direito administrativo - 04ª aula - 11.11.2008

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Page 1: Direito Administrativo - 04ª Aula - 11.11.2008

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Assuntos Tratados 1º Horário ATOS ADMINISTRATIVOS (continuação) � Conceito: Sentido Amplo; Sentido Estrito � O Silêncio da Administração � Perfeição, Validade e Eficácia � Atributos: Presunção de Legitimidade e Veracidade; Imperatividade ou Coercitividade ou Poder Extroverso

2º Horário ATOS ADMINISTRATIVOS (continuação) � Atributos (continuação): Tipicidade; Auto-executoriedade � Elementos (requisitos ou pressupostos): Sujeito-competência; Forma; Objeto; Motivo; Finalidade

� Vinculação e Discricionariedade

1º HORÁRIO

ATOS ADMINISTRATIVOS (continuação) CONCEITO a) sentido amplo É toda declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes), subjacente à lei e a título de cumpri-la, regida pelo direito público e sujeita à apreciação do órgão jurisdicional. b) sentido estrito É a declaração unilateral do Estado (ou de quem lhe faça as vezes) que produz efeitos jurídicos imediatos, subjacente à lei e a título de cumpri-la, regida pelo direito público e sujeita à apreciação do Órgão Jurisdicional. Atos bilaterais são os contratos administrativos. Ato administrativo é exteriorização de vontade. Outras pessoas, que não o Estado, podem praticar atos Administração Pública: concessionários, permissionários, empresas públicas e sociedades de economia mista. O ato administrativo não pode contrariar a lei, existe para dar aplicabilidade a ela. O Poder Judiciário pode apreciar qualquer ato administrativo, mesmo que seja discricionário. O SILÊNCIO DA ADMINISTRAÇÃO É a situação caracterizada pela inércia da Administração Pública em se manifestar quando estava obrigada a fazê-lo. O silêncio da Administração Pública não é ato administrativo. Trata-se de um fato administrativo já que produz conseqüências no campo do Direito Administrativo (traz conseqüências jurídicas).

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Efeitos do silêncio 1) A lei atribui efeitos ao silêncio: deve-se aplicar a lei. 2) Não há lei regulamentando o silêncio:

a) Gera a responsabilização do agente público que tinha o dever de se manifestar. Se acarretar dano ao administrado, também haverá responsabilidade civil do Estado.

b) O administrado pode reiterar o pedido ou recorrer ao Poder Judiciário; a decisão do órgão jurisdicional não pode suprir a omissão da Administração Pública (terá natureza mandamental, para que a Administração Pública se manifeste de forma motivada).

PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA São dimensões jurídicas diferentes. a) perfeição Diz respeito à formação do ato administrativo. Significa que ele completou todas as etapas necessárias para sua existência; completou o seu ciclo de formação. Ato imperfeito é aquele que não existe. Obs.: súmula vinculante nº 3 – ato administrativo de aposentadoria é ato complexo (depende da manifestação de vontade de dois órgãos para ser formado). b) validade Diz respeito à conformidade do ato com o Ordenamento Jurídico. c) eficácia Diz respeito à aptidão para produzir efeitos jurídicos típicos. Os efeitos do ato administrativo podem ser: 1) Típicos/próprios: é o efeito principal do ato (que justifica a sua prática).

2) Atípicos/impróprios: são outros efeitos produzidos pelo ato:

a) Preliminares/Prodrômicos: são aqueles efeitos que o ato produz durante seu estado de

pendência (ex.: ato sujeito à homologação – com a prática do ato surge a obrigação de análise do ato pelo superior).

b) Reflexos: são aqueles que refluem sobre a esfera jurídica de terceiros não destinatários do

ato (ex.: desapropriação – efeito típico é expropriar uma propriedade privada; efeito reflexo é extinção de eventual contrato de locação sobre o imóvel).

Obs.: José Santos Carvalho Filho – além da perfeição, da validade e da eficácia, há também a exeqüibilidade, que significa a efetiva produção de efeitos do ato (operatividade). Mas, para a maioria, eficácia e exeqüibilidade são coisas inseparáveis.

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ATRIBUTOS São qualidades, características do ato administrativo. Maria Sylvia Zanella Di Pietro 1) Presunção de Legitimidade e Veracidade. 2) Auto-Executoriedade: I. Exigibilidade. I. Executoriedade. 3) Imperatividade. 4) Tipicidade. Celso Antônio Bandeira de Melo 1) Presunção de Legitimidade. 2) Exigibilidade. 3) Auto-Executoriedade. 4) Imperatividade. Presunção de legitimidade e veracidade Os atos administrativos presumem-se verdadeiros e legítimos (estão em conformidade com a lei). Trata-se de uma presunção relativa. Todo ato administrativo tem essa característica (para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, todo ato da Administração Pública tem essa característica). Conseqüência desse atributo: 1) auto-executoriedade; 2) enquanto não for declarado inválido, o ato produz todos os seus efeitos, como se fosse válido; 3) segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, não se aplica ao ato administrativo o art. 168 do CC (para Celso Antônio Bandeira de Melo, aplica-se). Imperatividade; coercitividade; poder extroverso O ato administrativo se impõe, criando obrigações para terceiros, independente de qualquer aceitação, concordância. Ex.: multa, lançamento do IPTU. Nem todo ato administrativo tem este atributo (ex.: ato de nomeação).

2º HORÁRIO ATOS ADMINISTRATIVOS (continuação) ATRIBUTOS (continuação) Tipicidade O ato administrativo corresponde a figuras jurídicas pré-definidas pelo Ordenamento, isto é, para cada finalidade que a Administração Pública pretende alcançar, existe um ato administrativo típico. Nem todo ato administrativo possui esse atributo – só ato administrativo unilateral o possui (ex.: contrato – em sentido amplo é ato administrativo bilateral).

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Auto-executoriedade Significa que a Administração Pública pode desde já praticar o ato administrativo sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário. Nem todo ato possui esse atributo – só existem em duas situações: - Quando a lei estabelecer; - Quando as circunstâncias exigirem, para resguardar o interesse público. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro a auto-executoriedade divide-se em: - Exigibilidade: significa que a Administração Pública pode impor meios indiretos de coerção

sem recorrer ao Poder Judiciário. - Excutoriedade: significa que a Administração Pública pode impor meios diretos de coerção

sem recorrer ao Poder Judiciário (equivale a uma execução forçada). ELEMENTOS; REQUISITOS; PRESSUPOSTOS Vide art. 2º da Lei 4.717/65 (Ação Popular). a) sujeito – competência É a pessoa a quem a lei atribui a prática de ato administrativo. O sujeito tem que ser capaz (normas do CC) e competente (regras de Direito Administrativo). Competência: 1) decorre de lei; 2) é improrrogável; 3) art. 11 ao art. 17 da Lei 9.784/99. Vícios de capacidade: 1) vícios do CC; 2) suspeição e impedimento (art. 18 a 20 da Lei 9.784/99) – esses vícios admitem convalidação. Vícios de competência: 1) excesso de poder; 2) função de fato (ato praticado por agente público de fato, que é aquele que tem vício em sua investidura; seus atos são válido perante terceiros de boa-fé); 3) usurpação de função pública (é crime – art. 328 do CP). b) forma 1) Sentido Amplo: é o conjunto de todas as formalidades necessárias para a formação do ato. 2) Sentido Estrito: é o meio pelo qual o ato se exterioriza. A regra é que a forma seja escrita, mas

pode haver outras formas. Aplica-se o Princípio da Instrumentalidade das Formas (art. 22 da Lei 9.784/99).

Observações - Formalização é uma solenidade especial exigida pela lei. Nesse caso aplica-se o Princípio da

Solenidade. - A motivação integra a forma do ato administrativo (é a justificação). - Motivo é elemento do ato administrativo. Motivação é a justificação do ato – exposição das

razoes de fato e de direito que levaram à prática do ato. Móvel é a intenção do agente que pratica o ato.

- 1ª corrente (Hely Lopes) – a motivação é obrigatória para atos vinculados, e facultativa para

atos discricionários.

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- 2ª corrente (Celso Antônio Bandeira de Melo e Maria Sylvia Zanella Di Pietro) – motivação sempre é obrigatória. No Estado Democrático de Direito é dever da Administração Pública motivar seus atos.

- 3ª corrente: art. 50 da Lei 9.784/99 – a motivação só é obrigatória nos casos expressos. c) objeto d) motivo e) finalidade A Teoria do Desvio de Finalidade enseja a invalidade do ato administrativo. Obs.: vide art. 2º, p.u. da Lei 4.717/65 para definição dos vícios dos elementos de ato administrativo. VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE Momentos de aplicação da discricionariedade: 1) quando a lei estabelecer; 2) quando a lei não previr todas as situações que a Administração Pública enfrentará; 3) quando a lei atribui a competência, mas não diz como agir. Localização da discricionariedade 1) No tempo – quando a lei fixa prazo para agir; dentro desse prazo, a Administração Pública

pode escolher o melhor momento para agir. 2) Entre agir e não agir. 3) Nos elementos do ato administrativo:

a) ato vinculado: todos os elementos são vinculados. b) ato discricionário: sujeito é vinculado; quando a lei estabelecer mais de uma forma, ela

será discricionária; finalidade em sentido amplo é discricionária, e em sentido estrito é vinculada; objeto e motivo são discricionários e formam o mérito administrativo.