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Revista da OAB Goiás Ano XI nº 31 O Direito Agrário, um enfoque interdisciplinar. Jônathas Silva Introdução No presente estudo, pretende-se analisar de forma bem modesta a relação do Direito Agrário com outras disciplinas jurídicas e parajurídicas, também denominadas conexas, e, também, as fontes do Direito Agrário: quais são e em que consistem. Como referencial teórico, serão utilizadas, entre outras, obras de Raymundo Laranjeira, Paulo Torminn Borges, Alberto Ballarin Marcial, Antônio C, Vivanco, Miguel Reale (vide bibliografia ao final). I - Relação do Direito Agrário com outras disciplinas jurídicas e conexas Para uma melhor compreensão deste tema, é imprescindível enunciar alguns requisitos, inerentes à formação intelectual e científica do agrarista. Para tanto, utilizo-me da magistral lição do professor Alberto Ballarin Marcial, em sua obra "Estudios de Derecho Agrario Y Política Agrária", quando faz uma comparação entre o jurista tradicional e o agrarista, concluindo que o último é dotado de uma profunda inquietude renovadora, com um marcante compromisso com a justiça social e, por isso, é um jurista-engenheiro social. Vê-se, pois, que o agrarista tem de ter uma sensibilidade apurada para o social, além de cultivar e estimular estudos e experiências interdisciplinares, já que o Direito Agrário tem um rico relacionamento não só com disciplinas jurídicas, mas também com as parajurídicas, buscando soluções para uma realidade desafiante, configurada na questão agrária, que, em síntese, é o uso da propriedade rural, na perspectiva do bem-estar de todos. No contexto, do relacionamento do Direito Agrário com outros ramos de direito, é oportuno que se inicie pelo Direito Constitucional, visto como este ramo público do

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  Revista da OAB Goiás  Ano XI nº 31 

O Direito Agrário, um enfoque interdisciplinar. Jônathas Silva  

     Introdução     No presente estudo, pretende-se analisar de forma bem modesta a relação do Direito Agrário com outras disciplinas jurídicas e parajurídicas, também denominadas conexas, e, também, as fontes do Direito Agrário: quais são e em que consistem.     Como referencial teórico, serão utilizadas, entre outras, obras de Raymundo Laranjeira, Paulo Torminn Borges, Alberto Ballarin Marcial, Antônio C, Vivanco, Miguel Reale (vide bibliografia ao final).       I - Relação do Direito Agrário com outras disciplinas jurídicas e conexas     Para uma melhor compreensão deste tema, é imprescindível enunciar alguns requisitos, inerentes à formação intelectual e científica do agrarista. Para tanto, utilizo-me da magistral lição do professor Alberto Ballarin Marcial, em sua obra "Estudios de Derecho Agrario Y Política Agrária", quando faz uma comparação entre o jurista tradicional e o agrarista, concluindo que o último é dotado de uma profunda inquietude renovadora, com um marcante compromisso com a justiça social e, por isso, é um jurista-engenheiro social.     Vê-se, pois, que o agrarista tem de ter uma sensibilidade apurada para o social, além de cultivar e estimular estudos e experiências interdisciplinares, já que o Direito Agrário tem um rico relacionamento não só com disciplinas jurídicas, mas também com as parajurídicas, buscando soluções para uma realidade desafiante, configurada na questão agrária, que, em síntese, é o uso da propriedade rural, na perspectiva do bem-estar de todos.     No contexto, do relacionamento do Direito Agrário com outros ramos de direito, é oportuno que se inicie pelo Direito Constitucional, visto como este ramo público do direito interno confere legitimidade às normas do Direito Agrário, em face de que as normas constitucionais têm a seu favor uma inicialidade fundamentante, inaugurando assim o ordenamento jurídico de um Estado através da manifestação de um poder Constituinte Originário, como aconteceu com o texto constitucional de 1988.     Ora, no direito comparado, esta relação é muito valorizada e, especialmente, no direito constitucional europeu. Daí por que o eminente professor Giovani Galloni escreveu um trabalho, cujo título é "O Direito Agrário nas Constituições Européias". Nesse trabalho, o autor procura analisar o Direito Agrário nas Constituições liberais do século XVIII, com uma concepção de propriedade demarcada pelo liberalismo econômico, em contraponto com as constituições do pós-guerra, cujo marco mais conspícuo é a Constituição de Weimar de 1919. Após uma análise percuciente do tema, sob a abordagem do direito comparado, infere o mestre da Universidade de Florença:

"É possível dizer que as Constituições ocidentais do primeiro e do segundo pós-guerra, inspiradas no modelo de Weimar, introduziram, perto da enunciação dos direitos de liberdade do 'Bil of Rght' e da Constituição Francesa de '89', o conceito de uma função social cujo exercício de tais direitos dever ser dirigido

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pela administração de patrimônio do Estado. O direito de propriedade privada teve assim a possibilidade de transformar-se em obrigação para os fins sociais e econômicos do ordenamento produtivo".  

    Há ainda, sufragando esse entendimento, um belíssimo ensaio de autoria do professor Ballarin Marcial sob o título "La Constitución de 1978 y la Agricultura", examinando as diretrizes da atual Constituição Espanhola para as questões agrárias. Especificamente, diz o mestre que as melhores diretrizes, contempladas pelo texto constitucional em vigor na Espanha referem-se ao valor da igualdade e da justiça social, opções axiológicas fundamentais para o Direito Agrário. É indiscutível que, entre as constituições modernas sobressaem a Constituição Portuguesa e a Espanhola, respectivamente, de 1976 e 1978, como as que abriram espaços para as questões relativas ao Direito Agrário.     No Brasil, a Constituição de 1988, retomando a tradição constitucional brasileira de 1934 e de 1946, tendo como fonte de inspiração as constituições acima referidas, contemplou vários institutos de Direito Agrário, evidenciando assim um relacionamento intenso e extenso entre dois ramos do direito. Eis, pois, alguns exemplos:  

1 - função social da propriedade, assegurada pela Constituição, assim enunciado: "A propriedade atenderá a sua função social"(art. 5º, XXIII) 2 - ao enumerar os princípios da ordem econômica e financeira, a Constituição valoriza a justiça social e a função social da propriedade, como estabelece o art. 170, III: "Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade". 3 - no artigo 184 e seguintes, a Constituição expressa os princípios norteados da política agrícola e fundiária e da reforma agrária. Cumpre salientar que, na tradição constitucional brasileira, isso é totalmente inovado. As demais constituições brasileiras não tiveram a preocupação com as questões de direito agrário que se vêem no texto constitucional vigente.  

    E, por fim, é oportuno ressaltar a autonomia do Direito Agrário, reconhecida pela Emenda Constitucional nº 10 à Constituição de 1946.     São estes, entre outros tópicos, que o agrarista deve conhecer bem, sob pena de cometer equívocos do ponto de vista técnico-jurídico.     No que concerne ao Direito Administrativo, o Direito Agrário tem relações bastante restritas com este ramo de direito público interno. Os institutos que denotam este relacionamento são:  

1 - Desapropriação - O direito administrativo trabalha este instituto, desde 1941, conforme dispõe a Lei Geral da Desapropriação, o Decreto-Lei nº 3.365/41, que naquele contexto já se referia às modalidades de desapropriação por utilidade e necessidade públicas, não conhecendo ainda a por interesse social.

Entretanto, o Direito Agrário avançou mais do que o Direito Administrativo, criando um instituto próprio, denominado desapropriação para reforma agrária, competência privativa da União e regulamentada pelo Decreto nº 95.715, de 10 de fevereiro de 1988;

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2 - Noções de domínio público e eminente, conceitos da órbita do Direito Administrativo, com vistas a justificar a intervenção estatal no direito de propriedade, entendendo o administrativista que a noção de domínio público é o poder político, pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as coisas de seu território.

    Ora, inegavelmente, essas duas noções possibilitaram uma melhor compreensão do instituto da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária;  

3 - O Estatuto da Terra, Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, previu, no artigo 6º, acordos e convênios, para a solução de problemas de interesse rural e de reforma agrária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, é uma alternativa de Direito Administrativo, própria de um Estado Federal cuja característica maior é a descentralização administrativa e política.  

    Quanto ao direito tributário e financeiro, há institutos com os quais o agrarista trabalha, próprios deste ramos de direito, às guisa de exemplo, o capítulo sobre tributação da terra, estabelecido no artigo 47 do Estatuto, o lançamento e cobrança dos tributos. O Imposto Territorial Rural (ITR), de competência da União, incidente sobre imóvel, por natureza, fora da zona urbana do município, tem como base de cálculo o valor fundiário. Este tributo constitui objeto de estudo do tributarista e do estudioso do Direito Agrário, visto como as normas gerais para a sua fixação estão previstas no Estatuto da Terra. A propósito, preceitua o art. 49, I, II, III, IV, V, VI, VII, expressis verbis:

"Art. 49 - As normas gerais para a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural obedecerão a critérios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes fatores: I - os valores da terra e das benfeitorias do imóvel; II - a área e dimensões do imóvel e das glebas de diferentes usos; III - a situação do imóvel em relação aos elementos do inciso II do art. 46; IV - as condições técnicas e econômicas de exploração agropecuária industrial; V - a natureza de posse e as condições de contratos e arrendatários, parceiros e assalariados; VI - a classificação das terras e suas formas de uso e rentabilidade; VII - a área total agricultável do conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário no País".  

    Outro relacionamento significativo é o Direito Agrário com o Direito Penal, porquanto há certos delitos que, freqüentemente, ocorrem no meio rural. Alguns penalistas, com o auxílio da Sociologia Rural, têm procurado demonstra que há uma criminalidade urbana, com características próprias, em oposição a uma criminalidade rural. Os tipos penais mais freqüentes são:  

1 - Crimes contra o patrimônio - os mais freqüentes são o furto e o roubo, aparecendo, especificamente, a figura do abigeato, subtração se semoventes; 2 - Supressão ou alteração de marca de animais; 3 - Modificação de limites e usurpação de água;

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4 - Esbulho possessório; 5 - Crimes de dano (introduzir ou deixar animais em propriedade sem consentimento do proprietário).  

    Sobre este relacionamento, entre o Direito Agrário e o Direito Penal, assevera Antônio Vivanco, em sua Teoria de Derecho Agrario:

"Há determinados bens rurais que necessitam de uma proteção especial, por isso a destruição ou danificação dos mesmos com fins dolosos deve ser severamente castigada, a fim de evitar sérios prejuízos à comunidade. O âmbito do Direito Penal é muito diferente do campo do Direito Agrário, não obstante existe, entre os dois, uma matéria coincidente que se encontra representada pela proteção à atividade agrária, que ambos os direito exercem, mas de forma distinta: uma pela regulação jurídica comum e outro por meio de um regime punitivo".  

    Com pertinência ao Direito Processual, o Direito Agrário se relaciona tanto com o civil, quanto com o penal e o trabalhista. Com o primeiro, o Direito Processual Civil, figura o procedimento das ações prossessórias, de usucapião de terras particulares, da divisão e demarcação de terras privadas, bem como do rito referente às questões do arrendamento rural. O Direito Processual do Trabalho é que normatiza o procedimento a ser seguido pelo Justiça do Trabalho, com relação aos litígios envolvendo as relações de trabalho rural. Ademais, as leis que tratam da caça, pesca, floresta, em termos de ritos, se fundamentam na legislação processual penal.     Para surpresa de muitos, pode-se falar em relacionamento do Direito Agrário até com o Direito Internacional Público. Ora, esta relação não desnatura os princípios dogmáticos do Direito Agrário, com um dos ramos do direito interno. Mas deixa evidente que o agrarista volta e meia está consultando documentos, relatórios, elaborados pela FAO (Field and Agricultural Organization), órgão criado pela ONU, com a finalidade de tratar de assuntos ligados à alimentação e à agricultura em todo o mundo. Ainda se vale do apoio da Unesco que, freqüentemente, difunde estudos sérios sobre questões rurais e de direito agrário, enfatizando a importância do direito comparado. E, atualmente, com o Mercosul, em busca de uma definição para os assuntos agrários referente aos países que integram esse bloco econômico.     Com o Direito Civil, o Direito Agrário tem um relacionamento distante, tendo em vista os enfoques ontologicamente diferentes, no que toca ao direito de propriedade. Todavia, este relacionamento foi muito estreito. Mas, com a autonomia científica e legislativa do Direito Agrário, ele se distanciou. É público e notório que a função social da propriedade é um dos dogmas do Direito Agrário, enquanto o Direito Civil se limita a um tratamento liberal da propriedade, acolhendo a teoria de que a propriedade é um direito subjetivo de usar, fruir da coisa. Esta posição não é totalmente acolhida pelo Direito Agrário.     Além do Direito de Propriedade, há certos institutos regulamentados pelo Direito Civil que interferem na ordem rural. Como o da servidão, o da hipoteca, o do condomínio e outros tantos. Especificamente sobre o Direito de Propriedade, afirma o professor Paulo Torminn Borges:

"Também no direito brasileiro (...) houve uma nítida evolução do conceito de propriedade: evolução porque a fórmula jurídica original

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cristianizou-se, humanizando-se e pondo-se, simultaneamente, a serviço do homem e da comunidade. O direito agrário, quanto ao imóvel rural, sentimos ser o direito de propriedade a faculdade que a pessoa tem de possuí-lo como próprio, com deve correto de utilizá-lo conforme o exigir o bem-estar da comunidade".  

    O Direito Comercial e Agrário se relacionam, com muita freqüência no que concerne ao conceito de empresa rural, a penhor industrial, mercantil, a dos Warrants (conhecimento de depósito). São institutos do velho direito. Ademais, a necessidade de comercialização dos redutos rurais pelo homem do campo fortalece cada vez mais este relacionamento entre os dois direitos.     Os cultores do direito do trabalho estão cada vez mais entusiasmados com as inovações do Direito Agrário. Os agraristas conferiram status constitucional a um dos requisitos, que configuraram a função social da propriedade, cujo enunciado é:  

"Art. 186 - a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes princípios: III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho".  

    Esse dispositivo constitucional teve sua fonte no art. 2º, parágrafo 1º, alínea "d" do Estatuto da Terra, assim disposto:  

"Art. 2º - (Omissis) Parág. 1º - A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam".  

    Em face desses dispositivos, um de natureza constitucional e outro de legislação ordinária, uma inferência se impõe: a relação do Direito Agrário com o Direito do Trabalho vai além da relação de emprego, estabelecida entre o empregador e o empregado rural, alcançando um dos princípios gerais do Distrito Agrário que, sem dúvida, pode ser objeto de estudo do agrarista e do cultor do direito do trabalho.     Se o Direito Agrário, como afirma o mestre Raymundo Laranjeira, é um direito de profunda textura social, porquanto um dos seus objetivos é o de resgatar a dignidade do rurígena, só por isso justifica o seu relacionamento com várias disciplinas parajurídicas. A começar pela Filosofia, já que o agrarista tem de ter uma visão de mundo e de homem, para lutar pela implementação dos princípios gerais do Direito Agrário, consubstanciados na fraternidade, na solidariedade, no bem-estar de todos, que só o conhecimento filosófico poderá possibilitar uma compreensão totalizadora desses princípios. Além do mais, a Filosofia do Direito tem um compromisso com a legitimidade justa e esta é uma preocupação política e científica do cultor do direito agrário, o jurista engenheiro social.     Os sociólogos e os agrarista se entendem. Os primeiros usam muito uma terminologia sociológica, tal como função social, êxodo rural, mobilidade, interação, mudança social, daí por que o relacionamento do Direito Agrário com a Sociologia é bastante evidente. A Sociologia, no entendimento do professor Elias Diaz, tem como objeto central de trabalho o direito eficaz. Investigação sobre eficácia do direito e, ainda, constatação do

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sistema de legitimidade criado e aceito por uma coletividade, a saber, a legitimidade eficaz.     Ainda são relacionados pelos estudiosos como disciplinas conexas, que oferecem subsídios para o Direito Agrário, a Economia, a História, a Ciência Política, a Antropologia, a Etnologia, deixando a possibilidade de um tratamento interdisciplinar, quanto ao estudo e à pesquisa do objeto deste novo ramo do direito, cuja preocupação maior é com a justiça social e com uma sociedade mais fraterna.     II - Fontes do Direito Agrário: quais são e em que consistem     Para especificar as fontes do Direito Agrário, é indispensável fazer uma incursão sobre as fontes do direito, em geral. É o que proponho como preliminar. Afirmou com bastante propriedade o jurisfilósofo Georges Gurvitch:  

"O problema das fontes do Direito Positivo constitui o problema crucial de toda a reflexão jurídica: é o ponto, em tordo do que gira toda a complexidade de seus temas".  

    Daí por que há de se indagar: qual é a fonte geradora da direito de uma nação? São as leis. São os costumes ou a jurisprudência ou o acervo de soluções dadas pelos jurisconsultores às questões de direito.     Ora, para uma explicação mais clara e mais didática do direito, de se começar com o significado da expressão fonte. Que significa? Pois bem, afirma Franco Montoro que é uma expressão figurada ou, se quisermos, um caso de analogia metafórica. Em sentido próprio, fonte é o ponto em que surge um veio de água. É o lugar em que ele passa do subsolo à superfície, do invisível ao visível. De certa forma, a fonte é o próprio curso de água no ponto de transição entre duas situações. É uma primeira aparição na superfície da terra.     Du pasquier afirma que o termo fonte é uma metáfora bastante feliz, porque remontar às fontes de um rio é chegar ao lugar em que suas águas afloram à terra: de forma semelhante, inquirir sobre a fonte de um preceito jurídico é procurar o ponto em que ele saiu das profundezas da vida social para surgir na superfície do Direito.     Portanto, fonte é o lugar de onde provém o direito, ou na linguagem magistral de Miguel Reale, fonte do direito se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência ou eficácia.     Tradicionalmente, os estudiosos distinguem as fontes do direito em fontes formais e em fontes materiais. As primeiras são os processos de criação das normas jurídicas, enquanto as segundas são os elementos ou fatores que determinam o conteúdo das normas jurídicas.     Constituem, pois, fontes formais do direito:     a) a lei;     b) os costumes;     c) a doutrina;     d) a jurisprudência.     São mencionados como fontes materiais:     a) a realidade social, isto é, o conjunto de fatos sociais que contribuem para a formação do conteúdo do Direito;     b)os valores que o Direito procura realizar, fundamentalmente, sintetizados no conceito amplo de justiça.     Sobre esta divisão das fontes do direito, Miguel Reale, coerentemente com a sua posição científica, diz:  

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"Expressão fonte material não é outra coisa senão o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos ou de fato que condicionam o aparecimento e as transformações das regras de direito. Fácil é perceber que se trate do problema do fundamento ético social das normas jurídicas, situando-se por conseguinte que se dê ao termo fonte do Direito uma única acepção, circunscrita ao campo da jurisprudência".  

    Nos sistemas jurídicos ocidentais, Direito Romanístico e Common Law, o enfoque dado às fontes do direito é acentuadamente diferente. No direito romanístico, a fonte por experiência ao direito é a lei. Na Commom Law, o direito se revela muito mais pelos usos e costumes e pela jurisdição do que pelo trabalho abstrato e genérico dos parlamentares.     Após esta introdução teórica sobre o tema, indaga-se: Quais são as fontes do Direito Agrário? Sem dúvida, são as leis, os costumes, a doutrina e a jurisprudência. Os estudiosos asseveram que as duas primeiras são denominadas fontes imediatas, enquanto as duas últimas fontes mediatas.     Sobre este assunto, o professor Raymundo Laranjeira afirma:  

"Dizemos, assim, primeiro de fontes imediatas, que geram, de logo, tais regras jurídicas; depois, de fontes mediatas, as quais são suscetíveis ao provocar, apenas de modo incidental, o aparecimento daquelas normas. Trata-se, pois, da clássica divisão bipartite das fontes de Direito, em geral, diante de que a Lei e os costumes ocupam o lugar prioritário, secundando-se o trabalho da Doutrina e da jurisprudência. Aquelas são as que conduzem às revelações diretas do Direito Agrário - enquanto que a atividade jurisprudencial e os ensinamentos dos doutrinadores funcionam, somente, como adjutórios na elaboração do novo ramo jurídico, constituindo-se antes, a rigor, em meros elementos informativos dele".  

    Logo, as fontes do Direito Agrário podem ser assim classificadas e estudadas:     a) A LEI - É uma expressão racional e objetiva do direito. Portanto, é uma regra de direito emana de um órgão especializado, sancionada pelo poder público.     Daí porque é de todo procedente a afirmação de Clóvis Beviláqua:  

"A lei é, sem dúvida, como o costume, manifestação da consciência jurídica, mas é uma forma de manifestação clara (o que é uma vantagem), precisa (o que é uma vantagem ainda maior), porém rígida o que é um defeito".  

    No contexto legal, as fontes do Direito Agrário são a Constituição, que estabelece diretrizes e princípios para a matéria agrária, como ficou claro no presente trabalho. Há de se ressaltar que, mesmo as constituições liberais, que não se preocuparam com uma ordem econômica e social, mencionaram no seu texto institutos de Direito Agrário, sem que ainda este novo ramo do direito tivesse conquistado a sua autonomia, como ocorreu com as constituições de 1824 e 1891 e as subseqüentes que se filiaram ao constitucionalismo social, sensível às questões econômicas e sociais, como as de 1934, 1937, 1946, 1967, emenda de 1969, 1988.     Além dos texto constitucionais, o Estatuto da Terra, Lei nº 4.504, de 20 de novembro de 1964, e toda legislação complementar do Estatuto.  

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    b) OS COSTUMES - Para se falar cientificamente sobre os costumes, é mister incursionar na seara da Sociologia. Para os sociólogos, há uma diferença entre os 'mores' e os 'folkways'. Esta diferença reside na maneira pela qual a referida forma de conduta é considerada pelo povo que a pratica. Daí porque os 'mores' são os costumes considerados essenciais à continuidade da vida do grupo. Enquanto os 'folkways' são as maneiras de agir (ways) que caracterizam um povo (folks). São as formas de conduta que um povo desenvolveu durante sua vida. São os costumes que os membros do grupo consideram menos importantes.     É procedente aqui e agora a lição de Nelson Nogueira Saldanha, quando afirma:

"Antes de outra coisa, deve-se distinguir entre 'costumes' em geral e costumes jurídicos. Os costumes (francês 'moeurs', em alemão, 'sitten' ) são as práticas assentes e enraizadas num grupo, nas várias situações e áreas da vida. O costume jurídico é um uso que apresenta importância jurídica, que como 'fonte' naquele sentido convencional (formal) do termo, que como ponto de referência para constar fatos notórios ou circunstanciais".  

    Pode-se concluir, então, que os costumes podem ser conceituados:     1 - Como sendo o conjunto de regras uniformes, gerais e constantes que se impõe a todos os membros da coletividade, com tal autoridade, que a infração delas importa uma viva desaprovação das partes dos outros indivíduos e certo incômodo íntimo.     2 - Como o padrão de comportamento sancionado pela sociedade que adotou.     3 - Como um uso implantado em uma coletividade e considerado por esta como juridicamente obrigatório. É o direito nascido consuetudinariamente, o "jus moribus constitutum".         Os costumes assumem as seguintes modalidades:     1.1 - Costumes contra legem - são os costumes implicitamente revogatórios dos textos positivos vigentes. Operam contra a lei vigente. Impõe a desaplicação da norma legal pelo desuso.     1.2 - Costumes secundum legem - São os costumes previstos no texto escrito que a eles referem, ou mande observá-los em alguns casos, como direito subsidiário.       1.3 - Costumes praeter legem - São os costumes que substituem a lei, nos casos mesmo deixados em silêncio. Preenchem as lacunas das normas positivas e servem também como elemento de hermenêutica.     No Direito Agrário, segundo o professor Raymundo Laranjeira, excepcionalmente se depara com os costumes contra legem. Todavia, aquele eminente mestre dá um exemplo encontrado na região fumageira baiana, em que alguns camponeses, ditos ali 'agregados-foreiros', concedem ao dono da terra, cada semana, todo dia de trabalho, como paga pelo uso de pequenos tratos do solo, onde fazem roças intercalares de substância. E finaliza o professor:  

"Todavia, ainda podemos encontrar, no Direito Agrário Brasileiro, incontáveis influências dos costumes em torno do sistema de colheitas, do regime de marcas de animais, na repartição dos frutos, no criatório em campos comuns e muitos outros fenômenos do ambiente rural, sucedendo que essas normas consuetudinárias se aplicam a rodo, e de maneira decisiva, em todo país, desde lá nas florestas da Amazônia, nos charcos e nos gerais do centro e oeste, nos cerrados e caatingas nordestinas e nas terras roxas e dos pinhais do sul, até os pampas. E, na própria legislação agrária, às vezes nos deparamos com necessárias remissões aos costumes, assim as relativas a prazos e ultimação da

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colheita, aos arrendamentos, às modalidades e costumeiras da parceria, como a meação, quarta, terça, sem se falar, também, só para citá-los de dispositivos com essência agrária do Código Civil, ligados a empreitada por serviços campestres, bem como aos tapumes, nestes se limitando diversos usos regionais".  

    c) JURISPRUDÊNCIA - Como fonte do direito, a jurisprudência é o conjunto de soluções elaboradas pelos juízes às questões jurídicas. Ou, na linguagem de Miguel Reale, é uma forma de revelação do Direito que se processo através do exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais. Com referência ao Direito Agrário, no Brasil, não há uma jurisprudência consolidada. Decidindo alguns recursos extraordinários, no que concerne à matéria agrária, o Egrégio Supremo Tribunal Federal, em um outro julgado, tem-se posicionado:  

"Estatuto da Terra. Módulo. Área mínima. Promessa de Venda celebrada sob condições peculiares. Estatuto da Terra - Art. 65 - Divisão da Gleba: 1) Ex vi dos arts. 65 da Lei nº 4.504/64, e 11, do Decreto-Lei nº 57/66, é inadmissível a divisão da gleba em quinhões, menores do que os módulos, ainda que para fazer cessar o condomínio entre os co-proprietários. 2) O fim da lei, no caso, é de evitar a proliferação de minifúndios antieconômicos, e deve preponderar sobre a literalidade do dispositivo". (R.T.J. nº 73. p. 860).   "Terras devolutas - registro do vigário. 1. O registro da Lei nº 601/1850, pelo regulamento da 1854, não tinha finalidade puramente estatística, mas visava a legalizar a situação de fato das posses que se multiplicaram nos 3 séculos anteriores. 2. Ressalva-se ação do usucapião pela praescriptio longissimi temporis". (D.J. 23.3.75).  

    d) DOUTRINA - É o conjunto de soluções às questões de direito, ministradas pelo jurisconsultos. A atividade doutrinária é trabalho de jurista e jurisconsultos. Pressupõe objetividade, metodização, vez que é trabalho estritamente científico.     Ora, a doutrina do Direito Agrário começou a ser valorizada na Itália, com a criação da Revista do Direito Agrário, pelo professor Giangastone Bolla. E, com o I congresso Internacional de Direito Agrário, em 1954, convocado por esse insigne mestre, divulgou os princípios doutrinários do novo direito em toda a Europe. No Brasil, há todo um trabalho de doutrina, elaborado por mestres, como Ruy Cirne Lima, Nestor Duarte, Fernando Sodero, J. Motta Maia, Raymundo Laranjeira, Octávio Mello Alvarenga, Paulo Garcia, e, especialmente, pelo então coordenador do Curso de Mestrado em Direito Agrário, da Faculdade de Direito da UFG, professor emérito Paulo Torminn Borges, que guardava as devidas proporções, por ser alcunhado de Giangastone Bolla do Centro-Oeste brasileiro, pela sua dedicação ao Direito Agrário Brasileiro, quer como professor, conferencista, escritor e pesquisador.     Entre outras conclusões, este trabalho aponta as seguintes:     1 - É muito importante uma opção por um estudo interdisciplinar, em termos de estudo e pesquisa do Direito Agrário;

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    2 - O jurista que pretende ter uma mentalidade agrarista tem de ter um compromisso forte e claro com a justiça social e o Estado Democrático de Direito;     3 - O agrarista tem de professar um reformismo social e político, com o objetivo de mudas as estruturas sociais e econômicas, que impedem uma reforma agrária, em um regime democrático.     4 - No que toca às fontes do direito, o agrarista deve valorizar a realidade social e os valores consagradas pelo direito, cuja síntese é a justiça social, como fundamento de uma proposta de democracia política, social, econômica e cultural.      Jônathas Silva é professor na UCG e UFG e mestre em Direito Agrário   Referências Bibliográficas 1. Marcial, Alberto Ballarin, in Derecho Agrario Y Política Agraria. Madrid. 1775, p. 23 2. Galoni, Giovani, Direito Agrário nas Constituições Européias. Fundação Petrônio Portela - MJ, 1983, p. 10. 3. Vivanco, Antonino, C., Teoria de Derecho Agrario. Ediciones Livraria Jurídica, La Pita, 1967, Vol. I, p. 232. 4. Borges, Paulo Torminn, Institutos Básicos do Direito Agrário. Saraiva, São Paulo, 4º Ed., 1983, p. 13/14. 5. Diaz, Elias, Sociologia Y Filosofia del Derecho. Madrid, Taurus, 1971, p. 63. 6. Citação de Coelho, Inocência, Revista Brasileira de Filosofia. São Paulo, Vol. 23, fasc. 92, p. 363. 7. Montoro, Franco, Problema das Fontes do Direito, Revista de Informação Legislativa. Vol. 23, Senado Federal. 8. Cf. Introdutión à Théorie Génerale et à la Philosophie du Droit. Neuchetel, 1973, p. 34. 9. Ibidem. 11. Saldanha, Nelson Nogueira, Sociologia do Direito. T.T., São Paulo, 1970, p. 131. 12. Cf. Idéias Fundamentais do Direito Atual, Escolas e Tendências. In Estudos Jurídicos, p. 88/89. 13. Gropalli, A., Philosophia do Direito, LIV, Clássica, Ed. Lisboa, 1910, p. 352. 14. CT. Dicionário de Sociologia. Ed. Globo, 3ª Impressão, 1967. 15. Maynewz, Eduardo Garcia, Introdución al Estudio del Derecho. Editorial Porrua, S/A. 7ª Edicion, revisada, p. 61. 16. Laranjeira, Raymundo, Propedêutica do Direito Agrário. Edições LTR, São Paulo, 1975, p.72. 17. Ob. cit. 195.    

http://www.oabgo.org.br/Revistas/31/materia-2.htm

segunda-feira, 14 de setembro de 2009QUESTÕES DE DIREITO AGRÁRIO 1. O QUE É O ESTATUTO DA TERRA?O Estatuto da Terra (Lei n.º 4.504/64), é o Código Agrário brasileiro, onde examina em muitos artigos o problema da reforma agrária e da

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política fundiária, adotando o método liberal e democrático de solução da matéria.Código agrário brasileiro – examina a reforma agrária - política fundiária – liberal, democrático.

2. O QUE É REFORMA AGRÁRIA?A Lei n. 8.629/1993 regulamenta e disciplina as disposições relativas à reforma agrária, previstas no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal de 1988 (arts. 184 a 191).Considera como reforma agrária o conjunto de medidas que visem a promover a melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade (Estatuto da Terra, art. 1º, § 1º).Medidas – distribuição de terras – modificações no regime de posse e uso – atender justiça social - aumento de produtividade

3. O QUE É POLÍTICA FUNDIÁRIA?É um conjunto de providências de amparo à propriedade da terra que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes a eficácia de harmonizá-las com o processo de industrialização e desenvolvimento do país.Amparo à propriedade da terra - orientar economia rural – atividades agropecuárias – garantir sua eficácia – harmonização na industrialização – desenvolvimento

4.QUAL É A FUNÇÃO DA REFORMA AGRÁRIA?Reforma agrária é, mudar o estado atual da situação agrária. E esse estado que se procura modificar é o do feudalismo agrário (que influenciou o surgimento das sesmarias e capitanias hereditárias no Brasil colonial) e o da grande concentração agrária (latifúndios) em benefício das massas trabalhadoras do campo. Por conseqüência, as leis de reforma agrária se opõem a um estado anterior de estrutura agrária privada que se procura modificar para uma estrutura de propriedade com sua função social.Mudar a situação agrária – feudalismo , latifúndios – leis se opõem a uma estrutura agrária privada a uma estrutura com função social.

5. COMO A SOCIOLOGIA MARXISTA ENCARA O PROBLEMA DA REFORMA AGRÁRIA?Esta é reputada como o confisco das terras dos grandes senhores rurais, para favorecer as massas campesinas (proletariado). A terra é nacionalizada e passa ao controle do Estado, que a arrenda a título perpétuo ao campesinato, por meio das fazendas coletivas, como na extinta União Soviética, ou passa ao controle dos novos proprietários campesinos, como na China Socialista, sem prejuízo da apropriação futura do Estado.

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Confisco das terras – favorecer ao proletariado – terra nacionalizada (controle estatal) – arrendando-a , ou passando o controle ao campesino – apropriação futura do Estado

6. A Constituição Federal de 1988 estabelece a distinção entre reforma agrária, política agrária e política fundiária.A Reforma agrária é uma revisão e novo regramento das normas disciplinando a estrutura agrária do País, tendo em vista a valorização humana do trabalhador e o aumento da produção, mediante a utilização racional da propriedade agrícola e de técnica apropriada ao melhoramento da condição humana da população rural.Ela deve combater as formas menos adequadas de produção, sobretudo o latifúndio e o minifúndio. Mesmo a pequena propriedade familiar, também não apresenta grande grau de produtividade sem as técnicas do crédito e do melhor assentamento do homem à terra. Revisão e novo regramento das normas – valorização humana – aumento da produção –A política agrária é o conjunto de princípios fundamentais e de regras disciplinadoras do desenvolvimento do setor agrícola.Princípios – regras – desenvolvimento A política fundiária, disciplina a posse da terra e de uso adequado (função social da propriedade).A política fundiária deve visar e promover o acesso à terra daqueles que saibam produzir, dentro de uma sistemática moderna, especializada e profissionalizada.E, nesse contexto, a terra tem uma função social, que é justamente a produção agrícola para alimentar a população humana e a sociedade urbanizada. E a redistribuição das terras é normalmente um dos principais objetivos de qualquer programa de reforma agrária. Disciplina a posse e uso da terra – acesso – produção moderna.

7. Relacione a questão agrária na CF/88 e na Lei 8.629/93 (lei que regula e disciplina a Reforma Agrária)Na CF/88 os institutos básicos de direito agrário (o direito de propriedade e a posse da terra rural) são disciplinados e o direito de propriedade é garantido como direito fundamental, previsto no art. 5º, XXII; compatibiliza a propriedade com a função social, para promover a justiça comunitária; permite à União desapropriar por interesse social o imóvel rural que não esteja cumprindo a função social prevista no art. 9º da Lei nº 8.629/93, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação de seu valor real, resgatáveis no prazo de 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, de acordo com os critérios estabelecidos nos incisos I a V, § 3º, do art. 5º da Lei nº 8629/93. Entretanto, as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizáveis em dinheiro. CF/88 propriedade, posse – função social – União desapropria - indenização em títulos da dívida agrária – cláusula de preservação de seu valor real – benfeitorias úteis e necessárias em dinheiro.

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8.DE QUAL FORMA SE INICIA A AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO , E QUEM O FARÁ?Através de um Decreto que declare o imóvel rural como de interesse social, para efeito de reforma agrária, autorizando a União a propor tal ação de desapropriação. Decreto – interesse social – União

9. Descreva sobre a isenção de impostos na Reforma Agrária.As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária bem como a transferência ao beneficiário do programa, serão isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais (art. 26, Lei n. 8.629/93). Op. Transferências de imóveis - op. Trans.beneficiário

9. Quais os tipos de propriedade que formam um núcleo inacessível à reforma agrária, sendo portanto, insuscetíveis de desapropriação?I) a pequena e média propriedade rural(imóvel rural de área entre 1 a 4 módulos fiscais e imóvel rural de área superior a 4 até 15 módulos fiscais, respectivamente), desde que o proprietário não possua outra; II) a propriedade produtiva (que é a explorada econômica e racionalmente, atingindo, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão Federal competente).Peq. 1=>4 – média 4=>15 – prop. Produtiva

10. Quais são os requisitos exigidos, para que a função social da propriedade rural seja cumprida ?I- aproveitamento racional e adequado; II- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;III- observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e trabalhadores. Aproveitamento racional.

11. Após a desapropriação da terra , como será o trâmite para a distribuição de imóveis pela Reforma Agrária ao beneficiário?Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão o título de propriedade ou de concessão de uso, que são inegociáveis pelo prazo de 10 anos, podendo tais títulos serem objeto de conferência ao homem ou a mulher.O orçamento da União fixará, anualmente (Plano Plurianual), o volume de títulos de dívida agrária e dos recursos destinados, no exercício, ao atendimento do Programa de Reforma Agrária; devendo constar estes recursos do orçamento do ministério responsável por sua implementação e do órgão executor da política de colonização e reforma agrária (INCRA).Título de propriedade/ concessão de uso – inegociáveis por 10 anos – ao homem/mulher - orçamento da união – plano plurianual – títulos da dívida agrária – recursos – orçamento do min. – INCRA.

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12. Na sua opinião qual é a importância da Reforma Agrária?A reforma agrária é decisiva porque permite e consolida a estabilidade econômico-financeira de um país. Promove a aliança harmônica entre o proprietário e os trabalhadores rurais, descentralizando o poder latifundiário democraticamente, favorecendo as massas e beneficiando o conjunto da nacionalidade. É um imperativo da realidade social atual, atendendo a função social da propriedade, evitando-se assim, as tensões sociais e conflitos no campo estimulando assim o progresso nacional. Estabilidade econômica – harmonização propriet/ trab – descentraliza o poder – favorece as massas – função social – progresso nacional.

13.Como se deu a conquista da autonomia científica do Direito Agrário ?As relações agrárias sempre foram tuteladas por outros ramos do direito, principalmente o Direito Civil, que tem seus referenciais no individualismo e na sacralização da propriedade. • 1822 - Regime colonial de sesmarias;• 1850 - Lei n. 601 /1850 (Lei de Terras) ; Não era, porém, uma lei que atendia aos interesses dos camponeses pobres, pelo contrário, favorecia a concentração das terras. • 1912 - Um projeto de Código Rural foi apresentado pelo Prof. Joaquim Luís Osório à Câmara dos Deputados, o qual não foi adiante. • 1934 - A Constituição de 1934 trouxe a competência expressa da União para legislar sobre "Direito Rural" (art. 5º, XIX, c). • 1937 - Dois novos projetos de Código Rural, o de Favorino Mércio, apresentado perante a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, arquivado diante da competência legislativa privativa da União, e o de Borges de Medeiros à Câmara dos Deputados, que se perdeu com o fechamento do Congresso no golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas. • 1964 - Com a promulgação da Lei n. 4.504 , o Estatuto da Terra , que o Direito Agrário veio consolidar sua autonomia legislativa.Todas as iniciativas mencionadas foram impulsionadas pelos conflitos pela posse da terra, culminando-se, na ocasião do Estatuto da Terra , a aniquilação genocida, pelo Exército Brasileiro, após o golpe militar de 1964, das Ligas Camponesas, que vinham se desenvolvendo desde o final da década de 40;• o Estatuto da Terra e sua legislação complementar que reforçam a autonomia científica do Direito Agrário.• O que dá essa autonomia são princípios, objeto e método próprios.

14. QUAL É O OBJETO DO DIREITO AGRÁRIO?As atividades agrárias.

15. QUAL É A FINALIDADE DO DIREITO AGRÁRIO?

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O fim específico é a justiça social.

16. Desde quando está incluído nos cursos jurídicos o Direito Agrário?Já em 1943 solicitava-se ao Congresso Nacional a criação da cátedra de Direito Rural nas universidades brasileiras. Em 1972, com a Resolução n. 3 do antigo Conselho Federal de Educação, o Direito Agrário foi incluído definitivamente nos currículos das faculdades de direito, como matéria obrigatória ou opcional. Em 1975, o I Seminário Ibero-Americano e Brasileiro de Direito Agrário, em Cruz Alta/RS, aprovou recomendação para que o Direito Agrário se tornasse matéria obrigatória na grade curricular mínima dos cursos de Direito, sendo cursada em dois semestres, preferencialmente nos últimos. Hoje, permanece a luta por essa obrigatoriedade.

17. Os princípios do Direito Agrárioa) a realização da justiça social; b) a função social da propriedade rural; c) a preservação da biodiversidade; d) o crescimento contínuo da produção e da produtividade, com o fortalecimento da economia nacional; e) o bem-estar econômico e social do homem do campo; f) a fixação à terra dos que a tornarem produtiva com o seu trabalho e de sua família; g) a liberdade e a igualdade do acesso à terra; h) a penalização dos que a possuem sem cumprir sua função social; i) a destinação produtiva das terras públicas, preferencialmente para promover o acesso à igualdade social; j) a proibição do arrendamento das terras públicas; l) a eliminação de todas as formas antieconômicas e anti-sociais do uso da terra agricultável, como o minifúndio e o latifúndio; m) a proteção aos que cultivam a terra, ainda que arrendatários ou parceiros agrícolas; n) o fortalecimento do espírito comunitário; o) combate aos mercenários da terra; p) a imposição constante de novos paradigmas para a ciência jurídica;

q) ação coordenada da atividade e da legislação agrária com a ordenação do território.

Qual a importância do Direito de Preferência nas sociedades mais antigas?Existia um acordo dentro dessas propriedades de quem plantava o que. Foi esse o fundamento que levava ao direito de preferência, já que se viesse alguém de fora poderia este não ter o espírito comunal que norteava as relações nas “Vilas”.

TÍTULO DE DOMÍNIO – quando vc comprou adquiri o jus in ré, este direito é o domínio, título escritura sobre o imóvel, através da escritura se dá o direito de possuir o jus possidendi.

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CONCESSÃO DE USO – POSSE – ocupação material da área, este sem o título de domínio é só posseiro, A USuCAPIÃO – sinônimo de prescrição após 15 anos de posse.

FONTES DO DIREITO AGRÁRIO1. 1. Economia agrícola. Sua Origem. Propriedade consorcial. Para entendermos a economia agrícola devemos buscar nas Leis Romanas. A economia agrícola precedeu séculos à Economia Urbana. Iniciou-se com as Vilas, onde cada família possuía um apanhado de terras no qual plantavam e semeavam mesmo sendo a água, os pastos e as florestas comuns a todos. Foi já nesta época em que surgiu o Direito de Preferência, pois se alguém quisesse vender sua propriedade, deveria ser feito a seu vizinho. Este direito de preferência deu origem ao Art. 8º, § 4º DA LEI 5.868/72.

Questionamentos: Qual a importância do Direito de Preferência nas sociedades mais antigas?Existia um acordo dentro dessas propriedades de quem plantava o que. Foi esse o fundamento que levava ao direito de preferência, já que se viesse alguém de fora poderia este não ter o espírito comunal que norteava as relações nas “Vilas”.1. 2. Art. 1.255 da Lei n. 10.406, de 2002

Quem plantava no terreno alheio, perdia tudo. Quem planta no terreno alheio, os frutos serão do seu dono. Hoje se alguém planta no terreno alheio, de Boa fé, terá direito à indenização. Em épocas remotas era muito complicado saber quem era o verdadeiro dono. Nessa época não havia a necessidade de um caráter de função social da Propriedade Agrícola.1. 3. Ocupação de enxames de abelhas. CC/16, art. 593; CC/02, art. 1.263 Todo produto da terra que tem uma apreciação econômica é de suma importância para o Direito. Antes, quando alguém encontrasse um enxame, marcava quanto logo, para demonstrar a sua posse. Hoje não se dá dessa forma. Se acontecer o dono irá reclamar a sua posse de outra forma.1. 4. Caça e pesca. Art. 594 e 599 do CC/16. Código de Caça e Pesca. Direito romano. O que ocorria antes era fruto do costume.1. 5. Costume como fonte do direito agrário. Art. 1.215 do CC/16. Arts. 21, 2º e 44 do Regulamento n. 59.566, de 14-11-1966. O costume tem influência no ordenamento jurídico mais remoto. “O costume é o direito e caracterizou “todos os ordenamentos jurídicos de todos os povos primitivos”.1. 6. Direito Romano. Direito de estirpe e direito de cultura. Importância no direito agrário. A cultura é fruto do meio social e somente existe onde há sociedade, no entanto, não se confunde com esta. Entendemos que somente o homem possui cultura e sociedade e foi através das sociedades que o homem conseguiu desenvolver

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técnicas agrícolas e transmitindo-as de geração a geração, formaram uma cultura.O Brasil sofreu influência de diversos povos no que tange à questão agrícola, sobretudo, dos europeus. 1. 7. Direito Grego. Sua contribuição. Arts. 95, IV, e Arts. 93, §§ 3º e 4º, da Lei n. 4.504. Jus protimesis. Direito de preferência. Arts. 505 e 504 do CC/02. Foram eles que iniciaram o aluguel das terras. O direito de preferência, a retrovenda. A retrovenda hoje está em desuso, pois ninguém tem interesse em comprar dessa maneira, ou seja, o sujeito vende um terreno, sob a condição de que, se ele desistir, comprará novamente. A questão dos co-herdeiros se dá da mesma da forma, ou seja, permanece o direito preferência entre estes.Podemos citar como algumas contribuições:• No caso de alienação de imóvel arrendado, a preferência é do arrendatário. Jus protimesis – Direito de preferência; • Retrovenda; • Pro-indiviso – alienar aos consortes ou a outros sucessores; 1. 8. Fontes legais do direito agrário brasileiro. Enfiteuse. Arts. 683, 685, 681 e 692 do CC/16. CF/88. Quanto às fontes legais, verificamos o direito português, o romano, o germânico e o canônico.O Brasil recebeu regeu-se pelo Direito Português até 1917, através das Ordenações das Filipinas.Proibição de minifúndio (as terras não deveriam ser divididas em áreas de dimensão insuficiente à sua exploração). Essa proibição vem desde a península e consta até hoje no art. 65 do Estatuto da Terra.Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural. (Regulamento)A enfiteuse se caracterizou nesta época. Ela tem uma grande importância para o Direito Agrário por recair sobre terras devolutas. Hoje a enfiteuse rural está em desuso, já que foi extinta pela Constituição Federal de 88, mas é importante observar que na época em que foi instituída era de tamanha importância.O enfiteuta não poderia vender seu domínio útil sem que avisasse previamente a seu senhorio, que, por sua vez, poderia fazer uso do seu direito de preferência. 1. 9. Função social da propriedade. Art. 170, III, da CF. Lei das Sesmarias. Art. 2º do ET. A função social da propriedade rural devera se atendida, sob pena de ter a mesma, desapropriada. Serão retiradas de seus donos, aquelas terras abandonadas ou desleixadas.A propriedade rural desempenha sua função social quando: “favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias”DIREITO AGRÁRIO 1. CONCEITO – Direito Agrário é o ramo do Direito que visa o estudo das relações entre o homem e a propriedade rural.“O Direito Agrário é a ordem jurídica que rege as relações sociais e econômicas que surgem entre os sujeitos intervenientes na atividade agrária. A expressão Direito Agrário implica a união dos conceitos

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fundamentais: o de Direito e o de Agrário. Por direito se entende toda ordem normativa e coativa, tendente a regular a conduta humana dentro do grupo social; e agrário, significa a terra com aptidão produtiva e toda atividade vinculada com a produção agropecuária.”2. OBJETO DAS ATIVIDADES AGRÁRIAS – art. 1º, ETArt. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.2.1 Objeto É toda ação humana no sentido da produção orientada, na qual, a participação ativa da natureza visando a conservação das fontes produtivas naturais.2.2 Aspectos fundamentais• Explorações rurais típicas (setor primário) compreendem a lavoura permanente (café, cacau) o extrativismo vegetal, a pecuniária e a hortigranjearia. • Exploração rural atípica (setor secundário), beneficiamento ou transformação dos produtos rústica: compreende a agroindústria (processos industrializantes). • Atividades complementares (setor terciário): atividade final processo produtivista: compreende o transporte e a comercialização dos produtos. 3. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AGRÁRIO: Natureza de Direito privado contendo normas de ordem público. 4. FONTES4.1 Imediatas: Costumes e leis4.2 Mediatas: doutrina e jurisprudência5. PRINCÍPIOS:5.1 MONOPÓLIO LEGISLATIVO DA UNIÃO• Art. 22, I, CF Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:I –( CAPACETE PM) CIVIL – AGRARIO – PENAL –AERONALTICO – COMERCIAL – ELEITORAL – TRABALHO - ESPACIAL - PROCESSUAL - MARÍTIMO5.2 UTILIZAÇÃO DA TERRA SE SOBREPÕE A TITULAÇÃO DOMINICAL - A utilização da terra se sobrepõe a titularização Dominical. 5.3 PROPRIEDADE CONDICIONADA À FUNÇÃO SOCIALArt. 5º, XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:5.4 POLÍTICA DE REFORMA AGRÁRIA E DE DESENVOLVIMENTO RURAL Deve haver um equilíbrio entre a reforma agrária e o desenvolvimento rural.5.5 INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INVIDUALTodas as vezes que temos um ramo do direito público (ou privado com algumas normas do público) há o interesse do público sobre o privado. Ex: Quando há problema no escoamento de produção de pequenos proprietários, o Estado interfere, comprando esse excedente.

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5.6 PROTEÇÃO A PEQUENA E MÉDIA PROPRIEDADE RURAL5.7 FORTALECIMENTO DA EMPRESA RURAL – Trataremos em breve. 5.8 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE – Auto-explicativo. 6. ESTATUTO DA TERRA6.1 IMÓVEL RURALPor imóvel rural, entendemos que será denominado de acordo com a atividade ali explorada. Deste modo, mesmo que esteja situado numa zona urbana, explorando atividade rural, será considerado imóvel rústico.Art. 4º Para os efeitos desta Lei,definem-se:6.1- “Imóvel Rural” (IMÓVEL RÚSTICO), o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;6.2 PROPRIEDADE FAMILIARAfirmamos ser FAMILIAR o imóvel que. direta e pessoalmente, seja explorado pelo agricultor e sua família, os quais lhes absorva toda sua força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente, trabalhada com ajuda de terceiros.II – “Propriedade Familiar”, o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;ATENÇÃO: É importante ressaltar que propriedade familiar difere de minifúndio.6.3 MÓDULO RURALÉ a área fixada para cada região e exploração. O Estatuto da Terra não delimita as medidas, deixando a cargo das regiões sua definição. Eles é que vão definir de acordo com a cultura e o território de cada região. III – “Módulo Rural”, a área fixada nos termos do inciso anterior ;6.4 MINIFÚNDIOIV – “Minifúndio”, o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar;6.5 LATIFÚNDIOV – “Latifúndio”, o imóvel rural que:a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;Art. 46, § 1º, b), dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis

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rurais, os quais não excederão a seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva zona;6.6 NÃO SE CONSIDERA LATIFÚNDIO:Parágrafo único. Não se considera latifúndio:a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante planejamento adequado;b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação florestal ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente da administração pública.VI – “Empresa Rural” é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico …Vetado… da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;QUESTIONÁRIO1. QUAL O OBJETIVO DA: 1. Reforma Agrária 2. Política Agrária 1. O art. 2º do Estatuto da Terra assegura a todos a oportunidade de acesso à terra condicionada a sua função social. Comente o artigo no contexto social brasileiro. 2. Compare o art, 2º, § 1º do ET com o art. 186 da CF/88. 3. Uma produtiva “A” joga agrotóxicos num rio que por ela passa poluindo-o. Pergunta-se tal propriedade cumpre na função? Fundamente. 4. João dos Santos é proprietário de uma média propriedade rural e de um imóvel urbano. A propriedade rural de João pode ser desapropriada para fins de reforma agrária? Fundamente. Postado por DIREITO EX LEGE às 19:24