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1 DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. SERGIO TRINDADE CURSO SUPERIOR SEQUENCIAL DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Prof. SERGIO TRINDADE

CURSO SUPERIOR SEQUENCIAL DE

GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA

DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Prof. SERGIO TRINDADE

DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceito: ramo do direito público destinado a reger a organização administrativa do Estado e

a realização de suas atividades pela administração pública ou por quem por ela delegada, submetido

a regime de direito público ainda que parcialmente.

Estado: pessoa jurídica territorial soberana. Estado soberano é o que não admite ingerências

internas. Organização política, dotada de personalidade jurídica de direito público, que

modernamente, congrega três poderes.

O Estado (república federativa do Brasil) exerce três funções primordiais por órgãos criados

para isso (desconcentração política). Funções que integrarão as competências distribuídas aos entes

políticos internos que foram criados para exercer tais competências que decorrem do ente central

(descentralização política).

Elementos que compõe o Estado: povo, território e governo soberano.

Poderes do Estado:

Executivo: administra

Legislativo: cria leis

Judiciário: resolve conflitos de interesse.

Cada um deles desempenha funções típicas (principais), mas também funções atípicas (secundárias).

Formas de Estado:

Unitário: centralização política nas mãos de um só ente.

Federado: descentralização política, cada ente tem autonomia, tem competência para elaborar sua

própria constituição.

Autonomia significa capacidade de auto-organização e implica em:

auto-administração

auto-governo

auto-tutela

Governo: conjunto de poderes e órgãos constitucionais responsáveis pela função política do

Estado.

Sistemas de Governo:

Parlamentarista: o chefe de Estado é o presidente ou um monarca e chefe de governo é o ministro ou

o conselho de ministros

Presidencialista: o presidente é chefe de Estado e chefe de Governo.

Formas de Governo: Monarquia e república.

Administração pública: Enfoque subjetivo: a administração pública é o conjunto de agentes, órgãos, e entidades públicas que

desempenham atividade administrativa. Enfoque nos sujeitos.

Enfoque Objetivo (material ou funcional): consiste na atividade administrativa desempenhada pelos

agentes, órgãos e entidades públicas destinadas a atender o interesse púbico. Enfoque no objeto da

administração.

Enfoque formal: compreende a atuação do Estado ou de quem lhe faça às vezes, submetido a regime

especial, ainda que parcialmente.

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Fontes:

Direta: lei (em sentido amplo)

Indiretas:

Jurisprudência (proveniente da reiteração de julgamentos no mesmo sentido),

Doutrina (trabalho realizado por juristas estudiosos) não é vinculante, servindo apenas como

apoio na solução de casos.

Costumes: reiteração de uma forma de atuação. Só vai ter oportunidade de complementar uma

lei ou na ausência de uma lei.

Sistemas administrativos:

Sistema do contencioso administrativo: não é adotado no Brasil.

Sistema judiciário ou do controle judicial: é o adotado no Brasil. Não se excluirá da apreciação

do judiciário, lesão ou ameaça de lesão de direito.

Finalidade: satisfazer o interesse público, proteção do interesse público.

interesse público primário: interesse da coletividade

interesse público secundário: interesse da administração, da pessoa jurídica. Só será valida se

estiver em consonância com o interesse primário.

Natureza da administração Pública: “Múnus” Público: Dever, encargo de satisfazer e proteger o

interesse público.

Organização da Administração da União:

Setores:

1º Estado: prevalência do interesse público sobre o privado, indisponibilidade desse interesse. As

pessoas que são criadas nesse setor são pessoas jurídicas de direito público.

2º Mercado: relações constituídas na base da igualdade. Pessoas jurídicas de direito privado.

3º social: constituído por pessoas jurídicas de direito privado com interesses filantrópicos.

Associações: criadas sem fins lucrativos para ajudar os outros.

Fundações: direcionam parte de seus lucros para ajudar os outros.

4º informal: economia informal (camelôs, flanelinhas, etc)

- Administração Direta: união, estados, Distrito Federal e municípios. Características: possuem

personalidade jurídica de direito público. Capacidade administrativa e política (capacidade de

elaborar leis).

Administração Indireta: autarquias, fundações, empresas públicas, e sociedade de economia

mista. Características: entidades de personalidade jurídica de direito público e privado. Apenas

capacidade administrativa (capacidade de administrar seus próprios quadros).

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DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

O Estado inicialmente concentrado e centralizado reparte internamente suas funções políticas

entre órgãos de poder denominados Executivo, Legislativo e Judiciário (desconcentração política),

depois se reparte em diversos entes políticos a fim de dividir, distribuir, a titularidade de certas

competências e o exercício de suas atribuições, criando a União, os Estados-membros, o Distrito

Federal e os Municípios (descentralização política).

Desconcentração política: processo de separar poderes, criando órgãos distintos para realizar cada

uma de suas funções públicas. Divisão de funções entre os poderes (executivo, legislativo e judiciário).

Descentralização política: repartição territorial de atribuições (competências políticas) criando-se

outros entes políticos. É realizada por força da constituição criando os entes federados (União,

Estados, DF e municípios).

Descentralização administrativa: dá surgimento a entes ou entidades administrativas. Pessoas

jurídicas diferentes, dando ensejo à criação da administração pública indireta.

Desconcentração administrativa: necessidade de organização interna da atividade administrativa a

fim de melhor desempenhá-la, distribuindo-a através da criação de órgãos em uma mesma estrutura

interna. É a criação de órgãos dentro da estrutura administrativa de um ente ou entidade.

Desconcentração Criação de órgãos

Descentralização Criação de entes ou entidades

A descentralização administrativa pode ocorrer por três modalidades distintas:

Territorial ou geográfica: há criação de um ente dentro de certa localidade territorial,

geograficamente delimitado, com personalidade jurídica de direito público para exercício

de grande parte ou toda parcela de atividades administrativas.

Técnica ou funcional ou por serviço: se dá por meio de uma pessoa jurídica pelo ente

político, para o qual este outorga, transfere a titularidade e a execução de atividade

administrativa específica. Exemplo: entidades da administração indireta.

Por colaboração: ocorre com a delegação da execução de certa atividade administrativa

(serviço público) para pessoa particular para que a execute por sua conta e risco, mediante

remuneração, por meio de contrato ou ato administrativo. Exemplo: concessionários ou

permissionários de serviço público.

Observação:

Outorga (descentralização legal): cria-se uma pessoa jurídica e lhe transfere a titularidade e o

exercício de determinada atividade administrativa.

Delegação (descentralização negocial): transfere-se a outra pessoa (particular) a execução de

determinado serviço público para que o execute por sua conta e risco, mas visando atender ao

interesse público.

A descentralização política dá origem à administração pública direta (estados, DF e municípios)

enquanto a descentralização administrativa dá surgimento à administração pública indireta

(autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas).

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IMPORTANTE

Desconcentração política: processo de separar poderes, criando órgãos distintos para realizar

cada uma de suas funções políticas. Gera os poderes executivo, legislativo e judiciário.

Descentralização política: repartição territorial de atribuições (competências políticas),

criando-se outros entes políticos. Gera a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios.

Desconcentração administrativa: criação de órgãos dentro da estrutura administrativa de um

ente (ou entidade), para desempenhar atribuições, competências dessa pessoa. Opera-se

desconcentração administrativa na medida em que há a repartição interna da função

administrativa num mesmo ente (pessoa jurídica). Gera a criação de órgãos.

Descentralização administrativa: é a distribuição de competências entre pessoas jurídicas

distintas (entidades administrativas), dando ensejo a criação da administração pública indireta.

Gera a empresa pública, sociedade de economia mista, Autarquias e Fundações.

Supremacia do interesse público: o interesse público deve prevalecer sobre o particular.

Indisponibilidade do interesse público: orienta à administração pública impondo-lhe restrições,

limitações. Não lhe é dado dispor desse interesse, pois não é sua proprietária, apenas a tutela, protege,

representa a coletividade.

Formas de atuação da administração pública:

1ª) direta ou centralizada: realizada diretamente por meio de seus órgãos e agentes. Exemplo: União

atuando pelo Ministério da Justiça através da Polícia Federal por agentes de polícia federal e a atuação

desses agentes é imputada a pessoa jurídica a que pertence (TEORIA DO ORGÃO). Basta a lei entrar

em vigor para ela adquirir personalidade jurídica.

OBSERVAÇÃO: os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica.

2ª) indireta ou descentralizada: necessita de terceiros para desempenhar parcela de suas atividades. A

descentralização pode ocorrer por outorga (através de lei) quando a administração necessita de

alguém da administração indireta ou por delegação (através de contrato) quando a administração

necessita de um particular. OBSERVAÇÃO: desconcentração significa distribuição interna de

competências dentro de uma mesma pessoa jurídica.

Entidades da Administração Indireta: quando a administração pública direta transfere (outorga) a

titularidade e o exercício das atividades administrativas para outra pessoa jurídica.

1 – Autarquias: consistem em entidade com personalidade jurídica de direito público, criada somente

por lei específica (CF art 37 inc. 19), para desempenhar atividades típicas do Estado (com sentido de

administração direta) e submetidas a um controle finalístico. Tem capacidade de auto-administração,

ou seja, autonomia administrativa, orçamentária e técnica. A lei entra em vigor automaticamente a

autarquia adquire personalidade jurídica. Regime de pessoal é estatutário. Exemplo: INSS ou INCRA.

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Sua extinção também só é possível por lei específica.

Classificam-se em:

Autarquias em regime comum: não tem maior especificidade, ou seja, estariam submetidas ao

denominado regime comum das autarquias.

Autarquias em regime especial: são autarquias dotadas de maiores prerrogativas, tal qual

maior autonomia administrativa, poder normativo e técnico. Prerrogativas para que se

caracterize uma autarquia em regime especial:

1 – poder normativo técnico

2 – autonomia decisória

3 – independência administrativa

4 – autonomia econômico-financeira

Existem duas espécies de autarquia em regime especial:

Agências reguladoras: tem por objetivo principal regular a prestação de serviços públicos pelo

particular e tem regras especificas que as diferenciam das autarquias em geral. Seus dirigentes

têm certa estabilidade e gozam de poder regulatório de caráter técnico. Caráter final de suas

decisões. As agências reguladoras caracterizam-se por três elementos: maior independência,

investidura funcional (depende de nomeação pelo presidente e aprovação prévia pelo Senado)

e mandado com prazo fixo.

Associações públicas: são frutos de consórcio público, ajustes entre entes políticos com um

objetivo em comum onde surge uma nova entidade que pode ter personalidade jurídica de

direito público ou privado.

OBSERVAÇÃO: OAB não é autarquia

Observação 2: doutrinariamente as autarquias se dividem em institucionais e territoriais.

2 – Fundações públicas: consistem em um patrimônio personalizado cuja lei autoriza a instituição

para o desempenho de atividade de ordem social e submetidas a um controle finalístico. Seu

funcionamento é custeado por recursos da União e de outras fontes. Tem destinação específica. A lei

pode criar ou autorizar a criação de uma fundação dependendo se a mesma tem personalidade jurídica

de direito público ou privado. A criação se dá por meio de decreto executivo que aprova o Estatuto,

o qual deverá ser registrado em cartório de registro de pessoas jurídicas. Está sempre envolvida em

atividades de ordem social, exemplo: educação, cultura, etc. Regime de pessoal nas fundações

públicas de direito público é estatutário, mas nas fundações públicas de direito privado o regime será

celetista.

Quadro comparativo entre empresas públicas e sociedade de economia mista:

Empresas públicas Sociedade de economia mista

Pers. jurídica de direito privado Pers. jurídica de direito privado

Exploradores de ativ. Econômica Exploradores de ativ. Econômica

Prestam serviço público Prestam serviço público

Lei autoriza a instituição Lei autoriza a instituição

Submetidos a controle finalístico Submetidos a controle finalístico

Capital integralmente público Capital público e privado

Qualquer forma societária admitida Só pode ser S.A.

Competência da justiça federal Competência da justiça estadual

Semelhanças - Diferenças

OBSERVAÇÃO: entidades paraestatais não integram as atividades da administração pública. Andam

paralelamente ao estado. Tem personalidade jurídica de direito privado sem fins lucrativos que

desempenham atividade não exclusiva do estado no âmbito social e que recebem algum tipo de

benefício em troca do serviço prestado.

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Empresa pública e sociedade de economia mista podem falir? NÃO (lei 11.101/2005)

No tocante a responsabilidade civil, as estatais podem tanto explorar atividade econômica

como prestar serviço público. Assim, quando prestadoras de serviço público submetem-se ao regime

de responsabilidade objetiva respondendo o Estado subsidiariamente pelos prejuízos causados.

Quando exploradoras de atividade econômica, o regime será o privado, portanto, em regra, a

responsabilidade é subjetiva, ou seja, depende da comprovação de dolo ou culpa.

Órgãos Públicos: unidade de atuação integrante da estrutura da administração direta e da

administração indireta. Centro de competências, congregação de atribuições. Unidade que congrega

atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade

do Estado. São centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais por

intermédios de seus agentes. Os órgãos não possuem personalidade jurídica, pois eles já integram

uma pessoa jurídica. São os órgãos que realizam as competências administrativas.

Características:

Integram pessoa jurídica

Desconcentração administrativa

Não possuem personalidade jurídica, não são sujeitos de direitos nem de obrigações.

Teoria do órgão: a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos órgãos, de tal modo que

quando os agentes que o compõe ao exercerem suas atribuições é como se o próprio Estado o

fizesse, traduzindo-se numa idéia de imputação. Também é chamado de teoria da imputação.

Classificação:

1ª) quanto a estrutura:

Simples: um só centro de competências. Exemplo: RH da Polícia Federal.

Composto: reúne diversos órgãos em sua estrutura. Exemplo: Min.da Justiça

2ª) quanto a composição:

Singulares: atuação ou decisão são atribuições de um único agente. Exemplo: diretoria de uma

escola.

Coletivos: atuação e decisão são atribuições de mais de um agente público. Exemplo: conselho

de contribuintes.

3ª) quanto a posição estatal:

Independente: previsto na constituição e representa um dos 3 poderes do estado.

Autônomo: está abaixo do órgão independente, mas possui autonomia administrativa,

financeira e técnica.

Superior: órgão de direção, controle e decisão, mas sujeito a controle hierárquico de uma

chefia. Exemplo: procuradorias.

Subalterno: órgão de execução submetido a várias chefias.

Regime jurídico administrativo: Binômio: prerrogativas + sujeições

Prerrogativas: vantagens lícitas conferidas à administração em razão da supremacia do interesse

público sobre o particular.

Sujeições: a administração está submetida a algumas restrições em razão do princípio da

indisponibilidade do interesse público.

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PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: (art. 37 da C.F.)

São os postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da administração pública.

Conjunto de proposições que alicerçam ou embasam um sistema e lhe garantem validade.

Não há hierarquia entre os princípios administrativos.

Âmbito de aplicação: toda a administração direta e indireta de todos os poderes e de todos os

níveis da federação. Para aplicação dos princípios dispensa confecção de uma lei formal.

Os princípios são de observância obrigatória e não apenas recomendações.

Os princípios basilares da administração pública são o princípio da supremacia pública sobre

o particular e o princípio da indisponibilidade do interesse público. A supremacia do interesse público

orienta todo o regime jurídico administrativo. Este princípio é limitado pela proporcionalidade, ou

seja, o ato praticado pelo administrador só será legitimo se o meio utilizado for o adequado para

atender ao fim perseguido.

É subdivido em primário quando coincide com a realização de políticas públicas voltadas para

o bem estar social e secundário quando decorre do fato de que o Estado também é uma pessoa jurídica

que pode ter interesses próprios, particulares.

1) Legalidade: a administração só pode fazer aquilo que a lei expressamente determina ou autoriza.

A administração não pode criar direitos ou impor sanções sem a existência de uma lei prévia.

Exceções ao princípio da legalidade: estado de defesa, estado de sítio e medidas provisórias.

2) Impessoalidade: a atuação da administração deve ser objetiva e impessoal, sem discriminação

detrimentosa ou privilegiosa a ninguém. Agente público não pode fazer promoção pessoal com a

atividade administrativa.

3) Moralidade: a administração deve atuar com ética, probidade e boa-fé. Outro enfoque do princípio

da moralidade é que a sua inobservância constitui ato de improbidade administrativa.

4) Publicidade: impõe transparência aos atos administrativos, sob pena de ineficácia. A atuação

administrativa deverá ser tornada pública, para se dar ciência dos atos administrativos aos

administrados. A administração poderá agir de forma sigilosa, quando o sigilo for imprescindível para

a segurança da sociedade e do Estado. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas

dos órgãos públicos deve ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, não podendo

constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou de

servidores públicos.

5) Eficiência: atuar com presteza, perfeição, qualidade e rendimento funcional. Tem a ver com a

relação custo / benefício para a administração.

Observação: cargo de conselheiro de tribunal de contas é cargo técnico e não político.

Princípios implícitos:

1) Supremacia do interesse público

2) Indisponibilidade do interesse público

3) Segurança jurídica: mínimo de certeza e segurança nas relações sociais. Veda a aplicação

retroativa de nova legislação ou de sua interpretação de modo a prejudicar terceiros.

4) Auto-tutela: anular atos ilegais e revogar atos inoportunos ou inconvenientes ao interesse

público. A administração pode declarar a nulidade de seus próprios atos.

5) Razoabilidade: deve atuar com bom senso de acordo com o senso comum.

6) Proporcionalidade: adequação entre os meios empregados e os fins desejados. A

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administração deve editar seus atos na medida necessária para alcançar os fins legais.

7) Continuidade do serviço público: serviços básicos prestados à população não podem ser

interrompidos.

8) Finalidade: todas as ações da administração devem ser praticadas visando o interesse público.

9) Motivação: exige que a administração pública indique os fundamentos de fato e de direito de

suas decisões, justificando-as.

10) Responsabilidade objetiva: a administração deve reparar o dano causado ao administrado em

razão da atividade administrativa independentemente da existência de dolo ou culpa do agente.

PODERES ADMINISTRATIVOS

Conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes

administrativos com o fim de permitir que o Estado alcance seus fins. Esses poderes são outorgados

aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas atribuições voltadas ao atendimento do

interesse coletivo. Tem duas características obrigatórias: são irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente

exercidos. O servidor público tem o poder-dever de agir.

ABUSO DE PODER: conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos

expressa e implicitamente traçadas na lei. O abuso de autoridade tem duas espécies:

Excesso de poder: quando o agente atua fora dos limites de competência que lhe foi atribuída.

Desvio de poder: quando o agente embora seja competente para agir, atua fora dos propósitos

estabelecidos em lei para certo ato. Exemplo: transferência punitiva de servidor. Tanto um

quanto outro caracteriza crime de abuso de autoridade.

Os poderes administrativos dividem-se nas seguintes espécies:

a) Poder discricionário: quando a lei não traça todos os parâmetros para a atuação do agente

público, cabendo-lhe avaliar a conveniência e oportunidade de se realizar determinado ato em

atendimento ao interesse público teremos poder discricionário. É permitido que o poder

judiciário afira a legalidade do exercício do poder discricionário, considerando em especial a

razoabilidade e a proporcionalidade dos atos. O que se veda ao poder judiciário é que se faça

juízo de conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do administrador.

b) Poder vinculado: é quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à prática

de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para atuação do administrador, devendo

realizar o que exatamente estabelece a lei, quando e como ela determina.

c) Poder regulamentar: é a prerrogativa conferida à administração pública de editar atos

normativos de caráter abstrato e geral visando dar aplicabilidade à lei. Não pode criar direitos,

nem obrigações que não decorram diretamente da lei. são exemplos destes poderes os decretos

e regulamentos e estes subdividem-se em duas espécies: decretos de execução e decretos

autônomos.

Os decretos de execução são utilizados para dar fiel execução às leis, e os decretos autônomos

são utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da constituição, são atos

normativos primários, pois não estão subordinados a lei.

d) Poder normativo ou regulatório: poder para órgãos como agências reguladoras por exemplo,

estabelecerem normas técnicas para determinada área de atuação.

e) Poder hierárquico: é o poder que decorre da organização hierárquica da administração

pública, da relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes. Observação:

não existe hierarquia entra administração direta e indireta.

f) Poder disciplinar: é a faculdade conferida à administração pública no sentido de punir no

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âmbito interno os ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas sujeitas à

disciplina da administração. O poder disciplinar pode incidir sobre agentes públicos ou mesmo

sobre pessoas particulares que mantenham vínculo com a administração.

g) Poder de polícia: é a prerrogativa de que dispõe a administração pública para

condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício

da coletividade ou do próprio Estado. Pode ser preventivo ou repressivo.

Importante: o poder de polícia é indelegável, porém, alguns atos como os de consentimento e de

fiscalização podem ser delegados a pessoa jurídica de direito privado, no exercício de função

pública.

Observação: distingue-se a polícia administrativa que incide sobre bens, atividades e direitos

da polícia judiciária que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais.

O Poder de polícia pode ser originário quando é exercido diretamente pela pessoa política,

ou seja, pela administração pública direta através de seus órgãos e agentes, ou pode ser delegado

ou outorgado, quando é feito por pessoa jurídica integrante da administração indireta.

A lei nº 9.873/99 estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de ação

punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no exercício do poder de polícia.

Importante: O poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro atividades, qual seja:

legislação, consentimento, fiscalização e sanção, poderão ser delegadas à pessoa jurídica de direito

privado, integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de consentimento e

fiscalização.

Atributos do poder de polícia:

Discricionariedade: liberdade de decidir quando, onde e como agir. Excepcionalmente tem-se licença

como manifestação do poder de polícia.

Auto-executoriedade: a administração poderá executar diretamente suas medidas de polícia,

independentemente de autorização do poder de polícia.

Coercibilidade: a administração impõe suas medidas de polícia, independentemente de concordância

do particular afetado.

ATOS ADMINISTRATIVOS

São declarações humanas unilaterais, expedidas pela administração pública ou por particular

no exercício de suas prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos jurídicos determinados,

em conformidade com o interesse público, sob regime de direito público e sujeitas a controle. Pode-

se definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz

efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a

controle pelo poder judiciário.

O silêncio não é ato jurídico, mas um fato jurídico administrativo, pois não houve qualquer

manifestação.

Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que,

agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir

ou declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. O ato pode ser

discricionário quando se dá certa margem de liberdade ao agente, porém, a lei identifica quantas e

quais são as condutas possíveis ao agente público. Já nos atos vinculados a lei rege toda a conduta

do agente público, não lhe restando alternativas a não ser agir da única forma possível e fazer

exatamente o que a lei lhe obriga.

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Fato administrativo: são comumente conceituados como a materialização da função administrativa,

consubstanciam o exercício material da atividade administrativa em si. Decorrem de um ato

administrativo, de uma decisão ou determinação administrativa, mas com esta não se confundem.

Espécies:

1º - atos privados da administração: são aqueles realizados pelo regime de direito privado. Exemplo:

contrato de locação.

2º - atos materiais: consistem na mera execução da vontade administrativa. Exemplo: apreensão de

uma mercadoria, fechamento de estabelecimento comercial.

3º atos administrativos: declaração de vontade do estado ou de quem o represente por um regime de

direito público. Os atos administrativos são sempre manifestações unilaterais de vontade.

Atributos dos atos administrativos: características que representam o regime de direito

público.

1º - presunção de legitimidade/veracidade: é relativa, admite prova em contrário. Fundamentos:

Procedimento prévio a prática do ato.

Possibilidade de controlar o ato administrativo de forma interna ou externa.

Principio da legalidade.

2º - auto-executoriedade: pode praticar seus atos sem necessidade de autorização do poder judiciário.

Tem dois aspectos:

Exigibilidade: meio indireto de coerção. Exemplo: multa.

Executoriedade: envolve meios diretos de coerção. Exemplo: fechamento de um

estabelecimento comercial. Exceção: questões pecuniárias.

3º - imperatividade: a administração pode praticar seus atos, independentemente da concordância

do particular afetado. (nem todo ato tem esse atributo). Imperatividade traduz a possibilidade que tem

a administração de impor unilateralmente de criar obrigações ou impor restrições, aos administrados.

Decorre do chamado poder extroverso do Estado. A imperatividade é atributo presente apenas nos

atos administrativos que imponham restrições de direitos, não se aplicando aos atos ampliativos de

direitos.

4º - tipicidade: a administração quando pratica seus atos deverá fazer em plena correspondência com

figuras previamente definidas em lei.

Elementos do ato administrativo:

São os requisitos de validade.

Competência: atribuições conferidas pela lei a um agente ou órgão público. É irrenunciável.

É possível tanto delegação quanto avocação. Só não será possível delegação quando houver

algum impedimento legal. O vício da competência caracteriza excesso de poder.

Não podem ser objeto de delegação:

I – edição de atos de caráter normativo

II – decisão de recursos administrativos

III – matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade

Finalidade: é a proteção e a satisfação do interesse público. O fim almejado por qualquer ato

deve ser sempre o interesse público. O vício caracteriza desvio de poder (também chamado

de desvio de finalidade). Exemplo: remoção punitiva do servidor.

Forma: exteriorização da vontade administrativa. Atua pelo princípio da solenidade das

formas. Todo ato administrativo é, em princípio, formal e a forma exigida pela lei é, via de

regra, escrita.

Motivo: ou causa, é a situação de direito e de fato que determina ou autoriza a realização do

ato administrativo. É o pressuposto fático e jurídico que enseja a prática do ato.

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Objeto: conteúdo do ato administrativo, resultado prático do ato administrativo, efeito jurídico

imediato. Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria alteração no mundo

jurídico que o ato provoca.

Mérito do ato administrativo: juízo de valor, juízo de oportunidade e conveniência que o

poder judiciário não pode controlar. É um juízo exclusivo da administração. Dois requisitos – motivo

e objeto – especificamente considerados quanto aos atos administrativos discricionários, formam o

núcleo do que costuma ser chamado pela doutrina de mérito administrativo.

Classificação dos atos administrativos:

Quanto aos efeitos:

Constitutivo: aquele que cria, que constitui uma nova situação jurídica.

Desconstitutivo: aquele que põe fim a uma situação jurídica existente.

Declaratório: declara uma situação pré existente.

Alienativo: é aquele que tem por fim a transferência de bens ou direitos.

Modificativo: aquele que altera situações pré-existentes.

Abdicativo: é aquele pelo qual o titular renuncia a um direito e para isso tem que ter

autorização legislativa.

Quanto à formação do ato e a produção de seus efeitos:

Perfeito: aquele que completou o ciclo de formação (foi escrito, assinado e publicado).

Imperfeito: aquele que ainda não completou seu ciclo de formação.

Pendente: é aquele que já completou o ciclo de formação, mas está sujeito a uma condição

ou termo para produzir seus efeitos.

Consumido: ato que já exauriu seus efeitos.

Quanto aos destinatários:

Geral: possui caráter de abstração e generalidade e por isso atinge a coletividade com um

todo. Exemplo: ato que muda a direção de uma rua. Os atos gerais têm as seguintes

características:

I – impossibilidade de impugnação judicial diretamente pela pessoa lesada, restando apenas a

via de argüição de inconstitucionalidade.

II – prevalência sobre o ato administrativo individual

III – revogabilidade incondicionada

IV – impossibilidade de revogação por meio de recursos administrativos.

Individual: atingem certos e determinados destinatários. Subdivide-se em singular se

atinge uma única pessoa ou múltiplo se atinge mais de uma pessoa, porém, todas têm que

ser determináveis.

Quanto ao alcance:

Interno: só atinge dentro das repartições.

Externo: produz efeito também para os administrados.

Quanto às prerrogativas da administração:

Império: se vale da supremacia do interesse público sobre o particular.

Gestão: praticado sem a prerrogativa que tem em relação ao particular.

Expediente: atos que dão andamento a processos e papéis que tramitam na administração

pública.

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Quanto à vontade administrativa:

Simples: decorre dentro de uma manifestação de vontade dentro de um só órgão.

Complexo: decorre de mais de uma vontade dentro de um órgão.

Composto: mais de uma vontade dentro de um único órgão ou uma só vontade dentro de

vários órgãos.

Quanto à liberdade do agente público:

Vinculados: não há liberdade conferida ao agente.

Discricionário: há certa liberdade conferida ao agente.

Atos Nulos: são aqueles que nascem com vício insanável, normalmente resultante da ausência

ou de defeito substancial em seus elementos constitutivos.

Atos inexistentes: é aquele que possui apenas aparência de manifestação de vontade da

administração pública, mas que não chegou a se aperfeiçoar como ato administrativo.

Formas de extinção do ato administrativo:

a) Cumprimento de seus efeitos.

b) Desaparecimento do objeto ou do sujeito.

c) Renúncia pelo próprio beneficiário.

d) Retirada do ato: pode ocorrer das seguintes formas:

- cassação

- caducidade

- contraposição ou derrubada

- anulação: quando é ilegal. Tem efeito retroativo

- revogação: quando é inconveniente. Efeito ativo

Anulação do ato administrativo: a anulação deve ocorrer quando há vício no ato, relativo à

legalidade ou a legitimidade; é sempre um controle de legalidade, nunca um controle de mérito.

Quando o vício for insanável o ato é nulo e a anulação é obrigatória, quando for sanável, o ato é

anulável, e pode ser anulado ou convalidado.

Revogação do ato administrativo: revogação é a retirada do mundo jurídico, de um ato

válido, mas que por discricionariedade da administração, tornou-se inoportuno ou inconveniente. São

insuscetíveis de revogação:

a) os atos já consumados;

b) os atos vinculados;

c) os atos que já geraram direitos adquiridos;

d) os atos que integram procedimentos.

Anulação Ocorre por ilegalidade ou ilegitimidade, tem efeito retroativo “ex-

tunc”

Revogação Ocorre por discricionariedade da administração por um ato válido

ter se tornado inoportuno ou inconveniente. Só tem efeito a partir

da revogação “ex-nunc”.

Convalidação É o refazimento de modo válido com efeito retroativo do que foi

produzido de modo inválido. Tem efeito “ex-tunc”.

A administração tem o prazo decadencial de cinco anos para anular ato ilegal que gera efeitos

favoráveis para os destinatários, desde que estes beneficiados não estejam de má-fé.

Convalidação do ato administrativo: é a possibilidade de “correção” de defeito existente

em ato jurídico, decorrente da inexistência de interesse em que o ato seja anulado. Expirado o prazo

para que o ato seja anulado, este passa a ser um ato convalidado, não mais passível de anulação. Em

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decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público, nem prejuízo a terceiros, os

atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria administração. Isso

significa dizer que se um ato administrativo possuir um vício não tão grave, este não precisa ser

anulado pela administração, podendo ser confirmado por esta. No entanto, dita convalidação, só

poderá acontecer se restarem resguardados o interesse público e de terceiros.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado

prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem

a terceiros, assegurado o direito de regresso contra responsável no caso de dolo ou culpa.

A corrente majoritária é no sentido de que a responsabilidade objetiva é decorrente de AÇÃO

estatal, remanescendo a subjetiva, por culpa administrativa, no caso de omissão. Todavia, como

ressaltado, a responsabilidade objetiva, na modalidade risco administrativo, poderá ser afastada nos

casos de: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.

Na hipótese de culpa concorrente, ou seja, se o dano advém também de conduta do terceiro e

de conduta da Administração, a exemplo de uma pessoa que fura um sinal vermelho, enquanto uma

viatura policial também fura de um outro lado, vindo a colidir os dois veículos, não ficará afastada a

responsabilidade da Administração, ou seja, não há compensação de culpas, há a mera gradação da

indenização a ser concedida.

Será subjetiva a responsabilidade decorrente de ato omissivo do Estado.

Responsabilidade civil do estado: decorre de uma ação/omissão lícita ou ilícita e que incorre

dano ou prejuízo a terceiros. Surge o dever do estado de indenizar a pessoa prejudicada. No âmbito

do direito público, temos que a responsabilidade civil da administração pública evidencia-se na

obrigação que tem o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, atuando

em seu nome, causem aos particulares. O Brasil adota a teoria do risco administrativo.

Requisitos:

dano

alteridade do dano

nexo causal

ato estatal

ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.

Responsabilidade subjetiva: não existindo conduta de agente público ou delegado, a

responsabilidade do Estado será do tipo subjetiva, ou seja, terá que ser provada a culpa na omissão

da administração. Ocorre quando o serviço é prestado de maneira aquém do que se esperava ou ainda

quando o serviço não é prestado, ou seja, quando o Estado foi omisso.

Responsabilidade objetiva: conduta lícita ou ilícita da administração, que causa um dano.

Decorre de uma ação propriamente dita. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado

prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem

a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável no caso de dolo ou culpa.

Causas excludentes da responsabilidade do Estado:

a) Culpa exclusiva da vítima ou de terceiros.

b) Caso fortuito ou força maior.

O estado indenizará o condenado por erro judicial, assim como o que ficar preso além do tempo

fixado na sentença.

Na ação de reparação de danos o prazo é de 5 anos. O estado tem direito de entrar com ação

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regressiva no tempo que quiser.

Observação: No caso de ação regressiva contra o funcionário que causou o dano, é necessário

provar dolo ou culpa por parte deste e deve ser assegurado direito ao contraditório e ampla defesa.

Esta ação é imprescritível.