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DIREITO ADMINISTRATIVO III Prof. Fábio Bellote Gomes TRABALHO Deverá ter no mínimo 4 páginas, a mão, sobre o Terceiro Setor. Não precisa redigir a ementa da jurisprudência, apenas a referência. Para dia 23.10.2012. INTRODUÇÃO Com o direito regulatório, o direito administrativo teve sua importância ampliada. Esse é o último semestre de administrativo. Falaremos dos bens públicos, intervenção do Estado na propriedade (limitação administrativa, desapropriação, tombamento), terceiro setor (participação de entidades privadas em atividades públicas), serviços públicos, agências reguladoras. Hoje temos que conhecer a jurisprudência para entender e acompanhar o direito administrativo. BENS PÚBLICOS A temática dos bens públicos é bem complexa. Não existe uma legislação específica no Brasil sobre bens públicos. Aqui existe o CC/2002, arts. 98 a 103, que trata das classificações dos bens e menciona os bens públicos. A CF também faz referência aos bens públicos em alguns momentos. Isso traz complexidade para a administração dos bens públicos. Coisa, res, é um objeto de direito. O direito civil não faz uma distinção sensível entre coisa e bem. Essa distinção pode ser notada em direito empresarial e em direito econômico. Coisa é um gênero, é todo objeto de direito. Para o direito empresarial e econômico, há uma distinção entre coisa e bem. Se for uma coisa de valor, ela terá uma importância (valorativa), que é medida em moeda. Assim, essa coisa não é simplesmente coisa, é um bem. Coisa e bem podem ter o mesmo sentido em direito civil, mas não em direito empresarial ou econômico. Bem é toda coisa à qual se atribui um valor econômico, expresso em moeda.

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DIREITO ADMINISTRATIVO IIIProf. Fbio Bellote Gomes

TRABALHODever ter no mnimo 4 pginas, a mo, sobre o Terceiro Setor. No precisa redigir a ementa da jurisprudncia, apenas a referncia. Para dia 23.10.2012.

INTRODUOCom o direito regulatrio, o direito administrativo teve sua importncia ampliada.Esse o ltimo semestre de administrativo. Falaremos dos bens pblicos, interveno do Estado na propriedade (limitao administrativa, desapropriao, tombamento), terceiro setor (participao de entidades privadas em atividades pblicas), servios pblicos, agncias reguladoras.Hoje temos que conhecer a jurisprudncia para entender e acompanhar o direito administrativo.

BENS PBLICOSA temtica dos bens pblicos bem complexa. No existe uma legislao especfica no Brasil sobre bens pblicos. Aqui existe o CC/2002, arts. 98 a 103, que trata das classificaes dos bens e menciona os bens pblicos. A CF tambm faz referncia aos bens pblicos em alguns momentos. Isso traz complexidade para a administrao dos bens pblicos. Coisa, res, um objeto de direito. O direito civil no faz uma distino sensvel entre coisa e bem. Essa distino pode ser notada em direito empresarial e em direito econmico. Coisa um gnero, todo objeto de direito. Para o direito empresarial e econmico, h uma distino entre coisa e bem. Se for uma coisa de valor, ela ter uma importncia (valorativa), que medida em moeda. Assim, essa coisa no simplesmente coisa, um bem.Coisa e bem podem ter o mesmo sentido em direito civil, mas no em direito empresarial ou econmico. Bem toda coisa qual se atribui um valor econmico, expresso em moeda.Agora, no direito pblico, em especial no direito administrativo, que o ramo de direito que deve disciplinar a propriedade pblica, h a matria bens pblicos. Muitos autores de direito administrativo no entram no mrito da discusso bem e coisa. Todavia, o valor dado a uma coisa pode gerar diferentes reflexos administrativos.Como regra, um agente pblico s pode usar um bem pblico quando estiver atuando em atividade pblica. Exemplo: ele utiliza uma folha para anotar um recado pessoal e guardar no bolso. Essa folha um bem pblico. Todavia, no a mesma coisa que ele usar um computador para uso pessoal e lev-lo para casa. Assim, h necessidade de distinguir valor (bem e coisa) para analisar se houve ou no improbidade administrativa.O professor comenta um pouco sobre o princpio da insignificncia, que tem um aspecto patrimonial dano mnimo ao patrimnio. O fundamento desse princpio a mnima valorao atribuda a essa coisa. H, no direito administrativo, uma discusso sobre a insignificncia. O STJ j entendeu que a improbidade administrativa no est vinculada a valor patrimonial. Assim, h os dois ramos jurisprudenciais: (a) no importa o valor do bem e (b) se o valor for pequeno (casustica, caso a caso), no haveria improbidade administrativa.

ClassificaoQuanto a titularidadeCC. Art. 98. So pblicos os bens do domnio nacional pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico interno; todos os outros so particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

uma definio quanto a titularidade. So bens pblicos unicamente aqueles bens (acepo geral) que integram o patrimnio das pessoas jurdicas de direito pblico.

CC. Art. 41. So pessoas jurdicas de direito pblico interno:I - a Unio;II - os Estados, o Distrito Federal e os Territrios;III - os Municpios;IV - as autarquias, inclusive as associaes pblicas; (Redao dada pela Lei n 11.107, de 2005)V - as demais entidades de carter pblico criadas por lei.Pargrafo nico. Salvo disposio em contrrio, as pessoas jurdicas de direito pblico, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Cdigo.Art. 44. So pessoas jurdicas de direito privado:I - as associaes;II - as sociedades;III - as fundaes.IV - as organizaes religiosas; (Includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003)V - os partidos polticos. (Includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003)VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Includo pela Lei n 12.441, de 2011) (Vigncia) 1o So livres a criao, a organizao, a estruturao interna e o funcionamento das organizaes religiosas, sendo vedado ao poder pblico negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessrios ao seu funcionamento. (Includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003) 2o As disposies concernentes s associaes aplicam-se subsidiariamente s sociedades que so objeto do Livro II da Parte Especial deste Cdigo. (Includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003) 3o Os partidos polticos sero organizados e funcionaro conforme o disposto em lei especfica. (Includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003)

O STF ao julgar uma ao da ECT, entendeu que esta gozava de imunidade tributria. Entendeu o STF que seus bens deveriam ser equiparados a bens pblicos. A CF d aos bens pblicos imunidade tributria.

Quanto ao regime jurdicoEnto, percebemos que essa previso do CC no est em compasso com a realidade. H um segundo critrio de classificao dos bens: quanto ao regime jurdico.O art. 98 no foi revogado, apenas h um segundo critrio que tambm deve ser considerado. H situaes em que um determinado bem, ainda que adquirido com patrimnio privado e pertencente a pessoas privadas, ser de regime pblico. Tratam-se dos bens pertencentes aos concessionrios, permissionrios, empresas pblicas e sociedades de economia mista que prestem servios de natureza pblica. Esses bens vinculados prestao de servio pblico tero como regime jurdico o regime jurdico de direito pblico. No caso dessas empresas, h dois inventrios: bens gerais e bens vinculados concesso. Assim, ainda que o bem continue sendo um bem privado do ponto de vista civil, ao ser dada essa classificao, o bem ser de regime pblico, sendo equiparado ao bem pblico.Isso ocorre por conta do princpio da continuidade do servio pblico. Ao terminar a concesso, ocorre a reverso os bens vo todos para o ente concedente. Ele passa a pertencem ao patrimnio do ente (pessoa jurdica de direito pblico).A lei primria que se considera para a definio de bens pblicos o CC/2002. Todavia, o art. 98 classifica os bens pblicos apenas quanto titularidade. Dentro dessa estrita e limitada definio, bens pblicos so apenas aqueles que tm como titulares pessoas jurdicas de direito pblico. Todas as demais pessoas jurdicas que integram a administrao indireta so pessoas jurdicas de direito privado, e, de acordo com a definio, seus bens no seriam bens pblicos. Entretanto, aqui entra o segundo critrio: quanto ao regime jurdico. Quando os bens forem usados para a prestao de servio pblico, estes sero equiparados a bens pblicos lei de concesses e permisses e jurisprudncia. A consequncia dessa equiparao que esses bens passam a gozar do mesmo status e prerrogativas dos bens pblicos.Apesar do CC tratar os bens pblicos de maneira rasa, ele separa esses bens em trs espcies.

CC. Art. 99. So bens pblicos:I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praas;II - os de uso especial, tais como edifcios ou terrenos destinados a servio ou estabelecimento da administrao federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;III - os dominicais, que constituem o patrimnio das pessoas jurdicas de direito pblico, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.Pargrafo nico. No dispondo a lei em contrrio, consideram-se dominicais os bens pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico a que se tenha dado estrutura de direito privado.

EspciesBens de uso comum do povo o bem cujo acesso, uso, deve ser franqueado, ou seja, permitido, assegurado, a qualquer do povo.Exemplo: vias pblicas (ruas, avenidas, rodovias, calada), praas pblicas. Ainda que o proprietrio tenha a obrigao de pavimentar a calada, ele no titular desta. por isso que, para fazer uso da calada, necessria uma permisso de uso de bem pblico. Exemplo: bar com mesas na calada.Quando falamos dos bens pblicos, temos que ter em mente que o direito de propriedade complexo, formado por trs direitos: usar (fazer uso das qualidades que o bem oferece), fruir e dispor. Ele um direito trplice.Qualquer do povo pode usar os bens de uso comum do povo como entender, desde que no haja restries. A zona azul decorre do poder de polcia administrativa dos entes federativos, que podem restringir o uso do bem. Outros exemplos so: rodzio, velocidade mxima. uma forma de controlar a atitude da pessoa quanto ao uso desses bens.Assim, a zona azul no decorre de nenhum servio, ou seja, como se trata de uma contribuio decorrente do exerccio do poder de policia administrativa, no h uma contraprestao, no h a prestao de um servio.Um entendimento bastante similar vem sendo aplicado quanto ao pedgio.O fato do bem ser de uso comum do povo no implica em no depender de pagamento para utiliz-lo, ou seja, ser de graa.

CC. Art. 103. O uso comum dos bens pblicos pode ser gratuito ou retribudo, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administrao pertencerem.

A caracterstica desses bens que seu direito de uso atribudo a qualquer do povo. Temos o direito de usar suas comodidades. O direito de fruir implica na percepo de seus frutos. No aluguel um imvel, o locador transfere ao locatrio o direito de usar e, em contra partida, o locatrio tem o dever de pagar. Ao fazer isso, o locador estar fazendo uso de seu direito de fruir.No temos o direito de fruir, tampouco o direito de dispor de um bem pblico.O direito de dispor implica no direito de transferncia de um bem como um todo.Para os fins de bem pblico, s nos interessa o direito de usar.Esses bens tm como caracterstica a restrio alienabilidade (inalienabilidade). Eles podem ser alienados, desde que eles sejam: 1. Submetidos a uma avaliao prvia por peritos;2. Que exista uma lei que autorize a alienao do bem, lei esta correspondente a quem titular do bem (bens da Unio = lei federal; bens dos estados = lei estadual; bens dos municpios = lei municipal);3. Que sejam submetidos a um procedimento chamado de desafetao. A desafetao vem de afetar (vincular). Os bens pblicos esto afetados (vinculados) a um fim de interesse pblico. Quando a AP decide se desfazer do bem, ela deve desafet-lo, ou seja, cessar a destinao especfica atribuda ao bem. Na mesma lei, possvel autorizar a alienao e promover a desafetao do bem. Com a desafetao, o bem deixa de ser de uso comum do povo e passa a ser dominical (bem que pertence AP, mas no tem uma destinao). por isso que, ainda que parte da doutrina estabelea como caracterstica dessa espcie de bem pblico a inalienabilidade, esta deve ser entendida como no absoluta.4. E h a necessidade de licitao prvia: leilo, para bens mveis, e concorrncia, para bens imveis.Atualmente se discute bastante sobre a alienao de bens pblicos. s vezes no s a alienao, mas tambm a concesso desses bens para uso por particulares. Exemplo: em So Paulo, diversas ruas so sem sada. Assim, os moradores desse trecho da rua muitas vezes requerem prefeitura a outorga de uma permisso para utilizarem esse bem gratuitamente. A prefeitura tem, em diversas ocasies, outorgado essa permisso. Discute-se, assim, a constitucionalidade dessa permisso, haja vista o direito fundamental de ir, vir e permanecer.

Bens de uso especialSo os bens destinados a prestao dos servios pblicos. Toda administrao publica presta servios pblicos, alguns so prestados ns, os administrados. H outros servios que so os servios meio, e no fim (no so prestados aos administrados). Para que a administrao pblica possa prestar esses servios, conforme a lei, preciso instrumentos, tais como equipamentos em geral, veculos, bens mveis e semoventes, animais (cachorros, cavalos, p. ex.), e tambm os bens imveis (reparties que abrigam o poder judicirio, p. ex.). S sero bens de uso especial pelo tempo em que forem utilizados para a prestao se servios pblicos. So, assim, os bens destinados ao estabelecimento da AP, seja ela federal, estadual ou municipal, bem como prestao dos respectivos servios pblicos pelos rgos integrantes das respectivas esferas governamentais. Incluem-se ainda os bens pertencentes s autarquias, fundaes pblicas, agncias e associaes pblicas.O acesso aos bens pblicos de uso especial no necessariamente franqueado aos administrados em geral, na medida em que tais bens nem sempre se destinam utilizao direta pelos administrados, constituindo-se em instrumentos para que a AP possa executar regularmente a prestao dos servios pblicos que lhe atribuda pela lei. Podem, todavia, ter por objeto o uso pelo particular, como o caso do mercado municipal, cemitrio e aeroporto.Tantos os bens de uso comum do povo, quanto de uso especial, esto ligados ao interesse pblico e prestao de servios pblicos, esto afetados a uma finalidade pblica. Porm, como esto vinculados a um fim especfico, para que a administrao pblica possa alienar tais bens, necessrio que se realize o procedimento da desafetao. No entanto, essa vinculao ao interesse pblico coloca esses bens em uma categoria superior aos bens dominicais (os que integram o patrimnio da administrao pblica). Eles esto sujeitos a um regime jurdico muito mais rgido e limitado do que aquele referente aos bens dominicais.Os bens de uso comum do povo e os de uso especial esto mais prximos ao interesse pblico. J em uma categoria mais distante desse ncleo, temos os bens dominicais.A administrao pblica exerce um poder de policia administrativa sobre esses bens, de forma ampla. de entendimento do STF que, em virtude do grau de vinculao desses bens ao interesse publico, para que se promova a desocupao de um bem de uso comum do povo, a administrao pblica possui plena autoexecutoriedade (dos atos administrativos). A administrao pblica no precisa de ordem judicial para garantir o cumprimento dos atos inerentes a seu poder de polcia administrativa. A mesma regra se aplica aos bens de uso especial. Ex: se um grupo de pessoas decide ocupar as dependncias de uma repartio publica para manifestar protesto, acaba prejudicando a continuidade dos servios pblicos. Desta forma, os manifestantes podero ser retirados pela administrao pblica.Ento, no exerccio do poder de polcia, a AP tem o poder-dever para proceder, inclusive mediante o uso de fora policial, imediata desocupao de uma rodovia ou avenida. Nessa hiptese, bem como naquela em que o bem pblico for de uso especial, a AP no necessita de autorizao do poder judicirio para tomar tal providncia.

Bens dominicaisExiste uma terceira categoria de bens, mais distantes do interesse pblico, que compreende os bens dominicais. So bens que compreendem o patrimnio publico, porm no recebem uma destinao especfica. Ex: antigo Carandiru, antes de se tornar bem de uso comum do povo, era de uso especial. No perodo de transio, de bem de uso especial para bem de uso comum do povo, era considerado bem dominical. Ento, os bens nessa fase de transio so bens dominicais.Outro exemplo de situao transitria ocorre quando a AP quer se desfazer de um bem. Se ele for de uso comum do povo ou de uso especial, ser necessria a submisso do mesmo ao processo de desafetao. Quando o bem desafetado, ele se torna bem dominical.Portanto, normalmente os bens dominicais tm sua origem de bens de uso especial (mais frequente) ou de bens de uso comum do povo (menos frequente).Tambm compem essa categoria os bens que compreendem a herana jacente, pois a administrao pblica recebe tais bens de forma gratuita, em decorrncia de uma determinao legal, e, por determinado tempo, no recebem destinao, sendo considerados como bens dominicais.Tambm so bens dominicais aqueles que so obtidos pela administrao pblica em decorrncia de procedimentos judiciais. Ex: bens resultantes de execuo de dvidas fiscais. Ainda que esses bens sejam posteriormente leiloados, neste nterim eles sero bens dominicais.A CF prev ainda uma outra hiptese, que ser melhor estudada posteriormente, referentes aos bens resultantes do confisco (desapropriao indireta perdimento de bens para Unio em virtude do bem estar sendo utilizado no cultivo de plantas psicotrpicas, como maconha). Ento, o perdimento tambm uma hiptese de bem dominical.Eles podem ser alienados, no precisando passar pelo processo de desafetao, bastando avaliao prvia, comprovao da necessidade ou utilidade da alienao e licitao na modalidade concorrncia (imveis) ou leilo (mveis).

Lei 8666. Art. 19. Os bens imveis da Administrao Pblica, cuja aquisio haja derivado de procedimentos judiciais ou de dao em pagamento, podero ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:I - avaliao dos bens alienveis;II - comprovao da necessidade ou utilidade da alienao; III adoo do procedimento licitatrio, sob a modalidade de concorrncia ou leilo.

CF. Art. 37. XXI - ressalvados os casos especificados na legislao, as obras, servios, compras e alienaes sero contratados mediante processo de licitao pblica que assegure igualdade de condies a todos os concorrentes, com clusulas que estabeleam obrigaes de pagamento, mantidas as condies efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitir as exigncias de qualificao tcnica e econmica indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes. (Regulamento)

Bens de uso comum do povo e bens dominicais o critrio o do art. 98 do CC titularidade. Identificamos tais bens como pblicos a partir da titularidade. Bens de uso especial o critrio hibrido. Consideraremos tanto a TITULARIDADE quanto o REGIME JURDICO.

Bens pblicos previstos na legislaoO art. 20 da CF elenca os bens da Unio.

Art. 20. So bens da Unio:I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribudos;II - as terras devolutas indispensveis defesa das fronteiras, das fortificaes e construes militares, das vias federais de comunicao e preservao ambiental, definidas em lei;III - os lagos, rios e quaisquer correntes de gua em terrenos de seu domnio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros pases, ou se estendam a territrio estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes com outros pases; as praias martimas; as ilhas ocenicas e as costeiras, excludas, destas, as reas referidas no art. 26, II;IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes com outros pases; as praias martimas; as ilhas ocenicas e as costeiras, excludas, destas, as que contenham a sede de Municpios, exceto aquelas reas afetadas ao servio pblico e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;(Redao dada pela Emenda Constitucional n 46, de 2005)V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econmica exclusiva;VI - o mar territorial;VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;VIII - os potenciais de energia hidrulica;IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;X - as cavidades naturais subterrneas e os stios arqueolgicos e pr-histricos;XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios. 1 - assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, bem como a rgos da administrao direta da Unio, participao no resultado da explorao de petrleo ou gs natural, de recursos hdricos para fins de gerao de energia eltrica e de outros recursos minerais no respectivo territrio, plataforma continental, mar territorial ou zona econmica exclusiva, ou compensao financeira por essa explorao. 2 - A faixa de at cento e cinqenta quilmetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, considerada fundamental para defesa do territrio nacional, e sua ocupao e utilizao sero reguladas em lei.

Terra devoluta (bens dominicais) sem proprietrio s as que se enquadrarem nos requisitos, caso contrrio sero dos estados. As terras devolutas que estiverem na faixa de fronteira, pertence Unio. Isso est ligado defesa. No so todas as terras devolutas que integram o patrimnio da Unio, sendo que as demais pertencem ao patrimnio dos estados.Lagos e rios so bens de uso comum do povo, so da Unio (federais). Podem, porm, pertencer a um estado se estiver dentro de um nico estado. Se o rio cruzar mais de um estado, ser federal.As ilhas que estejam banhadas pelo mar so bens pblicos da Unio. Para usar, deve conseguir uma autorizao de cocesso de uso. As ilhotas, quando banhadas por rios locais, so estaduais.Mar territorial aquele que fica em 200 milhas martimas, contadas da costa brasileira pertencem ao Brasil sero da Unio.Terras indgenas: so as ocupadas pelos ndios, tradicionalmente (dentro de um contexto histrico). Nem todas as terras foram demarcadas pela Unio, tendo apenas delimitado as reservas indgenas. So bens pblicos e dominicais. Pertencem aos ndios apenas no ponto cultural, mas no ponto jurdico, pertencem Unio. Os ndios no tm o domnio, detido pela Unio. Se o ndio tem capacidade civil plena, pode adquirir terras como qualquer outro cidado, sendo seu proprietrio.O DL 9760/1946 tambm dispe sobre os bens pblicos da Unio.O art. 26 da CF elenca os bens dos estados.

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:I - as guas superficiais ou subterrneas, fluentes, emergentes e em depsito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da Unio;II - as reas, nas ilhas ocenicas e costeiras, que estiverem no seu domnio, excludas aquelas sob domnio da Unio, Municpios ou terceiros;III - as ilhas fluviais e lacustres no pertencentes Unio;IV - as terras devolutas no compreendidas entre as da Unio.

Quanto aos bens dos municpios e do distrito federal, integram seu patrimnio, na qualidade de bem pblico, todos aqueles bens no compreendidos nas disposies constitucionais acima, que se encontrem sob a titularidade do poder pblico (municipal ou distrital) e sob regime jurdico prprio dos bens pblicos.

Terminamos a classificao de bens pblicos e ressaltamos as espcies de bens pblicos indicadas na legislao. O critrio usado no art. 20 da CF o da excluso: o que no da Unio, dos estados e dos municpios. A CF se preocupou em tratar mais dos bens pblicos federais.

Caractersticas gerais dos bens pblicosBasicamente, so quatro.

1. Limitao alienabilidadeNa verdade, os bens pblicos no so inalienveis. H um procedimento legal, chamado desafetao, que descaracteriza o bem, transformando-o em bem dominical, que pode ser alienado. S que o procedimento deve ser seguido.

CC. Art. 100. Os bens pblicos de uso comum do povo e os de uso especial so inalienveis, enquanto conservarem a sua qualificao, na forma que a lei determinar.Art. 101. Os bens pblicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigncias da lei.

A alienao deve ainda ser precedida de demonstrao do interesse pblico existente, avaliao do bem e licitao prvia. Se se tratar de bem imvel, h necessidade de autorizao legislativa.

2. Imunidade tributriaNo tocante imunidade tributria recproca, as pessoas jurdicas de direito pblico fazem jus a essa imunidade, tanto a Unio no pode cobrar tributos federais em relao a estados, como tambm os estados no podem cobrar IPVA dos veculos pblicos. Como regra, essa imunidade se aplica aos bens pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico. H uma extenso ao critrio da imunidade recproca, que um entendimento majoritrio, porque o STF considerou que quando se tratar de pessoas jurdicas da administrao pblica indireta que tenham por objeto exclusivamente a prestao de servios pblicos, os seus bens so equiparados a bens pblicos e, por analogia, fazem tambm jus imunidade tributria. A imunidade tributria exige a previso constitucional e a vinculao das pessoas de direito pblico com o interesse pblico, elas existem unicamente para atender o interesse pblico (interesses coletivos e interesses difusos).

CF. Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: VI - instituir impostos sobre:a) patrimnio, renda ou servios, uns dos outros; 2 - A vedao do inciso VI, "a", extensiva s autarquias e s fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, no que se refere ao patrimnio, renda e aos servios, vinculados a suas finalidades essenciais ou s delas decorrentes. 3 - As vedaes do inciso VI, "a", e do pargrafo anterior no se aplicam ao patrimnio, renda e aos servios, relacionados com explorao de atividades econmicas regidas pelas normas aplicveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestao ou pagamento de preos ou tarifas pelo usurio, nem exonera o promitente comprador da obrigao de pagar imposto relativamente ao bem imvel.

H imunidade recproca entre as pessoas jurdicas que fazem parte da AP direta. Faz-se aqui a observao de que parte da jurisprudncia do STF defende que essa imunidade deve ser estendida s empresas pblicas e sociedades de economia mista que prestam servios pblicos. Foi feito aqui uma analogia, mas no est na CF.O interesse pblico abrange os interesses das coletividades e os interesses difusos.

3. No sujeio usucapio uma forma de aquisio originria de um bem. Na forma derivada, h uma continuidade na linha de propriedade do bem. Na forma originria, no h qualquer vinculao do novo proprietrio ao proprietrio anterior.Usucapio a aquisio originria de um bem em razo da posse mansa e pacfica por um determinado perodo.

CC. Art. 102. Os bens pblicos no esto sujeitos a usucapio.

A AP pode adquirir um bem por meio da usucapio, mas os bens pblicos no esto sujeitos usucapio.No Brasil existe uma prtica chamada empossamento indevido. A AP toma posse de um bem e passa a utiliz-lo para um servio pblico. O bem passa a ser bem pblico em razo da destinao que lhe dada. No h um prazo legal, trata-se de umas poucas situaes no direito administrativo que no tem previso legal, decorre da prtica. uma forma anmala de aquisio.

4. ImpenhorabilidadeA AP, no desempenho de suas funes, est acima dos administrados. Isso justificado pelo princpio da supremacia do interesse pblico.Impenhorabilidade a sujeio penhora (medida restritiva).

CPC. Art. 730. Na execuo por quantia certa contra a Fazenda Pblica, citar-se- a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta no os opuser, no prazo legal, observar-se-o as seguintes regras: (Vide Lei n 9.494, de 10.9.1997)I - o juiz requisitar o pagamento por intermdio do presidente do tribunal competente;II - far-se- o pagamento na ordem de apresentao do precatrio e conta do respectivo crdito.Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferncia, o presidente do tribunal, que expediu a ordem, poder, depois de ouvido o chefe do Ministrio Pblico, ordenar o seqestro da quantia necessria para satisfazer o dbito.

Ainda que no exista hierarquia administrativa entre os entes federais, h uma hierarquia de interesses. Por isso, admitida a desapropriao do superior para com o inferior. A Unio pode desapropriar bens dos estados e municpios. Os estados podem desapropriar bens dos municpios.

Formas de utilizao dos bens pblicosPodemos aqui diferenciar duas formas de utilizao.1. Uso comuma. OrdinrioOrdinrio o uso que no tem nenhuma instruo especfica. o uso que a gente faz dos bens de uso comum do povo. atribudo sem necessidade de autorizao ou lei especfica. A lei necessria apenas para classificar aquele bem como de uso comum do povo. Ao tratarmos de bens de uso comum do povo, h um entendimento pacfico do STF em que, se tratando de bem de uso comum do povo e bem de uso especial, em razo da afetao desses bens, na hiptese de qualquer obstruo do uso desses bens, a AP tem autorizao de autoexecutar esses bens.Quando a manifestao lcita, no h obstruo. No h proibio ou limitao manifestao do livre pensamento. Todavia, o interesse particular dos manifestantes no pode superar o interesse pblico.A AP pode, quando h abuso, promover a desocupao do bem pblico, fazendo uso inclusive de fora policial.Direito de manifestao de pensamento diferente de direito de reunio. Para a manifestao de pensamento no precisa de autorizao, nem nada. Enquanto a manifestao no interromper a via pblica e no for violenta, tudo bem, pode se manifestar. Todavia, para que as pessoas possam se reunir, sendo que as pessoas iro permanecer na via pblica (ex. Parada Gay), h necessidade de informar a AP e obter autorizao, conforme se ver abaixo.A reunio pode ocorrer desde que pacfica, devendo ser previamente informada AP e no podendo frustrar outro evento. A CF no fala em necessidade de autorizao.

b. ExtraordinrioA CF assegura a manifestao do pensamento e o direito de reunio. Todavia, se entende que esses direitos so exercidos de forma transitria. Quando o grupo de pessoas quer permanecer no bem pblico, h distino. No se trata de uso comum ordinrio do bem pblico, mas do uso comum extraordinrio. uma segunda situao: as pessoas querem se reunir e permanecer na via pblica. Aqui sim h necessidade de autorizao da prefeitura. Esta tem o poder discricionrio (convenincia e oportunidade) para autorizar o uso desse bem. extraordinrio porque haver a obstruo total da via pblica, do bem.Lembre-se que aqui autorizao para uso comum extraordinrio. Autorizao um termo usado na AP de forma genrica. No confunda com a autorizao de uso, que ser vista em uso especial.Resumo: A classificao usada pelo professor a mais aceita e um pouco mais antiga. No uso comum, no h especificao. J no uso especial, h a transferncia do direito de usar o bem a um particular, em carter privativo. Essa diferena fundamental. No uso comum, no He exclusividade.Quando se trata de uso comum, ele abrange somente os bens de uso comum do povo, prioritariamente, e os bens de uso especial, excepcionalmente. Nos bens de uso especial, seu uso est vinculado prestao de servio pblico. Por isso, pode haver restries. Exemplo: TJ detector de metais, acesso restrito aos gabinetes. H basicamente duas formas: ordinria e extraordinria.A forma extraordinria est ligada a eventos. comum, ou seja, acessvel a qualquer um do povo, mas extraordinria, por envolver uma srie de providncias, como desvio de trfego, segurana, etc. A sua ocorrncia, a sua realizao, compreende um planejamento e uma licena (autorizao). Sem a licena dada pela prefeitura, no ser possvel realizar o evento. E a liberdade de reunio? Essa liberdade tem carter transitrio se faz uso do bem pblico temporariamente. J na forma extraordinria, h uma permanncia. Ento, a liberdade de reunio no engloba o uso comum extraordinrio. importante ter em mente que h um interesse coletivo e difuso no bem de uso comum do povo. Uma pessoa, em princpio, no tem mais direito do que a outra. a partir deste interesse que surge um direito pblico subjetivo. Direito pblico subjetivo um direito outorgado pelo Estado a qualquer administrado, PF ou PJ, para que esse administrado possa requer providncias perante a AP, para que ele possa requerer o cumprimento de deveres tambm pblicos.Imagine que a autoridade policial efetue a apreenso indevida de um automvel. Neste caso, o proprietrio do veculo tem um direito de propriedade. Ele vai reivindicar seu bem.Exemplo: moradores de um lugar fecham a praia (faixa de areia) deste lugar. Neste caso, a par do direito de ir e vir, temos um direito pblico subjetivo de fazer uso daquele bem. Podemos nos valer do direito de petio para defender esse direito. Qualquer um do povo tem legitimidade para exercer o direito de petio.O direito de propriedade privada um direito subjetivo. Ele no pblico.Exemplo: ao civil pblica do MPF requerendo que os condomnios de uma praia do Guaruj parassem de usar indevidamente a praia (obrigar a no restringir o acesso praia).O direito de um comea aonde termina o do outro. Qualquer um tem direito de usar o bem, no podem um restringir o direito dos outros.Passemos agora ao estudo do uso especial.

2. Uso especialSe no uso comum, mesmo no extraordinrio, o acesso ao bem continua sendo livre, no uso especial, o acesso j no franqueado a qualquer um do povo. So seis formas. As trs principais so concesso, permisso e autorizao de uso. No confunda isso com concesso, permisso e autorizao de prestao de servio pblico.O que mais tem no Brasil so bens municipais. Cada ente federativo disciplina sobre a concesso, permisso e autorizao de uso de seus bens, no havendo uma norma nica. H regularidade no tocante aos servios pblicos.O uso especial outorgado com carter personalssimo (intuitu personae). Ele se reveste de um carter privativo e exclusivo. O uso do bem ser atribudo a uma pessoa determinada. aplicvel aos bens de uso comum do povo, preferencialmente, e aos bens especiais, excepcionalmente.As trs primeiras so as mais utilizadas e no esto reguladas em um nico diploma.

a. Autorizao de uso mais simples. a forma mais elementar de uso especial, de uso privado de um bem pblico. Consiste numa forma de atribuio do uso de um bem pblico, em carter precrio, discricionrio e efmero (prazo muito curto). Por que precrio? A precariedade est ligada discricionariedade. A Administrao outorga o direito de uso, no h carter democrtico na outorga, no estvel, por isso no pode ter um prazo longo, evita-se a criao de uma expectativa. Pode ser a qualquer momento revogada a autorizao. Ela decorre de um ato administrativo discricionrio (convenincia e oportunidade), ou seja, a AP no est vinculada, obrigada a outorgar a autorizao. Por isso, errado falar conceder autorizao. Conceder vem de concesso.Exemplo: autorizao para utilizar um bem pblico para um rodeio. Quem no paga o ingresso, no tem acesso. Por isso, um uso privado, especial. A autorizao s compreende o tempo necessrio para a realizao do evento.Em cidades do interior est surgindo um movimento, dentro da ideia de incrementar a proteo a certos direitos reconhecidos a animais, e muitos municpios no esto outorgando autorizao para a realizao de rodeios. Aqui fica visvel a discricionariedade e precariedade da autorizao.Autorizao e licena so s termos sinnimos. No confundir.

b. Permisso de usoUm pouco mais complexa. Consiste numa forma de atribuir o uso de um bem pblico a um particular, em princpio, que tem carter negocial (essa a grande distino), precrio e discricionrio. Todavia, ela no efmera. Ao contrrio, ela outorgada sem prazo (de modo continuada). A outorga depende da anlise de convenincia e oportunidade pela AP.Exemplo: bancas de jornal. Elas funcionam mediante uma permisso de uso. Assim, o proprietrio da banca sempre um permissionrio. Para que ele possa instalar a banca na calada, ele precisa de permisso. A banca funciona enquanto a AP no retirar sua permisso.Exemplo: feira livre. O feirante usa aquele espao periodicamente. Assim, o uso do espao privativo, ainda que voc tenha acesso feira. Todavia, no se pode invadir o espao do feirante e, para adquirir os produtos deste, necessrio pagar um preo.Exemplo: ambulante. Tecnicamente, a matria de direito do ambulante administrativo. O ambulante tem que ter uma permisso para usar as vias pblicas, ainda que ele fique em constante motivao. por isso que alguns municpios no permitem o comrcio de ambulantes.Camel no sinnimo de ambulante. A grande maioria dos camels no tem a permisso de uso. Isso porque o municpio, normalmente, estipula diversos requisitos para outorgar a permisso. Esses camels muitas vezes esto em lugar determinado h muito tempo, de modo ilegal.A permisso se distingue da autorizao ao ter um carter continuado, e ser negocivel. Na permisso, no h a fixao de prazo, logo o permissionrio tem direito de utilizar o bem por prazo indeterminado, at que a AP decida, conforme seu poder discricionrio, cancelar a permisso.A forma um dos requisitos dos atos administrativos. A forma da autorizao a licena (forma externa da autorizao). J no caso da permisso, a exteriorizao do ato se d por portaria.A licitao uma forma de selecionar, garantindo-se a igualdade, a que melhor lhe convm, conforme critrios estabelecidos no edital.Os bens pblicos so destinados a toda a coletividade. Todo uso especial de bem pblico j se reveste de uma exceo. A permisso e a concesso envolvem um prazo prolongado do uso do bem. Por isso, de rigor a realizao de licitao prvia.A grande discrdia est na permisso, por compreender muitas vezes o uso de bens de valor irrisrio. Assim, haveria necessidade de licitao? Muitas vezes, as leis municipais so silentes nesse aspecto.No existe uma opinio unnime da doutrina sobre a necessidade ou no de licitao prvia. No caso da permisso, muitos doutrinadores defendem que deve ser analisado o valor do bem e se existe mais de um interessado.

APELAO CVEL - Ao Civil Pblica - Concesso de permisso de uso de bem pblico sem prvia licitao Desnecessidade de formalizao de procedimento licitatrio na espcie, dada a precariedade do ato - improbidade administrativa no configurada. Sentena de improcedncia mantida. Recurso do Ministrio Pblico a que se nega provimento. (TJSP 994.05.067752-5; D.J. 24.03.2010)

Neste caso, o prefeito deu permisso a um cara para que ele abrisse uma barraquinha de pastis em frente ao estdio municipal da cidade. Ele formalizou a permisso por um decreto e o MP entrou com uma ao civil pblica alegando improbidade administrativa do prefeito e que seria necessria licitao prvia.O STF decidiu que a improbidade administrativa fica tambm configurada quando o errio prejudicado em decorrncia do ato administrativo.No existe um entendimento nico. Tm autores que dizem que sim e outros que dizem que no. Na opinio do professor, deve ser usado o bom senso. Se a lei no diz que obrigatrio, surge um poder discricionrio ao prefeito. Se a lei municipal no diz nada, na opinio do professor, se o valor do bem for muito pequeno (ex. se fosse alugado, qual seria o valor do aluguel?), ou se no houver mais de um interessado, no haveria necessidade de licitao prvia. Existindo lei que discipline o uso bem, dever ser feita licitao se a lei assim previr.A lei de licitao prev as situaes em que a licitao no deve ser realizada. Assim, se a outorga do uso do bem no estiver dentre as hipteses ali previstas, pode-se defender que a licitao no necessria.O aluno Felipe Vilela levanta a questo do art. 2 da lei de licitao. O professor diz que, se a permisso adquire caractersticas semelhantes concesso, podemos entender que sim, a licitao seria necessria.

Art. 2o As obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes, concesses, permisses e locaes da Administrao Pblica, quando contratadas com terceiros, sero necessariamente precedidas de licitao, ressalvadas as hipteses previstas nesta Lei.Pargrafo nico. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre rgos ou entidades da Administrao Pblica e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formao de vnculo e a estipulao de obrigaes recprocas, seja qual for a denominao utilizada.

c. Concesso de uso a mais complexa. Trata-se de uma modalidade contratual atravs da qual se concede ao particular, ao administrado o uso de um bem pblico. a forma de utilizao especial de bem pblico, que deve ser obrigatoriamente precedida de licitao, sendo instrumentalizada mediante contrato escrito. Toda essa formalidade visa dar segurana jurdica, estabilidade a esta relao particular-AP. O concessionrio ter que investir neste bem. Por isso, o contrato deve trazer um prazo longo, compatvel com os investimentos a serem realizados no bem. No discricionrio. Preferencialmente, a modalidade de licitao ser a concorrncia.Ento, a concesso de uso modalidade de contrato administrativo, celebrado entra a AP e o particular, por mio de qual este investido no direito de uso do bem pblico, durante certo perodo de tempo, contratualmente previsto, assumindo, em contraprestao, determinadas obrigaes para com a AP.Esse contrato visa garantir a segurana jurdica da relao. Trata-se de ato jurdico perfeito. O prazo do contrato se relaciona ao fato de que do concessionrio ser exigida a realizao de investimentos. Esse prazo deve ser razovel para o concessionrio usar e fruir o bem e reaver seus investimentos, ou seja, para haver a amortizao do investimento.Observe que aqui o particular tem tambm o direito de fruir do bem.Exemplo: restaurantes do aeroporto internacional de Guarulhos. Os donos desses restaurantes so concessionrios. O aeroporto um bem pblico.A modalidade de outorga denominasse concesso. A exteriorizao desta o contrato.A concesso de um bem pblico exige a licitao prvia atendimento isonomia, plena probidade.No podemos confundir concesso de bem pblico com a concesso de servio pblico. A primeira no conta com diploma nico leis dispersas; o concessionrio no presta servio pblico. Qualquer valor utilizado por esse concessionrio no tarifado, valor de mercado, no est sujeito fiscalizao pela AP. No caso de concesso de servio pblico, a tarifa estabelecida pela AP preo tabelado. A remunerao da concessionria de servio pblica se d pela cobrana de tarifa ou preo pblico.Alm disso, os bens das concessionrias de servios pblicos so equiparados a bem pblicos por estarem vinculados concesso, ao servio pblico.No caso de concesso de administrao de rodovias, trata-se de concesso de servio pblico precedida da realizao de obra pblica lei 8987.J na concesso de uso, a amortizao do investimento ocorre em decorrncia das atitudes do concessionrio. Se ele tiver lucro ou no, no de interesse da AP. Na concesso de servio pblico, o que interessa a atividade a ser prestada pelo concessionrio.No dispositivo do acrdo supramencionado, ao tratar especificamente da questo da permisso, interessante duas observaes:

Por outro lado, o artigo 2 da Lei n 8.666/93 inclui a permisso no rol de ajustes que dependem de prvia licitao. Assim dispe apontado comando normativo:"Artigo - 2o - As obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes, concesses, permisses e locaes da Administrao Pblica, quando contratadas com terceiros, sero necessariamente precedidas de licitao, ressalvadas as hipteses previstas nesta Lei.(...) Assim sendo, portanto, consagrado o entendimento de que, na hiptese, desnecessria a formalizao de prvia licitao para a concesso da permisso de uso em foco, no h que se falar em nul idade ou ilegalidade do Decreto n 1.387/2001, no configurado ato de improbidade administrativa no caso, mormente em se considerando que no se verificou, na espcie, nenhuma das hiptese previstas na Lei n 8.429/92, ou seja, no houve demonstrado enriquecimento ilcito, prejuzo ao errio ou violao aos princpios que norteiam a Administrao Pblica".

As prximas trs formas so supletivas.

d. Concesso de direito real de uso (Dec. Lei n. 271/1967) a forma pela qual se atribui ao particular, em carter temporrio ou no, de forma resolvel, para fins especficos, o direito de uso de imveis (somente imveis) pblicos. Ela direcionada exclusivamente a imveis pblicos, recaindo normalmente sobre imveis federais.A peculiaridade aqui que atribuda a um particular.Interesse social e regularizao fundiria so sinnimos de reforma agrria. Significa transferir ao particular o direito de uso para que ele possa exercer uma atividade agrcola no imvel. No que o particular ser dono do imvel, mas sim concessionrio. uma forma de reforma agrria, sem transferncia da propriedade do imvel. possvel tambm no caso de imveis urbanos.

Art. 7o instituda a concesso de uso de terrenos pblicos ou particulares remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolvel, para fins especficos de regularizao fundiria de interesse social, urbanizao, industrializao, edificao, cultivo da terra, aproveitamento sustentvel das vrzeas, preservao das comunidades tradicionais e seus meios de subsistncia ou outras modalidades de interesse social em reas urbanas. (Redao dada pela Lei n 11.481, de 2007) 1 A concesso de uso poder ser contratada, por instrumento pblico ou particular, ou por simples trmo administrativo, e ser inscrita e cancelada em livro especial. 2 Desde a inscrio da concesso de uso, o concessionrio fruir plenamente do terreno para os fins estabelecidos no contrato e responder por todos os encargos civis, administrativos e tributrios que venham a incidir sbre o imvel e suas rendas. 3 Resolve-se a concesso antes de seu trmo, desde que o concessionrio d ao imvel destinao diversa da estabelecida no contrato ou trmo, ou descumpra clusula resolutria do ajuste, perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer natureza. 4 A concesso de uso, salvo disposio contratual em contrrio, transfere-se por ato inter vivos, ou por sucesso legtima ou testamentria, como os demais direitos reais sbre coisas alheias, registrando-se a transferncia. 5o Para efeito de aplicao do disposto no caput deste artigo, dever ser observada a anuncia prvia: (Includo pela Lei n 11.481, de 2007)I - do Ministrio da Defesa e dos Comandos da Marinha, do Exrcito ou da Aeronutica, quando se tratar de imveis que estejam sob sua administrao; e (Includo pela Lei n 11.481, de 2007)II - do Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia de Repblica, observados os termos do inciso III do 1o do art. 91 da Constituio Federal. (Includo pela Lei n 11.481, de 2007)

Na questo da concesso para industrializao, o mais apropriado a concesso, e no este instituto.A concesso de direito real de uso, salvo disposio em contrrio, transfere-se por ato inter vivos ou causa mortis, devendo a transferncia ser objeto de registro (pargrafo 4). Essa concesso de direito real de uso , via de regra, instrumentalizada por meio de contrato ou termo. O termo geralmente usado quando no se fixa prazo, pois evidencia a precariedade do ato. O contrato utilizado, portanto, quando h adoo de prazo. Essa adoo gera uma estabilidade gera segurana jurdica. O termo no configura ato jurdico perfeito (ato realizado sobre uma ordem jurdica e constitucional vlida que se aperfeioou), mas o contrato sim.Em princpio, deve ser precedida de lei autorizadora especfica e licitao prvia, ficando o processo licitatrio dispensado no caso de bens imveis residenciais construdos, destinados ou efetivamente utilizados no mbito de programas habitacionais ou de regularizao fundiria de interesse social desenvolvidos por rgos ou entidades da administrao pblica; e quando o uso destinar-se a outro rgo ou entidade da Administrao Pblica ou a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do rgo competente, haja implementado os requisitos mnimos de cultura, ocupao mansa e pacfica e explorao direta sobre rea rural situada na Amaznia Legal, superior a 1 (um) mdulo fiscal e limitada a 15 (quinze) mdulos fiscais, desde que no exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares (art. 17, f e pargrafo 2, Lei 8666).

e. Concesso especial de uso (art. 183, pargrafo 3 da CF e lei n. 11481/2007) um instituto que ficou no passado, institudo pela MP 2220/2001 e posteriormente prevista na lei 11481/07. Essa MP visava resguardar o direito de uma pessoa fsica que estivesse usando um imvel pblico, de at 250 m2, para fins de moradia, de forma mansa e pacfica. Os imveis pblicos no se sujeitam usucapio.Essa medida foi uma medida poltica de ocasio. Existem diversos bens dominicais ocupados por populao de baixa renda. Ao invs de entrar com ao de reintegrao de posse, o governo editou a MP para considerar as pessoas que estivessem, at 30.06.2001, ocupando h pelo menos 5 anos uma rea de at 250 m2, teriam suas posses legitimadas. Foi uma forma de reconhecer o direito adquirido.

f. Cesso de uso (Lei 9636/1998 e Dec. Lei n. 9760/1946)Ela se diferencia da concesso porque, originariamente, foi concebida para disciplinar a transferncia de direito de uso entre entidades pblicas, sem a participao do particular. Essa cesso de uso gratuita. Cesso de uso no sinnimo de comodato, mas pode com este comparada. instrumentalizada por termo de cesso.

D.L. Art. 79. A entrega de imvel para uso da Administrao Pblica Federal direta compete privativamente Secretaria do Patrimnio da Unio - SPU. ("Caput" do artigo com redao dada pela Lei n 9.636, de 15/5/1998) 3 Havendo necessidade de destinar imvel ao uso de entidade da Administrao Pblica Federal indireta, a aplicao se far sob o regime da cesso de uso. (Pargrafo acrescido pela Lei n 9.636, de 15/5/1998)

Em 98, com a lei 9636/1998, esse instituto foi desvirtuado. Ela incluiu a possibilidade de transferncia, a ttulo de cesso de uso, para pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos. Ento, ela desvirtua o instituto ao permitir o uso deste instituto, que a rigor no precede de licitao, a uma instituio privada, abrindo tambm uma brecha para a realizao de atividades comerciais. Nesse caso, a instrumentalizao se d por contrato administrativo, exigindo lei autorizadora especfica e, quando destinada execuo de empreendimento com fim lucrativo, ser onerosa e exigir licitao prvia.

Lei. Art. 18. A critrio do Poder Executivo podero ser cedidos, gratuitamente ou em condies especiais, sob qualquer dos regimes previstos no Decreto-Lei n 9.760, de 1946, imveis da Unio a:I - Estados, Distrito Federal, Municpios e entidades sem fins lucrativos das reas de educao, cultura, assistncia social ou sade; (Inciso com redao dada pela Lei n 11.481, de 31/5/2007)II - pessoas fsicas ou jurdicas, em se tratando de interesse pblico ou social ou de aproveitamento econmico de interesse nacional. (Inciso com redao dada pela Lei n 11.481, de 31/5/2007) 1 A cesso de que trata este artigo poder ser realizada, ainda, sob o regime de concesso de direito real de uso resolvel, previsto no art. 7 do Decreto-Lei n 271, de 28 de fevereiro de 1967, aplicando-se, inclusive, em terrenos de marinha e acrescidos, dispensando-se o procedimento licitatrio para associaes e cooperativas que se enquadrem no inciso II do caput deste artigo. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 11.481, de 31/5/2007) 2 O espao areo sobre bens pblicos, o espao fsico em guas pblicas, as reas de lveo de lagos, rios e quaisquer correntes d'gua, de vazantes, da plataforma continental e de outros bens de domnio da Unio, insusceptveis de transferncia de direitos reais a terceiros, podero ser objeto de cesso de uso, nos termos deste artigo, observadas as prescries legais vigentes. 3 A cesso ser autorizada em ato do Presidente da Repblica e se formalizar mediante termo ou contrato, do qual constaro expressamente as condies estabelecidas, entre as quais a finalidade da sua realizao e o prazo para seu cumprimento, e tornar-se- nula, independentemente de ato especial, se ao imvel, no todo ou em parte, vier a ser dada aplicao diversa da prevista no ato autorizativo e conseqente termo ou contrato. 4 A competncia para autorizar a cesso de que trata este artigo poder ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, permitida a subdelegao. 5 A cesso, quando destinada execuo de empreendimento de fim lucrativo, ser onerosa e, sempre que houver condies de competitividade, devero ser observados os procedimentos licitatrios previstos em lei. 6 Fica dispensada de licitao a cesso prevista no caput deste artigo relativa a:I - bens imveis residenciais construdos, destinados ou efetivamente utilizados no mbito de programas de proviso habitacional ou de regularizao fundiria de interesse social desenvolvidos por rgos ou entidades da administrao pblica;II - bens imveis de uso comercial de mbito local com rea de at 250 m (duzentos e cinqenta metros quadrados), inseridos no mbito de programas de regularizao fundiria de interesse social desenvolvidos por rgos ou entidades da administrao pblica e cuja ocupao se tenha consolidado at 27 de abril de 2006. (Pargrafo acrescido pela Lei n 11.481, de 31/5/2007) 7 Alm das hipteses previstas nos incisos I e II do caput e no 2 deste artigo, o espao areo sobre bens pblicos, o espao fsico em guas pblicas, as reas de lveo de lagos, rios e quaisquer correntes d'gua, de vazantes e de outros bens do domnio da Unio, contguos a imveis da Unio afetados ao regime de aforamento ou ocupao, podero ser objeto de cesso de uso. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.058, de 13/10/2009)Art. 19. O ato autorizativo da cesso de que trata o artigo anterior poder: I - permitir a alienao do domnio til ou de direitos reais de uso de fraes do terreno cedido mediante regime competente, com a finalidade de obter recursos para execuo dos objetivos da cesso, inclusive para construo de edificaes que pertencero, no todo ou em parte, ao cessionrio; II - permitir a hipoteca do domnio til ou de direitos reais de uso de fraes do terreno cedido, mediante regime competente, e de benfeitorias eventualmente aderidas, com as finalidades referidas no inciso anterior; III - permitir a locao ou o arrendamento de partes do imvel cedido e benfeitorias eventualmente aderidas, desnecessrias ao uso imediato do cessionrio; IV - isentar o cessionrio do pagamento de foro, enquanto o domnio til do terreno fizer parte do seu patrimnio, e de laudmios, nas transferncias de domnio til de que trata este artigo; V - conceder prazo de carncia para incio de pagamento das retribuies devidas, quando: a) for necessria a viabilizao econmico-financeira do empreendimento; b) houver interesse em incentivar atividade pouco ou ainda no desenvolvida no Pas ou em alguma de suas regies; ou c) for necessrio ao desenvolvimento de microempresas, cooperativas e associaes de pequenos produtores e de outros segmentos da economia brasileira que precisem ser incrementados. VI - permitir a cesso gratuita de direitos enfituticos relativos a fraes de terrenos cedidos quando se tratar de regularizao fundiria ou proviso habitacional para famlias carentes ou de baixa renda. (Inciso acrescido pela Lei n 11.481, de 31/5/2007)

PARCERIAS PBLICO-PRIVADASDefinioPara entendermos a lgica da PPP, temos que ter uma pequena introduo do tema servio pblico. A CF, art. 21, 25, 30, 175 faz referncia a servio pblico. Servio pblico toda atividade de carter econmico ou no, essencial ou no (depois vamos entender que servio pblico essencial uma expresso legal), cuja titularidade (vinculao jurdica direta, imediata) pertena administrao pblica direta (entidades estatais) e cuja execuo poder ser efetuada pela prpria AP direta, como tambm transferida a pessoas jurdicas integrantes da administrao pblica indireta, ou ainda a particulares, mediante os regimes de concesso e permisso. Existe a autorizao tambm prevista no art. 175 da CF, mas muito rara.O art. 21 traz os servios pblicos da Unio, o art. 25 traz os dos estados-membros e o art. 30 os dos municpios.H uma lei da concesso e permisso.A parceria pblico-privada consiste em um contrato de concesso de servios pblicos, mas no um contrato de concesso puro e simples. Na PPP, deve haver uma interao entre a entidade estatal e o parceiro privado (pessoa jurdica de direito privado). A participao ativa do parceiro pblico uma prestao pecuniria. O parceiro pblico deve colocar dinheiro tambm. por isso que mais complexo.Exemplo de contrato de concesso puro e simples: transporte.As privatizaes comearam no governo do FHC, ou seja, so muito recentes. A privatizao do servio pblico, tecnicamente falando, seria a transferncia do capital de uma empresa pertencente ao Estado, que presta servios pblicos, a particulares.A PPP no implica na venda de nada, mas uma forma de otimizar (princpio da eficincia) os recursos estatais. Ao invs do Estado criar uma empresa dele, investindo parte do capital em outras reas, ele contrata com uma empresa privada. Ele vai subsidiar essa parceria tambm.A ideia da PPP no se limita mera concesso, porque os valores so maiores do que os valores usualmente envolvidos em uma concesso.H vedaes legais, como o caso de valores inferiores a 20 milhes de reais.Na PPP, o Estado entra com uma participao econmica.Hoje se discute a privatizao dos aeroportos. Os aeroportos do Brasil funcionam de uma maneira peculiar. Os aeroportos de pequeno porte so administrados por municpios, os de mdio, pelos estados e os de grande porte, pela INFRAERO. A INFRAERO uma empresa de capital 100% pblico.Os problemas crnicos dos aeroportos evidenciaram uma administrao precria. Assim, hoje se pensa em transferir a empresas privadas a administrao desses aeroportos. A melhor forma de se fazer essa transferncia seria por meio de PPP. A empresa privada seria responsvel pela realizao da obra (reforma), pela prestao do servio pblico (administrao, segurana) e pela explorao comercial do empreendimento (remunerao atravs das tarifas porturias, locao de espaos). Um dos projetos a realizao de licitao, admitindo a participao de empresas reunidas em consrcio, na modalidade concorrncia, e fazer essa PPP. Devido s dimenses do empreendimento, no uma concesso pura e simples (lei 8987/75), o objeto mais complexo. H ainda a contraprestao do parceiro pblico. Este entra realizando uma atividade.Ento, PPP um contrato administrativo de concesso, por meio do qual a AP transfere a uma PJ de direito privado, a obrigao de realizao de determinada obra pblica e/ou prestao de determinado servio pblico, assegurando-se ao parceiro privado o direito de explorao comercial do referido empreendimento, independentemente de qualquer outra remunerao que possa ser pactuada entre as partes, visto ainda que a AP pode ser obrigada, nos termos do contrato, a prestar determinada garantia, prevista em lei ou no contrato, a ser utilizada pelo particular na obteno de recursos financeiros no mercado.

Base legalLei 11079/2004.

ObjetoRealizao de obra pblica;Prestao de servio pblico; eExplorao comercial de empreendimento (publicidade, locao, etc.).

Modalidades legaisArt. 2o Parceria pblico-privada o contrato administrativo de concesso, na modalidade patrocinada ou administrativa. 1o Concesso patrocinada a concesso de servios pblicos ou de obras pblicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente tarifa cobrada dos usurios contraprestao pecuniria do parceiro pblico ao parceiro privado. 2o Concesso administrativa o contrato de prestao de servios de que a Administrao Pblica seja a usuria direta ou indireta, ainda que envolva execuo de obra ou fornecimento e instalao de bens.

Concesso patrocinada (art. 2, pargrafo 1) a que se pretende implementar nos aeroportos. a principal modalidade. H o seguinte organograma: h um parceiro privado, um parceiro pblico e um contrato de PPP. O que eles vo constituir no contrato de PPP ser uma sociedade de propsito especfico (SPE). Legalmente, no existe um modelo de sociedade de propsito especfico. Uma das nicas leis que menciona a SPE a lei de falncia. A SPE uma sociedade que tem uma delimitao do seu objeto social e de sua durao. Ela registrada como qualquer sociedade. O prazo de durao dela ser coincidente com o prazo do contrato de PPP. uma sociedade constituda como uma das sociedades previstas em lei, com objeto especfico e durao determinada.Na concesso patrocinada, que o modelo principal de PPP, haver um parceiro pblico e um parceiro privado, podendo este ser formado por um consrcio, ser celebrado um contrato e ser constituda uma SPE. O parceiro pblico e o parceiro privado sero scios do mesmo empreendimento e quem realizar tudo na PPP ser a SPE.Na concesso pura e simples, quem presta o servio o prprio concessionrio. No criada uma sociedade para a prestao do servio. O concessionrio presta o servio em nome prprio. Por isso diferente. necessria a subscrio e integralizao do capital da SPE, que ser realizada pelos dois scios. Da parceria pblico-privada. H recurso de ambos.J vimos que a PPP uma modalidade ultramoderna de contratao, sendo uma modalidade complexa. diferente das modalidades de contratao que existem, nas quais a AP figura como poder concedente e o particular, do outro lado, como concessionrio, disciplinadas pela lei de concesso e permisso, pelo fato de, na PPP, o objeto no ser s a prestao de um servio pblico pelo parceiro privado, como tambm a realizao de uma obra. A PPP mais avanada, porque seu objeto compreende a prestao de servio e, concomitantemente, a realizao de uma obra e a explorao econmica do empreendimento, realizada de outras formas que no a prestao de servio pblico, como locao, publicidade, etc. Alm disso, compreende uma prestao econmica do parceiro pblico ao parceiro privado. Essa , talvez, a grande diferena entre a concesso simples e pura e a PPP. Ainda que haja a supremacia do interesse pblico, a AP e o particular tm uma relao muito mais horizontal do que vertical. Existe uma simetria maior, ainda que o poder pblico tenha algumas prerrogativas, como as clusulas exorbitantes e a resciso imediata.A PPP tem ainda outras caractersticas, como o caso do valor mnimo do contrato (20 milhes), prazo mximo (35 anos) e mnimo (5 anos).No que consiste essa contraprestao do parceiro pblico ao parceiro privado?

Lei das PPP. Art. 6o A contraprestao da Administrao Pblica nos contratos de parceria pblico-privada poder ser feita por:I ordem bancria;II cesso de crditos no tributrios;III outorga de direitos em face da Administrao Pblica;IV outorga de direitos sobre bens pblicos dominicais;V outros meios admitidos em lei. 1 O contrato poder prever o pagamento ao parceiro privado de remunerao varivel vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padres de qualidade e disponibilidade definidos no contrato. (Includo pela Medida Provisria n 575, de 2012) 2 O contrato poder prever o aporte de recursos em favor do parceiro privado, autorizado por lei especfica, para a construo ou aquisio de bens reversveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do art. 18 da Lei n 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. (Includo pela Medida Provisria n 575, de 2012) 3 O valor do aporte de recursos realizado nos termos do 2 poder ser excludo da determinao: (Includo pela Medida Provisria n 575, de 2012)I - do lucro lquido para fins de apurao do lucro real e da base de clculo da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL; e (Includo pela Medida Provisria n 575, de 2012)II - da base de clculo da Contribuio para o PIS/PASEP e da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS. (Includo pela Medida Provisria n 575, de 2012) 4 A parcela excluda nos termos do 3 dever ser computada na determinao do lucro lquido para fins de apurao do lucro real, da base de clculo da CSLL e da base de clculo da Contribuio para o PIS/PASEP e da COFINS, na proporo em que o custo para a construo ou aquisio de bens a que se refere o 2 for realizado, inclusive mediante depreciao ou extino da concesso, nos termos do art. 35 da Lei n 8.987, de 1995. (Includo pela Medida Provisria n 575, de 2012)

No se pode ceder a receita de um tributo, o crdito tributrio no pode ser alienvel. O crdito da lei de outra natureza. Exemplo: crdito pela venda de um bem.Em decorrncia da constituio da SPE, que a sociedade que realizar as atividades, a receita gerada por esta ser dividida entre os scios parceiro pblico e parceiro privado , na proporo estabelecida no contrato.

Concesso administrada (art. 2, pargrafo 2) menos complexa, sendo a mais utilizada.

Art. 2o Parceria pblico-privada o contrato administrativo de concesso, na modalidade patrocinada ou administrativa. 2o Concesso administrativa o contrato de prestao de servios de que a Administrao Pblica seja a usuria direta ou indireta, ainda que envolva execuo de obra ou fornecimento e instalao de bens.

H parceiro pblico e parceiro privado, ambos contribuindo monetariamente, ou seja, h contraprestao obrigatria do parceiro pblico ao parceiro privado. Nesse contexto, na concesso administrativa, o parceiro privado ser admitido para a prestao de servios, e este ponto central, que no ser ao pblico em geral. A prestao dos servios pblicos ter como destinatria direta ou indireta a prprio AP. Esta a principal diferena entre esta modalidade e a modalidade concesso patrocinada.No caso do aeroporto, que de concesso patrocinada, todo o servio meio destinado ao pblico, ou seja, a qualquer do povo em condies de utilizar este servio.J aqui, o servio realizado pelo parceiro privado, realizando a obra pblica ou s a prestao de servio, prpria AP. Um exemplo a chamada privatizao de presdios. Tecnicamente, no se trata de uma privatizao. Esse tema polmico, encontrando barreiras at na ordem legislativa. Os servios carcerrios so servios pblicos. H servios pblicos prprios e imprprios. Os primeiros so aqueles cuja titularidade e execuo devem permanecer, obrigatoriamente, nas mos da administrao pblica direta. A distino entre esses servios fundamental para entendermos essa polmica.O Estado se compe de ncleos. Interesse pblico AP direta AP indireta setor privado.O eixo central do Estado est na AP direta. Para existir Estado, basta ter a AP direta. Ela est diretamente ligada ao IP (interesse difuso e interesse coletivo). Todas as atividades que a AP exercer devem estar ligadas ao IP.A AP direta presta servios pblicos prprios interesse pblico primrio.Por isso que, em matria de servios pblicos, entende-se que a prestao de certas atividades deve permanecer com a AP direta, em razo de sua aproximao ao IP. So exemplos o poder judicirio, a arrecadao tributria, a defesa do Estado.Aqui entram uma srie de correntes administrativas, por termos os servios prprios e os imprprios. Esses servios imprprios tambm so de titularidade da AP direta, mas a execuo pode ser transferida AP indireta ou ao setor privado, em decorrncia de lei. Esses interesses pblicos seriam secundrios, viabilizando a transferncia da execuo destes servios.A titularidade sempre pertencer AP direta.Os servios prprios entende-se que no tm uma finalidade econmica. No h exigncia de contraprestao, de qualquer tarifa ou servio pblico.O servio pblico com carter econmico o servio pblico imprprio.

Caractersticas gerais- Licitao prvia concorrncia;- Constituio de sociedade de propsito especifico (SPE);- Contrato administrativo de parceria pblico-privada, com previses especficas; e

Art. 5o As clusulas dos contratos de parceria pblico-privada atendero ao disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo tambm prever:I o prazo de vigncia do contrato, compatvel com a amortizao dos investimentos realizados, no inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogao;II as penalidades aplicveis Administrao Pblica e ao parceiro privado em caso de inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma proporcional gravidade da falta cometida, e s obrigaes assumidas;III a repartio de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, fora maior, fato do prncipe e lea econmica extraordinria;IV as formas de remunerao e de atualizao dos valores contratuais;V os mecanismos para a preservao da atualidade da prestao dos servios;VI os fatos que caracterizem a inadimplncia pecuniria do parceiro pblico, os modos e o prazo de regularizao e, quando houver, a forma de acionamento da garantia;VII os critrios objetivos de avaliao do desempenho do parceiro privado;VIII a prestao, pelo parceiro privado, de garantias de execuo suficientes e compatveis com os nus e riscos envolvidos, observados os limites dos 3o e 5o do art. 56 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e, no que se refere s concesses patrocinadas, o disposto no inciso XV do art. 18 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;IX o compartilhamento com a Administrao Pblica de ganhos econmicos efetivos do parceiro privado decorrentes da reduo do risco de crdito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado;X a realizao de vistoria dos bens reversveis, podendo o parceiro pblico reter os pagamentos ao parceiro privado, no valor necessrio para reparar as irregularidades eventualmente detectadas. 1o As clusulas contratuais de atualizao automtica de valores baseadas em ndices e frmulas matemticas, quando houver, sero aplicadas sem necessidade de homologao pela Administrao Pblica, exceto se esta publicar, na imprensa oficial, onde houver, at o prazo de 15 (quinze) dias aps apresentao da fatura, razes fundamentadas nesta Lei ou no contrato para a rejeio da atualizao. 2o Os contratos podero prever adicionalmente:I os requisitos e condies em que o parceiro pblico autorizar a transferncia do controle da sociedade de propsito especfico para os seus financiadores, com o objetivo de promover a sua reestruturao financeira e assegurar a continuidade da prestao dos servios, no se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do pargrafo nico do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;II a possibilidade de emisso de empenho em nome dos financiadores do projeto em relao s obrigaes pecunirias da Administrao Pblica;III a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizaes por extino antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais garantidores de parcerias pblico-privadas.

- Contraprestao da AP ao particular.

Vedaes legaisLei. Art. 2. 4o vedada a celebrao de contrato de parceria pblico-privada:I cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhes de reais);II cujo perodo de prestao do servio seja inferior a 5 (cinco) anos; ouIII que tenha como objeto nico o fornecimento de mo-de-obra, o fornecimento e instalao de equipamentos ou a execuo de obra pblica.

CONSRCIOS PBLICOSDefinioA base legal se assenta no art. 241 da CF e na lei 11.107/2005. um instituto recente e alguns confundem com as PPPs.

Art. 241. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios disciplinaro por meio de lei os consrcios pblicos e os convnios de cooperao entre os entes federados, autorizando a gesto associada de servios pblicos, bem como a transferncia total ou parcial de encargos, servios, pessoal e bens essenciais continuidade dos servios transferidos. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998)

a modalidade de contrato administrativo em que vrias entidades estatais se unem contratualmente para a realizao de um determinando objetivo de interesse comum, em carter permanente, de interesse pblico, sendo que essa unio compreender a prestao de um servio pblico.A ideia de consrcio pblico (consrcio vem de consorciar que uma unio entre duas ou mais pessoas) est ligada a uma unio voltada para o interesse pblico. Os consrcios pblicos, na verdade, foram criados para dar maior segurana para a execuo de uma atividade pblica.

Consrcio pblico diferente de consrcio (privado) e de convnio.A lei de licitao prev o convnio, que uma modalidade de contrato administrativo celebrado, seja entre entidades de pessoas jurdicas de direito pblico, seja entre pessoas de direito pblico e de direito privado, temporria e sem fim econmico. O fato de ser sem fim econmico que o diferencia. No h benefcio econmico direto para o particular. O convnio facilmente rescindvel contratualmente, apesar de ser muito til. Assim, ele no d uma estabilidade relao jurdica formada entre as partes.Exemplo: prefeito novo rescinde os convnios celebrados pela gesto anterior.

Lei de licitao. Art. 116. Aplicam-se as disposies desta Lei, no que couber, aos convnios, acordos, ajustes e outros instrumentos congneres celebrados por rgos e entidades da Administrao. 1o A celebrao de convnio, acordo ou ajuste pelos rgos ou entidades da Administrao Pblica depende de prvia aprovao de competente plano de trabalho proposto pela organizao interessada, o qual dever conter, no mnimo, as seguintes informaes: I - identificao do objeto a ser executado; II - metas a serem atingidas; III - etapas ou fases de execuo; IV - plano de aplicao dos recursos financeiros; V - cronograma de desembolso; VI - previso de incio e fim da execuo do objeto, bem assim da concluso das etapas ou fases programadas;VII - se o ajuste compreender obra ou servio de engenharia, comprovao de que os recursos prprios para complementar a execuo do objeto esto devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou rgo descentralizador. 2o Assinado o convnio, a entidade ou rgo repassador dar cincia do mesmo Assemblia Legislativa ou Cmara Municipal respectiva. 3o As parcelas do convnio sero liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicao aprovado, exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficaro retidas at o saneamento das impropriedades ocorrentes: I - quando no tiver havido comprovao da boa e regular aplicao da parcela anteriormente recebida, na forma da legislao aplicvel, inclusive mediante procedimentos de fiscalizao local, realizados periodicamente pela entidade ou rgo descentralizador dos recursos ou pelo rgo competente do sistema de controle interno da Administrao Pblica; II - quando verificado desvio de finalidade na aplicao dos recursos, atrasos no justificados no cumprimento das etapas ou fases programadas, prticas atentatrias aos princpios fundamentais de Administrao Pblica nas contrataes e demais atos praticados na execuo do convnio, ou o inadimplemento do executor com relao a outras clusulas conveniais bsicas; III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras apontadas pelo partcipe repassador dos recursos ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno. 4o Os saldos de convnio, enquanto no utilizados, sero obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupana de instituio financeira oficial se a previso de seu uso for igual ou superior a um ms, ou em fundo de aplicao financeira de curto prazo ou operao de mercado aberto lastreada em ttulos da dvida pblica, quando a utilizao dos mesmos verificar-se em prazos menores que um ms. 5o As receitas financeiras auferidas na forma do pargrafo anterior sero obrigatoriamente computadas a crdito do convnio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo constar de demonstrativo especfico que integrar as prestaes de contas do ajuste. 6o Quando da concluso, denncia, resciso ou extino do convnio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicaes financeiras realizadas, sero devolvidos entidade ou rgo repassador dos recursos, no prazo improrrogvel de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata instaurao de tomada de contas especial do responsvel, providenciada pela autoridade competente do rgo ou entidade titular dos recursos.

O consrcio pblico surge da ideia de que vrias entidades estatais podem se unir. H limitao quanto aos sujeitos Unio, estados e municpios.

Lei 11107. Art. 1o Esta Lei dispe sobre normas gerais para a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios contratarem consrcios pblicos para a realizao de objetivos de interesse comum e d outras providncias. 1o O consrcio pblico constituir associao pblica ou pessoa jurdica de direito privado. 2o A Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados. 3o Os consrcios pblicos, na rea de sade, devero obedecer aos princpios, diretrizes e normas que regulam o Sistema nico de Sade SUS.Art. 2o Os objetivos dos consrcios pblicos sero determinados pelos entes da Federao que se consorciarem, observados os limites constitucionais. 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consrcio pblico poder:I firmar convnios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxlios, contribuies e subvenes sociais ou econmicas de outras entidades e rgos do governo;II nos termos do contrato de consrcio de direito pblico, promover desapropriaes e instituir servides nos termos de declarao de utilidade ou necessidade pblica, ou interesse social, realizada pelo Poder Pblico; eIII ser contratado pela administrao direta ou indireta dos entes da Federao consorciados, dispensada a licitao. 2o Os consrcios pblicos podero emitir documentos de cobrana e exercer atividades de arrecadao de tarifas e outros preos pblicos pela prestao de servios ou pelo uso ou outorga de uso de bens pblicos por eles administrados ou, mediante autorizao especfica, pelo ente da Federao consorciado. 3o Os consrcios pblicos podero outorgar concesso, permisso ou autorizao de obras ou servios pblicos mediante autorizao prevista no contrato de consrcio pblico, que dever indicar de forma especfica o objeto da concesso, permisso ou autorizao e as condies a que dever atender, observada a legislao de normas gerais em vigor.

Quais so os entes federados? Seriam os estados, municpios e a Unio? Sim, porque est previsto no artigo 1 da CF. Leva-se em conta a forma, apesar de ser materialmente discutvel a incluso dos municpios.Entidades estatais uma terminologia do direito administrativo, englobando Unio, estados membros e municpios.O fim do consrcio no econmico. preciso lei para autorizar a concesso de recursos. Ao invs de ser facilmente rescindvel, o consrcio pblico deve prever a criao de uma pessoa jurdica. Aqui est sua qualidade de ser perene.Poder ser criada uma pessoa jurdica de direito privado ou uma associao pblica (pessoa jurdica de direito pblico).

CC. Art. 41. So pessoas jurdicas de direito pblico interno:IV - as autarquias, inclusive as associaes pblicas; (Redao dada pela Lei n 11.107, de 2005)

No pode ser criada pessoa jurdica de direito privado com fins lucrativos. Assim, s podem ser criadas fundaes ou associaes privadas.Essa pessoa jurdica criada ir executar o objeto do consrcio. Veja, ento, o aspecto permanente desta relao.Costuma-se constituir associao pblica, pois ela tem muitos privilgios, como a imunidade tributria. A PJ de direito pblico mais compatvel sistemtica do instituto.No caso de consrcio privado, duas ou mais sociedade podero se unir para realizar uma atividade econmica, em carter temporrio. Ele nada tem a ver com o consrcio pblico. Ele tem explicito fim econmico.

Lei das S.A. Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou no, podem constituir consrcio para executar determinado empreendimento, observado o disposto neste Captulo. 1 O consrcio no tem personalidade jurdica e as consorciadas somente se obrigam nas condies previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigaes, sem presuno de solidariedade. 2 A falncia de uma consorciada no se estende s demais, subsistindo o consrcio com as outras contratantes; os crditos que porventura tiver a falida sero apurados e pagos na forma prevista no contrato de consrcio.

importante falar em consrcio privado, porque ele pode surgir no direito administrativo. Exemplo: administrao de rodovias. Duas ou mais empresas celebram um contrato de consrcio privado para aumentar sua capacidade econmica.No caso do consrcio, no h fuso. No se d uma unio em nvel contbil, societrio ou jurdico. Em um empreendimento especfico elas se unem.Mesmo que o consrcio privado se d para obter a concesso da prestao de um servio pblico, ele no adquire o carter pblico.O consrcio privado no cria pessoa jurdica. Ele representa uma universalidade de direitos complexo de direitos e obrigaes sem personalidade jurdica. Ele se insere no espao entre as pessoas jurdicas e as pessoas naturais. Ele exerce determinados direitos em nome de seus constituintes.Existe ainda uma terceira modalidade de consrcio consrcio instituio financeira. uma sociedade que tem por objeto captar dinheiro no mercado e fazer financiamento para obteno de um bem. Exemplo: todo ms o consrcio compra um bem. 40 consorciados. Cada um d mil. Cada ms se compra um carro. sem juros, no mximo tem taxa de administrao. uma ideia boa, mas comeou-se a ter mais consorciados do que compra de bens. Comeou a ter muita fraude.

Caractersticas gerais- Entidades estatais;- Sem fim lucrativo;- Objetivo comum;- Associao pblica ou PJ de direito privado (fundao);- Dinheiro pblico; e- Servio pblico.

Sistemtica administrativa

TERCEIRO SETORParcela da sociedade civil composta por pessoas jurdicas de direito privado sem fins econmicos que tenham por objeto atividades que compreendam o interesse pblico. Aqui entra um aspecto importante. J sabemos a atual definio do conceito de interesse publico (hoje compreende os interesses difusos e coletivos a toda sociedade). Sabemos tambm que esse interesse pblico no uno, dividido.Como se caracteriza o fim lucrativo? Sem fins econmicos os scios no tem direito algum a receber o lucro, no admite a distribuio desse resultado (lucro ou prejuzo).O terceiro setor comea a surgir quando passamos da administrao indireta para a iniciativa privada.Assistncia social ampla, compreende assistncia gratuita: mdica, jurdica, etc.

Composio O terceiro setor no pblico nem privado, mas sim uma juno do setor estatal e do setor privado para uma finalidade maior, suprir as falhas do Estado e do setor privado no atendimento s necessidade da populao, numa relao conjunta.A sua composio lastreada por organizaes sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela participao voluntria, de natureza privada, no submetida ao controle direto do Estado, dando continuidade s polticas tradicionais da caridade, da filantropia, trabalhando para realizar objetivos sociais ou pblicos, proporcionando sociedade a melhoria na qualidade de vida, atendimento mdico, eventos culturais, campanhas educativas, entre tantas outras atividades. O terceiro setor o conjunto de agentes privados com fins pblicos, cujos programas visam atender direitos sociais bsicos e combater a excluso social e, mais recentemente, proteger o patrimnio ecolgico. composto por pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos. O que ser sem fim lucrativo? As pessoas formam uma sociedade a partir de um interesse comum de lucro e um interesse negocial. Se for sem fins lucrativos, no h distribuio de lucros. A receita deve ficar na prpria instituio. A associao ou fundao s estar compreendida no terceiro setor se uma ou mais atividades foram voltadas ao interesse pblico. So exemplos as instituies educacionais, as instituies com fins assistenciais.

Lei 9790/99 OSCIPs (Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico)Art. 1o Podem qualificar-se como Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico as pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutrias atendam aos requisitos institudos por esta Lei. 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurdica de direito privado que no distribui, entre os seus scios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou lquidos, dividendos, bonificaes, participaes ou parcelas do seu patrimnio, auferidos mediante o exerccio de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecuo do respectivo objeto social. 2o A outorga da qualificao prevista neste artigo ato vinculado ao cumprimento dos requisitos institudos por esta Lei.

A OSCIP uma qualificao jurdica, dada a pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, institudas por iniciativa de particulares, para o desempenho de servios sociais no exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalizao pelo Poder Pblico, mediante vnculo jurdico institudo por meio de termo de parceria (Maria Sylvia Zanella Di Pietro). Ela exerce atividade de natureza privada, com a ajuda do Poder Pbico.

Art. 2o No so passveis de qualificao como Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico, ainda que se dediquem de qualquer forma s atividades descritas no art. 3o desta Lei:I - as sociedades comerciais;II - os sindicatos, as associaes de classe ou de representao de categoria profissional;III - as instituies religiosas ou voltadas para a disseminao de credos, cultos, prticas e vises devocionais e confessionais;IV - as organizaes partidrias e assemelhadas, inclusive suas fundaes;V - as entidades de benefcio mtuo destinadas a proporcionar bens ou servios a um crculo restrito de associados ou scios;VI - as entidades e empresas que comercializam planos de sade e assemelhados;VII - as instituies hospitalares privadas no gratuitas e suas mantenedoras;VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal no gratuito e suas mantenedoras;IX - as organizaes sociais;X - as cooperativas; sociedade de natureza simples (prestao de servio), com uma peculiaridade: ela no tem fins econmicos. Ela tem registro na JUCESP, e no em cartrio, ainda que seja sociedade simples.XI - as fundaes pblicas;XII - as fundaes, sociedades civis ou associaes de direito privado criadas por rgo pblico ou por fundaes pblicas;XIII - as organizaes creditcias que tenham quaisquer tipo de vinculao com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituio Federal.

A qualificao como OSCIP assegura benefcios tributrios.A lei no pode criar qualquer situao que no prestigie a isonomia. Ao permitir que uma instituio religiosa seja qualificada como OSCIP, haveria particularismo no tocante aos credos.

Art. 3o A qualificao instituda por esta Lei, observado em qualquer caso, o princpio da universalizao dos servios, no respectivo mbito de atuao das Organizaes, somente ser conferida s pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:I - promoo da assistncia social;II - promoo da cultura, defesa e conservao do patrimnio histrico e artstico;III - promoo gratuita da educao, observando-se a forma complementar de participao das organizaes de que trata esta Lei;IV - promoo gratuita da sade, observando-se a forma complementar de participao das organizaes de que trata esta Lei;V - promoo da segurana alimentar e nutricional;VI - defesa, preservao e conservao do meio ambiente e promoo do desenvolvimento sustentvel;VII - promoo do voluntariado;VIII - promoo do desenvolvimento econmico e social e combate pobreza;IX - experimentao, no lucrativa, de novos modelos scio-produtivos e de sistemas alternativos de produo, comrcio, emprego e crdito;X - promoo de direitos estabelecidos, construo de novos direitos e assessoria jurdica gratuita de interesse suplementar;XI - promoo da tica, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produo e divulgao de informaes e conhecimentos tcnicos e cientficos que digam respeito s atividades mencionadas neste artigo.Pargrafo nico. Para os fins deste artigo, a dedicao s atividades nele previstas configura-se mediante a execuo direta de projetos, programas, planos de aes correlatas, por meio da doao de recursos fsicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestao de servios intermedirios de apoio a outras organizaes sem fins lucrativos e a rgos do setor pblico que atuem em reas afins.

Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Pblico e as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico discriminar direitos, responsabilidades e obrigaes das partes signatrias. 1o A celebrao do Termo de Parceria ser precedida de consulta aos Conselhos de Polticas Pblicas das reas correspondentes de atuao existentes, nos respectivos nveis de governo. 2o So clusulas essenciais do Termo de Parceria:I - a do objeto, que conter a especificao do programa de trabalho proposto pela Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico;II - a de estipulao das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execuo ou cronograma;III - a de previso expressa dos critrios objetivos de avaliao de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado;IV - a de previso de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipulando item por item as categorias contbeis usadas pela organizao e o detalhamento das remuneraes e benefcios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores;V - a que estabelece as obrigaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico, entre as quais a de apresentar ao Poder Pblico, ao trmino de cada exerccio, relatrio sobre a execuo do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo especfico das metas propostas com os resultados alcanados, acompanhado de prestao de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente das previses mencionadas no inciso IV;VI - a de publicao, na imprensa oficial do Municpio, do Estado ou da Unio, conforme o alcance das atividades celebradas entre o rgo parceiro e a Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico, de extrato do Termo de Parceria e de demonstrativo da sua execuo fsica e financeira, conforme modelo simplificado estabelecido no regulamento desta Lei, contendo os dados principais da documentao obrigatria do inciso V, sob pena de no liberao dos recursos previstos no Termo de Parceria.

No Brasil, o terceiro setor no se limita s OSCIPs. H tambm as instituies de servio social autnomas.A conceituao de terceiro setor foi feita por volta da dcada de 90, compreendendo a atuao de pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos em atividades que renam, de alguma forma, o interesse pblico. Estas atividades abrangidas pelo terceiro setor so atividades que compreendem o interesse pblico secundrio, ou seja, atividades que se distanciam do ncleo do Estado.O Estado no est abrindo mo do servio pblico, mas apenas fazendo uma parceria, colaborando com entidades privadas que, observadas as disposies legais, prestam as atividades indicadas no artigo 3, que atendem a necessidades coletivas.

Servios sociais autnomosO ncleo central do conceito de terceiro setor a OSCIP. Essa qualificao pode ser obtida por pessoa jurdica de direito privado sem fins lucrativos que tenha como objeto uma das atividades elencadas na lei das OSCIP, que so atividades do interesse pblico secundrio (tercirio, para alguns).No entanto, ao estudarmos o DA, identificamos na estrutura da AP uma categoria de pessoa jurdica que existe h muitas dcadas e integrante do terceiro setor pela doutrina, que so os servios sociais autnomos Sistema S (SENAI, SENAC, SESI, SESC, SEBRAE e outros). uma pessoa jurdica de direito privado, criada por lei federal especial, que tem por objeto prestar assistncia a determinadas categorias profissionais. Aqui o ponto central que justifica su