direito penal - parte geral - andré estefam

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Direito Penal – Parte Geral André Estefam 13 fev. 08 BIBLIOGRAFIA SUGERIDA: Coleção Curso e Concurso – Ed. Saraiva – vol. 1 parte geral. Direito Penal Aplicado – Pedro Franco – parte especial. Curso Processo Penal – ed. Saraiva – Fernando Capez. Ou Professor Edilson Bonfim. PRINCÍPIOS NO DIREITO PENAL Princípio da dignidade da pessoa humana – CF, 1, III Reflexos deste princípio: É vedado ao direito penal punir condutas socialmente inofensivas; Princípio da humanidade das penas – subprincípios – CF, 5.º, XLVII. Morte: Caráter Perpétuo: Cruéis: RDD – polêmica – defensoria pública diz que sim, demais áreas que não. Trabalho forçado: Banimento: Princípio da legalidade – CF, 5.º, XXXIV Princípio da retroatividade da lei benéfica – CF, 5.º, XL Princípio da insignificância ou da bagatela – (Roxin) comportamentos que produzam lesões insignificantes aos bens juridicamente tutelados são considerados atípicos. Dimensionar a insignificância é o grande X da questão – adequar a resposta ao concurso que esta a prestar. Princípio da alteridade ou transcedentalidade – (Roxin) - o direito penal só pode incriminar condutas que atinjam bens alheios. Não pune o Direito Penal atos que só prejudicam o próprio agente. Usar drogas; autolesão, exceto a que vise fraudar seguro; tentativa de suicídio. 20 fev. 08 1

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Page 1: Direito Penal - Parte Geral - André Estefam

Direito Penal – Parte Geral André Estefam

13 fev. 08BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

Coleção Curso e Concurso – Ed. Saraiva – vol. 1 parte geral. Direito Penal Aplicado – Pedro Franco – parte especial. Curso Processo Penal – ed. Saraiva – Fernando Capez.

Ou Professor Edilson Bonfim.

PRINCÍPIOS NO DIREITO PENAL

Princípio da dignidade da pessoa humana – CF, 1, III

Reflexos deste princípio:

É vedado ao direito penal punir condutas socialmente inofensivas;

Princípio da humanidade das penas – subprincípios – CF, 5.º, XLVII.

Morte:

Caráter Perpétuo:

Cruéis: RDD – polêmica – defensoria pública diz que sim, demais áreas que não.

Trabalho forçado:

Banimento:

Princípio da legalidade – CF, 5.º, XXXIVPrincípio da retroatividade da lei benéfica – CF, 5.º, XL

Princípio da insignificância ou da bagatela – (Roxin) comportamentos que produzam lesões insignificantes aos bens juridicamente tutelados são considerados atípicos.

Dimensionar a insignificância é o grande X da questão – adequar a resposta ao concurso que esta a prestar.

Princípio da alteridade ou transcedentalidade – (Roxin) - o direito penal só pode incriminar condutas que atinjam bens alheios. Não pune o Direito Penal atos que só prejudicam o próprio agente.

Usar drogas; autolesão, exceto a que vise fraudar seguro; tentativa de suicídio.

20 fev. 08

Princípio da adequação social - É vedado ao Direito Penal incriminar comportamentos socialmente adequados. Corrente predominante alega que tal princípio deve ser observado pelo legislador, e não pelo aplicador da lei, pois, se assim o fizer, agirá como legislador.

Princípio do fato ou a exclusiva proteção do bem jurídico - o direito penal só pode incriminar comportamentos que atinjam bens juridicamente tutelados, sendo-lhe vedado punir condutas meramente antiéticas, pecaminosas ou referentes à determinada ideologia.

Bem jurídico constitucional – ao legislador só é dado proteger a bens jurídicos constitucionais, ou seja, advindos da constituição, não ocorrendo, porém, de se criar crimes pelo simples arbítrio do legislador.

Princípio da intervenção mínima ou da fragmentariedade – o Direito Penal só deve ser aplicado em situações nas quais se atinja de forma mais grave os bens jurídicos mais

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Direito Penal – Parte Geral André Estefam

importantes. O Direito Penal é usado como “ultima ratio”, última opção, quando os demais ramos do direito não puderem resolver o caso.

Princípio da ofensividade ou lesividade – não há crime sem efetiva lesão ou perigo concreto ao bem penalmente tutelado. “nullum crimen sine injuria”

CLASSIFICAÇÃO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE

Crimes de lesão ou de dano – é aquele que exige a efetiva lesão ao bem jurídico para efeito de consumação. Ex.:

Crimes de perigo ou ameaça – é aquele que se contenta com a exposição do bem tutelado a uma situação de perigo para efeito de consumação. Ex.: embriagues ao volante.

Crimes de perigo real ou concreto – tem que provar a conduta e o risco. CP 132; 306 do CTB.

Crimes de perigo abstrato ou presumido – a lei exige a comprovação do perigo. Ex.:

O princípio da ofensividade retiraria os crimes de perigo abstrato ou presumido, portanto, é posição majoritária

Código penal – originado em 1940, havendo sofrido diversas alterações desde sua publicação.

!!!OBS!!! os primeiros 12 artigos, da aplicação da lei penal, tem a maior incidência de cobrança em concursos públicos.

Art. 1.º - Princípio da legalidade – cláusula pétrea advinda da CF.5.º, XXXIX – “nulum crimen nulla poena sine previa lege”. A maioria dos doutrinadores apontam como origem do princípio da legalidade a data de 1215, com a Carta Magna.

Aspecto político – efeito de segurança jurídica;

Aspecto jurídico – subsunção - só é crime o comportamento que encontre perfeita correspondência com a lei penal

12 mar. 08

Princípio da retroatividade benéfica -

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Lex nitior – benéfica – retroage –

Novatio legis in mellius – a nova lei que mantém a incriminação, mas dá ao fato tratamento mais brando. Ex.:. Lei de drogas em seu art. 28 (drogas para consumo)

Abolitio criminis – a nova lei que deixa de tipificar a conduta como crime. Descriminaliza condutas. Art. 107 CP (causa extintiva da punibilidade)

Competência para aplicação da lex nitior, dependerá do estágio da ação, sendo que se estiver em execução, deve-se observar a súmula 611 STF.

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Lex gravior – gravosa – não retroage

Novatio legis in pejus – é a nova lei que mantém a incriminação, mas, dá ao fato tratamento mais rigoroso. Ex.:. art. 33 CAPUT lei de drogas

Novatio legis incriminadora – É a lei penal que criminaliza condutas, tornando típico fato anteriormente atípico. Ex.: art. 319 A CP.

Sucessão de leis penais

Lei A - 2005 – define crime cominando pena de 2 a 6 anos reclusão

Lei B – 2006 - mantém o crime cominando pena de 1 a 3 anos de detenção

Lei C – 2007 - mantém o crime cominando pena de 1 a 5 anos de reclusão.

Para sentenciar hoje, a respeito de fato ocorrido em 2005?

Utilizar-se-ia a lei B, pois, a de 2007 seria mais gravosa e não poderia ser aplicada. Já a de 2006 é mais benéfica e retroage.

No exemplo, há a ultratividade da lei, que é a sua utilização após a revogação.

CRIME PERMANENTE E CRIME CONTINUADO EM RELAÇÃO AO CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO.

Crime permanente – o que a consumação se prolonga no tempo (seqüestro, extorsão mediante seqüestro)

Crime continuado – art. 71 CP. - São vários crimes praticados em continuidade delitiva (empregada que furta um talher por dia...até furtar o faqueiro...recebera uma pena com o aumento previsto em lei)

Exemplo: Crime de tráfico de drogas, que se prolongou de julho de 2006 até dez 2006, enquanto o produto estava armazenado, ocorre que em 08-10-2006 entrou em vigor a lei de drogas que tornou mais gravoso o tratamento...qual lei aplicar?

A lei penal gravosa aplica-se ao crime continuado ou permanente, se entrar em vigor durante a permanência ou a continuidade delitiva.

LEI PENAL EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA:

É aquela criada para ter incidência durante uma situação excepcional ou durante determinado período de tempo.

São aplicáveis aos fatos ocorridos no período de sua vigência mesmo após seu término. Sendo consideradas leis ultrativas.

!!!Q!!! A revogação do complemento de uma lei penal em branco acarreta abolitio criminis?

09 abr. 08

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Direito Penal – Parte Geral André Estefam

SISTEMAS PENAIS

Clássico

Neoclássico

Finalista

Funcionalista

Serve o Direito Penal para garantir a vigência da norma e assegurar a expectativa normativa, que é a expectativa de cada indivíduo de que a norma será cumprida.

Roxin – é costume referir-se ao pensamento deste como funcionalismo racional teleológico ou moderado e ao de Johabs como funcionalismo sistêmico ou radical.

A ESTRUTURA DO CRIME NOS SISTEMAS PENAIS

SISTEMA CLÁSSICO (1900)

Liszt, Belüng, Radbruch

Baseia-se em duas teorias, a saber:

A teoria causal/naturalista da ação: Ação é a inervação muscular produzida por energias de um impulso cerebral, que provoca modificações no mundo exterior.

A teoria psicológica da culpabilidade: culpabilidade é o vínculo psicológico que une o autor ao fato, por meio do dolo ou da culpa.

Para estes o crime detinha dois aspectos

Objetivo

o injusto – a junção do fato típico conduta

Tipicidade

+ Resultado = nos crimes materiais

Nexo causal = nos crimes materiais

Antijuridicidade – salvo se houver alguma exclusão de . ilicitude.

Subjetivo

a culpabilidade – dolo

culpa

A imputabilidade, para eles, é pressuposto de culpabilidade, ou seja, a capacidade de ser culpado.

Pelo sistema clássico o agente que agia sob coação moral irresistível seria condenado, pois, preenchia todos os elementos necessários para sua condenação. Tal problema impulsionou uma mudança na estrutura do crime, fazendo surgir uma nova teoria da culpabilidade e consequentemente, um novo sistema, o neoclássico.

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Direito Penal – Parte Geral André Estefam

NEOCLÁSSICO

Considerava-se a culpabilidade muito simploriamente definida, buscando-se um aprofundamento no assunto, passando a considerar a culpabilidade proporcional à reprovabilidade do ato praticado.

Surge assim a teoria normativa da culpabilidade em substituição da psicológica da culpabilidade.

A estrutura do crime continua a mesma, exceto no item culpabilidade, que passa a ser dessa forma entendido:

Culpabilidade Imputabilidade +

Dolo ou culpa +

Exigibilidade de conduta diversa

16 de abril de 2008Teoria dos elementos subjetivos do injusto

FINALISTA

Professor welzel.

Todo comportamento humano é movido por uma finalidade. Conforme o professor Welzel a finalidade é a espinha dorsal da conduta humana.

Teoria finalista da ação, que incorporava a premissa básica de que todo comportamento humano é movido por uma finalidade.

Tal teoria provocou uma grande mudança no sistema e estrutura do crime.

Dolo – consciência e .. .............vontade

Fato típico conduta culpa

Tipicidade

+ Resultado = nos crimes materiais

Nexo causal = nos crimes materiais

Antijuridicidade – salvo se houver alguma exclusão de . ilicitude.

Culpabilidade – consciência da ilicitude

FUNCIONALISTA

FATO TÍPICO

Conduta ação - facere

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Direito Penal – Parte Geral André Estefam

Omissão – non facere

Elementos da conduta

- Exteriorização do pensamento – “cogitationis poenam nema patitur”

30 de abril de 2008TEORIA NORMATIVA DA OMISSÃO

É a escolha do legislador pátrio, conforme art. 13, 2º, CP.

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

a) deve legal;

b) garante, ou garantidor; Ex.: babá, salva-vidas, médico plantonista, guia de expedição; pais; qualquer pessoa que se comprometa a cuidar de uma criança, por exemplo, não sendo exigido o contrato;

c) ingerência à norma – aquele que se intromete, interfere na norma – por exemplo, um casal estava embriagado na represa, e o homem convidou a mulher, mais embriagada que ele, para nadar, com esse convite, o rapaz se comprometeu, pois, ela veio a afogar-se e morrer. (omissão comissão)

TIPICIDADE

É a relação de subsunção entre um fato concreto e uma norma penal (formal) e a ofensa, por meio de uma lesão ou ameaça de lesão, a um bem penalmente tutelado (material).

Aspecto formal advém da própria norma, ou seja, da correspondência desta com o fato. Entretanto, não basta apenas isso, deve haver a ofensa a um bem tutelado.

Fases da evolução da tipicidade conforme Asúa.

Fase da independência – (beling) a tipicidade era compreendida como totalmente independente da ilicitude e que só continha elementos objetivos;

Fase do caráter indiciário – (Mayer) rátio congoscendi a tipicidade representa um indício de ilicitude e contém elementos objetivos, subjetivos ou normativos;

Fase da ratio essendi –(Mezger) a tipicidade constitui a razão de ser da ilicitude.

Dentre essas, a fase do caráter indiciário é a mais aceita.

Tipicidade conglobante – conceito desenvolvido por Zaffaroni, professor Argentino, pelo qual, a tipicidade penal seria a soma de dois fatores, a saber, a tipicidade legal e a tipicidade conglobante, onde a primeira seria a subsunção entre o fato e a norma e, a tipicidade conglobante é a que resulta da análise conglobada do ordenamento jurídico verificando se o comportamento é autorizado ou incentivado por normas extra-penais.

RESULTADO

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Direito Penal – Parte Geral André Estefam

Exigível nos crimes materiais. Trata-se do resultado naturalístico, ou seja, material, pois, o resultado jurídico, que é a lesão ou ameaça de lesão, já está contido na tipicidade.

Resultado naturalístico é a modificação no mundo exterior provocada pela conduta.

O resultado naturalístico determina a classificação dos crimes, que podem ser:

Materiais – de resultado – são aqueles cujo tipo penal descreve conduta e resultado, e exige ambos para fins de consumação.

Formais – de intenção – o tipo descreve conduta e resultado, mas contenta-se com a conduta para efeito de consumação. (tipos incongruentes). Ex.: corrupção passiva.

De mera conduta – simples atividade – o tipo só descreve conduta, sem fazer qualquer alusão a resultado. Ex.: 269 CP, art. 14 Lei 10826/03 o porte de arma.

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