direito processual civil - sabrina dourado

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    RESUMO DE DIREITOPROCESSUAL CIVIL-PARTE IPROF SABRINA DOURADO

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    NOES GERAIS DA TEORA GERAL DO PROCESSO

    Afim de obter a to sonhada pacificao social, o Estado criou regras para a soluodos conflitos , as quais, em seu conjunto denominam-se Direito Processual, quesem dvida uma das formas mais importantes e dos tempos modernos para asuperao das antinomias, das tenses e dos conflitos que lhe so prprios.Assim, o processo um instrumento a servio da paz social.As normas de direito processualdisciplinam o exerccio da jurisdio e, conforme anatureza da lide pode ser direito processual penal ramo que regulamenta a atuaoda pretenso punitiva do Estado, por intermdio da perda da liberdade imposta pessoa que praticou conduta violadora de norma considerada relevante para todo ocorpo social; o direito processual do trabalho regula a atuao do Estado naapreciao de conflitos relativos relao de emprego, e, aps a EmendaConstitucional n. 45/2004, tambm s relaes de trabalho, caso das pessoasfsicas prestadoras de servio autnomo dentre outros; e o direito processual civilque regulam o exerccio da jurisdio quanto s lides de natureza civil.Quando se fala em regulamentao do exerccio da jurisdio, est-se a referir,entre outras coisas, disciplina das atividades dos rgos jurisdicionais (juizes),das partes (autor e ru), dos auxiliares dos rgos jurisdicionais (escreventes,escrives, oficiais de justia, peritos etc.) e do Ministrio Pblico.Destarte, o Direito Processual Civil pode ser conceituado como o conjunto deprincpios e normas que regulam a funo jurisdicional do Estado, responsvelpela soluo de conflitos. Possui natureza de direito pblico, pois sua funoimediata a aplicao da lei ao caso concreto para restabelecer a ordem

    jurdica ditada pelo Estado de Direito. A funo mediata a pacificao social.

    NOMENCLATURA

    A cincia processual recebeu ao longo da histria diversas nomenclaturas, dentreelas processo civil, direito judicirio e direito jurisdicional. Entretanto, a

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    nomenclatura mais acertada e mais usual para esta cincia a de direito processual,o que gnero das espcies: direito processual civil, direito processual penal edireito processual do trabalho.

    AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL

    H autonomia do direito processual civil, ou direito instrumental, em face do direitocivil, ou direito substancial, e perante outros ramos do direito, em razo da evidentediversidade da natureza e de objetivos.Contudo, esta autonomia no significa isolamento, uma vez que o direito processualcivil faz parte do sistema maior, a cincia do direito, da qual apenas um dos seusvrios ramos.No direito constitucional - o direito processual vai encontrar as diretrizes

    jurdicas-polticas da sua estrutura e da sua funo na Constituio Federal seesboam os princpios fundamentais do processo.Estreitas as relaes do direito processual civil com o direito administrativo,mxime no que concerne organizao dos servios da justia, como serviospblicos regulamentados, segundo princpios e normas abrangentes dos demaisservios do estado.

    FONTES

    Podem ser materiais ou formais.

    Formais Constituio, leis ordinrias federal (CPC), regimentos internos dostribunais, LOJs. Devem ser obrigatoriamente seguidos.

    MateriaisA jurisprudncia, os costumes e a doutrina. Servem para consulta.

    DIFERNA ENTRE O DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL

    O direito material cria regras para distribuir os bens da vida, materiais eimateriais, como os direitos da personalidade, regras para o casamento e a

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    separao, contratos etc., que servem de parmetro para o estado, no exerccio dajurisdio, solucionar os conflitos, a exemplo, do Direito Civil.Enquanto, O direito processualtrata da forma como as situaes conflituosas seroapreciadas pelo Judicirio, dispondo sobre a distribuio do exerccio jurisdicionalda tutela pleiteada (processo de conhecimento, execuo e cautelar).O processo no um fim em si mesmo, mas tcnica desenvolvida para a tutela dodireito material. O processo realidade formal conjunto de formaspreestabelecidas. A separao entre direito e processo no pode implicar umprocesso neutro em relao ao direito material que est sob tutela. A visoinstrumentalista do processo estabelece a ponte entre o direito processual e odireito material.Dessa forma, o direito processual eminentemente formal, pois estabelecerequisitos relativos ao modo, ao lugar e ao tempo em que se realizam os atos

    jurdicos e que constituem sua forma de expresso. No se engloba na forma adiscusso sobre a substncia do ato praticado.A prevalncia das formas, entretanto, no absoluta, uma vez que o direitoprocessual moderno repudia o apego ao formalismo. Se o ato processual no ocorrena forma que foi estabelecida, muito embora atinja seu objetivo, consideradovlido se no causar prejuzo aos litigantes, ou ao exerccio da jurisdio (CPC, arts.244 e 249, 1 e 2).

    A LEI PROCESSUAL CIVIL E A EVOLUO HISTRICA DA CINCIAPROCESSUAL CIVIL

    Como cedio, toda norma jurdica tem eficcia limitada no espao e no tempo, isto, aplica-se somente dentro de dado territrio e por um determinado perodo detempo. Tais limitaes aplicam-se, inclusive, norma processual.

    Assim, a lei processual aplica-se,desde logo, aos processos pendentes (art.1.211, CPC), respeitando-se, prem, os atos j praticados, bem como o direitoadquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada (art. 5, XXXVI, CF).

    Sendo a jurisdio o exerccio do poder de soberania do Estado, vigora o principioda territorialidade, segundo o qual se aplica a lei processual brasileira aos casos que

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    aqui forem submetidos a julgamento, mesmo em se tratando de negcios jurdicosconcludos no exterior, mas cuja execuo ocorra no Brasil, ou que as partes elejama Justia brasileira para dirimir eventual conflito. A territorialidade da aplicao dalei processual expressa pelo art. 1 do C.

    BREVE HISTRICO DA CINCIA PROCESSUAL

    At a edio do regulamento n. 737 no ano de 1850, que regulou o procedimentodas causas comerciais, vigoravam no Brasil as Ordenaes Filipinas, que datavam de1603. Posteriormente, o Regulamento n 763, de 1890, j na era republicanaestendeu o Regulamento n 737 aos feitos civis. Pouco depois, em 1891, a primeiraConstituio Republicana dividiu a Justia em Federal e Estadual, autorizando osEstados Federados a legislar sobre processo. A iniciativa no deu certo e aConstituio de 1934 atribuiu exclusivamente Unio a competncia para legislarsobre o processo. Em 1 de maro de 1940 entrou em vigor o Cdigo Nacional deProcesso Civil, Decreto-lei n 1.608/39, que vigorou at 1973, quando entrou emvigor o atual Cdigo de Processo Civil, lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973, quereformou o Cdigo de 1939, baseando-se em anteprojeto redigido pelo MinistroAlfredo Buzaid. Desde ento, o Cdigo j foi alterado dezenas de vezes, masmanteve sua estrutura bsica, que se compe de cinco livros, assim intitulados: I Do Processo de Conhecimento; II Do Processo de Execuo; III Do processoCautelar; IV Dos Procedimentos Especiais: V Das Disposies Gerais eTransitrias.

    FORMAS DE RESOLUO DE CONFLITOS

    As resolues de conflitos no jurisdicionais

    Autotutela Autocomposio Renncia (conciliao) Submisso Transao (conciliao) Arbitragem

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    A resoluo de conflito jurisdicional A jurisdio

    Jurisdio Ao

    Processo

    A cincia processual se estrutura em trs pilares bsicos, os quais sejam: ajurisdio, a qual pode ser concebida como o poder que tem o Estado de resolver osconflitos existentes na sociedade. Ao passo que a ao, num dos seus diversossentidos, compreendida como direito fundamental constitucional que tem ocidado de buscar na proteo jurdica frente a uma leso ou ameaa dela. Por fim,esta estrutura primria do processo ou da cincia processual ainda tem como pilar oprocesso, que nada mais que um instrumento que tem por finalidade a garantia do

    exerccio da ao por maio da jurisdio.

    Os conflitos, tambm conhecidos como lides, podem ser resolvidos por meiosjurisdicionais e no-jurisdicionais. Estes ltimos formam a regra da vida emsociedade por longo perodo, j que o Estado no interferia neles.Com a passagem ao Estado intervencionista, passa-se a consagrar um modelo deresoluo de conflitos jurisdicional, uma vez que o Estado passa a ser o detentor da

    jurisdio. Com o passar do tempo, o volume de processos levados aos rgosjurisdicionais nos trs a chamada crise da justia, a qual responsvel pelo

    renascimento da resoluo dos conflitos no-jurisdicionais que hoje, nasmodalidades de autocomposio e arbitragem, crescem de forma relevante.Entende-se por forma de resoluo de conflitos no-jurisdicionais, modalidades desolues, isto , meios alternativos de pacificao social. A conscientizao de que oimportante pacificar, torna-se irrelevante que a pacificao venha por obra doEstado ou por outros meios, desde que eficientes. As principais espcies so:

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    AUTOTUTELAA autotutela, ou seja, a autoproteo, pode ser compreendida como a primeira dasformas de resoluo de conflitos. No passado surgindo um desacordo entre doissujeitos, este seria resolvido atravs do uso da fora, sem a influncia do Estado oude terceiros.Vale ressaltar que hoje a autotutela proibida na grande maioria dos ordenamentos

    jurdicos, sendo excepcionalmente permitida, j que ela configura inclusive um ilcitopenal. Exemplos da excepcional autotutela permitida: direito de greve, a legtimadefesa e a reteno de bagagens.

    Logo, a autotutela pode ser compreendida como a soluo de conflitos de interessesque se d pela imposio da vontade de uma das partes, com o sacrifcio dointeresse da outra. Caracteriza-se pela ausncia de juiz distinto das partes; eimposio por uma das partes outra;

    AUTOCOMPOSIO

    Autocomposio pode ser compreendida como a forma de resoluo de conflitos quepode ser dada ntre dois sujeitos quando estes procedem ao ajuste de vontade sem autilizao da fora. Ela pode ser dividida em submisso (nesta uma das partes abremo da sua vontade, submetendo-se vontade da outra).Obs.- A submisso um instituto que est vinculado aquele que tem contra si apostulao do direito, sendo renncia a abdicao do direito postulado pelosujeito.J a transao, tambm compreendida como conciliao, concebida como ajusterecproco de vontade entre as partes, sendo ela a mais comum das autocomposio.Vale ressaltar que na autocomposio poder surgir ainda a figura do mediador oqual, regra geral, ser um bacharel em direito que se colocar entre as partes para

    aconselh-las a resolver um conflito sem ter, no entanto, poder decisrio.MEDIAOObjetiva trabalhar o conflito; surgindo o acordo como mera conseqncia. Aspartes em conflito nomeiam um terceiro que ir oferecer uma soluo para acontrovrsia.

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    Conciliao a tentativa de conciliar, ou seja, acordar as partes conflitantes. Ocdigo de processo civil atribui ao juiz o dever de tentar a qualquer tempo conciliaras partes (art. 125, IV) e em seu procedimento ordinrio inclui -se uma audinciapreliminar (ou audincia de conciliao), na qual o juiz, tratando-se de clusulas,versando direitos disponveis, tentar soluo conciliatria antes de definir ospontos controvertidos a serem provados.

    Em matria Criminal a conciliao vinha sendo inadmissvel, dada absolutaindisponibilidade da liberdade corporal e a regra nulla poena sine judicio, detradicional prevalncia na ordem constitucional brasileira (intra, n.7). Com a CF/88,abriu-se nova perspectiva, que previu a instituio de juizados especiais, providospor juizes togados ou togados e leigos, competentes para conciliao, o julgamento ea execuo de infraes penais de menor potencial ofensivo.A mediao assemelha-se conciliao. Na primeira objetiva-se trabalhar oconflito, surgindo o acordo como mera conseqncia. Na segunda, busca-se,sobretudo, um acordo entre as partes.

    Arbitragem tcnica de soluo de conflitos mediante a qual os conflitantes buscamuma terceira pessoa, de sua confiana, a soluo amigvel e imparcial do litgio. NoBrasil, a arbitragem regulamentada pela Lei n. 9.307/96. S podem recorrer arbitragem as pessoas maiores e capazes.Assim, constitui vantagens de utilizao da arbitragem: rapidez, em face daausncia de acumulo de servio dos rbitros, to comum no Poder Judicirio; aespecializao dos rbitros; irrecorribilidade das decises; e a constituio de umttulo executivo, que legitima a propositura da de processo de execuo. O arbitro uma terceira pessoa de confiana das partes que vai impor uma deciso, e agircom imparcialidade. O mediador tambm escolha de terceiro pelas partes, porm,no pode impor sua deciso.

    O rbitro no possui fora executiva. A arbitragem foi instituda pela Lei 9.307/96e consiste no procedimento para solues de conflitos que tratem de direitosdisponveis, e so resolvidos por terceiros particulares escolhidos de comum acordopelos contratantes. Tambm de acordo com o art. 31 da Lei da Arbitragem, asentena arbitral ser ttulo executivo quando contiver eficcia condenatria.

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    Entretanto, o contedo da sentena arbitral vulnervel analise do PoderJudicirio, apenas, sobre os aspectos da sua regularidade.Logo, podemos indicar como caractersticas da arbitragem:

    1 Podem se submeter arbitragem qualquer pessoa maior que tenha capacidade.2 Os dois sujeitos envolvidos num conflito devero escolher um terceiro decomum acordo.3 O rbitro ao carecer da graduao em direito, podendo ele ser qualquer dopovo que conte com 18 anos.4 Podero as partes escolher as regras do direito que sero utilizadas, econforme o art. 2 da Lei, podem ainda se valer da eqidade.5 A arbitragem pode ser convencionada por dois meios especficos, a clusulaarbitral ou compromissria ou por uma conveno arbitral. A primeira delas sempre prvia existncia do conflito e ajustada pelas partes antecipadamente.Normalmente, ela vem posta numa clusula contratual, ao passo que a convenosurge aps o conflito para regulamentar.6 O rbitro dever obrigatoriamente proferir sentena arbitral, a qual estprevista nos arts. 23 a 33 da Lei 9.307/96.7 Esta sentena em regra irrecorrvel no judicirio, o qual poder apenasajustas pequenos equvocos formais cometidos nesta sentena.8 Uma vez descumprida pelas partes, ela s ser executada no judicirio, j que orbitro no possui fora executiva.9 Se quaisquer dos requisitos da arbitragem forem infringidos, ela poder sercontrolada pelo judicirio, eis o que ocorre com os contratos de adeso.Obs. Somente os direitos disponveis podem ser resolvidos pela arbitragem.

    O TEMPO X O CUSTO DO PROCESSO

    Muito se discute sobre o problema do acesso justia, j que com o passar dotempo percebeu-se que o processo no era acessvel todos, seja pelo seu custo oupelo tempo que era gasto na obteno da tutela jurisdicional (proteo ofertadapelo Estado)

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    Em relao ao custo do processo, foram criados mecanismos que facilitassem todos o incio de um processo, da surgiram os benefcios da gratuidade judiciria eda assistncia judiciria integral. Ambas foram regulamentadas pela Lei 1.060/50.No mesmo intuito, foram criados os juizados especiais cveis, os quais estoregulamentados, por determinao constitucional, pela Lei 9.099/95. Estes rgostm como principal finalidade o atendimento populao carente, sendo eles isentosde custas.Ressalte-se ainda populao que as partes podero pleitear seus direitos sem anecessria presena do advogado quando as suas causas tiverem como valor at 20salrios mnimos.

    Em relao ao tempo do processo, passou-se a questionar a morosidade da prestaojurisdicional, j que o processo no tem um tempo pr-estabelecido mas, passou-se aser concebido como procedimento ineficaz. Diante destes problemas, algunsdoutrinadores, a exemplo da Ada Pellegrini, passou a afirmar que estaramosvivenciando a crise da justia, j que para se falar de acesso justia precisotratar de um acesso a uma ordem jurdica justa.

    Destas problemticas, a EC 45/2044 implementa a chamada reforma do judicirio, aqual responsvel pela edio de diversas Leis que alteram o CPC, pelaimplementao do princpio da durao razovel do processo (art. 5, LXXVIII).

    PINCPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Princpios processuais gerais, ou fundamentais, so normas jurdicas, escritas ouno, que informam e guiam todo sistema processual (processo e procedimento),servindo de parmetro para o legislado infraconstitucional, medida que envolve umprvio juzo de valor sobre vrios aspectos do processo.

    O Estado Democrtico de Direito, ao estabelecer regras, baseia-se em princpiosorientadores, deduzidos do sistema jurdico ou expressos constitucionalmente.Diante da possibilidade de conflito entre as regras, e pelo fato de estas sebasearem em princpios do sistema, faz-se necessrio solucionar tais conflitos, semafastar a incidncia dos princpios que as fundamentaram.

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    Dessa forma, diferenciam-se as regras dos princpios. Estes so valores abstratosque orientam a estruturao do ordenamento jurdico; enquanto, as regras soentendidas como comandos gerais de conduta sobre fatos.Toda cincia, em qualquer ramo do conhecimento humano, requer uma organizaocoerente de todas as regras que a compem. Para garantir a coerncia e evitar oconflito entre as regras, faz-se necessrio o estabelecimento de princpios, queservem como base de organizao e estabelecem os contornos da cincia. Funcionamcomo preceitos fundamentais e, no caso do direito, consistem em valores com finssociais, polticos, morais ou ticos, eleitos para informar o sistema jurdico eauxiliar na elaborao legislativa, na interpretao de normas e na aplicao da lei aocaso concreto.Assim, existem vrios princpios constitucionais processuais que so garantidores deverdadeiros direitos fundamentais processuais. H ainda, outros princpiosprocessuais que dizem respeito mais especificamente a alguns assuntos dadogmtica processual: jurisdio (juiz natural e inafastabilidade) lealdade (deveresda s partes) recursos (duplo grau de jurisdio). H tambm o direito fundamental assistncia jurdica e assistncia judiciria. Assim, relacionaremos os princpiosfundamentais que comandam as garantias processuais do cidado, revelando a suaimportncia.

    Princpio fundamental a um processo devido. (devido processo legal)Este o principal princpio desta disciplina. Alguns doutrinadores o apelidam deprincpio me do processo, outros afirmam que s ele bastaria para regulamentaressa cincia, j que dele que nascem todos os demais. A primeira vez que se faloudeste princpio foi em 1215, na carta de Joo - Sem-terra. Hoje ele tido comopostulado constitucional bsico, segundo o qual ningum poder ser processado semo devido processo legal.Considera-se o princpio do devido processo legal aquele que garante aos

    jurisdicionados a proteo estatal, obedecendo-se ainda as formas processuais pr-estabelecidas, bem como a ordem processual justa.Antigamente, este princpio tinha funo meramente formal. Concebia-se comodevido processo ento, aquele que atendesse forma dos atos pr-estabelecida.Com o advento o Estado democrtico de direito e da influncia constitucional, este

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    princpio teve o seu conceito ampliado, passando-se a falar em um devido processomaterial, ou seja, aquele que garantisse os direitos fundamentais dos litigantes.Trata-se do postulado fundamental do processo. Tambm conhecido pela expressoinglesa due processo of law, encontra-se expressamente previsto no art. 5, LIV, daConstituio Federal que declara que ningum ser privado da liberdade ou de seusbens sem o devido processo legal, significando que a pessoa s pode ser privada deseus bens por meio de processo cujo procedimento e cujas conseqncias tenhamsido previstos em lei, entendida esta como a regra geral que, emanada de autoridadecompetente, imposta coercitivamente obedincia de todos. Aplica-se esteprincpio genericamente a tudo que disser respeito vida, ao patrimnio e liberdade. Inclusive na formao de leis.O devido processo legal aplica-se, tambm no mbito privado, seja na fase pr-contratual, seja na fase executiva.Na verdade, qualquer direito fundamental, e o devido processo legal um deles,aplica-se no mbito das relaes jurdicas privadas.

    Direito fundamental efetividade ( tutela executiva) ou mxima da maiorcoincidncia possvel.A Constituio federal no art. 5, 1 e 2 deixa claro que o rol dos direitos egarantias fundamentais no exaustivo, incluindo outros previstos em tratadosinternacionais. Assim, a doutrina mais moderna fala, no direito fundamental tutelaexecutiva, denominado tambm de princpio da mxima coincidncia possvel.Trata-se de velha mxima Chiovendiana, segundo a qual o processo dever dar a quemtenha razo o exato bem da vida a que ele teria direito, se no precisasse se valerdo processo jurisdicional.

    Direito fundamental a um processo sem dilaes indevidasNo Brasil, o direito ao processo sem dilaes indevidas, como corolrio do devido

    processo legal vinha expressamente assegurado ao membro da comunho social pornorma de aplicao imediata (art. 5, 1, CF). Decorreria esse direito fundamental,ainda, dos princpios da inafastabilidade e da proteo dignidade da pessoahumana.A EC. N. 45/2004, incluiu no inciso LXXVIII no art. 5 da CF/88, assegurando atodos a razovel durao do processo e os meio que garantam a celeridade de sua

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    tramitao. Acrescentou, ainda, na alnea e, inciso II do art. 93 da CF/88 que ojuiz no a mesma emenda constitucional que no ser promovido o juiz que,injustificadamente, retiver autos em seu poder alm do prazo legal.

    Direito fundamental igualdade

    O principio da igualdade (CF/88, art. 5, caput) estabelece o dever do Estado-juizde dar tratamento isonmico s partes litigantes. Essa isonomia, entendida comoigualdade de tratamento e de oportunidade de intervir no processo, deve sersubstantiva, ou seja, o julgador deve buscar o equilbrio de fato entre os litigantes,tratando os desiguais na medida de sua desigualdade.Dessa forma, os litigantes devem receber tratamento processual idntico; devemestar em combate com as mesmas armas, de modo a que possam lutar em p deigualdade, ou seja, devem estar em paridade de armas: o procedimento deveproporcionar s partes as mesmas armas para a luta.

    Direito fundamental participao em contraditrio.

    O processo um instrumento de composio de conflito pacificao social que serealiza sob o manto do contraditrio. Por isso, a Constituio federal em seu art. 5, LV , impe a paridade de tratamento entre as partes, o que garante ao ru no so direito de conhecer o pedido do autor, mas tambm o direito de respond-lo.O contraditrio e a ampla defesa (CF/88, art.. 5, LV) so desdobramentos doprincipio da igualdade. Consistem na garantia de iguais oportunidades de atuaodas partes para buscar o convencimento judicial no processo.O contraditrio outorga o direito de audincia bilateral das partes no processo,correspondendo ao dever do magistrado de possibilitar essa audincia antes deformar seu convencimento e para form-lo. No admite exceo. Nos processos de

    conhecimento em que se antecipam os efeitos da tutela e nas cautelares em ao deconhecimento, quando no ouvida a parte contrria, que muitas vezes nem citada,diante da urgncia e da necessidade de garantir o resultado prtico da ordem

    judicial, posteriormente, a ela conferido o direito ao contraditrio, impugnaode tais decises. Diz-se em tais casos que o contraditrio deferido. em que se

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    concede liminarmente uma tutela que visa assegurar a preservao de bem jurdicoque ser disputadoA ampla defesaconsiste em possibilitar parte fazer uso de todos os meios legaisprevistos para obter a tutela de seu direito na mais ampla instruo probatria,sendo esses recursos facultativos no processo civil e obrigatrios no processo penal.Neste no pode o ru ficar sem defesa tcnica, garantindo-se ainda ao acusado odireito autodefesa por meio do interrogatrio e ainda a presenciar todos os atosde instruo do processo. Cabe ressaltar que o inqurito policial no procedimento

    judicial, e sim administrativo, portanto no se lhe aplicam tais princpios.

    Direito fundamental amplitude da defesa

    Previstos no mesmo dispositivo constitucional (art. 5, LV, CF/88), contraditrio eampla defesa distinguem-se.Ressalte-se que a ampla defesa direito fundamental de ambas as partes,.consistindo no conjunto de meios adequados para o exerccio do adequadocontraditrio. Trata-se do aspecto substancial do contraditrio.

    Princpio da adequao e da adaptabilidade do procedimento

    Segundo a doutrina, o principio da adequao, pode ser visualizado em doismomentos: a) o pr-jurdico, legislativo informador da produo legislativa doprocedimento em abstrato; b) o processual, permitindo ao juiz, no caso concreto,adaptar o procedimento de modo a melhor afeioa-lo s peculiaridades da causa.

    Princpio da precluso

    Pela precluso, se superam as fases procedimentais, impulsionando a dinmicaprocessual. Precluso a perda de uma faculdade processual ou da possibilidade dese rediscutirem ou regularem questes. H trs espcies: temporal, lgica econsumativa.

    Principio da instrumentalidade

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    O direito processual eminentemente formal, pois estbelece requisitivos relativosao modo, ao lugar e ao tempo em que se realizam os atos jurdicos e que constituemsua forma de expresso.Embora no referido por muitos autores, esse princpio serve para salientar que oprocesso no um fim em si, mas apenas um instrumento de realizao do direitocomo um todo.

    Principio da cooperao

    Quanto ao princpio da cooperao, existe no Brasil alguma repercusso na doutrina,que orienta o magistrado a tomar uma posio de agente-colaborador do processo,de participante ativo do contraditrio e no mais a de um mero fiscal de regras.Esteprincpio

    Direito fundamental publicidade

    Buscando garantir a veracidade, correo e transparncia dos atos processuais,estes devem ser preferencialmente pblicos, inclusive as audincias (arts. 155 e444, CPC), conforme norma prescrita na Constituio federal, que declara quetodos os julgamentos dos rgos do poder Judicirio sero pblicos, efundamentados todas as decises, sob pena de nulidade...

    Juiz natural aquele com competncia previamente estabelecida para conhecer do litgio pelasnormas legais. Assim, as partes, na soluo do litgio, tm direito a julgamentorealizado por juiz e tribunal investidos de atribuies jurisdicionais fixadas elimitadas pela Lei Maior, que sejam independentes e imparciais.

    O artigo 5, inciso XXXVII, da CF, consagra o princpio da regular investidura dojuiz ou do juiz natural, cujo escopo proibir uma justia de privilgios ou exceo,garantindo-se a todos que o julgamento de seus litgios sejam efetivados por juzeslegais, juzes investidos nas suas funes de conformidade com as exignciasconstitucionais. A fora dessa garantia constitucional no permite que os poderes

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    constitudos criem juzos destinados a julgamentos de determinados casos ou depessoas especificadas.Assim, oprincpio do juiz naturalfundamenta-se no sentimento universal exposto naDeclarao Universal dos Direitos do Homem, de 10 de dezembro de 1948, aoconsagrar que "toda pessoa tem direito, em condies de plena igualdade, de serouvida, publicamente, e com justia, por tribunal independente e imparcial, para adeterminao de seus direitos e obrigaes, ou para o exame de qualquer acusaocontra ela em matria penal".Contudo, o Juiz natural recebe do Estado a atribuio constitucional de exercer afuno jurisdicional, com observncia rigorosa aos princpios fundamentaisconstantes no art. 93 da Carta Magna.

    Princpio da IsonomiaEste princpio fundamenta-se no caput, artigo 5, da Constituio Federal de 1988,que estabelece o dever do Estado-juiz de dar tratamento isonmico s parteslitigantes. Essa isonomia, entendida como igualdade de tratamento e deoportunidade de intervir no processo, deve ser substantiva, ou seja, o julgador devebuscar o equilbrio de fato entre os litigantes, tratando os desiguais na medida desua desigualdade.O princpio da igualdade tem por escopo garantir a identidade de situao jurdicapara o cidado. premissa para afirmao da igualdade perante o juiz. No serefere, conforme se depreende do texto constitucional, a um aspecto ou a umaforma de organizao social; existe como um postulado de carter geral, com amisso de ser aplicado em todas as relaes que envolverem o homem.No mbito da proteo das garantias processuais do cidado, o princpio daigualdade constitui postulado vital. um direito fundamental que exige umcomportamento voltado para que a lei seja tratada de modo igual para todos oscidados.

    Princpio da PublicidadeO processo deve ser pblico, pois a atividade jurisdicional, como parte das funesdo estado, submete-se ao controle da sociedade (CF/88, arts. 5, LX e 93, IX). Essecontrole visa garantir a independncia, a imparcialidade, a autoridade e aresponsabilidade do juiz em seu mister.

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    Este princpio constitui uma preciosa garantia do indivduo no tocante ao exerccioda jurisdio. A presena do pblico nas audincias e a possibilidade do exame dosautos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalizaopopular sobre a obra dos magistrados, promotores pblicos e advogados. O povo o

    juiz dos juzes.O sistema brasileiro admite apenas excepcionalmente a restrio da publicidade,quando o bem jurdico tutela considerado mais relevante que a divulgao de atosdo processo.

    Princpio da Economia e celeridade processuaisTem por escopo a rpida soluo do litgio, privilegiando a celeridade e a efetividadedo processo. Desse modo, aes que sejam conexas por lhes serem comuns o objetoou a causa de pedir, ou uma ao que contenha outra com pedido mais restrito,devero ser reunidas para evitar o desperdcio de dupla atividade judicial e paraimpedir a prolao de decises contraditrias. A reconveno e o procedimentosumrio tambm so exemplos da incidncia do princpio da economia. O pargrafonico do art. 154 do CPC tambm representa um desdobramento deste princpio, aoadmitir que os tribunais podero disciplinar a prtica e a comunicao oficial dosatos processuais por meios eletrnicos, mais cleres no desenvolvimento doprocesso.Outro desdobramento deste princpio o aproveitamento dos atos processuais,tambm designado princpio da instrumentalidade das formas. Consiste noentendimento de que,embora praticados de maneira diversa da estabelecida, se osatos alcanaram o objetivo que se visava no feito, no h por que serem invalidados,como por exemplo, quando o ru ingressa espontaneamente nos autos, fazendo asvezes da citao no realizada, e contesta a ao.

    Princpio da Fundamentao das decises judiciais

    Este princpio, como o da publicidade, voltado para o controle de sociedade sobrea atividade jurisdicional, como mecanismo de averiguao da imparcialidade dos

    juizes e da justia da deciso. Presta-se tambm como meio de justificar s partesas razoes de convencimento do julgador, necessrias para eventual interposio derecurso.

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    Determina a Carta Magna, a obrigao de o juiz de qualquer grau motivar as suasdecises, independentemente da natureza das mesmas. O no cumprimento desteprincpio acarretar a nulidade do julgamento.

    Princpio da ImparcialidadeO juiz representa o rgo do Estado encarregado da soluo do conflito deinteresses entre dois ou mais litigantes. Deve situar-se, portanto, entre as partes eacima delas, no devendo adotar posio apriorstica a favor de qualquer litigantesem antes garantir o desenvolvimento do processo por intermdio do exerccio dosdireitos de ao e de defesa, com a produo de provas pelas partes at culminar nadeciso fundamentada.A imparcialidade do juiz pressuposto para que a relao processual se instaurevalidamente. Nesse sentido, o rgo jurisdicional dever ser subjetivamente capaz.Como garantia da imparcialidade vigora tambm o principio do juiz natural, que aquele com competncia previamente estabelecida para conhecer do litgio.

    Princpio do Dispositivo/inquisitivo

    Oprincpio dispositivo aquele que informa que cabe pessoa interessada provocar,por meio do ajuizamento de uma ao, o Poder judicirio. Em outras palavras, aqueleque pensa ter sido violado em seus direitos deve provocar o estado-juiz, que atento permanece inerte. Este princpio encontra-se previsto expressamente no art.2 CPC. Todavia, embora o processo deva necessariamente comear por iniciativa daparte (princpio da inrcia), uma vez ajuizada a ao, esta se desenvolve por impulsooficial (princpio do impulso oficial) , ou seja, cabe ao juiz cuidar para que esta siga asua marcha at que seja prolatada a sentena, resolvendo ou no a lide. Nestesentido, a norma do art. 262 do CPC, que declara que o processo civil comea por

    iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Ligado a estes doisprincpios, h ainda o principio inquisitivo, que confere ao juiz poder para buscar, portodos os meios a seu alcance, a verdade real, podendo, a fim de alcanar esteobjetivo determinar a produo das provas que achar necessria (art. 130, CPC).

    Princpio da Proporcionalidade/razoabilidade

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    O princpio da proporcionalidade o instrumento hbil para a harmonizao deprincpios do mesmo grau hierrquico (princpio da propriedade privada X princpioda funo social da propriedade). Consiste na acomodao da incidncia de princpiosem coliso, por critrios de proporcionalidade, afastando interpretaes extremasde um dos princpios em desfavor do outro. A proporcionalidade conjuga a aplicaode um dos princpios sem deixar de respeitar um mnimo de incidncia do outro.Oprincpio da razoabilidadeproclama que as partes agem sempre de acordo com arazo e enquadradas em certos padres de conduta.Seu conceito fundamenta-se no artigo 5, LIV, da Constituio Federal que diz::ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.Devido a ampla possibilidade de interpretao, o referido enunciado tem geradomuitas implicaes., tais como: a determinao de que ningum ser julgado senopor juzo competente e pr-constitudo, alm de aplicarem-se ao referido enunciadoos brocardos latinos de nullum crimen sine lege, ou ento nulla poena sine lege.Contudo, enquanto princpio conformador de direito material que a ausncia dedisposio expressa do princpio da razoabilidade mais sentida.

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    JURISDIO

    O litgio coloca em perigo a paz social e a ordem jurdica, o que reclama a atuao doEstado, que tem como uma de suas funes bsicas, a tarefa f solucionar a lide.Dentro deste contexto, o Estado, por meio do Poder Judicirio, tem o poder -deverde dizer o direito, formulando norma jurdica concreta que deve disciplinardeterminada situao jurdica, resolvendo a lide e promovendo a paz social, estepoder-dever do Estado de dizer o direito, resolvendo o conflito, o que a doutrinachama de jurisdio.Assim, a jurisdio abrange trs poderes bsicos: deciso, coero e documentao.Pelo primeiro, o Estado-juiz tem o poder de conhecer a lide, colher provas e decidir;pelo segundo, o Estado-juiz pode compelir o vencido ao cumprimento da deciso;pelo terceiro, o Estado-juiz pode documentar por escrito os atos processuais.As acepes da jurisdio so: Poder capacidade de decidir imperativamente eimpor decises; atividade dos rgos para promover pacificao dos conflitos;funo complexo de atos do juiz no processo.

    FINS DA JURISDIODe acordo com a concepo instrumentalista do processo, a jurisdio tem trs fins:a) o escopo jurdico, que consiste na atuao da vontade concreta da lei. A

    jurisdio tem por fim primeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em cada casoconcreto, os objetivos das normas de direito substancial; b) o escopo social consiste em promover o bem comum, com a pacificao, com justia, pela eliminaodos conflitos, alm de incentivar a conscincia dos direitos prprios e o respeito aosalheios; e c) o escopo poltico.- aquele pelo qual o estado busca a afirmao de seu

    poder, alm de incentivar a participao democrtica (ao popular, ao coletivas,presena de leigos nos juizados etc.) e a preservao do valor liberdade, com atutela das liberdades pblicas por meio dos remdios constitucionais (tutela dosdireitos fundamentais).

    PRINCPIOS INERENTES JURISDIO:

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    Investidura a jurisdio o exerccio de um poder estatal, mas como enteabstrato, o Estado tem de atribuir a funo jurisdicional a um rgo ou agente,pessoa natural que o representa, recebendo parcela desse poder quandoregularmente investida na autoridade de juiz.Territorialidade por se tratar de um ato de poder, o juiz exerce a jurisdiodentro de um limite espacial sujeito soberania do Estado. Alm desse limite aoterritrio do Estado, sendo numerosos os juzes de um Estado, normalmente oexerccio da jurisdio que lhes compete delimitado parcela do territrio,conforme a organizao judiciria da Justia em que atua, sendo as reas deexerccio da autoridade dos juizes divididas na Justia Federal em sees

    judicirias e na Justia Estadual em comarcas. Assim, se o juiz, em processo,precisa ouvir testemunha que resida em outra comarca, dever requisitar por meiode carta precatria ao juiz da outra comarca (juzo deprecado) que colha odepoimento da testemunha arrolada no processo de sua jurisdio (do juzodeprecante), uma vez que sua autoridade adere ao territrio em que exerce a

    jurisdio. O mesmo ocorre com a citao por oficial de justia e a penhora de bemsituado em comarca diversa daquela em que tramita o feito.Se o ato a praticar situar-se fora do territrio do Pas, dever ser solicitada cartarogatria autoridade do Estado estrangeiro, solicitando sua cooperao para arealizao do ato.Indelegabilidade cada poder da Repblica tem as atribuies e o contedo fixadosconstitucionalmente, vedando-se aos membros de tais Poderes por deliberao, oumesmo mediante lei, alterar o contedo de suas funes. Aplica-se a hiptese aos

    juizes, que no podem delegar a outros magistrados, ou mesmo a outros Poderes oua particulares, as funes que lhes foram atribudas pelo Estado, j que tais funesso do poder estatal, que as distribui conforme lhe convm, cabendo ao juiz apenasseu exerccio.

    Inevitabilidade este princpio traduz-se na imposio da autoridade estatal por simesma por meio da deciso judicial. Quando provocado o exerccio jurisdicional, aspartes sujeitam-se a ela mesmo contra a sua vontade, sendo vedado autoridadepronunciar o non liquetem seu oficio jurisdicional. O Estado deve decidir a questo,no se eximindo de sentenciar alegando lacuna ou obscuridade da lei (CPC, art.126).

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    Inafastabilidade previsto no art. 5, XXXV, da CF/88, este princpio consiste nodireito concedido a qualquer pessoa (natural ou jurdica) de demandar a intervenodo Poder Judicirio para satisfazer uma pretenso fundada em direito que entendehaver sido lesado, ou estar sob a ameaa de leso. O Judicirio, reconhecendo ouno o direito pleiteado, no pode recusar-se a intervir no litgio. Tambm designadoprincpio do controle jurisdicional.Juiz natural as partes, na soluo do litgio, tm direito a julgamento realizadopor juiz e tribunal com competncia previamente estabelecida (CF/88, art. 5,XXXVII), que sejam independentes e imparciais.Inrcia o princpio da inrcia est ligado ao carter inquisitivo ou acusatrio doprocesso respectivamente, se o juiz tem poderes para exercer de oficio o controle

    jurisdicional ou se depende da provocao das partes. Nosso sistema optou peloacusatrio, ou principio da ao, atribuindo s partes o poder de provocar oexerccio jurisdicional, dizendo-se ento que a jurisdio inerte.Justifica-se o principio da inrcia tambm pelo fato de que a atividade jurisdicionaldeve incidir em carter excepcional, no intervindo espontaneamente em conflitosque podem ser solucionados amigavelmente entre as partes dentro do mbito dedisponibilidade de seus direitos.

    CARACTERSTICAS DA JURISDIO

    Substitutividade consiste na circunstncia de o Estado, ao apreciar o pedido,substituir a vontade das partes, aplicando ao caso concreto a vontade da norma

    jurdica.Imparcialidade conseqncia do quanto j visto: pois para que se possa aplicar odireito objetivo ao caso concreto, o rgo judicial h de ser imparcial. Para muitos, a principal caracterstica da jurisdio.Lide conflito de interesses qualificados pela pretenso de algum e pela

    resistncia de outrem. Entretanto, nem sempre necessrio lide para exercer ajurisdio, como por exemplo, nos casos de separao consensual, mudana de nomeetc.Monoplio do Estado o Estado tem o monoplio da jurisdio, que pode serexercido pelo Judicirio, como tambm pelo legislativo.

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    Inrcia a jurisdio inerte, porque somente se movimenta se for provocada. Ojuiz s pode agir dentro de um processo quando provocado pelas partes. Pormexistem excees, a exemplo, de reconhecimento da prescrio ex-oficio, paraproteger direitos de menores e incapazes etc.Unidade - a jurisdio poder estatal; portanto, uma. Para cada Estado soberano,uma jurisdio. S h uma funo jurisdicional, pois se falssemos de varias

    jurisdies, afirmaramos a existncia de varias soberanias e, pois, de vriosEstados. No entanto, nada impede que esse poder, que uno, seja repartido,fracionado, em diversos rgos, que recebem cada qual suas competncias. O poder uno, mas divisvel.Aptido para a produo de coisa julgada material: a definitividade apossibilidade da deciso judicial fazer coisa julgada material situao que j foidecidida pelo Poder judicirio em razo da apreciao do caso concreto a qual nopoder ser revista por outro poder, exceto : caso de penso alimentcia etc.

    CLASSIFICAES OU ESPCIES DE JURISDIO.

    Enquanto poder estatal, a jurisdio una; no entanto, por motivos de ordemprtica, principalmente pela necessidade da diviso do trabalho, costuma-se dividiras atividades jurisdicionais segundo vrios critrios.Assim, quando a doutrina fala em espcies de jurisdio, trata, na verdade, dadistribuio do conjunto de processos em determinadas categorias.Distingue-se entre a jurisdio penale a civil. O critrio classificatrio o objetoda pretenso deduzida perante o estado-juiz, sendo apenaluma pretenso punitiva,que tem por objeto privar temporariamente a liberdade do acusado pela prtica dedeterminado ilcito, definido em lei como crime. Seu exerccio dividido entre

    juizes estaduais comuns, pela Justia Militar estadual, pela Justia federal, pelaJustia Militar Federal e pala Justia Eleitoral, cuja competncia definida pela

    Constituio federal, que confere atribuies s justias especializadas em razo damatria ou da funo exercida pelas pessoas. Justia Estadual resta acompetncia residual, tanto em matria criminal quanto em matria civil.A jurisdio civil, em sentido amplo, composta pelas demais espcies depretenses de natureza civil, tributaria administrativa, trabalhista, comercial etc. a

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    jurisdio civil exercida pela Justia Federal, pela Justia Trabalhista, pelaJustia Eleitoral e pela Justia estadual.Ressalte-se que, apesar da distino, impossvel isolar completamente a relao

    jurdica, determinando competncia exclusiva jurisdio penal, ou civil. que oilcito penal no difere, na substancia, do civil, sendo as definies dos direitosviolados naquele extradas do direito civil.Aludiu-se a existncia de organismos judicirios a que a Constituio distribuicompetncia para julgar casos em matria criminal e civil. Com base nessa diviso,classifica-se a jurisdio tambm em especial e comum, integrando a primeira aJustia Militar, a Eleitoral, a Trabalhista e as Justias Militares Estaduais,compondo a segunda a Justia federal e a Justia estadual.Ressalte-se que, prevendo nosso ordenamento o duplo grau de jurisdio, tem-se adiviso em jurisdio inferior, composta pelas instancias ordinrias em primeirograu, com julgamentos proferidos por juizes singulares, e jurisdio superior,composta pelas instancias superiores, em segundo grau pelos tribunais de Justiados estados, Tribunais regionais federais e Tribunais das Justias Especializadas,bem como o Superior Tribunal de Justia, a zelar em ltima instncia pela corretaaplicao da lei federal, e o Supremo Tribunal federal, ao qual compete, em ltimainstncia, zelar pelo respeito Constituio, sendo o julgamento proferido por umcolegiado de juizes.Distingue-se a jurisdio de direitoe a de eqidade. A primeira incide no processocivil, consistindo no dever de o juiz julgar o caso sob a exata medida disposta nosinstitutos, sendo apenas excepcionalmente autorizado a julgar por eqidade (CPC,art. 127). Esta tambm a regra da jurisdio voluntria (CPC, art. 1.109).

    A JURISDIO VOLUNTRIA E TRAGA SUAS CARACTERSTICAS

    A jurisdio voluntria, tambm conhecida como jurisdio graciosa ou

    administrativa, comumente definida como a administrao pblica de interessesprivados; nela no se cuida da lide, mas de questes de interesse privado que porfora da lei devem ter a chancela do Poder Pblico, tais como: nomeao de tutor oucurador, alienao de bens de incapazes, separao consensual, arrecadao de bensde ausentes etc.

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    jurisdio voluntria aplicam-se as garantias fundamentais do processo,necessrias sobrevivncia do Estado de Direito, bem como todas as garantias damagistratura, asseguradas constitucionalmente. Em relao aos poderes processuaisdo magistrado, a doutrina aponta duas caractersticas da jurisdio voluntria:Inquisitoriedade: vige nos procedimentos de jurisdio voluntria, o principioinquisitivo, podendo o juiz tomar decises contra a vontade dos interessados. Omagistrado, em inmeras situaes, tem a iniciativa do procedimento: arts. 1.129,1.142, 1.160, 1.171 e 1.190, CPC.Possibilidade de deciso fundada na equidade: permite-se (art. 1.109, CPC) ao juizno observar a legalidade estrita na apreciao do pedido, facultando-lhe o juzopor eqidade, que se funda em critrios de convenincia e oportunidade. O juzo deequidade excepcional; somente se poder dele valer o juiz quando expressamentepor lei autorizado (art. 127 do CPC). No se trata, porm, de juzo de equidadeacima da lei. Permite-se, em vrios casos, que o magistrado profira juzodiscricionrio, que deve, porm, respeitar o princpio da proporcionalidade.

    COMPETNCIA

    CONCEITOO Estado tomou para si a funo de dizer o direito em todo o seu territrio. Paratanto, criou dentro da alada do Poder Judicirio, uma grande organizao,composta por diversos rgos jurisdicionais (STF, STJ, STM, STE, TRF etc.),repartindo a jurisdio entre eles, embora se deva ressaltar que a jurisdio,enquanto poder-dever do Estado, una, sendo que a mencionada repartio apenaspara fins de diviso do trabalho. Deste modo, competncianada mais do que afixao das atribuies de cada um dos rgos jurisdicionais, isto , a demarcaodos limites dentro dos quais podem eles exercer a jurisdio. Neste sentido, juizcompetente aquele que, segundo limites fixados pela Lei, tem o poder para

    decidir certo e determinado litgio (art. 86, CPC).

    FONTESConsiderando-se os inmeros processos que podem ser instaurados durante aatividade jurisdicional no Pas, costuma-se organizar essa atividade estatal peladiviso de atribuies para apreciar determinadas causas entre seus rgos. Essa

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    distribuio feita pela Constituio Federal, pelos diplomas processuais civil epenal e pelas leis de organizao judiciria, alm da distribuio interna dacompetncia nos tribunais, feita pelos seus regimentos internos. A Constituiobrasileira j distribui a competncia em todo o Poder Judicirio federal (STF, STJe Justias Federais: Justia Militar, Eleitoral, Trabalhista e Federal Comum). AJustia estadual , portanto, residual.

    PRINCIPAIS CRITRIOS DE FIXAO DA COMPETNCIA

    Os critrios que o legislador levou em conta para a distribuio de competncia soo da soberania nacional, o da hierarquia e atribuies dos rgos jurisdicionais(critrio funcional), o da natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas nolitgio (critrio objetivo), e os dos limites territoriais que cada rgo judicial exercea atividade jurisdicional (critrioterritorial).

    CRITRIOS OBJETIVOSCompetncia em razo da pessoa (partes); a fixao da competncia tendo em contaas partes envolvidas (ratione personae) pode ensejar a determinao dacompetncia originaria dos tribunais, para aes em que a Fazenda Pblica for parteetc;Competncia em razo da matria (ratione materiae) - causa de pedir; considera-se,ao fixar a competncia, a natureza da relao jurdica controvertida, definida pelofato jurdico que lhe d ensejo, por exemplo: para conhecer de uma ao deseparao, ser competente um dos juizes das Varas da Famlia e Sucesses, quandoos houver na Comarca;Competncia em razo do valor da causa (pedido); muito menos usado, serve paradelimitar, entre outras hipteses, competncia de varas distritais, ou, quando

    houver organizado, dos Tribunais de Alada.

    CRITRIO TERRITORIALOs rgos jurisdicionais exercem jurisdio nos limites das suas circunscriesterritoriais, estabelecidas na Constituio federal e/ou Estadual e nas Leis.Destarte, os juizes estaduais so competentes para dizer o direito nas suas

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    Comarcas, e os juizes federais, por sua vez, nos limites da sua Seo Judiciria. Jos Tribunais Estaduais so competentes para exercer a jurisdio dentro do seuestado, os Tribunais Regionais Federais, nos limites da sua regio. O STF e o STJpodem dizer o direito em todo o territrio nacional.Sob o ngulo da parte, a competncia territorial em princpio determinada pelodomicilio do ru, para as aes fundadas em direito pessoal e as aes fundadas emdireito real sobre bens mveis. (art. 94, CPC). Se o ru tiver domiclios mltiplos,poder ser demandado em qualquer deles ( 1); se incerto ou desconhecido, serdemandado no local em que for encontrado, ou no foro de domiclio do autor ( 2),facultando-se ao autor ajuizar a ao no foro de seu domiclio, se o ru no residirno Brasil e se o prprio autor tambm no tiver residncia no Pas ( 3). Ser aindano foro de domiclio de qualquer dos rus no caso de litisconsrcio passivo ( 4).Alm dessas regras, existem outras, seja no CPC, seja em leis extravagantes, queestabelecem regras especficas para certas aes, por exemplo: I ao deinventrio, competente o foro do ultimo domicilio do autor da herana (art. 96, CPC;art. 1.785, CC/02); II ao declaratria de ausncia, competente o foro do ultimodomiclio do ausente (art. 97, CPC); III ao de separao, divrcio, converso deseparao em divorcio e anulao de casamento, competente o foro do domiclio damulher (art. 100, I, CPC); IV ao de alimentos, competente o foro do domiclio doalimentado, isto , aquele que pede os alimentos (art. 100, IICPC); V ao decobrana, competente o foro do lugar onde a obrigao deveria ter sido satisfeita(art. 100, IV, d, CPC); VI ao de despejo, competente o foro da situao doimvel (art. 58, II, Lei n 8.245/91); VII ao de responsabilidade do fornecedorde produtos e servios, competente o foro domiclio do autor (art. 101, Lei n8.078/90-CDC); VIII ao de adoo, competente o foro do domiclio dos pais ouresponsveis (art. 146, Lei n 8.069/90 ECA); IX aes movidas no JuizadoEspecial Cvel, competente o foro do domiclio do autor (art. 4, Lei n 9.099/95JEC).

    CRITRIO FUNCIONALEnquanto nos outros critrios busca-se estabelecer o juiz competente paraconhecer de determinada causa, no critrio funcional reparte-se a atividade

    jurisdicional entre rgos que devam atuar dentro do mesmo processo.

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    Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver necessidade dedeterminados atos se realizarem perante rgos diversos; o caso da cartaprecatria para citao ou intimao e oitiva de testemunha que esteja domiciliadaem comarca diversa daquela em que tramita o processo, para a realizao depenhora de bem situado em comarca diversa.Essa competncia alterada tambm de acordo com o grau de jurisdio.Normalmente se desloca a competncia para um rgo de segundo grau, um tribunal,para reapreciar processo decidido em primeira instancia por meio de recurso.

    CLASSIFICAO DE COMPETNCIA

    A competncia classifica-se em:Competncia do foro (territorial) e competncia do juzoForo o local onde o juiz exerce as suas funes; a unidade territorial a qual seexerce o poder jurisdicional. No mesmo local, segundo as leis de organizao

    judiciria podem funcionar vrios juizes com atribuies iguais ou diversas.De tal modo, para uma mesma causa, constata-se primeiro qual o foro competente,para depois averiguar o juzo, que em primeiro grau de jurisdio, corresponde svaras, o cartrio, a unidade administrativa.Nas Justias dos Estados o foro de cada juiz de primeiro grau o que se chamacomarca; na Justia Federal a subseo judiciria. O foro do Tribunal de Justiade um estado todo o Estado; o dos Tribunais Regionais Federais a sua regio,definida em lei (art.107, par. nico, CF); o do Supremo Tribunal Federal, doSuperior Tribunal de Justia e de todos os demais tribunais superiores todo oterritrio nacional (CF, art.92, pargrafo nico). Portanto, competncia de foro, sinnimo de competncia territorial, e Juzo de rgo judicirio. A competncia do

    juzo matria pertinente s leis de organizao judiciria; j a de foro reguladapelo CPC.

    Competncia originria e derivada:A competncia originria atribuda ao rgo jurisdicional diretamente, paraconhecer da causa em primeiro lugar; pode ser atribuda tanto ao juzo monocrtico,o que a regra, como ao tribunal, em algumas situaes, como por exemplo, aorescisria e mandado de segurana contra ato judicial. Enquanto que a competncia

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    derivadaou recursal atribuda ao rgo jurisdicional destinado a rever a decisoj proferida; normalmente, atribui-se a competncia derivada ao tribunal, mas hcasos em que o prprio magistrado de primeira instancia possui competnciarecursal, por exemplo, nos casos dos embargos infringentes de alada, cabveis naforma do art. 34 da lei de Execuo Fiscal, que sero julgados pelo mesmo juzoprolator da sentena.

    Incompetncia relativa x Incompetncia absoluta

    As regras de competncia submetem-se a regimes jurdicos diversos, conforme setrate de regra fixada para atender somente ao interesse publico, denominada deregra de incompetncia absoluta, e para atender predominantemente ao interesseparticular, a regra de incompetncia relativa..A incompetncia defeito processual que, em regra, no leva extino o processo,mesmo tratando-se de incompetncia absoluta, salvo nas excepcionais hipteses doinciso III do art.51 da Lei n.9.099/95 (juizados Especiais Cveis), da incompetnciainternacional (arts. 88-89 do CPC) e do 1 do art. 21 do Regimento Interno doSupremo Tribunal Federal.A incompetncia quando absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquerdas partes, em sede de preliminar contestao, e, quando relativa, medianteexceo. Se absoluta, o juiz poder reconhec-la de ofcio (CPC, art. 113),independentemente da alegao da parte, remetem-se os autos ao juiz competentee reputam-se nulos os atos decisrios j praticados, e, se relativa (CPC, art. 112),somente se acolher a exceo de incompetncia, remeter o juiz o processo para o

    juzo competente para apreciar a questo, que ter duas opes: reconhecer suacompetncia ou divergir, declarando-se igualmente incompetente, suscitando oconflito de competncia (CPC, art. 115, II), e no se anulam os atos decisrios jpraticados.Na incompetncia absoluta, responder integralmente pelas custas, a parte que

    deixar de alegar na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autosresponder integralmente pelas custas, na relativa, o juiz no pode reconhec-la deofcio (Sumula 33 do STJ).

    REGRAS DE COMPETNCIA INTERNACIONAL

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    A jurisdio fruto da soberania do Estado e, por conseqncia natural, deve serexercida dentro do seu territrio. Entretanto, a necessidade de convivncia entreos Estados, independentes e soberanos, fez nascer regras que levam um Estado aacatar, dentro de certos limites estabelecidos em tratados internacionais, asdecises proferidas por juizes de outros Estados. Diante dessa realidade, olegislador nacional definiu casos em que a competncia exclusiva do PoderJudicirio brasileiro (art. 89, CPC), e casos em que a competncia concorrente,sendo que a deciso proferida no estrangeiro pode vir a gerar efeitos dentro donosso territrio, aps ser homologada pelo STJ (arts. 88, 89 e 483, CPC).

    MOMENTO QUE DEMARCA A FIXAO DE COMPETNCIA; EXCEES REGRA DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS

    Segundo dispe o art. 87 do CPC, a competncia, em regra, determinada nomomento em que a ao proposta com a sua distribuio (art. 263 c/c art. 251 doCPC) ou com o despacho inicial, sendo irrelevantes as modificaes do estado defato (ex. Mudana de domiclio do ru) ou de direito (ex. ampliao do teto dacompetncia do rgo em razo do valor da causa) ocorridas posteriormente(perpetuatio jurisdictionis), salvo se suprimirem o rgo judiciriocuja competncia

    j estava determinada inicialmente - por exemplo, a extino de uma vara cvel; ouquando as modificaes ocorridas alterarem a competncia em razo da matria ouda hierarquia- porque so espcies de competncia absoluta, fixadas em funo dointeresse pblico, razo pela qual outras modalidades de competncia absolutadevem estar abrangidas. Por exemplo, suponha-se a hiptese de vir a sermodificada, na lei de organizao judiciria, a competncia de uma das Varas Cveisda capital, que deixou de ter atribuies para conhecer de aes que envolvamdireitos reais. O juiz dessa vara perder a competncia sobre todas as causas dessaespcie, j em curso naquela Vara, embora se trate de competncia ditada pela

    matria.A CONEXO E A CONTINNCIA

    A regra geral a da perpetuatio jurisdictionis(CPC, art. 87), que veda a alteraode competncia no curso da ao, sendo ela fixada no momento da propositura.

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    No obstante a regra geral, o CPC, permite a modificao da competncia aps apropositura da ao nos casos de conexo ou continncia (art. 102, CPC). Assim,segundo o art. 103 do CPC, reputam-se conexas duas ou mais aes quando lhes forcomum o objeto, ou seja, o pedido, por exemplo, nas aes entre as mesmas partespedindo reviso do valor da penso alimentcia, e a causa de pedir , isto , o fato

    jurdico que d arrimo ao pedido, como nas aes com fundamento no mesmocontrato ou no mesmo fato, um acidente, por exemplo. A continncia, que umaespcie de conexo, segundo o art. 104 do CPC d-se entre duas ou mais aessempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma,por ser mais amplo, abrange o das outras, como por exemplo nas aes entre asmesmas pessoas, relativas a um contrato de mtuo , sendo que em uma delas cobra-se uma prestao; na outra, cobra-se todo o valor do mtuo.

    PREVENO

    Preveno um critrio de confirmao e manuteno da competncia do juiz queconheceu a causa em primeiro lugar, perpetuando a sua jurisdio e excluindopossveis competncias concorrentes de outros juzos.Por se tratar de matria de ordem pblica, no se sujeita precluso, podendo seralegada a qualquer tempo. Sendo juzes de mesma competncia territorial,considerar-se- prevento o que despachou em primeiro lugar (CPC, arts. 106 e 263),e sendo de competncia territorial diversa (comarcas distintas), considerar-se-prevento o juiz do processo que realizou a citao em primeiro lugar (CPC, art. 219).Entretanto, essa reunio s ser possvel se no ocorrer hiptese de competnciaabsoluta dos rgos julgadores e se as aes ainda estiverem pendentes de

    julgamento, tramitando no mesmo grau de jurisdio.

    OBSERVAO IMPORTANTE:

    A incompetncia relativa no pode ser declarada de oficio pelo juiz (compete ao rulevantar a questo, atravs de pea em separado, chamada exceo deincompetncia), salvo, segundo o pargrafo nico do art. 112 do CPC, acrescentadopela Lei n 11.280, de fevereiro de 2006, nos casos que envolvam litgios que tenhamarrimo em contratos de adeso, vez que neste caso licito ao juiz ex officio

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    reconhecer a nulidade da clusula de eleio de foro e declinar de sua competnciapara o juzo de domicilio do ru.

    CONFLITO DE COMPETNCIA

    A questo da competncia ou incompetncia tambm pode ser levantada por umoutro procedimento prprio, denominado conflito de competncia, regulado nos arts.115 a 124 do CPC. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, peloMinistrio Pblico ou pelo juiz (art. 116), e decido pelo tribunal que designa qual

    juiz o competente para decidir o conflito, pronunciando-se sobre a validade dosatos praticados pelo incompetente (art. 122).Instaura-se mediante petio dirigida ao presidente do tribunal, instruda com osdocumentos que comprovem o conflito, ouvindo o relator, com a distribuio, os

    juzes em conflito. Sobrestar o processo, caso o conflito seja positivo; se oconflito for negativo, o sobrestamento no ser necessrio, pois no haver juzopraticando atos processuais. Dever ainda o relator designar um juiz para solucionaras questes urgentes.Assim, h conflito de competncia quando dois ou mais juizes se declaramcompetentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) e tambm nocaso de controvrsia sobre reunio ou separao de processos (CPC, art. 115, I, II eIII).O conflito entre autoridade judiciria e autoridade administrativa, ou s entreautoridades administrativas, chama-se conflito de atribuies e no conflito decompetncia.

    AO

    ACEPES E CONCEITO DE AO

    No obstante a controvrsia profunda em torno da natureza jurdica da ao, causade inmeras teorias sobre o assunto, o entendimento moderno e que rene a maioriados juristas no sentido de que a ao um direito pblico subjetivo. , assim, odireito que assiste a qualquer pessoa de pedir, num caso concreto, a prestao daatividade jurisdicional do Estado, a quem cabe zelar pela harmonia social.

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    A palavra ao, na dogmtica jurdica, possui vrios sentidos. A cincia processual,notadamente sob influencia italiana, preocupou-se em delimitar o conceito de ao.Delimitar o conceito de ao, foi o principal tema, o principal objeto de pesquisa dosprocessualistas na fase de afirmao do processo civil como ramo autnomo doDireito. Inmeras foram as teorias.

    PRINCIPAIS ACEPES SOBRE O QUE SEJA AO

    ao como direito material em movimento/exerccio.No processo romano no havia distino ntida entre a relao jurdica processual ea relao jurdica material no processo deduzida. Ao, neste contexto, era oprprio direito material violado, cujo exerccio se dava perante os tribunais dapoca.Esta vinculao do direito de ao ao direito material ainda bastante visvelnas leis civis, que vez por outra falam que algum tem ao contra outrem. Fala-se,por exemplo, em ao regressiva, como sinnimo de direito de reembolso.

    Ao como direito autnomo em relao ao direito material.Ao, neste sentido, seria o direito de provocar a jurisdio, direito ao processo,direito de instaurar a relao jurdica processual. Trata-se da pretenso tutelajurdica (PONTES DE MIRANDA), que se exerce contra o Estado para que elepreste justia.s autonomistas dividiam-se entre:abstrativistas, que consideravamque o direito de ao era abstrato, pois existiria sempre, pouco importa o resultadoda causa (existncia ou no do direito matrias).concretistas, para quem, emboraautnomo, o direito de ao s existiria se o autor tivesse o direito material.Aconcepo abstrativista prevaleceu, embora com o tempero que lhe foi ministradopela concepo ecltica de ENRICO TULLIO LIEBMAN. No h quem discuta que aCF, quando garante a inafastabilidade da apreciao do Poder Judicirio (art. 5,XXXV), confere a todos o direito de exigir do Estado a prestao jurisdicional, em

    qualquer situao. Este direito incondicionado e pertence a todos.

    Ao como exerccio daquele direito abstrato de agir.Ao exercida, Ao processual, demanda, pleito, causa, todas essas sopalavras sinnimas e possuem o sentido de identificar o exerccio do direitoabstrato de ao, que no caso sempre concreta, porque relacionada a determinada

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    situao jurdico-substancial.Pela ao processual, exerce-se o direitoconstitucional de ao, levando-se a juzo a afirmao de existncia do direitomaterial (ao em sentido material), fato que j revela como o estudo desseinstituto se encontra no ponto de contato do direito processual como direitomaterial.Essa acepo a considerada, atualmente, do ponto de vista prtico e didtico, amais importante. O estudo dos elementos da ao, da cumulao de aes, doconcurso de aes, da classificao das aes gira em torno da ao exercida,e no do direito de ao constitucionalmente considerado.Questes, como a coisa

    julgada, a conexo/continncia, a prejudicialidade, a interveno de terceiro, domesmo modo, esto intimamente relacionada ao exercida. As condies da aotambm s se admitem se a ao condicionada for a ao exercida.

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS

    Direito pblico: pblico subjetivo exercitvel pela parte para exigir do Estado aobrigao da prestao jurisdicional;Direito abstrato: pouco importando seja de amparo ou desamparo pretenso dequem o exerce;Direito autnomo: pode ser exercitado sem sequer relacionar-se com a existnciade um direito subjetivo material;Direito instrumental: refere-se sempre deciso a uma pretenso ligada ao direitomaterial (positiva ou negativa), sendo o Estado o detentor do poder. Dever desolucionar os conflitos inter-subjetivos de interesses ocorrentes entre osindivduos e as coletividades; a ao exercida contra ele, no contra o ru. Exerce-se a ao contra o Estado e em face do ru.Ao como direito autnomo e concreto: seria a ao um direito autnomo. Emboradiverso do direito material lesado, s existe quando tambm exista o prprio direito

    material a tutelar. A ao seria o direito sentena favorvel. A ao dirigidacontra o Estado e contra o adversrio, defendido por Wach, Bullow, Hellwig eChiovenda.

    CONCEITO DE DEMANDA

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    Demanda a pretenso levada a juzo. aquilo que se vai buscar ao judicirio, o quese almeja perante o juzo. um direito subjetivo que instrumentalizado atravs dapetio inicial.

    AS CONDIES DA AOCondies da ao so os requisitos necessrios para pedir a prestao jurisdicional,isto , para propor ou contestar ao, e esto previstas no ordenamento jurdicoptrio a saber, a) o interesse processual a necessidade que tem a parte derecorrer ao Poder Judicirio para alcanar a tutela pretendida, e essa tutela podetrazer-lhe algum interesse do ponto pratico; b) a legitimidade para a causa(legitimatio ad causam) a qualidade que deve ter aquele que pretende participardiretamente em processo judicial, como autor, como ru ou como terceiro

    juridicamente interessado; e c) possibilidade jurdica do pedidoque a existnciade previso legal, ou ausncia de proibio, para a pretenso formulada ao PoderJudicirio, pelo menos em tese. O termo pedido deve ser entendido no em seusentido estrito (relativo ao mrito), mas conjugado com a causa de pedir.

    CLASSIFICAO AS AES

    Quanto ao tipo de provimento pedido pelo autor, as aes so ordinariamenteclassificadas em aes cautelares, de conhecimento e de execuo. As aescautelares so as que suscitam medidas jurisdicionais preventivas, a fim deacautelar interesses das partes em perigo pela demora da tutela jurisdicional nasaes de conhecimento ou de execuo. J as aes de conhecimento, ou cognio,so aquelas que invocam uma tutela jurisdicional de conhecimento, em que o Estado-

    juiz, aps tomar conhecimento pleno do conflito, prolata deciso que resolve a lide.Ressalve-se que a Lei n 11.232, de 22 de dezembro de 2005, com vigncia para 24de junho de 2006, transformou a ao de execuo fundada em titulo judicial em

    fase da ao de conhecimento, que no mais termina com a sentena, estendo-seat a efetiva realizao do direito (atos executivos), salvo quando a executada for aFazenda Pblica (arts. 730 e 731, CPC).Por ltimo, as aes de execuoso aquelas que invocam uma tutela de execuo(fora estatal), que procuram realizar praticamente o direito j reconhecido emcertos ttulos extrajudiciais com eficcia executiva (art. 585, CPC), e em decises

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    proferidas nas aes de conhecimento em desfavor da Fazenda Pblica (arts. 730 e731, CPC).Como j vimos, a tutela jurisdicional se manifesta por meio de deciso, ou meio deatos de execuo, ou por meio de medidas cautelares ou preventivas. A tutela

    jurisdicional sob forma de deciso do mrito da causa pressupe um processo deconhecimento. A tutela de execuo reclama atos executrios que realizempraticamente a sentena proferida em ao de conhecimento ou ttulosextrajudiciais a que a lei atribui eficcia executiva. A tutela jurisdicional cautelarvisa a acautelar interesses das partes em perigo pela demora da providncia

    jurisdicional de conhecimento ou de execuo.Conforme se trate de tutela jurisdicional de conhecimento, de execuo, preventivaou cautelar, se classificam as aes em aes de conhecimento, aes de execuoeaes cautelares.

    Aes de Conhecimento:O processo, de que se vale o rgo jurisdicional, se diz de conhecimento, porqueatravs dele se conhecer com segurana no s a pretenso do autor como aresistncia que lhe ope o ru, isto , a lide posta em juzo. Assim, as aes deconhecimento podem ser:meramente declaratria aquela em que o pedido do autor se resume declaraode existncia ou de inexistncia de uma relao jurdica ou autenticidade oufalsidade de documento (CPC, art. 4.)1; b) condenatria declara-se a violao aopreceito legal e impe-se uma sano ao infrator, e c) constitutiva Ex. SeparaoJudicial por injria grave: declara-se a existncia de uma injria grave e decreta aextino do vnculo conjugal. Resciso de contrato: declarado o inadimplementocontratual, segue-se a decretao da resciso do contrato.

    Aes Executivas:

    Visam um provimento satisfativo. Provocam providncias jurisdicionais de execuo.Pode acontecer que, proferida a sentena, na ao condenatria, o ru, isto , o

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    devedor, satisfaa a obrigao. Caso no satisfaa espontaneamente a obrigaopoder o credor utilizar-se do ttulo executivo para solicitar da jurisdioprovidncias indispensveis para realizar efetivamente a regra sancionadora contidana sentena.

    Aes Cautelares:So aes preventivas que visam a providncias urgentes e provisrias, tendentes aassegurar os efeitos de um provimento principal, em perigo por eventual demora nasoluo do processo.Em verdade, atravs do processo de conhecimento e de execuo, a jurisdiocumpre o ciclo de suas funes principais. Mas, para assegurar o xito dessasatividades, no raro, necessita-se da atividade cautelar.

    OBS:A substituio processual expresso sinnima da legitimao extraordinria?O Cdigo de Processo Civil em vigor no Brasil diploma legal moderno e erigidosobre os mais slidos pilares da dogmtica do Direito Processual Civil. Todavia, exclusivamente individualista. Sua preocupao foi unicamente a de encaminharsolues para as lides individuais - direitos individuais das pessoas fsicas e

    jurdicas.O art. 6, que regula a legitimidade extraordinria ou substituio processual que:s se pode agir em juzo em nome prprio para a defesa de direito prprio, o queprova a sua caracterstica individualista. Deve haver coincidncia entre alegitimao de direito material e a legitimao de direito processual.S quando houver expressa autorizao legal que algum pode em nome prprio,defender direito de outrem (CPC 6 a contrario sensu). a substituio processual.Porm, existem problemas que decorrem de relaes jurdicas de massa, quereclamam solues diferentes daquelas previstas pelo CPC para os conflitos

    intersubjetivos. Razo esta pela qual sobrevieram algumas normas legais no Brasildestinadas a encaminhar solues para as lides coletivas.

    AES DPLICES

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    Conceitua-seaes dplices como aes (pretenses de direito material) em que acondio dos litigantes a mesma, no se podendo falar em autor e ru, pois ambosassumem concomitantemente as duas posies. Tal circunstncia decorre dapretenso deduzida em juzo. So exemplos: a) as aes declaratrias; aesdivisrias; c) as aes de acertamento, como a prestao de contas e oferta dealimentos.

    CUMULAO DE AES E CONCURSO DE AES

    Concurso de aes significa que uma nica lide pode ser dirimida de mais de umaforma, de uma ao. A opo por uma dessas aes, geralmente, significa a renncias demais, como se d na maioria das vezes. Como exemplo, pode-se invocar o casodos vcios redibitrios: onde o adquirente pode, uma vez constatado o defeito ocultoou um vcio que torne a coisa imprpria para o consumo, optar entre redibir ocontrato ou reclamar o abatimento do preo. Aqui, escolhida uma via, haver arenncia da outra. Isto ocorre porque a sentena do juiz que julgar o mrito (a lide)produz coisa julgada material, proibindo a repetio de uma ao que j tenha sidodecidida em seu mrito.

    Cumulao de aes a possibilidade de o autor cumular, ajuntar, num mesmoprocesso, dois ou mais pedidos. O autor pode, exemplificativamente, acionar o rupara postular contra ele sua condenao ao pagamento de danos materiais e morais,desde que oriundos do mesmo fato (o que permitido pelo STJ, em entendimento jsumulado). A cumulao de aes orienta-se pelo princpio da economia processual.

    PROCESSO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

    CONCEITO DE BREVE HISTRICO

    Processo o mtodo por meio do qual se opera a jurisdio. Em outras palavras,processo o instrumento utilizado pelo Estado-juiz para realizar a funo deprestar a tutela jurisdicional queles que o procuram por meio do ajuizamento deuma ao, seja qual for a natureza do conflito. Portanto, o processo se constitui

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    numa relao jurdica de direito pblico, que tem seus atos documentados porescrito (autos do processo). Enquanto o processo se apresenta como mtodo, oinstrumento, pelo qual o Estado exerce a jurisdio, procedimento a formamaterial pela qual o processo se realiza em cada caso concreto.Vrias so as teorias acerca da natureza jurdica do processo. O direito processual,at meados do sculo XIX, no era reconhecido como cincia autnoma. Na chamadafase imanentista, o processo era tratado como mero apndice do direito material.Os civilistas ou imanentistas consideravam essencial o direito material, por isso, odenominaram direito substantivo, ao passo que o processo, tido como simplesconjunto de formalidades para atuao prtica daquele, era chamado direitoadjetivo.A formulao das teorias da relao processual e da nova conceituao do direito deao pelos alemes, sob influncia do direito italiano, foram decisivas para odesmembramento do direito processual frente ao direito material.O marco inicial da autonomia cientfica do direito processual data da publicao, em1868, do reconhecido livro do jurista alemo Oskar von Blow denominado Teoriados pressupostos processuais e das excees dilatrias, com a qual se inicia odesenvolvimento da teoria do processo como relao jurdica, e esboa-se osprincpios bsicos de forma a dar contornos de cincia ao direito processual civil. de Bllow a qualificao do processo como relao jurdica que no se reduz a umsimples procedimento de regulamentao e ordenao das formas e atos das partese do juiz. Essa tese possibilitou a sistematizao do instituto substancial. Elucidou oconceito de processo como relao das partes com o Estado-juiz distinta da relaode direito material em discusso, esclarecendo que a relao processual ocontinente onde se realiza a discusso de direito material, mas que envolve, naquela,a) sujeitos diversos, pois, alem das partes na defesa de suas posies, tem-se oEstado-juiz mediando o conflito e decidindo, b) que tem por objeto a prestao

    jurisdicional, c) com pressupostos prprios de constituio e validade (pressupostos

    processuais).

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS E OBJETO

    As principais caractersticas do processo so:

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    Formalismo jurdico so formas estabelecidas por lei e que devem ser obedecidasna realizao dos atos jurdicos. Solenidades que do aos atos os seus efeitosjurdicos.A principal caracterstica do processo a que eles so formais, e suas solenidadesho de ser observadas para que tenham eficcia plena e conduzam o procedimentodo qual fazem parte a sua seqncia natural, at o ultimo ato a ser realizado, que asentena.

    Imperatividade evidente a imperatividade das regras e dos princpiosprocessuais. No entanto, h juristas que no admitem seja o direito constitudo de

    juzos imperativos. Consideram toda norma jurdica como um enunciadosimplesmente indicativo ou descritivo: a certos fatos, correspondem certasconseqncias. A norma no mais seria que uma declarao ao mesmo tempo ntica(descritiva do fato) e dentica (o que deve ser) da espcie regulada. J outros

    juristas que admitem o carter imperativo das normas, mas o consideram como umimperativo hipottico e no como um imperativo categrico.Porm, grande parte dos juristas antigos consideravam a norma legal como umimperativo categrico, como um comando obrigatrio, mas hoje ela tida como umimperativo hipottico binado, que liga um prmio ou uma sano, conforme odestinatrio cumpra ou descumpra o preceito.

    COGNIO JUDICIAL

    A cognio judicial o meio atravs do qual o juiz toma conhecimento das questesde fato e de direito alegadas pelas partes, constituindo o fundamento da prestao

    jurisdicional. l

    QUESTES DE FATO E DE DIREITO; PRELIMINARES E PREJUDICIAIS

    Reputa-se questo de fato toda aquela relacionada aos pressupostos fticos daincidncia; toda questo relacionada existncia e s caractersticas do suporteftico concreto, pouco importa se, examinada pela perspectiva do objeto, questode fato ou de questo de direito. Toda questo relacionada causa de pedir, porexemplo, ser considerada questo de fato.

  • 7/28/2019 Direito Processual Civil - Sabrina Dourado

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    Projeto UTI 60 HorasProcesso Civil

    Prof. Sabrina Dourado

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    Considera-se questo de direitotoda aquela relacionada com a aplicao da hiptesede incidncia no suporte ftico; toda questo relacionada tarefa de subsuno dofato ou conjunto de fatos norma.As questes de fato e de direito se entrelaam profundamente, de maneira que nose pode disciplinar a prescrio como simples questo de direito que o juiz possa exofficio, levantar e resolver liminarmente, sem a obedincia do princpio docontraditrio.Ser questo preliminar aquela cuja soluo, conforme o sentido em que sepronuncie, cria ou remove obstculo apreciao da outra. uma espcie deobstculo que o magistrado deve ultrapassar no exame de uma determinada questo.As questes preliminares referem-se possibilidade de exame da questo demrito, e no pode ser objeto de um processo autnomo..No que tange as questes preliminares, a deciso da questo condiciona a apreciaoda questo posterior; porm, no influencia no teor da deciso da questo posterior.Por fim, ser questo prejudicial aquela de cuja soluo depender no apossibilidade nem a forma do pronunciamento sobre a outra questo, mas o teormesmo desse pronunciamento. A segunda questo depende da primeira no no seuser, mas no seu modo de ser. Podem ser objeto de um processo autnomo. Exemplos:a filiao, na demanda por alimentos,; a validade do contrato, na demanda em que sepretende a sua execuo.

    SUJEITOS PROCESSUAIS

    Os sujeitos do processo so pessoas, fsicas ou jurdicas, que participam da relaoprocessual (partes), quais sejam: autor e ru. Diz-se do autor aquele que formula opedido ao juzo, enquanto o ru aquele em face de quem o autor faz o pedido; juiz sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para dirimir a lide; eterceiros interessados - poder ingressar como parte principal.

    PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

    Pressupostos processuais so todos os elementos de existncia, os requisitos devalidade e as condies de eficcia do procedimento, aspecto formal do processo,