direito civil (obrigações) - adimplemento e extinção das obrigaçõe

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UNIDADE V – ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 1. Modos de cumprir e extinguir a obrigação 1.1. De quem deve pagar Art. 304 – Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Art. 304, §único – Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. Art. 305 – O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Art. 305, §único – Se pagar antes de vencida a divida, só terá direito ao reembolso no vencimento. Art. 306 – O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação. Art. 307 – Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa o objeto em que ele consistiu. Art. 307, §único – Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la. 1.2. Daqueles a quem se deve pagar Art. 308 – O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quando reverter em seu proveito. Art. 309 – O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. Art. 310 – Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em beneficio dele efetivamente reverteu. Art. 311 – Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstancias contrariarem a presunção daí resultante. Art. 312 – Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra eles, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor. 2. Pagamento direto 2.1. Conceito e natureza jurídica 2.2. Requisitos

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Page 1: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

UNIDADE V – ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

1. Modos de cumprir e extinguir a obrigação

1.1. De quem deve pagar

Art. 304 – Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se

o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.

Art. 304, §único – Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em

nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

Art. 305 – O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,

tem direito a reembolsar do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do

credor.

Art. 305, §único – Se pagar antes de vencida a divida, só terá direito ao

reembolso no vencimento.

Art. 306 – O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do

devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios

para ilidir a ação.

Art. 307 – Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da

propriedade, quando feito por quem possa o objeto em que ele consistiu.

Art. 307, §único – Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais

reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente

não tivesse o direito de aliená-la.

1.2. Daqueles a quem se deve pagar

Art. 308 – O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o

represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quando

reverter em seu proveito.

Art. 309 – O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda

provado depois que não era credor.

Art. 310 – Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar,

se o devedor não provar que em beneficio dele efetivamente reverteu.

Art. 311 – Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da

quitação, salvo se as circunstancias contrariarem a presunção daí resultante.

Art. 312 – Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita

sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não

valerá contra eles, que poderão constranger o devedor a pagar de novo,

ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.

2. Pagamento direto

2.1. Conceito e natureza jurídica

2.2. Requisitos

Page 2: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

2.3. Lugar do pagamento: O lugar do pagamento, se o contrário não resultasse

do título, deveria ser efetuado no domicilio do devedor.

Art. 327 – Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes

convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da

obrigação ou das circunstâncias.

Art. 327, §único – Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher

entre eles.

Art. 328 – Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, far-se-á no lugar

onde situado o bem.

Art. 329 – Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no

lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o

credor.

Art. 330 – O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir

renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

2.4. Tempo do Pagamento: Em princípio, todo pagamento deve ser efetuado no

dia do vencimento da dívida.

Art. 331 – Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época

para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.

Art. 332 – As obrigações condicionadas cumprem-se na data do implemento da

condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.

Se a obrigação é a termo, em sendo o prazo concedido a favor do devedor, nada

impede que este antecipe o pagamento, podendo o credor retê0lo. Em caso

contrário, se o prazo estipulado for feito para favorecer o credor, não poderá o

devedor pagar antecipadamente. Tudo dependerá de como se convencionou a

obrigação.

Art. 333 – Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o

prazo estipulado no contrato ou marcado neste código: I – no caso de falência

do devedor, ou de concurso de credores; II – se os bens, hipotecados ou

empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III – se

cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou

reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.

Art. 333, §único – Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade

passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.

2.5. Prova do pagamento

2.6. Pagamento indevido

Todo pagamento feito, sem que seja, ainda, devido, deverá ser restituído.

Page 3: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

Art. 876 – Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a

restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de

cumprida a condição.

Art. 877 – Aquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de

tê-lo feito por erro.

Art. 878 – Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa

dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste código sobre o

possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso.

Art. 879 – Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em

boa-fé, por titulo oneroso, responde somente pela quantia recebida; mas, se agiu

de má-fé, além do valor do imóvel, responde por perdas e danos.

Art. 880 – Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que , recebendo-o

como parte de divida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a

pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele

que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.

Art. 881 – Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de

obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que

recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida

de lucro obtido.

Art. 882 – Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou

cumprir a obrigação judicialmente inexigível.

Art. 883 – Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter

fim jurídico, imoral, o proibido por lei.

3. Pagamento indireto

3.1. Pagamento em consignação

Se o credor – teoricamente o mais interessado na realização da prestação – se

nega a recebê-la ou surge um outro fato qualquer obstativo desse pagamento

direto, pode o devedor se valer da consignação para se ver livre da obrigação

assumida.

Exemplo: se A deve a B a importância de 1mil e B se recusa a receber o valor

ofertado, por qualquer motivo que seja, poderá A depositar judicialmente ou

em estabelecimento bancário o valor devido, à disposição do credor,

extinguindo-se a obrigação e evitando, ainda, a caracterização da mora.

Art. 334 – Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial

ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

3.1.1. Hipóteses de ocorrência

Art. 335 – A consignação tem lugar: I – se o credor não puder, ou, sem justa

causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma (se A,

Page 4: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

locador de um imóvel a B, se recusa a receber o valor do aluguel ofertado por

este último, por considerar que deveria ser majorado por um determinado

índice previsto em lei, B poderá consignar o valor, se entender que o reajuste é

indevido); II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar,

tempo e condição devidos (se A acerta receber um pagamento de B no dia

03/05/2002 e, chegando o dia combinado, A não comparece, nem manda

ninguém em seu lugar, a dívida vencerá sem pagamento; para evitar as

conseqüências jurídicas da mora, poderá B depositar o valor devido à

disposição de A, extinguindo-se a obrigação); III – se o credor for incapaz de

receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou

de acesso perigoso ou difícil (o incapaz nunca poderá receber, em razão de sua

condição, devendo o pagamento ser feito ao seu representante; a ausência é

situação fática, qualificada juridicamente como morte presumida, em que

alguém desaparece sem deixar notícias de seu paradeiro ou representante para

administrar-lhe os bens; residindo o credor em lugar incerto ou de acesso

perigoso ou difícil, não é razoável se exigir que o devedor tenha de arriscar a

sua vida para procurar o credor, se pretender se ver livre da obrigação, estando

autorizado a consigná-la); IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva

legitimamente receber o objeto do pagamento (se duas pessoas distintas (A e

B) pleiteiam o pagamento de uma determinada prestação em fase de C,

dizendo-se, cada uma, o verdadeiro credor, o devedor C, para não incidir na

regra de “quem paga mal paga duas vezes”, deve consignar judicialmente o

valor devido, para que o juiz verifique quem é o legítimo credor ou qual a cota

de cada um, se entender ambos legitimados); V – se prender litígio sobre o

objeto do pagamento (se, por exemplo, A e B disputam, judicialmente, quem é

o legítimo sucessos do credor C, não é recomendável que o devedor D antecipe-

se à manifestação estatal, para entregar o bem a um deles, pois assumirá o risco

do pagamento indevido).

Art. 336 – Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister

concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos

sem os quais não é valido o pagamento.

Em relação às pessoas, a consignação deverá ser feita pelo devedor, ou quem o

represente, em face do alegado credor, sob pena de não ser considerado válido,

salvo se ratificado por este ou se reverter em seu proveito. Em relação ao objeto,

é obvio que o pagamento deve ser feito na integralidade, uma vez que o credor

não está obrigado a aceitar pagamento parcial.

Art. 337 – O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que

se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado

improcedente.

3.1.2. Possibilidade de levantamento do depósito pelo devedor

Page 5: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

a)Antes da aceitação ou impugnação do depósito: tem o devedor total

liberdade para levantar o depósito, uma vez que a importância ainda não saiu

de seu patrimônio jurídico; trata-se de uma faculdade, mas que acarreta o ônus

de pagar as despesas necessárias para levantamento, bem como a subsistência

da obrigação para todos os fins de direito.

Art. 338 – Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o

impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas

despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.

b) Julgado procedente o depósito: admitido em caráter definitivo o depósito, o

devedor já não poderá levantá-lo, ainda que o credor consinta, senão de acordo

com os outros devedores e fiadores.

Art. 339 – Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,

embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.

c) Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor: embora ainda

não tenha sido julgada a procedência do depósito, o fato é que o credor já se

manifestou sobre ele, pretendendo incorporá-lo ao se patrimônio ou o

considerando, por exemplo, insuficiente; o depósito, porém, poderá ainda ser

levantado pelo devedor, mas, agora, somente com anuência do credor, que

perderá a preferência e a garantia que lhe competia sobre a coisa consignada;

isso se justifica pela regra de que é patrimônio do devedor a garantia comum

dos seus credores, e essa não incorporação patrimonial, no caso, se deu pela

vontade do credor, não podendo tal ato unilateral de verdadeira renúncia

prejudicar os demais interessados na extinção da obrigação.

Art. 340 – O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito,

aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe

competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os

codevedores e fiadores que não tenham anuído.

3.1.3. Consignação de coisa certa e de coisa incerta

Art. 341 – Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no

mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar

recebê-la, sob pena de ser depositada.

Art. 342 – Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele

citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a

coisa que o devedor escolher, feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como

no artigo antecedente.

3.1.4. Despesas processuais

Art. 343 – As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à

conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.

Page 6: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

Art. 344 – O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante

consignação, mas se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo

conhecimento litigioso, assumirá o risco do pagamento.

Art. 345 – Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se

pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.

3.2. Pagamento com sub-rogação

Sub-rogação traduz a ideia de substituição de sujeitos ou de objeto, em uma

determinada relação jurídica.

3.2.1. Sub-rogação objetiva ou real: se um indivíduo gravou determinado bem

de sua herança com cláusula de inalienabilidade, o sucessor não poderá, sem a

devida autorização judicial, aliená-lo, e, caso o faça, justificará o gasto,

aplicando o valor remanescente na aquisição de outro bem, que substituirá o

primeiro, o qual passará a suportar a cláusula restritiva.

3.2.2. Sub-rogação subjetiva ou pessoal: a substituição que se opera é de

sujeitos, e não de objeto, na relação jurídica. Exemplo: o fiador paga a dívida do

afiançado, passando, a partir daí, a ocupar a posição do credor, substituindo-o.

A sub-rogação, pois, significará uma substituição de sujeitos na relação jurídica.

Quando um terceiro paga ou empresta o necessário para que o devedor solva a

sua obrigação, operar-se-á, por convenção ou em virtude da própria lei, a

transferência dos direitos e, eventualmente, das garantias do credor originário

para o terceiro.

Há, portanto, dois necessários efeitos da sub-rogação: liberatório (pela extinção

do débito em relação ao credor original) e translativo (pela transferência da

relação obrigacional para o novo credor).

Art. 348 – Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto

quanto à cessão do crédito.

3.2.3. Pagamento com sub-rogação legal

Art. 346 – A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I – do credor que

paga a dívida do devedor comum; (se duas ou mais pessoas são credoras do

mesmo devedor, operar-se-á a sub-rogação legal se qualquer dos sujeitos ativos

pagar ao credor preferencial o valor devido); II – do adquirente do imóvel

hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva

o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; (a hipoteca é um

direito real de garantia incidente sobre imóveis. Em geral, quando uma pessoa

pretende obter um empréstimo, o credor, antes de fornecer o numerário,

costuma exigir garantias e, em especial, uma garantia real, a exemplo da

Page 7: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

hipoteca de um imóvel do devedor); III – do terceiro interessado, que paga a

dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte (esta é a

hipótese mais comum de sub-rogação legal; opera-se quando um terceiro,

juridicamente interessado no cumprimento da obrigação, paga a dívida, sub-

rogando-se nos direitos do credor).

3.2.4. Pagamento com sub-rogação convencional

Art. 347 – A sub-rogação é convencional: I – quando o credor recebe o

pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos

(trata-se de situação muito semelhante à cessão do crédito, sendo-lhe, inclusive,

aplicadas as mesmas regras); II – quando terceira pessoa empresta ao devedor

a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o

mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito (nesse caso, a pessoa

que emprestou o numerário, para que o devedor pagasse a soma devida, no

próprio ato negocial de concessão do empréstimo ou financiamento estipula,

expressamente, que ficará sub-rogado nos direitos do credor satisfeito).

3.2.5. Efeitos jurídicos da sub-rogação

Art. 349 – A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,

privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor

principal e os fiadores.

Dessa forma, se o credor principal dispunha de garantia real ou pessoal, ou

ambas, o terceiro sub-rogado passará a detê-las, podendo, pois, tomar as

necessárias medidas judiciais para a proteção do seu crédito, como se fosse o

credor primitivo.

Art. 350 – Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as

ações do credor, senão até a soma que tiver desembolsado para desobrigar o

devedor.

Art. 351 – O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao

sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não

chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.

3.3. Imputação do pagamento

Entende-se a imputação do pagamento como a “determinação feita pelo

devedor, dentre dois ou mais débitos da mesma natureza, positivos e vencidos,

devidos a um só credor, indicativa de qual dessas dívidas quer solver”.

Vale dizer, trata-se muito mais de um meio indicativo de pagamento, do que

propriamente de um modo satisfativo de adimplemento.

Page 8: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

Art. 352 – A pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a

um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos

forem líquidos e vencidos.

Requisitos legais indispensáveis: a) igualdade de sujeitos (credor e devedor); b)

liquidez e vencimento de dívidas da mesma natureza.

Esses requisitos são imprescindíveis, simultaneamente, para que o devedor

possa ter o direito subjetivo de fazer a impugnação do pagamento,

independentemente de manifestação do credor.

Salvo anuência do credor, o devedor não poderá, também, imputar o

pagamento em dívida cujo montante seja superior ao valor ofertado, pois, como

visto, o pagamento parcelado do débito só é permitido quando convencionado.

3.3.1. Imputação do credor e imputação legal

Art. 353 – Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e

vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não

terá direito a reclamar a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele

cometido violência ou dolo.

Todavia, pode acontecer que a quitação seja omissa quanto à imputação,

escapando da incidência da norma supramencionada. Nesse caso, serão

invocadas a regras da imputação legal.

Art. 354 – Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos

juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrario, ou se o

credor passar a quitação por conta do capital.

Art. 355 – Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa

quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro

lugar. Se as dívidas forem todas liquidas e vencidas ao mesmo tempo, a

imputação far-se-á na mais onerosa.

Fazendo a interpretação conjunta dos artigos acima, podemos estabelecer a

seguinte ordem preferencial: a) prioridade para os juros vencidos, em

detrimento do capital; b) prioridade para as líquidas e vencidas anteriormente,

em detrimento das mais recentes; c) prioridade para as mais onerosas, em

detrimento das menos vultosas, se vencidas e líquidas ao mesmo tempo.

3.4. Dação em pagamento

Consiste na realização de uma prestação diferente da que é devida, com o fim

de, mediante acordo do credor, extinguir imediatamente a obrigação. Trata-se,

pois, de forma de extinção obrigacional, por força da qual o credor consente em

receber prestação diversa da que fora inicialmente pactuada.

Page 9: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

Na dação em pagamento, estipula-se uma prestação, e, ulteriormente, por meio

de uma nova estipulação negocial entre devedor e credor, este aceita liberá-lo,

recebendo, por exemplo, em troca do dinheiro, um imóvel.

Art. 356 – O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é

devida.

3.4.1. Requisitos da dação em pagamento

a) a existência de uma dívida vencida: visto que ninguém pode pretender

solver uma dívida que não seja existente e exigível.

b) o consentimento do credor: vale dizer, não basta a iniciativa do devedor,

uma vez que, segundo a legislação em vigor, a dação só terá validade se o

credor anuir.

c) a entrega de coisa diversa da devida: somente a diversidade essencial de

prestações caracterizará a dação em pagamento, ou seja, a obrigação será extinta

entregando o devedor coisa que não seja a res debita.

d) o ânimo de solver: o elemento anímico, subjetivo, da dação em pagamento é,

exatamente, o animus solvendi. Sem esta intenção de solucionar a obrigação

principal, o ato pode converter-se em mera liberdade, caracterizando, até

mesmo, a doação.

Art. 357 – Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre

as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.

Art. 358 – Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência

importará em cessão.

Art. 359 – Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-

se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os

direitos de terceiros.

3.4.2. Evicção da coisa dada em pagamento

Ocorre a evicção quando o adquirente de um bem vem a perder a sua

propriedade ou posse em virtude de decisão judicial que reconhece direito

anterior de terceiro sobre o mesmo.

Em tal situação, delineiam-se, nitidamente, três sujeitos: a) o alienante (que

responderá pelos riscos da evicção, ou seja, que deverá ser responsabilizado

pelo prejuízo causado ao adquirente); b) o evicto(o adquirente, que sucumbe à

pretensão reivindicatória do terceiro); c) o evictor (o terceiro que prova o seu

direito anterior sobre a coisa).

3.5. Novação

Page 10: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

Dá-se a novação quando, por meio de uma estipulação negocial, as partes criam

uma nova obrigação, destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior.

Exemplo: A deve a B a quantia de 1mil. O devedor, então, exímio carpinteiro,

propõe a B que seja criada uma nova obrigação – de fazer – cujo objeto seja a

prestação de serviço de carpintaria na residência do credor. Este, pois, aceita, e,

por meio da convenção celebrada, considera extinta a obrigação anterior, que

será substituída pela nova.

Toda novação tem natureza jurídica negocial. Ou seja, por princípio, nunca

poderá ser imposta por lei, dependendo sempre de uma convenção firmada

entre os sujeitos da relação obrigacional.

3.5.1. Requisitos

a) A existência de uma obrigação anterior: só se poderá efetuar a novação se

juridicamente existir uma obrigação anterior a ser novada. Se a obrigação

primitiva for simplesmente anulável, essa invalidade não obstará a novação.

Dada a gravidade da nulidade absoluta, a obrigação deverá ser repetida, ou

seja, novamente pactuada, considerando-se, inclusive, o dato de não poder ser

confirmada. Outra hipótese proibitiva ocorrerá quando a obrigação primitiva

estiver extinta.

Art. 367 – Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de

novação obrigações nulas ou extintas.

b) A criação de uma nova obrigação, substancialmente diversa da primeira: é

preciso que haja diversidade substancial entre a obrigação antiga e a nova.

c) o animo de novar (animus novandi): ausente o animus novandi, não se

configura a novação, porque não desaparece a obrigação original. Nos termos

do CC, ausente este propósito, cuja proa poderá decorrer de declaração

expressa ou das próprias circunstâncias, a segunda obrigação simplesmente

confirmará a primeira.

Art. 361 – Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mais inequívoco, a

segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.

3.5.2. Espécies

a) Novação objetiva: ocorre quando as partes de uma relação obrigacional

convencional a criação de uma nova obrigação, para substituir e extinguir a

anterior. Haverá novação objetiva quando o credor e devedor acordarem

extinguir a obrigação pecuniária primitiva, por meio da criação de uma nova

obrigação, cujo objeto é a prestação de um serviço.

Art. 360 – Dá-se a novação: I – quando o devedor contrai com o credor nova

dívida para extinguir e substituir a anterior.

b) Novação subjetiva: dá-se a novação subjetiva em três hipóteses: a) por

mudança de devedor (novação subjetiva passiva); b) por mudança do credor

Page 11: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

(novação subjetiva ativa); c) por mudança de credor e devedor (novação

subjetiva mista).

Art. 360 – Dá-se a novação: II – quando novo devedor sucede ao antigo, ficando

este quite com o credor; III – quando, em virtude de obrigação nova, outro

credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.

Segundo a doutrina, a novação subjetiva passiva poderá ocorrer de dois

modos: por expromissão e por delegação. No primeiro caso, a substituição do

devedor se dá independentemente do seu consentimento, por simples ato de

vontade do credor, que o afasta, fazendo-o substituir por um novo devedor. No

segundo caso, o devedor participa do ato novatório, indicando terceira pessoa

que assumirá o débito, com a devida aquiescência do credor; assim participam

da delegação: o antigo devedor (delegante), o novo devedor (delegado) e o

credor (delegatário).

Art. 362 – A novação por substituição do devedor pode ser efetuada

independentemente de consentimento deste.

Art. 363 – Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou,

ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.

c) Novação mista: além da alteração do sujeito, muda-se o conteúdo ou objeto

da relação obrigacional.

Art. 364 – A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que

não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor

ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia

pertencem a terceiro que não foi parte na novação.

Art. 365 – Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários,

somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as

preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários

ficam por esse fato exonerados.

Art. 366 – Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com

o devedor principal.

3.6. Compensação

A compensação é uma forma de extinção de obrigações, em que seus titulares

são, reciprocamente, credores e devedores. Tal extinção se dará até o limite da

existência do crédito recíproco, remanescendo, se houver, o saldo em favor do

maior credor.

Art. 368 – Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da

outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

Page 12: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

Exemplo: se A tem uma dívida de 1mil com B e B também tem uma dívida de

1mil com A, tais obrigações, no plano ideal, seriam extintas, sem qualquer

problema.

Três espécies de compensação são encontradas na doutrina, a saber: legal,

convencional e judicial.

Art. 369 – A compensação efetua-se dívidas líquidas, vencidas e de coisas

fungíveis.

Art. 370 – Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas

prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade,

quando especificada no contrato.

Art. 372 – Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a

compensação.

Art. 377 – O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a

terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que

antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, acessão lhe não tiver

sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes

tinha contra o cedente.

3.6.1. Compensação Legal: é a regra geral, tratada no presente capitulo,

exigindo, para sua configuração, o atendimento de diversos requisitos legais, o

que apreciaremos nos tópicos a seguir. Nela, satisfeitos os requisitos da lei, o

juiz apenas a reconhece, declarando a sua realização, desde que provocado.

a) Requisitos da compensação legal

a.1) Reciprocidade das obrigações

Exemplo: se A tem uma dívida de 1500reais com B e B tem uma dívida de 1mil

com A, pretendendo A ceder seu crédito a C, B, ao ser notificado da cessão,

deve opor imediatamente a compensação de seu crédito, sob pena de não poder

mais compensá-lo no caso concreto. Se A e C, por sua vez, não diligenciam a

cientificação de B, este poderá opor a C, como compensação, o crédito que tinha

contra A. É óbvio que, realizada a cessão, nada impede a compensação também

de créditos próprios do devedor B em relação ao cessionário A.

Art. 371 – O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe

dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao

afiançado.

Art. 376 – Obrigando-se por terceiro ma pessoa, não pode compensar essa

dívida com a que o credor dele lhe dever.

a.2) Liquidez das dívidas

Para que haja a compensação legal, é necessário identificar a expressão

numérica das dívidas. Se elas ainda não foram reduzidas a valor econômico,

não há como se imaginar a compensação.

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Exemplo: se A tem uma dívida de 1500reais com B e B foi condenado

judicialmente ao pagamento de perdas e danos em relação a A, se ainda não foi

verificado o valor exato dessa condenação, não há possibilidade de saber a

quanto alcançam para serem compensadas.

a.3) Exigibilidade atual das prestações

É também requisito da lei vigente o vencimento da dívida. Assim, salvo pela via

convencional, não pode ser compensado um débito vencido com outro a vencer.

Destaque-se que não obstam a compensação os chamados prazos de favor, o

que é medida das mais justas, tendo em vista que a dilatação prazal, no caso,

dá-se por mera liberdade.

Exemplo: se A tem uma dívida vencida de 1500reais com B e este lhe concede

um prazo maior para pagá-la, nada impede que B possa compensar tal crédito

com outra dívida vencida que tem em relação a A.

a.4) Fungibilidade dos débitos

As dívidas devem ser de coisas fungíveis entre si, ou seja, da mesma natureza.

Exemplo: se A tem uma dívida de 1mil com B e B lhe deve um computador,

ainda que no valor de 1mil, a A não é possível a compensação legal, pois,

embora os bens sejam fungíveis, não o são entre si, pois ninguém é obrigado a

receber prestação diversa do pactuado. Todavia, se A deve 05 sacas de feijão a B

e B também tem uma dívida com A, porém de apenas 03 sacas de feijão, é

possível a compensação. Não se poderá, porém, compensar coisas fungíveis do

mesmo gênero, se diferem na qualidade, quando especificada no contrato.

3.6.2. Compensação Convencional: é decorrência direta da autonomia da

vontade, não exigindo os mesmos requisitos para a compensação legal.

Art. 375 – Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a

excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.

Assim, por meio de acordo de vontades, é possível compensar obrigações de

natureza diversa, o que não seria possível, como veremos, na compensação

legal.

3.6.3. Compensação Judicial: aquela realizada em juízo, por autorização de

norma processual, independente de provocação expressa das partes nesse

sentido.

3.6.4. Hipóteses de Impossibilidade de Compensação

Art. 373 – A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:

I – se prover de esbulho, furto ou roubo (a ilicitude do fato gerador da dívida

contamina sua validade, pelo que, não sendo passível de cobrança, muito

menos o será de compensação; exemplo: se eu me aproprio de um bem do meu

credor, não posso compensar minha dívida com a devolução da coisa

Page 14: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

apoderada); II – se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos (o

comodato e o depósito obstam a compensação por serem objeto de contratos

com o corpo certo e determinado, inexistindo, portanto, a fungibilidade entre si

necessária à compensação; quanto aos alimentos, por serem dirigidos à

subsistência do individuo, admitir a sua compensação seria negar a sua função

alimentar; exemplo: se A deve 1mil, a título de alimentos, a B, mesmo que este

lhe deva a importância superior, não poderá fazer a compensação, pois a verba

se destina à subsistência de B); III – se uma for de coisa não suscetível de

penhora (a impenhorabilidade de determinados bens se justifica por sua

relevância).

Art. 378 – Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se

podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.

Art. 380 – Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O

devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito

deste, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio

credor disporia.

3.6.5. Aplicabilidade supletiva das regras da imputação do pagamento

Art. 379 – Sendo a mesma pessoa obrigada por varias dívidas compensáveis,

serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto a imputação

do pagamento.

3.7. Confusão

Trata-se de forma peculiar de extinção das obrigações. Opera-se quando as

qualidades de credor e devedor são reunidas em uma mesma pessoa,

extinguindo-se, consequentemente, a relação jurídica obrigacional.

É o que ocorre, por exemplo, quando um sujeito é devedor de seu tio, e, por

força do falecimento deste, adquire, por sucessão, a sua herança. Em tal

hipótese, passará a ser credor de si mesmo, de forma que o débito desaparecerá

por meio da confusão. Nada impede que a confusão se dê por ato inter vivos.

Art. 381 – Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam

as qualidades de credor e devedor.

3.7.1. Espécies

Art. 382 – A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de

parte dela.

a) Confusão total: de toda a dívida.

b) Confusão parcial: de parte da dívida.

c) Confusão imprópria: quando se reúnem na mesma pessoa as condições de

garante e de sujeito; é o que se dá quando se reúnem as qualidades de fiador e

devedor, ou de dono da coisa hipotecada e credor.

Page 15: Direito Civil (Obrigações) - Adimplemento e Extinção das Obrigaçõe

3.7.2. Efeitos

Art. 383 – A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só

extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito ou na

dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.

Art. 384 – Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus

acessórios, a obrigação anterior.

3.8. Remissão das dívidas

Remissão é o perdão da dívida, em que A, credor de B, declara que não

pretende mais exigi-la ou pratica ato incompatível com tal possibilidade.

Art. 385 – A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas

sem prejuízo de terceiro.

3.8.1. Requisitos da remissão da dívida

a) Ânimo de perdoar: manifestação volitiva; deve ser expressa, somente se

admitindo excepcionalmente o perdão tácito, em função de presunções legais.

b) Aceitação do perdão

3.8.2. Espécies

a) Total ou Parcial

b) Expressa ou Tácita

Art. 386 – A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito

particular, prova desoneração do devedor e seus coobrigados, se o credor for

capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

Art. 387 – A restituição voluntária do objeto emprenhado prova a renúncia do

credor à garantia real, não a extinção da dívida.

3.8.3. Remissão a codevedor

Art. 388 – A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na

parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a

solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da

parte remitida.

4. Extinção da obrigação sem pagamento: prescrição, caso fortuito, força

maior, advento da condição resolutiva ou de termo extintivo