direito do trabalho

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DIREITO DO TRABALHO Universidade Autónoma de Lisboa Ano lectivo 2004/2005 Aulas teóricas: …………………………Dr. Fernando Ribeiro Lopes Aulas práticas: ………………............................Dr. Carlos Proença Bibliografia : "Direito do Trabalho” do Dr. António Monteiro Fernandes “ Código do Trabalho” anotado de Pedro Martinez, Luís Monteiro, Joana Vasconcelos, Pedro de Brito, Guilherme Dray, Luís Gonçalves da Silva Apontamentos e resumos do curso, não isentos de eventuais erros ("errare humanum est") Salut ! !!!

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Page 1: Direito do Trabalho

DIREITO DO TRABALHO

Universidade Autónoma de Lisboa Ano lectivo 2004/2005

Aulas teóricas: …………………………Dr. Fernando Ribeiro LopesAulas práticas:………………............................Dr. Carlos Proença

Bibliografia : "Direito do Trabalho” do Dr. António Monteiro Fernandes “ Código do Trabalho” anotado de Pedro Martinez, Luís Monteiro, Joana Vasconcelos, Pedro de Brito, Guilherme Dray, Luís Gonçalves da Silva Apontamentos e resumos do curso, não isentos de eventuais erros ("errare humanum est") "destilados" por António Filipe Garcez José, aluno n° 20021078,

Objecto do Direito do Trabalho

Direito do TrabalhoRamo do Direito que visa regular as relações jurídico-privadas de trabalho livre, remunerado e subordinado.

Relações jurídico-privadasTituladas por contrato de trabalho

Trabalho subordinado livrePorque se alude a uma situação em que a colocação de uma pessoa “sob a autoridade e direcção“ de outra (art. 10º) se baseia num acto de vontade daquele que assim se subordina.

Trabalho remunerado

Salut !!!!

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 10.ºNoção Contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a outra ou outras pessoas, sob a autoridade e direcção destas.
Page 2: Direito do Trabalho

Estão de fora do objecto do Direito do Trabalho, as situações em que alguém realiza uma actividade, em proveito de outrém, a título gratuíto. Conteúdo do Direito do Trabalho

Relações jurídicas de diversa natureza :

Relação individual de trabalho Aqui estão em jogo interesses meramente privados e individuais. Os sujeitos são o trabalhador e a entidade empregadora e o facto determinante é o contrato celebrado entre estes.

Relação entre o empregador e o Estado Estão em jogo interesses públicos (além das conveniências particulares do dador de

trabalho). O conteúdo desta relação consiste em certo número de deveres que ao empregador incumbe e cujo cumprimento é fiscalizado pela Administração estadual do trabalho e sancionado por meios de natureza pública.

Relações colectivas de trabalho Estão em jogo interesses colectivos, de classe, de categoria profissional ou de ramo de actividade económica. Destas relações pode designadamente, resultar a regulamentação de relações individuais, por via de convenção colectiva

Funções do Direito do Trabalho

Direito do Trabalho

Protecção do trabalhadorDitada pela necessidade de “reequilibrar” o posicionamento relativo do empregador e do trabalhador.

Limitações à autonomia privada individualDefinição normativa de condições mínimas de trabalho, condições pré-contratuais, direitos e deveres recíprocos das partes e aspectos pós-contratuais.

Protecção do trabalhador

Limitações à autonomia privada individual

Page 3: Direito do Trabalho

Função de protecção do trabalhador

Visa compensar a debilidade contratual originária do trabalhador no plano individual. ( No Direito do Trabalho, o padrão de referência é marcado pela diferença de oportunidades e capacidades objectivas de realização de interesses próprios)

Estrutura e delimita os poderes de direcção e organização do empregador (submetendo-os a controlo externo – administrativo, judicial e sindical).

Organiza e promove a transferência do momento contratual fundamental do plano individual para o colectivo. (O reconhecimento da liberdade sindical e da autonomia colectiva e o favorecimento da regulamentação do trabalho por via da contratação colectiva)

Estrutura um complexo sistema de tutela dos direitos dos trabalhadores (que tende a suprir a sua diminuída capacidade individual de exigir e reclamar)

Limitações à autonomia privada individual

Realização de valores fundamentais da ordem jurídica global(O Direito laboral liga-se muito à esfera dos direitos fundamentais consagrados pela C.R.P.)

Garantir uma padronização das condições de uso da força de trabalho (Condiciona a concorrência entre as empresas, ao nível dos custos do factor trabalho.)

Limita a concorrência entre trabalhadores, na procura de emprego e no desenvolvimento das relações de trabalho.

Código do Trabalho (Aprovado pela Lei 99/2003, de 27/08)

surge impelido por 3 ideias-força:

Sistematização e concentração das normas laborais A fórmula escolhida foi a da codificação

Aumento da flexibilidade da organização do trabalho Incidindo sobre a mobilidade funcional e geográfica e sobre a organização dos tempos de trabalho

Descongelamento da contratação colectiva

Page 4: Direito do Trabalho

Previsão da caducidade das convenções anteriores, certo tempo depois da sua denúncia. 3 núcleos de regulamentação

Normas reguladoras da relação individual entre o empregador e o trabalhador (de direito privado)

Preceitos alusivos às relações entre o empregador e o Estado. (de direito público, definidores dos deveres que ao empregador incumbe observar, dos meios de controlo e das sanções correspondentes ao seu incumprimento e fundados no interesse geral)

Normas reguladoras das relações colectivas de trabalho (votadas à tutela dos interesses colectivos de categoria profissional e ramo de actividade

AS FONTES

Fontes de direito

Fontes de direito (sentido técnico)

Os modos de produção e revelação de normas jurídicas (instrumentos pelos quais essas normas são estabelecidas e expostas ao conhecimento público)

Cláusulas contratuais gerais Aplicável aos aspectos essenciais do contrato de trabalho, quando o contrato seja celebrado por adesão (art.96º , art. 95º)

Actos organizativos e directivos do empregadorRegulamentos internos da empresa (art.153º)

Usos e práticas laborais (art.3ºCC)Também regulam e conformam as relações de trabalho, sobretudo quando gerados no quadro da empresa

Doutrina dominanteDesenvolvida pelos tribunais superiores nacionais e internacionais.

Em sentido técnico

Cláusulas contratuais gerais

Actos organizativos e directivos do empregador

Usos e práticas laborais

Doutrina dominante

tonybrussel, 03-01--0001,
ARTIGO 3º (Valor jurídico dos usos) 1. Os usos que não forem contrários aos princípios da boa fé são juridicamente atendíveis quando a lei o determine.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 153.ºRegulamento interno de empresa 1 - O empregador pode elaborar regulamentos internos de empresa contendo normas de organização e disciplina do trabalho. 2 - Na elaboração do regulamento interno de empresa é ouvida a comissão de trabalhadores, quando exista. 3 - O empregador deve dar publicidade ao conteúdo do regulamento interno de empresa, designadamente afixando-o na sede da empresa e nos locais de trabalho, de modo a possibilitar o seu pleno conhecimento, a todo o tempo, pelos trabalhadores. 4 - O regulamento interno de empresa só produz efeitos depois de recebido na Inspecção-Geral do Trabalho para registo e depósito. 5 - A elaboração de regulamento interno de empresa sobre determinadas matérias pode ser tornada obrigatória por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho negocial.
tonybrussel, 03-01--0001,
Contrato de adesão Artigo 95.ºContrato de trabalho de adesão 1 - A vontade contratual pode manifestar-se, por parte do empregador, através dos regulamentos internos de empresa e, por parte do trabalhador, pela adesão expressa ou tácita aos ditos regulamentos. 2 - Presume-se a adesão do trabalhador quando este não se opuser por escrito no prazo de 21 dias, a contar do início da execução do contrato ou da divulgação do regulamento, se esta for posterior.
tonybrussel, 03-01--0001,
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 96.ºCláusulas contratuais gerais O regime das cláusulas contratuais gerais aplica-se aos aspectos essenciais do contrato de trabalho em que não tenha havido prévia negociação individual, mesmo na parte em que o seu conteúdo se determine por remissão para cláusulas de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 96.ºCláusulas contratuais gerais O regime das cláusulas contratuais gerais aplica-se aos aspectos essenciais do contrato de trabalho em que não tenha havido prévia negociação individual, mesmo na parte em que o seu conteúdo se determine por remissão para cláusulas de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
tonybrussel, 03-01--0001,
Só destas nos vamos ocupar
Page 5: Direito do Trabalho

Fontes de direito

Fontes internacionaisResultam do estabelecimento de relações internacionais, através de negociação directa, bilateral ou multilateral, entre Estados.

Convenções internacionais gerais

Temos como exemplos:

Convenção Europeia dos Direitos do Homem Pactos internacionais Carta Social Europeia Carta Comunitária dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores Normas aprovadas no âmbito da OIT

Fontes internasSão o produto de mecanismos inteiramente regulados pelo ordenamento jurídico interno de cada país.

A Constituição da República PortuguesaConstitui a cúpula do sistema das fontes de Direito do Trabalho

Art. 55º/1 CRP Afirmação da liberdade sindical

Art. 21º CRPO direito de resistência

Art. 25º CRPO direito à integridade pesoal

Art. 26º CRPOutros direitos pessoais

Internas e internacionais

Autónomas (negociais) e heterónomas(não negociais)

Comuns e específicas

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 26.º (Outros direitos pessoais) 1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação. 2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a utilização abusiva, ou contrária à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias. 3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na experimentação científica. 4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como fundamento motivos políticos.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 25.º (Direito à integridade pessoal) 1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável. 2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 21.º (Direito de resistência) Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 55.º (Liberdade sindical) 1. É reconhecida aos trabalhadores a liberdade sindical, condição e garantia da construção da sua unidade para defesa dos seus direitos e interesses. 2. No exercício da liberdade sindical é garantido aos trabalhadores, sem qualquer discriminação, designadamente: a) A liberdade de constituição de associações sindicais a todos os níveis; b) A liberdade de inscrição, não podendo nenhum trabalhador ser obrigado a pagar quotizações para sindicato em que não esteja inscrito; c) A liberdade de organização e regulamentação interna das associações sindicais; d) O direito de exercício de actividade sindical na empresa; e) O direito de tendência, nas formas que os respectivos estatutos determinarem. 3. As associações sindicais devem reger-se pelos princípios da organização e da gestão democráticas, baseados na eleição periódica e por escrutínio secreto dos órgãos dirigentes, sem sujeição a qualquer autorização ou homologação, e assentes na participação activa dos trabalhadores em todos os aspectos da actividade sindical. 4. As associações sindicais são independentes do patronato, do Estado, das confissões religiosas, dos partidos e outras associações políticas, devendo a lei estabelecer as garantias adequadas dessa independência, fundamento da unidade das classes trabalhadoras. 5. As associações sindicais têm o direito de estabelecer relações ou filiar-se em organizações sindicais internacionais. 6. Os representantes eleitos dos trabalhadores gozam do direito à informação e consulta, bem como à protecção legal adequada contra quaisquer formas de condicionamento, constrangimento ou limitação do exercício legítimo das suas funções.
Page 6: Direito do Trabalho

Art. 17º CRPRegime dos direitos, liberdades e garantias

Art. 18º CRP Princípio da aplicação directa

Art. 47º CRPLiberdade de escolha de profissão

Art. 53º CRPA segurança no emprego

Art. 58º/1CRPO direito ao trabalho e o dever de trabalhar

Art. 59º CRPDireito dos trabalhadores

Fontes e aplicação do direito do trabalho

Artigo 1.ºFontes específicasO contrato de trabalho está sujeito, em especial, aos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, assim como aos usos laborais que não contrariem o princípio da boa fé.

Fontes imediatas =Instrumentos deregulamentaçãocolectiva de trabalho

Instrumentos negociais (autónomas)

Instrumentos não negociais (não autónomas)

Convenção colectiva

Acordo de adesão

Decisão de arbitragem voluntária

Regulamento de extensão

Regulamento de condições mínimas

Decisão de arbitragem obrigatória

Contratos colectivosAcordos colectivosAcordos de empresa

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 59.º (Direitos dos trabalhadores) 1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito: a) À retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natureza e qualidade, observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, de forma a garantir uma existência condigna; b) A organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar; c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde; d) Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas; e) À assistência material, quando involuntariamente se encontrem em situação de desemprego; f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional. 2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente: a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, tendo em conta, entre outros factores, as necessidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento; b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do trabalho; c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas; d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais; e) A protecção das condições de trabalho e a garantia dos benefícios sociais dos trabalhadores emigrantes; f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhadores estudantes. 3. Os salários gozam de garantias especiais, nos termos da lei.
tonybrussel, 03-01--0001,
Direitos e deveres económicos, sociais e culturais CAPÍTULO I Direitos e deveres económicos Artigo 58.º (Direito ao trabalho) 1. Todos têm direito ao trabalho. 2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover: a) A execução de políticas de pleno emprego; b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais; c) A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.
tonybrussel, 03-01--0001,
Direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores Artigo 53.º (Segurança no emprego) É garantida aos trabalhadores a segurança no emprego, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 47.º (Liberdade de escolha de profissão e acesso à função pública) 1. Todos têm o direito de escolher livremente a profissão ou o género de trabalho, salvas as restrições legais impostas pelo interesse colectivo ou inerentes à sua própria capacidade.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 18.º (Força jurídica) 1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 17.º (Regime dos direitos, liberdades e garantias) O regime dos direitos, liberdades e garantias aplica-se aos enunciados no título II e aos direitos fundamentais de natureza análoga.
Page 7: Direito do Trabalho

Artigo 2.º Instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho

1 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho podem ser:

- negociais ou

- não negociais.

2 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho negociais, são:

- a convenção colectiva, - o acordo de adesão e - a decisão de arbitragem voluntária.

3 - As convenções colectivas podem ser:

a) Contratos colectivos as convenções celebradas entre associações sindicais e associações de empregadores;

b) Acordos colectivosas convenções celebradas por associações sindicais e uma pluralidade de empregadores para diferentes empresas; c) Acordos de empresa as convenções subscritas por associações sindicais e um empregador para uma empresa ou estabelecimento.

4 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho não negociais, são:

- o regulamento de extensão, - o regulamento de condições mínimas e - a decisão de arbitragem obrigatória.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 537.ºInstrumentos de regulamentação colectiva de trabalho não negociais 1 - Sempre que existir concorrência entre instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho de natureza não negocial, são observados os seguintes critérios de preferência: a) A decisão de arbitragem obrigatória afasta a aplicação dos outros instrumentos; b) O regulamento de extensão afasta a aplicação do regulamento de condições mínimas. 2 - Em caso de concorrência entre regulamentos de extensão aplica-se o previsto nos nºs 3 a 6 do artigo anterior.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 536.ºInstrumentos de regulamentação colectiva de trabalho negociais 1 - Sempre que existir concorrência entre instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho negociais, são observados os seguintes critérios de preferência: a) O acordo de empresa afasta a aplicação do acordo colectivo e do contrato colectivo; b) O acordo colectivo afasta a aplicação do contrato colectivo. 2 - Os critérios de preferência previstos nas alíneas a) e b) do número anterior podem ser afastados por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho negocial, designadamente através da previsão de cláusulas de articulação entre convenções colectivas de diferente nível. 3 - Em todos os outros casos, compete aos trabalhadores da empresa em relação aos quais se verifique concorrência, escolher, por maioria, no prazo de 30 dias, o instrumento aplicável, comunicando a escolha ao empregador interessado e aos serviços competentes do ministério responsável pela área laboral. 4 - A declaração e a deliberação previstas no número anterior são irrevogáveis até ao termo da vigência do instrumento por eles adoptado. 5 - Na ausência de escolha pelos trabalhadores, é aplicável o instrumento de publicação mais recente. 6 - No caso de os instrumentos concorrentes terem sido publicados na mesma data, aplica-se o que regular a principal actividade da empresa.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 533.ºLimites 1 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho não podem: c) Conferir eficácia retroactiva a qualquer das suas cláusulas, salvo tratando-se de cláusulas de natureza pecuniária de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho negocial.
Page 8: Direito do Trabalho

I.R.C.T. negociais

Convenção colectiva de trabalhoAcordo de vontades entre empregador, (ou o seu representante), e uma associação sindical, (ou os seus representantes) cujo procedimento adoptado (depósito e publicação no BTE, arts. 549º e ss. e 581º) foi previsto no Código do Trabalho.

3 qualificações de convenções, quanto às partes outorgantes :

Contratos colectivosAs convenções celebradas entre associações sindicais e associações de empregadores

Acordos colectivosAs convenções celebradas por associações sindicais e uma pluralidade de empregadores para diferentes empresas.

Acordos de empresaConvenções subscritas por associações sindicais e um empregador para uma empresa ou estabelecimento.

Acordo de adesão (art. 563º)Um instrumento de regulamentação colectiva que alarga o âmbito de aplicação de uma convenção colectiva.

Arbitragem voluntáriaMeio de resolução de um conflito entre duas partes, em que elas submetem o seu “diferendum” a vários árbitros, com o intuito de ser proferida uma decisão que as partes se comprometem antecipadamente a cumprir.

tonybrussel, 03-01--0001,
NESTE PONTO SERÁ COINCIDENTE COM O REGULAMENTO DE EXTENSÃO
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 563.ºAdesão a convenções colectivas e a decisões arbitrais 1 - As associações sindicais, as associações de empregadores e os empregadores podem aderir a convenções colectivas ou decisões arbitrais em vigor. 2 - A adesão opera-se por acordo entre a entidade interessada e aquela ou aquelas que se lhe contraporiam na negociação da convenção, se nela tivessem participado. 3 - Da adesão não pode resultar modificação do conteúdo da convenção colectiva ou da decisão arbitral ainda que destinada a aplicar-se somente no âmbito da entidade aderente. 4 - Aos acordos de adesão aplicam-se as regras referentes ao depósito e a publicação das convenções colectivas.
tonybrussel, 03-01--0001,
Publicação e entrada em vigor Artigo 581.ºPublicação e entrada em vigor dos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho 1 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, bem como a revogação são publicados no Boletim do Trabalho e Emprego e entram em vigor, após a sua publicação, nos mesmos termos das leis. 2 - Compete aos serviços do ministério responsável pela área laboral proceder à publicação no Boletim do Trabalho e Emprego de avisos sobre a data da cessação da vigência de convenções colectivas. 3 - Os regulamentos de extensão e de condições mínimas são também publicados no Diário da República. 4 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho que sejam objecto de três alterações ou que tenham sido modificados em mais de dez cláusulas são integralmente republicados.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 549.ºDepósito 1 - A convenção colectiva, bem como a respectiva revogação, é entregue para depósito, nos serviços competentes do ministério responsável pela área laboral, nos cinco dias subsequentes à data da assinatura. 2 - O depósito considera-se feito se não for recusado nos 15 dias seguintes à recepção da convenção nos serviços referidos no número anterior.
Page 9: Direito do Trabalho

I.R.C.T. não negociais

Regulamento de extensão (art. 574º)É um acto normativo através do qual o Ministro responsável pela área laboral alarga o âmbito de aplicação de uma convenção colectiva ou de uma decisão arbitral. A Administração intervém utilizando o conteúdo de uma convenção ou de uma decisão arbitral e torna-o aplicável a trabalhadores não abrangidos por estes instrumentos.

Regulamento de condições mínimasÉ um instrumento de regulação colectiva, elaborado e aprovado pela Administração laboral, que actua subsidiariamente ao regulamento de extensão e deve ser precedido de um estudo preparatório (art. 579º)

Arbitragem obrigatóriaAssenta num despacho do ministro responsável pela área laboral (arts. 564º

e 568º)

Distinção entre acordo de adesão e regulamento de extensão

Acordo de adesão Regulamento de extensão

Encontra fundamento na autonomia colectiva, uma vez que estamos perante um acordo de vontades (art. 563º/1/2).

Tem natureza negocial, tem carácter contratual.

Autónomo

Encontra a sua base no poder da Administração, que tem a faculdade de alargar o âmbito de aplicação de uma convenção colectiva ou de uma decisão arbitral.

É um acto normativo, tem natureza não negocial, pois impõe a regulação das situações laborais independentemente da vontade dos seus destinatários.

Heterónomo

Princípio da dupla afiliação

A convenção colectiva e a decisão arbitral só se aplicam, em regra, aos trabalhadores afiliados nas associações outorgantes e aos empregadores que a celebram directamente ou filiados na associação celebrante (Arts.552º e 553º)

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 553.ºEfeitos da filiação As convenções colectivas abrangem os trabalhadores e os empregadores que estejam filiados nas associações signatárias no momento do início do processo negocial, bem como os que nelas se filiem durante o período de vigência das mesmas convenções.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 552.ºPrincípio da filiação 1 - A convenção colectiva de trabalho obriga os empregadores que a subscrevem e os inscritos nas associações de empregadores signatárias, bem como os trabalhadores ao seu serviço que sejam membros das associações sindicais outorgantes. 2 - A convenção outorgada pelas uniões, federações e confederações obriga os empregadores e os trabalhadores inscritos, respectivamente, nas associações de empregadores e nos sindicatos representados nos termos dos estatutos daquelas organizações quando outorguem em nome próprio ou em conformidade com os mandatos a que se refere o artigo 540.º
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 563.ºAdesão a convenções colectivas e a decisões arbitrais 1 - As associações sindicais, as associações de empregadores e os empregadores podem aderir a convenções colectivas ou decisões arbitrais em vigor. 2 - A adesão opera-se por acordo entre a entidade interessada e aquela ou aquelas que se lhe contraporiam na negociação da convenção, se nela tivessem participado.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 568.ºDeterminação 1 - Mediante requerimento de qualquer das partes, a arbitragem obrigatória pode ser determinada por despacho, devidamente fundamentado, do ministro responsável pela área laboral, que deve atender: a) Ao número de trabalhadores e empregadores afectados pelo conflito; b) À relevância da protecção social dos trabalhadores abrangidos pela convenção; c) Aos efeitos sociais e económicos da existência do conflito. 2 - O despacho previsto no número anterior pode igualmente ser emitido na sequência de recomendação da Comissão Permanente de Concertação Social, sendo obrigatório sempre que estiver em causa um conflito entre partes filiadas em associações de trabalhadores e empregadores com assento naquela Comissão e for apresentado requerimento conjunto por elas subscrito. 3 - O despacho previsto nos números anteriores deve ser precedido de audiência das entidades reguladoras e de supervisão do sector de actividade em causa. 4 - O regime previsto no Código do Procedimento Administrativo é subsidiariamente aplicável.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 564.ºAdmissibilidade A todo o tempo as partes podem acordar em submeter a arbitragem, nos termos que definirem ou, na falta de definição, segundo o disposto nos artigos seguintes, as questões laborais que resultem, nomeadamente, da interpretação, integração, celebração ou revisão de uma convenção colectiva.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 579.ºProcedimento de elaboração do regulamento de condições mínimas 1 - A emissão de um regulamento de condições mínimas é precedida de estudos preparatórios. 2 - A elaboração de estudos preparatórios compete a uma comissão técnica, constituída para o efeito por despacho do ministro responsável pela área laboral. 3 - Na comissão técnica são incluídos, sempre que se mostre possível assegurar a necessária representação, assessores designados pelos trabalhadores e pelos empregadores interessados. 4 - O número dos assessores é fixado no despacho constitutivo da comissão. 5 - O regime previsto para a elaboração dos regulamentos de extensão é subsidiariamente aplicável.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 574.ºCompetência 1 - Compete ao ministério responsável pela área laboral a emissão de regulamentos de extensão, nos termos dos artigos seguintes. 2 - A competência para a emissão dos regulamentos de extensão é conjunta com a do ministro responsável pelo sector de actividade em causa quando a oposição a que se refere o n.º 2 do artigo 576.º se fundamentar em motivos de ordem económica.
Page 10: Direito do Trabalho

Distinção entre regulamento de extensão e de condições mínimas

Distingue-se pela causa, conteúdo e procedimento

CausaO regulamento de condições mínimas actua subsidiariamente ao regulamento de extensão (art. 578º)

ConteúdoEnquanto o conteúdo do regulamento de extensão se identifica com o da convenção colectiva ou o da decisão arbitral, o conteúdo do regulamento de condições mínimas é em regra, fruto da criação (ex-novo) da Administração.

ProcedimentoEnquanto o procedimento de elaboração de um regulamento de condições mínimas deve ser precedido de um estudo preparatório, a elaboração do regulamento de extensão não está vinculado a tal procedimento.

Distinção entre arbitragem voluntária e arbitragem obrigatória

Na sua origem, a arbitragem voluntária surge na sequência de um acordo entre as partes (compromisso arbitral) enquanto a arbitragem obrigatória assenta num despacho do ministro responsável pela área laboral.

Noção legal de contra-ordenaçãoTodo o facto típico, ilícito e censurável que consubstancie a violação de uma norma que consagre direitos ou imponha deveres a qualquer sujeito no âmbito das relações laborais e que seja punível com coima (art. 614º)

A violação do disposto nos instrumentos de regulamentação colectiva, respeitante a uma generalidade de trabalhadores, constitui uma contra-ordenação grave (art. 687º/1) , sendo leve, relativamente a cada trabalhador ao qual se verifica a infracção (art. 687º/2)

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 614.ºDefinição Constitui contra-ordenação laboral todo o facto típico, ilícito e censurável que consubstancie a violação de uma norma que consagre direitos ou imponha deveres a qualquer sujeito no âmbito das relações laborais e que seja punível com coima.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 578.ºAdmissibilidade de emissão de regulamentos de condições mínimas Nos casos em que não seja possível o recurso ao regulamento de extensão, verificando-se a inexistência de associações sindicais ou de empregadores e estando em causa circunstâncias sociais e económicas que o justifiquem, pode ser emitido um regulamento de condições mínimas de trabalho.
Page 11: Direito do Trabalho

Princípio da subsidiariedade dos IRCT não negociais

Artigo 3.ºSubsidiariedadeOs instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho não negociais só podem ser emitidos na falta de instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho negociais, salvo tratando-se de arbitragem obrigatória.

Este preceito fixa o princípio da subsidiariedade da intervenção das fontes não negociais face às negociais

As fontes privilegiadas para regularem as situações laborais, são os instrumentos de natureza negocial.

A excepção feita a este princípio, a arbitragem obrigatória, justifica-se nos termos do art. 567º/1, quando surge um conflito que assenta na revisão de um instrumento de natureza negocial; se a arbitragem fosse também subsidiária face à existência de um conflito numa revisão de uma convenção colectiva, então estava inviabilizado o recurso, nestes casos, à arbitragem obrigatória.

Princípio do tratamento mais favorável

Artigo 4.º

Princípio do tratamento mais favorável

1 - As normas deste Código podem, sem prejuízo do disposto no número seguinte, ser afastadas por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, salvo quando delas resultar o contrário.

2 - As normas deste Código não podem ser afastadas por regulamento de condições mínimas.

3 - As normas deste Código só podem ser afastadas por contrato de trabalho quando este estabeleça condições mais favoráveis para o trabalhador e se delas não resultar o contrário.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 531.ºPrincípio do tratamento mais favorável As disposições dos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho só podem ser afastadas por contrato de trabalho quando este estabeleça condições mais favoráveis para o trabalhador e se daquelas disposições não resultar o contrário.
tonybrussel, 03-01--0001,
Arbitragem obrigatória Artigo 567.ºAdmissibilidade 1 - Nos conflitos que resultem da celebração ou revisão de uma convenção colectiva de trabalho pode ser tornada obrigatória a realização de arbitragem, quando, depois de negociações prolongadas e infrutíferas, tendo-se frustrado a conciliação e a mediação, as partes não acordem, no prazo de dois meses a contar do termo daqueles procedimentos, em submeter o conflito a arbitragem voluntária.
Page 12: Direito do Trabalho

Análise do artigo nº 4 : Relativamente ao nº1

Relação entre normas do Código e disposições dos IRCT

A norma do Código permite a intervenção dos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, quer em sentido mais favorável aos trabalhadores, quer em sentido menos favorável ( uma vez que nesta situação os trabalhadores são representados – instrumentos de natureza negocial - pelos sindicatos, razão pela qual se encontram em situação de igualdade com os empregadores.)

mas...

é necessário que da norma do Código não resulte o contrário, isto é, que o legislador não tenha proibido a intervenção dos instrumentos de regulamentação

Proibição da intervenção dos IRCT

Norma imperativa de conteúdo fixoSe a lei contiver uma norma imperativa de conteúdo fixo, o instrumento de regulação não pode dispor de forma diferente (independentemente de ser mais ou

menos favorável).

Norma imperativa- permissivaEsta norma tem uma ...

parte imperativa (proibitiva) , que proíbe situações menos favoráveis,

e uma ...

parte permissiva, que permite o estabelecimento de condições mais favoráveis (o instrumento de regulação apenas pode incidir sobre esta parte)

Norma supletiva

AbsolutaNo caso das normas imperativas de conteúdo fixo, que contêm valores de ordem pública

RelativaNo caso das normas imperativas- permissivas

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Se a lei contiver uma norma supletiva, o instrumento de regulação pode estipular em qualquer sentido, mesmo que seja menos favorável. Relativamente ao nº2

Este preceito resulta do aresto do tribunal Constitucional de 25 de Junho de 2003, sendo que o seu conteúdo se torna disponível face ao regime previsto no artigo 112.º/6 da C.R.P.

Relativamente ao nº3

Relação entre normas do Código e cláusulas do contrato de trabalho

As cláusulas do contrato de trabalho só podem afastar a aplicação das normas do Código se ...

por um lado ...

forem mais favoráveis (cabe ao trabalhador apurar se a situação é ou não mais favorável, não sendo tal qualificação sindicável por terceiros)

e por outro...

se tal facto for permitido por elas ( a tutela de valores de ordem pública, está

assegurada através deste requisito)

Valores de ordem públicaConjunto de princípios e normas que contêm valores essenciais.

Aplicação de disposições (art. 5º)

Artigo 5.º

Aplicação de disposiçõesSempre que numa disposição deste Código se determinar que a mesma pode ser afastada por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, entende-se que o não pode ser por cláusula de contrato de trabalho.

Devido à supremacia do empregador no âmbito dos contratos de trabalho, há necessidade de uma maior delimitação na área de intervenção, do que nos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho, onde as partes (associações de empregadores ou empregadores e

sindicatos) se encontram numa situação de igualdade.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 112.º (Actos normativos) 6. Nenhuma lei pode criar outras categorias de actos legislativos ou conferir a actos de outra natureza o poder de, com eficácia externa, interpretar, integrar, modificar, suspender ou revogar qualquer dos seus preceitos.
Page 14: Direito do Trabalho

CONTRATO DE TRABALHO

Artigo 10.ºNoçãoContrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a outra ou outras pessoas, sob a autoridade e direcção destas.

O Direito do Trabalho desenvolve-se e autonomiza-se do Direito das Obrigações tendo por base o contrato de trabalho.

A intervenção colectiva no Direito do Trabalho só se pode compreender depois de consagrado o regime específico do contrato de trabalho.

O direito colectivo pressupõe a existência de contratos de trabalho.

Presunção de contrato de trabalho

Artigo 12.ºPresunção

Presume-se que as partes celebraram um contrato de trabalho sempre que, cumulativamente:

a) O prestador de trabalho esteja inserido na estrutura organizativa do beneficiário da actividade e realize a sua prestação sob as orientações deste;

b) O trabalho seja realizado na empresa beneficiária da actividade ou em local por esta controlado, respeitando um horário previamente definido;

c) O prestador de trabalho seja retribuído em função do tempo despendido na execução da actividade ou se encontre numa situação de dependência económica face ao beneficiário da actividade;

d) Os instrumentos de trabalho sejam essencialmente fornecidos pelo beneficiário da actividade;

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 150.ºPoder de direcção Compete ao empregador, dentro dos limites decorrentes do contrato e das normas que o regem, fixar os termos em que deve ser prestado o trabalho.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 92.ºPluralidade de empregadores 1 - O trabalhador pode obrigar-se a prestar trabalho a vários empregadores entre os quais exista uma relação societária de participações recíprocas, de domínio ou de grupo, sempre que se observem cumulativamente os seguintes requisitos: a) O contrato de trabalho conste de documento escrito, no qual se estipule a actividade a que o trabalhador se obriga, o local e o período normal de trabalho; b) Sejam identificados todos os empregadores; c) Seja identificado o empregador que representa os demais no cumprimento dos deveres e no exercício dos direitos emergentes do contrato de trabalho. 2 - O disposto no número anterior aplica-se também a empregadores que, independentemente da natureza societária, mantenham estruturas organizativas comuns. 3 - Os empregadores beneficiários da prestação de trabalho são solidariamente responsáveis pelo cumprimento das obrigações que decorram do contrato de trabalho celebrado nos termos dos números anteriores cujo credor seja o trabalhador ou terceiros. 4 - Cessando a verificação dos pressupostos enunciados nos nºs 1 e 2, considera-se que o trabalhador fica unicamente vinculado ao empregador a que se refere a alínea c) do n.º 1, salvo acordo em contrário. 5 - A violação dos requisitos indicados no n.º 1 confere ao trabalhador o direito de optar pelo empregador relativamente ao qual fica unicamente vinculado.
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e) A prestação de trabalho tenha sido executada por um período, ininterrupto, superior a 90 dias.

Para invocar a qualidade de trabalhador, cabe ao trabalhador fazer prova dos elementos constitutivos do contrato de trabalho (art. 342º/1 CC)

Só há presunção de contrato de trabalho se estiverem preenchidos cumulativamente os cinco requisitos.

Os cinco requisitos constantes nas alíneas deste artigo, identificam-se com os indícios a que a jurisprudência e a doutrina normalmente recorrem para qualificar o contrato de trabalho, que se designa por método indiciário

Presume-se que a actividade é exercida sem subordinação quando ocorra ... alguma das seguintes circunstâncias:

1 – o trabalhador tenha, no exercício da sua actividade a faculdade de escolher os processos e meios a utilizar, sendo estes, total ou parcialmente, da sua propriedade

2 – O trabalhador não se encontre sujeito a horário e ou a períodos mínimos de trabalho, salvo quando tal resulte da directa aplicação de normas de direito laboral.

3 – o trabalhador possa subcontratar outros para a execução do trabalho em sua substituição.

4 – A actividade do trabalhador não se integre na estrutura do processo produtivo, na organização do trabalho ou na cadeia hierárquica de uma empresa.

5 – A actividade do trabalhador constitua elemento acidental na organização e no desenvolvimento dos objectivos da entidade empregadora.

tonybrussel, 03-01--0001,
ARTIGO 342º (Ónus da prova) 1. Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos factos constitutivos do direito alegado.
Page 16: Direito do Trabalho

Método indiciário ou tipológicoAté à entrada em vigor do Código do Trabalho, a distinção entre contrato de trabalho e contrato de prestação de serviços era feita por este método, segundo o qual havia que fazer a análise dos indícios presentes (este método não nos dá em todos os casos a certeza absoluta do tipo contratual que temos em presença)

Temos de verificar se há :

retribuição, local de trabalho, horário de trabalho, um coordenador, férias pagas, autonomia técnica, propriedade dos instrumentos

RetribuíçãoÉ um elemento essencial do contrato de trabalho, mas nos contratos de prestação de serviços pode não existir (arts. 1152º e 1154º do CC)

Local de trabalhoEste indício não permite a qualificação do contrato como sendo contrato de trabalho ou contrato de prestação de serviços.

Horário de trabalhoÈ um indício de subordinação jurídica, mas não é através deste indício que poderemos qualificar o tipo de contrato, pois pode haver horário de trabalho também nos contratos de prestação de serviços.

Existência de um coordenadorEste é um indício de que há um contrato de trabalho, pois um trabalhador autónomo não tem um coordenador dando indicações.

Férias pagasÉ um indício da existência de um contrato de trabalho, o facto de ter direito a férias remuneradas.

Autonomia técnicaPode existir tanto nos contratos de trabalho, como nos contratos de prestação de serviços. O contrato de trabalho não prejudica a autonomia técnica (art.112º)

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 112.ºAutonomia técnica A sujeição à autoridade e direcção do empregador por força da celebração de contrato de trabalho não prejudica a autonomia técnica inerente à actividade para que o trabalhador foi contratado, nos termos das regras legais ou deontológicas aplicáveis.
tonybrussel, 03-01--0001,
Prestação de serviço ARTIGO 1154º (Noção) Contrato de prestação de serviço é aquele em que uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição.
tonybrussel, 03-01--0001,
Contrato de trabalho ARTIGO 1152º (Noção) Contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a autoridade e direcção desta.
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Propriedade dos instrumentos de execução da actividadeNormalmente o empregador fornece os instrumentos. No contrato de prestação de serviços é o trabalhador que fornece, o que não exclue que no contrato de trabalho o trabalhador não possa trazer parte dos seus instrumentos de execução de trabalho.

Contratos equiparados

Artigo 13.ºContratos equiparadosFicam sujeitos aos princípios definidos neste Código, nomeadamente quanto a direitos de personalidade, igualdade e não discriminação e segurança, higiene e saúde no trabalho, sem prejuízo de regulamentação em legislação especial, os contratos que tenham por objecto a prestação de trabalho, sem subordinação jurídica, sempre que o trabalhador deva considerar-se na dependência económica do beneficiário da actividade.

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Trabalho de menores

Artigo 53.º

Princípios gerais

1 - O empregador deve proporcionar ao menor condições de trabalho adequadas à respectiva idade que protejam a sua segurança, saúde, desenvolvimento físico, psíquico e moral, educação e formação, prevenindo, de modo especial, qualquer risco resultante da falta de experiência, da inconsciência dos riscos existentes ou potenciais ou do grau de desenvolvimento do menor. 2 - O empregador deve, de modo especial, avaliar os riscos relacionados com o trabalho antes de o menor começar a trabalhar e sempre que haja qualquer alteração importante das condições de trabalho, incidindo nomeadamente sobre: a) Equipamentos e organização do local e do posto de trabalho;b) Natureza, grau e duração da exposição aos agentes físicos, biológicos e químicos; c) Escolha, adaptação e utilização de equipamentos de trabalho, incluindo agentes, máquinas e aparelhos e a respectiva utilização; d) Adaptação da organização do trabalho, dos processos de trabalho e da sua execução; e) Grau de conhecimento do menor no que se refere à execução do trabalho, aos riscos para a segurança e a saúde e às medidas de prevenção. 3 - O empregador deve informar o menor e os seus representantes legais dos riscos identificados e das medidas tomadas para a prevenção desses riscos. 4 - O empregador deve assegurar a inscrição do trabalhador menor ao seu serviço no regime geral da segurança social, nos termos da respectiva legislação. 5 - A emancipação não prejudica a aplicação das normas relativas à protecção da saúde, educação e formação do trabalhador menor.

As regras que integram o regime do trabalho de menores relacionam-se com os artigos 59º/2/c), 69º/3 e 70º da CRP

Alguns dos preceitos desta Subsecção devem ser objecto de concretização em legislação especial

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 70.º (Juventude) 1. Os jovens gozam de protecção especial para efectivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente: a) No ensino, na formação profissional e na cultura; b) No acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social; c) No acesso à habitação; d) Na educação física e no desporto; e) No aproveitamento dos tempos livres. 2. A política de juventude deverá ter como objectivos prioritários o desenvolvimento da personalidade dos jovens, a criação de condições para a sua efectiva integração na vida activa, o gosto pela criação livre e o sentido de serviço à comunidade. 3. O Estado, em colaboração com as famílias, as escolas, as empresas, as organizações de moradores, as associações e fundações de fins culturais e as colectividades de cultura e recreio, fomenta e apoia as organizações juvenis na prossecução daqueles objectivos, bem como o intercâmbio internacional da juventude.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 69.º (Infância) 3. É proibido, nos termos da lei, o trabalho de menores em idade escolar.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 59.º (Direitos dos trabalhadores) Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito: 2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente: c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas;
Page 19: Direito do Trabalho

Estas normas são imperativas, são normas de ordem pública, logo não podem ser derrogadas nem por IRCT, nem por contrato de trabalho.

Admissão ao trabalho

Artigo 55.ºAdmissão ao trabalho

1 - Só pode ser admitido a prestar trabalho, qualquer que seja a espécie e modalidade de pagamento, o menor que tenha completado a idade mínima de admissão, tenha concluído a escolaridade obrigatória e disponha de capacidades física e psíquica adequadas ao posto de trabalho.

2 - A idade mínima de admissão para prestar trabalho é de 16 anos.

3 - O menor com idade inferior a 16 anos que tenha concluído a escolaridade obrigatória pode prestar trabalhos leves que, pela natureza das tarefas ou pelas condições específicas em que são realizadas, não sejam susceptíveis de prejudicar a sua segurança e saúde, a sua assiduidade escolar, a sua participação em programas de orientação ou de formação e a sua capacidade para beneficiar da instrução ministrada, ou o seu desenvolvimento físico, psíquico, moral, intelectual e cultural em actividades e condições a determinar em legislação especial.

4 - O empregador deve comunicar à Inspecção-Geral do Trabalho, nos oito dias subsequentes, a admissão de menor efectuada nos termos do número anterior.

Regra geralO nº 1 deste artigo estabelece os pressupostos necessários para que um menor seja admitido a prestar trabalho.

2 excepções à regra geral

a) O nº 3 do presente preceito, admite nalguns casos que menores que ainda não tenham completado a idade mínima de admissão, mas já tenham concluído a escolaridade obrigatória possam ser admitidos para prestar trabalhos leves (este preceito está concebido para menores com 15 anos que já tenham

cumprido a escolaridade obrigatória)

b) Noutros casos, admite-se que menores que já tenham completado a idade mínima de admissão mas que não tenham concluído a escolaridade obrigatória ou não possuam uma qualificação profissional possam ser

Page 20: Direito do Trabalho

admitidos a prestar trabalho, mediante o preenchimento de certas condições previstas no art. 56º Efeitos do não respeito do artigo nº 55

A celebração de contrato de trabalho com um menor com desrespeito do disposto no presente preceito, determina a nulidade do mesmo, por violação de normas imperativas (artigos nº 280º e 294º do C. Civil)

A violação do disposto no nº 4 constitui contra-ordenação leve (art. 644º/4)

Artigo 56.ºAdmissão ao trabalho sem escolaridade obrigatória ou sem qualificação profissional 1 - O menor com idade inferior a 16 anos que tenha concluído a escolaridade obrigatória mas não possua uma qualificação profissional bem como o menor que tenha completado a idade mínima de admissão sem ter concluído a escolaridade obrigatória ou que não possua qualificação profissional, só podem ser admitidos a prestar trabalho desde que...

se verifiquem cumulativamente as seguintes condições:

a) Frequente modalidade de educação ou formação que confira a escolaridade obrigatória e uma qualificação profissional, se não concluiu aquela, ou uma qualificação profissional, se concluiu a escolaridade;

b) Tratando-se de contrato de trabalho a termo, a sua duração não seja inferior à duração total da formação, se o empregador assumir a responsabilidade do processo formativo, ou permita realizar um período mínimo de formação, se esta responsabilidade estiver a cargo de outra entidade;

c) O período normal de trabalho inclua uma parte reservada à formação correspondente a pelo menos 40% do limite máximo constante da lei, da regulamentação colectiva aplicável ou do período praticado a tempo completo, na respectiva categoria;

d) O horário de trabalho possibilite a participação nos programas de educação ou formação profissional.

2 - O disposto no número anterior não é aplicável ao menor que apenas preste trabalho durante as férias escolares.

tonybrussel, 03-01--0001,
Art. 644º - 4 - Constitui contra-ordenação leve a violação do disposto no n.º 4 do artigo 55.º e no n.º 3 do artigo 56.º
tonybrussel, 03-01--0001,
ARTIGO 294º (Negócios celebrados contra a lei) Os negócios celebrados contra disposição legal de carácter imperativo são nulos, salvo nos casos em que outra solução resulte da lei.
tonybrussel, 03-01--0001,
ARTIGO 280º (Requisitos do objecto negocial) 1. É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário à lei ou indeterminável. 2. É nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes.
Page 21: Direito do Trabalho

3 - O empregador deve comunicar à Inspecção-Geral do Trabalho, nos oito dias subsequentes, a admissão de menores efectuada nos termos do número anterior. 1 a parte do nº 1 Se o menor com idade inferior a 16 anos, não obstante já ter concluído a escolaridade obrigatória, não possuir formação profissional complementar, só pode ser admitido a prestar trabalho se se verificarem cumulativamente as condições previstas no art. 55º/3 e nas alíneas a) a d) do nº 1 do art. 56º

2ª parte do nº1 Exige-se para que seja admitido a prestar trabalho, que o menor que tenha completado os 16 anos, tenha concluído a escolaridade obrigatória ou que possua uma qualificação profissional e que se verifique cumulativamente as condições previstas nas alíneas a) a d) do nº1.

O menor de idade inferior a 16 anos que não tenha concluído a escolaridade obrigatória e que não possua qualificação profissional, não pode ser admitido a prestar trabalhosob pena de nulidade do c.t. 280º,294º CC

Celebração do contrato de trabalho

Artigo 58.ºCelebração do contrato de trabalho

1 - É válido o contrato de trabalho celebrado directamente com o menor que tenha completado 16 anos de idade e tenha concluído a escolaridade obrigatória, salvo oposição escrita dos seus representantes legais.

2 - O contrato celebrado directamente com o menor que não tenha completado 16 anos de idade ou não tenha concluído a escolaridade obrigatória só é válido mediante autorização escrita dos seus representantes legais.

3 - A oposição a que se refere o n.º 1, bem como a revogação da autorização exigida no número anterior, podem ser declaradas a todo o tempo, tornando-se eficazes decorridos 30 dias.

4 - Na declaração de oposição ou de revogação da autorização, o representante legal pode reduzir até metade o prazo previsto no número anterior, demonstrando que tal é necessário à frequência de estabelecimento de ensino ou de acção de formação profissional.

Page 22: Direito do Trabalho

5 - O menor tem capacidade para receber a retribuição devida pelo seu trabalho, salvo quando houver oposição escrita dos seus representantes legais.

Admite-se no presente preceito que o menor possa celebrar por si e directamente o contrato de trabalho.

Quem celebra o contrato de trabalho é sempre o menor e não o seu representante legal.

Papel do representante legal

a) se o menor não tiver completado 16 anos (art. 55º) ou se, mesmo tendo 16 anos, não tiver concluído a escolaridade obrigatória (art. 56º/1, 2ªparte), exige-se uma autorização escrita dos seus representantes legais, sob pena de invalidade do contrato (art. 58º /2).

b) se o menor já tiver completado 16 anos de idade e concluído a escolaridade obrigatória, os seus representantes legais podem ainda assim opor-se à execução do contrato de trabalho, caso em que a validade do contrato é posta em causa (art. 58º/1).

O papel do representante legal quanto à celebração de contratos de trabalho por parte de menores, fica circunscrito à autorização

Page 23: Direito do Trabalho

Forma do contrato de trabalho

FormaArtigo 102.ºRegra geralO contrato de trabalho não depende da observância de forma especial, salvo quando se determinar o contrário.

Forma escrita

Artigo 103.ºForma escrita1 - Estão sujeitos a forma escrita, nomeadamente:

a) Contrato-promessa de trabalho;b) Contrato para prestação subordinada de teletrabalho;c) Contrato de trabalho a termo;d) Contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro, salvo disposição legal em contrário; e) Contrato de trabalho em comissão de serviço;f) Contrato de trabalho com pluralidade de empregadores;g) Contrato de trabalho a tempo parcial;h) Contrato de pré-reforma;i) Contrato de cedência ocasional de trabalhadores.

2 - Dos contratos em que é exigida forma escrita deve constar a identificação e a assinatura das partes.

Período experimental

Período experimentalArtigo 104.ºNoção1 - O período experimental corresponde ao tempo inicial de execução do contrato e a sua duração obedece ao fixado nos artigos seguintes.

2 - As partes devem, no decurso do período experimental, agir de modo a permitir que se possa apreciar o interesse na manutenção do contrato de trabalho.

Page 24: Direito do Trabalho

3 - A antiguidade do trabalhador conta-se desde o início do período experimental.

O período experimental tem início, não aquando da celebração do vínculo, mas no momento em que o contrato começa a ser executado (art. 106º/1)

O período experimental destina-se a possibilitar uma avaliação das condições de execução do contrato por forma a que cada um dos contraentes julgue da conveniência de continuarem ou não uma relação laboral estável

Contagem do período experimental

Art. 106ºContagem do período experimental

1 - O período experimental começa a contar-se a partir do início da execução da prestação do trabalhador, compreendendo as acções de formação ministradas pelo empregador ou frequentadas por determinação deste, desde que não excedam metade do período experimental.

2 - Para efeitos da contagem do período experimental não são tidos em conta os dias de faltas, ainda que justificadas, de licença e de dispensa, bem como de suspensão do contrato.

Contratos por tempo indeterminado

Artigo 107.ºContratos por tempo indeterminado

Nos contratos de trabalho por tempo indeterminado, o período experimental tem a seguinte duração:

a) 90 dias para a generalidade dos trabalhadores;

b) 180 dias para os trabalhadores que exerçam cargos de complexidade técnica, elevado grau de responsabilidade ou que pressuponham uma especial qualificação, bem como para os que desempenhem funções de confiança;

c) 240 dias para pessoal de direcção e quadros superiores.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 106.ºContagem do período experimental 1 - O período experimental começa a contar-se a partir do início da execução da prestação do trabalhador, compreendendo as acções de formação ministradas pelo empregador ou frequentadas por determinação deste, desde que não excedam metade do período experimental.
Page 25: Direito do Trabalho

Contratos a termo

Artigo 108.ºContratos a termo

Nos contratos de trabalho a termo, o período experimental tem a seguinte duração: a) 30 dias para contratos de duração igual ou superior a seis meses;b) 15 dias nos contratos a termo certo de duração inferior a seis meses e nos contratos a termo incerto cuja duração se preveja não vir a ser superior àquele limite.

Objecto do contrato de trabalho

ObjectoArtigo 111.º

Objecto do contrato de trabalho

1 - Cabe às partes definir a actividade para que o trabalhador é contratado.

2 - A definição a que se refere o número anterior pode ser feita por remissão para categoria constante do instrumento de regulamentação colectiva de trabalho aplicável ou de regulamento interno de empresa.

3 - Quando a natureza da actividade para que o trabalhador é contratado envolver a prática de negócios jurídicos, o contrato de trabalho implica a concessão àquele dos necessários poderes, salvo nos casos em que a lei expressamente exigir instrumento especial.

Comentários ao nº 1

É corrente na lei e na doutrina identificar a prestação do trabalhador com o objecto do contrato de trabalho.

A prestação a que o trabalhador se obriga é determinada pelas partes

Page 26: Direito do Trabalho

A delimitação do objecto através do conceito de actividade contratada pretendeu afastar a sobreposição da determinação do objecto do contrato de trabalho com o que resultava da utilização do conceito de categoria em diferentes sentidos.

Comentários ao nº 2

Reconhecimento do legislador daquilo que é a prática contratual : a definição da actividade contratual pode ser feita por remissão.

No que diz respeito à prestação do trabalhador, o objecto do contrato de trabalho, faz-se por referência a uma actividade contratada, recusando o Código do Trabalho a expressão “categoria” como forma de definição do objecto

As partes podem remeter expressamente para uma categoria do instrumento de regulamentação colectiva de trabalho aplicável ou de regulamento interno da empresa.

A obrigação do trabalhador é de conteúdo indeterminado (art. 400º CC), mas determinável, exigindo, em cada momento, a sua determinação, o que é feito pelo empregador através do poder de direcção.

No art. 151º procede-se à delimitação das funções que podem ser exigidas ao trabalhador

Prestação de trabalho

Poder de direcção

Artigo 150.ºPoder de direcçãoCompete ao empregador, dentro dos limites decorrentes do contrato e das normas que o regem, fixar os termos em que deve ser prestado o trabalho.

O poder de direcção autonomiza-se como uma figura unitária, abrangendo quer o poder determinativo quer o poder conformativo da prestação.

tonybrussel, 03-01--0001,
ARTIGO 400º (Determinação da prestação) 1. A determinação da prestação pode ser confiada a uma ou outra das partes ou a terceiro; em qualquer dos casos deve ser feita segundo juízos de equidade, se outros critérios não tiverem sido estipulados. 2. Se a determinação não puder ser feita ou não tiver sido feita no tempo devido, sê-lo-á pelo tribunal, sem prejuízo do disposto acerca das obrigações genéricas e alternativas.
Page 27: Direito do Trabalho

A prestação de trabalho subordinado, por natureza, contém a possibilidade de introduzir variações na prestação de trabalho, no conteúdo da relação obrigacional, nas circunstâncias da sua execução.

Para além do poder de direcção, as entidades empregadoras, têm a possibilidade de alterar temporáriamente a actividade contratada (art. 314º) , a faculdade de exigir trabalho suplementar (art. 198º), o poder de alterar o horário de trabalho (art. 170º) , e o poder de transferir o trabalhador para outro local de trabalho (art. 315º)

O Código do Trabalho separa o poder de direcção dos poderes de modificação unilateral a que correspondem as vicissitudes laborais

PODER DISCIPLINAR

Artigo 365.ºPoder disciplinar1 - O empregador tem poder disciplinar sobre o trabalhador que se encontre ao seu serviço, enquanto vigorar o contrato de trabalho. 2 - O poder disciplinar tanto pode ser exercido directamente pelo empregador como pelo superior hierárquico do trabalhador, nos termos por aquele estabelecidos.

Artigo 366.ºSanções disciplinaresO empregador pode aplicar, dentro dos limites fixados no artigo 368.º, as seguintes sanções disciplinares, independentemente de outras fixadas em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho e sem prejuízo dos direitos e garantias gerais do trabalhador: a) Repreensão;b) Repreensão registada;c) Sanção pecuniária;d) Perda de dias de férias;e) Suspensão do trabalho com perda de retribuição e de antiguidade;f) Despedimento sem qualquer indemnização ou compensação.

Artigo 367.ºProporcionalidadeA sanção disciplinar deve ser proporcional à gravidade da infracção e à culpabilidade do infractor, não podendo aplicar-se mais de uma pela mesma infracção. Artigo 368.ºLimites às sanções disciplinares1 - As sanções pecuniárias aplicadas a um trabalhador por infracções praticadas no mesmo dia não podem exceder um terço da retribuição diária, e, em cada ano civil, a retribuição correspondente a 30 dias. 2 - A perda de dias de férias não pode pôr em causa o gozo de 20 dias úteis de férias. 3 - A suspensão do trabalho não pode exceder por cada infracção 30 dias e, em cada ano civil, o total de 90 dias.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 315.ºMobilidade geográfica 1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, transferir o trabalhador para outro local de trabalho se essa transferência não implicar prejuízo sério para o trabalhador. 2 - O empregador pode transferir o trabalhador para outro local de trabalho se a alteração resultar da mudança, total ou parcial, do estabelecimento onde aquele presta serviço. 3 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida nos números anteriores. 4 - No caso previsto no n.º 2, o trabalhador pode resolver o contrato se houver prejuízo sério, tendo nesse caso direito à indemnização prevista no n.º 1 do artigo 443.º 5 - O empregador deve custear as despesas do trabalhador impostas pela transferência decorrentes do acréscimo dos custos de deslocação e resultantes da mudança de residência.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 170.ºDefinição do horário de trabalho 1 - Compete ao empregador definir os horários de trabalho dos trabalhadores ao seu serviço, dentro dos condicionalismos legais. 2 - As comissões de trabalhadores ou, na sua falta, as comissões intersindicais, as comissões sindicais ou os delegados sindicais devem ser consultados previamente sobre a definição e a organização dos horários de trabalho.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 198.ºObrigatoriedade O trabalhador é obrigado a realizar a prestação de trabalho suplementar, salvo quando, havendo motivos atendíveis, expressamente solicite a sua dispensa.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 314.ºMobilidade funcional 1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, encarregar temporariamente o trabalhador de funções não compreendidas na actividade contratada, desde que tal não implique modificação substancial da posição do trabalhador. 2 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida no número anterior. 3 - O disposto no n.º 1 não pode implicar diminuição da retribuição, tendo o trabalhador direito a auferir das vantagens inerentes à actividade temporariamente desempenhada. 4 - A ordem de alteração deve ser justificada, com indicação do tempo previsível.
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Funções desempenhadas

Art. 314º Artigo 151.º (art.111º)

Funções desempenhadas

1 - O trabalhador deve, em princípio, exercer funções correspondentes à actividade para que foi contratado.

2 - A actividade contratada, ainda que descrita por remissão para categoria profissional constante de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ou regulamento interno de empresa, compreende as funções que lhe sejam afins ou funcionalmente ligadas, para as quais o trabalhador detenha a qualificação profissional adequada e que não impliquem desvalorização profissional.

3 - Para efeitos do número anterior, e salvo regime em contrário constante de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, consideram-se afins ou funcionalmente ligadas, designadamente, as actividades compreendidas no mesmo grupo ou carreira profissional.

4 - O disposto nos números anteriores confere ao trabalhador, sempre que o exercício das funções acessórias exigir especiais qualificações, o direito a formação profissional não inferior a dez horas anuais, nos termos previstos nos nºs 3 a 5 do artigo 137.º

5 - O empregador deve procurar atribuir a cada trabalhador, no âmbito da actividade para que foi contratado, as funções mais adequadas às suas aptidões e qualificação profissional.

Comentários ao artigo 151º

A existência de subordinação pressupõe que a prestação do trabalhador esteja sujeita à heterodeterminação da entidade empregadora, pois a obrigação de trabalho subordinado é uma obrigação de conteúdo indeterminado.

tonybrussel, 03-01--0001,
POLIVALÊNCIA LEGAL
tonybrussel, 03-01--0001,
PRINCÍPIO DA EFECTIVIDADE OU PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE DA PRESTAÇÃO
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 111.ºObjecto do contrato de trabalho 1 - Cabe às partes definir a actividade para que o trabalhador é contratado. 2 - A definição a que se refere o número anterior pode ser feita por remissão para categoria constante do instrumento de regulamentação colectiva de trabalho aplicável ou de regulamento interno de empresa. 3 - Quando a natureza da actividade para que o trabalhador é contratado envolver a prática de negócios jurídicos, o contrato de trabalho implica a concessão àquele dos necessários poderes, salvo nos casos em que a lei expressamente exigir instrumento especial.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 314.ºMobilidade funcional 1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, encarregar temporariamente o trabalhador de funções não compreendidas na actividade contratada, desde que tal não implique modificação substancial da posição do trabalhador. 2 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida no número anterior. 3 - O disposto no n.º 1 não pode implicar diminuição da retribuição, tendo o trabalhador direito a auferir das vantagens inerentes à actividade temporariamente desempenhada. 4 - A ordem de alteração deve ser justificada, com indicação do tempo previsível.
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Este artigo estabelece os limites do exercício do poder de direcção através da referência à actividade contratada

Claramente se pretendeu estabelecer que a determinação da prestação do trabalhador é uma questão de exercício dos poderes do empregador e dos seus limites.

nº 1

A referência ao exercício “em princípio” da actividade contratada ...., visa salvaguardar a situação de o trabalhador estar obrigado a acatar ordens, para além das funções correspondentes à actividade contratada, sempre que exista o exercício legítimo de um poder de modificação unilateral do empregador, designadamente o ius variandi, previsto no art. 314º

Ius variandi – Consiste num poder, numa faculdade que o empregador tem, exercendo-a unilateralmente, de exigir do trabalhador o desempenho de funções diferentes das que estão abrangidas no contrato de trabalho.

nº 2

Constitui um importante instrumento de flexibilização na utilização da prestação do trabalhador, através da inclusão no objecto da prestação de trabalho, das funções afins e daquela que têm uma ligação funcional.

A actividade contratada abrange um núcleo essencial de funções correspondentes à designação ou descrição do objecto contrato e ainda um conjunto de outras tarefas que apresentam uma conexão funcional com aquele núcleo.

Afinidade funcional – Existe afinidade funcional quando existem semelhanças, proximidade, acessoriedade ou complementaridade entre actividades.

Ligação funcional – Estamos perante uma situação de ligação funcional quando, no contexto de um processo produtivo, se verifica que as funções se inserem sequencialmente nesse processo

nº 3

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 314.ºMobilidade funcional 1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, encarregar temporariamente o trabalhador de funções não compreendidas na actividade contratada, desde que tal não implique modificação substancial da posição do trabalhador. 2 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida no número anterior. 3 - O disposto no n.º 1 não pode implicar diminuição da retribuição, tendo o trabalhador direito a auferir das vantagens inerentes à actividade temporariamente desempenhada. 4 - A ordem de alteração deve ser justificada, com indicação do tempo previsível.
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Dá uma aproximação muito ampla, de afinidade de actividades e de ligação funcional.

Restringe a amplitude da afinidade e da ligação funcional, pela circunstância de só poderem ser exigidas ao trabalhador funções para as quais detenha qualificação profissional.

A actividade contratada à qual o trabalhador está adstrito fica dependente de...

Requisitos :

- Funções que lhe sejam afins ou funcionalmente ligadas

- A qualificação profissional adequada do trabalhador (requisito positivo)

- Funções que não impliquem desvalorização profissional (requisito negativo)

- Direito a formação profissional (nº4)

nº 4

Dever de o empregador dar formação profissional ao trabalhador, mesmo que este só exerça as funções a título acessório.

A violação deste dever constitui contra-ordenação grave (art.656º)

nº 5

Conjugando esta norma com o art.123º/1, o empregador deve previamente permitir que o trabalhador adquira as qualificações necessárias ao exercício da actividade contratada no posto de trabalho a que for adstrito.

tonybrussel, 03-01--0001,
Formação profissional Artigo 123.ºPrincípio geral 1 - O empregador deve proporcionar ao trabalhador acções de formação profissional adequadas à sua qualificação.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 656.ºExercício de funções afins ou funcionalmente ligadas à actividade contratada Constitui contra-ordenação grave a violação do disposto no n.º 4 do artigo 151.º e no artigo 152.º
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MOBILIDADE

Vicissitudes contratuais

Artigo 313.º (ART. 151)

Mudança de categoria1 - O trabalhador só pode ser colocado em categoria inferior àquela para que foi contratado ou a que foi promovido quando tal mudança, imposta por necessidades prementes da empresa ou por estrita necessidade do trabalhador, seja por este aceite e autorizada pela Inspecção-Geral do Trabalho. 2 - Salvo disposição em contrário, o trabalhador não adquire a categoria correspondente às funções que exerça temporariamente.

Proíbe-se a despromoção do trabalhador

Categoria – Tem aqui o sentido de identificar o conjunto de funções exigíveis ao trabalhador, mas igualmente o de identificar um estatuto do trabalhador no contexto da empresa.

MOBILIDADE FUNCIONAL “JUS VARIANDI”

Artigo 314.º

Mobilidade funcional

1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, encarregar temporariamente o trabalhador de funções não compreendidas na actividade contratada, desde que tal não implique modificação substancial da posição do trabalhador.

2 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida no número anterior.

1º requisito material2º requisito material

3º requisito material

Page 32: Direito do Trabalho

3 - O disposto no n.º 1 não pode implicar diminuição da retribuição, tendo o trabalhador direito a auferir das vantagens inerentes à actividade temporariamente desempenhada.

4 - A ordem de alteração deve ser justificada, com indicação do tempo previsível.

Comentários

Ius variandiCorresponde a um poder unilateral do empregador de modificar as funções do trabalhador que não se encontram compreendidas na actividade contratada (não só as funções não compreendidas naquela actividade, mas também para além

das que sejam afins ou funcionalmente ligadas –art. 151/2)

O efeito principal do “ius variandi” consiste numa variação funcional.

A consequência do exercício do poder de modificação é, para o trabalhador, o direito ao tratamento mais favorável correspondente às funções efectivamente exercidas.

Só serão lícitas cláusulas de mobilidade que correspondam a interesses sérios das partes e contenham em si um grau de previsibilidade que impeça a indeterminação do objecto do contrato de trabalho.

O exercício do poder de modificação unilateral da prestação de trabalho fica dependente da verificação cumulativa das exigências que constam do nº 1 com o nº 4

Requisitos materiais (encontram-se no nº 1)

- a existência de um interesse legítimo do empregador na variação.

- Transitoriedade da necessidade que determina a modificação

- A inexistência de modificação da posição substancial do trabalhador

Requisitos formais

- A indicação dos motivos que justificam o ius variandi , por reporte ao interesse da empresa.

1º Requisito formal 2º requisito formal

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 151.ºFunções desempenhadas 2 - A actividade contratada, ainda que descrita por remissão para categoria profissional constante de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ou regulamento interno de empresa, compreende as funções que lhe sejam afins ou funcionalmente ligadas, para as quais o trabalhador detenha a qualificação profissional adequada e que não impliquem desvalorização profissional.
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- Indicação da duração do ius variandi

- Adequação do motivo invocado ao limite máximo de tempo de duração do ius variandi.

A ausência de qualquer dos requisitos torna a ordem do empregador ilícita

MOBILIDADE GEOGRÁFICA

Artigo 315.º

Mobilidade geográfica1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, transferir o trabalhador para outro local de trabalho se essa transferência não implicar prejuízo sério para o trabalhador.

2 - O empregador pode transferir o trabalhador para outro local de trabalho se a alteração resultar da mudança, total ou parcial, do estabelecimento onde aquele presta serviço.

3 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida nos números anteriores.

4 - No caso previsto no n.º 2, o trabalhador pode resolver o contrato se houver prejuízo sério, tendo nesse caso direito à indemnização prevista no n.º 1 do artigo 443.º

5 - O empregador deve custear as despesas do trabalhador impostas pela transferência decorrentes do acréscimo dos custos de deslocação e resultantes da mudança de residência.

A mobilidade geográfica pode ser assegurada através da fixação de um âmbito geográfico mais amplo no contexto das cláusulas do contrato de trabalho.

LOCAL DE TRABALHO

Artigo 154.ºNoção

Page 34: Direito do Trabalho

1 - O trabalhador deve, em princípio, realizar a sua prestação no local de trabalho contratualmente definido, sem prejuízo do disposto nos artigos 315.º

a 317.º 2 - O trabalhador encontra-se adstrito às deslocações inerentes às suas funções ou indispensáveis à sua formação profissional.

Perante a ausência de regulamentação das partes quanto ao local de trabalho, compete à entidade empregadora resolver essa indeterminação (art.400 CCº, através do seu poder de direcção (art. 150º)

Duração e organização do tempo de trabalho

Artigo 155.ºTempo de trabalhoConsidera-se tempo de trabalho qualquer período durante o qual o trabalhador está a desempenhar a actividade ou permanece adstrito à realização da prestação, bem como as interrupções e os intervalos previstos no artigo seguinte.

O conceito de tempo de trabalho é construído pela combinação de ...

3 critérios:

- tempo em que efectivamente se realiza a prestação- disponibilidade para o efeito, com ou sem presença no posto de trabalho- interrupção da prestação normativamente assimilada às anteriores

Artigo 156.ºInterrupções e intervalosConsideram-se compreendidos no tempo de trabalho:

a) As interrupções de trabalho como tal consideradas em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, em regulamento interno de empresa ou resultantes dos usos reiterados da empresa;

b) As interrupções ocasionais no período de trabalho diário, quer as inerentes à satisfação de necessidades pessoais inadiáveis do trabalhador, quer as resultantes do consentimento do empregador;

c) As interrupções de trabalho ditadas por motivos técnicos, nomeadamente limpeza, manutenção ou afinação de equipamentos, mudança dos programas de produção, carga ou descarga de mercadorias, falta de matéria-prima ou energia, ou factores climatéricos que afectem a actividade

tonybrussel, 03-01--0001,
ARTIGO 400º (Determinação da prestação) 1. A determinação da prestação pode ser confiada a uma ou outra das partes ou a terceiro; em qualquer dos casos deve ser feita segundo juízos de equidade, se outros critérios não tiverem sido estipulados. 2. Se a determinação não puder ser feita ou não tiver sido feita no tempo devido, sê-lo-á pelo tribunal, sem prejuízo do disposto acerca das obrigações genéricas e alternativas.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 316.ºTransferência temporária 1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, transferir temporariamente o trabalhador para outro local de trabalho se essa transferência não implicar prejuízo sério para o trabalhador. 2 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida no número anterior. 3 - Da ordem de transferência, além da justificação, deve constar o tempo previsível da alteração, que, salvo condições especiais, não pode exceder seis meses. 4 - O empregador deve custear as despesas do trabalhador impostas pela transferência temporária decorrentes do acréscimo dos custos de deslocação e resultantes do alojamento.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 315.ºMobilidade geográfica 1 - O empregador pode, quando o interesse da empresa o exija, transferir o trabalhador para outro local de trabalho se essa transferência não implicar prejuízo sério para o trabalhador. 2 - O empregador pode transferir o trabalhador para outro local de trabalho se a alteração resultar da mudança, total ou parcial, do estabelecimento onde aquele presta serviço. 3 - Por estipulação contratual as partes podem alargar ou restringir a faculdade conferida nos números anteriores. 4 - No caso previsto no n.º 2, o trabalhador pode resolver o contrato se houver prejuízo sério, tendo nesse caso direito à indemnização prevista no n.º 1 do artigo 443.º 5 - O empregador deve custear as despesas do trabalhador impostas pela transferência decorrentes do acréscimo dos custos de deslocação e resultantes da mudança de residência.
Page 35: Direito do Trabalho

da empresa, ou por motivos económicos, designadamente quebra de encomendas;

d) Os intervalos para refeição em que o trabalhador tenha de permanecer no espaço habitual de trabalho ou próximo dele, adstrito à realização da prestação, para poder ser chamado a prestar trabalho normal em caso de necessidade;

e) As interrupções ou pausas nos períodos de trabalho impostas por normas especiais de segurança, higiene e saúde no trabalho. Artigo 157.ºPeríodo de descansoEntende-se por período de descanso todo aquele que não seja tempo de trabalho.

Artigo 158.ºPeríodo normal de trabalhoO tempo de trabalho que o trabalhador se obriga a prestar, medido em número de horas por dia e por semana, denomina-se «período normal de trabalho».

Artigo 159.ºHorário de trabalho1 - Entende-se por horário de trabalho a determinação das horas do início e do termo do período normal de trabalho diário, bem como dos intervalos de descanso. 2 - O horário de trabalho delimita o período de trabalho diário e semanal.3 - O início e o termo do período de trabalho diário podem ocorrer em dias de calendário consecutivos.

Artigo 160.ºPeríodo de funcionamento1 - Entende-se por período de funcionamento o intervalo de tempo diário durante o qual os estabelecimentos podem exercer a sua actividade. 2 - O período de funcionamento dos estabelecimentos de venda ao público denomina-se «período de abertura». 3 - O período de funcionamento dos estabelecimentos industriais denomina-se «período de laboração».

Pré-determina o início e o termo do período normal de cada dia de trabalho, bem como os intervalos de descanso.

Page 36: Direito do Trabalho

Pode iniciar-se e terminar em dias distintos, desde que consecutivos.

Artigo 161.ºRitmo de trabalhoO empregador que pretenda organizar a actividade laboral segundo um certo ritmo deve observar o princípio geral da adaptação do trabalho ao homem, com vista, nomeadamente, a atenuar o trabalho monótono e o trabalho cadenciado em função do tipo de actividade e das exigências em matéria de segurança e saúde, em especial no que se refere às pausas durante o tempo de trabalho.

Limites à duração do trabalho

Artigo 163.º

Limites máximos dos períodos normais de trabalho

1 - O período normal de trabalho não pode exceder oito horas por dia nem quarenta horas por semana.

2 - Há tolerância de quinze minutos para as transacções, operações e serviços começados e não acabados na hora estabelecida para o termo do período normal de trabalho diário, não sendo, porém, de admitir que tal tolerância deixe de revestir carácter excepcional, devendo o acréscimo de trabalho ser pago quando perfizer quatro horas ou no termo de cada ano civil.

3 - O período normal de trabalho diário dos trabalhadores que prestem trabalho exclusivamente nos dias de descanso semanal dos restantes trabalhadores da empresa ou estabelecimento pode ser aumentado, no máximo, em quatro horas diárias, sem prejuízo do disposto em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.

A fixação do período normal de trabalho é matéria contratual, pelo que a sua alteração depende também do acordo das partes, sujeito às limitações decorrentes da lei e do IRCT que se mostre aplicável

ADAPTABILIDADE

Artigo 164.º

Adaptabilidade

Page 37: Direito do Trabalho

1 - Por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, o período normal de trabalho pode ser definido em termos médios, caso em que o limite diário fixado no n.º 1 do artigo anterior pode ser aumentado até ao máximo de quatro horas, sem que a duração do trabalho semanal exceda sessenta horas, só não contando para este limite o trabalho suplementar prestado por motivo de força maior.

2 - O período normal de trabalho definido nos termos previstos no número anterior não pode exceder cinquenta horas em média num período de dois meses.

Adaptabilidade do período normal de trabalho – consiste no cálculo do tempo de trabalho em termos médios, num período pré-determinado.

O trabalhador poderá trabalhar mais horas num determinado dia ou semana, desde que noutro dia ou semana trabalhe menos, de modo a que a média do tempo de trabalho num período definido seja de oito horas diárias e quarenta horas semanais.

A adaptabilidade a que se refere este artigo, carece de previsão em instrumento de regulação colectiva de trabalho.

O IRCT pode permitir, por exemplo, que em todos os dias do mês de Janeiro sejam prestadas doze horas de trabalho diário – logo, sessenta semanais – a compensar durante o mês de Março com quatro horas diárias e vinte horas semanais de trabalho.

A regra do nº 1 permitiria que o trabalhador fosse compelido a trabalhar sessenta horas por semana nos dois primeiros meses, compensando-as com vinte horas semanais nos dois meses remanescentes, mas...

Com a regra do nº 2, às sessenta horas por semana do primeiro mês tem de seguir-se um mês de prestação de quarenta horas semanais, cumprindo assim a média das cinquenta horas num período de dois meses.

Para o limite máximo do tempo semanal de trabalho, e apenas para

ele, é contabilizado o trabalho suplementar prestado, excepto se por motivo de força maior.

A infracção do preceituado neste artigo constitui contra-ordenação grave (art. 658º)

Page 38: Direito do Trabalho

Artigo 165.º

Regime especial de adaptabilidade

1 - Por acordo, o empregador e os trabalhadores podem definir o período normal de trabalho em termos médios, observando o disposto nos números seguintes.

2 - O acordo a que se refere o número anterior pode ser obtido mediante proposta dirigida pelo empregador aos trabalhadores, presumindo-se a sua aceitação pelos trabalhadores que, no prazo de 21 dias a contar do respectivo conhecimento, incluindo os períodos a que se referem os nºs 2 e 3 do artigo 173.º, não se oponham por escrito.

3 - O período normal de trabalho diário pode ser aumentado até ao máximo de duas horas, sem que a duração do trabalho semanal exceda cinquenta horas, só não contando para este limite o trabalho suplementar prestado por motivo de força maior.

4 - Nas semanas em que a duração do trabalho seja inferior a quarenta horas, a redução diária não pode ser superior a duas horas, mas as partes podem também acordar na redução da semana de trabalho em dias ou meios dias, sem prejuízo do direito ao subsídio de refeição.

5 - O regime previsto nos números anteriores mantém-se até ao termo do período de referência em execução à data da entrada em vigor de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho que incida sobre a matéria.

Este artigo regula a segunda origem possível do regime de adaptabilidade do tempo de trabalho, o acordo das partes.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 173.ºAlteração do horário de trabalho 2 - Todas as alterações dos horários de trabalho devem ser precedidas de consulta aos trabalhadores afectados, à comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão sindical ou intersindical ou aos delegados sindicais, ser afixadas na empresa com antecedência de sete dias, ainda que vigore um regime de adaptabilidade, e comunicadas à Inspecção-Geral do Trabalho, nos termos previstos em legislação especial. 3 - O prazo a que se refere o número anterior é de três dias em caso de microempresa.
Page 39: Direito do Trabalho

O acordo subjacente ao estabelecimento deste regime de adaptabilidade pode ser o contrato de trabalho.

A formação da vontade contratual pode também fazer-se nos termos previstos para o contrato de adesão (art. 95º/2)

O empregador que institua o trabalho em regime de adaptabilidade, está sujeito ao aviso prévio estabelecido no nº 2 ou no nº 3 do art.173º.

Artigo 166.º

Período de referência

1 - A duração média do trabalho deve ser apurada por referência ao período que esteja fixado em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho aplicável, não podendo ser superior a 12 meses, ou, na falta de tal previsão, por referência a períodos máximos de 4 meses.

2 - O período de referência de quatro meses referido no número anterior pode ser alargado para seis meses nas seguintes situações:

a) Trabalhadores familiares do empregador;b) Trabalhadores que ocupem cargos de administração e de direcção ou com poder de decisão autónomo; c) Havendo afastamento entre o local de trabalho e o local de residência do trabalhador ou entre diferentes locais de trabalho do trabalhador; d) Pessoal operacional de vigilância, transporte e tratamento de sistemas electrónicos de segurança, designadamente quando se trate de guardas ou porteiros. 3 - O disposto no número anterior é ainda aplicável a actividades caracterizadas pela necessidade de assegurar a continuidade do serviço ou de produção, nomeadamente: a) Recepção, tratamento ou cuidados de saúde em hospitais ou estabelecimentos semelhantes, instituições residenciais e prisões, incluindo os médicos em formação; b) Portos ou aeroportos;c) Imprensa, rádio, televisão, produção cinematográfica, correios, telecomunicações, serviço de ambulâncias, sapadores-bombeiros ou protecção civil; d) Produção, transmissão e distribuição de gás, água, electricidade, recolha de lixo ou instalações de incineração; e) Indústrias em que o processo de trabalho não possa ser interrompido por motivos técnicos; f) Investigação e desenvolvimento;g) Agricultura;h) Transporte de passageiros em serviços regulares de transporte urbano;i) Transporte ferroviário em relação a trabalhadores que prestem trabalho intermitente, em comboios ou aqueles cuja prestação esteja ligada à continuidade e regularidade do tráfego ferroviário; j) Havendo acréscimo previsível de actividade no turismo e nos serviços postais entre outras;

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 173.ºAlteração do horário de trabalho 2 - Todas as alterações dos horários de trabalho devem ser precedidas de consulta aos trabalhadores afectados, à comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão sindical ou intersindical ou aos delegados sindicais, ser afixadas na empresa com antecedência de sete dias, ainda que vigore um regime de adaptabilidade, e comunicadas à Inspecção-Geral do Trabalho, nos termos previstos em legislação especial. 3 - O prazo a que se refere o número anterior é de três dias em caso de microempresa.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 95.ºContrato de trabalho de adesão 1 - A vontade contratual pode manifestar-se, por parte do empregador, através dos regulamentos internos de empresa e, por parte do trabalhador, pela adesão expressa ou tácita aos ditos regulamentos. 2 - Presume-se a adesão do trabalhador quando este não se opuser por escrito no prazo de 21 dias, a contar do início da execução do contrato ou da divulgação do regulamento, se esta for posterior.
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l) Caso fortuito ou motivo de força maior;m) Em caso de acidente ou de risco de acidente iminente.4 - Salvo quando expressamente previsto em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, o período de referência apenas pode ser alterado durante a sua execução quando justificado por circunstâncias objectivas e o total de horas de trabalho prestadas for inferior ou igual às que teriam sido realizadas caso não vigorasse um regime de adaptabilidade, aplicando-se com as necessárias adaptações o disposto no n.º 4 do artigo 165.º

Período de referência – É o intervalo de tempo durante o qual é apurada a duração média dos períodos normais de trabalho organizados segundo a regra da adaptabilidade.

Artigo 168.ºRedução dos limites máximos dos períodos normais de trabalho1 - A redução dos limites máximos dos períodos normais de trabalho pode ser estabelecida por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho. 2 - Da redução dos limites máximos dos períodos normais de trabalho não pode resultar diminuição da retribuição dos trabalhadores.

Duração média do trabalho

Artigo 169.º

Duração média do trabalho

1 - Sem prejuízo dos limites previstos nos artigos 163.º a 167.º, a duração média do trabalho semanal, incluindo trabalho suplementar, não pode exceder quarenta e oito horas, num período de referência fixado em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, não devendo, em caso algum, ultrapassar 12 meses ou, na falta de fixação em instrumento de regulamentação colectiva, num período de referência de 4 meses, que pode ser de 6 meses nos casos previstos nos nºs 2 e 3 do artigo 166.º

2 - No cálculo da média referida no número anterior, os dias de férias são subtraídos ao período de referência em que são gozados.

3 - Os dias de ausência por doença, bem como os dias de licença por maternidade e paternidade e de licença especial do pai ou da mãe para assistência a pessoa com deficiência e a doente crónico são considerados com base no correspondente período normal de trabalho.

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4 - O disposto nos nºs 1 e 2 não é aplicável a trabalhadores que ocupem cargos de administração e de direcção ou com poder de decisão autónomo que estejam isentos de horário de trabalho.

Comentários ao artigo 169º

Este artigo dirige-se somente aos casos em que o período normal de trabalho é definido em termos médios, por efeito de regulamentação colectiva ou de acordo das partes.

Esta norma não altera os limites máximos do tempo de trabalho.

O trabalhador sempre terá que realizar uma média de quarenta horas semanais num período de referência, durante o qual não pode ser compelido a trabalhar mais do que sessenta ou cinquenta horas por semana, dependendo do regime de adaptabilidade aplicável.

Conclui-se que sempre que o trabalho seja prestado em regime de adaptabilidade, a duração média do período normal de trabalho e do trabalho suplementar, não pode exceder quarenta e oito horas. (o que significa que para um período normal de trabalho de quarenta horas, só pode ser exigido

ao trabalhador que preste até 8 horas, em média, de trabalho suplementar)

Todo o trabalho suplementar prestado é relevante para apuramento da duração média do trabalho referida neste artigo (inclui-se também o trabalho suplementar prestado por motivo de força maior.

Horário de trabalho

Artigo 170.º

Definição do horário de trabalho

1 - Compete ao empregador definir os horários de trabalho dos trabalhadores ao seu serviço, dentro dos condicionalismos legais.

Page 42: Direito do Trabalho

2 - As comissões de trabalhadores ou, na sua falta, as comissões intersindicais, as comissões sindicais ou os delegados sindicais devem ser consultados previamente sobre a definição e a organização dos horários de trabalho.

Conhecem-se outras formas de organização de horários. É o caso dos horários no trabalho por turnos rotativos (art. 188º) , ou dos designados “horários flexíveis”, que correspondem a uma das modalidades de isenção de horário de trabalho (art.178º/1/c)).

Artigo 171.ºHorário de trabalho e períodos de funcionamento

1 - O empregador legalmente sujeito a regime de período de funcionamento deve respeitar esse regime na organização dos horários de trabalho para os trabalhadores ao seu serviço.

2 - Os períodos de funcionamento constam de legislação especial.

Alteração do horário de trabalho

Artigo 173.º

Alteração do horário de trabalho

1 - Não podem ser unilateralmente alterados os horários individualmente acordados.

2 - Todas as alterações dos horários de trabalho devem ser precedidas de consulta aos trabalhadores afectados, à comissão de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão sindical ou intersindical ou aos delegados sindicais, ser afixadas na empresa com antecedência de sete dias, ainda que vigore um regime de adaptabilidade, e comunicadas à Inspecção-Geral do Trabalho, nos termos previstos em legislação especial.

3 - O prazo a que se refere o número anterior é de três dias em caso de microempresa. 4 - Exceptua-se do disposto no n.º 2 a alteração do horário de trabalho cuja duração não exceda uma semana, não podendo o empregador recorrer a este regime mais de três vezes por ano, desde que seja registada em livro próprio com a menção de que foi previamente informada e consultada a

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 178.ºEfeitos da isenção de horário de trabalho 1 - Nos termos do que for acordado, a isenção de horário pode compreender as seguintes modalidades: c) Observância dos períodos normais de trabalho acordados.
tonybrussel, 03-01--0001,
Trabalho por turnos Artigo 188.ºNoção Considera-se trabalho por turnos qualquer modo de organização do trabalho em equipa em que os trabalhadores ocupem sucessivamente os mesmos postos de trabalho, a um determinado ritmo, incluindo o ritmo rotativo, que pode ser de tipo contínuo ou descontínuo, o que implica que os trabalhadores podem executar o trabalho a horas diferentes no decurso de um dado período de dias ou semanas.
Page 43: Direito do Trabalho

comissão de trabalhadores ou, na sua falta, a comissão sindical ou intersindical ou os delegados sindicais. 5 - As alterações que impliquem acréscimo de despesas para os trabalhadores conferem o direito a compensação económica.

Sempre que a fixação do horário tenha sido contratualizada entre empregador e trabalhador, a sua alteração carece do acordo destes.

Artigo 174.ºIntervalo de descansoA jornada de trabalho diária deve ser interrompida por um intervalo de descanso, de duração não inferior a uma hora, nem superior a duas, de modo que os trabalhadores não prestem mais de cinco horas de trabalho consecutivo.

Artigo 175.ºRedução ou dispensa de intervalo de descanso

1 - Por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho pode ser estabelecida a prestação de trabalho até seis horas consecutivas e o intervalo diário de descanso ser reduzido, excluído ou ter uma duração superior à prevista no artigo anterior, bem como ser determinada a frequência e a duração de quaisquer outros intervalos de descanso do período de trabalho diário.

2 - Compete à Inspecção-Geral do Trabalho, mediante requerimento do empregador, instruído com declaração escrita de concordância do trabalhador abrangido e informação à comissão de trabalhadores da empresa e ao sindicato representativo do trabalhador em causa, autorizar a redução ou exclusão dos intervalos de descanso, quando tal se mostre favorável aos interesses dos trabalhadores ou se justifique pelas condições particulares de trabalho de certas actividades.

3 - Não é permitida a alteração aos intervalos de descanso prevista nos nºs 1 e 2, se ela implicar a prestação de mais de seis horas consecutivas de trabalho, excepto quanto a actividades de pessoal operacional de vigilância, transporte e tratamento de sistemas electrónicos de segurança e indústrias em que o processo de laboração não possa ser interrompido por motivos

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técnicos e, bem assim, quanto a trabalhadores que ocupem cargos de administração e de direcção e outras pessoas com poder de decisão autónomo que estejam isentos de horário de trabalho.

4 - O pedido de redução ou dispensa de intervalo de descanso previsto no n.º 2 considera-se tacitamente deferido se não for proferida a decisão final dentro do prazo de 15 dias a contar da apresentação do requerimento.

Por IRCT é possível suprimir ou reduzir o intervalo de descanso, A possibilidade excepcional enunciada no nº 2 depende do

assentimento do trabalhador . O nº 2 consagra a autorização prévia da Inspecção Geral do Trabalho.

Artigo 176.º

Descanso diário

1 - É garantido ao trabalhador um período mínimo de descanso de onze horas seguidas entre dois períodos diários de trabalho consecutivos.

2 - O disposto no número anterior não é aplicável a trabalhadores que ocupem cargos de administração e de direcção ou com poder de decisão autónomo que estejam isentos de horário de trabalho, nem quando seja necessária a prestação de trabalho suplementar por motivo de força maior, ou por ser indispensável para prevenir ou reparar prejuízos graves para a empresa ou para a sua viabilidade devidos a acidente ou a risco de acidente iminente. 3 - A regra constante do n.º 1 não é aplicável quando os períodos normais de trabalho sejam fraccionados ao longo do dia com fundamento nas características da actividade, nomeadamente no caso dos serviços de limpeza. 4 - O disposto no n.º 1 não é aplicável a actividades caracterizadas pela necessidade de assegurar a continuidade do serviço ou da produção, nomeadamente as actividades a seguir indicadas, desde que através de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho sejam garantidos ao trabalhador os correspondentes descansos compensatórios: a) Pessoal operacional de vigilância, transporte e tratamento de sistemas electrónicos de segurança; b) Recepção, tratamento e cuidados dispensados em hospitais ou estabelecimentos semelhantes, instituições residenciais e prisões; c) Portos e aeroportos;d) Imprensa, rádio, televisão, produção cinematográfica, correios ou telecomunicações, ambulâncias, sapadores-bombeiros ou protecção civil;

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e) Produção, transporte e distribuição de gás, água ou electricidade, recolha de lixo e incineração; f) Indústrias em que o processo de laboração não possa ser interrompido por motivos técnicos; g) Investigação e desenvolvimento;h) Agricultura.5 - O disposto no número anterior é extensivo aos casos de acréscimo previsível de actividade no turismo.

Obriga a que o horário do dia seguinte não possa iniciar-se antes de decorridas onze horas sobre o termo do horário do dia anterior

Artigo 177.ºCondições de isenção de horário de trabalho

1 - Por acordo escrito, pode ser isento de horário de trabalho o trabalhador que se encontre numa das seguintes situações:

a) Exercício de cargos de administração, de direcção, de confiança, de fiscalização ou de apoio aos titulares desses cargos;

b) Execução de trabalhos preparatórios ou complementares que, pela sua natureza, só possam ser efectuados fora dos limites dos horários normais de trabalho;

c) Exercício regular da actividade fora do estabelecimento, sem controlo imediato da hierarquia.

2 - Podem ser previstas em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho outras situações de admissibilidade de isenção de horário de trabalho para além das indicadas nas alíneas do número anterior.

3 - O acordo referido no n.º 1 deve ser enviado à Inspecção-Geral do Trabalho.

Artigo 178.ºEfeitos da isenção de horário de trabalho

1 - Nos termos do que for acordado, a isenção de horário pode compreender as seguintes modalidades:

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a) Não sujeição aos limites máximos dos períodos normais de trabalho;b) Possibilidade de alargamento da prestação a um determinado número de horas, por dia ou por semana; c) Observância dos períodos normais de trabalho acordados.2 - Na falta de estipulação das partes o regime de isenção de horário segue o disposto na alínea a) do número anterior. 3 - A isenção não prejudica o direito aos dias de descanso semanal obrigatório, aos feriados obrigatórios e aos dias e meios dias de descanso complementar, nem ao descanso diário a que se refere o n.º 1 do artigo 176.º, excepto nos casos previstos no n.º 2 desse artigo. 4 - Nos casos previstos no n.º 2 do artigo 176.º deve ser observado um período de descanso que permita a recuperação do trabalhador entre dois períodos diários de trabalho consecutivos.

Comentários

A delimitação prevista no nº1/c) exige a observância não apenas do período normal de trabalho semanal, mas também do período diário.

As diversas modalidades de isenção de horário de trabalho, não podem prejudicar o período de descanso diário estabelecido no art. 176º/1

Também o intervalo de descanso a que se refere o art. 174º não pode ser prejudicado pela isenção de horário.

TRABALHO NOCTURNO

Artigo 192.º

Noção

1 - Considera-se período de trabalho nocturno o que tenha a duração mínima de sete horas e máxima de onze horas, compreendendo o intervalo entre as 0 e as 5 horas.

2 - Os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho podem estabelecer o período de trabalho nocturno, com observância do disposto no número anterior.

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 176.ºDescanso diário 1 - É garantido ao trabalhador um período mínimo de descanso de onze horas seguidas entre dois períodos diários de trabalho consecutivos.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 174.ºIntervalo de descanso A jornada de trabalho diária deve ser interrompida por um intervalo de descanso, de duração não inferior a uma hora, nem superior a duas, de modo que os trabalhadores não prestem mais de cinco horas de trabalho consecutivo.
tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 176.ºDescanso diário 1 - É garantido ao trabalhador um período mínimo de descanso de onze horas seguidas entre dois períodos diários de trabalho consecutivos.
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3 - Na ausência de fixação por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, considera-se período de trabalho nocturno o compreendido entre as 22 horas de um dia e as 7 horas do dia seguinte.

Artigo 193.º

Trabalhador nocturnoEntende-se por trabalhador nocturno aquele que execute, pelo menos, três horas de trabalho normal nocturno em cada dia ou que possa realizar durante o período nocturno uma certa parte do seu tempo de trabalho anual, definida por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ou, na sua falta, correspondente a três horas por dia.

INSTRUMENTOS DE REGULAÇÃO COLECTIVA DE TRABALHO

Princípios gerais

Princípio do tratamento mais favorável (art. 531º) (art. 4º/3)As disposições dos IRCT só podem ser afastadas por contrato de trabalho, quando este estabeleça condições mais favoráveis para o trabalhador e se daquelas não resultar o contrário.

Para que a cláusula de um contrato de trabalho afaste o disposto num instrumento de regulamentação colectiva, são necessários ...

2 requisitos :

a) Ser mais favorável para o trabalhador

b) Que as disposições do IRCT a isso não se oponham

Convenção colectiva

tonybrussel, 03-01--0001,
Artigo 4.ºPrincípio do tratamento mais favorável 3 - As normas deste Código só podem ser afastadas por contrato de trabalho quando este estabeleça condições mais favoráveis para o trabalhador e se delas não resultar o contrário.
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... e sobretudo não percam o próximo episódio... ciaaaooo !!!!

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