direito administrativo - institutos afins a desapropriaÇÃo

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – DIREITO ADMINISTRATIVO I – 2009.1 – CAMPUS RESENDE INSTITUTOS AFINS À DESAPROPRIAÇÃO Apostila compilada pelo professor Francisco De Poli de Oliveira com base nas doutrinas especializadas de José dos Santos Carvalho Filho e José Maria Pinheiro Madeira 1 INSTITUTOS AFINS À DESAPROPRIAÇÃO SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Intervenção do Estado na Propriedade 1.1.1 Normatização Constitucional 1.1.2 Competência 1.1.3 Fundamentos 1.1.4 Modalidades de Intervenção 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Servidão Administrativa 2.1.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.1.2 Fundamentação Legal 2.1.3 Objeto 2.1.4 Instituição, Extinção e Indenização 2.1.5 Resumo das Características Principais 2.2 Limitações Administrativas 2.2.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.2.2 Fundamentação Legal 2.2.3 Indenização 2.2.4 Resumo das Características Principais 2.2.5 Limitação x Direito de Vizinhança 2.2.6 Distinção entre Limitação e Servidão Administrativa 2.3 Requisição 2.3.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.3.2 Fundamentação Legal 2.3.3 Objeto 2.3.4 Instituição, Extinção e Indenização 2.3.5 Resumo das Características Principais 2.4 Ocupação Temporária 2.4.1 Conceito e Objeto 2.4.2 Fundamentação Legal 2.4.3 Instituição, Extinção e Indenização 2.4.4 Resumo das Características Principais 2.5 Tombamento 2.5.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.5.2 Objeto 2.5.3 Fundamentação Legal 2.5.4 Espécies 2.5.5 Instituição, Extinção e Indenização 2.5.6 Efeitos do Tombamento 2.5.6.1 Extrato do DL nº. 25/37 quanto aos Efeitos do Tombamento 2.5.7 Controle do Tombamento 3. CONCLUSÃO Quadros sinóticos.

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Apostila compilada pelo professor Francisco De Poli de Oliveira com base nas doutrinas especializadas de José dos Santos Carvalho Filho e José Maria Pinheiro Madeira

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INSTITUTOS AFINS À DESAPROPRIAÇÃO

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1.1 Intervenção do Estado na Propriedade 1.1.1 Normatização Constitucional 1.1.2 Competência 1.1.3 Fundamentos 1.1.4 Modalidades de Intervenção

2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Servidão Administrativa 2.1.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.1.2 Fundamentação Legal 2.1.3 Objeto 2.1.4 Instituição, Extinção e Indenização 2.1.5 Resumo das Características Principais

2.2 Limitações Administrativas 2.2.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.2.2 Fundamentação Legal 2.2.3 Indenização 2.2.4 Resumo das Características Principais

2.2.5 Limitação x Direito de Vizinhança2.2.6 Distinção entre Limitação e Servidão Administrativa

2.3 Requisição 2.3.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.3.2 Fundamentação Legal 2.3.3 Objeto 2.3.4 Instituição, Extinção e Indenização 2.3.5 Resumo das Características Principais

2.4 Ocupação Temporária 2.4.1 Conceito e Objeto 2.4.2 Fundamentação Legal 2.4.3 Instituição, Extinção e Indenização 2.4.4 Resumo das Características Principais

2.5 Tombamento 2.5.1 Conceito e Natureza Jurídica 2.5.2 Objeto 2.5.3 Fundamentação Legal 2.5.4 Espécies 2.5.5 Instituição, Extinção e Indenização 2.5.6 Efeitos do Tombamento 2.5.6.1 Extrato do DL nº. 25/37 quanto aos Efeitos do Tombamento 2.5.7 Controle do Tombamento

3. CONCLUSÃOQuadros sinóticos.

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Apostila compilada pelo professor Francisco De Poli de Oliveira com base nas doutrinas especializadas de José dos Santos Carvalho Filho e José Maria Pinheiro Madeira

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Intervenção do Estado na Propriedade

1.1.1 Normatização Constitucional

Inicialmente, têm-se um aparente conflito: o direito de propriedade (art. 5º, XXII, CF) x o

condicionamento dessa propriedade à sua função social (art. 5º, XXIII). Aqui está, portanto, a

fundamentação básica e genérica da intervenção do Estado na propriedade: o art. 5º, XXIII, CF.

Outras normas de berço constitucional são: o art. 182, § 2º, CF (referências ao Plano

Diretor, dando aos Municípios poderes interventivos na propriedade privada que desatender o Plano

Diretor); o art. 5º, XXV, CF (requisição); art. 170, III, CF (a função social da propriedade como sendo

um dos princípios que regem a ordem econômica); o instituto da desapropriação, etc.

1.1.2 Competência

A competência para legislar sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição é da

União federal (art. 22, I, II e III, CF) 1. Já a competência a de legislar sobre as restrições e os

condicionamentos do uso da propriedade é concorrente2 (art. 24, VI e art. 30, I e II, CF).

1.1.3 Fundamentos

São dois os fundamentos:

a) A Supremacia do Interesse Público: como é sabida, toda vez que houver colisão entre

um interesse público e um privado, prevalece o interesse público. É esse, portanto, um dos

fundamentos da intervenção estatal na propriedade.

b) A Função Social da Propriedade: representa a possibilidade do Estado intervir na

propriedade sempre que esta não estiver de acordo com o pressuposto constitucional. Visa, em

resumo, recolocar a propriedade na sua trilha normal.

Obs.: A Constituição distinguiu propriedade urbana da rural. Em relação à propriedade

urbana, esta está vinculada às diretrizes do Plano Diretor3 (art. 182, § 2º, CF) 4. Já a rural está atrelada,

entre outros, aos seguintes fatores:

1. Uso racional da propriedade;

2. Preservação do meio ambiente;

3. Respeito às relações de trabalho,

4. Etc.

1 Trata-se de competência legislativa (regulação da matéria). A competência administrativa (prática dos atos de intervenção) é de todos os entes federativos.2 União e municípios.3 Ele é quem dita.4 O Estatuto da Cidade (Lei nº. 10.257/01) regulamentou os artigos 182 e 183 da CCRFB, trazendo novas modalidades de intervenção dos municípios na propriedade privada (art. 182, § 4º, I, II e III, CF).

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O Código Civil, por sua vez, trata da função social da propriedade no seu art. 1228, §§ 1º, 2º

e 3º.

1.1.4 Modalidades de Intervenção

São duas as formas básicas de intervenção: a restritiva e a supressiva. Na restritiva, objeto

de estudo desta aula, o Estado impõe restrições e condicionamento ao uso da propriedade, sem, no

entanto, retirá-la de seu dono.

São modalidades de intervenção restritiva:

1. Servidão Administrativa;

2. As Limitações Administrativas;

3. A Requisição;

4. A Ocupação Temporária; e

5. O Tombamento.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Servidão Administrativa

2.1.1 Conceito e Natureza Jurídica

Trata-se de direito real público (é instituída em favor do Estado para atender o interesse

público). Através dela o Poder Público usa a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e

serviços de interesse coletivo.

5 DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA. Assim, entende a doutrina que são aplicáveis as regras da desapropriação por utilidade pública: “O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei”.6 José dos Santos Carvalho Filho, sobre a questão da possibilidade de instituição de Servidões Administrativas por lei assim se manifesta: “Não consideramos legítima a forma de instituição de servidões administrativas através de lei, como o fazem alguns autores. As servidões são instituídas sobre propriedades determinadas, o que não ocorre com a lei, que estabelece o direito de uso sobre propriedades indeterminadas”.7 José Maria Pinheiro Madeira entende que as limitações administrativas podem se apresentar como imposições de deveres negativos, estes assumindo a feição de um non facere ou de um pati, ou como deveres positivos, traduzindo-se em um facere. Entende, ainda, que por ser uma imposição específica e concreta, a servidão administrativa nunca poderá decorrer diretamente da lei, que tem como características essenciais a abstração e a generalidade. Prossegue, afirmando que o art. 40 do DL nº. 3.365/41, que figura como fundamento legal das servidões administrativas, determina que a sua forma de imposição seja a mesma utilizada para a desapropriação por utilidade pública, de modo que a norma que a veiculará será um decreto (via de regra).8 É posterior.9 É anterior.10 Dispõe textualmente que através deste tipo de intervenção estatal o Poder Público procura proteger o patrimônio cultural brasileiro.11 A competência para legislar sobre proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal.12 A competência para instituir o tombamento é comum entre os entes federativos.13 Estabelece as normas gerais sobre a matéria.

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A servidão administrativa, portanto, atende a interesse público e sofre a ingerência de

normas de direito público. Através dela o Poder público limita-se ao uso de apenas aquela parte da

propriedade necessária à execução dos serviços.

São exemplos: placas de nome de avenidas e ruas; instalação de redes elétricas, etc.

2.1.2 Fundamentação Legal

a) Geral: a supremacia do interesse público sobre o privado e a função social da

propriedade (arts. 5º, XXIII, e 170, III, da CF);

b) Legal e genérico: art. 40 do Decreto-Lei nº. 3.365/415.

2.1.3 Objeto

Incide sobre bens imóveis alheios (privados). Pode, em determinadas situações, incidir

sobre bem público.

Obs.: As servidões administrativas devem obedecer ao princípio da hierarquia federativa,

ou seja, não pode o Município instituir servidão sobre imóvel federal ou estadual, nem o Estado em

relação aos bens da União. Pode, contudo, a União fazê-lo em relação a bens estaduais e municipais, e

o Estado em relação a bens do Município, sendo, neste caso, obrigatória a autorização legislativa (art.

2º, § 2º, do Decreto-Lei nº. 3.365/41).

2.1.4 Instituição6, Extinção e Indenização

Há duas formas de instituição:

1º. Consensual: há acordo entre o proprietário e o Poder Público (deve ser celebrado por

escritura pública para fins de inscrição no Registro de Imóveis, já que se trata de direito real, para

produzir efeitos erga omnes);

2º. Judicial (sentença judicial): o Poder público promove ação judicial em face do

proprietário, demonstrando em juízo a existência de decreto específico (declaratório de utilidade

pública). O procedimento é idêntico ao da desapropriação.

Obs.: “manu militari”: assemelha-se à desapropriação indireta. O Poder Público não

celebrou acordo nem observou as formalidades necessárias (expedição de decreto e ajuizamento de

ação com oferta de preço). Nesse caso é cabível ao proprietário (direito subjetivo) pleitear indenização.

S. 415/STF: diz, em outras palavras, que uma servidão de caráter permanente

confere direito à proteção possessória, mesmo que não esteja formalizada pelo respectivo título, porque

é considerada servidão aparente.

Em relação à extinção, a servidão administrativa é, em princípio, permanente.

Pode, contudo, haver extinção se ocorrer um destes fatos:

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1º. Desaparecimento da coisa gravada;

2º. O bem gravado foi incorporado ao patrimônio da pessoa em favor da qual foi instituída

(extinção do direito real);

3º. Desinteresse do Estado (situação administrativa), que ensejará a desafetação.

Quanto à extinção, há que se observar que a servidão administrativa, contrariamente à

desapropriação, não enseja a perda da propriedade. Assim é que a indenização deve corresponder tão

somente ao valor do bem cuja propriedade foi suprimida e transferida ao Poder público.

Em regra, a servidão não rende ensejo à indenização, se não houver prejuízo ao

proprietário. Se houver, essa indenização deverá ser correspondente ao montante exato do prejuízo, já

que não houve perda da propriedade. Ressalte-se que o ônus da prova cabe ao proprietário que

suscitar o prejuízo.

Em sentido contrário, quando a servidão administrativa simular uma desapropriação. Neste

caso a indenização deverá ser ampla.

De acordo com a S. 56/STJ, cabem juros compensatórios quando o uso efetivo do bem

pelo Poder Público anteceder ao pagamento da indenização.

A prescrição, por sua vez, é de 05 (cinco) anos.

2.1.5 Resumo das Características Principais

a) Possui natureza jurídica de direito real;

b) Incide sobre o bem imóvel;

c) Tem caráter de definitividade;

d) A indenização só é cabível se houver prejuízo. Deve ser prévia e condicionada ao

prejuízo;

e) Inexiste a auto-executoriedade, pois somente se consuma através de acordo ou de

decisão judicial.

2.2 Limitações Administrativas

2.2.1 Conceito e Natureza Jurídica

Limitações Administrativas são determinações de caráter geral7 que o Poder Público impõe

a proprietários indeterminados, com fins ao condicionamento das propriedades à sua função social.

Essas determinações se apresentam sob a forma de obrigações positivas (limpeza de terrenos,

parcelamento ou edificação compulsória (Estatuto da Cidade) – art. 182, § 4º, CF), negativas (gabarito)

ou permissivas (vistorias – vigilância sanitária, elevadores, etc.).

Também há a limitação administrativa de caráter urbanístico, o denominado direito de

preempção municipal (assegura ao Município preferência para a aquisição do imóvel urbano objeto de

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alienação onerosa entre particulares), contemplado no art. 25, da Lei nº. 10.257.

Cita-se, ainda, o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) que condiciona a obtenção de

licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento, tudo com vistas a analisar os

efeitos positivos ou negativos de tais empreendimentos sobre a qualidade de vida da população local.

Trata-se, na verdade, de limitação que impõe o dever de suportar.

A natureza jurídica das limitações administrativas, portanto é a de atos legislativos ou

administrativos de caráter geral, que dão o contorno do próprio direito de propriedade. E a expressão

“limitação”, por sua vez, já integra o conteúdo do direito, ao revés da restrição, essa superveniente

(citar INFO nº. 308, STJ).

2.2.2 Fundamentação Legal

a) Fundamentação básica: a supremacia do interesse público e a função social da

propriedade. Arts. 5º, XXIII, e 170, III, da CF.

b) Fundamentação doutrinária: o exercício do poder de polícia, já que aos proprietários

não cabem nenhuma medida administrativa ou judicial visando impedir a imposição das limitações

sobre as propriedades.

2.2.3 Indenização

Por serem imposições de ordem geral, não há que se falar em indenização, até porque

abrangem quantidades indeterminadas de proprietários, contrariando tão somente interesses

particulares e não direitos subjetivos. Assim é que não estão presentes prejuízos individualizados, mas

sim sacrifícios de ordem geral.

Em relação ao Estado, não é cabível a responsabilidade civil, a não ser que, sob o manto

da generalidade, o Estado venha a causar prejuízo a determinados indivíduos, o que irá se configurar

em vício de conduta (art. 37, § 6º, CF).

Obs.: alinhamento e recuo obrigatório (geram diferentes efeitos quanto à indenização).

a) Alinhamento8 (linha divisória entre a propriedade privada e o domínio público urbano –

ruas, estradas, etc.): se o Poder Público alterar o alinhamento, reduzindo a área da propriedade

privada, então tem o dever de indenizar;

b) Recuo obrigatório9: é limitação administrativa genérica (proibição de construção de

novas edificações na propriedade). Não há dever de indenizar.

2.2.4 Resumo das Características Principais

a) A sua natureza jurídica é a de atos legislativos ou administrativos de caráter geral;

b) Possui caráter de definitividade;

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c) A motivação diz respeito a interesses públicos abstratos (não está presente a

execução de obras ou serviços públicos específicos);

d) Ausência do dever de indenizar.

2.2.5 Limitação x Direito de vizinhança

São institutos diferentes. A limitação administrativa visa o interesse público enquanto o

direito de vizinhança tem por fim o interesse particular (privado).

Neste sentido é que o prof. Diógenes Gasparini diz não poder “prevalecer a limitação que

impede a construção de motel ou drive-in, com a finalidade de prestigiar a política da igreja”.

2.2.6 Distinção entre Limitação e Servidão Administrativa

1ª) Nas limitações, alcança-se toda uma categoria abstrata de bens ou, pelo menos, todos

os que se encontrem em uma situação ou condição abstratamente determinada; nas servidões,

atendem-se bens concreta e especificamente determinados.

2ª) Nas servidões administrativas há um ônus real, de tal modo que o bem gravado fica

num estado de especial sujeição à utilidade pública, proporcionando um desfrute direto, parcial, do

próprio bem, singularmente fruível pela Administração ou pela coletividade em geral.

3ª) Nas servidões há um pati, ou seja, uma obrigação de suportar, ao passo que nas

limitações há um non facere, ou seja, uma obrigação de não fazer.

4ª) Se tanto uma quanto outra podem se originar diretamente da lei, toda vez que uma

propriedade sofre restrições em decorrência de ato concreto da Administração, estar-se-á diante de

uma servidão.

Assim é que, de acordo com o entendimento de José Maria Pinheiro Madeira, enquanto as

limitações administrativas decorrem diretamente da lei, as servidões, embora dela necessitem para existir,

somente serão instituídas por ato administrativo concreto, que especifique o sujeito passivo da

intervenção. E, por outro lado, poderá as limitações impor um non facere, um pati ou um facere, enquanto

as servidões somente impõem um pati.

2.3 Requisição

2.3.1 Conceito e Natureza Jurídica

É a utilização, pelo estado, de bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de

perigo público eminente (é o perigo que, além de colocar em risco a comunidade, tende a aumentar os

seus efeitos para uma situação de irremediabilidade) sendo esse o seu requisito de admissibilidade.

Pode ser civil ou militar.

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2.3.2 Fundamentação Legal

a) Genérica: a supremacia do interesse público sobre o particular e a função social da

propriedade (arts. 5º, XXIII, e o art. 170, III, da CF);

b) Específica: art. 5º, XXV, da CF;

Obs.: somente lei federal pode regular a requisição (art. 22, III, da CF). Trata-se de

competência legislativa, podendo as autoridades dos demais entes federativos proceder à requisição.

c) No Código Civil: art. 1228, § 3º. Diz que o proprietário pode ser privado da coisa não

só em caso de desapropriação, como também “no de requisição, em caso de perigo público iminente”.

d) Na Lei nº. 8.080 – Regula os Serviços de Saúde: art. 15, XIII;

e) Nos Decretos-Leis nº. 4.812 de 1942 (requisição civil e militar), e nº. 2, de 1966

(intervenção no domínio econômico).

2.3.3 Objeto

O objeto é amplo: bens móveis, imóveis e serviços particulares, sendo o seu requisito de

admissibilidade a situação de perigo público iminente.

2.3.4 Instituição, Extinção e Indenização

A sua instituição se dá através de ato administrativo auto-executório (não depende de

prévia anuência do judiciário).

A extinção, no seu turno, ocorrerá quando cessada a situação de perigo público iminente.

É, portanto, a requisição administrativa, temporária.

Em relação à indenização, essa é condicionada à provocação de danos, e será sempre a

posteriori, prescrevendo em 05 (cinco) anos a pretensão indenizatória.

Obs.: a questão da vinculação e discricionariedade da requisição:

a) Ato vinculado: em estando em situação de perigo público eminente, o ato é vinculado,

ou seja, se não existir essa situação, não pode o administrador agir;

b) Ato discricionário: a valoração da situação, como sendo ou não de perigo público

iminente, é discricionária (mérito administrativo).

2.3.5 Resumo das Características Principais

a) É direito pessoal da Administração;

b) O pressuposto é o perigo público iminente;

c) Incide sobre bens móveis, imóveis e serviços;

d) É transitório;

e) A indenização, se houver, será sempre ulterior.

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2.4 Ocupação Temporária

2.4.1 Conceito e Objeto

É traduzida pela necessidade do Poder Público em utilizar, por algum tempo, a

propriedade privada (terrenos não-edificados – art. 36 do Decreto-Lei nº. 3.365/41) com o fim de lhe

ser permitida a execução de serviços e obras públicas (alocação de máquinas, equipamentos,

acampamentos de operários, etc.), mesmo que inexista situação de perigo público iminente. O que se

utiliza aqui é a propriedade imóvel alheia. Ocorre também quando o Poder Público se utiliza de escolas,

clubes, etc. para as eleições.

Trata-se, portanto, de intervenção pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis

privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos.

2.4.2 Fundamentação Legal

a) Genérica: a supremacia do interesse público e a função social da propriedade – arts.

5º, XXIII, e 170, III, da CF;

b) Específica: o art. 36 do Decreto-Lei nº. 3.365/41.

2.4.4 Instituição, Extinção e Indenização

Quanto à instituição, há dois aspectos a serem considerados (modalidades de ocupação

temporária):

a) Ocupação para obras públicas vinculadas ao processo de desapropriação (art. 36 da

lei expropriatória): é indispensável o decreto específico do Chefe do executivo ou o próprio decreto

expropriatório;

b) Ocupação desvinculada da desapropriação: é auto-executória dispensando, portanto,

qualquer ato formal.

Obs.: em se tratando de serviços eleitorais, °necessário um ofício da autoridade judicial

competente informando da ocupação.

Quanto à extinção, essa se dará após a conclusão da atividade pública.

Em relação à indenização, há igualmente dois aspectos a serem observados:

a) Ocupação desvinculada da desapropriação: em princípio não haverá indenização,

salvo se acarretar prejuízo para o proprietário;

b) Ocupação vinculada à desapropriação: implica no dever do Estado em indenizar.

A prescrição da pretensão indenizatória ocorre em 05 (cinco) anos.

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2.4.5 Resumo das Características Principais

a) É direito de caráter não-real;

b) Incide apenas sobre propriedade imóvel;

c) É transitória;

d) Constitui-se pela necessidade de realização de obras e serviços públicos normais;

e) A indenização é cabível de acordo com a modalidade da ocupação.

2.5 Tombamento

2.5.1 Conceito e Natureza Jurídica

Visa o tombamento, a proteção do patrimônio cultural brasileiro. Trata-se, portanto, de

instrumento especial de intervenção restritiva do Estado, que se qualifica como meio de intervenção do

Estado consistente na restrição do uso de propriedades determinadas, não sendo cabível, portanto a

utilização do tombamento na situação específica do RJ, cuja Administração Municipal instituiu as

chamadas “áreas de proteção ao ambiente cultural”. Os atos administrativos daí decorrentes foram

gerais e impessoais.

É ato administrativo único vinculado em relação ao pressuposto da defesa do patrimônio

cultural, e discricionário na valoração dessa qualificação.

Segundo Diógenes Gasparini, é “submissão de certo bem, público ou particular, a um

regime especial de uso, gozo, disposição ou destruição em razão de seu valor histórico, paisagístico,

arqueológico, científico ou cultural”. Ex.: Cemitério da Consolação localizado na cidade de São Paulo.

Em relação à sua natureza jurídica, Di Pietro entende como sendo uma modalidade

autônoma de restrição do Estado na propriedade. Contudo, entende-se ser, na verdade, um ato

vinculado, porquanto determinado pela CRFB (art. 216, § 1º.): “O Poder Público, com a colaboração da

comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,

vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”. Por

essa razão, o Ministério Público, por meio de ação civil pública, e o cidadão, por meio da ação popular,

podem constranger judicialmente o Poder Público a promover os tombamentos necessários e

indispensáveis à proteção do patrimônio cultural, artístico e histórico.

Em que pese todas estas posições em relação à sua natureza jurídica, escolheremos

aquela ensinada pelos mestres José Maria Pinheiro Madeira e José dos Santos Carvalho Filho:

trata-se de modalidade distinta de intervenção do Estado na propriedade.

2.5.2 Objeto

Incide sobre bens móveis e imóveis (art. 1º, do Decreto-Lei nº. 25/37), que podem ser

enquadrados como sendo relevantes para a preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro.

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2.5.3 Fundamentação Legal

a) Fonte normativa: art. 216, § 1º, da CF10, art. 24, VII, da CF11 e art. 23, III, da CF12; DL

nº. 25/3713.

b) Fundamentação genérica: arts. 5º, XXIII, e 170, III, da CF (adequação do domínio

privado às necessidades do interesse público e em atendimento à função social da propriedade).

2.5.4 Espécies

As espécies decorrem em consideração a dois aspectos: a vontade ou a eficácia do ato.

a) Quanto à vontade do ato: pode ser voluntário ou compulsório. Voluntário quando o

proprietário consente com o ato, e compulsório quando apesar do inconformismo do proprietário, o

Estado inscreve o bem como tombado;

b) Quanto à eficácia do ato: pode ser provisório ou definitivo. Provisório será enquanto

estiver em curso o processo administrativo instaurado pela notificação, e definitivo quando o Poder

Público inscreve o bem no Livro do Tombo.

Obs.: segundo o STJ, o tombamento provisório é medida assecuratória (visa a

preservação do bem).

2.5.5 Instituição, Desfazimento e Indenização

Quanto à sua instituição, trata-se de ato tipicamente administrativo. Deriva, portanto, da

manifestação expressa do Poder público.

A sua competência (art. 24, VII, CF) é concorrente.

Em relação ao Município, este também é competente (art. 30, IX, da CF) para fins de

edição de regras gerais, abstratas e impessoais. Incide, aqui, também, o princípio da hierarquia

constitucional.

Obs.: em se tratando de bens públicos, e em nome da autonomia dos entes federativos, a

notificação para o tombamento destes bens deve ser obrigatória, com o intuito de o ente interessado

poder questionar ou rechaçar a intenção do governo federal tombar o bem. É o exercício do

contraditório e da ampla defesa.

O desfazimento, por sua vez, é raro. O cancelamento do ato de inscrição

(destombamento) não está relacionado à avaliação discricionária da Administração, mas sim vinculada

às razões supervenientes que surgiram.

A indenização para os bens tombados não é devida, visto se tratar de uma restrição

administrativa que apenas obriga o proprietário a manter o bem tombado dentro de suas características.

Caso o tombamento importe numa restrição especial, individual, afetando sobremaneira o

uso do bem, caberá indenização. Neste caso, a pretensão indenizatória prescreve em 05 (cinco) anos.

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Obs.: há ocorrência de casos em que o Poder público, sob o manto do tombamento,

interdita o uso do bem pelo proprietário. Nesse caso, trata-se, em verdade, de servidão administrativa

ou de desapropriação, sendo devida a indenização.

O tombamento é fruto de um processo administrativo em que o proprietário do bem deve

ser notificado para defesa. Com a abertura do processo, que deve ser concluído em 60 (sessenta) dias,

o bem fica imodificável (tombamento provisório). Neste processo são obrigatórios:

a. Parecer do órgão técnico cultural;

b. Notificação do proprietário do bem, que poderá concordar ou impugnar o tombamento;

c. Decisão do Conselho Consultivo da pessoa incumbida do tombamento, após as

manifestações dos técnicos e do proprietário. A decisão poderá ser pela anulação do processo, pela

rejeição da proposta de tombamento ou pela homologação da proposta.

Nos imóveis vizinhos também não poderá haver construções que impeçam a visibilidade

do imóvel tombado.

Para proteção de florestas o instrumento mais adequado é a desapropriação ambiental.

Admite-se propositura de ação popular ou ação civil pública para obrigar o Poder Público

a efetuar o tombamento em caso de sua omissão.

2.5.6 Efeitos do Tombamento

Depois de efetivado o tombamento e efetuado o respectivo registro no Ofício de Registro

de Imóveis, decorrem os seguintes efeitos:

a) É vedado ao proprietário, ou ao titular de eventual direito de uso, destruir, demolir ou

mutilar o bem tombado. Somente poderá reparar, pintar ou restaurar o bem após a devida autorização

do Poder Público;

b) O dever de conservar o bem tombado, mas, se não possuir recursos para tal, deverá

comunicar o fato ao órgão que efetuou o tombamento;

c) Restrições à vizinhança (construções próximas que impeçam ou restrinjam a

visibilidade do bem tombado);

d) No caso de alienação do bem tombado, o Poder Público tem o direito de preferência,

manifestado no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de nulidade da alienação, seqüestro do bem e

imposição ao proprietário e ao adquirente de multa de 20% (vinte por cento) do valor do contrato.

e) Deve ser levado a registro no Ofício de Registro de Imóveis respectivo. Se for

alienado, o adquirente deve levar ao registro de Imóveis a escritura pública no prazo de 30 (trinta) dias;

f) O tombamento não impede o proprietário de gravá-lo por meio de penhor, anticrese ou

hipoteca.

2.5.6.1 Extrato do DL nº. 25/37 quanto aos efeitos do tombamento

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1. As coisas tombadas não poderão, em caso algum, ser destruídas, demolidas

ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de 50% (cinqüenta por cento) do

dano causado. Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos Municípios, a

autoridade responsável pela infração incorrerá pessoalmente na multa;

2. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional, não se poderá, na vizinhança ou entorno da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça

ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a

obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de 50% (cinqüenta por cento) do valor do

mesmo objeto. Cuida-se, aqui, de uma servidão administrativa instituída por lei que recai sobre os

imóveis localizados no entorno do bem tombado, constituída em favor deste bem. Mas é preciso ter

cautela na interpretação e inteligência deste efeito decorrente do tombamento, a fim de não prejudicar

indiscriminada e genericamente o direito de propriedade de todos quantos tenham imóveis em área

situada no entorno ou próximo ao bem tombado;

3. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder

às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa

correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.

Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas da União, devendo as mesmas ser

iniciadas dentro do prazo de 06 (seis) meses, ou providenciará para que seja feita a desapropriação da

coisa. À falta de qualquer destas providências, poderá o proprietário requerer que seja cancelado o

tombamento da coisa. Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou

reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União, independentemente de

comunicação por parte do proprietário;

4. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado

conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção,

sob pena de multa, elevada ao dobro em caso de reincidência;

5. Em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessoas

naturais ou a pessoas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os Municípios terão, nesta

ordem, o direito de preferência. Tal alienação não será permitida, sem que previamente sejam os bens

oferecidos, pelo mesmo preço, à União, bem como ao estado e ao Município em que se encontrarem. O

proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-lo, dentro de 30 (trinta) dias, sob

pena de perdê-lo. É nula alienação realizada com violação das regras acima, ficando qualquer dos

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titulares do direito de preferência habilitado a seqüestrar a coisa e a impor a multa de 20% (vinte por

cento) do seu valor ao transmitente e ao adquirente, que serão por ela solidariamente responsáveis. A

nulidade será pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o seqüestro, o qual só será

levantado depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência não tiver

adquirido a coisa no prazo de 30 (trinta) dias. O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar

livremente a coisa tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca. Nenhuma venda judicial de bens

tombados se poderá realizar sem que, previamente, os titulares do direito de preferência sejam disso

notificados judicialmente, não podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes

de feita a notificação.

2.5.7 Controle do Tombamento

É possível o controle administrativo quanto à sua legalidade (vícios relativos à validade do

ato – competência, forma e finalidade), ou à sua conveniência (questões de mérito).

Também é possível o controle judicial (apenas em relação à legalidade do ato).

3. CONCLUSÃO

Quadros sinóticos.

3.1 Quadro comparativo entre requisição, servidão, ocupação temporária e limitação administrativa

Situaçãojustificadora

Objeto

Direito real ou pessoal

Sujeito(recai sobre algo)

Indenização

Forma de instituição

Natureza transitória ou definitiva

Requisi-ção Adminis-trativa

Perigo público iminente.

Bens móveis, imóveis e serviços.

Direito pessoal da Administração Determinado

Posterior e condicionada à ocorrência de prejuízo.

Ato administra-tivo Transitória

Servidão Adminis-trativa

Existência de interesse público (execução de obras e serviços coletivos)

Bens imóveis.

Direito real da Administração

Determinado

Prévia e condicionada à ocorrência de prejuízo.

Acordo administra-tivo ou sentença judicial Definitiva

Ocupa-ção Temporá-

Necessidade de realização de obras e serviços

Bens imóveis.

Direito pessoal da Administração

DeterminadoUlterior e apenas em caso de

Ato administra-tivo

Transitória

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LimitaçãoAdminis-trativa

Interesse público abstrato.

Bens móveis, imóveis e atividadesdos partícula-res

Restrição geral

Indeterminado Não.

Lei ou ato administra-tivo

Definitiva

********** FIM **********