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Direito Constitucional AULA 01 – 15/09/07 1- Preâmbulo: Não vincula o Ente federativo É um trecho da CF que indica novas mudanças Significa que o Estado adotou um novo Sistema Constitucional Não é norma constitucional É apenas um oriente da nova Ordem Constitucional 2- Classificação das Constituições: 2.1 Quanto ao Conteúdo: Material: só tem normas materialmente constitucionais Formal: tem normas materialmente e formalmente constitucionais, elencadas em um texto solene. 2.2 Quanto ao modo de elaboração: Dogmáticas: aquelas elaboradas a partir de dogmas (verdades), predominantes em determinada época e estado. Históricas: Constituição elaborada ao longo da história 2.3 Quanto a Origem: Promulgada: pode ser chamada de democrática, popular ou convencional : aprovada com a participação popular Outorgada: sem a participação popular : imposta unilateralmente por uma pessoa, grupo ou partido Político. 2.4 Quanto à forma: Escrita: ela é expressa em um texto solene Não-escrita: embora possa ter normas escritas esparsas, não está solenizada ou formalizada em um texto único. Ex: Const. Inglesa (é a única) 2.5 Quanto à extensão: Analítica: é uma Constituição extensa, detalhada Sintética: é uma Constituição resumida 2.6 Quanto à instabilidade ou mutabilidade: Imutável: é aquela em que não há processo de mudança Rígida: é aquela que se altera por processo legislativo diferenciado, mas dificultoso, extraordinário 1

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Page 1: Direito Constitucional

Direito Constitucional

AULA 01 – 15/09/07

1- Preâmbulo: Não vincula o Ente federativo É um trecho da CF que indica novas mudanças Significa que o Estado adotou um novo Sistema Constitucional Não é norma constitucional É apenas um oriente da nova Ordem Constitucional

2- Classificação das Constituições:

2.1 Quanto ao Conteúdo: Material: só tem normas materialmente constitucionais Formal: tem normas materialmente e formalmente constitucionais, elencadas em um texto

solene.

2.2 Quanto ao modo de elaboração: Dogmáticas: aquelas elaboradas a partir de dogmas (verdades), predominantes em determinada época e estado. Históricas: Constituição elaborada ao longo da história

2.3 Quanto a Origem: Promulgada: pode ser chamada de democrática, popular ou convencional

: aprovada com a participação popular

Outorgada: sem a participação popular: imposta unilateralmente por uma pessoa, grupo ou partido Político.

2.4 Quanto à forma: Escrita: ela é expressa em um texto solene Não-escrita: embora possa ter normas escritas esparsas, não está solenizada ou formalizada em um texto único. Ex: Const. Inglesa (é a única)

2.5 Quanto à extensão: Analítica: é uma Constituição extensa, detalhada Sintética: é uma Constituição resumida

2.6 Quanto à instabilidade ou mutabilidade: Imutável: é aquela em que não há processo de mudança Rígida: é aquela que se altera por processo legislativo diferenciado, mas dificultoso, extraordinário Semi-rígida ou semi-flexível: uma parte muda por processo legislativo específico e a outra parte por processo legislativo normal. EX: Constituição do Império de 1824. Flexível: muda-se por processo legislativo normal, ordinário.

ATENÇÃO:

- Constituição rígida NÃO é a que tem cláusula pétrea. A cláusula pétrea pode ser um elemento da Const. Rígida, mas não é por isso que ela é rígida.

- Alexandre de Morais classifica a CF brasileira como sendo super rígida, porque além do processo legislativo diferenciado, o texto traz cláusulas pétreas. Se tiver na prova super rígida, essa deve ser a resposta.

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CONSTITUIÇÃO DE 1988:

FORMAL ESCRITA DOGMÁTICA ANALÍTICA RÍGIDA PROMULGADA

3 - Normas Constitucionais:

3.1 Classificação quanto à eficácia e aplicabilidade:

Norma de eficácia PLENA e aplicabilidade IMEDIATA: são normas que não necessitam de complementação para terem eficácia, pois todos os elementos de aplicação da norma já vêm no texto constitucional.EX: artigos 01 e 37 da CF.

Norma de eficácia CONTIDA e aplicabilidade IMEDIATA: é aquela em que a Const. Autoriza ao legislador a restrição dos Direitos.EX: artigo 5, XIII, da CF: a CF estabelece o livre exercício do trabalho, mas o restringe, pois deve ser atendida as qualificações profissionais estabelecidas em Lei.

Normas de eficácia LIMITADA e aplicabilidade DIFERIDA: são normas que necessitam de complementação para terem eficácia plena.EX: artigo 37, VII da CF: o direito de greve, para o trabalhador, precisa de Lei que o regulamente.

Subespécie: Norma programática: é norma de eficácia limitada que traz programas vinculantes para o Estado (art. 3, III e art. 6, da CF), que para serem concretizadas, elas precisam de uma atuação do Estado.

OBS: Nenhum desses (Executivo, Legislativo e Judiciário) pode tomar posição sobre normas programáticas, porque é o Estado seu vinculador.

3 - Princípios de Interpretação de Normas Constitucionais:

OBS: Esses princípios são específicos de interpretação da CF, mas é possível utilizar os métodos clássicos para interpretá-la. EX: Interpretação Gramatical, Teleológica, Histórica, ...

4.1 Princípio da Unidade:

A CF é uma norma única, logo não há conflitos REAIS entre suas normas Não há hierarquia entre normas Constitucionais

4.2 Princípio da Máxima Eficácia ou Efetividade:

A interpretação deve ser aquela que de maior efeito prático Tem que garantir a concretização da CF.

4.3 Princípio da Concordância Prática ou Harmonização:

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No conflito aparente entre normas da Const., o intérprete deve buscar harmonizar as normas Constitucionais. EX: Direito a vida x a liberdade religiosa (transfusão de sangue). A harmonização ocorre dentro de um sistema e em um caso concreto. O que ocorre é uma “ponderação de valores” (Robert Alexy)

4.4 Princípio da Proporcionalidade: ligado a ele está o Princ. Da Razoabilidade

É a verificação da adequação dos meios aos fins, buscado pelo Estado. Observa-se: NECESSIDADE PROPORCIONALIDADE STRICTUM SENSU UTILIDADE

4.5 Princípio da Interpretação conforme a Constituição:

Quando uma norma tem várias interpretações possíveis, o intérprete escolhe a única compatível com a Const., afastando todas as outras interpretações, porque estás são Inconstitucionais.

5 - Teoria dos Poderes Constituintes:

5.1 Poder Constituinte Originário: Tem natureza de poder de fato, porque não há nenhuma norma jurídica que fundamente esse Poder Constituinte, tanto é verdade que os titulares são:- Revolução Social (revolução francesa)- Assembléia Constituinte- O povo Esse poder tem as seguintes características:- ele é inicial, porque dá início a um novo Estado, a uma nova ordem constitucional- é incondicionado, porque não há norma jurídica condicionando o seu exercício.

OBS: O STF não aceita a Teoria das Normas Constitucionais Inconstitucionais, logo, é impossível que uma norma do Poder Constituinte originário seja declarada Inconstitucional

Esse poder constituinte originário é ILIMITADO, porque não há norma jurídica estabelecendo limites a esse poder.

5.2 Poder Constituinte Derivado: Tem natureza de poder de direito, pois é a CF que legítima sua existência Tem titularidade no Brasil: CONGRESSO NACIONAL Características:

- é secundário, porque se origina do poder constituinte originário- é condicionado, porque as condições para o seu exercício estão definidas na CF.- é limitado, porque a CF estabelece os limites para o seu exercício

Classificação:- Pode ser Revisional: é o poder de revisão da CF/88. No caso brasileiro, foi previsto no artigo 3º da ADCT, uma única revisão.

OBS: Não é possível revisão no Sistema Brasileiro. Salvo Emenda Constitucional alterando o ADCT. As 6 primeiras EC são emendas de revisão da revisão constitucional de 1993.

- Pode ser Reformador: é o poder de reforma FORMAL da CF, por meio de emendas constitucionais.

OBS: Alteração informal da CF: se dá por MUTAÇÃO CONSTITUCIOMAL = é a alteração da CF, por mudança da interpretação dela. Só pode ser feita pelo STF.

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EX 1: STF mudou interpretação sobre os tratados de Direitos Humanos, passou de força de Lei Ordinária para Lei Especial.

EX 2: Imunidade Parlamentar – hoje só há imunidade durante o mandato.

- Pode ser Decorrente: é o poder que os Estados membros têm de elaborar suas próprias Constituições Estaduais.

: limita-se pelo texto constitucional federal, sobretudo pelo princípio da simetria constitucional.

Limites ao Poder Constituinte Derivado postos pela CF/88:

- Limites Explícitos:

Limites formais: são aqueles que dizem a respeito do processo legislativo de reformas da Constituição: Iniciativa de proposta de emenda constitucional – PAC ( artigo 60, I, II, III da CF): votação e aprovação da Emenda Constitucional (artigo 60, §2º da CF): promulgação da Emenda Constitucional (artigo 60, §3º da CF): A matéria da EC não retorna na mesma sessão legislativa ( artigo 60, §5º da CF)

OBS: O presidente da República SÓ tem iniciativa de emenda (PAC), ele não promulga, não aprova, não veta e nem participa da Emenda Constitucional.

Limites circunstanciais: são situações em que a CF não poderá ser reformada: EX: Estado de Sítio, de Defesa e Intervenção Federal

Limites materiais: é o conteúdo da CF que não pode ser reformado, denominado cláusulas pétreas. (artigo 60, §4º da CF)

OBS: Diz o STF que a interpretação do elenco das hipóteses pode ser restritiva (dentro de cada uma das hipóteses, há cláusulas pétreas)

- Limites Implícitos:

É vedada a alteração por Emenda Constitucional (EC) do próprio artigo 60 da CF.

6 – Controle de Constitucionalidade:

Está atrelada a supremacia e a rigidez da CF.

CONTROLE

SUPREMACIA RIGIDEZ

6.1 Presunção de Constitucionalidade: As normas gozam de presunção Quando uma norma é aprovada, presumi-se que ela é constitucional Derruba-se essa presunção, demonstrando que a norma é inconstitucional

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A inconstitucionalidade pode ser:

- Formal: é quando o vício de inconstitucionalidade diz respeito ao processo legislativo.Ex: norma de iniciativa de um parlamentar sobre remuneração de servidor público da Administração pública, tem vício de iniciativa, porque SÓ compete ao presidente ou governador.

- Material: quando o conteúdo da norma é incompatível com a CF.

OBS: Segundo o STF (ADI 652/MA), um ato inconstitucional é um ato nulo (Teoria das Nulidades = nulo de pleno direito), tem efeito “EX TUNC” = eficácia retroativa.

6.2 Sistemas de Controle de Constitucionalidade:

Sistema Político: - quando o controle é feito por órgão político, que não o poder judiciário- EX: controle inglês e francês

Sistema de Controle Jurídico ou Judicial :- controle feito pelo poder judiciário- EX: CF/88

Sistema de Controle Misto :- parte é controlada por órgão político e parte pelo judiciário- EX: Suíça

6.3 Momento de Controle:

Momento Preventivo:- feito antes de a norma ser aprovada, ou seja, é o controle durante o processo legislativo- EX 1: controle feito pela comissão de constituição e justiça- EX 2: veto jurídico pelo presidente da república, é o veto por motivo de inconstitucionalidade (artigo 66, §1º da CF)

OBS: O MS incidental ao processo legislativo impetrado por parlamentar, NÃO É controle preventivo (MS 24645/STF), é considerado controle repressivo incidental.

Momento Repressivo:- feito depois de a Lei ser aprovada- esse controle é feito pelo poder judiciário (em regra)- Exceção: controle feito pelo Congresso Nacional (artigo 62, §5º da CF) = estabelece o controle das propostas constitucionais em Medida Provisória pelo Congresso Nacional.

6.4 Critérios (Modos) e Vias (Formas):

a) Controle Difuso : por via concentrada:

- é sempre atrelado a uma via (forma) incidental, por exceção, via concreta.- chama-se controle difuso, pq a competência é de qq órgão do poder judiciário e TCU. (Súmula 347/STF)- legitimação para propor: qq das partes do processo, MP (como ‘cujus legis’ ou como parte) e o juiz de ofício.- efeitos: uma decisão interpartes é ‘ex tunc’

ATENÇÃO:

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CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (art. 97 da CF)- com relação aos tribunais, esse só pode declarar inconstitucional uma norma, com maioria absoluta do plenário ou órgão especial. (Princípio da Colegialidade)- se o STF já tiver declarado a inconstitucionalidade da norma, ou quando o plenário ou órgão especial do Tribunal já o houver declarado, o próprio Tribunal ou o desembargador não precisaram mais de maioria absoluta p declarar (esse acordo de declaração, já vincula o Tribunal para esse julgamento e para outros futuros).- O acórdão do plenário ou do órgão especial que declara a inconstitucionalidade da norma, vincula os órgãos fracionários do tribunal para os futuros julgamentos.- O recurso extraordinário interposto contra a decisão do Tribunal ataca o acórdão do órgão fracionário, e não, o do plenário ou órgão especial.- Art. 480, 481 e 482 do CPC

ATUAÇÃO DO SENADO (art. 52, X da CF):- O Senado só participa do Controle Difuso de Inconstitucionalidade- A decisão do Senado (suspensão de execução da norma declarada inconstitucional pelo STF) tem efeito ‘ERGAS HOMMES’.- O Senado suspende a execução da norma por meio da resolução- Essa competência do Senado é discricionária- Não há prazo para o exercício da competência do Senado- A resolução é irretratável

OBS: No âmbito da Administração Federal a decisão do Senado tem efeito ‘EX TUNC’ = DECRETO 2346/97, mas para a doutrina o efeito é ‘EX NUNC’ e é o que devo marcar na prova da OAB.

b) Controle Concentrado:

- é via abstrata, também chamada por Ação Direta- a competência para julgar esse controle é concentrada por um único órgão: STF- o objeto é a Lei em tese, não há demanda concreta, não tem direito subjetivo em jogo.- a legitimidade ativa (art. 103 da CF)

* é a mesma legitimação p todas as ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADPF e ADI por omissão)

O art. 103 da CF tem que ser interpretado como “PERTINÊNCIA TEMÁTICA”- é a correlação entre o interesse do legitimado e a norma atacada- a declaração de inconstitucionalidade deve ser útil ao interesse do legitimado

Legitimidade:- universal: são os legitimados que não necessitam demonstrar pertinência temática (art. 103, I, II, III, VI, VII, VIII da CF)- especiais: são os legitimados que precisam demonstrar a pertinência temática (art. 103, IV, V, IX da CF).

OBS: - o governador não necessita de advogado para ação direta, capacidade postulatória própria, específica para o controle.- partido político com representação nacional, é aquele que tem pelo menos 1 representante em qq das casas legislativas, serve também para o MS coletivo.- o entendimento do STF (atual) é que ‘associações de associações’ tem legitimidade para interposição de ação direta (AD’s) EX: Confederação Nacional das Associações do MP. - Atuação da AGU (art. 103, §3º da CF)* será citado para defender o texto ou norma impugnada ou atacada.* a AGU será um defensor das normas

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Page 7: Direito Constitucional

- o parecer da AGU será sempre pela Constitucionalidade das normas, salvo se o STF já houver decidido em sentido oposto.- com isso, a AGU não é citada na ADC, nem na ADI por omissão.

- Atuação do Procurador Geral da República (art. 103, §1º da CF)* O PGR participará em todos os processos de competência do STF.

Ação Direta de Inconstitucionalidade______________________________________a) ADI: Ação Direta de Inconstitucionalidade: Legitimidade: art. 103 CF Competência (controle federal): STF (art. 102, I, ”a” da CF) A Lei ou ato tem que ser pós-CF/88, logo, não pode ser atacar por ADI Leis anteriores a CF/88 (ADI 74/RN) Com a Constituição nova há um conflito com o Direito Ordinário pretérito, esse direito é compatível com a nova CF, acontece, portanto a recepção. Se a nova CF recepciona a norma, não interessa a forma anterior dessa norma, o direito pretérito não é compatível com a CF. O STF entende como renovação, com isso, não tem que se falar em controle de inconstitucionalidade por ADI, e sim, só se verifica se houve revogação ou não. Portanto, não se tem ADI em norma revogada

OBS: para o STF não existe inconstitucionalidade formal superveniente.

COMPONENTES DA ADI:

- abstração

- generalidade ADI 203/DF

- normatividade

Não tem que se falar em ADI em ato administrativo

A norma deve ofender diretamente a CF (não é possível ADI para atacar ofensa indireta ou reflexa – ADI 2714/DF)

A norma deve estar em vigor, isto é, a revogação de norma, enseja a extinção da ação sem resolução do mérito (ADI 1442/DF).

CONFIGURAÇÃO DA ADI:

- Lei ou Ato tem que ser Pós-CF/88

- Tem que ter a Lei: abstração, generalidade e normatividade

- Alei tem que ofender a CF

- A Lei tem que estar em vigor

MEDIDA CAUTELAR EM ADI (é liminar):

- precisão nos arts. 10ª 12 da Lei 9868/99

- a MC é deferida pela maioria absoluta do plenário do STF, mas o relator poderá deferir monocraticamente, no recesso do Tribunal.

- o relator, depois de ouvido o PGR, submeterá o pedido liminar ao plenário, que poderá julgar definitivamente a ação.

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- efeitos (art. 11, §1º e §2º da Lei 9868/99:

* declaração temporária de inconstitucionalidade

* efeito vinculante

* eficácia ‘ERGA OMNES’

* em regra, efeito ‘EX NUNC’, porque o STF pode dar efeito retroativo a liminar

* efeito repristinatório provisório, que pode ser afastado, de forma expressa, pelo STF.

DECISÃO DEFINITIVA EM ADI:

- efeitos:

* vinculante: “OBTER DICTUM” = fundamentos determinantes da inconstitucionalidade, não tem efeito vinculante, é só o dispositivo do acórdão que vincula (informativo 476 do STF).

* eficácia ‘ERGA OMNES’

* efeito ‘EX TUNC’ ou retroativo

OBS: Modulação de Efeitos (art. 27 da Lei 9868/99): quando houver relevantes interesses sociais ou razões de segurança jurídica, o STF, pela maioria de 2/3, poderá restringir os efeitos da decisão, decidir que ela só tenha eficácia a partir do trânsito em julgado ou em qq outro momento determinado

* efeito repristinatório automático: o STF também pode modular este efeito

* Intervenção de Terceiros:

- Nenhumas das ações admitem intervenção de terceiros de ADIn. (Art.7°, Lei 9.868/99)

- Amicus Curiae: é uma pessoa, entidade ou órgão que pode participar do processo da ADIn. (Não é intervenção de terceiro).

* A decisão é irrecorrível, ressalvados os embargos de declaração.

* O acórdão em ADIn não admite Ação Rescisória (art. 26, 9.868/99).

* Não é possível a desistência na ADIn.

* Causa de Pedir:

- é uma causa de pedir aberta, significa dizer que o STF pode decidir com fundamento diverso ao da causa de pedir.

* O pedido:

- O STF fica preso ao dispositivo legal atacado na ADIn, salvo uma tese chamada Tese da Inconstitucionalidade por arrastão – é a possibilidade do STF, de declarar inconstitucional a outros dispositivos ou normas que não constam do pedido, mas que tenham correlação lógica com o dispositivo ou norma atacada.

Ação Declaratória de Constitucionalidade__________________________________Obs: A ADIn e a ADCon são ações de natureza dúplice ou ambivalente (art. 24, 9.868/99).

ADIn – Procedência = Inconstitucionalidade

- Improcedência = Constitucionalidade

ADCon – Procedência = Constitucionalidade

- Improcedência = Inconstitucionalidade

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* Legitimidade: (Art. 103 da CF)

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

§ 4º (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993 e revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

* Competência: (Art. 102, I “a” CF)

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

* Objeto:

- Lei ou Ato Normativo Federal (somente).

- Art. 102, I, “a”, CF.

- Objeto comum entre ADCon e ADIn = Lei ou Ato Normativo Federal.

Obs: A ADIn e a ADCon são ações de natureza dúplice ou ambivalente (art. 24, 9.868/99).

ADIn – Procedência = Inconstitucionalidade

- Improcedência = Constitucionalidade

ADCon – Procedência = Constitucionalidade

- Improcedência = Inconstitucionalidade

* Petição Inicial da ADCon:

- Deve demonstrar a controvérsia judicial (art. 14, 9.868/99)

- Tem que haver decisões contrárias dos Tribunais acerca da matéria.

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Page 10: Direito Constitucional

ADCon – é uma ação que serve para resguardar a segurança judicial.

A Medida Cautelar ou Liminar em ADCon, está disciplinada no art. 21 da 9.868/99.

* Medida Cautelar: Liminar

1° - a liminar na ADCon, suspende os processos que tenham relação com a norma questionada.

2° - tem prazo de eficácia de 180 dias (Efeito Temporal).

3° - possuem os seguintes efeitos:

- Vinculante - “Ex Nunc” (Regra Geral) - Erga Omnes

Obs: - Não cabe Intervenção de Terceiro

- Cabe AMICUS CURIAE

- Decisão irrecorrível

- Não é cabível Ação Rescisória

- Não se admite a desistência do processo

ADPF – Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (Lei 9.882/99).- Art. 102, § 1° da CF

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

- É uma norma constitucional de eficácia limitada dita pela Constituição Federal.

* Legitimação:

- Art. 103, CF, porque o art. 2° da Lei 9.882/99 remete essa legitimação para o art. 103 da CF.

* Competência: STF (art. 102, § 1° CF)

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

Espécies de ADPF:

- Autônoma: (art. 1°, caput, 9.882/99).

Objeto: lesão (ADPF repressiva) ou ameaça (ADPF preventiva) a preceito fundamental.

- Por equivalência ou equiparação: (Art. 1°, § único, I, da Lei 9.882/99)

Objeto: relevante controvérsia constitucional sobre Lei ou Ato Normativo Federal, Estadual ou Municipal, incluídos os anteriores a CF/88.

Obs: Não há conceito de preceito, todavia há 2 preceitos fundamentais considerados pela CF e pelo STF. (Cláusulas Pétreas e Direitos e Garantias Individuais).

Obs: Tem natureza subsidiária (Art. 4°, § 1°, 9.882/99).

- Só será caso de ADPF se não for caso de ADIn, ADCon ou ADIn por omissão.

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- Só será caso de ADPF se não for caso de Ações Ordinárias.

- A subsidiariedade é um requisito de conhecimento da ADPF.

* Medida Cautelar na ADPF: Liminar

- Art. 5°, da Lei 9.882/99.

- Deferida: pelo plenário, por maioria absoluta ou pelo relator no recesso ou em caso de excepcional urgência.

- A liminar na ADPF também suspende o processo que tenham correlação com a controvérsia constitucional.

- Toda vez essa liminar tem que ser referendada pelo STF, concedida pelo relator.

* Efeito: - vinculante - Eficácia Erga Omnes - “Ex Nunc”

Decisão Definitiva:

- Tem efeito vinculante

- Eficácia “Erga Omnes”

- Efeito “Ex tunc” – Retroativo

Obs: Esses efeitos na APDF estão sujeitos a Modulação Temporal de Efeitos (Art. 1° Lei 9.882/99).

- A doutrina considera sendo uma declaração Constitucional Pró-Ativa.

Razões da APDF:

- Relevante interesse social.

- razões de segurança jurídica.

- por decisão de 2/3 do STF, poderá haver restituição dos efeitos.

- eficácia a partir do trânsito e julgado da decisão, ou outro momento determinado pelo tribunal.

* Não cabe intervenção de terceiro, mas é permitida participação do “Amicus Curiae”.

* Não cabe Ação Rescisória.

* Não é possível a desistência.

Qual remédio utilizado quando o efeito vinculante das decisões do STF na ADIn, ADCon, ADPF e ADIN por Omissão, é descumprido?

- Cabe RECLAMAÇÃO DIRETA NO STF.

- A reclamação pode ser feita, ainda que seja a Administração Pública. Que desobedeça a decisão (art. 102, I, “L”, CF).

d) ADIN POR OMISSÃO

* Tem previsão e Legitimação no art. 103, § 2° de CF:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

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Page 12: Direito Constitucional

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

Competência: STF

Objeto: Omissão Normativa em relação a CF. – é movida quando existe uma norma constitucional que precisa ser complementada por lei, e assim, não foi feita.

Efeitos: - Duas hipóteses:

* se a omissão for do Poder Legislativo ou Executivo.

- será dada ciência ao Poder da omissão, para que adote as providências necessárias.

- o STF não pode obrigar, sob pena de ferir o Principio da Separação dos poderes.

* se a omissão for de órgão da Administração Pública

- será dada ciência da decisão para o órgão da omissão, para que adote as providências em 30 dias.

- neste caso, o STF pode obrigar o órgão a tomar as providências.

Qual a diferença entre ADIn por Omissão e o Mandado de Injunção?

1° - Legitimação - (ADIn por omissão é restrita ao rol do art. 103, CF e no Mandado de Injunção é qualquer pessoa que tenha interesse processual).

2° - Objeto (No Mandado de Injunção há a necessidade de uma demanda concreta, ou seja, a ofensa a direitos ou liberdades constitucionais ou das prerrogativas relativas a nacionalidade, soberania e cidadania. Na ADIn por omissão, o objeto é omissão normativa em tese (é abstrata).

3° - Decisão (Na ADIn por omissão, apenas há a cientificação de MORA NORMATIVA, enquanto no Mandado de Injunção, o STF regulamenta a norma Constitucional com efeito inter partes e resolve a demanda concreta. Posição atual do STF é a teoria concretista individualista).

e) Controle de Constitucionalidade Estadual (Art. 125, § 2° CF).

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

Tem legitimação também prevista nas Constituições Estaduais.

A única exigência que a CF faz, é que essa legitimação Estadual, não fique restrita a 01 único órgão, não pode ser só o Procurador, mas também o Governador.

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Competência: é originária nos Tribunais de Justiça – TJ

Controle: o parâmetro de controle é a Constituição Estadual, não é a CF. O TJ não pode julgar ADIn em face da CF/88.

Objeto: Leis ou Atos Normativos Estaduais ou Municipais, diante da Constituição Estadual.

OBS: Se a Constituição Estadual repete artigos e preceitos da CF, é cabível Recurso Extraordinário ao STF, sendo julgado com eficácia “Erga Omnes”, pois será um controle abstrato.

OBS: é competência da União organizar o Distrito Federal. (DF: Lei Orgânica que é a Constituição do DF).

Direito Fundamentais___________________________________________________Obs: Direitos Humanos são direitos fundamentais, de ordem jurídica internacional, ao passo que os Direitos Fundamentais, são direitos positivados nos textos Constitucionais.

Direito X Garantia

- Os Direitos Fundamentais tem interdependência, significa dizer que para todo Direito Fundamental há uma garantia correlata.

- Garantia é um instrumento que assegura o Direito Fundamental seja por meio processual, seja como limite a atuação do Estado.

Ex: Direito de locomoção: garantia (remédio processual é o HC)

Inviolabilidade Domiciliar – é o direito de não entrarem na sua casa e também impõe um limite ao Estado de adentrar, salvos casos previstos (Ex: ordem Judicial durante o dia, Flagrante delito, eminente perigo de vida e outros).

Características:

- Imprescritibilidade - o Direito Fundamental não se extingue pelo decurso do tempo.

- Irrenunciabilidade – o seu titular não tem a prerrogativa da renuncia do seu direito.

- Indisponibilidade e Impessoalidade – o titular do direito não tem as prerrogativas do domínio dos direitos fundamentais.

- Inalienabilidade: não podem ser objetos de alienação a titulo oneroso ou gratuito (compra, venda ou doação).

- Interdependência – estão ligados de forma lógica e complementar.

- São complementares.

- São relativos: não existe direito fundamental absoluto, decisão do STF.

- Histórico – porque foram se consolidando ao longo do tempo, assim como eles podem aparecer sem serem incorporados em um texto constitucional ou podem ser retirados.

- Classificação Histórica ou Cronológica:- Direitos fundamentais de 1ª Geração (1° Dimensão)

- foram incorporados aos textos Constitucionais a partir das resoluções burguesas (Constituição Americana 1787 e Constituição Francesa de 1791).

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- São os Direitos Civis e Políticos, também chamados de liberdades públicas, por se fundamentarem no Principio de Liberdade.

- São Direitos que impõem abstenções ao Estado, por isso são chamados de Direitos Negativos.

- EX: Vida, Propriedade, Locomoção, Garantias do Devido Processo Legal (contraditório e ampla defesa).

- São direitos individuais.

- Direitos Fundamentais de 2ª Geração (2° Dimensão)

- Foram incorporados aos textos Constitucionais, a partir das Revoluções Socialistas (Constituição Americana 1917, Constituição Alemã 1919).

- No Brasil a CF de 1934 foi a primeira a elencar Direitos de 2ª Geração (Sociais).

- São Direito que exigem prestações do Estado, por isso são chamados de Direitos Positivos ou Liberdades positivas.

- Tem como fundamento a igualdade material.

- São os Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.

EX: Saúde, Educação, Moradia, Previdência e Assistência Social.

- Art. 6° CF.

- Direitos Fundamentais de 3ª Geração (3ªDimensão)

- São direitos incorporados ao texto constitucional Contemporaneamente.

- São direitos trans-individuais, ou seja, não possuem sujeitos determinados.

- Se fundamentam nos Princípios da Solidariedade e Fraternidade.

- São direitos que surgiram com a globalização e a sociedade de massa.

EX: Meio Ambiente, progresso Humano, Autodeterminação dos povos, a Paz, a Democracia.

- Direitos Fundamentais da 4ª Geração – Direitos Bioéticos (Não é pacifico na Doutrina).

Direitos e Garantias Individuais (Art. 5° da CF/88)___________________________* Destinatários: todos, porque os Direitos Fundamentais são universais, embora a CF em seu art. 5° restrinja aos brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil os destinatários.

* Cláusula de Abertura do Art. 5°, § 2° da CF – esse artigo traz uma abertura, o rol do art. 5° é explicativo, há outros Direitos Fundamentais que decorrem dos princípios e do regime por ela adotada e dos Tratados Internacionais. Ex: Principio da Anterioridade Tributária (art. 150 – é um direito Fundamental, portanto Cláusula Pétrea).

* Há Direitos Fundamentais em outras partes da CF/88.

- Tratados Internacionais – para o STF (Posição clara) tem hierarquia de Lei Ordinária.

- Alteração da Emenda Constitucional 45 (Art. 5, § 3° CF) segundo este artigo o tratado que tenha conteúdo de Direitos Humanos, e que seja amparado nas 2 Casas do Congresso Nacional em 2 turnos por 3/5 será considerada Emenda Constitucional, logo terá hierarquia de norma Constitucional.

OBS: Tratados antes da EC 45.

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- Posição atual do STF: se o tratado tiver conteúdo de Direitos Humanos, não importa se anterior ou posterior a EC 45, terá hierarquia supra-legal, ou seja, estará acima da Lei e abaixo da CF.

LER (Informativo 470 e 471).

Prisão de Depositário Infiel – é considerado hoje pelo STF inconstitucional, em decorrência do “Pacta Sun Servanda”.

- Escusa de Consciência – Direito de invocar as crenças religiosas, filosóficas ou políticas para fugir de suas obrigações sem ser punido. A escusa de consciência no Brasil não pode ser invocada para se eximir de obrigações que são impostas a todos.

Ex: o voto e o serviço militar obrigatório e nem o de prestação alternativa definida em lei.

Obs: A escusa de Consciência não será aceita em caso de guerra.

- Privacidade, Intimidade, Inviolabilidade Domiciliar e os Sigilos – são direitos relativos.

Sigilo Bancário e Fiscal – (art. 5°, X CF)Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

- Quem pode determinar a quebra do Sigilo Bancário e Fiscal?

R: Apenas por Ordem Judicial, (Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI) e Agentes do Fisco, quando for instaurado procedimento administrativo Fiscal (Lei Complementar 95/2001).

Inviolabilidade Domiciliar – (art. 5°, XI CF)Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

- Conceito de casa segundo a jurisprudência: é qualquer espaço particular não aberto ao Público. Ex: Local de Trabalho, Quarto de Hotel e outros.

Dia e Noite – é o intervalo entre o nascer do sol, independente do horário.

A quebra da inviolabilidade durante o dia só é permitida nos seguintes casos:

- Cumprimento de Ordem Judicial

- Flagrante Delito

- Para salvar quem está em estado de perigo de vida.

- Com autorização do morador.

* A quebra da inviolabilidade durante a noite só será possível nos casos:

- Flagrante delito

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- Para salvar quem está em estado de perigo de vida.

- Com autorização do morador.

* Ordem Judicial é igual a reserva de jurisdição, ou seja, só o juiz pode determinar.

* CPI não pode determinar busca e apreensão domiciliar.

- Sigilo de Correspondência, Comunicações Telegráficas e Comunicações telefônicas. (Art. 5°, XII CF).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

- Todos esses sigilos podem ser quebrados, mas o telefônico é protegido por reserva de jurisdição, só pode ser quebrado com Ordem Judicial. Ex: As escutas telefônicas só poderão ser quebradas por Ordem Judicial.

* Sigilo de Registro Telefônico – não é protegido pela reserva de jurisdição, ou seja, a CPI pode pedir a quebra deste sigilo. Ex: A conta detalhada pode ser solicitada pela CPI.

* A Comunicação Telefônica – é protegida pela reserva de jurisdição, ou seja, só o juiz pode determinar a quebra.

Espécies de quebra de Comunicação Telefônica:1 – Interceptação Telefônica ou Escuta – é o acesso de 3ª Pessoa à conversa dos outros dois interlocutores. Só pode ser por Ordem Judicial.

2 – Gravações Telefônicas – quando um dos interlocutores grava a conversa via telefone. Só pode com Ordem Judicial.

* Licitas – com ordem judicial ou autorização do outro interlocutor.

* Ilícitas – sem Ordem Judicial e sem autorização do interlocutor, quando é chamada de gravação clandestina.

* A quebra do sigilo de Comunicação Telefônica (Lei 9.296/96)

- São exigidos 3 requisitos para a sua quebra:

1 – Só pode ser determinada para instruir Processo Penal ou Inquérito Policial (Art. 5°, XII CF).

2 – Crimes apenados com pena de Reclusão.

3 – A proporcionalidade.

Observação: é possível a utilização da prova ilícita em legitima defesa. Se a quebra do sigilo foi determinada licitamente, poderá ser utilizada como prova emprestada em Processo Civil ou Administrativo.

(Informativo 469 STF).

Direito de Reunião (Art. 5°, XVI).XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

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- Tem que ser pacifica (sem armas), independentemente de autorização, prévio aviso a autoridade competente, afim de não frustrar outra reunião marcada para o mesmo lugar e horário.

* Este direito não poderá ser proibido ou afastado por Lei ou Norma Estadual.

Direito de Associação (art. 5°, XIX).XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

- Ninguém é obrigado a associar-se ou permanecer associado.

- Ninguém é obrigado a sindicalizar e permanecer sindicalizado.

- Tem como regra a não intervenção do Estado.

- Suas atividades só podem ser suspensas por decisão judicial e a sua dissolução só poderá ser determinada por sentença judicial transitada em julgado.

Direito de Certidão e Petição (art. 5°, XXXIV).XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

- O seu exercício independe de pagamento de taxas.

- É o direito de obter informações por documento oficial, podendo ser informações coletivas ou individuais.

* Negado o direito de Certidão – cabe Mandado de Segurança.

- Direito de Petição – é o direito de provocar a administração pública, é o fundamento constitucional administrativo.

* Negado o direito de Petição – cabe o Mandado de Segurança.

Principio da Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5°, XXXV)XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

- A Universalidade de Jurisdição. No Brasil nós temos o sistema de jurisdição UMA. Todos o conflitos de interesses são resolvidos no Poder Judiciário.

- Não há jurisdição Administrativa.

- Este principio garante o amplo acesso ao Pode Judiciário.

- Principio da Retroatividade da Lei (art. 5° XXXVI)XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

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- Ato Jurídico Perfeito – é o ato jurídico pronto para produzir efeitos. Em relação ao ato jurídico perfeito o STF adota a tese da retroatividade mínima, que quer dizer que a lei não atinge o ato jurídico, mas pode atingir os efeitos do ato jurídico (ADI 493 MA).

- Direito Adquirido – é um direito jurídico já incorporado ao patrimônio jurídico do individuo.

OBS: Não há direito adquirido a regime jurídico. Ex: mudança da 8.112/90 (Estatutário) para CLT (Celetistas).

- Coisa Julgada – é a decisão judicial que não cabe mais recursos, (art. 6° § 3° da LICC).

OBS: A relativização da coisa julgada ocorre quando a decisão se fundamentou em norma declarada inconstitucional pelo STF, é passível de Ação Rescisória e impugnação por Embargos à Execução (art. 485 e 741 CPC), também chamada de Coisa Julgada Inconstitucional.

- Crimes Imprescritíveis – só existem dois. Racismo (art. 5°, XLII) e Ação de grupo armado, civil ou militar contra a ordem constitucional ou Estado Democrático (art. 5°, XLIV).

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;

- Crimes Inafiançáveis – são insucessíveis de graças ou anistia. (art. 5°, XLIII).

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

- Crime de Tortura.

- Tráfico Ilícito de Entorpecentes

- Terrorismo

- Crimes Hediondos (Lei 8.072/90 art. 1°)

Devido Processo Legal (art. 5°, LIV)______________________________________LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

- Processual – é a definição de procedimentos em processos Estatais.

- Material (Substancial) – é o principio da razoabilidade que é a exigência de que os atos Estatais sejam editados com justiça, racionalidade e razoabilidade, inclusive as leis.

- Principio do Juiz Natural – juiz constitucionalmente competente, ninguém será processado nem sentenciado pela autoridade competente.

OBS: Súmula 704 STF

“NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS.”

Principio do Contraditório e da Ampla Defesa (Art. 5°, LV)___________________LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

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- Estas garantias existem tanto no processo judicial como no administrativo.

- Contraditório – é a exigência de ciência os atos pelas partes. Tanto no processo Civil como no Penal é imprescindível o contraditório.

- Ampla Defesa – é a possibilidade ou exigência de Defesa. No Processo Penal é imprescindível a defesa técnica. No Processo Civil é exigida apenas a possibilidade de Defesa.

Ações Constitucionais _________________________________________________

Mandado de Segurança (art. 5°, LXIX)- O mandado de segurança presta-se especialmente para corrigir o ato administrativo defeituoso e a omissão administrativa, embora sirva, por exceção para correção de atos legislativos e judiciários.

- O mandado de segurança é meio constitucional destinado a proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus e habeas data, ameaçado ou vítima de ilegalidade ou abuso de poder praticados por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público.

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público;

Legitimação Ativa – são todas as pessoas físicas ou jurídicas e entidades despersonalizadas reconhecidas por lei. (Ex: Massa Falida e o Espólio). Os Órgãos Superiores (Mesa da Câmara e do Senado) e Agentes Políticos na defesa de suas prerrogativas. O Ministério Público.

Legitimação Passiva – é a autoridade coatora. É uma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica privada no exercício de atribuições no Poder Público.

Competência – é definida pela categoria da autoridade coatora e sua sede funcional.

Cabimento – decorre da ação ou omissão que acarrete lesão ou ameaça a direito liquido e certo.

Direito Liquido e Certo – é aquele que tem prova pré-constituída, porque o Mandado de Segurança não admite inquirição d provas por sua celeridade.

Objetivo

O objetivo do mandado de segurança é a invalidação de atos de autoridade ou a supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar direito líquido e certo.

Direito líquido e certo Entende-se na doutrina como direito líquido e certo aquele proveniente de fato líquido e certo, ou seja, comprovável de plano, com base exclusivamente em prova documental.

Limitações:

O mandado de segurança, seja preventivo ou repressivo, deve ter por objeto ato, ou omissão, operante e exeqüível, nunca podendo recair sobre ato normativo genérico e abstrato (lei em tese). A jurisprudência vem consagrando várias decisões sobre o tema do mandado de segurança, inclusive algumas já sumuladas. São algumas delas:

a) não cabe mandado de segurança contra lei em tese;

b) não há condenação em honorários em mandado de segurança;

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c) não cabem embargos infringentes em processo de mandado de segurança;

d) o mandado de segurança não é substituto de ação de cobrança.

Vedações:

A Lei 1.533/51 determina que não se dará mandado de segurança contra:

a) ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo;

b) despacho ou decisão judicial, havendo previsão de recurso ou viável correição;

c) ato disciplinar, salvo quando praticado por autoridade incompetente ou com a inobservância de formalidade essencial.

Apesar da lei, a tendência em juízo é admitir o mandamus em todas as hipóteses visto que preceito constitucional diz que a lei não poderá excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Sumula (STF) – (LER) – 266, 267, 268, 269, 270, 271, 405, 429, 622, 625, 626, 627, 631, 632.

Espécies de Mandado de Segurança ou Recurso:

- Repressivo: se houver lesão a direito liquido e certo.

- Preventivo: quando houver ameaça a direito liquido e certo, sendo de forma concreta provada por documentos.

- Individual: quando a legitimação é individual e o direito liquido e certo será individual.

- Coletivo: a legitimação é definida no art. 5°, LXX, o direito liquido e certo é da categoria. Pode ser impetrado por:

* Partido Político com representação no Congresso Nacional.

* Organização Sindical ou Associação de Classes constituídas à pelo menos 1 ano (para Associação).

Liminar:

A função da liminar é impedir que uma demora na decisão traga prejuízo irreparável para o impetrante. A liminar sobrevive por 90 dias, prorrogáveis por mais 30.

Sentença:

Julgado procedente o pedido, o juiz transmitirá em ofício a ordem concessiva à autoridade coatora, de modo a que cesse a ilegalidade, em execução imediata ou “in natura”. O não atendimento configura delito de desobediência (art. 330 do CP). É admitida a execução provisória.

Denegada a segurança e cassada a eventual liminar, o efeito liberatório do impetrado também é imediato.

Recursos:

Da sentença cabe apelação apenas no efeito devolutivo. Somente a decisão concessiva da ordem está sujeita ao reexame necessário.

Sucumbência:

No que se refere à sucumbência, predomina o entendimento de que não há honorários advocatícios em mandado de segurança (Súmulas 512 do STF e 105 do STJ). Há decisões que dispensam os honorários, mas impõem as custas.

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Coisa Julgada e a Renovação do Pedido:

A lei indica que a decisão do mandado de segurança não impedirá que o impetrante promova ação própria para pleitear os seus direitos e respectivos efeitos patrimoniais. Neste sentido, o STF emitiu a Súmula 304: decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria. Mas, tem-se interpretado que, se a decisão julga o mérito, declarando que o impetrante não tem qualquer direito, a sentença denegatória irrecorrida fará coisa julgada e impedirá novo julgamento em qualquer tipo de ação, cabendo apenas a rescisória. Em todo caso, é certo que fica assegurado ao impetrante reclamar os efeitos patrimoniais (indenização) pelas vias ordinárias, já que o mandado de segurança não poderia, mesmo, apreciar tais questões. Também é certo que o “writ” pode ser renovado se a decisão denegatória não decidiu sobre o mérito.

Mandado de Segurança ColetivoA Constituição Federal admitiu a possibilidade de partido político com representação no Congresso Nacional ou organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano impetrem o mandado de segurança coletivo na defesa de direitos ou prerrogativas de seus associados ou filiados. A legitimidade ativa será sempre da referida entidade e o mandado presta à defesa da categoria como um todo, ou seja, de todos os seus filiados e não somente de um ou alguns destes.

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Habeas Corpus (Art. 5°, LXVIII).O “habeas corpus” protege o direito de locomoção. Conforme José Afonso da Silva, o habeas corpus tem natureza de ação constitucional, consistindo em um meio de acesso especial ao Poder Judiciário, garantindo a celeridade necessária à defesa contra formas ilegais de constrangimento do direito de locomoção.

O habeas corpus é um remédio constitucional para garantir a liberdade de ir, vir ou permanecer, perturbada por ato ilegal de autoridade.

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

- Legitimação: é universal qualquer pessoa pode impetrar, entidade ou órgão também. Não necessita de capacidade civil nem capacidade postulatória.

- Competência: é definida pela autoridade cotora.

- Cabimento: lesão ou ameaça ao direito de locomoção.

- Jurisprudência:

1° - Cabe Hábeas Corpus para o desentranhamento de prova ilícitas no Processo Penal. No processo Administrativo e Civil não cabe.

2° - Não será cabível Hábeas Corpus para impugnar a pena de crime punido apenas com multa.

3° - O Hábeas Corpus, o Mandado de Segurança e o Hábeas Data são ações infungiveis, isto é, o cabimento de uma delas exclui o cabimento da outra.

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Habeas Corpus Liberatório ou Preventivo:

O habeas corpus pode ser liberatório ou preventivo. É liberatório quando empregado para fazer cessar uma coação ilegal já em curso. É preventivo quando a coação está em fase de ameaça.

O habeas corpus não pode ser impetrado sob a vigência do estado de sítio ou em face de punições disciplinares.

Liminar:

Cabe pedido de liminar, havendo razões suficientes e perigo na demora (“fumus boni juris” e “periculum in mora”).

Gratuidade da Ação:

Para torná-lo acessível a todos, o artigo 5.º, inciso LXXVII, determina a sua gratuidade.

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

- Mandado de Injunção (Art. 5°, LXXI)É remédio ou ação constitucional para fazer valer certos direitos, liberdades ou prerrogativas inviáveis por falta de regulamentação (são dependentes de regulamentação).

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

- Legitimação: qualquer pessoa física ou jurídica que tem impedido o exercício de direito ou liberdade constitucional ou utilização das prerrogativas da nacionalidade, soberania e cidadania, por força de omissão em relação à Constituição Federal.

- Competência: em razão da pessoa “Ratione Persone” que se omite em regulamentar a Constituição Federal. O STF, STJ e TSE (podem impetrar o mandado de Injunção).

Obs: Não é cabível o Mandado de Injunção para questionar regulamentação defeituosa da norma Constitucional.

- A existência de Projeto de Lei não impede a impetração do Mandado de Injunção.

O STF adota a corrente não concretista, identificando o mandado de injunção como se fosse uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

Sentença:

Entendem alguns que a decisão deve limitar-se a comunicar ao legislativo a existência da lacuna, dando ou não prazo para o suprimento da mesma, caso em que se confunde com a ação de inconstitucionalidade por omissão (corrente do STF). Para outros a decisão deve elaborar o regulamento faltante, com eficácia em abstrato para todos em situação similar. A terceira corrente propõe que deve dispor sobre o direito do impetrante, em decisão a ele restrita, independentemente de qualquer regulamentação.

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Mandado de Injunção Coletivo:

O mandado de injunção será remédio coletivo quando impetrado por sindicato (art. 8º, inciso III da Constituição Federal) no interesse de categoria de trabalhadores na hipótese da falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício de seus direitos.

- Hábeas Data (art. 5°, LXXII).- Se alguém tiver algum interesse em saber o que há registrado em seu nome, em qualquer órgão público, poderá requerer que lhe seja informado e caso seja negado, poderá impetrar habeas data. Com o habeas data o órgão público será obrigado a prestar a informação requerida. E, se houver registro errado de dados, pode-se também mandar retificá-los, para que o equívoco não cause prejuízo.

“Habeas data” é o meio constitucional posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe assegurar o conhecimento de registros concernentes ao postulante e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, para retificação de seus dados pessoais.

LXXII - conceder-se-á habeas data :

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

* É uma ação de caráter gratuito.

- Legitimação: Qualquer pessoa física ou jurídica. É uma ação personalíssima, ou seja, apenas o detentor da informação é legitimado para impetrar o Habeas Data.

- Competência: Em razão da pessoa que detém a informação.

- Cabimento: São 3 hipóteses:

- Acesso a informação

- Retificação da Informação

- Anotação nos assentamentos do Impetrante (Lei 9.507/97, art. 8°).

Obs: A informação buscada deve ser particular, isto é, relativa a pessoa do impetrante. Caso seja informação coletiva a ser buscada, o instrumento correto será o Mandado de Segurança.

- A informação deve constar em um banco de dados Público ou de natureza Pública.

- É requisito da Petição inicial no Hábeas Data a demonstração do silêncio da administração Pública ou da negativa da Administração Pública em relação a informação. (art. 8°, § único da Lei 9.507/97).

- Ação Popular (art. 5°, LXXIII).Na ação popular defende-se o interesse de toda a coletividade, tais como:

a) o patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe;

b) a moralidade;

c) o meio ambiente;

d) o patrimônio histórico e cultural.

A ação popular serve para:

a) anular o ato lesivo;

b) promover a responsabilização dos causadores e beneficiários;

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c) promover a restituição de bens ou o ressarcimento de danos em relação às pessoas que, por ação ou omissão, causaram ou deram oportunidade à lesão, bem como em relação aos beneficiários do fato.

Eventuais indenizações ou ressarcimentos, pagos pelos responsáveis, revertem à entidade pública lesada. No caso de lesão ao patrimônio histórico e cultural ou a interesses difusos (pertencentes ao povo, sem titular identificável), a indenização deve reverter aos fundos apropriados criados por lei.

Conceito:

Remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

- Legitimação Ativa: Qualquer pessoa humana detentora de plenos direitos Políticos, ou seja, é o eleitor.

- O maior de 16 anos e menor de 18 anos com alistamento, não precisa de assistência ou representação para ajuizar Ação Popular.

- Pessoa jurídica não tem legitimação para ajuizar Ação Popular. (Súmula 365 STF).

Súmula 365 STF:

“PESSOA JURÍDICA NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR AÇÃO POPULAR”.

- Legitimação Passiva: Qualquer pessoa beneficiada pelo ato; todas as pessoas Públicas ou Privadas que participavam da elaboração do ato e todas as autoridades que participaram da elaboração do ato.

- Competência: É definida pela origem do ato a ser anulado. Ex: (Ato Estadual – Justiça Estadual).

Obs: O foro por prerrogativa de função da autoridade não tem relevância para definir competência da Ação Popular.

- Na ação Popular nunca procure o foro definido por prerrogativa de função, sempre será na 1ª Instância. O Tribunal só irá julgar em fase de recurso.

Direitos Sociais_________________________________________________________- Os direitos sociais visam o bem-estar e o pleno desenvolvimento da personalidade humana, sobretudo na melhoria das condições de vida aos hipossuficientes.

Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Emenda Constitucional n.º 26)

A concretização dos direitos sociais depende muito mais dos poderes Executivo e Legislativo.

O Poder Judiciário pode definir sobre políticas públicas, mas não irrestritamente, de forma absoluta, pode, mas com limites. (IMPORTANTE).

Teoria da Reserva do Possível: é o parâmetro do judiciário na concretização de direitos sociais. Para o judiciário definir políticas públicas é necessário 3 requisitos:

1) Omissão do Poder Legislativo e do Poder Executivo.

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2) Razoabilidade.

3) Possibilidade material da medida. Disponibilidade Orçamentária.

- Verificar a aplicação de recursos para situações mais necessárias, de acordo com o principio da razoabilidade e proporcionalidade.

Ex: Construção de uma Praça ou reforma de uma Escola. O mais razoável seria a reforma da Escola.

O que relativisa a reserva do possível é a dignidade da pessoa humana por um dos seus aspectos fundamentais que é a teoria do mínimo existencial. Segundo essa teoria da dignidade da pessoa humana o Estado deve garantir o mínimo suficiente para a existência digna dos indivíduos.

Para definir Políticas Públicas o Judiciário tem dois parâmetros que é a dignidade da pessoa humana e o mínimo existencial.

O rol dos Direitos Sociais é um rol exemplificativo conforme o art. 6º da CF. Existem outros direitos sociais espalhados pela Constituição.

Cláusula Pétrea dos Direitos Sociais. (Macete para a Prova)

- Na interpretação restritiva da CF os direitos Sociais não são Cláusulas Pétreas.

- Se a interpretação for ampliativa os Direitos Sociais são Cláusulas Pétreas.

Principio do Não retrocesso Histórico – uma vez concretizado os direitos sociais o poder Público não pode retroceder para retirar esses direitos sociais. Este princípio torna aquele direito como Cláusula Pétrea. Ex: A criação de Defensoria no Estado, não pode ser extinta futuramente.

Obs: Não esquecer as características dos Direitos Sociais, ou seja direitos de 2ª Geração.

Nacionalidade_______________________________________________________________

Conceito – é o vinculo jurídico político entre o individuo e o Estado soberano (Nação), cria para o Estado a obrigação de proteger o súdito aonde quer que ele se encontre.

- O indivíduo em face do Estado pode ser “nacional” ou “estrangeiro”. O nacional é o sujeito natural do Estado. O conjunto de nacionais é que constitui o povo. Cidadão é o nacional no gozo dos direitos políticos e participantes da vida do Estado.

Direitos da Nacionalidade:

Os direitos da nacionalidade brasileira estão previstos no art. 12 da Constituição Federal onde se distinguem os nacionais em dois grupos, com conseqüências jurídicas relevantes: os brasileiros natos e os brasileiros naturalizados.

Art. 12 - São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente, ou venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira;

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

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b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Emenda Constitucional de Revisão n.º 3)

Espécies de Nacionalidade:

- Originária ou Primária: é aquela adquirida independentemente de manifestação de vontade, em regra ligada ao nascimento, sob determinados critérios.

- Derivada ou Secundária: é aquela adquirida com manifestação de vontade, em regra por naturalização ou casamento.

Critérios de aquisição da Nacionalidade Brasileira (VAI CAIR NA PROVA)

- Existem basicamente dois critérios para se atribuir a nacionalidade a um indivíduo:

a) jus sanguinis: será nacional todo aquele filho de nacional; Vinculo sanguíneo e parentesco na linha reta.

b) jus solis: será nacional todo aquele nascido em seu território.

Obs: O Brasil adota dos dois critérios, mas o jus sanguinis adota de forma mitigada, condicionada.

Constituição de 1988

- Nacionalidade Originária:

Brasileiro Nato (art. 12, I da CF).

a) Jus Solis – (nascidos na República Federativa do Brasil) + (filhos de estrangeiros que não esteja a serviço de seu País).

b) Jus Sanguinis – (Filho de pai ou mãe Brasileira) + (Nascidos em território estrangeiro) + (A serviço do País).

c) Redação da EC 54/2007 – Jus Sanguinis: (filhos de pai ou mãe Brasileira) + (nascidos em território estrangeiro) + (não esteja a serviço do país):

c-1) Registrados na repartição Brasileira competente (Diplomática ou Consular) no estrangeiro.

c-2) Residência em território Brasileiro + opção a qualquer tempo depois de atingida a maioridade. (Necessidade de 18 anos para escolher). (Nacionalidade Potestativa).

Obs: A opção de nacionalidade será requerida na Justiça Federal de 1ª Instância.

- Nacionalidade Derivada:

Brasileiro Naturalizado (Art. 12, II da CF).

a) Estrangeiro originário de país cuja língua oficial seja o português: precisa de pelo menos 1 ano de residência no Brasil e idoneidade moral. (Mais os requisitos da Lei 6.815/80).

b) Qualquer estrangeiro: precisa de requerimento, residência de pelo menos 15 anos ininterruptos e não condenação criminal. (Mais os requisitos da Lei 6.815/80).

c) Radicação precoce: é quando o estrangeiro estabelecido no Brasil, nos 5 primeiros anos de vida poderá se naturalizar até 2 anos depois de atingir a maioridade. (Art. 115 da Lei 6.815/80).

d) Conclusão de Curso superior no Brasil: o estrangeiro que concluir curso superior no Brasil poderá se naturalizar até 1 ano depois da conclusão do curso. (Art. 116 da Lei 6.815/80).

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Português Equiparado: (Art. 12, § 1º da CF)

- Terão tratamento jurídico igual ao de Brasileiro naturalizado (Condicionados a Reciprocidade).

§ 1.º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Emenda Constitucional de Revisão n.º 3)

Distinção entre o Brasileiro Nato e Naturalizado:

- As diferenças entre o brasileiro nato e o naturalizado são unicamente as descritas na Constituição Federal.

- Só pode ocorrer por normas Constitucionais, isto é, legislação infraconstitucional não poderá estabelecer diferenças entre brasileiro nato e naturalizado. São só 3 hipóteses de tratamento diferenciado:

1) Extradição (art. 5º, LI da CF).

2) Cargos Privativos de Brasileiros natos (art. § 3º da CF).

3) Propriedade de Empresa Jornalística ou de Radiodifusão de som ou imagem. (neste caso deve haver a naturaliza há mais de 10 anos). (Art. 222, CF).

§ 2.º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3.º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

Perda da Nacionalidade (art. 12, § 4º da CF).

- Por cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado

- Tanto Brasileiro nato como naturalizado, pela aquisição de outra nacionalidade.

§ 4.º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. (Emenda Constitucional de Revisão nº 3)

Dupla Nacionalidade:

O entendimento do STF é de que se o indivíduo requereu voluntariamente para si a outra nacionalidade ele perde a condição de brasileiro, mas se ele a recebeu por outrem ele não a perde. Para tanto é necessário ver como a certidão se encontra no consulado.

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Exceções onde não há perda da Nacionalidade Brasileira:

1) Se a Lei estrangeira reconhece a Nacionalidade Brasileira. Ex: Espanha, Itália e outros.

2) Se a naturalização é imposta pela Lei estrangeira para o gozo de direitos civis e políticos.

Direitos Políticos______________________________________________________- São exercidos por meio de direitos de sufrágio que se dividem em:

a) Direitos Políticos Positivos: estes necessitam de:

- da capacidade eleitoral ativa: é aquela alcançada pelo alistamento eleitoral e o voto.

- da capacidade eleitora passiva: são as condições de elegibilidade.

Formas de Exercício de Sufrágio:

1) Pelo voto direto, secreto, universal e periódico.(Democracia Representativa).

2) Por Plebiscito – que é uma consulta prévia ao eleitor.

3) Referendo – é uma consulta posterior ao eleitor.

4) Iniciativa popular de Lei

- Capacidade Eleitoral Ativa

Conforme o art. 14 da Constituição Federal a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e também estabelece instrumentos de participação direta do povo.

Art. 14. - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

Instrumentos da Democracia Semidireta:

Os instrumentos de democracia semidireta são a tentativa de dar mais materialidade ao sistema indireto. São regulados atualmente pela Lei 9.709, de 18/11/1998. A Constituição definiu os seguintes instrumentos:

1) Plebiscito:

No Plebiscito há a manifestação popular, onde o eleitorado decide, ou toma posição, diante de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é feita uma pergunta à qual responde o eleitor.

2) Referendo:

É uma forma de manifestação popular, em que o eleitor aprova ou rejeita uma atitude governamental.

3) Iniciativa Popular:

É o direito de uma parcela da população (um por cento do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem usar deste instrumento em nível estadual e municipal.

Obs: O alistamento eleitoral e o voto pode ser obrigatório ou facultativo.

- Será obrigatório para maiores de 18 anos e menores de 70 anos.

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- Será facultativo para os analfabetos, para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos e para os maiores de 70 anos.

Obs: São inalistáveis:

- os estrangeiros

- e os conscritos durante o serviço militar obrigatório.

- Capacidade Eleitora Passiva

Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser votado, ou seja, além de escolher, poder ser escolhido.

§ 3.º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

Elegibilidade capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchidos certos requisitos.

Macete: A capacidade eleitoral passiva tem correlação direta com a capacidade eleitoral ativa.

- Direitos Políticos Negativos

Inelegibilidade: São hipóteses que afastam os direitos políticos do cidadão, especificamente da possibilidade de se candidatar.

- A inelegibilidade é uma medida destinada a defender a democracia contra possíveis e prováveis abusos. A Constituição Federal enumera os casos de inelegibilidade mas não é exaustiva, a Lei Complementar nº 64/90 traz ainda outras hipóteses.

Classificação das Inelegibilidades:

- Absolutas: por que não podem ser afastadas, só há uma única previsão constitucional e não é possível a previsão em Lei Infraconstitucional. (art. 14, § 4º da CF).

- Analfabetos e Inalistáveis

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- Relativas: são aquelas que podem ser afastadas por renúncia ou desincompatibilização.

a) Reeleição para o 3º Pleito elegível no mesmo cargo (art. 14, § 5º da CF).

b) Inelegibilidade Funcional (art. 14, § 6º da CF).

c) Inelegibilidade reflexa – por que não atinge o detentor do mandato eletivo, mas o conjugue ou parente consangüíneo ou afim até o 2º grau.

Reeleição:

A Emenda Constitucional n° 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a recondução por um período somente, no Brasil, após o período de um mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.

§ 5.º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente . (Emenda Constitucional n° 16)

Eleição para Outro Cargo:

§ 6.º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Inelegibilidade para Evitar Abuso de Poder:

A inelegibilidade para evitar abuso de poder se constitui em que certos ocupantes de certas posições, e seus parentes mais próximos, disputem eleições, para com isso evitar o uso indevido do prestígio e dos poderes do cargo, ou decorrentes do exercício de alta função, para obtenção dos votos para o próprio ou para pessoas cujo parentesco as faz bem próximas do mesmo. São inelegibilidades de caráter temporário. Nesta espécie de inelegibilidade, enquadram-se os que, no círculo sujeito ao titular do cargo, do cônjuge e dos parentes consangüíneos ou afins até o segundo grau, ou por adoção, do Presidente da República, do Governador do Estado ou Território, do Distrito Federal, do Prefeito

§ 7.º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

O Militar:

Com a Constituição de 1988, apenas os conscritos continuam sem o voto e a elegibilidade.Hoje o militar alistável é elegível. Se contar mais de dez anos de serviço deverá ser agregado pela autoridade e, se eleito, passa para a inatividade. No caso de contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade.

§ 8.º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Lei das Inelegibilidades:

A Constituição não menciona exaustivamente as hipóteses, apenas fixa algumas deixando à lei complementar o desdobramento dos casos de inelegibilidade. As hipóteses a serem previstas pela lei complementar relacionam-se à proteção da “normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou abuso do exercício de função, cargo, ou emprego na administração direta ou indireta”, devendo, outrossim, fixar os prazos de cessação das inelegibilidades.

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§ 9.º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

Impugnação do Mandato Eletivo:

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Partido Político:

- É pessoa jurídica de direito privado.

- Passam a ter personalidade jurídica por meio de registro do Estatuto no cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. A CF exige a inscrição deste Registro dos Estatutos no TSE, possibilitando o controle pela justiça eleitoral e o recebimento do direito do fundo partidário.

- Os Princípios que seguem os Partidos Políticos são os que estão elencados nos incisos I a IV.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.

§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.

§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

Organização do Estado_________________________________________________

Forma de Governo:

- Monarquia – adotada pela Inglaterra.

- República – é a adotada pelo Brasil.

* Características da República:

3.5 - Alternância de Poder

3.6 - Transferência do Poder periodicamente, no Brasil por meio do Voto.

3.7 - Responsabilidade dos Governantes. (Prestação de Contas, Probidade Administrativa art. 37, § 4º CF, Crimes de Responsabilidade art. 85).

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3.8 - Isonomia

3.9 - Impessoalidade (Proibido tratamento privilegiado. Ex: Nepotismo).

Obs: A exceção ao Regime Republicano só poderá ser admitida os que estão elencados na CF, nem a constituição Estadual poderão estabelecer exceções ao Regime Republicano. Ex: Foro por Prerrogativa de função, Imunidades.

Regime de Governo:

- Presidencialismo – o chefe de governo é o presidente.

- Parlamentarismo – o chefe de governo é o parlamento chefiado pelo 1º Ministro.

Forma de Estado:

- Estado Unitário – Poder Político centralizado.

- Federação – adotada pelo Brasil.

* Características da Federação:

a) Poder Político descentralizado.

b) Autonomia dos entes Federativos. (Esta autonomia é a auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação).

* Esta autonomia só será possível se o ente federado tiver receita própria.

c) Soberania concentrada no ente Federativo central (UNIÃO).

d) Proibição do direito de Secessão que é o direito de separação de um ente federado. (decorre da indissolubilidade do Pacto Federativo).

e) Constituição Rígida como base jurídica.

f) Existência de um órgão guardião da Constituição (STF).

g) Existência de um órgão de representação dos entes federativos. (SENADO).

Reorganização Federal: dá-se em 3 âmbitos da Federação Brasileira:

- Território: para a criação de território, transformação em Estado ou reintegração ao Estado, só precisa de uma lei complementar Federal.

- Estados: incorporação, subdivisão, desmembramento ou formação de novos Estados, necessita de plebiscito as populações diretamente interessadas e Lei Complementar Federal.

- Municípios: é a criação, incorporação, fusão e desmembramento, precisa de plebiscito aos municípios envolvidos, estudo de viabilidade municipal, Lei Complementar Federal que defina a periodicidade da reorganização em relação aos municípios e Lei Estadual.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

§ 1º - Brasília é a Capital Federal.

§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às

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populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

II - recusar fé aos documentos públicos;

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Composição da Federação Brasileira:

- União:

- Estados e Distrito Federal:

- Municípios:

* A nossa federação é suigeneres, considerada de 3º grau, pois temos 3 âmbitos de competências federativas, sendo a União, os Estados e DF e os Municípios.

* Em regra os Municípios não fazem parte de federação, mas no Brasil o município faz parte da Federação e com autonomia.

* Em regra o Distrito Federal também na faz parte do ente federado, mas no Brasil faz e possui competência legislativa.

Repartição de Competências (art. 21 à 24 da CF):

- Competência Administrativa ou material:

- Competências exclusivas da União (art. 21).

- Competência comum: União, Estados, DF e Municípios. (art. 23)

- Competências Enumeradas (União e Municípios) e residuais (Estados):

Obs: Existe uma competência material enumerada dos Estados: Exploração direta ou indireta dos serviços locais de gás canalizado (Vedada edição de Medida Provisória, art. 25, § 2º da CF).

Obs: A competência enumerada dos Municípios é traduzida pela cláusula “Interesse Local” art. 30, I da CF.

Súmula 645 do STF – “é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.”

Obs: O DF e os Municípios têm competência para legislar sobre tempo razoável de espera em fila de cartórios e bancos. (RE 397094 STF).

Obs: Os municípios são competentes para legislar sob questões que respeite a edificações ou construções realizadas em seu território. (AI 491420 STF).

Obs: Não é competência do Município legislar sobre distância mínima entre estabelecimentos comerciais, pois tal matéria é parte da livre concorrência que não é assunto de interesse local. (RE 203909 STF).

Obs: O DF tem as competências dos Estados e dos Municípios, Art. 32, § 1º da CF.

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

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II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;

VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;

XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e televisão;

XVII - conceder anistia;

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;

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b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

II - desapropriação;

III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V - serviço postal;

VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII - comércio exterior e interestadual;

IX - diretrizes da política nacional de transportes;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI - trânsito e transporte;

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

XIV - populações indígenas;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes;

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX - sistemas de consórcios e sorteios;

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII - seguridade social;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

XXV - registros públicos;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;

XXIX - propaganda comercial.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

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Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual;

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

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§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Competências Legislativas:

- Competência Privativa da União (art. 22, parágrafo único da CF): caracteriza-se pela possibilidade de delegação sobre pontos específicos.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

- Competência Concorrente (art. 24 da CF): é da União dos Estados e do Distrito Federal. A competência da União no âmbito da competência concorrente é para legislar sobre normas gerais (art. 24, § 1º). São normas que trazem princípios e diretrizes gerais sobre determinada matéria.

- Os Estados tem competência para suplementar a Lei Federal (art. 24, § 2º). Não havendo Lei Federal sobre normas gerais, ai a competência do Estado será Plena (art. 24, § 3º).

- Superveniência da Lei Federal em relação a Lei Estadual – suspende-se a Lei Estadual naquilo que for contrário, incompatível a Lei Federal, a Lei Estadual não será revogada, apenas ficará suspensa (art. 24, § 4º).

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Obs: A exemplo da competência Administrativa a Legislativa pode ser classificada em enumerada (da União e dos Municípios) e residual (do Estados).

Obs: Em matéria Tributária as competências enumeradas são dos Estados e Municípios e a residual da União. (art. 154 da CF).

Obs: Embora não participe do Condomínio Legislativo a Constituição estabelece que os Municípios tem competência para suplementar a legislação Federal e a Estadual “no que couber”(art. 30, II da CF).

Obs: “No que couber” é igual a “interesse local”.

Obs: O Distrito Federal tem as competências legislativas dos Estados e dos Municípios (art. 32, § 1º, CF).

Obs: Existem duas competências legislativas dos Estados enumeradas, é a Lei Complementar para instituir região metropolitana ou gonglomerado urbano (art. 25, § 3º) e a organização do Poder Judiciário locais (art. 125 CF).

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Estado – Autonomia: Poder Constituinte Derivado Concorrente – é o poder que o Estado tem para criar sua própria Constituição que estará vinculada a CF, devendo repetir alguns dispositivos estruturantes da CF. Entre eles:

- Os Princípios Constitucionais Sensíveis que são aqueles elencados no (art. 34, VII da CF).

- Os Princípios Constitucionais Estabelecidos, que são normas de organização e estrutura do Estado de repetição obrigatória nos Estados Federados. Ex: art. 37 da CF.

- Os Princípios Constitucionais Extensíveis: são princípios fundamentais da CF de repetição obrigatória dos Estados Federados. Ex: Principio da Separação dos Poderes.

OBS: todos esses princípios decorrem do Principio da Simetria Constitucional, ou seja, aquilo que é estabelecido para o ente central pode ser repetido, simetricamente, nos entes federativos descentralizados.

OBS: A jurisprudência já definiu que são de repetição obrigatória nos Estados: a separação de poderes, os direitos e garantias fundamentais, o processo legislativo e o principio republicano.

OBS: As regras sobre eleição e ocupação nos cargos eletivos do poder Executivo e Legislativo Estaduais guardam simetria com as normas no âmbito Federal, por expressa disposição constitucional nos (art. 27 e 28 CF).

OBS: Art. 27, § 1º da CF – Aplica-se aos Deputados Estaduais as regras da CF sobre: Sistema Eleitoral, Inviolabilidade, Imunidades, Remuneração, Perda de Mandato, Licença, Impedimentos e Incorporação as Forças Armadas.

Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

OBS: Em relação aos Municípios:

1) As regras para ocupação de cargos eletivos nos Poderes Executivos e Legislativos Municipais são simétricas às regras Federais, todavia A REGRA DO 2º TURNO SÓ OCORRE NOS MUNICIPIOS COM MAIS DE 200 MIL ELEITORES. (ART. 29, II CF).

2) As inviolabilidades dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos só são garantidas no exercício do mandato E NA CIRCUNSCRIÇRIÇÃO DO MUNICIPIO. (art. 29, VIII CF).

3) O Prefeito tem foro por prerrogativa de função nas infrações penais comuns no Tribunal de Justiça.

3.1) Caso o crime cometido pelo Prefeito seja da competência da Justiça Federal este será julgado no TRF.

3.2) Nos crimes de Responsabilidade o Prefeito é julgado na Câmara Municipal.

Intervenção Federal_____________________________________________________Conceito: é a providência mais grave dentro de um sistema Federativo, pois suspende a autonomia do ente federativo temporariamente, em uma Federação a regra é a não intervenção, o que impõe interpretação restritiva dos dispositivos sobre Intervenção Federal.

Requisitos:

1) Competência – no sistema brasileiro a intervenção ocorre sempre do ente Federativo mais amplo no ente Federativo menos amplo, ou seja, a intervenção será da União nos Estados e dos Estados nos Municípios, o contrário nunca poderá ocorrer.

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Obs: Existe 01 hipótese de intervenção da União nos Municípios, que é quando os Municípios se localizarem em territórios Federais, conforme o (art. 35 da CF).

2) Configuração das Hipóteses excepcionais taxativamente enumeradas nos (art. 34 e 35 da CF).

3) Edição do Ato Político de Intervenção, privativo do Chefe do Poder Executivo e é um Decreto chamado Interventivo.

Espécies:

1) Espontânea: independe de provocação de outro órgão, o chefe do Executivo decreta espontaneamente.

Hipóteses de intervenção da União nos Estados:

a) Manter a integridade Nacional (art. 34, I).

b) Manter a Unidade Nacional (art. 34, II).

c) Manter a Ordem Pública (art. 34, III).

d) Reorganizar as finanças das unidades Federativas (art. 34, V).

2) Provocada: Há provocação por outro órgão. Pode ser por:

- Solicitação (O Presidente da Republica não é obrigado a decretar a intervenção).

Hipótese: (art. 34, IV) – quando o poder impedido ou coacto for o Executivo ou o Legislativo Estaduais (art. 36, I, primeira parte). Quem tem competência para solicitar é o Poder Executivo ou o Legislativo impedido ou coacto.

- Requisição: O presidente da República é obrigado a decretar a intervenção.

Hipóteses:

1) Art, 34, IV – quando o poder impedido ou coacto for o Poder Judiciário. Nesse caso há requisição do STF (art. 36, I, segunda parte).

2) Art. 34, VI, segunda parte – Descumprimento de Ordem ou Decisão Judicial. Nesse caso haverá requisição do STF, do STJ ou do TSE.

Obs: Nessa hipótese o cumprimento, ainda que tardio da Ordem ou Decisão Judicial põem fim ao processo de Intervenção Federal.

3) Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva: é uma representação do Procurador Geral da República ao STF, quando estiverem configuradas as hipóteses do (Art. 34, VI, primeira Parte, Execução de Lei Federal) ou (Art. 34, VII, Princípios Constitucionais Sensíveis).

Obs: O Decreto Interventivo especificará a amplitude, o prazo e as condições da intervenção. Poderá também nomear interventor (art. 36, § 1º)

Obs: O Decreto Interventivo será submetido a apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas, se for nos Estado a apreciação será da Câmara Legislativa (Art. 36, § 1º)

Obs: Caso o Congresso esteja em recesso haverá convocação extraordinária pelo Presidente do Senado no mesmo prazo de 24 horas (art. 36, § 2º)

Obs: A autoridade afastada durante a Intervenção Federal retornará ao cargo cessados os motivos da intervenção (art. 36, § 4º).

Obs: Nas hipóteses do art. 34, VI e VII e art. 35, IV – é dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou Assembléia Legislativa. Nessas mesmas hipóteses o Decreto Interventivo se limitará a suspender a execução do ato impugnado se a medida bastar para o restabelecimento da normalidade. (Art. 36, § 3º).

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Separação dos Poderes___________________________________________________Visão Clássica: a separação de poderes era estática, ou seja, um poder não poderia exercer a função de outro poder.

Visão Moderna: entendimento atual da separação de poderes: A separação é de funções, pois o poder do Estado é indivisível. Dentro dessa visão existe a divisão orgânica de funções, limitada pelo mecanismo de freios e contrapesos, nessa visão também os 3 poderes tem funções típicas e atípicas, definidas n texto constitucional.

Legislativo:

Função Típica: Legislativa e fiscalização e controle.

Função Atípica: Ex: Julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade pelo Senado (Art. 52, I da CF).

Executivo:

Função Típica: Administrativa e Governo.

Função Atípica: Ex: Medida Provisória (Art. 62 da CF), função Legislativa.

Judiciário:

Função Típica: Jurisdicional (Julgar os conflitos de interesses).

Função Atípica: Ex: Férias, Licença e Aposentadoria de Juiz (Função Administrativa) Regimento Interno (Função Legislativa e Administrativa).

Poder Legislativo

- O sistema do poder legislativo é caracterizado pelo sistema bicameral federativo, sendo composto pela Câmara e Senado.

- Na democracia representativa, tradicionalmente o Legislativo é confiado a órgãos coletivos que devem representar o povo e por ele decidir em questões capitais. Elemento significativo na morfologia do parlamento é o número de casas que o compõem. Os parlamentos contemporâneos são geralmente unicamerais, quando são compostos por uma só câmara ou casa legislativa de âmbito nacional ou bicamerais, quando existem duas casas ou câmaras, genericamente chamadas de câmara alta e câmara baixa. O sistema bicameral é até agora o mais comum, se bem que, depois da última guerra, em vários países como Nova Zelândia, Dinamarca e Suécia, se introduziu o unicameralismo.

Unicameralismo Bicameralismo

Unicidade da Câmara Legislativa, sendo princípio adotado por poucos Estados, geralmente de dimensões territorial e pessoal exíguas. Adotam o unicameralismo Portugal, Suécia, Luxemburgo, Liechtenstein, Guatemala e Costa Rica dentre outros.

A regra comum é o bicameralismo, isto é, a existência de duas Câmaras que, em pé de igualdade ou não, participam do desempenho das tarefas ordinariamente confiadas ao Legislativo. A existência do bicameralismo pressupõe a existência de duas Casas Legislativas, chamadas na doutrina de Câmara Baixa e Câmara Alta. A primeira, Câmara Baixa, em geral é composta por representantes do povo eleitos pelo voto direto.

Congresso Nacional_____________________________________________________

Composição do Congresso Nacional:A Constituição Federal adota o sistema bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Art. 44 - O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

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Parágrafo único - Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Legislatura: período de tempo decorrido desde que se instala a Assembléia Legislativa até a expiração dos seus poderes.

Competências:

(Art. 48 da CF) Competências Legislativas que dependem de sanção do Presidente da República. (DECORAR)

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII - concessão de anistia;

IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal;

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;

XII - telecomunicações e radiodifusão;

XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

Competência Exclusiva do Congresso Nacional (Art. 49 da CF) - não depende de sanção do Presidente.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

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VI - mudar temporariamente sua sede;

VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 

VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

OBS: O verbo autorizar aparece 3 vezes no artigo 49 da CF, significa que é competência exclusiva do Congresso Nacional.

Câmara dos Deputados__________________________________________________A Câmara dos deputados destina-se a representar o povo. Seus membros são eleitos pelo sistema proporcional e gozam de mandato de quatro anos.

Art. 45 - A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

Sistema proporcional: sistema eleitoral que assegura aos partidos uma representação no parlamento correspondente a sua votação..

Deputados Federais: é eleito para mandato de 4 anos. Sendo proporcional a população de cada Estado, não podendo ser menos que 8 nem mais que 70 deputados. Deveria ter mais 4 deputados por Território Federal, mas como não existe território não possui deputados.

Eleição pelo principio proporcional: o candidato eleito é aquele cujo partido ou coligação atingiu coeficiente eleitoral.

Coeficiente Eleitoral – é obtido por uma equação cujo resultado é o numero de cadeiras que cada partido ou coligação ocupará no parlamento.

No Brasil adota-se o bicameralismo, sendo a Câmara dos Deputados a câmara baixa e o Senado Federal a câmara alta. O critério para a sua composição do Senado Federal é misto: há o critério federalista (representação dos estados) e o conservador (idade mínima de 35 anos). A Câmara Baixa é a Câmara dos Deputados.

Competências:

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Exclusiva (Art. 51) – Não depende de sanção do Presidente da República.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, POR DOIS TERÇOS de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Senado Federal_________________________________________________________O Senado brasileiro é uma Câmara componente do Congresso Nacional, de caráter federal e características conservadoras. Cumpre, estruturalmente, o papel de representar na gestão do interesse nacional os Estados-Membros da Federação. É composto pelos senadores, que são eleitos pelo povo, por voto direto e secreto, pelo sistema majoritário em um único turno.

Sistema majoritário: sistema eleitoral que considera eleito aquele candidato que obtiver o maior número de voto.

Art. 46 - O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.

§ 1.º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.

§ 2.º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.

§ 3.º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art. 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Senadores: eleitos para o mandato de 8 anos. Todavia a composição do Senado se altera por 1/3 e 2/3 alternadamente de 4 em 4 anos (art. 46, § 1º). O numero de Senadores é de 3 por Estado Membro mais o Distrito Federal. O Território não tem Senador por não ser parte da Federação.

Eleição pelo Principio Majoritário: significa que o candidato eleito é aquele que obtém o maior numero de votos validos.

Competências:

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

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b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do banco central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Imunidades Parlamentares_______________________________________________São prerrogativas, em face do direito comum, outorgada pela Constituição Federal aos membros do Congresso, para que estes possam ter um bom desempenho de suas funções. As imunidades podem ser materiais ou formais:

a) imunidade material: é uma subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos;

b) imunidade formal: é garantia do parlamentar de impossibilitar de ser ou permanecer preso, ou ainda, a possibilidade de sustação do andamento da ação penal por crimes praticados após a diplomação.

Materiais – é a inviolabilidade dos deputados e senadores por suas opiniões, palavras e votos, civil e penal (Art. 53 da CF).

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- Segundo o STF para que haja a inviolabilidade, deve haver relação causal entre a opinião, palavra e voto e o exercício do mandato da função de Parlamentar. Por isso é irrelevante o lugar para a imunidade material. A imunidade é do Cargo e não da Pessoa.

- Esta mesma regra serve tanto para os Senadores quanto para os Deputados.

Formal – está relacionada ao processo contra o Deputado e Senador, possuindo 2 aspectos:

1) Prisão – os deputados e Senadores não podem ser presos, salvo sentença judicial transitada em julgado de crime punido com detenção ou reclusão e por flagrante de crime inafiançável.

2) Processual – não é necessário autorização para processar Deputados e Senadores, mas a casa respectiva poderá por provocação de Partido Político, depois de recebida a denuncia pelo STF, suspender as Ações Penais, suspendendo assim o prazo prescricional.

OBS: As imunidades só são asseguradas durante o exercício do mandato parlamentar.

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.

§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.

§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.

As Comissões Parlamentares de InquéritoNoções Iniciais:

- Segundo Pinto Ferreira, comissão de inquérito é a comissão nomeada por uma Casa Legislativa composta por membros desta, e que agem em seu nome para realizar um inquérito ou investigação sobre determinado objeto. Este objeto pode ser um determinado fato ou conjunto de fatos alusivos a acontecimentos políticos, a abusos ou ilegalidades da administração, a questões financeiras, agrícolas, industriais, etc., a tudo que interesse à boa atividade do Parlamento.

- São comissões temporária com poderes de autoridade Judiciais para apuração de fato determinado por prazo certo.

Requisitos para Instalação (Art. 58, § 3º da CF):

- Aprovação por 1/3 da Câmara ou do Senado, ou das duas Casas.

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- Apuração de Fatos determinados. O STF admite apuração pela CPI de outros fatos que sejam apurados durante o inquérito.

- Prazo certo.

- As conclusões das CPIs devem ser enviadas para o Ministério Público e este adotará as providências que entender cabíveis.

Legislação:

Constituição Federal, art. 58, § 3º.

A legislação infraconstitucional que regula os procedimentos a serem seguidos pelas CPI’s é constituída basicamente das seguintes normas:

a) Lei n.º 1.579, de 18 de março de 1952;

b) regimentos internos das Casas Legislativas respectivas;

c) Códigos Processuais Civil e Penal e leis que tratam da quebra do sigilo telefônico, sigilo bancário, e outras correlatas.

§ 3.º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Origem:

Tem origem na Inglaterra, passando a ser adotada posteriormente em outros países. Foi introduzida no Brasil na Constituição de 1934.

Instauração:

Para a instauração de uma CPI deve haver um requerimento constando, no mínimo, um terço das assinaturas dos membros da Casa Legislativa.

Prazo:

O prazo da CPI deve ser certo e deve se encerrar ao fim da sessão legislativa, podendo ser prorrogado dentro da legislatura em curso, desde que com a aprovação da respectiva Casa Legislativa.

Fato Determinado:

É o evento ou acontecimento que tem conseqüência real no mundo jurídico. Deve ser especificado no requerimento de sua constituição.

Poderes de Investigação:

A CPI tem os mesmos poderes de investigação das autoridades judiciais. Tem elas função somente de apurar os fatos, a partir da investigação e obtenção de provas. Após concluída a investigação, a CPI, se for o caso encaminhará suas conclusões ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Não existe na CPI o princípio do contraditório. A CPI tem poderes para requerer a convocação de autoridades federais, estaduais ou municipais para prestar depoimento e podem também requerer a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico. Por outro lado não podem decretar a indisponibilidade de bens e a prisão dos investigados.

Poderes de Investigação Próprios das Autoridades Judiciais.

Para Alexandre de Moraes o texto foi extremamente lacônico e impreciso, uma vez que no ordenamento jurídico brasileiro inexiste, em regra, o juiz investigador, tarefa essa deixada

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institucionalmente a cargo das polícias.

Testemunhas.

A testemunha quando convocada por uma CPI deverá narrar somente aquilo que sabe ou presenciou, sendo-lhe vedada dar opiniões, emitir pareceres. A testemunha, se regularmente intimada não vier a comparecer sem motivo justificado, o seu presidente deverá requisitar da autoridade judiciária competente da localidade onde se encontre para obrigar o comparecimento.

Processo Legislativo_____________________________________________________

Lei Complementar:

- Leis complementares são aquelas especificadas pela Constituição para tratar de determinadas matérias que a elas são exclusivas, por isso não podem ser modificadas pelas leis em geral. Para a sua aprovação é necessário a maioria absoluta dos votos dos membros das duas casas do Congresso Nacional.

A rigor, a lei complementar só difere da ordinária em dois pontos:a) só cuida das matérias que a Constituição expressamente lhe reserva;b) exigência de quorum qualificado (maioria absoluta dos membros do órgão legislativo para

ser aprovada).No mais, segue o mesmo caminho da lei ordinária, e, portanto, está sujeita à sanção presidencial.

- Quorum – Maioria Absoluta (Primeiro numero inteiro maior que a metade dos membros da casa legislativa).

- Matéria - Está taxativamente expresso na CF, só será considerada matéria de LC se estiver a expressão Lei Complementar.

Lei Ordinária:

- São as leis comuns. A lei ordinária é destinada a tratar de todas as matérias, com exceção das reservadas à lei complementar e das matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal veiculadas por decreto legislativo ou resolução. Por outro lado, existem matérias que só a lei ordinária pode tratar, excluindo, assim, todas as demais espécies normativas. São as matérias elencadas nos incisos do § 1.° do art. 68. Na sua elaboração, a lei ordinária passa pelas seguintes fases: iniciativa, aprovação, sanção ou veto e promulgação*.

* Poder-se-ia acrescentar a tais fases a publicação oficial da lei (art. 84, IV da Constituição Federal e Lei de Introdução do Código Civil), mas o fato é que a lei passa a existir com a própria promulgação (do latim promulgare), independentemente da publicação oficial, que apenas torna obrigatória a lei já existente.

- Quorum – a regra é de maioria simples (art. 45 da CF) – que é a maioria dos presentes com a presença da maioria absoluta.

- Matéria – é a matéria residual, tudo aquilo que não for objeto de atos normativos será de competência da Lei Ordinária.

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OBS: Só existem duas diferenças entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária que diz respeito ao quorum e a matéria.

OBS: Não há hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária.

OBS: Segundo o STF a Lei Ordinária poderá revogar a Lei Complementar se a matéria que esta tratar for sobre a mesma matéria da Lei Complementar.

Tramitação:

- As tramitações da Lei Complementar e da Lei Ordinária são idênticas.

1) Fase Iniciadora: é quando se tem a iniciativa dos projetos de lei. A iniciativa de lei é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo. Segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho, a iniciativa não é uma fase do processo legislativo, mas um ato que irá desencadeá-lo.

- Porem será necessariamente a câmara nos projetos de iniciativa do Presidente da República, do STF, dos Tribunais Superiores e a iniciativa popular de Lei (Art. 61, § 2º e 64 da CF)

2) Fase de Aprovação: A fase de aprovação consiste nos estudos, debates, redações, emendas e votação do projeto. A aprovação final dá-se pela maioria relativa. Os projetos são sempre examinados e discutidos pelas duas Casas, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, que juntos compõem o Congresso Nacional. O projeto aprovado por uma Casa é revisto pela outra, voltando novamente à origem, se a segunda Casa fizer emendas. A discussão e votação de certos projetos, como os enviados pelo Presidente da República, devem começar pela Câmara dos Deputados.

- Em regra será feita em 01 (um) turno só.

- Quando houver a rejeição da matéria o projeto de lei será arquivado, não podendo retornar na mesma Sessão Legislativa (art. 67 da CF). Poderá voltar apenas no caso de pedido mediante maioria absoluta de qualquer uma das casas do Congresso Nacional.

- Prazo: Não há prazo para a aprovação ou rejeição do projeto de lei, mas o Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. Não havendo apreciação dentro de certo prazo, serão as proposições incluídas a ordem do dia, com preferência para a votação.

3) Fase de Sanção: Aprovado o projeto, este segue para o Presidente da República que o sancionará ou o vetará. A sanção é o ato pelo qual o chefe do Executivo manifesta sua concordância com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. A sanção pode ser expressa ou tácita. Será tácita quando não houver manifestação no prazo de 15 dias, contados do recebimento do projeto.

4) Fase do Veto: O veto é o ato pelo qual o chefe do Executivo manifesta sua discordância para com o projeto. Pode o veto ser total ou parcial. Deve ser sempre expresso, pois não há veto tácito. O veto pode ser derrubado pelo Congresso, em sessão conjunta, pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.

- O veto poderá ser jurídico quando o Presidente da República veta o projeto por motivo de Inconstitucionalidade.

OBS: O veto será sempre motivado.

- O veto pode ser total (todo projeto é vetado) ou parcial (apenas parte do projeto é vetado) o veto parcial deve ser, necessariamente, de texto integral, de artigo, parágrafo, inciso ou alínea. (art. 66, § 1º CF).

5) Fase da Promulgação: A promulgação decorre da sanção e tem o significado de proclamação. Sanção e promulgação se dão ao mesmo tempo, com a assinatura do Presidente da República. Conforme José Afonso da Silva decorrem dois efeitos da promulgação:

a) torna conhecidos os fatos e atos geradores de lei;

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b) indica, até que os tribunais se pronunciem em contrário, que a lei é válida, executável e obrigatória.

Medida Provisória______________________________________________________

Noções Iniciais:

A medida provisória substituiu o antigo decreto-lei, regido pelo artigo 55 da Emenda n.º 1/69. Ela é um típico ato normativo primário e geral. Edita-o o Presidente no exercício de uma competência constitucional e independente de qualquer delegação. A medida provisória estabelece norma que vige provisoriamente. Ela somente se aperfeiçoa se convertida em lei pelo Congresso Nacional.

A Emenda Constitucional n.º 32 promulgada em 11.09.2001, prevendo as regras de processo legislativo, teve como finalidade diminuir a excessiva discricionariedade na edição de medidas provisórias, prevendo uma série de limitações materiais, bem como a impossibilidade de reedições sucessivas.

As Medidas Provisórias são de competência do Presidente da República, mas o caráter de urgência e necessidade sofre um controle pelo Poder Legislativo conforme o (art. 62, § 5º da CF), também estará sujeito ao controle do Poder Judiciário, onde analisará os pressuposto de forma objetiva. Se estiver pendente sobre aspectos subjetivos o Judiciário não poderá apreciar.

A Medida Provisória tem um prazo de eficácia que será mais de 120 dias, conforme (art. 62, §§ 3º, 4º e 6º da CF).

O prazo de Apreciação da Medida Provisória é de 45 dias, este que irá trancar as pautas do Poder Legislativo (Câmara e Senado), terá prioridade sobre todas as outras matérias.

Uma Medida Provisória será sempre convertida em uma Lei Ordinária, nunca podendo ser convertida em Lei Complementar.

Apreciação da Medida Provisória:

Após a apreciação da medida provisória pelo Congresso Nacional, poderão ocorrer as seguintes hipóteses:

1) Aprovação da medida provisória no seu texto integral: aprovada a medida provisória será convertida em lei, devendo o Presidente do Senado promulgá-la, remetendo ao Presidente da República, que publicará a lei de conversão.

2) Aprovação da medida provisória com alterações: existindo emendas ao texto original da medida provisória, desde que não versem sobre matéria estranha à deliberada pelo texto da medida provisória poderá ser aprovada transformando-a em projeto de lei de conversão, que será remetido ao Presidente da República, para que sancione ou vete. Uma vez sancionado, o próprio Presidente da República o promulgará e determinará sua publicação.

3) Rejeição expressa da medida provisória: se rejeitada expressamente pelo Legislativo, a medida provisória perderá seus efeitos retroativamente, cabendo ao Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes, no prazo de 60 dias.

Não poderá o Presidente da República editar nova medida provisória cujo texto reproduza, em suas linhas fundamentais, os aspectos essenciais da medida provisória que tenha sido objeto de expressa rejeição parlamentar.

4) Rejeição tácita da medida provisória: se o Legislativo não analisar a medida provisória no prazo constitucional de 60 dias não acarreta sua aprovação por decurso de prazo, mas sim a sua rejeição tácita. A

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rejeição tácita da medida provisória permite a prorrogação de sua vigência pelo prazo de 60 dias. Se após este prazo o Congresso Nacional ainda não apreciar a medida provisória, a rejeição tácita se tornará definitiva. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada tacitamente.

Limitações Materiais:

§ 1.º - É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3.º;

II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República

§ 2º - Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

Prazo de Vigência:

Quando editada, a medida provisória permanecerá em vigor pelo prazo de 60 dias e será submetida, imediatamente, ao Poder Legislativo, para apreciação. O prazo será contado da publicação da medida provisória, porém ficará suspenso durante os períodos de recesso do Congresso Nacional, desta forma, a medida provisória poderá, excepcionalmente, exceder este período de 60 dias. Este prazo de 60 dias também poderá ser prorrogado por uma vez por igual período.

§ 3º - As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.

§ 4º - O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

§ 5º - A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.

Regime de Urgência:

Se a medida provisória não tiver sido apreciada em até 45 dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, isto significa que todas as demais deliberações da Casa Legislativa que estiver analisando a medida provisória ficam sobrestadas, até que seja concluída a votação.

§ 6º - Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.

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§ 7º - Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.

§ 8º - As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

§ 9º - Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.

§ 10 - É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

§ 11 - Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

§ 12 – Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.)

Tramitação da Medida Provisória

- Ou a medida Provisória perde a eficácia ou ela é rejeitada ou é convertida em Lei.

- Na Perda da Eficácia ou a Rejeição: (Art. 62, § 11 da CF).

* Na perda da Eficácia ou na Rejeição da Medida Provisória, o Congresso Nacional deverá editar um decreto Legislativo para regulamentar as relações constituídas durante a eficácia da Medida Provisória no prazo de 60 dias.

* Se o Congresso Nacional não edita o decreto legislativo as relações ficam regidas pela própria Medida Provisória.

A Conversão da Medida Provisória em Lei Ordinária pode se dar de duas formas:

1) Com alteração da Medida Provisória, nesse caso estará sujeita a sanção ou veto do Presidente da Republica (Art. 62, § 12 da CF).

2) Sem alteração da Medida Provisória, nesse caso não estará sujeita a sanção ou veto do Presidente da República.

Obs-1: Caso a Medida Provisória seja convertida em lei com alterações e ela for objeto de Ação Direta de Constitucionalidade no STF a ação perderá o objeto.

Obs-2: A conversão em Lei da Medida Provisória não corrige vícios formais de inconstitucionalidade. (Informativo 484 do STF).

Obs-3: A conversão da Medida Provisória em lei sem alterações não prejudica a Ação Direta de Constitucionalidade da qual ela for objeto.

Obs-4: A Medida Provisória se sujeita a regra da irrepetibilidade na mesma sessão Legislativa. (Art. 62, § 10 da CF).

Obs-5: Medida Provisória pendente de apreciação pelo Congresso Nacional, poderá o Presidente da República editar uma nova Medida Provisória para revogar aquela que está trancando a pauta do Congresso Nacional, onde esta ficará suspensa para ser apreciada posteriormente, até que o Congresso Nacional delibere sobre a segunda Medida Provisória.

Lei Delegada___________________________________________________________1) Ver as matérias da Lei Delegada que são semelhantes a da Medida Provisória (Art. 68, § 1º da CF).

2) Na Lei Delegada a delegação é solicitada pelo Presidente da República e o Congresso Nacional concede a delegação por resolução (Art. 68, §2º da CF).

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Noções Iniciais

- São leis equiparadas às leis ordinárias. Diferem destas apenas na forma de elaboração. A delegação pode ser externa ou interna. Na delegação externa, o Congresso Nacional, em certos casos, pode encarregar o Presidente da República de elaborar uma lei (art. 68, CF).

No sistema parlamentar, a lei delegada constitui instrumento importante na produção legislativa. No presidencialismo, contudo, existem restrições, principalmente por não haver sempre uma maioria sólida no Parlamento, dificultando a agilidade do processo decisório.

Art. 68 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

§ 1.º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

§ 2.º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.

§ 3.º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.

Na delegação interna, o encargo é atribuído a uma Comissão interna do próprio Congresso ou de qualquer de suas Casas (art. 58, §2º, I, CF).

Os Decretos Legislativos

Noções Iniciais:

- São normas relativas a certas matérias, de competência exclusiva do Congresso, que a Constituição não exige a remessa ao Presidente da República para sanção (promulgação ou veto). Estão arroladas na atual Constituição pelo art. 49 como a autorização de referendo ou a convocação de plebiscito (art. 49, XV, CF). A promulgação é feita pelo Presidente do Senado.

As Resoluções

Noções Iniciais:

- São normas expedidas pelo Poder Legislativo, destinadas a regular matéria de sua competência, de caráter administrativo ou político.

- A delegação ao Presidente da República, para a elaboração de uma lei, por exemplo, terá a forma de resolução (art. 68, §2, CF) ou a suspensão de lei declarada inconstitucional (art. 52, X), onde se nota a predominância das medidas de caráter concreto, em contraposição ao decreto legislativo, que veicula preferencialmente assuntos de caráter genérico.

- Assim como os decretos legislativos, não estão sujeitas à sanção presidencial.52

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- A promulgação é feita pela mesa da casa legislativa que as expedir. Quando se tratar de resolução do Congresso Nacional a promulgação é feita pela Mesa do Senado Federal.

O Presidente e o Vice-Presidente

Exercício do Poder Executivo:

Art. 76 - O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Eleição do Presidente:São condições para elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente:

a) ser brasileiro nato;b) estar no gozo dos direitos políticos;c) ter mais de trinta e cinco anos;d) não ser inelegível.

Art. 77 - A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente.

§ 1.º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.

§ 2.º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.

§ 3.º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4.º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 5.º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

Posse:

Art. 78 - O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Parágrafo único - Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

O Vice-Presidente:O que se disse do modo de eleição, da duração do mandato e dos requisitos de elegibilidade para a presidência aplica-se à vice-presidência.

Art. 79 - Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.

Parágrafo único - O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Vacância dos Cargos:

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Art. 80 - Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

1) Presidente da Câmara dos Deputados

2) Presidente do Senado Federal

3) Presidente do Supremo Tribunal Federal

Note-se, porém, que o exercício da presidência por essas três últimas autoridades é sempre provisória e até eleição de novos presidente e vice, se vagos. É substituição, não sucessão.

Art. 81 - Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1.º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

Dois primeiros anos Dois últimos anos

Eleições normais após 90 dias Eleições após 30 dias, realizada pelo Congresso Nacional

§ 2.º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Mandato:

Art. 82 - O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.

Ausência:

Art. 83 - O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

Dupla Vacância: é a vacância do presidente e do Vice-presidente.

Se a dupla vacância ocorre nos dois primeiros anos do mandato haverá nova eleição direta no prazo de 90 dias.

Se a dupla vacância ocorrer nos dois últimos anos do mandato haverá eleição indireta no prazo de 30 dias.

Responsabilidade do Presidente da República

Crimes de Responsabilidade:

Os ocupantes de certos cargos públicos do Estado estão sujeitos não só às sanções previstas para a prática de atos infringentes das leis penais do País, mas também a uma especial apenação que consiste na desinvestidura dos cargos que ocupam, acompanhada ou não da proibição de vir assumir novas funções públicas. A conseqüência da aplicação do julgamento não tem caráter penal. Trata-se de medida político-administrativa que alcança na hipótese o Presidente da República e, conexos, os Ministros de Estado, Ministros do STF e Procurador Geral da República.

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Art. 85 - São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único - Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

IMPORTANTE: Crime de Responsabilidade não é crime é uma infração política administrativa, assim ocorrerá o processo de Impeachment que deverá ter autorização da Câmara dos Deputados pelo quorum de 2/3. (Art. 52, § único da CF).

Art. 52, Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

O Impeachment:

- O instituto do impeachment surgiu na Inglaterra, no fim da Idade Média. Originou-se da prática de a Câmara dos Comuns promover a acusação dos ministros do rei e a dos lordes julga-los. Por razões compreensíveis, o impedimento foi perdendo sua razão de ser à medida que o sistema de governo foi evoluindo para o parlamentarismo. Neste, a noção de censura, que conduz à queda do Gabinete, veio a fazer-lhe as vezes.

- A constituição americana adotou o impeachment, com a particularidade, entretanto, de reservá-lo para os crimes políticos praticados tão-só por algumas autoridades, basicamente os funcionários nomeados pelo Presidente, ficando fora de sua abrangência os deputados e senadores.

- O art. 86 da Constituição divide o processo de impedimento em duas fases. Na primeira, a Câmara dos Deputados limita-se, pela maioria de dois terços de seus membros, a declarar procedente a acusação e na segunda, declara-se o impedimento, após o julgamento do Presidente.

Art. 86 - Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1.º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

§ 2.º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3.º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.

§ 4.º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

* O Presidente da República pode cometer crime comum e crime de responsabilidade.

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* Se o Presidente comete crime comum será julgado pelo STF (Art. 102, I, b da CF). será processado de acordo com o (Art. 86 da CF). Precisa de autorização da Câmara por 2/3 dos membros. O presidente não pode ser preso enquanto não houver transitado em julgado (Art. 86, § 3º da CF).

IMPORTANTE: * O Presidente da República só responderá por crimes funcionais praticados no exercício da função, não respondendo por crimes alheios ao exercício da função.

- Para responder por crime comum terá que esperar sair do mandato de Presidente.

Poder Judiciário________________________________________________________Investidura: será por Concurso Público e Provas de Títulos, com 3 anos de experiência.

IMPORTANTE: Um quinto das vagas dos TRF’s, dos TJ’s será preenchida pelos membros do Ministério Público e da Advocacia. A mesma regra vale para os TRT’s.

Supremo Tribunal Federal (STF):

- 11 Ministros dentre brasileiros (Natos) cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos, de notório saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República depois de aprovado a escolha pelo Senado por maioria Absoluta.

Superior Tribunal de Justiça (STJ):

- 33 Ministros no mínimo, dentre Brasileiros (natos ou naturalizados) com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, com notório saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha pelo Senado por maioria Absoluta. 1/3 dos Ministros será composto por Juizes dos TRF’s, 1/3 será compostos por Juizes dos TJ’s e 1/3 será dividido pela metade entre Advogados e Membros do Ministério Público. (Art. 104 da CF)

Tribunal Superior do Trabalho (TST):

- Será composto por 27 Ministros no mínimo, entre brasileiros (natos ou naturalizados) com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha pelo Senado por maioria Absoluta.

- 1/5 será ocupado por membros da Advocacia e do Ministério Público e os demais entre os Juizes do TRT’s e Magistrados do Trabalho, indicados pelo Tribunal. (Art. 111-A da CF)

Tribunal Superior Eleitoral (TSE):

- Será composto por 7 Ministros escolhidos pelo voto secreto, sendo 3 Ministros do Supremo, 2 Ministros do STJ; e 2 Advogados escolhido pelo Presidente da República de notável saber jurídico e idoneidade moral, entre 6 indicados pelo STF. (Art. 119 da CF).

Superior Tribunal Militar (STM):

- Será composto por 15 Ministros, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado, sendo 3 dentre Oficiais Generais da Marinha, 4 dentre Oficiais Generais do Exército, 3 dentre Oficiais Generais da Aeronáutica e 5 dentre Civis.

- Os Ministros Civis, será advogado de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e também Juizes Auditores e Membros do Ministério Público Militar em escolha paritária.

OBS: Os Magistrados não gozam de inviolabilidade, mas possuem algumas prerrogativas, garantias que decorrem do exercício da Função de Magistrados, entre elas estão: (Art. 96 e 99 da CF).

- Garantias Institucionais: autonomia Administrativa, Financeira e Orçamentária, Independência Funcional.

- Garantias Funcionais: são garantias dos membros do Poder Judiciário. (Art. 95 da CF):

- Vitaliciedade: Estabilidade qualificada (só perde o cargo por sentença judicial transitada em julgado) é adquirida depois de 2 anos no exercício.

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- Inamovibilidade: o magistrado não pode ser removido compulsoriamente, salvo por motivo de interesse público por voto da maioria absoluta do Tribunal, ou do Conselho Nacional de Justiça. (Art. 95, II e 93, VII da CF).

* As punições dos Magistrados são: Aposentadoria, remoção compulsória.

- Irredutibilidade de Subsídios: não pode reduzir o valor nominal e absoluto do subsidio.

Incompatibilidades dos Magistrados (Art. 95 da CF):

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

III - dedicar-se à atividade político-partidária.

IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;

V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Foro por Prerrogativa de Função no Judiciário

STF – pode cometer crime comum (STF) ou crime de responsabilidade (SENADO).

STJ – Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no STF.

TST - Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no STF.

TSE - Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no STF.

STM - Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no STF.

TRF, TJ – Crimes comuns ou de responsabilidade. Serão julgados no STJ.

TRT - Crimes comuns ou de responsabilidade. Serão julgados no STJ. (Não há competência criminal geral na justiça do Trabalho).

TRE - Crimes comuns ou de responsabilidade. Serão julgados no STJ.

Juiz Federal - Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no TRF.

Juiz de Direito - Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no TJ.

Juiz do Trabalho - Crimes comuns (Será julgado no TRF) ou de responsabilidade (Será julgado no TRT).

Juntas Eleitorais - Crimes comuns ou de responsabilidade. Será julgado no TJ.

Exceção: Na 1ª Instância se o magistrado comete crime eleitoral será julgado no TRE (Art. 108, I, “a” da CF):

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

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a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

Superior Tribunal Federal

Competência Originária: Controle de Constitucionalidade (Art. 102, I da CF) é aquela que inicia e termina no próprio Supremo Tribunal Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;

d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público;

Competência para Recurso Ordinário: (Art. 102, II da CF):

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

II - julgar, em recurso ordinário:

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a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político; (Decidido pelo Juiz de 1ª Instância caberá RO para o STF direto, não passa pela 2ª instância).

Competência para Recurso Extraordinário (Art. 102, III da CF):

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Repercussão Geral (Art. 102, § 3º da CF) é um requisito de admissibilidade do Recurso Extraordinário. Está regulamentado nos (art. 543-A e 543-B do CPC), segundo a Lei a Repercussão Geral é a matéria que extrapola os interesses subjetivos das partes. Poderá ser um assunto de relevância Jurídica, Política, Social ou Econômica.

Art. 102, § 3º da CF:

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

Superior Tribunal de Justiça

- Competência Originária:

1) Homologação de Sentença Estrangeira

2) Incidente de deslocamento de Competência – é uma solicitação do Procurador Geral da Republica no STJ quando houver grave violação a Direitos Humanos, a fim de deslocar a competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal. (Art. 109, § 5º da CF).

- Competência do Recurso Ordinário (Art. 105, II, “c” da CF):

Sumula Vinculante (Art. 103-A da CF):

– Competência Originária e exclusiva do STF que será aprovada pelo quorum de 2/3.

- Será vinculante para os demais órgãos do Poder Judiciário e para toda a Administração Publica.

- É obtido a partir da publicação da Súmula na Imprensa Oficial.

Requisitos:

- Controvérsia nos órgãos judiciários ou entre estes e a Administração Pública.

- Grave insegurança Jurídica.

- Relevante multiplicação de Processos sobre questões idênticas.

- Quorum de 2/3 de aprovação no STF.

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