decisões, a prova não tinha
tanta importância; d) sistema da persuasão racional ou do livre convencimento motivado – ao
juiz é permitido apreciar livremente as provas, mas sua convicção deve ser formada com base
nas provas produzidas nos autos, ou seja, deve expor na sentença os motivos que lhe
formaram o convencimento. É este o sistema adotado no nosso Código de Processo Civil (art.
131, CPC).
11.8. Meios de prova:
Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no
CPC, são hábeis para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa (art. 332,
CPC).
11.8.1. Depoimento pessoal / interrogatório:
Consiste na oitiva da parte, que pode ser determinada de ofício pelo juiz ou requerida pela
parte contrária.
Diferenças entre depoimento pessoal e interrogatório:
Depoimento pessoal Interrogatório
- requerido pela parte - determinado de ofício pelo juiz
- busca a confissão da parte - visa obter certos esclarecimentos sobre os
fatos / busca da verdade real
- deve ser requerido em momento oportuno,
sob pena de preclusão / colhido em audiência
de instrução / precede a produção das demais
provas orais / é único
- pode ser determinado a qualquer tempo
pelo juiz, até o encerramento da instrução
16
Existe a possibilidade de reabertura da instrução para oitiva da parte se assim entender
necessário o juiz.
A ordem dos depoimentos será a indicada no art. 452, II, do CPC, ou seja, primeiro o
reclamante, depois o reclamado. O juiz poderá inverter a ordem, conforme o ônus da prova
(exemplo: quando o reclamado alega justa causa, o juiz poderá ouvi-lo primeiro).
11.8.2. Confissão (art. 348, CPC):
Há confissão quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e
favorável ao adversário.
A confissão pode ser: a) judicial – realizada no curso do processo; b) extrajudicial – realizada
fora do processo.
A confissão judicial pode ser (art. 349, CPC): a) espontânea – feita, em regra, por petição; b)
provocada – provém do depoimento pessoal da parte. Do depoimento, o juiz extrai a
confissão real, feita expressamente pela parte, ou seja, ele consegue extrair a verdade dos fatos
alegados pelos litigantes.
A respeito da confissão extrajudicial (art. 353, parágrafo único, CPC), entende-se não ser
aplicável no processo trabalhista, em se tratando de empregado, tendo em vista os princípios
da indisponibilidade e irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas.
A confissão ficta (presumida ou tácita), conforme já visto, ocorre quando a parte não
comparece à audiência em que deveria prestar seu depoimento pessoal, desde que
devidamente intimada para esse ato. Caso compareça e haja recusa ao depor, ou desconheça
os fatos, também haverá confissão ficta (art. 844, CLT; súmula 74, TST).
11.8.3. Documentos:
É o meio idôneo utilizado como prova material da existência de um fato, abrangendo não só
os escritos, mas também os gráficos, as fotografias, os desenhos etc. A CLT faz referência a
documentos nos seguintes artigos: 777, 780, 787 e 830.
17
Art. 777 - Os requerimentos e documentos apresentados, os atos e termos
processuais, as petições ou razões de recursos e quaisquer outros papéis
referentes aos feitos formarão os autos dos processos, os quais ficarão sob a
responsabilidade dos escrivães ou secretários. (Vide Leis nºs 409, de 1943 e
6.563, de 1978)
Art. 780 - Os documentos juntos aos autos poderão ser desentranhados somente
depois de findo o processo, ficando traslado.
Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde
logo acompanhada dos documentos em que se fundar.
Art. 830. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado
autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Redação
dada pela Lei nº 11.925, de 2009).
Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a
produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o
original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar
a conformidade entre esses documentos. (Incluído pela Lei nº 11.925, de 2009).
Somente podem ser comprovados mediante prova escrita:
- o pagamento de salários, valendo como recibo a cópia do comprovante de
depósito em conta bancária (art. 464, parágrafo único, CLT), exceto em relação ao empregado
doméstico, admitida nesse caso a prova testemunhal;
- acordo de prorrogação de jornada de trabalho (art. 59, CLT);
- acordo de compensação (art. 59, § 1º, CLT).
Art. 464 - O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado
pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital,
ou, não sendo esta possível, a seu rogo.
Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta
bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o
consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de
trabalho. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
18
Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito
entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho.
§ 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar,
obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será,
pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal.
As anotações feitas na CTPS são provas relativas em relação à pessoa do empregado (juris
tantum), admitindo-se contraprova (Súmula 12 do TST e Súmula 225 do STF). Em relação ao
empregador, a presunção é absoluta (juris et de jure).
SUM-12 CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado
não geram presunção "juris et de jure", mas apenas "juris tantum".
Súmula 225 (STF)
NÃO É ABSOLUTO O VALOR PROBATÓRIO DAS ANOTAÇÕES DA
CARTEIRA PROFISSIONAL.
Documentos comuns às partes (exemplo: convenção coletiva, acordo coletivo, sentença
normativa), juntados sem estarem autenticados, terão validade se não for impugnado pela
parte contrária. Verificar: OJ nº 36 da SDI-1, abaixo transcrita:
OJ-SDI1-36 INSTRUMENTO NORMATIVO. CÓPIA NÃO
AUTENTICADA. DOCUMENTO COMUM ÀS PARTES. VALIDADE
(título alterado e inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005
O instrumento normativo em cópia não autenticada possui valor probante, desde
que não haja impugnação ao seu conteúdo, eis que se trata de documento
comum às partes.
Os documentos podem ser públicos ou particulares. Os documentos públicos fazem prova de
sua formação, bem como dos atos ocorridos perante o oficial (art. 364, do CPC), mas a
presunção de veracidade não atinge o teor das declarações efetuadas pelo interessado no
19
documento público, ou seja, o conteúdo pode não ser verdadeiro, inobstante o documento
seja.
Sobre documentos digitalizados, observar o que preceitua o art. 365, V, VI, §§ 1º e
2º. CPC.
Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais:
(...)
V - os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde que
atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem
com o que consta na origem; (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou particular,
quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo
Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições
públicas em geral e por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação
motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de
digitalização. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
§ 1o Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no inciso VI do
caput deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do prazo
para interposição de ação rescisória. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou outro
documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar o seu
depósito em cartório ou secretaria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).
No que se refere ao momento da apresentação, a prova documental deve ser apresentada pelo
reclamante com a petição inicial e pelo reclamado, em audiência, quando da apresentação da
defesa. (artigos 787 e 845 da CLT; art. 396 do CPC):
Art. 787 - A reclamação escrita deverá ser formulada em 2 (duas) vias e desde
logo acompanhada dos documentos em que se fundar.
Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência
acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais
provas.
20
Art. 396. (CPC) Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a
resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.
O artigo 397 do CPC permite que as partes, a qualquer tempo (entenda-se: até o encerramento
da instrução e antes da sentença), juntem aos autos documentos novos, quando destinados a
fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram
produzidos nos autos. Verificar ainda a Súmula 8 do TST:
Art. 397. (CPC) É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos
documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois
dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
SUM-8 JUNTADA DE DOCUMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003
A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo
impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à
sentença.
A arguição de falsidade pode ser feita no processo do trabalho no mesmo prazo estipulado no
processo civil, ou seja, na apresentação da contestação ou em 10 dias contados da ciência da
juntada (art. 390, CPC). A parte dirigirá petição ao juiz arguindo de falso, expondo os motivos
em que se fundam a sua pretensão e os meios com que provará o alegado (art. 391, CPC) O
incidente corre nos próprios autos. O processo principal ficará suspenso (art. 394, CPC). A
parte que produziu o documento será intimada a responder em 10 dias e o juiz ordenará
exame pericial (art. 392. CPC).
Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de
jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento,
suscitá-lo na contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação da
sua juntada aos autos.
Art. 391. Quando o documento for oferecido antes de encerrada a instrução, a
parte o arguirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, expondo os
motivos em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado.
Art. 392. Intimada a parte, que produziu o documento, a responder no prazo de
10 (dez) dias, o juiz ordenará o exame pericial.
21
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial, se a parte, que produziu
o documento, concordar em retirá-lo e a parte contrária não se opuser ao
desentranhamento.
Art. 393. Depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade correrá em
apenso aos autos principais; no tribunal processar-se-á perante o relator,
observando-se o disposto no artigo antecedente.
Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o
processo principal.
Art. 395. A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou
autenticidade do documento.
Porém, se o documento for apresentado depois de encerrada a instrução, o incidente de
falsidade correrá em apenso aos autos principais (artigo 393 do CPC, acima transcrito). No
Tribunal, o incidente de falsidade será processado perante o relator e observará o preceituado
no artigo 392 do CPC, também já transcrito.
A decisão que resolver o incidente tem caráter de interlocutória, não sendo possível recorrer
de imediato.
11.8.4. Testemunhas:
Testemunha é um terceiro em relação à lide que vem prestar depoimento em juízo, por ter
conhecimento dos fatos narrados pelas partes.
Sergio Pinto Martins (30ª edição, p. 336) opina no sentido de que “a prova testemunhal é a pior
prova que existe, sendo considerada a prostituta das provas, justamente por ser a mais insegura.”. Observa o
renomado autor que, não raro, a testemunha não apreendeu corretamente os fatos, ou não os
reteve na memória, ou, ainda, é efetivamente parcial.
É admissível no processo trabalhista, sendo dispensável em matéria de direito ou quando a
prova for apenas objeto de perícia.
22
Os fatos já provados documentalmente ou confessados pela parte dispensam prova
testemunhal (art. 400, I, do CPC). Saliente-se, no que se refere a fatos provados por
documentos, a aplicação atenuada do referido dispositivo no processo trabalhista. Não se
aplica o disposto no art. 401 do CPC (admissão de prova exclusivamente testemunhal em
contratos cujo valor não exceda ao décuplo do maior salário vigente no país, no tempo da
celebração).
Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de
modo diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
I - já provados por documento ou confissão da parte;
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.
As testemunhas podem comparecer espontaneamente ou ser intimadas, conforme o
procedimento adotado, variando também em relação ao número que cada parte poderá
apresentar. Não custa lembrar, mais uma vez, de tal limite: procedimento ordinário – 03
testemunhas cada parte (art. 821, CLT); inquérito judicial para apuração de falta grave – 06
testemunhas cada parte (art. 821, CLT); procedimento sumaríssimo (art. 852-H, § 2º, CLT).
Esse limite não se aplica ao juiz (art. 418, I, CPC).
Caso a testemunha não compareça, aplica-se o disposto no art. 825, parágrafo único, da CLT:
Art. 825 - As testemunhas comparecerão a audiência independentemente de
notificação ou intimação.
Parágrafo único - As que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das
penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação.
Não podem ser ouvidos como testemunhas os incapazes, os impedidos e os suspeitos (art.
405, §§ 1º, 2º e 3º, do CPC). Eles poderão ser ouvidos, contudo, na qualidade de informantes.
Segundo a SÚMULA 357, do TST, não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar
litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador:
23
SUM-357 TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA RECLAMADA.
SUSPEIÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter
litigado contra o mesmo empregador.
Caso o juiz da causa seja arrolado como testemunha, observar o disposto no artigo 409 do
CPC:
Art. 409. Quando for arrolado como testemunha o juiz da causa, este:
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos, que possam influir na
decisão; caso em que será defeso à parte, que o incluiu no rol, desistir de seu
depoimento;
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
A parte poderá contraditar a testemunha (imputar-lhe incapacidade, impedimento, ou, mais
comum, suspeição), após a qualificação e antes do compromisso, sob pena de preclusão. Se
necessário, faz-se a instrução da contradita através de testemunhas ou documentos (art. 414, §
1º, CPC e 828 da CLT). Uma vez compromissada, em caso de afirmação falsa, a testemunha
estará cometendo crime.
Art. 414 (CPC). Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o
nome por inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem
relações de parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo.
§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o
impedimento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que lhe são
imputados, a parte poderá provar a contradita com documentos ou com
testemunhas, até três, apresentada no ato e inquiridas em separado. Sendo
provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a testemunha, ou lhe tomará
o depoimento, observando o disposto no art. 405, § 4o.
§ 2o A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os
motivos de que trata o art. 406; ouvidas as partes, o juiz decidirá de plano.
Art. 406 (CPC). A testemunha não é obrigada a depor de fatos:
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes
consanguíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
24
Art. 828 (CLT) - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será
qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita,
em caso de falsidade, às leis penais.
Parágrafo único - Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por
ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim
designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e pelos
depoentes.
Verificar também os artigos 822, 823 e 824 da CLT:
Art. 822 - As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas ao
serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente
arroladas ou convocadas.
Art. 823 - Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em
hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à
audiência marcada.
Art. 824 - O juiz ou presidente providenciará para que o depoimento de uma
testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham de depor no processo.
11.8.5. Perícia:
A prova pericial será necessária se o fato depender de conhecimento especial técnico ou
científico (artigo 145 do CPC):
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou
científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.
A prova pericial pode consistir em exame, vistoria ou avaliação (artigo 420 do CPC):
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
25
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
Nas ações em que há pedido de adicional de insalubridade ou periculosidade, o juiz deverá
designar perito, ainda que ausente o reclamado (art. 195, § 2º, da CLT). Se o local de trabalho
estiver desativado, o julgador poderá utilizar-se de outros meios de prova (OJ 278, do TST),
por exemplo, prova emprestada ou prova testemunhal:
Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da
periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através
de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho,
registrados no Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977)
(...)
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado,
seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito
habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao
órgão competente do Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.514,
de 22.12.1977)
OJ-SDI1-278 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PERÍCIA. LOCAL
DE TRABALHO DESATIVADO (DJ 11.08.2003)
A realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade.
Quando não for possível sua realização, como em caso de fechamento da
empresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova.
Há ainda outros tipos de perícia: contábil, grafotécnica ou médica, esta última principalmente
para apuração de nexo de causalidade entre as lesões do trabalhador e as atividades
desenvolvidas na empresa, ou o acidente de trabalho, bem como apuração do grau de
incapacidade laboral do indivíduo.
O art. 420, parágrafo único, CPC (já transcrito acima), preceitua que o juiz indeferirá a perícia
quando: a) a prova do fato não depender de conhecimento especial ou técnico; b) for
desnecessária em vista de outras provas produzidas; c) a verificação for impraticável.
26
O juiz estipulará prazo para apresentação do laudo pericial (artigo 421 do CPC). As partes
terão 05 dias para apresentação de quesitos e indicação de assistente técnico.
Os laudos dos assistentes técnicos deverão ser apresentados no mesmo prazo assinado para o
perito, sob pena de desentranhamento (art. 3, parágrafo único, Lei 5.584/1970):
Art. 3º Os exames periciais serão realizados por perito único designado pelo
Juiz, que fixará o prazo para entrega do laudo.
Parágrafo único. Permitir-se-á a cada parte a indicação de um assistente, cujo
laudo terá que ser apresentado no mesmo prazo assinado para o perito, sob pena
de ser desentranhado dos autos.
Ainda sobre tal tema verificar OJ 165, SDI-1 e Súmula 293, do TST:
OJ-SDI1-165 PERÍCIA. ENGENHEIRO OU MÉDICO. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE. VÁLIDO. ART. 195 DA CLT
(inserida em 26.03.1999)
O art. 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro
para efeito de caracterização e classificação da insalubridade e periculosidade,
bastando para a elaboração do laudo seja o profissional devidamente
qualificado.
SUM-293 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR.
AGENTE NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIAL (mantida) -
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas,
considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o
pedido de adicional de insalubridade.
O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos (artigo 436 do CPC).
Os honorários periciais deverão ser arcados pela parte sucumbente no objeto da perícia, salvo
se beneficiário da justiça gratuita (artigo 790-B, CLT); os dos assistentes técnicos ficarão a
cargo das respectivas partes que os indicaram (súmula 341 do TST):
27
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da
parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária de justiça
gratuita. (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
SUM-341 HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A indicação do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder
pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia.
11.8.6. Inspeção judicial (artigos 440 a 443 do CPC):
A CLT é omissa no tocante à inspeção judicial. Aplica-se o disposto no Código de Processo
Civil (artigos 440 a 443):
Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase
do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato,
que interesse à decisão da causa.
Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou
mais peritos.
Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que
deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou
graves dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando
esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.
Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado,
mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou
fotografia. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
28
12. Sentença:
Após a fase de instrução, as partes poderão apresentar razões finais, oralmente, no prazo de 10
minutos, conforme previsão no art. 850, da CLT. Se forem “remissivas”, não há nenhuma
manifestação adicional. Nessa hipótese, a parte apenas ratifica todas as alegações formuladas
nas peças e atos anteriormente praticados.
Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em
prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou
presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será
proferida a decisão.
Existe a possibilidade (remota, ressalte-se) de o juiz permitir a apresentação de razões finais
em forma de memoriais, em prazo prescrito pelo magistrado.
Superado o momento das razões finais, obrigatoriamente o juiz renovará a proposta de
conciliação; não havendo acordo entre as partes ele passará a proferir a decisão. Já foi dito que
a sentença poderá ser prolatada no mesmo dia, ou em outro dia a ser designado. Se as partes
estiverem cientes de tal data, o prazo para recurso começa a contar sem necessidade de
intimação, caso contrário, a intimação se faz obrigatória.
No procedimento ordinário, a sentença deverá conter relatório, fundamentação e dispositivo
(artigo 458 do CPC). No procedimento sumaríssimo, o relatório é dispensável (art. 852-I,
CLT). A CLT também prevê (no art. 832) que da decisão deverão constar: o nome das partes
e o resumo do pedido e da defesa (= relatório); a apreciação das provas e os fundamentos da
decisão (= fundamentação); a respectiva conclusão (= dispositivo).
A falta do relatório ou da fundamentação implica a nulidade do julgado (artigo 832 da CLT
c/c artigo 458, I, CPC / artigo 93, IX, Constituição Federal):
Art. 93. (...)
(...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
29
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Dispositivo é a parte da sentença que tem conteúdo decisório, em que o juiz apresentará sua
conclusão, extinguindo o processo com ou sem resolução do mérito. A falta do dispositivo
importa na inexistência da sentença.
Os §§ 1º, 2º e 3º do art. 832, CLT, estabelecem alguns requisitos complementares:
Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e
da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva
conclusão.
§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o
prazo e as condições para o seu cumprimento.
§ 2º - A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte
vencida.
§ 3o As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a
natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo
homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo
recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso. (Incluído pela Lei nº
10.035, de 2000)
Acórdão é a decisão prolatada por um tribunal e deve conter: relatório, fundamentação e
dispositivo (artigo 458 do CPC), e ementa (artigo 563 do CPC).
12.1. Classificação:
As sentenças classificam-se em terminativas ou definitivas. As terminativas são aquelas que
extinguem o processo sem resolução do mérito (artigo 267 do CPC). Exemplos no
processo trabalhista: arquivamento do processo em decorrência da ausência do reclamante (na
audiência inicial ou una); sentença que extingue o processo por ocorrência da ‘perempção
trabalhista’ (prevista no artigo 732 da CLT).
30
O juiz pode ainda proferir “sentença obstativa”, que refere-se a sentença terminativa em caso
de ato simulado ou colusão das partes, conforme previsão no art. 129, CPC.
As sentenças definitivas são as que julgam o mérito da causa, conforme estatuído no
artigo 269 do CPC. As sentenças definitivas podem ser declaratórias, constitutivas ou
condenatórias. A sentença declaratória apenas reconhece uma situação que já existe, ou
apresentam declaração negativa (exemplo: sentença que reconhece o vínculo de emprego –
declaratória positiva / sentença que não reconhece o vínculo de emprego – declaratória
negativa). Sentença constitutiva é aquela que cria, modifica ou extingue uma relação jurídica
(exemplo: sentença que reconhece a procedência do pedido de rescisão indireta). Por fim, a
sentença condenatória impinge ao reclamado uma obrigação de fazer, não-fazer ou dar,
tutelando o bem jurídico do autor (exemplo: sentença que condena empregador a pagar horas
extras e reflexos nas demais verbas / não efetuar descontos ilegais no salário do empregado
enquanto perdurar o contrato).
Podem ocorrer alguns “defeitos” na sentença, quanto à abrangência do pedido:
Julgamento (arts. 128 e 460, do CPC)
- ultra petita: quantitativamente além do pedido
(exemplo: deferir mais horas extras do que as
pedidas, ainda que a prova demonstre que o
pedido foi inferior ao direito.
- extra petita: qualitativamente diverso do
pedido (exemplo: deferir aviso prévio, quando se
pediu apenas a liberação do FGTS) – o pedido
deve ser interpretado restritivamente (art. 293,
CPC), não se admitindo pedido implícito
(exemplo: adicional noturno não pedido, quando
o pedido foi apenas de horas extras noturnas, já
que se trata de direitos distintos).
- citra petita: qualitativamente ou
quantitativamente aquém do pedido a que se tem
direito (exemplo: omite o tópico das horas extras
pleiteadas ou as defere em número menor do que
as pedidas e provadas).
31
O juiz deve se ater aos limites em que foi proposta a lide (princípio da congruência, da
adstrição, da correspondência, da simetria). Em contraposição, o juiz poderá incluir na
sentença certos pedidos não formulados na petição inicial (princípio da extrapetição).
Exemplos: art. 137, § 2º, artigo 467, artigo 496, todos da CLT, e súmula 211 do TST:
SUM-211 JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.
INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que
omisso o pedido inicial ou a condenação.
13. Coisa julgada:
No instante em que se torna irrecorrível a decisão judicial, seja pelo esgotamento de todas as
possibilidades de recurso, seja pela não apresentação do recurso no prazo legal, ocorre o seu
trânsito em julgado, surgindo a denominada coisa julgada. As questões decididas no bojo do
processo passam a ser imutáveis e indiscutíveis.
Coisa julgada formal – a sentença terminativa ou definitiva não pode ser mais vergastada por
nenhum recurso, impondo segurança jurídica às relações processuais. Trata-se do esgotamento
ou preclusão dos recursos, operando-se apenas no mesmo processo, não impedindo, contudo,
ajuizamento de nova ação.
Coisa julgada material – inalterabilidade quanto à pretensão, produzindo efeitos definitivos
fora do processo e impedindo decisões contraditórias e somente vai existir quando houver
coisa julgada formal. Cuida-se de sentença de mérito.
Em relação aos limites subjetivos da coisa julgada o artigo 472, do CPC, prevê que atingirá
somente as partes envolvidas na demanda (inter omnes). Contudo, podem ocorrer outras
situações, como, por exemplo, no caso de substituição processual, em que a coisa julgada
atinge não apenas o legitimado extraordinário, mas o próprio substituído (que seria o
legitimado ordinário). Há a possibilidade também de que terceiro juridicamente interessado
venha a sofrer os efeitos da coisa julgada.
32
O poder normativo da Justiça do Trabalho é externado através da sentença normativa,
atingindo somente as categorias envolvidas no dissídio coletivo.
No limite objetivo, o que se torna definitivo e imutável é a parte dispositiva da sentença, ou
seja, a decisão que apreciou o pedido formulado pela parte (decisão que, ao final, acolhe ou
rejeita o pedido). Portanto, o relatório e a fundamentação da sentença não são alcançados pela
coisa julgada.
14. Custas processuais:
Sobre custas processuais no processo do trabalho, observar o que preceitua o artigo 789, da
CLT:
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas
demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição
trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de
2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e
quatro centavos) e serão calculadas: (Redação dada pela Lei nº 10.537, de
27.8.2002)
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;
(Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou
julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; (Redação
dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e
em ação constitutiva, sobre o valor da causa; (Redação dada pela Lei nº 10.537,
de 27.8.2002)
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. (Redação
dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
§ 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da
decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o
recolhimento dentro do prazo recursal. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de
27.8.2002)
33
§ 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo arbitrar-lhe-á o valor e fixará
o montante das custas processuais. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de
27.8.2002)
§ 3o Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado,
o pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes. (Redação dada
pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
§ 4o Nos dissídios coletivos, as partes vencidas responderão solidariamente
pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão, ou
pelo Presidente do Tribunal. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
Pela análise dos dispositivos mencionados, não há dúvida quanto à base de cálculo das custas.
Observar com reservas o termo “vencido”, pois o reclamante somente arcará com as custas
em caso de total improcedência dos pedidos (verificar art. 790, § 1º - solidariedade do
sindicato), salvo se houver deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita (art. 790, § 3º, da
CLT e art. 3º da Lei 1.060/50). O reclamado pagará as custas ainda que procedente em parte o
pedido.
Os entes públicos, autarquias, fundações públicas e o Ministério Público são isentos de custas
(art. 790-A, da CLT).
Em decorrência da ampliação da competência da Justiça do Trabalho, pela EC 45/2004, o
TST, através do art. 3º, § 3º, da Instrução Normativa 27/2005, firmou entendimento que,
“salvo nas lides decorrentes da relação de emprego, é aplicável o princípio da sucumbência
recíproca, relativamente às custas”.
Em fase de execução, observar o que preceitua o art. 789-A e respectivos incisos e alíneas, da
CLT:
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de
responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a
seguinte tabela: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por
cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil,
34
novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537,
de 27.8.2002)
II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: (Incluído pela
Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos); (Incluído pela
Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos); (Incluído
pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis
centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis
centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arrematação:
R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); (Incluído pela Lei nº
10.537, de 27.8.2002)
VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco
reais e trinta e cinco centavos); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um
décimo por cento) do valor da avaliação; (Incluído pela Lei nº 10.537, de
27.8.2002)
IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o
valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46
(seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos). (Incluído pela Lei nº
10.537, de 27.8.2002)
Percebe-se que o critério de responsabilizar o executado no caso de embargos à execução
revela-se um tanto injusto.
Autenticação de peças e fornecimento de certidões têm os valores estabelecidos no art. 789-B,
da CLT:
Art. 789-B. Os emolumentos serão suportados pelo Requerente, nos valores
fixados na seguinte tabela: (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
35
I – autenticação de traslado de peças mediante cópia reprográfica
apresentada pelas partes – por folha: R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos de
real); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
II – fotocópia de peças – por folha: R$ 0,28 (vinte e oito centavos de real);
(Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
III – autenticação de peças – por folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco
centavos de real); (Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)
IV – cartas de sentença, de adjudicação, de remição e de arrematação – por
folha: R$ 0,55 (cinquenta e cinco centavos de real); (Incluído pela Lei nº
10.537, de 27.8.2002)
V – certidões – por folha: R$ 5,53 (cinco reais e cinquenta e três centavos).
(Incluído pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002)