direito da sociedade da informação

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DISCIPLINA: Direito da Sociedade da Informação Semana 1 AULA 1 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, ELEMENTOS INFORMATIVOS DO DIREITO ELETRÔNICO E NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ADVENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO. A EVOLUÇÃO DO DIREITO E O DIREITO ELETRÔNICO Saímos de uma sociedade agrícola-comunitária para uma industrial – individualista e entramos em uma sociedade digital-comunitária. Isto vem acontecendo desde o início da globalização, que começou a mais ou menos 500 anos. O Direito Eletrônico é um direito comunitário por natureza. O homem primitivo tinha muito mais consciência coletiva e espírito comunitário, do que nós agora, até por uma questão de sobrevivência, onde o grupo determinava e garantia a segurança de cada um de seus integrantes. O conceito de comunidade em termos de aplicabilidade jurídica está muito presente na Comunidade Européia, de onde vem grande parte das inovações jurídicas em referência ao Direito Eletrônico. A consciência de comunidade é fator determinante para que sejam elaboradas boas leis em Direito Eletrônico, em que a convergência de diversas culturas e sua interpretação precede a norma. Os valores a serem protegidos são determinados num espaço maior que os limites territoriais, exigindo uma flexibilidade da norma e uma dinâmica de equilíbrio com métodos de solução por autorregulamentação, primordiais para o Direito Eletrônico. Como regulamentação de condutas, o Direito é um desafio cultural; diante de uma nova realidade social deve adaptar-se às novas mudanças, refletindo as transformações ocorridas na estrutura da sociedade. Na Era Agrícola, o instrumento do poder era a terra, centralizado pelo domínio da Igreja. Para justificar mantendo o controle e a paz social, o Direito era canônico, alicerçado em forte hierarquia. Na Era Industrial o instrumento do poder era o capital, gerador dos meios de produção. Sob a justificativa da soberania, o domínio deveria ser do Estado. Nesse momento, o Direito tornou-se estatal e normativo,”dentro de um sistema de comando e controles sobre os conceitos de territorialidade e ordenamento”. A burocracia jurídica tornou-se “ um mecanismo para diminuição dos erros jurídicos e de monopólio de força”. Na Era Digital, o instrumento de poder é a informação. Atualmente, a liberdade individual e a soberania do Estado são mensuradas pela capacidade de acesso à informação. Os avanços tecnológicos e as transformações constantes impõem-se rapidamente às relações sociais. Desse modo, o Direito Eletrônico é “pragmático e costumeiro”, alicerçado em estratégia jurídica e dinamismo. O Direito Eletrônico é a evolução do próprio Direito, abarcando todos os princípios fundamentais e institutos vigentes aplicados atualmente e ,em todas as áreas( Direito Civil, Comercial, Autoral, etc), desenvolvendo novos institutos e elementos para o pensamento jurídico.

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Page 1: Direito da Sociedade da Informação

DISCIPLINA: Direito da Sociedade da Informação

Semana 1

AULA 1 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, ELEMENTOS INFORMATIVOS DO DIREITO ELETRÔNICO E NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ADVENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO. A EVOLUÇÃO DO DIREITO E O DIREITO ELETRÔNICO Saímos de uma sociedade agrícola-comunitária para uma industrial –individualista e entramos em uma sociedade digital-comunitária. Isto vem acontecendo desde o início da globalização, que começou a mais ou menos 500 anos. O Direito Eletrônico é um direito comunitário por natureza. O homem primitivo tinha muito mais consciência coletiva e espírito comunitário, do que nós agora, até por uma questão de sobrevivência, onde o grupo determinava e garantia a segurança de cada um de seus integrantes. O conceito de comunidade em termos de aplicabilidade jurídica está muito presente na Comunidade Européia, de onde vem grande parte das inovações jurídicas em referência ao Direito Eletrônico. A consciência de comunidade é fator determinante para que sejam elaboradas boas leis em Direito Eletrônico, em que a convergência de diversas culturas e sua interpretação precede a norma. Os valores a serem protegidos são determinados num espaço maior que os limites territoriais, exigindo uma flexibilidade da norma e uma dinâmica de equilíbrio com métodos de solução por autorregulamentação, primordiais para o Direito Eletrônico. Como regulamentação de condutas, o Direito é um desafio cultural; diante de uma nova realidade social deve adaptar-se às novas mudanças, refletindo as transformações ocorridas na estrutura da sociedade. Na Era Agrícola, o instrumento do poder era a terra, centralizado pelo domínio da Igreja. Para justificar mantendo o controle e a paz social, o Direito era canônico, alicerçado em forte hierarquia. Na Era Industrial o instrumento do poder era o capital, gerador dos meios de produção. Sob a justificativa da soberania, o domínio deveria ser do Estado. Nesse momento, o Direito tornou-se estatal e normativo,”dentro de um sistema de comando e controles sobre os conceitos de territorialidade e ordenamento”. A burocracia jurídica tornou-se “ um mecanismo para diminuição dos erros jurídicos e de monopólio de força”. Na Era Digital, o instrumento de poder é a informação. Atualmente, a liberdade individual e a soberania do Estado são mensuradas pela capacidade de acesso à informação. Os avanços tecnológicos e as transformações constantes impõem-se rapidamente às relações sociais. Desse modo, o Direito Eletrônico é “pragmático e costumeiro”, alicerçado em estratégia jurídica e dinamismo. O Direito Eletrônico é a evolução do próprio Direito, abarcando todos os princípios fundamentais e institutos vigentes aplicados atualmente e ,em todas as áreas( Direito Civil, Comercial, Autoral, etc), desenvolvendo novos institutos e elementos para o pensamento jurídico.

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Cabem aos novos profissionais do Direito a responsabilidade de garantir o direito à privacidade, ao direito de imagem, a proteção do direito autoral, a segurança de informação, aosroyalties, aos processos contra hackers, etc. O Direito Eletrônico deve ser entendido e estudado criando novos instrumentos para essas inovações. A integração de várias tecnologias convergindo para uma rede única de comunicação inteligente e interativa, atinge pessoas, empresas, governos e instituições estabelecendo uma relação de dependência. Se por um lado há a expansão comercial pela Internet, por outro crescem os riscos de segurança à informação, concorrência desleal, sabotagem por hacker e outros, na mesma velocidade que crescem os crimes, as reclamações, as infrações ao Código de Defesa ao Consumidor, entre outras. Quando se tornam instrumentos de massa, todos os meios de comunicação exigem uma abordagem por parte do Direito, porém, não há necessidade da criação de um Direito específico (por ex: para as compras por telefone, por encomendas por fax). A autora propõe que o Direito siga “sua vocação de refletir as grandes mudanças culturais e comportamentais vividas pela sociedade”. O ritmo de evolução tecnológica será sempre mais veloz que as leis que a regem, assim no Direito Eletrônico os princípios devem prevalecer sobra as regras.O conjunto de regras deve ser elaborado pelos próprios participantes diretos dos assuntos questionados, com soluções rápidas e práticas. No Direito Eletrônico deve haver a publicação das “normas digitais” no formato de “disclaimers”, possibilitando maior conhecimento do público assegurando a eficácia na sua aplicação. Embora ninguém possa alegar desconhecimento da lei, no caso do Direito Eletrônico, é necessário informar ao público os procedimentos e regras aos quais está submetido. Toda lei que trata dos novos institutos jurídicos deve ser genérica o suficiente para sobreviver ao tempo, e flexível para adaptar-se aos formatos que podem demandar de um único assunto. O Direito Eletrônico traz a oportunidade de aplicar uma série de princípios e soluções, que já vinham sendo aplicados de modo difuso, que estão baseados no Direito Costumeiro. O Direito Eletrônico estabelece um relacionamento entre o Direito Codificado e o Direito Costumeiro, aplicando o que cada um tem de melhor para a solução das questões da Sociedade Digital. No Direito Costumeiro, amparam o Direito Eletrônico os seguintes elementos: a generalidade, a uniformidade, a continuidade, a durabilidade e a notoriedade (ou publicidade). Leva-se em conta o fator tempo, para que esses elementos se ajustem ao Direito Eletrônico, pois as transformações tecnológicas cada vez mais rápidas ditam, de modo mais intenso, as transformações no próprio funcionamento da sociedade, determinando a importância de duas práticas jurídicas no Direito Eletrônico: a analogia e a arbitragem. No caso brasileiro, mesmo que uma lei ainda que não tenha sido revogada, perde a validade se vários indivíduos deixam de se comportar segundo ela, por um alrgo período de tempo.O Direito Codificado limita as decisões jurídicas , sendo o Direito Costumeiro mais flexível. Características assumidas pelo Direito Eletrônico: a) a generalidade determina que certo comportamento deva ser repetido várias vezes para evidenciar a existência de uma regra.É a base da jurisprudência. No mundo digital, não há tempo hábil para a criação de jurisprudência pela via tradicional dos Tribunais.Desse modo, a generalidade pode ser aplicada, amparada por novos processos.A norma deve ser genérica, aplicada no caso concreto por analogia e com o recurso da arbitragem. b) a uniformidade: se um consumidor tem uma decisão favorável a um site que lhe vendeu algo e não colocou claramente um contato direto para reclamações, é recomendável que todos os outros sites com problemas semelhantes adequem-se a tal posicionamento.

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c) a continuidade: essas decisões devem ser repetidas ininterruptamente, seguindo um princípio genérico e uniforme. d) a durabilidade: a segurança do próprio ordenamento jurídico depende da crença no uso desses costumes. e) a notoriedade : as decisões arbitrais devem sersempre tornadas públicas, para que sirvam de referência aos casos seguintes. A prova é muito importante, em meios eletrônicos ela é mais facilmente comprovada, uma vez que há o que rastrear quase tudo o que acontece. No Direito Eletrônico o princípio da “pacta sunt servanda” é fundamental. O Direito Eletrônico, tem o dever de regulamentar as relações de analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito, e intermediar os conflitos gerados por elas. O maior compromisso dos operadores do Direito Eletrônico é evitar qualquer tipo de arbitrariedade, por isso, a discussão de projetos de lei sobre temas que envolvem in formática, deve ser feita com a sociedade civil. As características do Direito Eletrônico são as seguintes: celeridade, dinamismo, autorregulamentação, poucas leis, base legal na prática costumeira, uso da analogia e solução por arbitragem. COMUNIDADES ONLINE, BLOGS E FOTOLOGS A Internet , como meio de integração social, trouxe inovações que tornaram as formas de relacionamento mais dinâmicas e acessíveis.Ex: as comunidades online ou virtuais, osblogs e os fotoblogs. Comunidades virtuais acabam sendo ponto de encontro entre pessoas com um mesmo interesse. Como ex. cita-se o Orkut, como sendo uma comunidade online deamigos,com o objetivo de enriquecer a vida social de seus usuários. A maioria dos usuários tem a impressão que a conduta nesse ambiente não é alcançada pela lei, isto é, que o virtual não pode se tornar real.Alguns crimes praticados no web-site, como a falsidade ideológica, calúnia, difamação, tráfico de drogas, apologia de crimes e outros são apenas alguns exemplos praticados nas comunidades virtuais. O blog surgiu como um diário online, muito utilizado por jornalistas e empresas,tornando-se uma poderosa forma de comunicação.O blog permite a interação com os seus leitores, a Internet possui atualmente, mais de 20 milhões de blogs. Os fotoblogs são ambientes virtuais, que permitem a divulgação de fotos e de mensagens, e alguns, fóruns de discussão. Como todos esses ambientes dão margem à condutas indevidas, é preciso fazer-se uma análise sob estes aspectos de gestão de risco: segurança da informação/criminalidade; consumidor/relacionamento; uso não autorizado de marca e produtividade. As leis tratam de condutas físicas, orais ou eletrônicas, isto é, valem as regras para qualquer meio, inclusive para a Internet. Quando repassa adiante um e-mail com difamações, o usuário está também assumindo a responsabilidade pela informação, por possível dano moral ou material, previsto no Código Penal Brasileiro, art.139, por difamação. A Constituição de 1988, protege o direito à privacidade, em seu art.5º, X. A inserção de textos ou conteúdos por terceiros, é de responsabilidade do proprietário do blog ou comunidade, e, quando tiver indício de gerar lesão a alguém deve ser retirada doblog, sob pena de “ser considerada responsabilidade por lesão”. No âmbito digital, tudo que está online é evidência e pode ser usada como prova. Algumas hipóteses podem ocorrer:

a) quando o internauta cria uma comunidade com um tema ilegal, ele como gestor do ambiente, é o infrator principal;

b) quando ele é mero integrante da comunidade, onde publica seus comentários em ambiente considerado ilegal, pode ser envolvido em uma investigação como co-autor, partícipe,etc, e ele pode ser responsabilizado;

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c) quando participa de uma comunidade com ambiente legal, mas escreveu textos ilegais, ofensivos, dentro da comunidade, ele será considerado infrator. Se o autor da Comunidade não retirar o texto e os demais também não se manifestarem, serão considerados o primeiro co-autor e os demais envolvidos, estudando-se caso a caso. Para navegar sem risco:

a) dê sempre o crédito de fotos, textos, áudios e vídeos, mesmo os autores sendo anônimos ou desconhecidos, fazendo a citação da fonte ou do autor;

b) se o autor não consentir na publicação de sua obra, somente ¼ dela deve ser disponibilizada na Internet

c) nunca divulgar imagens ou textos ofensivos online, pois podem caracterizar-se como difamação ou calúnia, além de responsabilidade civil;

d) nunca divulgar informações confidenciais de empresas em que o dono da comunidade trabalha, pedindo sempre autorização para falar em nome de seus empregadores;

e) nunca divulgar banners para sites pornográficos; f) nunca criar comunidades com assuntos ilegais ou que vão contra os

costumes; g) não publicar imagens que induzem a atos obscenos (art,234,do Código

Penal); h) só publicar fotografias com a autorização do fotógrafo e das pessoas que

aparecem na imagem; i) não divulgar temas que parecem racistas; j) usar somente logomarca e nome de empresa com autorização do titular; k) não montar comunidades com o nome de outras pessoas, nem com

conteúdo prejudiciais a elas; l) não se passar por outra pessoa, divulgando seus dados e informações; m) quando responsável pela comunidade e receber alguma notificação de algum

conteúdo publicado é ofensivo, para não ser co-autor, retire-o imediatamente do ar;

n) não passar para a frente boatos eletrônicos. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Quais as características assumidas pelo Direito Eletrônico?

2) Qual a importância das normas consuetudinárias no Direito Eletrônico? BIBLIOGRAFIA BÁSICA

LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005.

PECK, Patricia – Direito Digital, Saraiva, 2009.

DISCIPLINA: Direito da Sociedade da Informação

Semana 2

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AULA 2 - ELEMENTOS INFORMATIVOS DO DIREITO ELETRÔNICO Autorregulamentação O Direito Eletrônico tem como norma a Autorregulamentação, que possibilita uma via paralela para a criação de regras de conduta para a sociedade digital, ditadas e determinadas pela própria sociedade. Ninguém melhor que o interessado para saber quais as lacunas que o Direito deve proteger, quais as situações práticas do dia a dia que estão sem proteção jurídica e que caminhos de solução podem ser acessados. Os provedores de serviços de acesso à Internet já criaram normas-padrão a serem seguidas , tanto em nível local como global, no que concerne às questões de privacidade e de crimes virtuais. A autorregulamentação já existe em nosso Direito há bastante tempo, como as categorias profissionais que criam as suas próprias diretrizes de trabalho. O princípio que norteia a Auto-Regulamentação é o de legislar sem muita burocracia, observando a Constituição e as leis vigentes, adequando o direito à realidade social, com dinâmica e flexibilidade. O Direito Eletrônico deve conhecer o fenômeno social para aplicar a norma, ter uma dinâmica e uma flexibilidade que a sustente na rapidez das mudanças da sociedade digital, que serão sempre sentidas pela própria sociedade. Direito à informação e à liberdade de pensamento A Sociedade Digital é uma sociedade de serviços em que a posse da informação prevalece sobre a posse SOS bens de produção.Um dos princípios básicos do Direito Eletrônico é a proteção do Direito à informação ou do Direito à não-informação. De acordo com o sujeito do direito, o direito à informação está desmembrado em três categorias:

a)direito de informar : direito ativo; b)direito de ser informado : direito passivo; c)direito de não receber informação (privacidade): direito ativo e passivo;

Em razão de seus desdobramentos comerciais e de responsabilidade, a informação assume um papel mais relevante no Direito Eletrônico. O maior valor de uma sociedade democrática é o acesso à informação. A massificação da Internet, como serviço de informação e informatização possibilita um aumento de competitividade global de comunidades antes marginalizadas. O direito a não-informação limita o direito de informar, no qual o valor protegido é a privacidade do indivíduo.O equilíbrio entre essas relações, sem ferir o direito de liberdade, se dá mais pelo comportamento do próprio mercado consumidor de informação do que pelo Estado ou pelo Direito. Como acontece com todas as inovações tecnológicas, a evolução da Internet provoca uma transformação no direito à informação para o direito à informação de qualidade. Essa mudança qualitativa leva o consumidor à determinar regras e normas a serem obedecidas pelo mercado em um ambiente de competição. A propagação dos meios de comunicação e sua expansão, tem provocado certo conflito jurídico com outros direiros, como o da proteção da imagem e reputação do indivíduo. A Constituição de 1988, protege a liberdade de expressão em seu art.5º. ,IV,, mas determinou que seja com “responsabilidade”. O Novo Código Civil, em seus arts.186 e 187, determina a responsabilidade por indenizar pelo dano causado, quando o ato ilícito for por ação ou omissão, ou quando for fruto do exercício legítimo de um direito no qual o indivíduo que o detém ultrapassou os limites da boa fé e dos bons costumes. Na era da informação, o poder está nas mãos do indivíduo, que precisa utilizá-lo de modo ético e legal. A tecnologia pode ser a solução para harmonização das várias forças sociais e também pode tornar-se causadora de estragos irreparáveis. Privacidade e anonimato

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O Direito Eletrônico tem a difícil tarefa de harmonizar a relação existente entre interesse comercial, privacidade, responsabilidade e anonimato, implantada pelos novos veículos de comunicação. Cada dia ,mais empresas utilizam-se de publicidade via Internet, na disputa por consumidores. Estes, por sua vez, estão mais atentos e mais conscientizados, quanto à aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que trata da matéria de utilização de informações de consumidores para fins comerciais, colocando uma série de penalidades para quem as pratica. Há uma falta de entendimento quanto à aplicação de leis em vigor para questões relativamente novas, que exigem uma interpretação e adequação da norma ao caso concreto. O direito à privacidade constitui um limite natural ao direito à informação, porém, não há lesão a direito se houver consentimento, mesmo implícito, na hipótese em que a pessoa queira demonstrar aspectos de sua vida. A predominância dos interesses coletivos sobre o particular demanda verificação caso a caso. Quanto ao anonimato, é uma questão de aspecto relativo. A tecnologia nos permite rastrear o emissor. O comportamento de certas empresas que não encaminham as queixas para investigação policial, temendo por uma repercussão negativa à sua imagem, faz com que a punição não seja aplicada, o que colabora para o crescimento das práticas delituosas. O elemento tempo O ordenamento jurídico tem a tarefa de intermediação entre as atividades políticas e morais, usando uma fórmula tridimensional : Fato, Valor e Norma. Atuando dentro desses conceitos o Direito Eletrônico acrescenta outro: o Tempo, formando um conjunto de estratégias que atendem a nossa sociedade digital, não sendo mais apenas normasregulamentadoras. Toda norma tem um elemento tempo determinado, chamado de vigência, que é a duração dos efeitos de uma norma num ordenamento jurídico. No Direito Eletrônico, o elemento tempo extrapola o conceito de vigência e abrange a capacidade de resposta jurídica a determinado fato. Diante disso, “fato, valor, norma” precisa de certa velocidade de resposta para que tenha validade dentro da sociedade digital. Esse tempo pode ter uma relação ativa, passiva ou reflexiva no momento de sua aplicação, isto é, no caso concreto. É considerado tempo ativo, aquele em que a velocidade de resposta da norma pode implicar o próprio esvaziamento do direito subjetivo. Como tempo passivo, aquele que é explorado principalmente pelos agentes delituosos, fazendo crer que a morosidade jurídica irá desencorajar a parte lesada a fazer valer seus direitos. Isso acontece principalmente nas questões de direito do consumidor. Como tempo reflexivo, aquele que age como ativo e passivo, simultaneamente, provocando efeitos em cadeia e prejudicando outros que se encontrem conectados no espaço virtual. Acontece com o tipo de crimes na Internet: pedofilia, pirataria, jogo clandestino. O elemento Tempo é determinante para estabelecer obrigações e limites de responsabilidade entre as partes, tanto no aspecto de contratos, serviços, direitos autorais como na proteção da própria credibilidade jurídica, quanto à sua solução a conflitos. Numa sociedade em constante mutabilidade, o advogado digital é um senhor do tempo, manipulando esse fator a favor de seu cliente. Territorialidade Em toda sociedade globalizada e convergente, muitas vezes há a dificuldade em se determinar onde ocorreram as relações jurídicas, dificultando a aplicação das normas utilizando os parâmetros tradicionais.

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Tradicionalmente, a demarcação do território sempre foi definida por dois aspectos: os recursos físicos contidos nesse território e o raio de abrangência de certa cultura. No mundo virtual, não há uma barreira delimitada, ele constrói um novo território, assumindo um caráter diferente, alicerçada na informação que é inesgotável e pode ser duplicada infinitamente. Com a Internet, as culturas se relacionam o tempo todo.. No Direito Eletrônico precisamos ter uma existência e um entendimento global. O direito interfere nas relações humanas, em territórios distintos ou não, onde deve se proteger o que acontece nessas relações. O Direito Internacional estabelece que para identificar a norma a ser aplicada, diante da extrapolação dos limites territoriais dos ordenamentos, deve-se determinar a origem do ato e onde este tem ou teve seus efeitos, para que o Direito do país em que originou ou em que ocorreram os efeitos do ato, possa ser aplicado. Na Internet, há dificuldade, muitas vezes, de se reconhecer de onde o interlocutor está interagindo. Os sites com terminação “com” (sem o br) , sem o sufixo do país, teoricamente estão localizados nos Estados Unidos. Quando uma empresa brasileira registra um site como “com”, em vez de “com.br”, nos casos de questões jurídicas internacionais, pode ter de se sujeitar às leis de diversos países. Ter presença virtual representa a responsabilidade de poder ser acessado por indivíduos de qualquer parte do mundo. A informação é o princípio de proteção na sociedade de informação. A convergência, pela Internet ou outro meio, elimina a barreira geográfica e cria um ambiente de relacionamento virtual paralelo, onde todos estão sujeitos aos mesmos efeitos, ações e reações. Quanto à territorialidade, vários princípios podem ser aplicados para determinar qual lei será usada: o princípio do endereço eletrônico, o do local onde se realizou a conduta, o do domicílio do consumidor, o da localidade do réu, o da eficácia da lei judicial. No Brasil, o Código Penal Brasileiro alcança a maioria dos crimes eletrônicos, aplicando os seus arts. 5º. e 6º. Conciliação e enfretamento Uma das únicas vias sustentáveis dentro da dinâmica imposta pelas mudanças tecnológicas, é a solução amigável dos conflitos, através da aplicação da mediação e arbitragem, como meio rápido e eficiente. Quando não se pode aplicar a arbitragem, como nas questões penais, aplica-se um modelo misto, que possa incluir uma jurisdição virtual, como tem acontecido em alguns países. O Direito Eletrônico atua em um ambiente global, com alianças e parcerias , com uma estrutura de mercado de “coopetição”, isto é, competição mais cooperação. O desgaste de uma ação judicial é muito alto, devido ao custo do tempo, da mudança e da competitividade. A arbitragem dá a possibilidade de um acordo muito rápido. É um processo rápido, sigiloso e com a participação de mediadores e árbitros entendidos no assunto. A Lei de Arbitragem, n. 9307/96, permite que sejam incluídas cláusulas arbitrais em contratos. Esses procedimentos devem ser colocados em todos os contratos virtuais, dee-commerce, leilão, serviços ou informações. As Câmaras de Comércio já contam com árbitros para a solução desses problemas, assim como as associações de empresas de tecnologia e a própria Anatel.

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Como todo tipo de solução apresenta aspectos positivos e negativos, porém, os negativos são bem menores que o prejuízo do tempo que causa a ida aos tribunais e a burocracia judiciária. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Defina o elemento tempo no Direito Eletrônico.

2) Explique o elemento informação no Direito Eletrônico. 3) Como se dá o elemento terriorialidade no Direito Eletrônico?

BIBLIOGRAFIA BÁSICA PECK, Patricia – Direito Digital, Saraiva, 2009

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Semana 3

AULA 3 - NOMES DE DOMÍNIO NA INTERNET FUNÇÃO DOS NOMES DE DOMÍNIO Os nomes de domínio têm por função identificar seu detentor, divulgando opiniões, marcas, informações. REGRAS PARA REGISTRO DE DOMÍNIO O Comitê Gestor da Internet (CGI) é quem estabelece as regras para registro de domínios, delegando a FAPESP as funções propriamente ditas para tal registro. O princípio fundamental do registro é o direito de preferência (first to file), pelo qual reserva-se o direito a usufruir do nome de domínio a aquele que primeiro requerente do nome. Nesse sentido, não há registro de nome idêntico. Além disso, não se pode registrar palavras de baixo calão e marcas notoriamente reconhecidas. É preciso requerer o registro na FAPESP e, após, procurar um servidor DNS para terminar o processo de registro. Há um projeto de lei cuja proposta é organizar esse registro: PL 256/2003. FORMAÇÃO DO NOME DE DOMÍNIO No Brasil o nome de domínio é composto dos seguintes elementos: - www – world wide web – rede mundial de computadores - domínio de segundo nível – a identificação do nome da pessoa (física ou jurídica), da marca, do apelido. Este é o alvo ou objeto de conflitos, como se verá - domínio de primeiro nível – identifica a natureza ou atividade do detentor do registro. Divide-se em restrito (empresas de rádio difusão .am; .fm; .net; governo e justiça .gov; .jus; cooperativas .coop; organizações não governamentais .org, p.ex); disponíveis destinados a instituições (pessoas jurídicas) (.com; .art; .ind; . tur, pex); disponíveis destinados a profissionais liberais (somente pessoas físicas) (.adv; .eng; . adm, p.ex.)

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-top level – indica o país (.br; .uk) No exemplo: www.uol.com.br www – world wide web uol – domínio de segundo nível .com – domínio de primeiro nível .br – top level CONFLITOS GERADOS POR NOMES DE DOMÍNIO Pirataria – utilização indevida de nome, apelido ou marca. Proteção legal: art. 5°, XXIX, CF; artigos 129, 130, 131, 189, 195, III, da Lei 9279/96. Coincidência – de nome, apelido ou marca. Solução: direito de preferência. Nome empresarial – proteção legal: artigo 5°, XXIX, CF; artigos 33, 34, 35, V da Lei 8934/94; artigo 1166, CC. Nome civil e pseudônimo – proteção legal: artigo 5°, X, CF; artigo 124, XV da Lei 9279/96; artigo 34 da Lei 8934/94. Personagem ou título de obra – proteção legal: artigo 5° XXVII, CF; Lei 9610/98; artigos 184 e SS, CP. Indicações geográficas – artigos 182 e 194 da Lei 9279/96. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Como se dá o elemento tempo no Direito Eletrônico?

2) Quais os elementos para formação dos nomes de domínio. 3) Explique, indicando os fundamentos legais, para a solução de conflitos de

registro de nomes de domínio envolvendo a pirataria. BIBLIOGRAFIA BÁSICA LABRUNIE, Jacques – Conflitos entre nomes de domínio e outros sinais distintivos in Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes (coordenação Newton de Lucca e Adalberto Simão Filho), 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005. NOGUEIRA, Sandro D´Amato – Manual de Direito Eletrônico, 1° Ed., BH, 2009

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Semana 4

AULA 4 – ASSINATURA DIGITAL E CERTIFICAÇÃO DIGITAL ASSINATURA DIGITAL Fundamento legal: Medida Provisória 2200 CONCEITO Modalidade de assinatura eletrônica baseada em uma operação matemática baseada em algoritmos, que conferem autenticidade e segurança à assinatura. Não se confunde com a assinatura digitalizada, pois esta é mera imagem copiada da assinatura grafada de um indivíduo e não é dotada da segurança que a assinatura digital confere.

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CERTIFICADO DIGITAL CONCEITO Reconhecimento de autenticidade e segurança de uma autorização por meio eletrônico, feita por intermédio de chaves criptografadas. AUTORIDADE CERTIFICADORA Infra Estrutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil) – fundamentos técnicos e metodológicos para do sistema de certificação digital Autoridade Certificadora-Raiz – emissão, expedição, distribuição, revogação e gerenciamento de certificados de autoridades certificadoras de registro (imediatamente inferior ao seu) Autoridade de Registro (AR) – responsáveis pelo processo final de registro, mantendo relacionamento direto com os requerentes do registro e funcionando como uma espécie de cartório de certificação eletrônica CARACTERÍSTICAS DO CERTIFICADO DIGITAL Autenticidade – garante que o autor é a pessoa identificada no certificado utilizado na assinatura Integridade – garante a inalterabilidade do documento após seu envio Não Repúdio- garante que o autor não pode contestar sua validade, negando sua autoria, após a assinatura. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Pode-se dizer que assinatura digital é o mesmo que assinatura digitalizada? Justifique.

2) Quais as características do certificado digital.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA QUEIROZ, Regis Magalhães Soares de e FRANÇA, Henrique de Azevedo Ferreira – Assinatura Digital e Cadeia de Autoridades Certificadoras in Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes (coordenação Newton de Lucca e Adalberto Simão Filho), 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005. NOGUEIRA, Sandro D´Amato – Manual de Direito Eletrônico, 1° Ed., BH, 2009

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Semana 5

AULA 5 – CONTRATOS ELETRÔNICOS NOÇÕES GERAIS SOBRE OS CONTRATOS ELETRÔNICOS “O contrato eletrônico caracteriza-se pelo meio empregado para celebrá-lo, cumpri-lo ou executá-lo”, em uma ou nas três etapas , de forma parcial ou total. O nível de impacto do meio eletrônico pode ser muito diferente, mesmo em se falando em contrato eletrônico, pois os efeitos jurídicos serão distintos.

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Celebrado digitalmente, em forma total ou parcial, no primeiro caso as partes fazem e enviam suas declarações de vontade; no segundo caso somente um dos aspectos é digital; uma parte faz a sua declaração e em seguida usa o meio digital para mandá-la; pode mandar-se um e-mail e receber um documento escrito para assinar. Pode ser cumprido total ou parcialmente: no primeiro caso transfere-se um bem digitalizado e se paga com “moeda digital”; no segundo caso manda-se um bem digital se paga com um cheque bancário, ou se manda um bem físico por um meio de transporte e se paga com transferências eletrônicas de dinheiro. Os remédios diante do descumprimento podem ser eletrônicos. Algumas legislações incluem outro elemento de qualificação: celebra-se sem a presença física dos contratantes. Se o meio digital é usado para celebrar, cumprir ou executar um acordo, caracteriza-se um “contrato eletrônico”. Mesmo tendo essas características, algumas hipóteses podem ser excluídas, por razões de política legislativa: contratos de trabalho, sobre direitos personalíssimos, seguros de saúde. Em contratos eletrônicos são aplicadas as regras gerais quanto à capacidade, objeto, causa e efeitos, pertinentes em cada sistema legislativo. O princípio jurídico aplicável é o de “não discriminação”, isto é, vigoram as regras gerais sem que se possa invocar somente a presença do meio digital para descartá-las. O contrato eletrônico abrange uma categoria muito ampla: - setor público e privado: o meio eletrônico é usado tanto para contratos com o Estado, como entre os particulares; - entre empresas e com os consumidores : o uso do meio digital não elimina essa distinção; - o modo de celebração consensual : as duas partes podem vincular-se através de um computador, dialogar, trocar propostas e celebrar contratos; - o modo de celebração automático : existe uma tecnologia interposta entre a pessoa física e a declaração; as partes não atuam pessoalmente, nem empregam o meio digital, mas usam uma máquina para tomar algumas decisões com diferentes graus de autonomia. Ex: intercâmbio eletrônico de dados e caixas eletrônicos; - contratos celebrados por adesão: o contrato é celebrado por mera adesão a condições gerais da contratação imposta por uma das partes; - contratos internacionais e nacionais: pela natureza do meio empregado, é difícil uma análise se há elementos internacionais, porém, é necessário que cada caso seja analisado; - contratos submetidos à legislação especial: tanto na legislação quanto numa sentença judicial, é necessário examinar se há uma legislação especial na regulamentação do contrato e em que medida é afetada pelo meio digital. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS Contratos parcialmente executados eletronicamente – negociação prévia, assinatura e execução do contrato são momentos distintos e uma delas dá-se por forma presencial, sendo a(s) outra(s), portanto, por forma virtual Contratos integralmente executados por meio eletrônico – todos os atos são praticados virtualmente. Contratos interpessoais – há interação entre pessoas exclusivamente. Ex: e-mail, chat e ciedo conferência Contratos interativos – interação de uma pessoa com uma máquina, com a só declaração da vontade da pessoa à aquisição do produto ou serviço. Ex: escolha de produtos em uma loja de departamentos virutal Contratos interssistêmicos – interação máquina-máquina. Ex: atualização automática do antivírus do computador Simultâneos – celebração imediata, instantânea, on line. Não simultâneos – oferta e aceitação em dois tempos distintos; off line.

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FORMA Referência legislativa: artigos 104 c/c 107 CC; artigos 434, caput c/c 428, I, CC; artigo 435, CC Determinação positiva expressa legal ou forma livre, desde que a lei não vede. Contratos entre presentes e entre ausentes. Utilização de analogia para o Direito Eletrônico. MOMENTO DE FORMAÇÃO DO CONTRATO Duas correntes aplicáveis: teoria da expedição – regra geral no ordenamento jurídico brasileiro; teoria da aceitação. Para os contratos simultâneos ou on line o momento de formação é o imediatamente posterior a oferta. Para os não simultâneos ou off line, da expedição da aceitação. LOCAL DE FORMAÇÃO DO CONTRATO Referência legislativa: artigo 435, CC; artigo 9°, parágrafo 2°, LICC. Ambos os contratantes em solo nacional, não há dificuldade na definição. Se um dos contratantes estiver no exterior, aplica-se a regra do artigo 9°, parágrafo 2°, LICC. FORO COMPETENTE Referência legislativa: artigos 94 e 95, CPC; artigos 423 e 424, CC; artigo 101, I, CDC; artigo 12, LICC Regra geral – (i) contrato em território nacional: foro de domicílio do réu; (ii) contrato internacional: no Brasil se o réu for domiciliado no Brasil ou se aqui tiver que ser cumprida a obrigação. Exceções – (i) foro de domicílio do autor, caso o local de domicílio do réu seja desconhecido ou não o possuir no Brasil; (ii) convencionado pelas partes. Especial – (i) no domicílio do consumidor. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Quais teorias explicam a possibilidade de designação do momento de formação do contrato? Qual a aceita pelo sistema jurídico brasileiro? Justifique.

2) Explique todas as hipóteses legais em relação ao foro de competência para os contratos eletrônicos.

3) Explique os contratos eletrônicos quanto à sua classificação. BIBLIOGRAFIA BÁSICA LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005. LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume II, 2005. CUNHA JUNIOR, Eurípedes Brito – Os Contratos Eletrônicos e o Novo Código Civil, R. CEJ Brasília, n° 19, out/dez 2002

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Semana 6

AULA 6 – TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL E SUA APLICAÇÃO AO DIREITO ELETRÔNICO Referência legislativa: artigos 104, 186, 927, 928, 931, 946 e 953, CC; artigos 7°, parágrafo único, 12, 13, 14, 18 e 20 do Código de Defesa do Consumidor; MP 2200-2/2001. O modelo de responsabilidade civil em meio eletrônico é baseado na disciplina de direito civil e consumerista já existente. Assim, constituem-se, igualmente, elementos para a caracterização da responsabilidade civil: conduta do agente (omissiva ou comissiva); a existência de um dano; nexo causal. Para a apuração da culpa, há que se considerar as duas espécies de teoria de nosso sistema jurídico: teoria da culpa, que caracteriza a responsabilidade subjetiva; e teoria do risco, indicando a responsabilidade objetiva, que no caso de relações consumeristas é presunção. ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ELETRÔNICO Contemplam os do direito civil e são complementados. Assim, pela norma do artigo 104 , CC: capacidade de partes, idoneidade do objeto, legitimação, forma prescrita ou não defesa em lei. Neste aspecto, a norma geral é complementada pelo artigo 11 UNCITRAL (modelo da comissão da ONU para Direito Comercial Internacional) indica a liberdade da forma dos atos para os negócios jurídicos firmados por meio eletrônico. Portanto, há liberdade de formas. Vale ressaltar que a maioria dos contratos firmados é de relações de consumo. Assim, as normas do CDC relativamente à responsabilidade civil contratual e extracontratual são altamente incidentes. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR Caso fortuito e força maior normalmente são excludentes de responsabilidade, dada a imprevisibilidade e a inevitabilidade da conduta que pode gerar o dano. Todavia, em caso de relações eletrônicas de consumo, parte-se da presunção da responsabilidade objetiva, da teoria do risco e da expertise do fornecedor no mercado de consumo, de modo que qualquer caso fortuito ou força maior não pode constituir-se excludente de responsabilidade, a exemplo de um hacker que invade um site de uma loja virtual e obtém os dados pessoais dos clientes da loja. Independentemente da conduta culposa ou dolosa do fornecedor, ele assume o risco de sua atividade econômica e os riscos do meio de contratação que escolheu. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Explique são os elementos do negócio jurídico eletrônico.

2) Explique caso fortuito e força maior dentro da responsabilidade civil eletrônica. BIBLIOGRAFIA BÁSICA LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005. PECK, Patricia – Direito Digital, Saraiva, 2009.

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Semana 7

AULA 7 – RESPONSABILIDADE CIVIL DOS NEGÓCIOS JURIDICOS FORMULADOS POR MEIO DE INTERNET Indicados os elementos do Direito Eletrônico, as características do contrato eletrônico e os aspectos gerais da responsabilidade civil, cumpre ponderar sobre a responsabilidade civil dos negócios jurídicos formulados por meio eletrônico. CONTRATOS DE CONSUMO Aplicam-se aos contratos de consumo firmados em meio eletrônico todas as regras protetivas do CDC. Assim, a regulação para práticas abusivas como a publicidade ofensiva e proteção contratual, a exemplo das cláusulas abusivas, são absolutamente aplicáveis ao negócio jurídico eletrônico, especialmente porque a hipossuficiência do consumidor se reforça e, portanto, o princípio da vulnerabilidade se reforça. Neste sentido, o fornecedor responde indepententemente de culpa pelas ações de invasão de sites, danos ao consumidor, descumprimento de oferta, e assim por diante. Ademais, é preciso notar que cláusulas abusivas especificamente ligadas à espécie (eletrônica) de negociação podem surgir de forma que não seriam tão comuns nos contratos não firmados por meio eletrônico, a exemplo da permissão de arbitragem para resolução de lides. Como vimos em aula anterior, a arbitragem é um dos elementos marcantes do Direito Eletrônico, entretanto deve ser usada com parcimônia em relações consumeristas, dadas as características díspares das partes. Dessa forma, pelo princípio da harmonização das relações de consumo, não deve existir cláusula compulsória ou com vontade viciada de arbitragem em um contrato eletrônico. CRIMES EM MEIO ELETRÔNICO. BINÔMIO PRIVACIDADE X ANONIMATO As relações eletrônicas na maioria das vezes não são presenciais, o que confere a seus partícipes característica de anonimato. Este é preservável em vista do direito à intimidade, resguardado como direito fundamental pela Constituição Federal. E o agente de uma conduta delituosa em meio eletrônico pode querer beneficiar-se dessa proteção legal, para esquivar-se de identificação para a imputação penal. Todavia quando há a prática de uma conduta delituosa em meio eletrônico, o direito à privacidade individual fica mitigado perante o direito social de buscar-se a condenação de um ofensor da lei. Justifica-se essa postura pelo princípio da proporcionalidade. Assim, o valor social de buscar o esclarecimento da conduta do agente e eventualmente condená-lo se cometeu a prática delituosa, confere confiança e segurança jurídica à sociedade, justificando a quebra do anonimato e do direito à intimidade nesses casos. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Como se resolve o conflito de direitos à intimidade individual e à quebra do anonimato em caso de prática de conduta delituosa por meio eletrônico?

BIBLIOGRAFIA BÁSICA LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005.

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Semana 8

AULA 8 – RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL DOS PROVEDORES DE INTERNET Provedor de acesso é uma empresa prestadora de serviços de conexão à Internet, abrangendo outros como e-mail, hosting de páginas web ou blogs, que utiliza determinada tecnologia, linhas de telefone e troncos de comunicação próprios ou de terceiros. São os grandes responsáveis virtuais pela abertura das portas de entrada dos usuários na rede particular ou na pública. As soluções jurídicas para a proteção dos valores sociais e das relações interpessoais na rede passam primeiramente pelos provedores e através deles podem ser melhorcontroladas. Para se entender a imputação de responsabilidade civil a um provedor, é fundamental que sejam conhecidas e entendidas as espécies de provedores existentes:

• Provedor de backbone: é uma espécie de atacado de provedores. É aquele que detém a exploração da tecnologia de acesso à internet e comercializa esse serviço, fracionadamente aos outros provedores que se relacionam com o consumidor ou usuário final na ponta do mercado.

• Provedor de acesso: compra a faixa de freqüência de acesso à internet do provedor de backbone e comercializa no mercado a conectividade, acesso e envio de dados na internet.

• Provedor de informação e conteúdo: comercializa ou disponibiliza ao usuário dados de acesso restrito, conteúdo diferenciado (e-mail, p.ex.), incrementando o serviço de acesso. Um provedor pode ser ao mesmo tempo de acesso e de informação.

• Provedor hospedeiro: hospeda páginas (sites) de terceiros em seu domínio.

Um mesmo provedor pode caracterizar-se em mais de uma das espécies acima indicadas, tendo em vista as atividades que exerce. Considerando cada uma das espécies de provedor, delimita-se a respectiva responsabilidade. Assim:

• Provedor de backbone: estabelece um contrato com o provedor de acesso e, portanto, assume a responsabilidade pelas obrigações firmadas nesse contrato exclusivamente perante o seu contratante.

• Provedor de acesso: constitui-se uma relação de consumo, pois comercializa o serviço de acesso. Portanto sua responsabilidade civil contratual e extracontratual baseia-se na teoria do risco e é objetiva.

• Provedores de conteúdo ou de informação e hospedeiro: no caso dessas duas espécies, há que se considerar dois momentos distintos para a fixação das teorias melhores aplicáveis à sua espécie. Dessa forma:

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� Apuração da culpa (lato sensu) – se o provedor não concorreu com a criação ou perpetuação da culpa, o modelo de responsabilidade civil é subjetivo, ou seja, mediante a apuração da culpa.

� Todavia, se o provedor detém o controle pelo conteúdo ou foi notificado da existência de um conteúdo ofensivo sob seu domínio (ainda que aposto por terceiros), a responsabilidade passa a ser objetiva, baseada, pois, na teoria do risco.

Diante desses conceitos, faz-se possível traçar o panorama basilar da responsabilidade civil dos provedores de internet. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Quais as espécies de provedores e quais os respectivos regimes de responsabilidade civil?

2) Qual o modelo de responsabilidade civil dos provedores de conteúdo ou informação e hospedeiro? BIBLIOGRAFIA BÁSICA LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005. LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume II, 2005. PECK, Patricia – Direito Digital, Saraiva, 2009.

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Semana 9

AULA 9 – DIREITO AUTORAL NO DIREITO ELETRÔNICO Referência legislativa: Lei n° 9610/98, Lei de Direitos Autorais (LDA) Este tema é controvertido e apresenta fundamentos jurídicos para entendimentos divergentes. Para criar uma base jurídica comum a ser operada de acordo com a tese a ser apresentada, seguem-se os principais elementos a serem considerados nessa discussão.

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ASPECTOS GERAIS DA LDA E ALGUMAS DISCUSSÕES TRAVADAS NO CAMPO DO DIREITO ELETRÔNICO O primeiro aspecto a ser ponderado é acerca dos tipos de obras protegidas, o que vem conceituado pelo artigo 7° da LDA. Ressaltam-se os seguintes aspectos: obras pertencentes ao domínio das letras, artes ou ciências; originalidade; exteriorização. O período de proteção dos direitos autorais para essas obras, antes de caírem tacitamente em domínio público, é de 70 anos da data da morte do autor. O artigo 8° da LDA indica o que não é objeto de direitos autorais. O artigo 19 indica a regra quanto ao registro das obras. É facultativo e não constitutivo, porque o direito autoral não decorre do registro, mas da criação da obra. Se feito, o órgão responsável é a Biblioteca Nacional. No artigo 46 são indicados os limites de reprodução da obra, a fim de não constituírem ofensa ao direito autoral. Nesse aspecto há grande discussão acerca da possibilidade de reprodução e a ofensa, ou não, ao direito patrimonial autoral. E, nesse sentido, um argumento a ser ponderado é o da função social da propriedade do artigo 170, CF. O direito autoral é propriedade intelectual e tem as mesmas características de qualquer espécie de propriedade, exceto a perpetuidade. De qualquer forma, o caput do artigo 46, LDA apresenta um denominador comum com a função social da propriedade do artigo 170, CF: a intenção de circular informação. Pelo primeiro dispositivo legal, ao mencionar o caráter de reprodução sem uso comercial e no dispositivo constitucional, por sua própria natureza intrínseca. Outro aspecto de grande discussão no artigo 46, mas agora no inciso II, diz respeito ao termo “pequeno trecho” para reprodução. A lei não diz o que é pequeno trecho. A presunção do percentual comumente usado entre 10% e 20% partiu de normas internas indicadas no meio acadêmico, como fonte de direito não estatal, dentro das universidades. DISPONIBILIZAÇÃO DE OBRA NA INTERNET Disponibilizar uma obra na internet não significa dizer que esteja em domínio público, ao menos não inicialmente. Para tanto depende de autorização do autor para passar uma obra do meio físico para o meio eletrônico ou para propagar as obras já criadas em meio eletrônico. TRANSMISSÃO DE TV POR INTERNET A LDA determina às empresas de radiodifusão, exclusivamente e com atividade licenciada por concessão pública, o direito exclusivo de autorizar ou proibir a retransmissão e reprodução de seu conteúdo. Essa proteção, todavia, não exclui os direitos autorais (patrimoniais ou morais) dos titulares, criadores, da programação veiculada. O INSTITUTO DA FAN FICTION E SEUS ASPECTOS LEGAIS Fan fiction ou fanfics (ficção criada por fãs) é a criação de obra por um fá em cima de obra ou conceito de outro autor. Em verdade os personagens são retirados de seu ambiente original e colocados, de acordo com a criatividade do fã, em novas situações ou realidades. Ou seja, há uma criação sobre uma criação já existente. Discute-se se esse instituto gera ofensa ao direito autoral e a resposta pode ser positiva ou negativa, considerando-se alguns elementos: se a título gratuito, em tese não geraria danos aos direitos autorais; o inverso caso a nova criação tenha utilização a título oneroso, para comercialização e obtenção de lucro. Todavia, ainda no âmbito do título gratuito, há que se considerar que a nova criação pode atingir tal ponto a descaracterizar ou ofender a obra original, de modo a gerar direito subjetivo à reparação de danos morais ao autor original. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Quais as principais características ponderadas acerca da interação de Direitos Autorais e Direito Eletrônico?

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2) É ofensa à Lei de Direitos Autorais a retransmissão de canais de TV pela internet? Indique o fundamento jurídico para a sua resposta.

3) O instituto da fan fiction constitui ofensa ao direito autoral? Explique. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BRANCO, Sérgio e PARANAGUÁ, Pedro – Direito Autoral, FGV, 1° ed., 2009 – Direito Autoral (também disponível em http://virtualbib.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2756/Direitos%20autorais_net.pdf?sequence=1) SANTOS, Manuella – Direito Autoral na Era Digital – Impactos, controvérsias e possíveis soluções, Saraiva, 2009.

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Semana 10

AULA 10 – PROTEÇÃO JURÍDICA DO SOFTWARE (PRINCIPAIS ASPECTOS) Referência Legislativa: Lei n° 9609/98, Lei do Software (LSFT) c/c Lei n° 9610/98, Lei de Direios Autorais (LDA) O software é um instituto híbrido para fins de conceituação e aplicação da lei. Pode tanto ser considerado no âmbito de proteção do direito autoral, quanto do direito de propriedade industrial. Sua natureza jurídica é de invenção, embora receba, subsidiariamente, proteção legal como se fosse obra literária, artística ou científica. A leitura da LDA com a LSTF a proteção do software equipara-se a do livro, embora sejam obras de natureza bastante diferente, pela função e mecanismos de criação empregados. Essa analogia da LDA justifica a sua aplicação subsidiária à LSFT. Para os softwares não há direitos morais atribuídos ao seu autor, criador, exceto para (i) o autor reivindicar autoria do software e (ii) autor se opor a alterações que impliquem deformação, mutilação ou modificação do programa desenvolvido. O direito patrimonial fica resguardado ao autor, a exceção dos softwares desenvolvidos vinculativamente (i) à atividade profissional, por relação de emprego e pesquisa, (ii) quando se destinar à pesquisa ou a atividade do empregado. Nesse caso, o direito autoral patrimonial é resguardado à empresa empregadora. Enquanto para as obras protegidas diretamente pelo direito autoral o prazo de proteção dos direitos do criador antes que sua obra caia em domínio público é de 70 anos da data da morte do autor; para o software, a proteção da criação no mesmo sentido é de 50 anos, contados de 01 de janeiro do ano subseqüente à sua publicação. O registro é facultativo e deve ser feito no INPI. Por fim, na análise sucinta dos aspectos principais da LSFT, é autorizada a cópia (única) para salvaguardar ou para armazenamento eletrônico (backup) do software. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

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1) Quais os aspectos principais da proteção do software brasileiro consoante a Le de Software?

BIBLIOGRAFIA BÁSICA PAESANI, Liliana Minardi – Direito de Informática, Atlas, 2° ed., 2007 BRANCO, Sérgio e PARANAGUÁ, Pedro – Direito Autoral, FGV, 1° ed., 2009 – Direito Autoral (também disponível emhttp://virtualbib.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2756/Direitos%20autorais_net.pdf?sequence=1)

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Semana 11

AULA 11 – TRIBUTAÇÃO NA INTERNET Referência Legislativa: artigo 109, CTN; artigo 392, III, Regulamento do IPI; artigo 11, parágrafo 3°, Lei Complementar n° 87/96 O Direito Tributário, por força do artigo 109, CTN, pode-se utilizar de outros ramos do direito como fonte para si, reservando-se a prerrogativa de atribuir-lhe os efeitos tributários. Nesse sentido, os outros ramos do direito apresentam-se como conceitos de apoio ao Direito Tributário na medida em que a incidência da previsão tributária suportará o sentido e o alcance que tais conceitos possuem nas respectivas áreas. Com efeito, com este escopo, um dos conceitos que mais socorrem à área tributária é o conceito de estabelecimento. Este basicamente constitui-se de elementos objetivos (coisas, bens, estruturas, etc) e elementos subjetivos ( dirigentes, funcionários, clientes,...). Além disso, o elemento funcional adota tamanha relevância que é capaz de suplantar outros elementos, como o físico, a exemplo de se entender que o ambulante possui um estabelecimento comercial, ainda que despersonalizado. O principal aspecto nesse caso é a clientela, o desenvolvimento do negócio e sua produção no mercado de consumo. Nesse sentido, o artigo 1142 do Código Civil pode ser entendido como caracterizador de três elementos para conceituar estabelecimento: (i) bens de qualquer natureza; (ii) organização como elemento funcional; (iii) finalidade consistente na atividade da empresa. Diante dessas premissas, pode-se entender que um site, se destinado a uma atividade comercial, com clientela, pode constituir-se um estabelecimento comercial e torna-se passível de incidência de tributos de acordo com sua natureza de atuação. ESTABELECIMENTO E IPI O artigo 392, III do Regulamento do IPI indica definição para estabelecimento e coloca como um de seus elementos intrínsecos a estrutura física ou utilizar-se do termo “prédio”. Com isso, evidente, não incide IPI para sites da internet. ESTABELECIMENTO E ICMS

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A Lei Complementar n° 87/96 em seu artigo 11, parágrafo 3° define o que é estabelecimento para fins de aplicação do ICMS e não faz restrição ou condição à existência de estrutura física para a incidência deste tributo. Dessa forma, aplica-se a sites de internet. Por óbvio, dada a sua natureza aplicar-se-á à sites com atividade mercantil de comercialização de produtos e serviços. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Há incidência de IPI para estabelecimento comercial constituído em site? Qual o fundamento legal?

2) Há incidência de ICMS para estabelecimento comercial constituído em site? Qual o fundamento legal? BIBLIOGRAFIA BÁSICA LUCCA, Newton e SIMÃO FILHO, Adalberto - Direito & Internet – Aspectos Jurídicos Relevantes, 2° Ed., Quartier Latin, volume I, 2005.

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Semana 12

AULA 12 – PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO – ASPECTOS MAIS RELEVANTES Referência legislativa: Lei n° 11.419/06 Essa base normativa estabelece a implementação do processo civil eletrônico e a autonomia dos Tribunais para estabelecerem as regras para tanto, aplicando-se ao processo civil, penal e trabalhista. Com a implementação do processo eletrônico, passa a surgir a necessidade de que os operadores do Direito (juízes, desembargadores, advogados,...) tenham assinatura digital, baseada em certificado digital, para a prática dos atos processuais, com as características e segurança que estes institutos conferem. Todavia, a prática dos atos processuais por meio eletrônico depende de prévio cadastramento, de acordo com a disciplina de cada Tribunal. É crescente o número de tribunais e o conteúdo de disposições acerca da evolução do processo eletrônico. São exemplo da utilização mais massiva o Juizado Especial Federal de São Paulo, o STF e o STJ. HORÁRIO DE ENVIO E PRAZO PROCESSUAL Para o processo eletrônico, é considerado cumprido o prazo processual protocolado por meio eletrônico até às 24h do dies ad quem. Após a realização do ato, como o envio de peça ao Poder Judiciário, deverá ser conferido protocolo eletrônico. COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA DOS ATOS PROCESSUAIS Feitos, por autorização da lei, pela criação de Diários Oficiais Eletrônicos, que substituem a publicação física. Essa publicação digital deve ser assinada

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digitalmente com base em um certificado, emitido por autoridade certificadora credenciada. O primeiro ato de publicização da ordem judicial é a sua disponibilização, considerando-se como data da publicação o primeiro dia útil subseqüente ao da disponibilização e daí seguindo a regra geral já indicada pela legislação processual. No caso da intimação, só serão feitas eletronicamente, em portal próprio a aqueles que se cadastrarem, ficando dispensada, nesse caso, a publicação. Considera-se data da intimação o dia em que o intimado efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos sua realização. QUESTÕES PARA ESTUDO E FIXAÇÃO

1) Como são contados os prazos processuais no sistema de processo eletrônico?

2) Como se dá a intimação nos atos processuais e como é contado seu prazo? BIBLIOGRAFIA BÁSICA NOGUEIRA, Sandro D´Amato – Manual de Direito Eletrônico, 1° Ed., BH, 2009

Clayton Cardoso – 12.112012