direito agrário e ambiental - silvio fazzoli.html

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Benedito Ferreira Marques (autor bem resumido) DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL (prova sem consulta) Prof. Silvio Fazolli [email protected] Sumário 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO AGRÁRIO..................................2 1.1 DIREITO AGRÁRIO E DIREITO AMBIENTAL.......................2 1.2 JUSTIFICATIVA.............................................2 1.3 ASPECTO HISTÓRICO.........................................2 1.4 AUTONOMIA CIENTÍFICA......................................2 1.5 ENQUADRAMENTO/NATUREZA JURÍDICA...........................3 1.6 DENOMINAÇÃO...............................................3 1.7 DEFINIÇÃO.................................................3 1.8 JUSTIÇA AGRÁRIA...........................................3 1.9 FONTES....................................................4 2 PRINCÍPIOS DO DIREITO AGRÁRIO..................................6 3 CODIFICAÇÃO.................................................... 8 4 RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO............................8 5 FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA PROPRIEDADE..........................8 6 JUSTIFICATIVAS JURÍDICO-FILOSÓFICAS DA PROPRIEDADE.............9 6.1 TEORIA DA ORIGEM DIVINA...................................9 6.2 TEORIA DA OCUPAÇÃO........................................9 6.3 TEORIA DA ESPECIFICAÇÃO...................................9 6.4 TEORIA DA NATUREZA HUMANA.................................9 6.5 TEORIA DA LEI.............................................9 6.6 TEORIA DA FUNÇÃO SOCIAL..................................10 7 PRÉDIO RÚSTICO................................................ 10 7.1 DEFINIÇÃO/CARACTERIZAÇÃO.................................10 7.1.1 Teoria da Destinação (ET, art. 4.º, I )............10 7.1.2 Teoria da Localização (CTN, Art. 29) ..............10 7.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS.....................................11 7.3 ESTUDO DE CASOS..........................................11 7.4 DIMENSIONAMENTO DO IMÓVEL RÚSTICO........................12 7.5 INDIVISIBILIDADE.........................................13 7.6 ESPÉCIES.................................................13 7.7 PROPRIEDADE PRODUTIVA....................................18 7.8 COLONIZAÇÃO..............................................18 7.9 TERRAS DEVOLUTAS.........................................19 7.9.1 Processo Discriminatório Administrativo............19 7.9.2 Ação Discriminatória (ART. 18 E 23)................20 7.9.3 LA.................................................20 7.9.4 Hipóteses De Cabimento (judicial):.................20 7.9.5 Fases (judicial):..................................20 7.10 AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS POR PESSOAS ESTRANGEIRAS....20 8 CONTRATOS AGRÁRIOS............................................21 8.1 HISTÓRICO LEGISLATIVO....................................21 1 INTRODUÇÃO AO DIREITO AGRÁRIO

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Agrário Agrário Agrário Agrário Agrário

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Benedito Ferreira Marques (autor bem resumido)DIREITO AGRRIO E AMBIENTAL(prova sem consulta)Prof. Silvio [email protected]

Sumrio1 INTRODUO AO DIREITO AGRRIO21.1 DIREITO AGRRIO E DIREITO AMBIENTAL21.2 JUSTIFICATIVA21.3 ASPECTO HISTRICO21.4 AUTONOMIA CIENTFICA21.5 ENQUADRAMENTO/NATUREZA JURDICA31.6 DENOMINAO31.7 DEFINIO31.8 JUSTIA AGRRIA31.9 FONTES42 PRINCPIOS DO DIREITO AGRRIO63 CODIFICAO84 RELAO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO85 FUNO SCIO-AMBIENTAL DA PROPRIEDADE86 JUSTIFICATIVAS JURDICO-FILOSFICAS DA PROPRIEDADE96.1 TEORIA DA ORIGEM DIVINA96.2 TEORIA DA OCUPAO96.3 TEORIA DA ESPECIFICAO96.4 TEORIA DA NATUREZA HUMANA96.5 TEORIA DA LEI96.6 TEORIA DA FUNO SOCIAL107 PRDIO RSTICO107.1 DEFINIO/CARACTERIZAO107.1.1 Teoria da Destinao (ET, art. 4., I )107.1.2 Teoria da Localizao (CTN, Art. 29) 107.2 CONSIDERAES GERAIS117.3 ESTUDO DE CASOS117.4 DIMENSIONAMENTO DO IMVEL RSTICO127.5 INDIVISIBILIDADE137.6 ESPCIES137.7 PROPRIEDADE PRODUTIVA187.8 COLONIZAO187.9 TERRAS DEVOLUTAS197.9.1 Processo Discriminatrio Administrativo197.9.2 Ao Discriminatria (ART. 18 E 23)207.9.3 LA207.9.4 Hipteses De Cabimento (judicial):207.9.5 Fases (judicial):207.10 AQUISIO DE IMVEIS RURAIS POR PESSOAS ESTRANGEIRAS208 CONTRATOS AGRRIOS218.1 HISTRICO LEGISLATIVO211 INTRODUO AO DIREITO AGRRIODireito Agrrio uma disciplina que tem autonomia cientfica porque tem objeto e princpios prprios.O objeto atual a atividade agrria (trabalho do homem sobre a terra). O objeto, antigamente, era a terra.Legislao que ser usada: Estatuto da Terra.1.1 DIREITO AGRRIO E DIREITO AMBIENTAL Inter-relao Ementa e contedo programtico da disciplina1.2 JUSTIFICATIVA Por qu estudar?1.3 ASPECTO HISTRICO Objetivo inicial das normas agrrias: Garantia de alimentao convivncia entre os integrantes da tribo.

Possveis origens Cdigo de Hammurabi (sc. XVII a.C.) disposiescveis e criminais Garantia de prorrogao de dvida: 48. Se um homem livre tem sobre si uma dvida e o seu campo foi inundado, ou a torrente carregou ou por falta de gua no cresceu gro no campo; naquele ano ele no dar gro a seu credor, ele anular o seu contrato e no pagar os juros daquele ano;

Lei das XII Tbuas (450 a.C) Crime de dano; responsabilidade civil; usucapio; direitos do possuidor sobre coisa litigiosa; penhor (agrcola)

1.4 AUTONOMIA CIENTFICA RecenteA matria em si antiga, vem do Cdigo de Hamurabi (48). A matria tornou-se disciplina h pouco tempo, recente. A disciplina tem amparo na CF.

Objeto- a TERRA? Os primeiros autores de Direito Agrrio defendiam que a matria tinha como objeto o estudo da terra (esse o conceito tradicional, antigo, mas o professor no concorda) O correto para o Direito Agrrio moderno definir como objeto de estudo a atividade (trabalho) do homem sobre a terra (estuda formas produtivas do homem do campo.

-Atividade agrria (amplo)

Explorao rural tpica (produo): no restrito ao cultivo, plantio.

Explorao rural atpica (agroindstria ou simplesmente indstria?). A matria preocupa-se tambm com o que vem depois do cultivo.

Atividade complementar (transporte e comercializao)

Ruptura com o Direito Civil?

Inexistncia de uma Justia Agrria (autonomia jurisdicional)

CF/46 EC 10/64 autonomia legislativa caber Unio. A competncia legislativa da Unio mas os Estados podem complementar.

1.5 ENQUADRAMENTO/NATUREZA JURDICA Direito Pblico ou Privado? misto, tem normas de direito priva e pblico. Direito social (Wellington Pacheco Barros, p. 21) Aproximao e mistura de ramos. Constitucionalizao do Direito. uma disciplina constitucional, pois baseia-se na CF. Normas cogentes e dispositivas Prevalncia das normas cogentes (mesmo nos contratos agrrios)

1.6 DENOMINAO Direito Rural; Direito Agrcola; Direito da Reforma Agrria; Direito da Agricultura Agrarius campo Rural terreno que se situa distante da urbs.Agrrio campo destinado produo/explorao. CF/88, art. 22, inc. I

Obs.: -tem o nome de agrrio porque vem do trabalho no campo (indica produo, trabalho);-rural diferente de agrrio. Rural terreno localizado longe da cidade e agrrio o campo destinado produo/explorao longe da cidade.1.7 DEFINIO Nem toda relao do homem com a terra ser tutelada pelo direito agrrio ... produo - funo social

1.8 JUSTIA AGRRIA

Definio

Necessidade/utilidade

Mtodos e procedimentos prprios

V Conferncia Nacional dos Advogados (1974) 14.000 mandamentos agrrios j em vigor no Brasil

Posicionamento contrrio de Miguel Reale: Criar Justia Agrria montar um palco em praa pblica para a representao de um drama campestre. (in MARQUES, B.F., p. 14).

Pontos negativos (motivos pelos quais no existe justia agrria no Brasil) Onerosidade ( muito caro para o Estado compra de material, contratao de material) Falta de consolidao da matria/amadurecimento (no existe cdigo agrrio)

Caio Mrio: este um autor que foi favorvel a justia agrria

Rui Barbosa - 1910

1. Seminrio Ibero-Americano de Direito Agrrio, 1975 Carta de Cruz Alta

1.9 FONTES

1 proposta de classificao:

Imediatas/diretas leis e costumes Mediatas/indiretas doutrina e jurisprudncia Destaque para o papel das leis civis e para o texto constitucional.

2 proposta de classificao:

Materiais poltica pblica agrria em prol do homem do campo. Projetos (programas) em prol do produtor rural. Polticas que so aplicadas na realidade. Formais leis e costumes. Aquilo que est no papel, mas nem sempre so aplicadas na realidade.

Obs: O que identifica a fonte do direito agrrio no o rtulo da lei e sim o seu contedo.

- Casusmo acerca das fontes (OPITZ)

. Desapropriao (sem indinizao)RECURSO. Extraordinrio. Responsabilidade civil. Natureza objetiva ou subjetiva. Proprietrio de terras. Cultivo ilegal de plantas psicotrpicas. Expropriao sem indenizao. Art. 243 da Constituio Federal. Relevncia do tema. Repercusso geral reconhecida. Apresenta repercusso geral recurso extraordinrio que verse sobre a natureza da responsabilidade, para fins de expropriao, do proprietrio de terras com cultivo ilegal de plantas psicotrpicas. (STF, RE 635336 RG, Relator(a): Min. MINISTRO PRESIDENTE, julgado em 26/05/2011, DJe-167 DIVULG 30-08-2011 PUBLIC 31-08-2011 EMENT VOL-02577-01 PP-00148 )

. Cdigo CivilArt. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietrio, as sementes, plantas e construes; se procedeu de boa-f, ter direito a indenizao.

.CC/16 Ocupao de enxames de abelhasArt. 593 - So coisas sem dono e sujeitas apropriao: [...] III Os enxames de abelhas, anteriormente apropriados, se o dono da colmia, a que pertenciam, os no reclamar imediatamente. No CC/02 Art. 1.263 ocupao de coisa sem dono.

Caa e pesca: h legislao disciplinando sobre a caa e a pesca. Essa matria originariamente do direito civil, mas atualmente est mais prxima do direito agrrio.

Pacto de retrovenda (CC, art. 505). Este pacto que pode ser usado nos contratos de venda de propriedades rurais.

Arrendamento: o arrendatrio tem direito de preferncia no caso de venda da propriedade arrendada.

Enfiteuse: a separao da posse da propriedade. Ex: uma pessoa dona da terra mas no pode usar (s detm a propriedade), e recebe um aluguel de quem as usa (quem tem a posse). A enfiteuse foi banida da nossa legislao.

ET Estaturo da Terra, art. 65 proibio de se dividir a terra em rea insuficiente sua explorao (minifndio)

Funo econmica e social da propriedade (CF, arts. 5, X.., 170, III, e 184)

Terras devolutas (terras sem dono) so da Unio. Ento terra devoluta sinnimo de terra pblica.

Desforo imediato da posse

Contratos agrrios (Terra ou produo como garantia) - (limite de juros, prorrogao de financiamento, taxas...). Contratos tambm so fontes do direito agrrio.

2 PRINCPIOS DO DIREITO AGRRIOConsideraes gerais: Importncia: atualmente os princpios tm fundamental importncia os quais so usados para fundamentar as peties. Toda disciplina prpria tem objeto e princpios. Recente aproximao do Direito Civil de certos princpios agrrios

Princpios:

A) Monoplio legislativo da Unio (CF, art. 22, 1.)Este princpio acabou com a confuso que existia no processo civil e no direito agrrio. Antes de 1939 todos os Estados legislavam sobre norma processual, e era uma confuso. Desde a CF de 1946 criou-se uma unificao e s a Unio passou a legislar sobre processo.Existem leis estaduais e municipais que interferem no processo agrrio, mas elas no criam, s interferem. As normas municipais e estaduais podem complementar, mas no podem contrariar. Ex: norma que determina o horrio de funcionamento do forum.

B) Utilizao da terra: d-se mais proteo terra do que propriedade- Sobreposio titularidade, inclusive- DL 3.365/41 (desapropriao)- Modo originrio de aquisio da propriedade- Situaes (CF, art. 5., XXIV, e CC, art. 1.228, 3.): necessidade/utilidade pblica; interesse social; requisio, em caso de perigo pblico iminente; ocupaes coletivas ( 4.)

Obs.: no direito agrrio se protege mais o possuidor do que o proprietrio, porque o direito agrrio quer a produo (quer ver a terra produzir).

C) Funo social da propriedade: produo, mais proteo ambiental, mais interesse da coletividade. Este um mega princpio, pois nenhum outro sobrepe a ele.

D) Dicotomia do Direito Agrrio Poltica Agrcola (poltica de desenvolvimento) e Reforma Agrria (poltica de reforma)O direito agrrio uma disciplina dividida, pois ora capitalista e ora social. O direito agrrio protege dois lados que parece ser antagnicos (produo e reforma agrria). Mas na verdade, no direito agrrio, eles tem correlao.O imvel improdutivo ser desapropriado e ir para reforma agrria.

E) Prevalncia do interesse pblico - Diferenciar: interesse pblico primrio e secundrioO direito agrrio se preocupa saber de quem o interesse pblico primrio e o secundrio.O cidado mais importante que o Estado.O Interesse pblico primrio o interesse do cidao, das pessoas, do homem do campo.O interesse pblico secundrio o interesse estatal.

F) Reformulao da estrutura fundiria- Norte para o legislador: este princpio uma orientao para o legislador. Ele quer eliminar o latifndio e o minifndio(propriedade muito pequena). A lei protege a pequena e mdia propriedade. Despreza a grande e a minscula.

G) Fortalecimento do esprito comunitrioAs cooperativas, associaes e sindicatos tem benefcios.O direito agrrio quer facilitar a vida das pessoas que vivem em conjunto.As cooperativas e associaes tm benefcios fiscais, tributrios e processuais.Os efeitos de uma ao individual tem efeito para todos (erga omnes).

H) Proteo propriedade familiar.Qualquer coisa pode ser considerado famlia. Uma pessoa sozinha pode ser considerada famlia, portanto, seu imvel no poder ser penhorado.O direito processual abraa a famlia ou indivduo que tira seu sustento da terra pelo prprio esforo ( admitido porm mo de obra eventual).

I) Fortalecimento da empresa agrriaAtividade empresarial a atividade organizada para aumentar produo, trabalhando com tecnologias.

J) Proteo da propriedade consorcial indgenaO ndio produz menos mas produz com sustentabilidade.A propriedade que menos agride a terra a propriedade indgena.A propriedade indgena to benfica porque ela sustentvel, que o direito agrrio no exige produo do ndio.O indio trabalha a rotao de cultura de uma forma harmoniosa.

K) Dimensionamento eficaz das reas explorveisO direito agrrio quer a gente reflita sobre o tamanho da terra necessrio em cada regio.Verificar se o tamanho de mdulos fiscais e rurais atendem as necessidades econmicas do homem do campo.

L) Proteo do trabalhador ruralAs leis trabalhistas tem inseres sobre o trabalho do campo. Ex: define horrio de trabalho, etcEntre o dono da terra e o trabalhor rural, o direito agrrio fica com o trabalhador.

M) Conservao e preservao dos recursos ambientaisConservao e preservao tem o sentido de economia, ou seja, pode ser gasto o recurso natural, mas tem limite.Quando se produz numa terra est de interferindo no ambiente, por isso, os recursos naturais devem ser usados com moderao.

3 CODIFICAO Atualmente, o instrumento bsico do Direito Agrrio o Estatuto da Terra. Projetos em tramitao no Brasil, desde 1914 (originrios de parlamentares do RS) Paraguai, Argentina, EUA, Frana, Itlia... j possuem um Cdigo Agrrio. (Nesses pases o cdigo funciona, ex: o pas paga para o proprietrio preservar o meio ambiente, etc)

4 RELAO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO Direito Civil (ET, art. 92, 9.) Direito Comercial Direito Administrativo Direito Processual Civil (CPC, Art. 275, II, b) Direito Penal (CP Art. 161 usurpao)

5 FUNO SCIO-AMBIENTAL DA PROPRIEDADE

1. Posse e propriedadeA funo socioambiental tambm da posse e no s da propriedade.O direito agrrio quer proteger em primeiro plano quem est trabalhando na terra.A propriedade tem que ter funo scio ambiente, tem que produzir, respeitar o trabalho, respeitar o meio ambiente, etc.Respeitar a funo social garantir a manuteno da propriedade e da posse.A ideia socioambiental o privado cedendo parte para atender o coletivo.

2. Aspecto histrico

- Influncia do cristianismo na ideia da funo social da propriedade

* Santo Agostinho (354-430) e So Toms de Aquino (1227-1274). (a orientao da igreja era de que o que voc tinha era ddiva de Deus, portanto, os donos das terras eram donos da terra porque Deus queria)

* Encclica Rerum Novarum (Papa Leo XIII, em 1891) (A partir desse papa a orientao da igreja comeou a mudar, dizendo que a propriedade tinha que ser social)

* Quadragesimo Anno (Pio XI, em 1931)

* Mater et Magistra, (Joo XXIII, em 1961) Constituio Mexicana (1917) e Constituio de Weimar (1919)

* Influncia para a CF brasileira, de 1934 e Cartas seguintes - Funo social como clusula aberta

* Funo scio-ambiental

* Mater et Magistra, (Joo XXIII, em 1961) Constituio Mexicana (1917) e Constituio de Weimar - Alemanha (1919) (a CF mexicana falava sobre a funo social e ningum dava bola, mas depois a Alemanha copiou o Mxico e falou sobre a funo social, da o mundo tomou conhecimento dessa ideia)

* Influncia para a CF brasileira, de 1934 e Cartas seguintes. (A CF de 1934 incentivava o desmatamento) -- Funo social como clusula aberta

* Funo scio-ambiental. A funo social um direito fundamental (art. 5, XXII, CF) e no pode ser alterado nem por Emenda Complementar.Por que a lei protege a propriedade? Porque importante para a coletividade.

6 JUSTIFICATIVAS JURDICO-FILOSFICAS DA PROPRIEDADE

Por que a lei protege a propriedade? Existem vrias teorias, tais como:

6.1 TEORIA DA ORIGEM DIVINAA primeira teoria era a teoria da origem divina. Essa teoria vigorou por muito tempo.O homem deturpou essa teoria e abusou do seu direito de propriedade, pois no produziu, no preservou o meio ambiente.

6.2 TEORIA DA OCUPAOAt que apareceu Hugo Grotius, dizendo que um dia a terra foi res nullius (coisa sem dono) e algum ocupou ela primeiro, passando ser o seu dono.

6.3 TEORIA DA ESPECIFICAOEspecificao significa trabalho.Segundo essa teoria, a propriedade tem que existir porque ela preserva o trabalho do homem.

6.4 TEORIA DA NATUREZA HUMANAA Maria Helena traz em seu livro a teoria da natureza humana.Segundo a autora, a propriedade nasce com o homem. O homem tem no seu interior o mpeto de propriedade.

6.5 TEORIA DA LEIO valor pouco interessa. O que importa a lei. A propriedade existe simplesmente porque existe a lei.

6.6 TEORIA DA FUNO SOCIAL -Funo scio-ambientalNenhuma das teorias anteriores boa, so falhas. A melhor teoria da funo social, que diz que, existe a propriedade porque ela boa para o coletivo.

- No Direito brasileiro. Lei das Sesmarias (1375-1822). Lei de Terras (1850). ET, Arts. 2., 11, 17. CF, arts. 5., XXIII; 170, 184-186; 225, 1., inc. VII ; 4. e 5. o CF, Art. 186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente;

Obs.: o art. 186 o artigo que deveremos mencionar em qualquer petio sobre reintegrao de posse, ou outras do gnero.

7 PRDIO RSTICO7.1 DEFINIO/CARACTERIZAO

Prdio rstico o nome legal dado ao imvel rural. Temos duas teorias.

7.1.1 Teoria da Destinao (ET, art. 4., I )Art. 4 Para os efeitos desta Lei, definem-se:I - "Imvel Rural", o prdio rstico, de rea contnua qualquer que seja a sua localizao que se destina explorao extrativa agrcola,pecuria ou agro-industrial, quer atravs de planos pblicos de valorizao, quer atravs de iniciativa privada;

nota: segundo essa teoria, prdio rstico aquele destinado a atividade agrria, independente de sua localizao. Esta teoria protege mais o trabalhador rural.O imvel misto paga ITR ou IPTU dependendo do que for mais relevante, se a atividade agrria ou atividade particular.A teoria da destinao no protege o imvel rural na cidade se este for prejudicial a coletividade. Ex: imvel planta soja em local urbano prejudica a vizinhana com a pulverizao de veneno.

7.1.2 Teoria da Localizao (CTN, Art. 29) (por dois dias D 59.428, de 27.10.66) Art. 29. O imposto, de competncia da Unio, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse de imvel por natureza, como definido na lei civil, localizao fora da zona urbana do Municpio.

nota: O municpio quem faz o mapa da cidade e define qual rea ser urbana e qual ser rural. Os municpios costumam ir urbanizando ao redor das propriedades com o intuito de transformar as propriedades rurais em imveis urbanos e cobrar IPTU. A teoria da localizao no protege o homem do campo do IPTU. Ela tem sido repudiada pelos tribunais.Com essa teoria o homem do campo ficar desprotegido.

7.2 CONSIDERAES GERAISL 5.868/72, Art. 6. (considerado inconstitucional pelo STF, visto no poder revogar Lei Complementar CTN)

L 8.629/93, art. 4. (tambm lei ordinria)

L 9393/96, Art. 1., [...] 2. Para os efeitos desta Lei, considera-se imvel rural a rea contnua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do municpio.

Utilidade: Direito Agrrio e Direito Tributrio Imvel misto? Imvel que paga IPTU? Bitributao (ITR) Prdio rstico e propriedade rural

7.3 ESTUDO DE CASOS

[...] 5. A Lei 5.889/73 preconizou normas reguladoras do trabalho rural, estabelecendo os critrios para definio do empregado rural, ao prever em seu art. 2, que o empregado rural toda pessoa fsica que presta servios a empregador rural, sob a dependncia deste e mediante salrio, desenvolvendo suas atividades em propriedade rural ou prdio rstico. [...] (STJ, REsp 1133662/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEO, julgado em 09/08/2010, Dje 19/08/2010)

[...] O conceito de imvel rural do art. 4, I, do Estatuto da Terra contempla a unidade da explorao econmica do prdio rstico, distanciando-se da noo de propriedade rural.Precedente [...] (STF, MS n. 24.488, Relator o Ministro EROS GRAU, DJ de 03.06.2005).

A pequena e a mdia propriedades rurais, cujas dimenses fsicas ajustem-se aos parmetros fixados em sede legal (Lei n 8.629/93, art. 4, II e III), no esto sujeitas, em tema de reforma agrria (CF, art. 184), ao poder expropriatrio da Unio Federal, em face da clusula de inexpropriabilidade fundada no art. 185, I, da Constituio da Repblica, desde que o proprietrio de tais prdios rsticos - sejam eles produtivos ou no no possua outra propriedade rural. (STF, MS 24595, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 20/09/2006, DJ 09-02-2007 PP-00017 EMENT VOL-02263-01 PP-00156)

[...] 5. O trnsito em julgado da ao declaratria no torna imutvel a situao de contribuinte de ITR, pois, cessando o exerccio de atividade agropastoril e localizado o imvel em rea urbana, o Municpio legitimamente poder cobrar o IPTU, mas dever-se- respeitar o devido processo legal e o contraditrio. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, no ponto, provido. (STJ, Resp 1207093/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/11/2010, DJe 26/11/2010)

nota: se o imvel est na rea urbana mas realiza atividade rural ele paga IPTU, mas no tem direito adquirido, pois se um dia deixar de cumprir a funo agrria deixa-se de pagar IPTU e comea a pagar IPTU

TRIBUTRIO. IPTU. IMVEL LOCALIZADO EM REA URBANA. EXPLORAO DE ATIVIDADES ESSENCIALMENTE RURAIS. IPTU. NO-INCIDNCIA. PRECEDENTE. 1. No incide IPTU, mas ITR, sobre imveis nos quais so exploradas atividades essencialmente rurais, ainda que localizados em reas consideradas urbanas por legislao municipal. Precedente: REsp 1.112.646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seo, DJe 28/08/2009, submetido ao art. 543-C do CPC e da Resoluo 8/2008 do STJ. [] (STJ, REsp 1150408/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/09/2010, Dje 19/10/2010)

TRIBUTRIO. IMVEL NA REA URBANA. DESTINAO RURAL. IPTU. NO-INCIDNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. 1. No incide IPTU, mas ITR, sobre imvel localizado na rea urbana do Municpio, desde que comprovadamente utilizado em explorao extrativa, vegetal, agrcola, pecuria ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966). 2. Recurso Especial provido. Acrdo sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resoluo 8/2008 do STJ. (REsp 1112646/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEO, julgado em 26/08/2009, DJe 28/08/2009) L 5.868/72 Art. 8. - Impossibilidade de diviso do imvel rural em rea inferior a um mdulo fiscal.nota: teve uma poca que comearam a dividir tanto o imvel rural que ficaram to pequenos, ficando invivel para a atividade agrria.

Abrangncia do termo prdio: o termo prdio rstico passou a ter um significado abrangente. Passou a ser tudo aquilo agregado ao imvel rural. Ex: boi, colheitadeira, (este o fenmeno da imobilizao)

7.4 DIMENSIONAMENTO DO IMVEL RSTICOO Estado quer saber quem tem pouca ou muita terra, o que esto produzindo, etc.Qual o tamanho mnimo de um imvel rual no Brasil? Temos 3 critrios:

a) Mdulo rural (ET, art. 4., III; art. 11, do D 55.891/65) Por regioCada regio tem uma condio diferente, ento uma regio precisa de um tamanho mnimo para produo e outra regio precisa de outro, por ter realidades diferentes.Para definir o mdulo rural se indaga qual o tamanho de terra que se precisa em determinada regio para se produzir, para o proprietrio tirar o seu sustento e de sua famlia.O problema desse critrio que tem regio com municpios pobres e ricos, com terras diferentes, com relevos diferentes que diferencia na produo.

b) Frao mnima do parcelamento (L 5.868/72; Incra, Inst. Especial 26/82; e REsp 66.672) Por municpioEste critrio define quanto um estrangeiro pode comprar de terras no Brasil.

c) Mdulo fiscal (ET, art. 50) Por municpioA diviso por municpio nos parece mais vivel do que por regio.Este mdulo foi criado inicialmente para cobrar impostos, mas hoje tambm define terra mnima para sobrevivncia.A maioria das pessoas usam o mdulo fiscal, mas o mdulo rural tambm usado.

7.5 INDIVISIBILIDADE L 4.504/65 (ET), art. 65 Impasse ou proteo do direito de propriedade? CC, arts. 87 e 88 Excees: a regra que no se pode dividir a terra em tamanho mnimo que o mdulo fiscal, mas h excees: CC, art. 1.228, 3. (doutrina agrria) - (D 62.504/68): Estabelecimentos privados para atender a interesses de ordem pblica na zona rural (D.62.504/68) ex: entrepostos de defensivo agrcola, escola rural, comrcio, etc. Estes imveis podem ser instalados em local menor que um mdulo fiscal e pagar ITR. 3o O proprietrio pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriao, por necessidade ou utilidade pblica ou interesse social, bem como no de requisio, em caso de perigo pblico iminente. (a desapropriao pode ensejar imveis menores. Ex: galpo para a Viapar, balana, etc) Alienao de rea para anexao a outro prdio (L 5.868/72) Programas de apoio atividade agrcola familiar (L 11.446/07) (vila rural)

7.6 ESPCIES

a) Propriedade familiar (Art. 4., inc. II)L 4.504/64, Art. 4 Para os efeitos desta Lei, definem-se: [...]II - "Propriedade Familiar", o imvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua famlia, lhes absorva toda a fora de trabalho, garantindo-lhes a subsistncia e o progresso social e econmico, com rea mxima fixada para cada regio e tipo de explorao, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;

nota: famlia qualquer coisa, at uma pessoa sozinha considerada sozinha. A principal fonte de renda tem que ser a atividade rural. A propriedade familiar tem mais vantagens de financiamento.

Vinculao com o mdulo rural (ou mdulo fiscal?) Explorao pessoal e familiar: s o proprietrio e sua famlia podem trabalhar regularmente na propriedade Contratao de mo de obra: No pode ter empregado fixo, s eventual Elementos: Titulao: a pessoa tem que ser proprietrio da rea.Questo da concesso de uso real: o Estado d a terra, mas d uma condio para concretizar a doao, ou seja, exije que ele produza na terra h 10 ou 15 anos para receber a escritura definitiva CF, art. 189, caput rea: o tamanho tem que ser de at um mdulo rural Explorao: a terra tem que ser explorada

b) Minifndio (inc. IV) L 4.504/64, Art. 4. [...] IV - "Minifndio", o imvel rural de rea e possibilidades inferiores s da propriedade familiar;

nota: O minifndio o vilo no Brasil, pois ele tem rea muito pequena e no consegue produzir eficientemente.

rea e possibilidades: o minifndio a um imvel rural com rea pequena e por isso com pouca possibilidade econmica. Ele presumidamente improdutivo (presuno absoluta). Desatendimento presumido da funo social da propriedade. Os mecanismos que o Estado usa para desativar os minifndios so aumentar impostos e dificultar os financiamentos. Desapropriao (ET, art. 20, I) e remembramento (ET, art. 21)nota: o ET diz que os minifndios sero desapropriados e juntados a outra matrculas.

c) Latifndio (ET, Art. 4., inc. V; L 6.746/79; D. 84.685/80)V - "Latifndio", o imvel rural que: (nem sempre um latifndio um imvel grande)a) exceda a dimenso mxima fixada na forma do artigo 46, 1, alnea b, desta Lei, tendo-se em vista as condies ecolgicas, sistemas agrcolas regionais e o fima que se destine;b) no excedendo o limite referido na alnea anterior, e tendo rea igual ou superior dimenso do mdulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relao s possibilidades fsicas, econmicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a incluso no conceito de empresa rural;

Por extenso: latifndio o imvel com mais 600 vezes o mdulo fiscal Por explorao: Todo imvel menor que 600 e maior que 1 mdulo fiscal que seja inexplorado, abandonada.

d) Pequena propriedade CF, art. 5., XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento CF, Art. 185. So insuscetveis de desapropriao para fins de reforma agrria:I - a pequena e mdia propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietrio no possua outra;II - a propriedade produtiva.

CF, Art. 185. So insuscetveis de desapropriao para fins de reforma agrria: I - a pequena e mdia propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietrio no possua outra; II - a propriedade produtiva. Pargrafo nico. A lei garantir tratamento especial propriedade produtiva e fixar normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua funo social.

L 8629/93, art. 4., IIArt. 4 Para os efeitos desta lei, conceituam-se:[...]II - Pequena Propriedade - o imvelrural:a) de rea compreendida entre 1 (um) e 4(quatro) mdulos fiscais;b) (Vetado)c) (Vetado)

O nico critrio o tamanho. A pequena propriedade aquela que tem de 1 a 4 mdulos fiscais e ela no se exime da penhora, mas somente da desapropriao.A pequena propriedade recebe qual tipo de proteo? S contra desapropriao pra fins de reforma agrria. Se for por interesse pbico pode desapropriar.S protegida da penhora a propriedade trabalhada pela famlia (familiar). A propriedade familiar recebe dupla proteo: contra desapropriao e penhora.

Veto presidencial aos demais critrios alm do tamanho da rea como a explorao pela famlia, p.ex. Objetivo: no afastar a pessoa jurdica CPC, art. 649, inc. VIII L 8.009/90, art. 4., 2. IMPENHORABILIDADE?

CPC, Art. 649. So absolutamente impenhorveis:VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia;nota: a proteo contra a penhora para a propriedade familiar.

L 8.009/90Art. 4, 2. Quando a residncia familiar constituir-se em imvel rural, a impenhorabilidade restringir-se- sede de moradia, com os respectivos bens mveis, e, nos casos do art. 5, inciso XXVI, da Constituio, rea limitada como pequena propriedade rural.

nota: a finalidade desta lei a proteo da moradia, e no da propriedade.

RECURSO ESPECIAL - ARTIGO 333, I, DO CDIGO DE PROCESSOCIVIL - PREQUESTIONAMENTO - AUSNCIA - EXECUO DE TTULO EXTRAJUDICIAL - PROPRIEDADE RURAL - CONCEITO - MDULO RURAL - IDENTIFICAO - NECESSIDADE PEQUENA PROPRIEDADE RURAL UTILIZADA POR ENTIDADE FAMILIAR - IMPENHORABILIDADE - RECONHECIMENTO RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. [...] II - Para se saber se o imvel possui as caractersticas para enquadramento na legislao protecionista necessrio ponderar as regras estabelecidas pela Lei n. 8629/93 que, em seu artigo 4, estabelece que a pequena propriedade rural aquela cuja rea tenha entre 1 (um) e 4 (quatro) mdulos fiscais. Identificao, na espcie. III - Assim, o imvel rural, identificado como pequena propriedade, utilizado para subsistncia da famlia, impenhorvel. Precedentes desta eg. Terceira Turma. IV - Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1284708/PR, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe 09/12/2011)

[...] PENHORA DE 50 % DE IMVEL RURAL, CUJA REA TOTAL CORRESPONDE A 8,85 MDULOS FISCAIS. VIABILIDADE. [...] 2. mngua de expressa disposio legal definindo o que seja pequena propriedade rural, no que tange impenhorabilidade do bem de famlia, prevista no artigo 5, XXVI, da Constituio Federal, adequado se valerdo conceito de "propriedade familiar" extrado do Estatuto da Terra. Precedente do STF. 3. O mdulo fiscal, por contemplar o conceito de "propriedade familiar" estabelecido pelo Estatuto da Terra como aquele suficiente absoro de toda a fora de trabalho do agricultor e de sua famlia, garantindo-lhes a subsistncia e o progresso social e econmico, atende tambm ao preceito da impenhorabilidade da pequena propriedade rural, previsto no artigo 649, VIII, do Cdigo de Processo Civil. Precedentes do STJ. 4. Recurso especial parcialmente provido, apenas para resguardar da penhora a sede de moradia da famlia. (STJ, Resp 8635/ES, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMO, QUARTA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe 01/02/2012)

[...] CONCEITO CONSTANTE DA LEI N. 8.629/93 INAPLICABILIDADE ESPCIE - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - No h, at o momento, no ordenamento jurdico nacional, lei que defina, para efeitos de impenhorabilidade, o que seja "pequena propriedade rural". A despeito da lacuna legislativa, certo que referido direito fundamental, conforme preceitua o 1, do artigo 5 da Constituio Federal, tem aplicao imediata. Deve-se, por conseqncia, extrair das leis postas de cunho agrrio exegese que permita conferir proteo propriedade rural (tida por pequena - conceito, como visto, indefinido) e trabalhada pela famlia;[...] V - A Lei n. 8.629/93, ao regulamentar o artigo 185 da Constituio Federal, que, ressalte-se, trata de desapropriao para fins de reforma agrria, e definir o que seja "pequena propriedade rural", o fez to-somente para efeitos daquela lei. [...] (STJ, REsp 1007070/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 01/10/2010)

e) Mdia propriedade (CF, art. 185, I; L 8.629/93) desnecessidade do elemento familiarArt. 4 Para os efeitos desta lei, conceituam-se:[...]III - Mdia Propriedade - o imvel rural:a) de rea superior a 4 (quatro) e at 15 (quinze) mdulos fiscais;b) (Vetado)Pargrafo nico. So insuscetveis de desapropriao para fins de reforma agrria a pequena e a mdia propriedade rural, desde que o seu proprietrio no possua outra propriedade rural.

nota: a mdia propriedade tambm protegida pela desapropriao.Para o legislador o mdio um pouco maior mas ainda fragilizado, por isso o protege.Verifica-se se mdia propriedade somente pelo tamanho.Se a famlia morar na propriedade livra-se da desapropriao somente a sede.

A mdia propriedade pode ser penhorada? Sim, mesmo se a famlia tocar a propriedade, no ser considerada propriedade familiar.A mdia propriedade recebe mais incentivos fiscais.

f) Empresa rural (ET, art. 4. inc. VI; D 84.685/80, art. 22)

nota: o conceito de empresa rural o mesmo das empresas urbanas. Empresa rural a atividade organizada.A propriedade rural deixa de ser considerada s propriedade rural, e passa a ser empresa rural, e a legislao lhes garante alguns direitos.

REQUISITOS Empreendimento para explorao de atividade agrria por pessoa fsica ou jurdica; pblica ou privada. Empreendimento significa atividade organizada exercida numa propriedade rural. Estabelecimento (prprio ou no). O empresrio no precisa ser o dono da terra. Lucratividade. A empresa deve visar lucro. Pode ser filantrpico esta atividade? Sim, mas o lucro no pode ficar com o empreendedor. Natureza civil. Necessidade de registro (ainda que apenas perante o INCRA no caso de pessoa fsica) - CC, art. 45 (C. de Reg. de p. jurdicas +/ou INCRA). Se for pessoa fsica registra-se no INCRA e se for pessoa jurdica registra-se no cartrio e no INCRA. Funo social GUT - Grau de Utilizao da Terra igual ou superior a 80%. (Este o conceito de propriedade produtiva). At 20% da rea pode ficar improdutiva. EE Eficincia na Explorao igual ou superior a 100%. Os 80 por cento da rea explorada deve ter 100 por ento de eficincia. Prticas conservacionistas. Deve ter preservao do solo, de nascente, de encostas, etc. Quando se tem mata ciliar (reserva legal) est se preservando os rios, as nascentes... Emprego mnimo de tecnologia. Aqui tem um grau de subjetividade muito grande. Tecnoligia pressupe mecanizao da rea (ex: curva de nvel). Grau de organizao da atividade empresarial (contabilidade, organizao, tecnoligia, etc)

Nota: A empresa rural no Brasil benefiada por polticas pblicas (programas de governo, reduo de juros, iseno total ou parcial de taxas e impostos e preferncias em financiamentos)

TRIBUTRIO. CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS DEVIDAS PELO EMPREGADOR RURAL NO REGIME ANTERIOR LEI 8.212/1991. TRABALHADORES QUE NO EXERCEM ATIVIDADE RURAL. ENCARGOS DEVIDOS PREVIDNCIA URBANA. 1. No regime anterior Lei 8.212/1991, o empregado de empresa rural que prestasse servios eminentemente urbanos estaria sujeito ao regime previdencirio urbano. Considera-se, para vinculao a este, a natureza da atividade efetivamente desempenhada pelo empregado, e no a de seu empregador. 2. Conseqentemente, o empregador, mesmo que caracterizado como rural, sujeitava-se tambm aos encargos sociais da previdncia urbana, em relao aos trabalhadores que prestavam servios desta natureza. Precedentes do STJ. 3. Recurso Especial provido. (STJ, Resp 1129276/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/05/2010, DJe 30/06/2010)

7.7 PROPRIEDADE PRODUTIVA- Caracterizao CF, art. 185, II; L 8.629/93, art. 6.- Definio legal: preocupao meramente econmica Grau de Utilizao da Terra (GUT 80%) + Eficincia na Explorao (EE 100%) Exigncia apenas do aspecto econmico, ao contrrio da empresa rural (econmico + funo social)

Conceito de propriedade produtiva: grau de explorao da terra + explorao

7.8 COLONIZAODefinio- ET, art. 4., IX; D 59.428/66, art. 5.- Poltica agrria- Povoao + destinao econmica Terras virgens ou incultas Estatal/oficial ou particular Ao permanente / diversas etapas Vultoso despendimento de capital No visa (imediatamente) o lucro; mas a explorao econmica Sobre terras pblicas (regra)Colonizao enquanto complemento da reforma agrria Necessidade de ordenao da terra.

OBJETIVOS (D 59.428/66, art. 15)- Explorao da terra sob a forma de propriedade familiar, empresa rural ou de cooperativa- Progresso econmico e social- Conservao dos recursos naturais- Racionalizao do trabalho agrcola

CILOS (in Curso de Direito Agrrio.Wellington Pacheco Barros), vol.1, 6. ed, p.113 e ss.)- Primeiro perodo (1824-1908) - Imigrantes europeus colnias- Segundo perodo (1908-1930) - Imigrao japonesa- Terceiro perodo (1930-1954) - Intensificao da colonizao interna (sulnorte)- Quarto perodo (1954-1970) - Organismos oficiais e Criao do Incra (D 1.110/70)- Quinto perodo (1970-1985) - Dirigismo estatal se estendendo para a Amaznia Legal

- Sexto perodo (1985-at hoje) - Exportao de mo de obra (Paraguai; etc.)

Por votao majoritria, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente, nesta quinta-feira (15), a ao mais antiga que estava em tramitao na Corte, protocolada em 17 de junho de 1959. Trata-se da Ao Cvel Originria (ACO) 79, em que o Tribunal convalidou a concesso do domnio de uma rea de 200 mil hectares pelo Estado de Mato Grosso a 20 empresas colonizadoras. A Corte aplicou o princpio da segurana jurdica para manter a validade da operao, em carter excepcionalssimo, pois reconheceu que a operao foi ilegal, por ofender o pargrafo 2 do artigo 156 da Constituio Federal (CF) de 1946, ento vigente, que condicionava prvia autorizao do Senado a alienao ou concesso de terras pblicas com mais de 10 mil hectares. Pelo artigo 188, pargrafo 1, da Constituio Federal de 1988, a rea sujeita a prvia autorizao foi reduzida para 2,5 mil hectares, porm tambm a Cmara, alm do Senado, deve pronunciar-se.

1) A propriedade pode ser classificada, ao mesmo tempo, como pequena e improdutiva?

2) A pequena propriedade pode ser objeto de desapropriao? E de penhora?

3) Pode-se afirmar que a pequena propriedade substituiu o conceito de propriedade familiar? Caso negativa a resposta, indique as diferenas que entende aplicveis. A propriedade familiar integra o mdulo fiscal levada em considerao para o clculo do mdulo fiscal (art. 4., d, do Decreto 84.685/80). A propriedade familiar possui preferncia quando da distribuio de lotes para reforma agrria (art. 19, V, da L 8.629/93) Veto presidencial s alneas que faziam referncia a famlia, quando da definio da pequena propriedade

4) A propriedade PRODUTIVA e a EMPRESA RURAL, possuem os mesmos requisitos?Sobre funo social da posse e da propriedade: Curso de Direito Agrrio (Wellington Pacheco Barros), vol. 1, 6. ed.

7.9 TERRAS DEVOLUTAS7.9.1 Processo Discriminatrio Administrativo L 6.383/76, art. 2.-17 Comisso Especial (bacharel + eng. Agro. + funcionrio) Convocao dos interessados (edital) Apresentao de documentos (60 dias) reg. do vigrio Vistoria Fase demarcatria Termo de encerramento registro

7.9.2 Ao Discriminatria (ART. 18 E 23) Jurisdio voluntria - interessados Rito sumarssimo peculiaridades

7.9.3 LA Unio (Unio - CF, art. 20, II) Estados (CF, art. 26, IV e art. 225, 5.)

7.9.4 Hipteses De Cabimento (judicial): Dvida em virtude de ttulo apresentado pelo particular Quando os notificados praticarem ato de atentado, durante a fase administrativa Quaisquer atos que indiquem discordncia por parte dos notificados inclusive omisso

Competncia? (art. 95) - atrao Relativa ou absoluta? Somente Justia Federal (Unio - CF, art.20, II)? Eventual LA dos Estados (CF, art. 26, IV e art. 225, 5.) Procedimento sumarssimo PI = 282 + memorial descritivo + dados informativos j utilizados no processo administrativo Processo administrativo como pr-requisito? Inexistncia de jurisdio condicionada

7.9.5 Fases (judicial): Citao (dos interessados conhecidos e desconhecidos) - X CPC, art. 231, I Art. 4., caput prazo de 60 dias para apresentao de ttulos e documentos - Defesa conforme procedimento sumrio? em dez dias (art. 281) - imprprio Apelao com efeito apenas devolutivo Demarcao Sentena homologatria (sempre?) art. 966?

7.10 AQUISIO DE IMVEIS RURAIS POR PESSOAS ESTRANGEIRAS CF, art. 190. Jacobinismo? Segurana, economia, cultura, lngua, etc. V. art. 5., caput, da CF (residncia) - Pessoa jurdica (j que no possui residncia)? Ato Complementar 45/69 exceo ao evento causa mortis (salvo se em rea de segurana nacional) Lei 5.709/71 acabou por flexibilizar flexibilizou a exigncia de residncia/domiclio de pessoas naturais/jurdicas autorizao presidencial para pessoas fsicas autorizao pelo Cong. Nac. para pessoas jurdicas (L 8.629/93)

Soma de reas (pessoas fsicas e jurdicas) do municpio no pode ultrapassar deste Reduo para 40% deste limite (1/4), caso os estrangeiros sejam de mesma nacionalidade Fiscalizao/controle? Livros prprios nos CRIs envio trimestral corregedoria e M. Da Agricultura Se a aquisio for em rea de fronteira, a comunicao tambm deve ser feita ao Conselho de Defesa Nacional Exceo: se tiver filho brasileiro ou for casado com brasileira pelo regime de comunho de bens Nulidade absoluta preo pago?

Decreto 70.436/72 portugueses com residncia permanente L 8.629/93 100 mdulos (p. jurdicas) Necessidade de vinculao da atividade ao objeto do contrato social da pessoa jurdica POLTICAS PBLICAS

8 CONTRATOS AGRRIOS8.1 HISTRICO LEGISLATIVO CC/16 (locao de prdio rstico ou parceria rural) ET, arts. 92-96 (Do Uso e da Posse Temporria da Terra) Anomalias: Arts. 92 e 93, tratam, apenas do proprietrio em um dos polos contratuais - Incongruncia mantida pela L 11.443/07 expresso ou tcito quando queria dizer escrita ou verbal Pontos positivos: Reajuste de preo

Pontos positivos: Reajuste de preo Direito de preferncia renovao e aquisio Subsistncia do contrato, em caso de alienao Clusulas proibitrias (Art. 93)

L 4.504/64 (Arts. 13-15) Conservao dos recursos naturais Proibio de renncia, por parte do arrendatrio, de benefcios legais Extenso dos benefcios a todos os contratos agrrios (tpicos e atpicos)

L 4.947/66

D 59.566/66 Definio de duas espcies de contratos agrrios: arrendamento e parceria.

CC/02 praticamente omisso Raras menes so descontextualizadas Possibilidade, entretanto, de aplicao de preceitos gerais compatveis (Arts. 422, 480)