direito constitucional esquematizado - pedro lenza

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  • DADOS DE COPYRIGHT

    Sobre a obra:

    A presente obra disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros,com o objetivo de disponibilizar contedo para uso parcial em pesquisas e estudosacadmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fimexclusivo de compra futura.

    expressamente proibida e totalmente repudavel a venda, aluguel, ou quaisqueruso comercial do presente contedo

    Sobre ns:

    O Le Livros e seus parceiros disponibilizam contedo de dominio publico epropriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que oconhecimento e a educao devem ser acessveis e livres a toda e qualquerpessoa. Voc pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.Net ou emqualquer um dos sites parceiros apresentados neste link.

    Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento,e no lutando pordinheiro e poder, ento nossa sociedade enfim evoluira a um novo nvel.

  • HISTRICO DA OBRA

    1. edio: jan./2000

    2. edio: jun./2001

    3. edio: fev./2002

    4. edio: ago./2002

    5. edio: fev./2003

    6. edio: maio/2003; 2. tir., set./2003

    7. edio: jan./2004; 2. tir., fev./2004; 3. tir., mar./2004; 4. tir., abr./2004; 5.tir., maio/2004;6.a tir., jul./2004; 7.a tir., ago./2004; 8.a tir., set./2004; 9.a tir., out./2004

    8. edio: fev./2005; 2. tir., mar./2005; 3. tir., maio/2005; 4. tir., jun./2005

    9. edio: out./2005; 2. tir., jan./2006

    10. edio: mar./2006; 2. tir., maio/2006; 3. tir., jul./2006; 4. tir., set./2006; 5.tir., nov./2006

    11. edio: mar./2007; 2. tir., abr./2007; 3. tir., maio/2007; 4. tir., ago./2007;5. tir., set./2007; 6. tir., out./2007

    12. edio: mar./2008; 2. tir., mar./2008; 3. tir., abr./2008; 4. tir., jun./2008; 5.tir., ago./2008; 6. tir., ago./2008; 7. tir., out./2008

    13. edio: fev./2009; 2. tir., mar./2009; 3. tir., abr./2009; 4. tir., jul./2009; 5.tir., ago./2009; 6. tir., set./2009

    14. edio: fev./2010; 2. tir., mar./2010; 3. tir., jul./2010; 4. tir., ago./2010; 5.tir., set./2010

    15. edio: fev./2011; 2. tir., maio/2011; 3. tir., ago./2011

    16. edio: fev./2012

  • Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira Csar So Paulo SPCEP05413-909 PABX: (11) 3613 3000 SACJUR: 0800 055 7688 De 2 a 6, das

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    SO PAULOAv. Antrtica, 92 Barra Funda

    Fone: PABX (11) 3616-3666 So Paulo

  • ISBN - 978-85-02-16129-0

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Lenza, PedroDireito constitucional

    esquematizado /Pedro Lenza. 16. ed.rev., atual. e ampl. So Paulo : Saraiva,

    2012.Bibliografia.

    1. Direitoconstitucional I. Ttulo

    ndices para catlogo sistemtico:1. Direito constitucional 342

    Diretor editorial Luiz Roberto Curia

    Gerente de produo editorial Lgia Alves

    Editor Jnatas Junqueira de Mello

    Assistente editorial Sirlene Miranda de Sales

  • Produtora editorial Clarissa Boraschi Maria

    Preparao de originais, arte, diagramao e reviso Know-how Editorial

    Servios editoriais Vinicius Asevedo Vieira

    Capa Aero Comunicao

    Produo grfica Marli Rampim

    Produo eletrnica Know-how Editorial

    Data de fechamento daedio: 2-2-2012

    Dvidas?Acesse www.saraivajur.com.br

    Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida por qualquermeio ou forma sem a prvia autorizao da Editora Saraiva. A violao dosdireitos autorais crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo184 do Cdigo Penal.

  • Uma homenagem especial

    Gostaria de pedir licena ao meu ilustre leitor e fazer um agradecimentoque, apesar de particular, muito especial...

    Gostaria de agradecer a voc, minha querida M, por tudo o querepresenta, no s em minha vida como tambm para o resultado deste nossofilho.

    Como muitos devem saber, o nosso Esquematizado surgiu no ano de2000, como um sonho e a concretizao de um projeto de vida...

    Hoje, depois de 12 anos, com milhares de exemplares vendidos, gostariade confessar que tudo isso alm das muitas pessoas que, de uma maneiraou de outra, contriburam, inclusive o meu ilustre leitor, fiel e amigo, queconstantemente envia sugestes tem a mo de uma pessoa chamada M.

    Todos devem presumir a dificuldade que lutar, diria, diuturna e,tambm, literalmente, durante muitas e muitas noites de estudo, para que olivro continue a cumprir o seu relevante papel na vida de muitas pessoas...

    Todos podem imaginar os momentos de dificuldade, de esgotamento...que poderiam se comparar luta diria dos concurseiros de nosso pas, que sefecham ao mundo, que se afastam dos entes queridos, que se privam demomentos prazerosos, sempre em busca de um sonho muito nobre, de umprojeto de vida, marcado por horas e mais horas isolados: o concurseiroguerreiro, os livros, o quarto, a biblioteca e Deus para nos guiar.

    Muitas vezes nos perguntamos, eu inclusive, se tudo est valendo a pena,se tanto esforo est valendo a pena, se, pela fragilidade da vida, devemoscontinuar nessa trajetria.

    Ento, nesses momentos de dificuldade que vejo a importncia que ter uma pessoa como a M: atrs, para me segurar nos momentos difceis,projetando-me para o sonho; frente, servindo como fora propulsora; e aolado, me estimulando, encorajando, incentivando e entusiasmando...

    Posso dizer, ento, que tudo isso que o Esquematizado hoje representa

  • tem a mo da M, que nunca deixou de sonhar este nosso sonho.Muitas horas, muitas noites... Assim, depois de tanta coisa que passamos

    juntos, eu s tenho a lhe agradecer por tudo, M, especialmente por suaalegria de vida, a contribuir para a realizao do sonho de muitos e ilustresconcurseiros que, honrosamente, acreditaram em nosso Esquematizado .

    Assim, M, por tudo e para sempre, o meu muito obrigado por ajudar amanter vivo este nosso sonho.

    Precisava dividir essa felicidade e berrar para todo mundo que eu te amomuuuuuito e, de alguma maneira, te dizer o quanto voc importante nissotudo e na minha vida! Valeu...

  • Mais uma homenagem especial

    Gostaria de pedir novamente licena ao meu ilustre leitor e fazer maisum agradecimento que, apesar de particular, , tambm, muito especial...

    Com a graa de Deus (porque ter um filho uma bno), eu e a Mespervamos nossa filha para o dia 20 de julho de 2010. Apressadinha comoos pais, no dia 25 de maio de 2010, a pequena (literalmente, porqueprematura) Manoela veio ao mundo.

    Realmente, como muitos diziam, a minha vida mudou! Tudo muitoestranho e novo. Como possvel que aquele tesouro tenha sado da barrigada minha esposa?

    Dizem que se parece um pouco comigo, e fico, mais ainda,impressionado como a natureza.

    E agora, pela primeira vez, estou vivenciando a emoo de ser pai... Queexploso de sentimentos! Realmente, o mundo fica paralisado quando eu ficoolhando nos olhos dela...

    Acho que tudo passa a fazer sentido. Tanta luta diria, tantas noites semdormir (escrevendo, atualizando os livros, em solitrio enclausuramento),tantos sonhos sonhados... Agora tudo passa a ter um significado: consigoentender o verdadeiro sentido do amor incondicional dos pais pelos filhos...

    Realmente, a atualizao deste ano exigiu muito. Foram dois mesestrabalhando quase 20 horas por dia. A pequena Manoela no entendia o queestava acontecendo. Desde que ela nasceu estvamos grudados. Falava paraela sobre a minha misso e o compromisso que tenho com os meus ilustresguerreiros concurseiros. No sei se ela entendia... Explicava para ela que opapai logo voltaria a brincar. Que loucura isso tudo... Que dualidade. Quedificuldade.

    Muitas vezes, de madrugada, beijava a Manu e a M e era como seaquilo me desse mais foras. Quando parecia que no conseguiria mais, eupensava nas duas... pensava nos meus leitores e no que passam nessa fase to

  • difcil da vida. Pensava na minha responsabilidade e em cada aluno que vejorenunciando a tantas coisas.

    Dizem que todo ser humano tem de plantar rvores, escrever livros e terfilhos . De fato, isso tudo j fiz, mas, se soubesse, decididamente, teriainvertido a ordem !

    Escreverei mais livros (essa a minha misso!) e plantarei mais rvores.Mas, para ser sincero, o que penso mesmo ter mais um filho. E aconselho:no deixem que os projetos (muitos profissionais) sejam a nica prioridadeda vida. Ao lado de pessoas queridas, continuemos a sonhar os sonhossonhados e, assim, a realizar os projetos idealizados. Sejamos felizes! A vida curta... Obrigado, Manu, por dar sentido a isso tudo. Obrigado, M, por terme dado a Manu e por estar ao meu lado, sempre acreditando nesse nossosonho.

  • minha me, exemplo de vida, guerreira da vida,inspirao espiritual para os que a cercam,sensibilidade natural, pureza inexplicvelcomo o nascer do sol, o meu muito obrigadopor ter sempre apoiado os meus projetos intelectuais epor termos juntos vencido tantos obstculos...

    Ao meu pai, que tanto me ensinou, que tanto me orientou,que com certeza tambm foi o responsvel pelas liesda vida, obrigado pela fora; saiba que o tenhoeternamente em meu corao...

    Aos meus irmos, por tudo o que representam epelo exemplo de garra, perseverana e alegria de vida...

    Ao Felipinho, meu sobrinho, pela renovao de todos esses sentimentos...

    A todos vocs dedico este trabalho.

    A vocs, M e Manu,por tudo o que significam em minha vida,

    alegrando-a, energizando-a, abenoando-a;pela pureza, preciosidade, ternura,

    meiguice e amor;por tanta fora e positividade depositadas

    neste meu projeto de vida;com carinho, o meu eterno agradecimento.

  • Agradecimentos

    Todos, com certeza, tiveram um papel fundamental para que estetrabalho se concretizasse, sendo muitos os nomes que deveriam serrelacionados para no incorrer em injustias.

    Devo, contudo, lembrar algumas pessoas que, com certeza,influenciaram muito o meu desenvolvimento acadmico.

    Ada Pellegrini Grinover , exemplo de jurista, exemplo de doutrinadora,exemplo de cientista do Direito, exemplo de pensadora, pessoa a quem devoo eterno agradecimento pela oportunidade de desenvolver os estudos de ps-graduao na Faculdade de Direito da USP e pelo apoio neste trabalhoconjuntamente com o projeto de pesquisa, encontrando, ainda, dentre tantosafazeres, o precioso tempo para apresent-lo comunidade acadmica.

    Antonio Carlos Marcato , presidente e professor do Curso Marcato , ex-membro do MP, Desembargador aposentado e agora advogado. Sem dvida,poucos tm essa trplice experincia que o mestre, com generosidade,compartilha, divulgando o seu conhecimento, ensinando e encantando.

    Damsio de Jesus , presidente e professor do Complexo Jurdico Damsiode Jesus , mestre de todos ns, modelo de paixo e devoo pela cincia doDireito, ensinando-nos que o aprendizado no tem limites ou fronteiras:seremos eternos estudiosos, pelo resto de nossas vidas.

    Leda Pereira Mota , amiga de sempre que, nos bancos acadmicos, feznascer em mim a paixo pelo Direito Constitucional quando me convidoupara auxili-la nas aulas de seminrio na PUC/SP, espao utilizado emconjunto com os alunos, como verdadeiro laboratrio experimental,discutindo diversas questes sobre a matria. Voc ser nossa eterna mestra!

    Maria Helena Diniz , pela amizade sincera e por ter mostrado para mime, creio, para todos os que com ela convivem o exemplo de vida e de serhumano, bem como de grande estudiosa do Direito.

    Agradeo ao Complexo Educacional Damsio de Jesus , pela

  • credibilidade conferida a este estudo e por acreditar nesse grande sonho.Agradeo, tambm, a Marcato Cursos Jurdicos , por tantas

    oportunidades e alegrias.Agradeo ao ProOrdem Centro de Estudos Jurdicos , nas pessoas de

    Marco Antnio Clauss, Joana DArc Alves Trindade e Clerice Pires , pelaamizade e pelo apoio que, no incio, depositaram neste trabalho.

    Sinceros so os meus agradecimentos OAB/SP , que, apoiando odesenvolvimento dos advogados, abriu as portas para que eu pudesseapresentar-me em palestra proferida na OAB/Pinheiros . Aproveito esteespao para declarar a minha eterna gratido a toda a comunidadepinheirense, na pessoa de seu ex-Presidente, o amigo Jos Vicente Laino ,exemplo humano de pessoa e profissional.

    Gostaria de agradecer o carinho que tenho recebido em todo o Brasil noscursos e palestras, com os quais muito aprendi.

    Alis, no poderia deixar de expressamente agradecer a dois grandesmestres. Em primeiro lugar ( ladies first... ), amiga Nomia Garcia Porto,por tudo e por ter-me dado a honra de dialogar sobre grandes temas do direitoconstitucional. Em segundo, ao grande mestre Cssio Juvenal Faria, por tantacredibilidade depositada neste estudo, o que, para mim, um grande orgulho!Simplesmente, o meu muitssimo obrigado...

    Tio Beto, Tia Christina, Li e Bruno, obrigado por estarem juntos nestemeu projeto de vida.

    Tio Cludio, Tia Marly, V Olguinha, Cris, Clau, Fbio... obrigado portermos pensado juntos a nova cara do livro.

    Tia Mrcia, Dbora, Thas e famlia, obrigado por me apoiarem desde ocomeo.

    Ao Igor, meu mais novo comprador... ele s tinha 5 anos e, utilizando ocarto da minha esposa, comprou o livro no saraiva.com !

    Fau e Guto, Tia Etra, Ailton, Tio Eduardinho, Duca, Tia Jussara, Fabinho,Leny e Nice, pela energia da Bahia, muitssimo obrigado.

    Lembro, ainda, Armando Casimiro Costa Filho e todos da LTr Editora,que, logo no primeiro contato, acreditaram em mim, viabilizando a realizaodeste sonho, sendo responsveis pelas cinco primeiras edies desta obra.

    Em igual sentido, os meus profundos agradecimentos a Vauledir RibeiroSantos e a todos da Editora Mtodo, que, empenhados na manuteno dogrande sonho, deram importante projeo nacional ao trabalho e lutaram aomeu lado da 6. at a 11. edio.

    A partir da 12. edio tive a honra e o privilgio de unir foras com aquerida SARAIVA , que, desde o incio, tambm acreditou neste grandesonho. Em nome de Jorge Eduardo Saraiva, Ruy Mendes Gonalves, Jos

  • Nota do Autor 16. edio

    Chegamos 16. edio, com muito trabalho e constante preocupaocom o contedo e a preciso das informaes.

    Parte dos textos foi escrita em So Paulo e outra em Santos, a queridaVeneza brasileira, ou, por que no, a querida Miami brasileira... Otrabalho era intenso. No podia parar... No vou me esquecer, no primeirodia do ano, das vrias horas que passei em uma pousada no litoral norte deSo Paulo, dentro do quarto, escrevendo, atualizando e lutando em nome dossonhos dos meus amigos Guerreiros Concurseiros do Brasil...

    Sem dvida, os vrios e-mails que chegam de todo o Brasil e as sugestesrecebidas em cursos e palestras tm servido de importante fonte para oenriquecimento deste trabalho.

    Nesse sentido, agradecemos, profundamente, a todos que de algumaforma contriburam para esta nova edio, com importantes comentrios,ricas sugestes e discusses. Aos amigos Lisandra Farah Barreto, MaiconZambrini e Leandro Hissa Dahi, serei eternamente grato.

    Outrossim, durante todo esse tempo, os cursos que j ministramos na TVJustia (Aula Magna, Saber Direito, Apostila) e em alguns tribunais(cursos de capacitao interna) serviram para percebermos as tendncias dajurisprudncia, que se mostra extremamente importante queles que sepreparam para concursos pblicos.

    Nesse particular, declaradamente, agradecemos e homenageamos oimportante trabalho do setor de jurisprudncia do STF , notadamente a equiperesponsvel pelo Notcias , pelos Informativos e, agora, peloextraordinrio A Constituio e o Supremo , compndio eletrnico lanadopelo STF e desenvolvido pelas Secretarias de Documentao e de Informtica, em cumprimento a uma das promessas do Ministro Nelson Jobim naPresidncia, no caso, a de facilitar acesso rpido e preciso s informaes,verdadeiro dever das fontes.

    Indispensvel, outrossim, a anlise do trabalho de informaes do STJ edos sites da Cmara e do Senado Federal . Destacaria, ainda, o site

  • Consultor Jurdico , dentre tantos outros.Para esta nova edio, o trabalho de pesquisa foi impressionante. Vrios

    temas foram incorporados ao trabalho, que passou a ter 116 novas pginasem relao anterior.

    A seguir, apontamos as principais mudanas inseridas nesta 16. edio,revista, atualizada e ampliada em relao anterior e em conformidade coma reforma ortogrfica e com a tendncia dos concursos pblicos do Brasil ea jurisprudncia do STF , com o objetivo de facilitar a vida daquele ilustreleitor que possui as edies anteriores:

    Captulo 1 a matria foi revista, mostrando-se em consonncia comos ltimos concursos de 2011 e nos termos da jurisprudncia do STF.Parte do texto foi reformulada, tendo sido inseridas questes.Captulo 2 o captulo foi revisto , tendo sido ampliada a parte tericade classificaes. Questes foram inseridas.Captulo 3 o texto foi revisto e ampliado em contedo,especialmente em relao a discusses sobre o prembulo. Questesrelevantes foram acrescentadas.Captulo 4 a parte terica foi revista e atualizada. Questes foramintroduzidas.Captulo 5 a parte terica foi ampliada em relao jurisprudnciado STF. Questes foram introduzidas.Captulo 6 a parte terica foi revista e adequada a importantesmudanas de entendimento da jurisprudncia do STF. Destacamos aLei n. 12.562, de 23.12.2011 , regulamentando o inciso III do art. 36 daConstituio Federal, para dispor sobre o processo e julgamento darepresentao interventiva perante o STF. Outro ponto foi em relaoao julgamento sobre a relativizao da coisa julgada . Questes foramintroduzidas.Captulo 7 a parte terica foi adequada jurisprudncia do STF.Temas importantes foram analisados, como a problemtica queenvolveu o plebiscito no Estado do Par. Questes foram introduzidas.Captulo 8 no houve modificaes na parte terica. Questes foramintroduzidas.Captulo 9 a parte terica foi revista luz de importantes decises doSTF. Vrios pontos foram aprimorados. Questes foram introduzidas.Captulo 10 a matria foi revista, ampliando-se a parte terica deacordo com a jurisprudncia do STF. Questes foram introduzidas.Captulo 11 a parte terica foi profundamente alterada, destacando-se, entre outras, vrias regras sobre a Justia de Paz , profunda

  • Prefcio

    Esta obra, como apontado pela Professora Ada Pellegrini Grinover naapresentao deste trabalho, busca auxiliar os candidatos a concursos pblicose provas de faculdade, servindo, ainda, como manual de consulta para osoperadores do Direito.

    Percebendo a dificuldade dos alunos na matria, tentei esquematizar osgrandes temas do Direito Constitucional, no s em linguagem direta comotambm por meio de um formato mais conveniente, propiciando umaleitura mais dinmica e, ao mesmo tempo, estimulante.

    A partir da 12. edio, junto com a SARAIVA, o projeto grfico foitotalmente modificado. Recorremos ao uso de cores para facilitar ainda maiso estudo dos guerreiros concurseiros . Espero que aprovem e, assim, aguardoos comentrios!

    Nesse esprito, busquei determinar o posicionamento da doutrina,apontando a corrente que prevalece e indicando o entendimento do SupremoTribunal Federal sobre a matria. Por meio de pesquisa minuciosa, procureitrazer tudo de mais atualizado que h sobre o assunto, contando com orelevante instrumento que a Internet.

    Devo observar que, em decorrncia do objetivo deste trabalho, qual seja,auxiliar os candidatos a provas e concursos pblicos , sempre que percebiadivergncias na matria, sem deixar de apontar o meu posicionamento,indiquei qual deveria ser a linha adotada nas provas preambulares.

    Essa minha perspectiva, felizmente, agora est consagrada no art. 17, 1., da Resoluo n. 14, de 06.11.2006, do CNMP Conselho Nacional do MP, que, ao dispor sobre as Regras Gerais Regulamentares para o concurso deingresso na carreira do MP brasileiro , estabeleceu: A prova preambular nopoder ser formulada com base em entendimentos doutrinrios divergentesou jurisprudncia no consolidada dos tribunais. As opes consideradascorretas devero ter embasamento na legislao , em smulas ou

  • jurisprudncia dominante dos Tribunais Superiores.Em igual medida, estabelece o art. 33 da Resoluo n. 75, de 12.05.2009,

    do CNJ Conselho Nacional de Justia: as questes da prova objetivaseletiva sero formuladas de modo a que, necessariamente , a resposta reflitaa posio doutrinria dominante ou a jurisprudncia pacificada dosTribunais Superiores.

    Tentando, ainda, implementar as armas para esta verdadeira guerraintelectual, alm de me valer da linguagem clara e direta, bem como daforma de apresentao do trabalho (quadros, esquemas, itens e subitens), nofinal de cada captulo terico procurei ilustrar o assunto trazendo provas deconcursos pblicos e algumas questes de minha prpria autoria ,facilitando, assim, a percepo pelo candidato das matrias que mais soquestionadas em cada um dos temas do Direito Constitucional.

    Creio que o objetivo foi atingido, recompensando o esforo empreendidoneste trabalho.

    Devo declarar que imperfeies eventualmente existiro, motivo peloqual estarei sempre aberto para discusses e sugestes.

    Da minha parte, tentei, ao mximo, recrutar todas as armas queauxiliassem os alunos e candidatos a atingir os seus objetivos: a vocao deuns para a advocacia, a de outros, para o MP, a de outros, para aMagistratura, a de outros, ainda, para os demais concursos, sejam da reajurdica ou no jurdica; por fim, h os que precisam de uma consulta rpidasobre determinado assunto, relacionado sua vida profissional.

    Saibam que sempre estarei procura de elementos para ajud-los nestafase difcil de suas vidas. Nunca desistam! Sejam sempre fortes! Tenhocerteza, e sempre falo para os meus alunos, que todos podem... s depende devocs. Confio plenamente em cada um. Vocs s precisam acreditar em si ese concentrar ao mximo em seus objetivos, e tenho f em Deus que sempreconseguiro o que buscam.

    No final, quando olharem para trs e disserem que valeu o esforo, queatingiram o que buscavam, essa alegria, tenham certeza, ser a minha maiorrecompensa, e isso bastar para que eu olhe para trs e tambm diga:Pedro, valeu a pena tanto esforo neste trabalho....

    Agora, vamos luta. Muito boa sorte neste seu projeto de vida. Chamem-me para a posse!

  • Apresentao 1. Edio

    com grande satisfao que apresento o livro do jovem e promissormestrando da Faculdade de Direito da USP, Pedro Lenza , intitulado DireitoConstitucional Esquematizado. Escrita numa linguagem clara e direta, a obradestina-se, declaradamente, aos candidatos s provas de concursos pblicos eaos alunos de graduao, e, por isso mesmo, aps cada captulo, o autorinsere questes para aplicao da parte terica. Mas ser til tambm aosoperadores do direito mais experientes, como fonte de consulta rpida eimediata, por oferecer grande nmero de informaes buscadas em diversosautores, apontando as posies predominantes na doutrina, sem eximir-se decriticar algumas delas e de trazer sua prpria contribuio.

    Da leitura amena surge um livro fcil, sem ser reducionista, mas querevela, ao contrrio, um grande poder de sntese, difcil de encontrar mesmoem obras de autores mais maduros, sobretudo no campo do direito.

    Penso, assim, que a obra ser de grande valia para a comunidadejurdica. S resta desejar a seu jovem autor todo o xito que merece.

    So Paulo, 24 de novembro de 1999

    Ada Pellegrini Grinover

  • Histrico da Obra

    Uma Homenagem Especial

    Mais Uma Homenagem Especial

    Agradecimentos

    Nota do Autor 16. edio

    Prefcio

    Apresentao 1. Edio

    1. (NEO)CONSTITUCIONALISMO

    1.1. Alocao do direito constitucional

    1.1.1. A classificao em ramos do direito

    1.1.2. A superao da dicotomia pblico-privado constitucionalizaodo direito privado

    1.2. Constitucionalismo

    1.2.1. Conceito

    1.2.2. Evoluo histrica

    1.2.2.1. Constitucionalismo durante a Antiguidade

    1.2.2.2. Constitucionalismo durante a Idade Mdia

    1.2.2.3. Constitucionalismo durante a Idade Moderna

    1.2.2.4. Constitucionalismo norte-americano

    1.2.2.5. Constitucionalismo moderno (durante a Idade Contempornea)

    1.2.2.6. Constitucionalismo contemporneo (durante a IdadeContempornea) antenado com a ideia de constitucionalismo globalizado

    1.2.2.7. Constitucionalismo do futuro: o que podemos esperar?

    1 1.2.3. Esquematizao do constitucionalismo

  • 1. (NEO)CONSTITUCIONALISMO

    1.1. ALOCAO DO DIREITO CONSTITUCIONAL

    1.1.1. A classificao em ramos do direito

    1.1.2. A superao da dicotomia pblico-privado constitucionalizaodo direito privado

    1.2. CONSTITUCIONALISMO

    1.2.1. Conceito

    1.2.2. Evoluo histrica

    1.2.2.1. Constitucionalismo durante a Antiguidade

    1.2.2.2. Constitucionalismo durante a Idade Mdia

    1.2.2.3. Constitucionalismo durante a Idade Moderna

    1.2.2.4. Constitucionalismo norte-americano

    1.2.2.5. Constitucionalismo moderno (durante a Idade Contempornea)

    1.2.2.6. Constitucionalismo contemporneo (durante a IdadeContempornea) antenado com a ideia de constitucionalismo globalizado

    1.2.2.7. Constitucionalismo do futuro: o que podemos esperar?

    1.2.3. Esquematizao do constitucionalismo

    1.3. NEOCONSTITUCIONALISMO

    1.3.1. Aspectos iniciais

    1.3.2. Pontos marcantes do neoconstitucionalismo

    1.3.3. Marcos fundamentais para se chegar a um novo direitoconstitucional (neoconstitucionalismo)

  • 1.4. CONSTITUCIONALISMO E SOBERANIA POPULAR

    1.4.1. Aspectos gerais

    1.5. QUESTES

    1.1. ALOCAO DO DIREITO CONSTITUCIONAL

    1.1.1. A classificao em ramos do direitoAntes de tratarmos do movimento que recebeu o nome de

    constitucionalismo, faremos uma ponderao inicial, lembrando que odireito constitucional costuma ser alocado dentro do ramo do direito pblico,destacando-se por seu objeto e princpios fundamentais orientadores de suaaplicao.

    Jos Afonso da Silva observa que o direito constitucional configura-secomo Direito Pblico fundamental por referir-se diretamente organizaoe funcionamento do Estado, articulao dos elementos primrios do mesmo e

    ao estabelecimento das bases da estrutura poltica . [1]

    Apesar de colocarmos o Direito Constitucional dentro do ramo do direitopblico (fundamental), devemos alertar o leitor que, modernamente, vemsendo dito que o direito uno e indivisvel, indecomponvel . O direito deve serdefinido e estudado como um grande sistema , em que tudo se harmoniza noconjunto. A diviso em ramos do direito meramente didtica, a fim defacilitar o entendimento da matria, vale dizer: questo de conveninciaacadmica .

    Aceitando a classificao dicotmica (pblico e privado), apenas parafins didticos, dentro do direito pblico , poderemos alocar, tambm(destacando-se a particularidade fundamental do direito constitucional), odireito administrativo, o urbanstico, o ambiental, o tributrio, o financeiro, oeconmico, o penal, o processual, o internacional etc., ao contrrio do direitocivil e comercial, que, historicamente, preencheriam a categoria do direitoprivado .

    Referida classificao dicotmica pode ser atribuda a Jean Domat(afastando-se daqueles que a imputam ao Direito Romano), que foi quemseparou, pela primeira vez, as leis civis das leis pblicas e cuja obrainfluenciou a elaborao do Cdigo de Napoleo de 1804, despertando adenominada Era da Codificao , que conferiu ao Cdigo Civil a naturezade verdadeira constituio privada , regulando as relaes particulares, asregras sobre famlia, a propriedade, o estado civil, a capacidade etc. Surgia

  • 2. CONSTITUIO: Conceito, CONSTITUCIONALIZAO SIMBLICA,CLASSIFICAES, ELEMENTOS E HISTRICO

    2.1. CONCEITO

    2.1.1. Sentido sociolgico

    2.1.2. Sentido poltico

    2.1.3. Sentido material e formal

    2.1.4. Sentido jurdico

    2.1.5. Sentido culturalista

    2.1.6. Constituio aberta

    2.1.7. Elementos integrantes (componentes ou constitutivos) do Estado

    2.2. CONSTITUCIONALIZAO SIMBLICA

    2.2.1. Aspectos iniciais

    2.2.2. Legislao simblica

    2.2.2.1. Confirmao de valores sociais

    2.2.2.2. Demonstrao da capacidade de ao do Estado no tocante soluo dos problemas sociais (legislao-libi)

    2.2.2.3. Adiamento da soluo de conflitos sociais atravs de compromissosdilatrios

    2.2.2.4. Efeitos sociais latentes ou indiretos da legislao simblica

    2.2.3. Constitucionalizao simblica

    2.2.4. Constitucionalizao simblica como alopoiese do sistema jurdico

  • 2.2.5. Neoconstitucionalismo, ativismo judicial e a concretizao dasnormas constitucionais

    2.3. CLASSIFICAO (TIPOLOGIA)

    2.3.1. Quanto origem (distino entre Constituio e Carta)

    2.3.2. Quanto forma

    2.3.3. Quanto extenso

    2.3.4. Quanto ao contedo

    2.3.5. Quanto ao modo de elaborao

    2.3.6. Quanto alterabilidade

    2.3.7. Quanto sistemtica (critrio sistemtico)

    2.3.8. Quanto dogmtica

    2.3.9. Quanto correspondncia com a realidade (critrio ontolgico essncia)

    2.3.10. Quanto ao sistema

    2.3.11. Quanto funo

    2.3.12. Quanto origem de sua decretao: heternomas(heteroconstituies) X autnomas (autoconstituies ouhomoconstituies)

    2.3.13. Constituies garantia, balano e dirigente (Manoel GonalvesFerreira Filho)

    2.3.14. Constituies liberais (negativas) e sociais (dirigentes) contedoideolgico das Constituies (Andr Ramos Tavares)

    2.3.15. Raul Machado Horta (Constituies expansivas)

    2.3.16. A Constituio Federal brasileira de 1988

    2.4. ELEMENTOS DAS CONSTITUIES

    2.5. HISTRICO DAS CONSTITUIES BRASILEIRAS

    2.5.1. Constituio de 1824

    2.5.2. Decreto n. 1, de 15.11.1889 primeiro Governo Provisrio daRepblica

    2.5.3. Constituio de 1891

    2.5.4. A Revoluo de 1930 segundo Governo Provisrio da Repblica

    2.5.5. Constituio de 1934

  • 2.3.6. Quanto alterabilidadeEsse critrio recebe diversas denominaes pelos constitucionalistas

    ptrios. Alm da citada alterabilidade (Leda Pereira Mota e Celso Spitzcovsky[40] ), encontramos: mutabilidade (Michel Temer; [41] Luiz Alberto David

    Araujo e Vidal Serrano Nunes Jnior [42] ), estabilidade (Jos Afonso da

    Silva [43] e Alexandre de Moraes [44] ) e consistncia (Pinto Ferreira [45] ).Em essncia, deixando de lado a questo terminolgica, as Constituies

    podero ser rgidas, flexveis (tambm chamadas de plsticas , segundo a

    denominao de Pinto Ferreira) [46] e semirrgidas (ou semiflexveis ).Alguns autores ainda lembram as fixas ou silenciosas , as transitoriamenteflexveis , as imutveis ( permanentes, granticas ou intocveis ) e as super-rgidas .

    Rgidas so aquelas Constituies que exigem, para a sua alterao (dapreferirmos a terminologia alterabilidade ), um processo legislativo maisrduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alterao dasnormas no constitucionais. Lembramos que, exceo da Constituio de1824 (considerada semirrgida), todas as Constituies brasileiras foram,inclusive a de 1988, rgidas!

    A rigidez constitucional da CF/88 est prevista no art. 60, que, porexemplo, em seu 2. estabelece um quorum de votao de 3/5 dos membrosde cada Casa, em dois turnos de votao, para aprovao das emendasconstitucionais. Em contraposio, apenas para aclarar mais a situaolembrada, a votao das leis ordinrias e complementares d-se em umnico turno de votao (art. 65), com quorum de maioria simples (art. 47) eabsoluta (art. 69), respectivamente para lei ordinria e complementar. Outracaracterstica definidora da rigidez da CF/88 est prevista nos incisos I, II e IIIdo art. 60, que estabelecem iniciativa restrita: a ) de 1/3, no mnimo, dosmembros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; b ) do Presidenteda Repblica; e c ) de mais da metade das Assembleias Legislativas dasunidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioriarelativa de seus membros, enquanto a iniciativa das leis complementares e

    ordinrias geral, de acordo com o art. 61. [47]

    Flexvel aquela Constituio que no possui um processo legislativo dealterao mais dificultoso do que o processo legislativo de alterao dasnormas infraconstitucionais. Vale dizer, a dificuldade em alterar aconstituio a mesma encontrada para alterar uma lei que no constitucional.

  • Nesse sentido, do ponto de vista formal, devemos observar que, em setratando de constituio flexvel , no existe hierarquia entre constituio e leiinfraconstitucional, ou seja, uma lei infraconstitucional posterior altera textoconstitucional se assim expressamente o declarar, quando for com eleincompatvel, ou quando regular inteiramente a matria de que tratava aConstituio.

    Semiflexvel ou semirrgida aquela Constituio que tanto rgida comoflexvel, ou seja, algumas matrias exigem um processo de alterao maisdificultoso do que o exigido para alterao das leis infraconstitucionais,enquanto outras no requerem tal formalidade. O exemplo sempre lembrado o da Constituio Imperial de 1824, que, em seu art. 178, dizia: sConstitucional o que diz respeito aos limites, e atribuies respectivas dosPoderes Polticos, e aos Direitos Polticos, e individuais dos Cidados. Tudo, oque no Constitucional, pode ser alterado, sem as formalidades referidas,pelas Legislaturas ordinrias.

    As fixas , segundo Kildare Gonalves Carvalho, ... so aquelas quesomente podem ser alteradas por um poder de competncia igual quele queas criou, isto , o poder constituinte originrio. So conhecidas comoconstituies silenciosas , porque no estabelecem, expressamente, oprocedimento para sua reforma. Tm valor apenas histrico, sendo exemplosdestas Constituies o Estatuto do Reino da Sardenha, de 1848, e a Carta

    Espanhola de 1876. [48]

    Para Bulos, as Constituies transitoriamente flexveis ... so assuscetveis de reforma, com base no mesmo rito das leis comuns, mas apenaspor determinado perodo; ultrapassado este, o documento constitucional passaa ser rgido. Nessa hiptese, o binmio rigidez/flexibilidade no coexistesimultaneamente. Apresenta-se de modo alternado.... Como exemplo, oautor lembra a Constituio de Baden de 1947 e a Carta irlandesa de 1937

    durante os primeiros trs anos de vigncia. [49]

    Imutveis seriam aquelas Constituies inalterveis, verdadeiras relquias

    histricas [50] e que se pretendem eternas, sendo tambm denominadaspermanentes, granticas ou intocveis .

    Finalmente, segundo Alexandre de Moraes, a brasileira de 1988 seriaexemplo de Constituio super-rgida , j que, alm de possuir um processolegislativo diferenciado para a alterao de suas normas (rgida),excepcionalmente, algumas matrias apresentam-se como imutveis

    (clusulas ptreas, art. 60, 4.). [51]

    Esta ltima classificao, contudo, no parece ser a posio adotada

  • pelo STF , que tem admitido a alterao de matrias contidas no art. 60, 4.,desde que a reforma no tenda a abolir os preceitos ali resguardados e dentrode uma ideia de razoabilidade e ponderao. Foi o caso da reforma daprevidncia que admitiu a taxao dos inativos , mitigando, assim, os direitose garantias individuais (as situaes j consolidadas das pessoas aposentadas

    que passaram a ser taxadas). [52]

    2.3.7. Quanto sistemtica (critrio sistemtico)Valendo-se do critrio sistemtico , Pinto Ferreira divide as

    Constituies em reduzidas (ou unitrias ) e variadas . [53]

    Reduzidas seriam aquelas que se materializariam em um s cdigobsico e sistemtico, como as brasileiras (ver crtica a seguir).

    Variadas seriam aquelas que se distribuiriam em vrios textos edocumentos esparsos, sendo formadas de vrias leis constitucionais,destacando-se a belga de 1830 e a francesa de 1875.

    Nesse mesmo sentido, Bonavides distingue as Constituies codificadasdas legais .

    Codificadas (que correspondem s reduzidas de Pinto Ferreira) seriam... aquelas que se acham contidas inteiramente num s texto, com os seusprincpios e disposies sistematicamente ordenados e articulados em ttulos,captulos e sees, formando em geral um nico corpo de lei.

    Por sua vez, as legais (tambm denominadas Constituies escritas noformais e que equivalem s variadas de Pinto Ferreira) seriam aquelas ...escritas que se apresentam esparsas ou fragmentadas em vrios textos. Hajavista, a ttulo ilustrativo, a Constituio francesa de 1875. Compreendia elaLeis Constitucionais, elaboradas em ocasies distintas de atividade legislativa,como as leis de estabelecimento dos poderes pblicos, de organizao doSenado e de relaes entre os poderes. Tomadas em conjunto passaram a ser

    designadas como a Constituio da Terceira Repblica. [54]

    A brasileira de 1988 , em um primeiro momento, como aponta PintoFerreira, seria reduzida , codificada ou unitria .

    Contudo, especialmente diante da ideia de bloco de constitucionalidade,que ser estudada no item 6.7.1.3 , parece caminharmos (de maneira muitotmida, ainda) para um critrio que se aproxima de Constituio esparsa(legal ou escrita no formal escrita e que se apresenta fragmentada emvrios textos), especialmente diante da regra contida no art. 5., 3., queadmite a constitucionalizao dos tratados ou convenes internacionais dedireitos humanos que forem incorporados com o quorum e procedimento das

  • emendas constitucionais.Conforme vimos, destacamos o Decreto Legislativo n. 186/2008 que

    aprova o texto da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia ede seu Protocolo Facultativo , assinados em Nova York, em 30 de maro de2007, promulgados pelo Decreto n. 6.949, de 25.08.2009 , tendo sido, assim,incorporados ao ordenamento jurdico brasileiro com o status de normaconstitucional.

    Ainda, existem vrios artigos de emendas constitucionais que no foramintroduzidos no corpo da Constituio e, permanecendo como artigoautnomo das emendas, sem dvida, tm natureza constitucional e, portanto,eventual lei que contrarie artigo de emenda constitucional poder serdeclarada inconstitucional, servindo a emenda como paradigma de confronto.

    Cabe alertar, contudo, que apesar dessa percepo, de modo geral, asprovas de concursos vm definindo a brasileira de 1988 como reduzida .

    2.3.8. Quanto dogmticaNo tocante dogmtica , Pinto Ferreira, valendo-se do critrio

    ideolgico e lembrando as lies de Paulino Jacques , identifica tanto aConstituio ortodoxa como a ecltica .

    A ortodoxa aquela formada por uma s ideologia, por exemplo, asovitica de 1977, hoje extinta, e as diversas Constituies da China marxista.

    Por sua vez, ecltica seria aquela formada por ideologias conciliatrias,como a brasileira de 1988 ou a da ndia de 1949.

    Nessa linha, alguns autores aproximam a ecltica da compromissria .De fato, parece possvel dizer que a brasileira de 1988 compromissria ,assim como a portuguesa de 1976.

    Nas palavras de Canotilho, numa sociedade plural e complexa, aConstituio sempre um produto do pacto entre foras polticas e sociais.Atravs de barganha e de argumentao, de convergncia e diferenas,de cooperao na deliberao mesmo em caso de desacordos persistentes,foi possvel chegar, no procedimento constituinte, a um compromissoconstitucional ou, se preferirmos, a vrios compromissos constitucionais. Ocarcter compromissrio da Constituio de 1976 representa uma fora eno uma debilidade. Mesmo quando se tratava de conflitos profundos ( deepconflict ), houve a possibilidade de se chegar a bases normativas razoveis.Basta referir o compromisso entre o princpio liberal e o princpio socialista, ocompromisso entre uma viso personalista-individual dos direitos, liberdadese garantias e uma perspectiva dialctico-social dos direitos econmicos,sociais e culturais, o compromisso entre legitimidade eleitoral e

  • legitimidade revolucionria, o compromisso entre princpio da unidade doEstado e o princpio da autonomia regional e local, o compromisso entre

    democracia representativa e democracia participativa. [55]

    2.3.9. Quanto correspondncia com a realidade (critrio ontolgico essncia)

    Karl Loewenstein distinguiu as Constituies normativas, nominalistas(nominativas ou nominais) e semnticas . Trata-se do critrio ontolgico ,que busca identificar a correspondncia entre a realidade poltica do Estado eo texto constitucional.

    Segundo Pinto Ferreira, as Constituies normativas so aquelas em queo processo de poder est de tal forma disciplinado que as relaes polticas eos agentes do poder subordinam-se s determinaes do seu contedo e doseu controle procedimental. As Constituies nominalistas contm disposiesde limitao e controle de dominao poltica, sem ressonncia nasistemtica de processo real de poder, e com insuficiente concretizaoconstitucional. Enfim, as Constituies semnticas so simples reflexos darealidade poltica, servindo como mero instrumento dos donos do poder e das

    elites polticas, sem limitao do seu contedo. [56]

    Isso quer dizer que da normativa semntica percebemos uma gradaode democracia e Estado democrtico de direito para autoritarismo .

    Enquanto nas Constituies normativas a pretendida limitao ao poderse implementa na prtica, havendo, assim, correspondncia com a realidade,nas nominalistas busca-se essa concretizao, porm, sem sucesso, no seconseguindo uma verdadeira normatizao do processo real do poder. Porsua vez, nas semnticas nem sequer se tem essa pretenso, buscando-seconferir legitimidade meramente formal aos detentores do poder, em seuprprio benefcio.

    Para Guilherme Pea de Moraes, ao tratar do constitucionalismo ptrio, abrasileira de 1988 pretende ser normativa ; as de 1824, 1891, 1934 e 1946foram nominais (... a Constituio dotada de um aspecto educativo eprospectivo (...). Portanto, embora no haja concordncia entre as normasconstitucionais e a realidade poltica no presente, h a aspirao de que taldesiderato seja alcanado no futuro). E as de 1937, 1967 e a EC n. 1/69

    foram semnticas. [57]Por sua vez, Marcelo Neves, fazendo uma releitura de Loewenstein,

    prefere denominar as semnticas instrumentalistas , j que instrumentos dosdetentores do poder. Em sua opinio, o texto de 1988 seria nominalista ,servindo como verdadeiro libi para os governantes (no tocante no

  • concretizao de seus preceitos), ao passo que as instrumentalistas (1937,

    1967 e a EC n. 1/69) aparecem como armas na luta poltica. [58]

    2.3.10. Quanto ao sistemaSegundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto , a Constituio, quanto ao

    sistema , pode ser classificada em principiolgica ou preceitual .Conforme anotou Guilherme Pea de Moraes, na principiolgica ...

    predominam os princpios , identificados como normas constitucionaisprovidas de alto grau de abstrao, consagradores de valores, pelo que necessria a mediao concretizadora, tal como a Constituio brasileira.

    Por seu turno, na preceitual ... prevalecem as regras , individualizadascomo normas constitucionais revestidas de pouco grau de abstrao,concretizadoras de princpios, pelo que possvel a aplicao coercitiva, tal

    como a Constituio mexicana. [59]

    2.3.11. Quanto funoQuanto funo, as Constituies podem ser classificadas como

    provisrias ou definitivas .Conforme estabelece Jorge Miranda, chama-se de pr-Constituio,

    Constituio provisria ou, sob outra tica, Constituio revolucionria aoconjunto de normas com a dupla finalidade de definio do regime deelaborao e aprovao da Constituio formal e de estruturao do poderpoltico no interregno constitucional, a que se acrescenta a funo deeliminao ou erradicao de resqucios do antigo regime. Contrape-se Constituio definitiva ou de durao indefinida para o futuro como pretende

    ser a Constituio produto final do processo constituinte. [60]

    2.3.12. Quanto origem de sua decretao: heternomas(heteroconstituies) X autnomas (autoconstituies ouhomoconstituies)

    Quando surge um novo Estado, ou o Estado que j existia restaura-se, ousofre radical transformao de sua estrutura, essa nova manifestao atrela-se a uma Constituio material que j vem acompanhada da Constituioformal, ou que passa a ter uma Constituio formal estabelecida emmomento seguinte.

    A soberania do Estado est sedimentada na Constituio material, e aConstituio formal, normalmente, provm do prprio Estado.

    Contudo, de modo incomum , a doutrina identifica Constituies queforam decretadas de fora do Estado por outro (ou outros) Estados(s) ou pororganizaes internacionais.

  • Estamos diante daquilo que Miguel Galvo Teles denominou

    heteroconstituio . [61]

    Conforme anota Jorge Miranda, alm da raridade , causam certaperplexidade , dando como exemplo: ... algumas das Constituies, ou dasprimeiras Constituies, dos pases da Commonwealth aprovadas por leis doParlamento britnico (Canad, Nova Zelndia, Austrlia, Jamaica, Maurcia,etc.), a primeira Constituio da Albnia (obra de uma confernciainternacional, de 1913) ou a Constituio cipriota (procedente dos acordos deZurique, de 1960, entre a Gr-Bretanha, a Grcia e a Turquia) ou aConstituio da Bsnia-Herzegovina (aps os chamados acordos de Day tonde 1995), ou, ainda, no plano puramente poltico , as Constituies surgidaspor imposio de outros Estados: as Constituies das Repblicas Helvtica eBatava do tempo da Revoluo francesa, a Constituio espanhola de 1808 ,as primeiras Constituies da Libria e das Filipinas , a Constituio japonesade 1946 , as Constituies das democracias populares do leste da Europa dosanos 40 e 50 , a primeira Constituio da Guin Equatorial . E por imposiodas Naes Unidas: as Constituies da Nambia de 1990 e de Camboja de

    1993 . [62]Interessante observar, conforme anota o mestre portugus, que ... at a

    independncia o fundamento de validade da Constituio estava na ordemjurdica donde proveio; com a independncia transfere-se para a ordemjurdica local, investida de poder constituinte. Verifica-se, pois, umaverdadeira novao do ato constituinte ou (doutro prisma) uma deslocaoda regra de reconhecimento ; e apenas o texto que persista correspondente a Constituio em sentido instrumental se liga primitiva

    fonte, no o valor vinculativo das normas . [63]Diante do exposto, no entanto, pode-se afirmar que as Constituies

    brasileiras no so heternomas , na medida em que elaboradas e decretadasdentro do prprio Estado que iro reger. Podemos, assim, denomin-las,nesse sentido, Constituies autnomas , ou autoconstituies , ou, por queno homoconstituies (fazendo um contraponto terminologia proposta porMiguel Galvo Teles ).

    2.3.13. Constituies garantia, balano e dirigente (Manoel GonalvesFerreira Filho)

    A Constituio garantia busca garantir a liberdade, limitando o poder; abalano reflete um degrau de evoluo socialista e a dirigente estabelece umprojeto de Estado (ex.: portuguesa).

  • Segundo Manoel Gonalves Ferreira Filho, modernamente, frequentedesignar a Constituio de tipo clssico de Constituio-garantia , pois estavisa a garantir a liberdade, limitando o poder. Tal referncia se desenvolveupela necessidade de contrap-la Constituio-balano . Esta, conforme adoutrina sovitica que se inspira em Lassalle, a Constituio que descreve eregistra a organizao poltica estabelecida. Na verdade, segundo essadoutrina, a Constituio registraria um estgio das relaes de poder. Por isso que a URSS, quando alcanado novo estgio na marcha para o socialismo,adotaria nova Constituio, como o fez em 1924, 1936 e em 1977. Cada umade tais Constituies faria o balano do novo estgio. Hoje muito se fala emConstituio-dirigente . Esta seria a Constituio que estabeleceria um planopara dirigir uma evoluo poltica. Ao contrrio da Constituio-balano querefletiria o presente (o ser), a Constituio-programa anunciaria um ideal aser concretizado. Esta Constituio-dirigente se caracterizaria emconsequncia de normas programticas (que para no carem no vazioreclamariam a chamada inconstitucionalidade por omisso... ). A ideia deConstituio-dirigente sobremodo encarecida por juristas de inspiraomarxista, como o portugus Canotilho, que desejam prefigurar naConstituio a implantao progressiva de um Estado socialista, primeiro,

    comunista, a final. Exemplo, a Constituio portuguesa de 1976. [64]

    2.3.14. Constituies liberais (negativas) e sociais (dirigentes) contedo ideolgico das Constituies (Andr Ramos Tavares)

    Andr Ramos Tavares prope outra classificao, levando em conta ocontedo ideolgico das Constituies, classificando-as em liberais (ou

    negativas ) e sociais (ou dirigentes ). [65]

    Conforme afirma, as Constituies liberais surgem com o triunfo daideologia burguesa, com os ideais do liberalismo.

    Nesse contexto, destacamos os direitos humanos de 1. dimenso e, assim,a ideia da no interveno do Estado, bem como a proteo das liberdadespblicas. Poderamos falar, portanto, em Constituies negativas(absentesmo estatal).

    Por outro lado, as Constituies sociais refletem um momento posterior,de necessidade da atuao estatal, consagrando a igualdade substancial, bemcomo os direitos sociais, tambm chamados de direitos de 2. dimenso .

    Trata-se da percepo de uma atuao positiva do Estado e, por isso,Andr Ramos Tavares aproxima as constituies sociais da ideia de dirigismoestatal sugerida por Canotilho.

    Segundo o autor, estamos diante do Estado do Bem Comum . E completa:

  • bastante comum, nesse tipo de Constituio, traar expressamente osgrandes objetivos que ho de nortear a atuao governamental, impondo-os(ao menos a longo prazo).

    2.3.15. Raul Machado Horta (Constituies expansivas)Raul Machado Horta [66] inscreve a brasileira de 1988 no grupo das

    Constituies expansivas . Para o ilustre autor, a expansividade daConstituio de 1988, em funo dos temas novos e da ampliao conferida atemas permanentes, como no caso dos Direitos e Garantias Fundamentais,pode ser aferida em trs planos distintos: contedo anatmico e estrutural daConstituio; comparao constitucional interna e comparao constitucionalexterna:

    contedo anatmico e estrutural da Constituio: destaca-se aestruturao do texto e sua diviso em ttulos, captulos, sees, subsees,artigos da parte permanente e do ADCT;

    RAUL MACHADO HORTA CONSTITUIO

    EXPANSIVA CONTEDO ANATMICOE ESTRUTURAL DA CF/88

    Prembulo Ttulo I Dos PrincpiosFundamentais arts. 1. a

  • 4. Ttulo II Dos Direitos eGarantias Fundamentais arts. 5. a 17 Ttulo III DaOrganizao do Estado arts. 18 a 43 Ttulo IV DaOrganizao dos Poderes arts. 44 a 135 Ttulo V Da Defesa doEstado e das InstituiesDemocrticas arts. 136a 144 Ttulo VI DaTributao e do Oramento

  • arts. 145 a 169 Ttulo VII Da OrdemEconmica e Financeira arts. 170 a 192 Ttulo VIII Da OrdemSocial arts. 193 a 232 Ttulo IX DasDisposies ConstitucionaisGerais arts. 233 a 250 ADCT arts. 1. a 97 comparao constitucional interna: relaciona-se a CF/88 com asConstituies brasileiras precedentes, considerando a extenso de cadauma e as suas alteraes. Segundo o autor, referida comparao interna... registra a dilatao da matria constitucional e a evoluo dasConstituies brasileiras no tempo; comparao constitucional externa: relaciona a Constituio brasileiracom as Constituies estrangeiras mais extensas.

    Dentro dessa ideia, bastante interessante a proposta defendida por LuizSales do Nascimento, de uma teoria cientfica do direito constitucionalcomparado , sugerindo que a atividade comparativa siga verdadeiro e seguro

    roteiro metodolgico. [67]

    2.3.16. A Constituio Federal brasileira de 1988Valendo-nos de todos os critrios classificatrios anteriormente expostos

    e a seguir esquematizados, podemos dizer que a Constituio brasileira de1988 singulariza-se por ser: promulgada , escrita , analtica , formal (cf. nova

  • perspectiva classificatria decorrente do art. 5., 3., introduzido pela EC n.45/2004, sugerida no item 2.3.4 ), dogmtica , rgida , reduzida , ecltica ,pretende ser normativa , principiolgica , definitiva (ou de duraoindefinida para o futuro ), garantia , dirigente , social e expansiva .

    quanto origem: outorgada, promulgada , cesarista (bonapartista) oupactuada (dualista); quanto forma: escrita (instrumental) ou costumeira(consuetudinria, no escrita); quanto extenso: sinttica (concisa, breve, sumria, sucinta, bsica)ou analtica (ampla, extensa, larga, prolixa, longa, desenvolvida,volumosa, inchada) ; quanto ao contedo: formal ou material (tendncia para um critriomisto EC n. 45/2004); quanto ao modo de elaborao: dogmtica (sistemtica) ou histrica; quanto alterabilidade: rgida , flexvel, semirrgida (semiflexvel),fixa (silenciosa), transitoriamente flexvel, imutvel (permanente,grantica, intocvel), super-rgida; quanto sistemtica (Pinto Ferreira): reduzida (unitria) ou variada; quanto dogmtica (Paulino Jacques): ortodoxa ou ecltica(destaque para o carter compromissrio do texto de 1988); quanto correspondncia com a realidade (critrio ontolgico essncia Karl Loewenstein): normativa (pretende ser) , nominalistaou semntica; quanto ao sistema: principiolgica ou preceitual; quanto funo: pr-Constituio, Constituio provisria, ouConstituio revolucionria, e Constituio definitiva , ou de duraoindefinida para o futuro ; quanto origem de sua decretao: heternoma(heteroconstituio) ou autnoma ( autoconstituio ouhomoconstituio ); Manoel Gonalves Ferreira Filho: garantia , balano e dirigente ; Andr Ramos Tavares (contedo ideolgico das Constituies):liberais (negativas) e sociais (dirigentes) ; Raul Machado Horta: expansiva .

    2.4. ELEMENTOS DAS CONSTITUIESMuito embora encontremos na Constituio um todo orgnico e

    sistematizado, as normas constitucionais esto agrupadas em ttulos, captulose sees, com contedo, origem e finalidade diversos.

    Esses dispositivos, trazendo valores distintos, caracterizam a natureza

  • polifactica da Constituio, fazendo com que a doutrina agrupe as diversasnormas de acordo com a sua finalidade, surgindo, ento, o que se denominouelementos da Constituio .

    A doutrina diverge em relao aos elementos da Constituio. [68] Noentanto, parece ser mais completa a identificao do Professor Jos Afonso

    da Silva, de cinco categorias de elementos , assim definidas: [69]

    elementos orgnicos: normas que regulam a estrutura do Estado e doPoder. Exemplos: a ) Ttulo III (Da organizao do Estado); b ) TtuloIV (Da organizao dos Poderes e do Sistema de Governo); c )Captulos II e III do Ttulo V (Das Foras Armadas e da seguranapblica); d ) Ttulo VI (Da Tributao e do Oramento); elementos limitativos: manifestam-se nas normas que compem oelenco dos direitos e garantias fundamentais (direitos individuais e suasgarantias, direitos de nacionalidade e direitos polticos e democrticos),limitando a atuao dos poderes estatais. Exemplo: Ttulo II (DosDireitos e Garantias Fundamentais), excetuando o Captulo II doreferido Ttulo II (Dos Direitos Sociais), estes ltimos definidos comoelementos socioideolgicos; elementos socioideolgicos: revelam o compromisso da Constituioentre o Estado individualista e o Estado social, intervencionista.Exemplos: a ) Captulo II do Ttulo II (Dos Direitos Sociais); b ) TtuloVII (Da Ordem Econmica e Financeira); c ) Ttulo VIII (Da OrdemSocial); elementos de estabilizao constitucional: consubstanciados nasnormas constitucionais destinadas a assegurar a soluo de conflitosconstitucionais, a defesa da Constituio, do Estado e das instituiesdemocrticas. Constituem instrumentos de defesa do Estado e buscamgarantir a paz social. Exemplos: a ) art. 102, I, a (ao deinconstitucionalidade); b ) arts. 34 a 36 (Da interveno nos Estados eMunicpios); c ) arts. 59, I, e 60 (Processos de emendas Constituio);d ) arts. 102 e 103 (Jurisdio constitucional); e ) Ttulo V (Da Defesado Estado e das Instituies Democrticas, especialmente o Captulo I,que trata do estado de defesa e do estado de stio, j que os Captulos IIe III do Ttulo V caracterizam-se como elementos orgnicos); elementos formais de aplicabilidade: encontram-se nas normas queestabelecem regras de aplicao das Constituies. Exemplos: a )prembulo; b ) disposies constitucionais transitrias; c ) art. 5., 1.,quando estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantiasfundamentais tm aplicao imediata.

    2.5. HISTRICO DAS CONSTITUIES BRASILEIRAS [70] [71] [72] [73]

  • [74] [75]

    CONSTITUIO SURGIMENTO

    1824 25.03.1824721891 24.02.1891731934 16.07.19341937 10.11.19371946 18.09.19461967 24.01.1967EC n. 1/196974 17.10.19691988 05.10.1988

  • 2.5.1. Constituio de 1824Em 1808, tendo em vista a ocupao das terras portuguesas pelas tropas

    napolenicas, a Famlia Real Portuguesa se transfere para o Brasil, passandoa colnia brasileira a ser designada Reino Unido a Portugal e Algarves .

    Em seguida, em decorrncia da Revoluo do Porto e por exigncia dosnobres portugueses, o Rei Dom Joo VI, rei de Portugal, retorna a Lisboa emabril de 1821, deixando no Brasil D. Pedro de Alcntara, Prncipe Real doReino Unido e Regente brasileiro (seu filho com a imperatriz D. CarlotaJoaquina).

    Esses acontecimentos, sem dvida, contriburam para a intensificaodos movimentos pela independncia do Brasil, sendo que, em 9 de janeiro de1822, desrespeitando ordem da Corte portuguesa, que exigia seu retornoimediato na tentativa de efetivar a recolonizao brasileira, D. Pedro I, tendorecebido diversas assinaturas coletadas pelos liberais radicais, disse: Se para o bem de todos e felicidade geral da Nao, estou pronto! Digam aopovo que fico ( Dia do Fico ).

    Aps ter declarado a Independncia do Brasil, em 7 de setembro de1822, Dom Pedro I convoca, em 1823, uma Assembleia Geral Constituinte eLegislativa , com ideais marcadamente liberais , que, contudo, vem a serdissolvida, arbitrariamente, tendo em vista a existncia de divergncias comos seus ideais e pretenses autoritrios.

    Em substituio (da Assembleia Constituinte), D. Pedro I cria umConselho de Estado para tratar dos negcios de maior monta e elaborar umnovo projeto em total consonncia com a sua vontade de MajestadeImperial.

    A Constituio Poltica do Imprio do Brasil foi outorgada em 25 demaro de 1824 e foi, dentre todas, a que durou mais tempo , tendo sofridoconsidervel influncia da francesa de 1814. Foi marcada por fortecentralismo administrativo e poltico , tendo em vista a figura do PoderModerador , constitucionalizado, e tambm por unitarismo e absolutismo .

    Algumas importantes caractersticas do texto de 1824 podem serdestacadas:

    Governo: monrquico, hereditrio, constitucional e representativo.Tratava-se de forma unitria de Estado , com ntida centralizaopoltico-administrativa. Territrio: as antigas capitanias hereditrias foram transformadasem provncias , que, por sua vez, poderiam ser subdivididas. Asprovncias eram subordinadas ao Poder Central e tinham umPresidente, nomeado pelo Imperador e que poderia ser removido aqualquer tempo ( ad nutum ) em nome do bom servio do Estado.

  • Dinastia imperante: a do Senhor D. Pedro I, Imperador e DefensorPerptuo do Brasil. Durante o Imprio tivemos, tambm, a dinastia deD. Pedro II. Religio Oficial do Imprio: Catlica Apostlica Romana. Todas asoutras religies eram permitidas com seu culto domstico, ou particular,em casas para isso destinadas, no podendo, contudo, ter qualquermanifestao externa de templo. Capital do Imprio brasileiro: a cidade do Rio de Janeiro foi acapital do Imprio brasileiro de 1822 a 1889. Com o Ato Adicional n.16, de 12.08.1834, a cidade do Rio de Janeiro foi transformada emMunicpio Neutro ou Municpio da Corte , entidade territorial para asede da Monarquia. O Municpio Neutro apresentava importantecaracterstica: o relacionamento direto com o poder central, ao invsda submisso ao poder da Provncia do Rio de Janeiro. [76]

    Organizao dos Poderes: seguindo as ideias de BenjaminConstant, no se adotou a separao tripartida de Montesquieu. Issoporque, alm das funes legislativa, executiva e judiciria,estabeleceu-se a funo moderadora . Poder Legislativo: exercido pela Assembleia Geral , com a sanodo Imperador, que era composta de duas Cmaras: Cmara deDeputados e Cmara de Senadores , ou Senado . A Cmara dosDeputados era eletiva e temporria; a de Senadores, vitalcia, sendo osseus membros nomeados pelo Imperador dentre uma lista trpliceenviada pela Provncia. Eleies para o Legislativo: indiretas. Sufrgio: censitrio, ou seja, baseava-se em determinadas condieseconmico-financeiras de seus titulares (para votar e ser votado). Poder Executivo: a funo executiva era exercida pelo Imperador ,Chefe do Poder Executivo, por intermdio de seus Ministros de Estado.Em um primeiro momento, para continuar no poder, os Ministros nodependiam da confiana do Parlamento.

    Contudo, a partir da abdicao do trono por D. Pedro I, em 7 de abril de1831, na fase da Regncia (que durou 9 anos, durante a menoridade de D.Pedro II, que contava com 5 anos de idade, tendo existido 4 Regncias) e, emseguida, graas ao esprito moderado de D. Pedro II, o segundo Imperador doBrasil, que assumiu o trono aos 15 anos de idade, em 18 de julho de 1841,contribuiu para a paulatina instituio do parlamentarismo monrquico no

    Brasil durante o Segundo Reinado. [77]O parlamentarismo se consolidou com a criao do cargo de Presidente

    do Conselho de Ministros pelo Decreto n. 523, de 20.07.1847, conforme o qual

  • D. Pedro II escolhia o Presidente do Conselho e este, por sua vez, escolhia osdemais ministros, que deveriam ter a confiana dos Deputados e doImperador, sob pena de ser dissolvido (alguns chegam a denomin-lo umparlamentarismo s avessas, j que o Presidente do Conselho, queequivaleria ao Primeiro-Ministro da Inglaterra, era escolhido pelo Imperadore portanto a este subordinado, e no ao Parlamento).

    Poder Judicirio: o denominado Poder Judicial era independente ecomposto de juzes e jurados . Os juzes aplicavam a lei; os jurados sepronunciavam sobre os fatos. Aos juzes de direito era assegurada avitaliciedade (os juzes de direito sero perptuos, s podendo perdero lugar por sentena), no se lhes assegurando, contudo, ainamovibilidade. O Imperador podia suspend-los por queixas que lheseram feitas. Para julgar as causas em segunda e ltima instncia, nasProvncias do Imprio, foram criadas as Relaes . Na Capital doImprio foi estabelecido, como rgo de cpula do Judicirio, oSupremo Tribunal de Justia , composto de juzes togados, provenientesdas Relaes das Provncias e pelo critrio da antiguidade. Poder Moderador: sem dvida, foi o mecanismo que serviu paraassegurar a estabilidade do trono do Imperador durante o reinado noBrasil.

    Afonso Arinos destaca que o criador da ideia de Poder Moderador,Benjamin Constant , sofreu forte influncia de Clermont Tonerre .

    Como relata, Benjamim Constant definia o Poder Moderador, por elechamado de Poder Real , como la clef de toute organisation politique ,frase esta consagrada no art. 98 da Constituio de 1824: o PoderModerador a chave de toda a organizao Poltica , e delegadoprivativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nao e seuPrimeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manuteno

    da Independncia, equilbrio e harmonia dos demais Poderes Polticos. [78]Muita discusso houve sobre o Poder Moderador, especialmente em

    razo da traduo do termo clef , ou seja, significando fecho para algunsou chave para outros, este ltimo como consta do art. 98 da Constituio de1824.

    Para os liberais , a melhor traduo seria fecho , no sentido de apoioe coordenao em relao aos demais Poderes. Para os conservadores , atraduo mais adequada seria chave , dando a ideia de possibilidade deabrir qualquer porta, tendo em vista as constantes intervenes e

    imposies do Poder Moderador sobre os demais Poderes. [79]Assim, na prtica, parece que a traduo chave refletiu a constante

  • interferncia do Poder Moderador sobre os demais Poderes e o significado deImperador, que recebeu os Ttulos de Imperador Constitucional e DefensorPerptuo do Brasil, tendo o tratamento de Majestade Imperial e sendo asua pessoa inviolvel e sagrada, no estando sujeita a responsabilidadealguma (irresponsabilidade total do Estado the king can do no wrong o rei no erra).

    O Imperador , que exercia o Poder Moderador , no mbito doLegislativo , nomeava os Senadores, convocava a Assembleia Geralextraordinariamente, sancionava e vetava proposies do Legislativo,dissolvia a Cmara dos Deputados, convocando imediatamente outra, que asubstitua. No mbito do Executivo , nomeava e demitia livremente osMinistros de Estado. E, por fim, no mbito do Judicirio , suspendia osMagistrados.

    Tentativa frustrada de se instalar o Estado Federativo durante oImprio: a Regncia permanente, em nome do Imperador D. Pedro II,tendo em vista os poderes de reforma atribudos pela Lei de 12.10.1832,nos termos do art. 1. da Lei n. 16, de 12.08.1834 (Ato Adicional) , criouas chamadas Assembleias Legislativas Provinciais, com considervelautonomia. Contudo, contrariamente ao interesse de determinadossegmentos, no se conseguiu acabar com o Poder Moderador, nemcom o absolutismo reinante, especialmente a partir do advento da Lei n.105, de 12.05.1840, chamada Lei de Interpretao, que restabeleceu,fortemente, a ideia centralizadora e a figura do Poder Moderador. Insurreies populares: durante o Imprio diversos movimentospopulares eclodiram seja por causas separatistas, seja por melhorescondies sociais, destacando-se:

    a) Cabanagem (no Par, 1835);b) Farroupilha (no Rio Grande do Sul, 1835);c) Sabinada (na Bahia, 1837);d) Balaiada (no Maranho, 1838);e) Revoluo Praieira (em Pernambuco, 1848).

    Constituio semirrgida: nos termos do art. 178, conforme jestudamos, no tocante classificao das Constituies quanto alterabilidade , algumas normas, para serem alteradas, necessitavam deum procedimento mais rduo, mais solene e mais dificultoso; outras,entretanto, eram alteradas por um processo legislativo ordinrio, semqualquer formalidade. Liberdades pblicas: por forte influncia das Revolues Americana(1776) e Francesa (1789), configurando a ideia de constitucionalismoliberal , [80] a Constituio de 1824 continha importante rol de Direitos

  • Civis e Polticos. Sem dvida influenciou as declaraes de direitos egarantias das Constituies que se seguiram.

    No podemos, contudo, deixar de execrar a triste manuteno daescravido, por fora do regime que se baseava na monocultura

    latifundiria e escravocrata, [81] como mancha do regime at 13 de maiode 1888, data de sua abolio, quando da assinatura da Lei urea pela

    Princesa Isabel. [82]Muito embora no prevista a garantia do habeas corpus , cabe lembrar

    que o Decreto n. 114, de 23.05.1821 , alvar de D. Pedro I, antes do texto, jproibia prises arbitrrias. A Constituio de 1824, por si, tutelou a liberdadede locomoo (art. 179, VI, VIII e IX) e tambm vedou qualquer hiptese depriso arbitrria.

    Foi somente a partir do Cdigo Criminal de 16.12.1830 (arts. 183 a 188)que se passou a estabelecer a garantia do habeas corpus , regra prevista,tambm, no Cdigo de Processo Criminal de Primeira Instncia (Lei n. 127,de 29.11.1832, arts. 340 a 345) e no art. 18 da Lei n. 2.033, de 20.09.1871 (queassegurou a impetrao tambm por estrangeiros).

    A garantia do HC, como se ver, constitucionaliza-se somente no textode 1891.

    2.5.2. Decreto n. 1, de 15.11.1889 primeiro Governo Provisrio daRepblica

    A partir de 1860, comea-se a perceber um enfraquecimento daMonarquia. Em 1868, durante a Guerra do Paraguai , os militares passam anutrir um forte sentimento de descontentamento com a Monarquia,sentimento esse que se intensificou em razo da candente marginalizaopoltica e reduo do oramento e efetivo militares.

    O Manifesto do Centro Liberal (1869) e o Manifesto Republicano (1870)tambm contriburam para abalar a Monarquia, atacando a vitaliciedade dosSenadores e o papel do Conselho de Estado.

    Em 1874 tivemos fortes entraves entre a Igreja Catlica e a Monarquia.Nesse contexto, desmoronando as colunas de apoio ao Imprio, em

    15 de novembro de 1889, a Repblica proclamada pelo Marechal Deodoroda Fonseca, afastando-se do poder D. Pedro II e toda a dinastia de Bragana,sem ter havido muita movimentao popular. Isso porque, como visto,tratava-se mais de um golpe de Estado militar e armado do que de qualquermovimento do povo. A Repblica nascia, assim, sem legitimidade.

    Consequentemente, as Provncias do Brasil, reunidas pelo lao daFederao, passam a constituir os Estados Unidos do Brasil .

  • Entre 1889 e 1891 se instala no Brasil o Governo Provisrio (Dec. n. 1,de 15.11.1889, redigido por Rui Barbosa), presidido por Deodoro da Fonseca eque tinha a importante misso de consolidar o novo regime e promulgar aprimeira Constituio da Repblica.

    Nos termos do art. 10 do Decreto Presidencial n. 1, de 15 de novembrode 1889, o territrio do Municpio Neutro fica provisoriamente sob aadministrao imediata do Governo Provisrio da Repblica, e a cidade doRio de Janeiro constituda, tambm provisoriamente, sede do poder federal.

    2.5.3. Constituio de 1891A Assembleia Constituinte foi eleita em 1890. Em 24 de fevereiro de

    1891, a primeira Constituio da Repblica do Brasil (a segunda doconstitucionalismo ptrio) promulgada, sofrendo pequena reforma em 1926e vigorando at 1930.

    A Constituio de 1891 teve por Relator o Senador Rui Barbosa e sofreuforte influncia da Constituio norte-americana de 1787, consagrando osistema de governo presidencialista , a forma de Estado Federal ,abandonando o unitarismo e a forma de governo republicana em substituio monrquica.

    Forma de Governo e regime representativo: nos termos do art. 1.da Constituio de 1891, a Nao brasileira adotou, como forma deGoverno, sob o regime representativo , a Repblica Federativa ,proclamada em 15 de novembro de 1889. Declarou, ainda, a unioperptua e indissolvel das antigas Provncias, transformando-as emEstados Unidos do Brasil e vedando, assim, a possibilidade de secesso(qual seja, separao, segregao do pacto federativo). Distrito Federal Capital do Brasil, tendo por sede a cidade doRio de Janeiro: nos termos do art. 2. da Constituio de 1891, o antigoMunicpio Neutro (Rio de Janeiro, que era a sede do Poder Central doImprio) foi transformado em Distrito Federal , continuando a ser aCapital da Unio , enquanto no cumprida a determinao contida noart. 3. da Constituio de 1891, com a seguinte previso: ficapertencendo Unio, no planalto central da Repblica, uma zona de14.400 quilmetros quadrados, que ser oportunamente demarcadapara nela estabelecer-se a futura Capital Federal. Efetuada a mudanada Capital, o atual Distrito Federal passar a constituir um Estado.

    Nesse sentido, o art. 1. da primeira Lei Orgnica do DF, a Lei n. 85, de20 de setembro de 1892, manteve a natureza municipal da capital do Pas(o Distrito Federal), ao estabelecer: o Distrito Federal compreende oterritrio do antigo Municpio Neutro, tem por sede a cidade do Rio de Janeiro

    e continua constitudo em Municpio. [83]

  • No h mais religio oficial: o Brasil, nos termos do que j havia sidoestabelecido pelo Decreto n. 119-A, de 07.01.1890 , constitucionaliza-secomo um pas leigo, laico ou no confessional. Retiraram-se os efeitoscivis do casamento religioso. Os cemitrios, que eram controlados pelaIgreja, passaram a ser administrados pela autoridade municipal. Houveproibio do ensino religioso nas escolas pblicas. No se invocou, noprembulo da Constituio, a expresso sob a proteo de Deus paraa sua promulgao.

    Lembramos, por fim, que nos termos do art. 4. do Decreto n. 119-A, de07.01.1890, j havia sido extinto o padroado (direito que o Imperador tinha deintervir nas nomeaes dos bispos, bem como nos cargos e benefcioseclesisticos), com todas as suas instituies, recursos e prerrogativas.

    Como no havia mais religio oficial, naturalmente tambm, com o textode 1891, ficou extinta a concesso ou negativa de beneplcito rgio aosDecretos dos Conclios e Letras Apostlicas e quaisquer outras ConstituiesEclesisticas (ou seja, a aprovao estatal dos aludidos documentos para avigncia interna, no existindo mais nos termos do art. 102, XIV, daConstituio de 1824).

    Ainda, em igual sentido, o fato de o Estado ter-se separado da Igrejadeterminou a extino do recurso Coroa para atacar as decises dosTribunais Eclesisticos.

    Organizao dos Poderes: o Poder Moderador foi extinto,adotando-se a teoria clssica de Montesquieu da tripartio dePoderes. Nesses termos, o art. 15 da Constituio de 1891estabeleceu: so rgos da soberania nacional o Poder Legislativo, oExecutivo e o Judicirio, harmnicos e independentes entre si. Poder Legislativo: o Poder Legislativo federal era exercido peloCongresso Nacional, com a sano do Presidente da Repblica, sendoeste composto por dois ramos, ou Casas: a Cmara dos Deputados e oSenado Federal. Fixava-se, assim, o bicameralismo federativo .

    A Cmara dos Deputados era composta de representantes do povo eleitospelos Estados e pelo Distrito Federal, mediante sufrgio direto , garantida arepresentao da minoria. Cada Deputado exercia mandato de 3 anos .

    J o Senado Federal representava os Estados e o Distrito Federal, sendoeleitos 3 Senadores por Estado e 3 pelo Distrito Federal, eleitos do mesmomodo que os Deputados, para mandato de 9 anos , renovando-se o Senadopelo tero trienalmente (ou seja, 1 a cada 3 anos, j que o mandato era de 9anos e junto com as eleies para Deputados, que tinham mandato de 3anos).

    O Poder Legislativo tambm foi estabelecido em mbito estadual. Alguns

  • Estados, curiosamente, possuam duas Casas, caracterizando-se, assim, aideia de bicameralismo estadual , como podia ser percebido em So Paulo ePernambuco, que tinham, alm da Cmara dos Deputados (Estaduais), umSenado Estadual.

    Poder Executivo: exercido pelo Presidente da Repblica dos EstadosUnidos do Brasil, como chefe eletivo da Nao, era eleito junto com oVice-Presidente por sufrgio direto da Nao, para mandato de 4 anos,no podendo ser reeleito para um perodo subsequente.

    Cabe alertar, contudo, nos termos do art. 1. das Disposies Transitriasda Constituio de 1891, muito embora a previso e conquista das eleiesdiretas , que a primeira eleio da Repblica foi indireta , pelo CongressoNacional, elegendo-se o Presidente Marechal Deodoro da Fonseca e o Vice-

    Presidente dos Estados Unidos do Brasil Marechal Floriano Peixoto . [84]

    O Presidente da Repblica era auxiliado pelos Ministros de Estado,agentes de sua confiana que lhe subscreviam os atos e eram nomeados edemitidos livremente ( ad nutum ).

    Interessante notar que alguns Estados designavam o seu Executivo localcomo presidente, enquanto outros, como governador. Assim, era possvelperceber a figura de presidentes estaduais exercendo o Executivo local.

    Poder Judicirio: o rgo mximo do Judicirio passou a chamar-seSupremo Tribunal Federal , composto de 15 Juzes. Estabeleceu-se ahiptese dos crimes de responsabilidade. Houve expressa previso dagarantia da vitaliciedade para os Juzes Federais (art. 57) e para osmembros do Supremo Tribunal Militar (art. 77, 1.). Para os JuzesFederais, houve expressa previso da garantia da irredutibilidade devencimentos (art. 57, 1.).

    A Justia Federal foi mantida na Constituio. Cabe lembrar que oDecreto n. 848, de 11.10.1890 , por inspirao do modelo norte-americanoda Constituio de 1789 (lembrando, ainda, o suo de 1874 e o argentino, nostermos das Leis de 1882 e 1883), j havia criado a Justia Federal no Brasil,exercida por um Supremo Tribunal Federal e por juzes inferiores intituladosJuzes de Seco .

    Constituio rgida: nos termos do art. 90 estabeleceu-se umprocesso de alterao da Constituio mais rduo e mais solene do queo processo de alterao das demais espcies normativas. Assim, perdesentido a anterior distino que era feita no texto de 1824 entre normamaterial e formalmente constitucional. Estabeleceu-se, como clusulaptrea, a forma republicano-federativa e a igualdade darepresentao dos Estados no Senado .

  • Declarao de direitos: a declarao de direitos foi aprimorada,abolindo-se a pena de gals (que j havia sido extinta pelo Dec. n. 774,de 20.09.1890), [85] a de banimento e a de morte, ressalvadas, nesteltimo caso, as disposies da legislao militar em tempo de guerra.[86] Houve prevalncia de proteo s clssicas liberdades privadas,civis e polticas, no se percebendo a previso de direitos dostrabalhadores nos termos do que vai ser sentido no texto de 1934.

    No tocante s garantias constitucionais , na Constituio de 1891 houveexpressa previso, pela primeira vez no constitucionalismo ptrio, do remdioconstitucional do habeas corpus .

    Muito embora no prevista a garantia do habeas corpus no texto de 1824,cabe lembrar que o Decreto n. 114, de 23.05.1821 , alvar de D. Pedro I,proibia prises arbitrrias; a Constituio de 1824, por si, tutelou a liberdadede locomoo (art. 179, VI, VIII e IX) e vedou a priso arbitrria; j a partirdo Cdigo Criminal de 16.12.1830 (arts. 183 a 188), passou-se a estabelecer agarantia do habeas corpus , regra prevista tambm no Cdigo de ProcessoCriminal de Primeira Instncia , Lei n. 127, de 29.11.1832 (arts. 340 a 345) eno art. 18 da Lei n. 2.033, de 20.09.1871 (que assegurou a impetraotambm por estrangeiros).

    Em 03.09.1926 foi editada Emenda n. 1 Constituio de 1891, limitandoa chamada teoria brasileira do habeas corpus e restringindo o remdioconstitucional do habeas corpus exclusivamente liberdade de locomoo .

    Reforma de 03.09.1926: houve centralizao do poder, restringindo aautonomia dos Estados. Segundo Celso Bastos, a Reforma de 1926 foi... marcada por uma conotao nitidamente racionalista, autoritria,introduzindo alteraes no instituto da interveno da Unio nos Estados,no Poder Legislativo, no processo legislativo, no fortalecimento doExecutivo, nos direitos e garantias individuais e na Justia Federal. Issotudo vai diminuir a sua longevidade, especialmente em razo domovimento armado de 1930, que ps fim ao perodo chamado dePrimeira Repblica. [87]

    2.5.4. A Revoluo de 1930 segundo Governo Provisrio daRepblica

    A chamada Repblica Velha tem o seu fim com a Revoluo de 1930 ,que instituiu o Governo Provisrio nos termos do Decreto n. 19.398, de

    11.11.1930 , levando Getulio Vargas ao poder. [88]Barroso aponta dois aspectos mais graves a ensejar a runa da Repblica

    Velha: o domnio das oligarquias e a fraude eleitoral institucionalizada .

  • Lembra, ainda, a grave crise econmico-financeira de 1929 (GrandeDepresso), uma pequena burguesia em ascenso, o Tenentismo(movimento contra o regime oligrquico que dirigia o Brasil) e o surgimentode uma classe operria descontente em razo do processo de industrializao

    estimulado pela Primeira Guerra. [89]Um outro episdio tambm contribuiu para a mobilizao da oposio

    em prol da Revoluo de 30, qual seja, o assassinato de Joo Pessoa , em 26de julho de 1930, que deflagrou o movimento militar iniciado no Rio Grandedo Sul.

    Nesse contexto, em 1930 uma Junta Militar transfere o poder para umGoverno Provisrio , que o exerceria at a promulgao do texto de 1934,motivada (a promulgao do texto democrtico) por alguns elementos depresso e contestao aos mtodos arbitrrios empregados, como o marcantepapel da Revoluo Constitucionalista de So Paulo , de 9 de julho de 1932.[90]

    Nos termos do art. 1. do Decreto n. 19.398/30, cabia ao GovernoProvisrio exercer, discricionariamente, em toda sua plenitude, as funes eatribuies no s do Poder Executivo como tambm do Poder Legislativo ,at que, eleita a Assembleia Constituinte, se estabelecesse a reorganizaoconstitucional do Pas.

    O art. 2. do aludido Decreto confirmava a dissoluo do CongressoNacional, das atuais Assembleias Legislativas dos Estados (quaisquer quesejam as suas denominaes), Cmaras ou Assembleias Municipais equaisquer outros rgos legislativos ou deliberativos existentes nos Estados,nos Municpios, no Distrito Federal ou Territrio do Acre, e dissolvidos os queainda o no tivessem sido de fato.

    Nos termos do art. 11, foi nomeado um interventor para cada Estado,havendo controle, tambm, sobre os Municpios.

    A funo legislativa, concentrada no Governo Provisrio, conforme visto,era exercida por decretos expedidos pelo Chefe do Governo e subscritos peloministro respectivo (art. 17).

    Como ponto positivo, em 1932 Getulio Vargas decretou o importanteCdigo Eleitoral (Dec. n. 21.076, de 24.02.1932), que instituiu a JustiaEleitoral, trazendo, assim, garantias contra a poltica anterior, que sepultoua Primeira Repblica, retirando a atribuio de proclamar os eleitos das

    assembleias polticas, e, ainda, adotou o voto feminino [91] e o sufrgiouniversal, direto e secreto .

    Conforme visto, esse segundo Governo Provisrio da Repblica durou ato advento da Constituio de 1934, promulgada em 16.07.1934.

  • 2.5.5. Constituio de 1934A crise econmica de 1929, como referido, bem como os diversos

    movimentos sociais por melhores condies de trabalho, sem dvida,influenciaram a promulgao do texto de 1934, abalando, assim, os ideais doliberalismo econmico e da democracia liberal da Constituio de 1891.

    Por isso que a doutrina afirma, com tranquilidade, que o texto de 1934sofreu forte influncia da Constituio de Weimar da Alemanha de 1919,evidenciando, assim, os direitos humanos de 2. gerao ou dimenso e aperspectiva de um Estado social de direito (democracia social).

    H influncia, tambm, do fascismo , j que o texto estabeleceu, como sever abaixo, alm do voto direto para a escolha dos Deputados, a modalidadeindireta, por intermdio da chamada representao classista doParlamento.

    Dentro do constitucionalismo ptrio, o texto de 1934 teve curtssimadurao, sendo abolido pelo golpe de 1937.

    Foram mantidos alguns princpios fundamentais, como a Repblica, aFederao, a tripartio de Poderes, o presidencialismo e o regimerepresentativo, destacando-se as seguintes caractersticas:

    Forma de Governo e regime representativo: nos termos do art. 1.,a Nao brasileira, constituda pela unio perptua e indissolvel dosEstados, do Distrito Federal e dos Territrios em Estados Unidos doBrasil, mantm como forma de Governo, sob o regime representativo, a Repblica federativa proclamada em 15 de novembro de 1889.

    Os poderes da Unio foram consideravelmente aumentados,discriminando-se as rendas tributrias entre Unio, Estados e Municpios.

    Capital da Repblica Distrito Federal tendo por sede a cidadedo Rio de Janeiro: o Distrito Federal, administrado por um Prefeito, foimantido, com sede na cidade do Rio de Janeiro, como Capital daRepblica. Nos termos do art. 4. das disposies transitrias, havia apreviso de transferncia da Capital da Unio para um ponto central doBrasil. O Presidente da Repblica, logo que a Constituio entrasse emvigor, nomearia uma Comisso que, sob instrues do Governo,procederia a estudos de vrias localidades adequadas instalao daCapital. Concludos tais estudos, os resultados seriam apresentados Cmara dos Deputados, que escolheria o local e tomaria, sem perda detempo, as providncias necessrias mudana. Efetuada esta, o DistritoFederal passaria a constituir um Estado.

    Nos termos do art. 5., XVI, a Unio editou a Lei n. 196, de 18.01.1936, asegunda Lei Orgnica do Distrito Federal, fixando amplo regime deautonomia para o DF, elevando-o condio de supermunicpio, conformeo art. 1. da referida lei, que aproximava o DF dos Estados.

  • Mantida a inexistncia de religio oficial: o Pas continua leigo, laicoou no confessional, sendo inviolvel a liberdade de conscincia e decrena e garantido o livre-exerccio dos cultos religiosos, desde que nocontravenham ordem pblica e aos bons costumes.

    Amenizando o sentimento antirreligio do texto de 1891, nos termos doart. 146, passou-se a admitir o casamento religioso com efeitos civis , nosseguintes termos: o casamento perante ministro de qualquer confissoreligiosa, cujo rito no contrarie a ordem pblica ou os bons costumes,produzir, todavia, os mesmos efeitos que o casamento civil, desde que,perante a autoridade civil, na habilitao dos nubentes, na verificao dosimpedimentos e no processo da oposio sejam observadas as disposies dalei civil e seja ele inscrito no Registro Civil. Ainda, nos termos do art. 153,facultou-se o ensino religioso nas escolas pblicas .

    Finalmente, destaca-se a previso de Deus no prembulo.

    Organizao dos Poderes: a teoria clssica de Montesquieu datripartio de Poderes foi mantida. Nos termos do art. 3., so rgosda soberania nacional, dentro dos limites constitucionais, os PoderesLegislativo, Executivo e Judicirio, independentes e coordenados entresi. Poder Legislativo: era exercido pela Cmara dos Deputados com acolaborao do Senado Federal. Rompia-se, assim, com o princpio dobicameralismo rgido ou paritrio , no qual as duas Casas exercemfunes bsicas idnticas. Estabelecia-se, por consequncia, umbicameralismo desigual , tambm chamado pela doutrina deunicameralismo imperfeito , j que, como visto, o SF era merocolaborador da CD. [92]

    O mandato dos Deputados era de 4 anos. A Cmara dos Deputadoscompunha-se de representantes do povo, eleitos mediante sistemaproporcional e sufrgio universal , igual e direto, e de representantes eleitospelas organizaes profissionais na forma que a lei indicasse (representao

    corporativa de influncia fascista) . [93]

    J em relao ao Senado Federal , nos termos do art. 41, 3., acompetncia legislativa se reduzia s matrias relacionadas Federao,como a iniciativa das leis sobre a interveno federal e, em geral, das queinteressassem determinadamente a um ou mais Estados.

    Conforme o art. 89, o Senado Federal era composto de doisrepresentantes de cada Estado e o do Distrito Federal, eleitos mediantesufrgio universal, igual e direto, por 8 anos , dentre brasileiros natos, alistadoseleitores e maiores de 35 anos, sendo que a representao de cada Estado edo Distrito Federal, no Senado, renovava-se pela metade, conjuntamente com

  • a eleio da Cmara dos Deputados.Por fim, conforme o art. 88, cabia ao Senado Federal, nos termos dos

    arts. 90, 91 e 92, a incumbncia de promover a coordenao dos Poderes

    federais entre si, [94] manter a continuidade administrativa, velar pelaConstituio, colaborar na feitura de leis e praticar os demais atos de suacompetncia.