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CM\784965PT.doc PE426.933 PT PT DIRECÇÃO-GERAL - POLÍTICAS EXTERNAS Comissão do Desenvolvimento NOTAS INFORMATIVAS SOBRE AS ACTIVIDADES DA COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO DO PARLAMENTO EUROPEU Junho 2009

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DIRECÇÃO-GERAL - POLÍTICAS EXTERNASComissão do Desenvolvimento

NOTAS INFORMATIVAS

SOBRE AS ACTIVIDADES DACOMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO

DO PARLAMENTO EUROPEU

Junho 2009

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................................3

ABREVIATURAS .................................................................................................................................................4

1. ORGANIZAÇÃO DA COMISSÃO ..................................................................................................................6

2. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO............................................................................................................9

3. COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO.......................................................................................13

4. AJUDA HUMANITÁRIA ...............................................................................................................................17

5. DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................................................22

6. OBSERVAÇÃO DE ELEIÇÕES E OUTRAS DELEGAÇÕES.....................................................................24

7. ORÇAMENTO DA UE....................................................................................................................................27

8. ORÇAMENTAÇÃO DO FUNDO EUROPEU DE DESENVOLVIMENTO.................................................29

9. ACORDO DE COTONU E ASSEMBLEIA PARLAMENTAR PARITÁRIA...............................................32

11. ACORDOS DE PARCERIA ECONÓMICA ................................................................................................37

12. ESTRATÉGIA CONJUNTA UE-ÁFRICA E RELAÇÕES COM O PARLAMENTO PAN-AFRICANO ................................................................................................................................................41

13. CRISE FINANCEIRA E ECONÓMICA MUNDIAL...................................................................................45

14. POLÍTICA COMUM DA PESCA.................................................................................................................46

15. COMITOLOGIA...........................................................................................................................................48

16. COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO E PARLAMENTOS DOS ESTADOS-MEMBROS.................50

17. SENSIBILIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA E EDUCAÇÃO PARA AS QUESTÕES DO DESENVOLVIMENTO.............................................................................................................................52

18. SERVIÇOS DE APOIO.................................................................................................................................54

ANNEX 1 - THE MILLENNIUM DEVELOPMENT GOALS (MDGS)............................................................57

ANNEX 2 - DAC LIST OF ODA RECIPIENTS AT 1 JANUARY 2008............................................................59

ANNEX 3 - STUDIES COMMISSIONED BY THE COMMITTEE ON DEVELOPMENT AND IMPLEMENTED BY THE POLICY DEPARTMENT DURING THE 6TH PARLIAMENTARY TERM (2004-2009) ..................................................................................................61

ANNEX 4 - SECRETARIAT OF THE COMMITTEE ON DEVELOPMENT CO-SECRETARIAT OF THE ACP-EU JOINT PARLIAMENTARY ASSEMBLY .....................................65

ANNEX 5 - DEVELOPMENT COOPERATION IN THE TREATY................................................................66

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INTRODUÇÃO

As notas informativas apresentadas neste documento foram elaboradas pelo Secretariado da Comissão do Desenvolvimento (DEVE) do Parlamento Europeu. Estas notas incidem principalmente nos procedimentos, e não propriamente na substância, e têm como objectivo informar os novos deputados sobre o modo como a comissão tratou determinados temas fundamentais durante a legislatura de 2004 a 2009. No entanto, algumas notas abordam efectivamente a matéria de fundo, como é o caso de um dossiê tão importante quanto o dos Acordos de Parceria Económica (APE), que terá relevo na nova legislatura.

A Comissão DEVE aborda algumas temáticas relacionadas com o desenvolvimento e a cooperação que não estão incluídas nas presentes notas. Aqui se incluem a saúde, questões ambientais, sectores relacionados com a economia, o emprego, e muitas outras matérias. Não foram incluídas notas sobre todos os assuntos, para que aextensão do presente documento seja aceitável.

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ABREVIATURAS

AAL Ásia e América LatinaACP Estados de África, das Caraíbas e do PacíficoACP-EU JPA Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UEADD Agenda de Desenvolvimento de DohaAFET Comissão dos Assuntos ExternosAII Acordo InterinstitucionalAPD Ajuda Pública ao DesenvolvimentoAPE Acordo de Parceria EconómicaAPP Acordo de Parceria no domínio da PescaAPP Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UEBUDG Comissão dos OrçamentosCAD Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDECARIFORUM Fórum dos Estados ACP das CaraíbasCEE Comunidade Económica EuropeiaCEMAC Comunidade Económica e Monetária da África CentralCNS Processo de consultaCOD Processo de co-decisãoCOMESA Mercado Comum da África Austral e OrientalCP Conferência dos Presidentes (dos grupos políticos)CPD Coerência das Políticas para o DesenvolvimentoDEN Documento de Estratégia NacionalDER Documento Estratégico RegionalDERP Documento sobre a Estratégia para a Redução da PobrezaDEVE Comissão do DesenvolvimentoDG AIDCO Serviço de Cooperação EuropeAid da Comissão EuropeiaDG DEV Direcção-Geral do Desenvolvimento da Comissão EuropeiaDG ECHO Direcção-Geral da Ajuda Humanitária da Comissão EuropeiaDIH Direito Internacional HumanitárioDNE Democracias novas e emergentesDROI Subcomissão dos Direitos do Homem da Comissão dos

Assuntos ExternosEAP Estratégia de Apoio por PaísECDPM Centro Europeu para a Gestão da Política de DesenvolvimentoECHO Serviço de Ajuda Humanitária da Comunidade EuropeiaERP Estratégia para a Redução da PobrezaFED Fundo Europeu de DesenvolvimentoGCE Grupo de Coordenação EleitoralGDH Grupo de Direitos HumanosGPDP Gabinete para a Promoção da Democracia ParlamentarICD Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento

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INTA Comissão do Comércio InternacionalJAES Estratégia Conjunta África-UEJCM Comité MistoJED Jornadas Europeias do DesenvolvimentoMOE Missão de Observação EleitoralMOEUE Missão de Observação Eleitoral da União EuropeiaMPE Membro do Parlamento EuropeuNU Nações UnidasOCDE Organização de Cooperação e de Desenvolvimento

EconómicoOCP Observador de curto prazoODM Objectivo de Desenvolvimento do MilénioOLP Observador de longo prazoOMC Organização Mundial do ComércioONG Organização Não GovernamentalOP Observador PrincipalOSCE Organização para a Segurança e a Cooperação na EuropaPAA Programa de Acção AnualPAC Política Agrícola ComumPCP Política Comum das PescasPE Parlamento EuropeuPECH Comissão das PescasPESC Política Externa e de Segurança ComumPIN Programa Indicativo NacionalPMA País Menos AvançadoPPA Parlamento Pan-AfricanoPTU Países e Territórios UltramarinosSADC Comunidade de Desenvolvimento da África AustralTCE Tratado que institui a Comunidade EuropeiaTUE Tratado da União EuropeiaUE União EuropeiaUEMOA Comunidade Económica dos Estados da África

OcidentalUNCTAD Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e

Desenvolvimento

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1. ORGANIZAÇÃO DA COMISSÃO

Calendário: o calendário anual das reuniões ordinárias da comissão para o ano seguinte é fixado normalmente em Setembro. Nos anos em que se realizam eleições, a nova comissão aprova a sua composição em reunião constitutiva. Realizam-se com frequência reuniões extraordinárias, sujeitas a autorização, regra geral, em Estrasburgo, à segunda-feira (19h00-20h30 ou 21h00-22h30).

Ordem do dia: geralmente, o projecto de ordem do dia é publicado na página electrónica do Parlamento aproximadamente cinco dias antes da reunião. A sua publicação tardia tem o intuito de respeitar, com a máxima precisão, a sequência dos pontos da ordem do dia, não só para conveniência dos deputados que tencionem comparecer unicamente ao debate de determinados pontos, mas também para facultar aos representantes da Comissão e demais participantes um plano de orientação sobre os momentos em que deverão estar presentes. O projecto de ordem do dia devidamente modificado, se for caso disso, é aprovado no início de cada reunião.

Pontos da ordem do dia: certos pontos são comuns a todas as ordens do dia, designadamente, a aprovação das actas, as comunicações do presidente, as comunicações da Comissão e o período de perguntas. O Presidente em exercício (normalmente, o Ministro do Desenvolvimento do país que exerce a Presidência da UE) participa nas reuniões no início de cada presidência e, por vezes, também no final da mesma. Assistem ainda às reuniões, pontualmente, o Comissário para o Desenvolvimento e, com menos frequência, os Comissários dos Assuntos Externos e do Comércio. Os directores-gerais das Direcções-Gerais DEV e AIDCO da Comissão, bem como o presidente do Serviço ECHO, também comparecem, esporadicamente, às reuniões. Por vezes, são convidados representantes da ONU e das suas agências, de outras organizações internacionais e regionais e das ONG, bem como os chefes de governo e outros ministros. Os restantes pontos da ordem do dia (na verdade, a sua parte principal) incidem sobre a actividade legislativa e afim, nomeadamente, o debate de relatórios e pareceres. Se houver pontos de importância estratégica, podem ser objecto de pontos especiais agendados na ordem do dia.

Período de perguntas: antes de cada reunião de comissão e, o mais tardar, até três dias úteis antes da data do seu início, os deputados podem apresentar por escrito (de preferência em inglês ou em francês) perguntas breves e concisas à Comissão. Durante a reunião, os deputados receberão uma resposta oral por parte do representante competente da Comissão. Este ponto costuma ser tratado no início de cada reunião, o que, porém, nem sempre é possível.

Actividade legislativa e outras actividades: as propostas legislativas da Comissão no domínio do desenvolvimento são enviadas à Comissão DEVE ao abrigo do processo de consulta (CNS) ou de co-decisão (COD). Em 2006, toda a legislação respeitante à política de desenvolvimento foi, em princípio, consolidada num único instrumento, denominado Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento, que foi sujeito a uma revisão intercalar em Abril de 2009, em conjunto com os demais instrumentos de financiamento externo. Nessa altura, a Comissão apresentou uma proposta legislativa

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para alterar tanto o ICD como o Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH). No ano anterior, em 2008, foi levado a cabo um processo legislativo excepcional destinado a mobilizar mil milhões de euros para combater a crise alimentar mundial através da reactivação da agricultura nos países em desenvolvimento. O regulamento daí resultante é conhecido por "Facilidade Alimentar".

No tocante a questões fundamentais para a Comissão DEVE que se inserem no âmbito das atribuições de outras comissões, aquela comissão parlamentar tem competência para elaborar pareceres. A Comissão DEVE fixa o calendário para a elaboração de relatórios, respeitando, na medida do possível, os pedidos de celeridade do Conselho e da Comissão. Todas as etapas do processo COD estão sujeitas a certos prazos, ficando o prazo para a elaboração de pareceres em grande medida ao critério da comissão competente. A comissão pode ser autorizada a elaborar até um determinado número de relatórios não legislativos (relatórios de iniciativa), geralmente sobre matérias relativamente às quais considere ser desejável a acção comunitária, ou como parte de um processo pré-legislativo, em resposta a uma comunicação da Comissão. Em princípio, a comissão só é autorizada a elaborar até seis relatórios de iniciativa em simultâneo.

Controlo da acção executiva: actualmente, a aplicação da legislação no domínio do desenvolvimento é levada a cabo sob a forma de comitologia (regime que permite delegar decisões a ser tomadas por comissões), caso em que as regras formais não autorizam a participação do Parlamento. Trata-se de algo que o Parlamento propôs que fosse alterado, embora ainda não tenha recebido uma resposta favorável por parte das outras instituições. Entretanto, no contexto do processo de co-decisão para o ICD, a Comissária Ferrero-Waldner (Relações Externas) e o Comissário Michel (Cooperação para o Desenvolvimento) trocaram correspondência com o presidente da Comissão DEVE a fim de estabelecer – paralelamente ao procedimento formal de comitologia aplicável a documentos de estratégia e aos programas de acção anuais (PAA) – um procedimento informal, a fim de viabilizar um contributo parlamentar. Isto pode assumir a forma de diálogo estruturado entre a comissão, ou qualquer outraconfiguração DEVE, e a Comissão sobre o projecto de documentos de estratégia. Até à data, o diálogo tem sobretudo ocorrido em quatro grupos de trabalho criados pela DEVE para examinar documentos de programação geográfica e temática do ICD. Ainda não foi determinado de que modo o controlo da implementação da "Facilidade Alimentar" se pode adequar a esta estrutura, ou se a mesma deve ser adaptada de modo a cobrir o Instrumento de Ajuda Humanitária, em relação ao qual o controlo tem sido, até agora, levado a cabo numa base ad hoc.

Orçamento: uma parte vital da actividade da comissão consiste em propor anualmente à Comissão dos Orçamentos alterações ao projecto de orçamento. O período-chave decorre entre Agosto e Outubro. A Comissão DEVE elabora igualmente pareceres destinados à Comissão do Controlo Orçamental sobre a quitação pela execução dos orçamentos da UE e do FED.

Audições: as comissões podem realizar audições públicas que poderão ter a duração máxima de um dia e que estão sujeitas à autorização da Mesa. São convidados peritos a tomar parte nestas reuniões. Os temas tratados prendem-se, por vezes, com um

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relatório em curso de elaboração, mas não necessariamente. A Comissão DEVE considera que, frequentemente, as audições com duração inferior ao tradicional período de meio dia registam um índice de participação de deputados muito mais elevado, o que a leva a organizar amiúde "mini-audições" durante, por exemplo, um intervalo de duas horas de uma reunião de comissão. Já organizou audições conjuntamente com outras comissões – por exemplo, sobre comércio e desenvolvimento – mas a sua calendarização revela-se complexa.

Audição de confirmação: na sequência da nomeação de um novo comissário responsável pelos domínios da competência da Comissão DEVE, esta última organiza uma audição de confirmação do comissário indigitado, cujo objectivo principal consiste em preparar o caminho para a votação final em sessão plenária sobre a Comissão no seu conjunto. A audição confere não só aos comissários indigitados da Comissão Europeia a oportunidade de apresentarem as suas principais ideias e concepções dentro das respectivas áreas de responsabilidade, mas também aos diferentes grupos políticos representados na DEVE a possibilidade de transmitirem as suas prioridades ao comissário indigitado. A repartição das pastas entre os comissários indigitados é uma prerrogativa do presidente da Comissão, e não corresponde necessariamente à repartição de responsabilidades entre as diferentes comissões do Parlamento Europeu.

Coordenadores: os coordenadores da comissão (normalmente um deputado em representação de cada grupo político) reúnem-se regularmente sob a direcção do respectivo presidente, contando igualmente com a presença dos vice-presidentes (razão pela qual as reuniões dos coordenadores são por vezes apelidadas de reuniões da "Mesa alargada"). Estas reuniões realizam-se habitualmente no início do segundo dia de uma reunião de comissão, das 9 às 10 horas. A sua principal incumbência consiste em nomear relatores e relatores de parecer. Cada grupo político dispõe de um determinado número de pontos, em função do número de deputados que possui em cada comissão, pontos esses que "despende" na elaboração de relatórios e pareceres. Os coordenadores também decidem (ou recomendam à comissão) quais os relatórios de iniciativa a elaborar, e que temas prioritários devem ser agendados na ordem do dia de futuras reuniões da comissão.

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2. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO

Tratado que institui a Comunidade Europeia (tal como alterado): a base jurídica das competências legislativas no domínio da cooperação para o desenvolvimento é o artigo 179.º, que prevê que as deliberações sobre a referida legislação sejam tomadas no quadro do processo de co-decisão, enunciado no artigo 251.º.

Contexto histórico recente: até 1 de Janeiro de 2007, as despesas da UE no domínio da cooperação para o desenvolvimento eram regidas por vários documentos legislativos distintos, sob a forma de regulamentos divididos nas duas grandes categorias seguintes: regulamentos temáticos, abrangendo acções em domínios particulares da

cooperação para o desenvolvimento, como o ambiente ou as doenças associadas à pobreza, com pequenas dotações financeiras;

regulamentos geográficos, regendo as actividades de cooperação para o desenvolvimento com determinadas regiões do planeta, dotados de dotações financeiras muito mais avultadas. Destes, dois revestiram-se de interesse para a Comissão para o Desenvolvimento, sendo um respeitante à Ásia e à América Latina, e o outro à África do Sul.

Estes regulamentos foram todos revogados no início de 2007 e substituídos pelo Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento, que é essencialmente um instrumento geográfico, parte de uma série de instrumentos legais para o financiamento da acção externa da UE:

Instrumentos geográficos:Instrumento de Assistência de Pré-Adesão (IPA)Instrumento Europeu de Vizinhança e Parceria (IEVP)Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento (ICD)Instrumento dos Países Industrializados (ICI)

Instrumentos horizontais:Instrumento de Ajuda HumanitáriaInstrumento de Estabilidade (IE)Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos do Homem (IEDDH)Instrumento de Segurança Nuclear Facilidade Alimentar

Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento: com a revisão da legislação que regulamenta a utilização do orçamento comunitário, que acompanhou o advento das Perspectivas Financeiras para 2007-13, todos os regulamentos relativos à cooperação para o desenvolvimento foram consolidados num único instrumento de financiamento,o Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento, ICD1.

1 Regulamento (CE) n.° 1905/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Dezembro de 2006 , que institui um instrumento de financiamento da cooperação para o desenvolvimento.

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Programas: o ICD prevê uma série de programas distintos que mantém a divisão entre acções temáticas e acções geográficas utilizada para anteriores regulamentações.

Os programas temáticos previstos ao abrigo do ICD são igualmente aplicáveis aos países ACP e aos países abrangidos pelo Instrumento Europeu de Vizinhança e Parceria (IEVP):- desenvolvimento humano e social, abrangendo acções nos domínios da saúde,

educação, igualdade de género, cultura, emprego e coesão social, assim como jovens e crianças;

- ambiente e gestão sustentável dos recursos naturais, incluindo a energia;- intervenientes não estatais e autoridades locais no desenvolvimento, em que pelo

menos 85% do financiamento é atribuído a intervenientes não estatais;- segurança alimentar;- migração e asilo.

O ICD prevê ainda os seguintes programas geográficos:- América Latina- Ásia- Ásia Central - Médio Oriente- África do Sul

O ICD estabelece igualmente um programa separado, que não é considerado temático nem geográfico, e que oferece assistência ao desenvolvimento dos 18 países ACP que são signatários do Protocolo do Açúcar do Acordo de Cotonu. Esta assistência destina-se a ajudar os países a compensar os efeitos negativos para as suas economias, na sequência da reforma do regime açucareiro interno da UE.

Disposições de execução: servindo também como indicação sobre a natureza das acções a levar a cabo ao abrigo da legislação, o ICD prevê uma estrutura de comitologia para a aprovação dos documentos de programação. Estes assumem a forma de documentos de estratégia para cada programa temático, região e país, a que pode ser associado um programa indicativo plurianual. Consoante a forma de comitologia utilizada para o ICD, as decisões são tomadas conjuntamente pela Comissão e pelos representantes dos Estados-Membros, limitando-se o papel formal do Parlamento, no âmbito da decisão "comitologia"2, a assinalar à Comissão que uma proposta de medida é susceptível de ultrapassar as competências de execução da Comissão no âmbito do ICD. No entanto, durante o processo de adopção do ICD, foi estabelecido um acordo paralelo por troca de cartas entre o Presidente da Comissão do Desenvolvimento e os Comissários para o Desenvolvimento e das Relações Externas, que permite o envio em simultâneo, ao Parlamento e aos Estados-Membros3, dos projectos de documentos de programação. Prevê-se que o ulterior "diálogo estruturado" permita o contributo do Parlamento em tempo útil. 2 Decisão 1999/468/CE do Conselho de 28 de Junho de 1999 que fixa as regras de exercício das competências de execução atribuídas à Comissão (1999/468/CE)3 Esta disposição foi entretanto alargada a todo o Parlamento pelo Acordo Interinstitucional entre o Parlamento Europeu e a Comissão relativo ao processo de aplicação da Decisão do Conselho 1999/468/CE, que fixa as regras de exercício das competências de execução atribuídas à Comissão, modificada pela Decisão 2006/512/CE (JO 2008/C 143/01).

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Calendário e revisão intercalar: o ICD está limitado no tempo, expirando no mesmo momento que as actuais Perspectivas Financeiras, em 2013. A mesma data-limite aplica-se igualmente às suas dotações financeiras e aos documentos de programação aprovados ao abrigo do mesmo. A previsão de uma revisão intercalar "antes do final de 2010" foi implementada pela Comissão Europeia através de uma Comunicação, datada de Abril de 2009, sobre todos os instrumentos de financiamento externo, acompanhada de propostas legislativas que alteram determinados instrumentos, alterações essas que foram consideradas necessárias pela Comissão Europeia. Apresenta-se uma proposta no sentido de fazer uma pequena alteração de natureza técnica ao ICD juntamente com uma proposta de alteração idêntica aplicável ao IEDDH. Também se faz uma proposta de transferência de algumas acções para o ICI que não puderam ser financiadas ao abrigo dos programas geográficos do ICD, em virtude de se situarem fora da definição da OCDE de ajuda oficial ao desenvolvimento (ver abaixo).

Disposições financeiras: o montante global de referência financeira incluído no ICD para a totalidade do período 2007-2013 ascende a 16 897 milhões de euros. Esta dotação constitui a "referência privilegiada" para a tomada de decisões durante o processo orçamental anual, tal como estabelecido no artigo 37.° do Acordo Interinstitucional sobre a disciplina orçamental e a boa gestão financeira, de 17 de Maio de 2006. O anexo 4 do ICD também fornece valores indicativos em relação aos seus programas distintos, reservando-se um montante indicativo de 465 milhões de euros para acções temáticas a levar a cabo em países IEVP.

Definição de "Ajuda Pública ao Desenvolvimento": pela primeira vez, o ICD consagra na legislação a definição internacionalmente aceite de ajuda pública ao desenvolvimento, estabelecida pelo Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE (CAD). O ICD determina que 100% das acções geográficas sejam "concebidas de modo a cumprir os critérios" para a APD estabelecidos pelo CAD, sendo o mesmo aplicável a pelo menos 90% das despesas no âmbito dos programas temáticos.

Outra legislação da competência da Comissão DEVE: assim como o ICD, também dois outros diplomas legislativos da UE são da responsabilidade da Comissão DEVE – o Instrumento de Ajuda Humanitária e a Facilidade Alimentar.

O Instrumento de Ajuda Humanitária4 foi adoptado em 1996 e, ao contrário de todos os outros instrumentos de financiamento externo, não foi renovado em 2007. Prevê uma resposta humanitária a situações de emergência e de crise aplicada pelo Serviço de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia (ECHO). Como foi aprovado há muito tempo, não foi sujeito ao processo de co-decisão, embora isso fosse necessário se tivesse sido renovado. Por conseguinte, não tem dotação financeira: foi previsto um total de 5,6 mil milhões de euros quando foram estabelecidas as Perspectivas Financeiras para 2007-2013, mas as decisões sobre o nível de financiamento são tomadas anualmente pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, que agem em conjunto enquanto Autoridade Orçamental.

4 Regulamento do Conselho (CE) n.° 1257/96 de 20 de Junho de 1996 relativo à ajuda humanitária.

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A Facilidade Alimentar5 foi adoptada em Dezembro de 2008 no propósito de instituir um instrumento de resposta rápida ao aumento e à volatilidade dos preços alimentares nos países em desenvolvimento, com uma verba de mil milhões de euros. Trata-se de um instrumento de curto prazo, cujos fundos devem ser autorizados antes do final de 2010, destinando-se principalmente a imprimir um impulso pontual à produção agrícola e a atenuar o impacto dos elevados e voláteis preços alimentares. A Comissão Europeia projecta implementar estas acções num número máximo de 50 países em desenvolvimento.

Não existe, nem nunca existiu, uma regulamentação aplicável à cooperação com os 79 Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico que inclua os países ACP. A cooperação com estes países tem por base instrumentos externos à estrutura comunitária, sendo regida pelo Acordo de Cotonu celebrado entre os Estados-Membros da UE e 78 países em desenvolvimento (ver nota informativa em separado). O Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) é a sua fonte intergovernamental de financiamento. Caso o FED passasse a estar inscrito no orçamento comunitário, seria necessário um regulamento para reger a sua utilização.

5 Regulamento (CE) n.º 1337/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho de 16 de Dezembro de 2008 que institui uma facilidade de resposta rápida ao aumento dos preços dos produtos alimentares nos países em desenvolvimento.

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3. COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

Actualmente, a União Europeia e os seus Estados-Membros são os maiores doadores de ajuda ao desenvolvimento e humanitária. O principal objectivo da política comunitária no domínio do desenvolvimento é a redução da pobreza.

Cerca de 900 milhões de pessoas, incluindo 200 milhões de crianças, padecem de subnutrição crónica e 20% da população mundial vive com menos de um dólar por dia. Quase todas estas pessoas, bem como 90% dos doentes contaminados com o vírus da SIDA/HIV, vivem em países em desenvolvimento. Ao longo dos últimos 50 anos, a UE tem levado a cabo uma abordagem dinâmica a fim de reduzir os desequilíbrios entre Norte e Sul. A partir da década de 60, a CEE celebrou acordos com uma série de países em desenvolvimento, até que, em 1992, com o Tratado de Maastricht, a política de cooperação para o desenvolvimento adquiriu um estatuto próprio.

A cooperação para o desenvolvimento no Tratado: o quadro regulamentar da política comunitária em matéria de cooperação para o desenvolvimento é estabelecido pelos artigos 177.º a 181.º do TUE. Os objectivos fixados relativamente à política comunitária de cooperação para o desenvolvimento são: - o desenvolvimento económico e social sustentável dos países em vias de

desenvolvimento, em especial dos mais desfavorecidos; - a integração harmoniosa e progressiva dos países em vias de desenvolvimento na

economia mundial; - a luta contra a pobreza nos países em vias de desenvolvimento; - o desenvolvimento e a consolidação da democracia e do Estado de Direito, bem

como o respeito dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais.

A UE e os Estados-Membros respeitarão os compromissos e terão em conta os objectivos aprovados no âmbito das Nações Unidas e das demais organizações internacionais competentes (como a OCDE/CAD). A UE terá igualmente em conta os objectivos da política de desenvolvimento nas restantes políticas (este requisito poderia ser designado como uma "avaliação do impacto do desenvolvimento" e serve de base para o relatório bianual da Comissão sobre “coerência das políticas para o desenvolvimento” (CPD)) e coordenará as suas acções com as dos Estados-Membros.

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM): em Setembro de 2000, na Cimeira do Milénio da ONU, os Chefes de Estado e do Governo mundiais (incluindo os dirigentes dos Estados-Membros e o Presidente da Comissão Europeia) aprovaram, por unanimidade, a "Declaração do Milénio das Nações Unidas", na qual exprimiram a sua determinação em reduzir para metade, até ao ano 2015, a percentagem de habitantes do planeta com rendimentos inferiores a um dólar por dia e a das pessoas que passam fome e que não têm acesso a água potável; garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação aos jovens de ambos os sexos, e o ensino primário a todas as crianças em toda a parte; reduzir a mortalidade materna em três quartos; e em começar a inverter a disseminação do vírus HIV/SIDA, da malária e de outras doenças graves (cf. Anexo I). Os 8 ODM, os seus objectivos concretos e indicadores mensuráveis são agora amplamente aceites como a principal referência para a Ajuda

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Pública ao Desenvolvimento (APD). Os objectivos da política comunitária de cooperação para o desenvolvimento referidos no Tratado e no Projecto de Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa correspondem aos ODM ou contribuem para que os mesmos sejam alcançados.

Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD): a ONU define APD como a concessão de donativos ou empréstimos por parte dos organismos públicos dos países doadores à lista de países e territórios beneficiários de ajuda ao desenvolvimento, elaborada pela OCDE/Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD), com o principal objectivo de promover o desenvolvimento económico e o bem-estar, em condições financeiras bonificadas (no caso de um empréstimo, com um elemento de subvenção de, no mínimo, 25%). A cooperação técnica inclui-se neste âmbito. Excluem-se os donativos, os empréstimos e as subvenções para fins militares. Excluem-se ainda as ajudas a "Países da Europa Central e Oriental e aos Novos Estados Independentes da antiga União Soviética" ou aos "Países e Territórios em Desenvolvimento Mais Avançados" conforme estabelece a OCDE (cf. Anexo II).

O CAD é um dos principais fóruns em que os maiores doadores a nível bilateral colaboram no intuito de aumentar a eficácia dos seus esforços conjuntos para apoiar um desenvolvimento sustentável. Em princípio, os membros do CAD possuem determinados objectivos em comum no tocante à gestão dos seus programas de ajuda.Para este efeito, foram preparadas linhas directrizes destinadas a entidades cooperantes no domínio do desenvolvimento e o CAD efectua a chamada "avaliação por pares" a programas dos seus membros no domínio da cooperação para o desenvolvimento. Os 23 membros do CAD são: os 15 "antigos" Estados-Membros da UE, a Comissão Europeia, a Austrália, o Canadá, o Japão, a Nova Zelândia, a Noruega, a Suíça e os EUA. O Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) participam na qualidade de observadores.

O Consenso Europeu sobre Desenvolvimento6: em 20 de Dezembro de 2005, os Presidentes da Comissão, do Parlamento e do Conselho assinaram a nova declaração sobre a política da UE em matéria de desenvolvimento, o "Consenso Europeu", que, pela primeira vez em cinquenta anos de cooperação, define o quadro de princípios comuns no âmbito do qual a EU e os seus Estados-Membros implementarão, respectivamente, as suas políticas de desenvolvimento num espírito de complementaridade. Enuncia o mesmo uma política de desenvolvimento norteada por uma maior coerência, coordenação e complementaridade (os “três C"). As suas três principais características são as seguintes:

- reflecte os compromissos internacionais assumidos nas principais Conferências das Nações Unidas em matéria de Desenvolvimento organizadas desde 2000 (Doha, Monterrey e Joanesburgo, etc.), mas também a Cimeira Mundial da ONU, realizada em Setembro de 2005, em Nova Iorque, em que foram avaliados os progressos alcançados no domínio dos ODM;

6 Declaração Conjunta do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros reunidos no Conselho, do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia sobre a política de desenvolvimento da União Europeia intitulada “O Consenso Europeu” (Jornal Oficial C 46, de 24.2.2006)

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- a Declaração não só propicia um quadro para a política de cooperação para o desenvolvimento prosseguida pela Comunidade Europeia, mas representa também (e pela primeira vez!) uma visão comum da União Europeia e dos seus Estados-Membros no que se refere à cooperação para o desenvolvimento. A primeira parte do Consenso descreve os objectivos, valores e princípios partilhados pelos 27 Estados-Membros, pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia no âmbito da luta contra a pobreza e da consecução dos ODM. Tal envolve aspectos fundamentais, como a parceria, o diálogo político e a sociedade civil, sendo igualmente consagrada uma atenção particular às camadas mais desfavorecidas da sociedade e aos países menos desenvolvidos e frágeis. Além disso, é assumido o compromisso político de concessão não só de um maior volume de ajuda ao desenvolvimento, mas também de uma ajuda mais eficaz. A segunda parte do Consenso descreve o modo como a Comissão Europeia implementará, na prática, esta visão comum da cooperação para o desenvolvimento. Neste contexto, a tónica não é apenas colocada no papel da Comissão enquanto doador (o "28.º Estado-Membro"), mas também no papel específico e crucial desempenhado pela Comissão na concretização da Agenda Europeia para o Desenvolvimento, mais particularmente assumindo a liderança em matéria de harmonização e complementaridade;

- o Consenso é um texto interinstitucional, elaborado com a participação active das três Instituições, e assinado conjuntamente, em Dezembro de 2005, pelo Conselho (Tony Blair), pela Comissão Europeia (José Manuel Durão Barroso) e pelo Parlamento Europeu (Josep Borrell).

"Liderança" do processo de desenvolvimento: a comunidade internacional de doadores começou a adaptar mais adequadamente a política de desenvolvimento às circunstâncias locais e às necessidades dos beneficiários, de modo a assegurar que os beneficiários visados da cooperação para o desenvolvimento assumam a "liderança" do seu próprio desenvolvimento. A "liderança" é tradicionalmente definida como o processo através do qual as pessoas com legítimo interesse (isto é, as partes interessadas) influenciam e partilham o controlo das iniciativas de desenvolvimento, bem como as decisões e os recursos que as afectam. (As partes interessadas são pessoas que podem directa ou indirectamente, positiva ou negativamente, afectar ou ser afectadas pela execução e pelos resultados de projectos no domínio do desenvolvimento). Por conseguinte, as autoridades públicas, as corporações profissionais, os sindicatos, as escolas, as entidades culturais, as igrejas e asorganizações dos povos indígenas podem receber ajuda financeira directa da comunidade, devendo ser envidados todos os esforços para envolver a sociedade civil em actividades no domínio do desenvolvimento, tanto nos países em causa, como na UE. Actualmente, a primeira etapa da estratégia de desenvolvimento de um país consiste na Estratégia para a Redução da Pobreza (ERP), que estabelece as políticas e os programas macroeconómicos, estruturais e sociais com vista à promoção do crescimento e à redução da pobreza, bem como as necessidades de financiamento externo correlatas. Estas reflectem-se nos Documentos de Estratégia para a Redução da Pobreza (DERP) do país em questão, elaborados pelo respectivo governo mediante um processo de participação que envolve a sociedade civil e os parceiros de desenvolvimento. Há cinco princípios fundamentais na base do desenvolvimento e da

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implementação das estratégias para a redução da pobreza. Assim, as estratégias devem ser:- ajustadas ao país: envolver uma ampla participação da sociedade civil e do sector

privado em todas as fases operacionais;- orientadas para os resultados: centrar-se em resultados que beneficiem os pobres;- abrangentes no reconhecimento da natureza pluridimensional da pobreza;- orientadas para a parceria: envolver a participação coordenada dos parceiros

(bilaterais, multilaterais e não-governamentais) de desenvolvimento;- baseadas numa perspectiva de longo prazo de redução da pobreza.O Banco Mundial coordena o processo dos DERP, sendo, porém, crescente o envolvimento das agências especializadas das Nações Unidas.

Ajuda desvinculada: nem sempre a generosidade dos países doadores é absolutamente desinteressada. No passado, a ajuda ao desenvolvimento concedida pelos governos serviu, muitas vezes, para financiar a aquisição de bens e serviços do país doador, o que deu origem à denominação "vinculação da ajuda". "Desvincular" a ajuda significa pôr cobro a esta ligação mais ou menos directa entre a concessão de ajuda e a assinatura de contratos, constituindo igualmente um meio de ceder a "apropriação" do processo aos beneficiários da ajuda ao desenvolvimento. O PE exigiu que, num prazo de cinco anos, toda a ajuda ao desenvolvimento seja inteiramente desvinculada, encontrando-se o princípio da ajuda desvinculada agora consagrado no ICD.

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4. AJUDA HUMANITÁRIA

Definição: a assistência humanitária é a ajuda e a acção tendentes a salvar vidas e a atenuar o sofrimento, bem como a preservar e a proteger a dignidade humana no decurso e na sequência de situações de emergência. Pode, por conseguinte, ser distinguida da ajuda ao desenvolvimento, que visa acometer os factores socioeconómicos subjacentes susceptíveis de ter condizido a uma situação de crise ou de emergência. Uma ajuda humanitária eficaz assenta em princípios fundamentais, designadamente a imparcialidade, a não-discriminação, a independência e a neutralidade.

A ajuda e a acção humanitárias podem assumir formas diversas – fundos, fornecimentos, pessoal – e proceder de fontes muito diversas, nomeadamentegovernos, ONG, agências das Nações Unidas, Cruz Vermelha e Movimento do Crescente Vermelho, donativos públicos, grupos de comunidades locais e remessas de comunidades da Diáspora. A prestação de informações sobre as despesas no domínio da ajuda humanitária apenas é obrigatória para um grupo de participantes no esforço de assistência humanitária, designadamente a Comissão Europeia e os 22 governos nacionais que integram a lista OCDE/CAD. Estes doadores contribuem para o que é frequentemente referido como fluxos oficiais de assistência humanitária.

Tendências: o total da assistência humanitária procedente dos doadores que integram o Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ascenderam a 8,2 mil milhões de dólares norte-americanos em 2007, o que representa cerca de 10% do total da APD. Embora os Estados Unidos sejam o maior doador individual, sendo responsável por cerca de 35% do total da ajuda humanitária, a UE é, no seu todo, o maior prestador de assistência a nível mundial (cerca de 50% do total da ajuda humanitária).

Observou-se uma tendência de longo prazo no sentido do aumento da assistência humanitária a partir do início dos anos 90, quando uma série de emergências humanitárias complexas, nomeadamente as registadas na Europa do Sudeste e na região africana dos Grandes Lagos induziram o aumento do montante global da ajuda humanitária de 1,1 milhões de euros para 8,2 mil milhões de euros, aproximadamente, em 2007. Estes valores assinalam também claramente a escalada de financiamento associada a importantes emergências, como a ocorrida nos Grandes Lagos, o Furacão Mitch na América Central, o Kosovo ou o maremoto que assolou o Sudeste Asiático.

Em Junho de 2003, os representantes dos governos e outros doadores, nomeadamente a Comissão Europeia, as Nações Unidas, a Cruz vermelha e o Movimento Crescente Vermelho, bem como outras organizações envolvidas na ajuda humanitária, reuniram-se em Estocolmo no intuito de definir os princípios básicos por que deverá reger-se o direito humanitário. Os 18 doadores presentes assinaram um Código de Conduta sobre os princípios e boas práticas para os doadores humanitários. Este compromisso foi reiterado no âmbito de uma segunda conferência realizada em Otava, em Outubro de 2004. O código declara inequivocamente que, para implementar a ajuda humanitária, há que conferir prioridade às organizações civis, em

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particular as zonas em conflito. Em caso da utilização de meios militares para apoiar os programas de ajuda humanitária, o código recomenda que tal deverá processar-se em conformidade com o direito humanitário internacional e com os princípios humanitários e salienta que a liderança deveria incumbir às organizações humanitárias.

Ajuda humanitária e desenvolvimento: a assistência humanitária constitui um pré-requisito do desenvolvimento em contextos de catástrofe e de conflito, devendo, porém, ser enquadrado numa estratégia de longo prazo. Tal é conhecido como "interligação entre ajuda de emergência, reabilitação e desenvolvimento" ou "ajuda humanitária de desenvolvimento". Esta estratégia propõe-se resolver a denominada "zona cinzenta" entre assistência humanitária, reabilitação e desenvolvimento. Esta zona cinzenta advém do facto de a ajuda humanitária visar as necessidades imediatas dos indivíduos afectados por crises e ser fornecida sobretudo através de organizações não governamentais internacionais, enquanto que o desenvolvimento tem por objectivo apoiar políticas e estratégias autónomas centradas no crescimento económico e no bem-estar, sendo a ajuda neste domínio prestada sobretudo ao abrigo de programas de cooperação acordados com o país parceiro.

Quadro institucional: paralelamente aos programas geridos por Estados-Membros da UE, a ajuda humanitária é também concedida a nível europeu. Na Comissão Europeia, a Direcção-Geral da Ajuda Humanitária (ECHO) procede à gestão da ajuda humanitária financiada pelo orçamento da Comunidade. Criado em 1992, o serviço ECHO tornou-se o principal fornecedor de ajuda humanitária a nível mundial, com um volume de despesas que, em 2008, ultrapassaram 900 milhões de euros.

Este serviço da Comissão foi criado a instâncias do PE. ECHO avalia as necessidades de ajuda humanitária e financia organizações com as quais mantém parcerias neste domínio, exercendo a sua actividade através de cerca de 150 ONG europeias: o seu movimento global ascende a cerca de 3,2 mil milhões de euros. O PE, na sua qualidade de ramo da Autoridade Orçamental da UE, salienta anualmente a necessidade de aumentar os níveis de financiamento. Por meio das suas resoluções sobre a actividade do serviço ECHO, exerce influência na escolha de prioridades por parte do Serviço e coloca a tónica no princípio da neutralidade da ajuda humanitária.

Nos últimos anos, o carácter mutável dos conflitos e o empenho crescente em prol da ajuda humanitária, a nível internacional, demonstraram que as ONG europeias chegam, muitas vezes, a intervir no centro nevrálgico dos cenários de conflito. As ONG europeias são, na sua maioria, signatárias do Código de Conduta para o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e as ONG relativo ao auxílio em casos de catástrofe. Contudo, as mudanças ocorridas na realidade do terreno também têm dificultado crescentemente o cenário de actuação das ONG, na medida em que estas passaram a constituir alvo de violência.

Outra fonte de preocupações para o PE é o facto de as actividades do ECHO não gozarem de grande visibilidade. A ajuda alimentar distribuída por ONG bem conhecidas ou por agências da ONU às crianças em África e noutras partes do mundo é, em grande medida, subvencionada por fundos comunitários e, por conseguinte,

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financiada pelos contribuintes europeus que, na maioria dos casos, não têm consciência disso.

Base legislativa: em termos jurídicos, as medidas de ajuda humanitária da Comissão são tomadas com base no Título XX (“A cooperação para o desenvolvimento”) do Tratado que institui a Comunidade Europeia (TCE). O Tratado de Lisboa conferiria à ajuda humanitária uma nova base jurídica e conduziria à criação de um Corpo Europeu de Voluntários para a Ajuda Humanitária (CEVAH).O Tratado de Lisboa define as acções de ajuda humanitária como tendo por objectivo “pontualmente prestar assistência, socorro e protecção às populações dos países terceiros vítimas de catástrofes naturais ou de origem humana, de modo a fazer face às necessidades humanitárias resultantes dessas diferentes situações”. Requererá igualmente a complementaridade e o reforço recíproco das medidas adoptadas a nível da UE e das medidas adoptadas pelos Estados-Membros.

O instrumento financeiro que rege esta área de acção é o Regulamento relativo à ajuda humanitária7, o qual permaneceu inalterado aquando da revisão de outra legislação em matéria financeira, em preparação das Perspectivas Financeiras 2007-2013. O financiamento previsto para este instrumento aquando do estabelecimento das Perspectivas Financeiras elevou-se a 5,6 mil milhões de euros.

O Consenso Europeu em matéria de Ajuda Humanitária: em Dezembro de 2007, o Presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, o Presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, e o Primeiro-Ministro português e Presidente em exercício da UE, José Sócrates, assinaram o Consenso Europeu em matéria de Ajuda Humanitária, que havia sido anteriormente objecto de um relatório de iniciativa do Parlamento Europeu. O relatório incidia na necessidade de clarificar as relações entre actividades apoiadas pela Comissão através do Instrumento de estabilidade para a prevenção, gestão e resolução de crises (incluindo o desarmamento, a desmobilização, a desminagem, a reintegração de populações deslocadas e refugiados) e de actividades adjuvantes levadas a efeito pelo ECHO.

O Consenso Europeu em matéria de Ajuda Humanitária define uma visão comum, objectivos políticos e princípios partilhados para uma resposta no domínio humanitário. Paralelamente, reafirma o empenhamento da União Europeia em promover o respeito dos princípios humanitários e do direito humanitário internacional, bem como o seu apoio a normas e critério de avaliação comuns tendentes a assegurar a qualidade da prestação da ajuda concedida pela Comunidade Europeia. O Consenso destina-se igualmente a melhorar a coerência, a flexibilidade, o desempenho e o profissionalismo da prestação de ajuda mercê da coordenação reforçada com outras entidades da União Europeia e graças ao reforço das parcerias com os parceiros internacionais, incluindo as nações Unidas. O reforço dos preparativos para situações de catástrofe e a capacidade de resposta entre os países daUnião Europeia constitui outra componente importante.

Para o Parlamento Europeu, a adopção de um Consenso Europeu em matéria de Ajuda Humanitária pelas três instituições não representa um fim em si próprio mas, sim, o

7 Regulamento do Conselho 1257/96, JO 163 de 2.7.1996 p.1

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início de um processo que deveria incrementar a eficácia da ajuda prestada pela UE e alargar o âmbito da ajuda humanitária como a Europa deseja, desde a prevenção do risco de catástrofes à reconstrução, sem negligenciar a prestação de ajuda humanitária continuada no quadro de crises esquecidas.

Actividades da Comissão DEVE no domínio da ajuda humanitária: a Comissão DEVE participou numa ampla panóplia de actividades relacionadas com a ajuda humanitária, em particular no relatório sobre o Consenso Europeu em matéria de Ajuda Humanitária, que serviu de base para as negociações entre o Parlamento Europeu, a Comissão e o Conselho visando a adopção do Consenso. O relatório constituiu igualmente a base de uma audição sobre a ajuda humanitária da UE pós-consenso, que reuniu eminentes representantes das Nações Unidas, da Cruz Vermelha, da Comissão Europeia e das ONG operantes no domínio humanitário. A Comissão DEVE examinou igualmente, na sua reunião, a Estratégia Operacional Anual do ECHO. O controlo das actividades da Comissão no domínio da ajuda humanitária é exercido por intermédio do processo de comitologia normal. Por outro lado, face à importância e ao volume financeiro envolvido, a Comissão DEVE decidiu, em 2006, designar um relator permanente para a ajuda humanitária.

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Mandato do relator permanente para a ajuda humanitária

Duração do mandato: dois anos, não renovável

Funções do relator permanente para a ajuda humanitária: Pontos nacionais de contacto com todos os actores humanitários (ECHO,

ONG, Estados-Membros) Monitorização da execução dos programas de ajuda humanitária e defesa

dos interesses orçamentais em prol da ajuda humanitária Monitorização das propostas de financiamento e demais documentação

recebida através do processo de comitologia, ponto de contacto permanente durante as férias parlamentares

Prestação regular de informações à Comissão DEVE (se necessário, com a participação de peritos)

Relatório anual sobre a execução do mandato. Tal pode assumir duas formas: um relatório anual sobre o mandato, a fim de evocar os principais eventos do ano transacto ou um relatório de iniciativa baseado no relatório ECHO (para o qual, se necessário, teriam de ser atribuídos 2 pontos)

Elaboração - ou contributo para a elaboração - de pareceres e relatórios referentes a aspectos da ajuda humanitária

Participação, se possível, nas delegações em que o aspecto humanitário constitui uma prioridade.

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5. DIREITOS HUMANOS

Os Direitos Humanos, a democracia e o Estado de Direito encontram-se consagrados nos diversos documentos legislativos de base: o artigo 177.º do TCE, os artigos 6.º e 11° do TUE e o artigo 9.º do Acordo de Cotonu.

Âmbito de competências da Comissão do Desenvolvimento: "Promoção dos valores democráticos, da boa governação e dos Direitos Humanos nos países em desenvolvimento".

Âmbito de competências da Comissão dos Assuntos Externos: "Problemas relacionados com os Direitos do Homem, a protecção das minorias e a promoção dos valores democráticos nos países terceiros. Neste contexto, a comissão é assistida por uma Subcomissão dos Direitos do Homem. Sem prejuízo das disposições relevantes, os deputados de outras comissões e órgãos com responsabilidade na matéria serão convidados a assistir às reuniões da subcomissão."

Subcomissão dos Direitos do Homem: a criação de uma Subcomissão dos Direitos do Homem permitiu à Comissão dos Assuntos Externos dedicar mais tempo a questões no domínio dos Direitos Humanos. A subcomissão responde perante a Comissão AFET, sendo que apenas esta dispõe de poderes para aprovar relatórios e resoluções.Apenas os membros da Comissão AFET podem ser membros efectivos da Subcomissão, embora não-membros da Comissão AFET possam ser suplentes.

Sobreposição de competências: é evidente que os 78 signatários (Estados ACP) do Acordo de Cotonu se enquadram no âmbito de competências da Comissão DEVE.Esta última ocupa-se de todos os países em desenvolvimento, mas o Regimento não prevê uma definição deste conceito. A lista OCDE/CAD, amplamente aceite pela comunidade de doadores, inclui países como a Rússia, a Sérvia e a China, que a Comissão AFET considera recaírem no seu âmbito de competências.

Poderes à luz dos Tratados: a legislação mais recente, a Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH), adoptada em Dezembro de 2006, assenta em dois artigos do Tratado CE – artigo 179.º (Cooperação para o desenvolvimento) e artigo 181.º-A (Cooperação económica, financeira e técnica com os países terceiros). É objecto do processo de co-decisão.

Colaboração: as duas comissões competentes em matéria de Direitos Humanos no exterior da UE admitem a existência de uma certa sobreposição das suas competências e tentam coordenar as suas actividades de molde a abranger o maior número possível de países. Haverá alguma margem de colaboração, em particular, no que diz respeito a incentivar os membros de uma comissão a participarem nas actividades da outra comissão e, por vezes, a organizarem audições conjuntas.

Resoluções do Parlamento Europeu em matéria de Direitos Humanos: além das resoluções legislativas e não legislativas baseadas em relatórios, o Parlamento pode aprovar resoluções para encerrar os debates sobre as declarações do Conselho ou da

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Comissão (artigo 103. ° do Regimento) ou formular perguntas com pedido de resposta oral (artigo 108.° do Regimento). Geralmente, essas resoluções são elaboradas pelos grupos políticos, mas tanto a Comissão DEVE, como a Comissão AFET já aprovaram resoluções apresentadas ao abrigo destes artigos. Ambas as comissões podem apresentar pedidos de debate sobre casos urgentes de violação dos Direitos do Homem, da democracia e do Estado de Direito (artigo 115.°) e aprovar a apresentação de uma resolução, embora este seja um recurso pouco utilizado devido às limitações de tempo e ao sentimento generalizado, por parte dos grupos políticos, de que os casos urgentes só por estes devem ser tratados. O artigo 91.º relativo à violação dos Direitos do Homem destina-se especificamente às comissões; contrariamente ao artigo 115. °, não assegura a realização de um debate em sessão plenária.

A abordagem de questões em matéria de Direitos Humanos pela Comissão DEVE (2004-2009): a Comissão do Desenvolvimento é responsável pela monitorização e fomento da sensibilização para a situação observada nos países em desenvolvimento em matéria de Direitos Humanos, em estreita cooperação com a Subcomissão dos Direitos do Homem, em particular em caso de graves violações dos Direitos Humanos.

Tal processa-se, sobretudo, através de mini-audições especiais organizadas como parte das reuniões em comissão, numa base regular. A situação dos Direitos do Homem num país em desenvolvimento específico, ou uma questão de Direitos Humanos de carácter transversal é examinada, regra geral, com a participação do governo relevante, da oposição e de uma ONG apropriada. Esses períodos de debate podem seguir-se a resoluções do Parlamento Europeu no domínio dos Direitos Humanos, avaliando a respectiva execução. A comissão pode exercer o seu direito de apresentar resoluções ou de iniciar um debate em plenário.

Quando foi necessário dar um seguimento específico a estes períodos de debate (com vista a informar os membros e a alertar para o problema), esse acompanhamento foi concretizado no envio de uma carta ao governo em causa ou sob a forma de resoluções apresentadas nos termos do artigo 91. °.

Os debates recentes sobre os Direitos Humanos incidiram na violência sexual na RDC, no Tribunal Penal Internacional, nos Direitos da Criança e nas situações em matéria de Direitos Humanos na Etiópia, no Darfur e no Uganda.

Unidade de Direitos Humanos: além do secretariado da comissão, a Comissão DEVE beneficia dos recursos de que dispõe a Unidade de Direitos Humanos do Parlamento, que também contribui para a Comissão AFET, o Presidente do Parlamento, as delegações e os membros, nas suas actividades individuais em matéria de Direitos Humanos.

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6. OBSERVAÇÃO DE ELEIÇÕES E OUTRAS DELEGAÇÕES

Há já vários anos que o PE e a própria UE enviam delegações destinadas à observação de eleições realizadas no exterior da UE (a primeira delegação de observação das eleições foi enviada à Guatemala em 1984).

Na última legislatura, na sequência de uma comunicação da Comissão sobre esta matéria, registaram-se melhorias na organização destas missões.

A observação de eleições deveria ser considerada como parte integrante do processo de concessão de ajuda da UE aos países em desenvolvimento e a outros países terceiros em matéria de democratização, Direitos Humanos, boa governação e Estado de Direito. A UE pode observar eleições (sistema e campanha eleitorais, dia da ida às urnas, contagem dos votos e formação do governo na sequência das eleições), formular recomendações e prestar assistência no período eleitoral (ajuda a nível da elaboração de normas, da comissão eleitoral e das listas eleitorais, etc.).

A observação de eleições no âmbito da OSCE é normalmente organizada pelo Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos (ODIHR) da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE). A própria UE (sobretudo a Comissão, mas por decisão do Conselho) organiza missões de observação de eleições em países em desenvolvimento (Estados ACP, América Latina, Sul e Sudeste Asiático, etc.).

A Comissão designa, quase sempre, um DPE para o cargo de Observador Principal (OP) da Missão de Observação Eleitoral da UE (MOEUE), que pode permanecer no país em causa durante três meses ou mais.

O OP é apoiado por uma equipa de base, constituída, regra geral, por um observador principal adjunto (OPA), um especialista em processos eleitorais e pessoal competente em matéria de meios de comunicação social, logística, questões jurídicas, etc., sendo igualmente responsável por uma equipa de Observadores de Longo Prazo (OLP) e, geralmente, por um maior número de Observadores de Curto Prazo (OCP).

O Grupo de Coordenação "Eleições" do PE é responsável pela organização geral da observação de eleições levada a cabo pelo PE. O referido grupo foi fundando em 2001 e é composto por dez membros e co-presidido pelo Presidente da comissão DEVE e pelo Presidente da Comissão dos Assuntos Externos, cabendo-lhe identificar os países prioritários para efeitos de observação de eleições pelo PE, apresentar o pedido de autorização à Conferência dos Presidentes e lançar a missão.8 Este grupo elabora um programa semestral (número indicativo: cinco países por semestre ou dez por ano, com a possibilidade de dois países adicionais por ano). O grupo em causa é apoiado por um secretariado de pequena dimensão, a Unidade de Observação de Eleições.

8 Decisão da Conferência dos Presidentes, de 12 de Maio de 2005, sobre as disposições de execução aplicáveis às missões de observação de eleições

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As missões de observação de eleições do PE não deveriam ser organizadas em países em que não se observe a presença de uma missão de observação a longo prazo.9 As delegações do PE são normalmente compostas por sete membros, com o mínimo de três, acompanhados de pessoal; integram a MOEUE e colaboram com os OCP; encontram-se no terreno durante um curto período de tempo (regra geral, cerca de cinco dias, período esse inferior ao dos OCP), mas desempenham um papel distinto, de carácter mais político, contribuindo para incrementar o perfil da MOEUE.

Existe um acordo entre o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia quanto às responsabilidades das delegações de observação de eleições do PE. Assim, estas devem evitar pronunciar veredictos sobre as eleições, mas deverão ser convidadas pelo observador principal a participarem em decisões sobre a primeira avaliação por parte da MOEUE, designada “declaração de resultados preliminares”. Devem igualmente relatar as respectivas experiências e conclusões ao observador principal para uma sua eventual inclusão dos relatórios da MOEUE.

Os membros das delegações de observação de eleições do PE são designados pelos grupos políticos e o seu peso é definido segundo o método de Hondt em contínuo, sendo, porém, na medida do possível, compostas por membros com experiência em observação eleitoral e conhecimentos sobre o país em causa.

O artigo 4. ° das Disposições de execução aplicáveis às missões de observação eleitoral estabelece os critérios que deverão ser cumpridos para que uma delegação de observação de eleições seja autorizada. Alguns acreditam que estes critérios podem ser melhorados, nomeadamente prevendo a observação de eleições por delegações do PE sempre que esteja em risco a democracia num país, nos casos em que a presença de observadores possa servir para refrear a violência ou em que as eleições formem parte integrante de um processo de reconstrução após um conflito. Contudo, a Conferência dos Presidentes abre frequentemente excepções a estes critérios.

Outras delegações: as comissões têm anualmente o direito de enviar um terço dos seus membros, ou 25 deputados, conforme o que for em número superior, em delegações que representem a comissão. Um terço desse número pode deslocar-se a países fora da UE e dois terços podem viajar a países da UE, incluindo o Gabinete das Nações Unidas em Genebra. Além disso, a Comissão DEVE tem igualmente o direito de organizar duas delegações da comissão após cada período de sessões da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE realizado fora do território da UE (ou seja, uma vez por ano); há, no entanto, que observar o requisito nos termos do qual estas missões de verificação dos factos in loco se devem deslocar a países da região em que tem lugar a APP. Em 2008, a APP realizou-se na Papua Nova Guiné e as missões DEVE correlatas visitaram Timor-leste e as Ilhas Fiji.

Além destas delegações da comissão, os membros da Comissão DEVE podem ser designados pelos seus grupos para integrar delegações ad hoc do PE no contexto de actividades que não as de observação de eleições. As delegações ad hoc só podem ser solicitadas pela Comissão do Desenvolvimento, pela Comissão dos Assuntos Externos

9 Decisão da Conferência dos Presidentes de 8 de Junho de 2006 sobre as oruientações para as delegações de observação de eleições do PE.

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e pela Comissão do Comércio Internacional. Requerem autorização da Conferência dos Presidentes. Por exemplo, o PE autorizou uma missão ad hoc à Conferência internacional sobre o financiamento do desenvolvimento em Doha, Catar, no final de 2008, sendo os respectivos membros maioritariamente da Comissão do Desenvolvimento e da Comissão dos Orçamentos. A Conferência dos Presidentes autorizou igualmente a deslocação de uma delegação ad hoc à Cimeira mundial sobre as alterações climáticas, que terá lugar em Copenhaga, em Dezembro de 2009.

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7. ORÇAMENTO DA UE

Sinopse do orçamento: Em 2007, após o alargamento da UE para acolher a Roménia e a Bulgária, o orçamento da União Europeia atingiu um volume total de, aproximadamente, 117 mil milhões de euros em dotações para pagamentos e de 121 mil milhões de euros em dotações para autorizações. Desses 121 mil milhões de euros, de 6,1 mil milhões de euros, ou seja, um pouco mais de 5%, foram afectados às acções externas da União. Além das dotações do orçamento da UE, o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) é gerido pela Comissão no âmbito da cooperação com os Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico (Estados ACP), ao abrigo do Acordo de Cotonu, mas é directamente financiado pelos Estados-Membros.

Posição do Parlamento: o Parlamento Europeu desempenha um papel fundamental no processo orçamental da UE. Decide das despesas do orçamento anual juntamente com o Conselho de Ministros. As duas instituições desenvolvem o seu trabalho no quadro das Perspectivas Financeiras, uma programação financeira plurianual fixada pelas três principais instituições: o Parlamento, o Conselho e a Comissão. Actualmente, as Perspectivas Financeiras são definidas por acordo interinstitucional entre estas três instituições, mas, ao abrigo do Tratado de Lisboa, passará a fundamentar-se nas disposições do Tratado.

O período de vigência das actuais Perspectivas Financeiras abrange o período compreendido entre 2007 e 2013, estabelecendo aquelas os limites aplicáveis às diferentes categorias de despesa. Os limites aplicáveis às políticas externas dão sempre azo a problemas particulares, uma vez que circunstâncias imprevistas em países específicos (como a Palestina e o Kosovo) concitam necessidades reiteradas de financiamento adicional para esta região. Essas necessidades podem ser satisfeitas mediante fundos não afectados, conhecidos sob a designação de "a margem", no quadro dos limites impostos pelas Perspectivas Financeiras, sendo, contudo, os recursos disponíveis raramente suficientes para as políticas externas, pelo que se impõe recorrer ao "instrumento de flexibilidade", uma subvenção anual de 200 milhões de euros, que pode ser aditada ao orçamento com o acordo do Parlamento e do Conselho.

No processo orçamental, o Conselho tem a última palavra no tocante às "despesas obrigatórias". Estas compreendem as despesas agrícolas, algumas rubricas das despesas com o pessoal e de acordos internacionais, incluindo os acordos de pesca com países terceiros. A maioria das categorias de despesas é constituída por despesas não obrigatórias relativamente às quais o Parlamento tem a última palavra. Entre estas contam-se igualmente as acções externas, na sua totalidade, com excepção dos acordos internacionais e da PESC, a que se aplica um processo especial.

O processo orçamental da UE: o Parlamento tem poderes decisórios no respeitante às despesas no âmbito das rubricas orçamentais referentes à cooperação para o desenvolvimento (ajuda humanitária e alimentar, programas de cooperação com países e regiões dos países em desenvolvimento, políticas sectoriais, como o ambiente, os Direitos Humanos, a cooperação com as ONG, etc.). Dado que a política

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em matéria de desenvolvimento é responsável pela maior fracção da despesa externa, a participação da Comissão do Desenvolvimento nas decisões do Parlamento assume grande importância. O artigo 272° do Tratado CE consagra o processo orçamental.Aspectos detalhados das Perspectivas Financeiras e respectivas regras de execução são explicitados no Acordo Interinstitucional, de 17 de Maio de 200610, sobre a disciplina orçamental e a boa gestão financeira, e no Anexo IV do Regimento do Parlamento.

No início do ano, normalmente em Fevereiro, a Comissão Europeia aprova a "Estratégia Política Anual" para o próximo exercício. Este documento contém as grandes orientações da estratégia financeira. O Parlamento expressa a sua posição sobre a matéria numa resolução, podendo a Comissão dos Orçamentos igualmente decidir elaborar outras resoluções visando fornecer indicações para o próximo processo orçamental. A Comissão do Desenvolvimento participa nessas resoluções emitindo pareceres.

O processo orçamental propriamente dito tem início com a apresentação do Anteprojecto de Orçamento (APO) por parte da Comissão, no final de Abril/início de Maio. O relator da Comissão do Desenvolvimento inicia o seu trabalho com base no APO e, antes das férias de Verão, apresenta propostas relativas à posição da Comissão DEVE em primeira leitura.

No final de Junho, o Conselho aprova o orçamento em primeira leitura. O relator adapta, então, as suas propostas em conformidade e é fixado um prazo para a apresentação de alterações pelos Membros até ao final de Agosto. As alterações aoorçamento apresentam um formato especial, diferente do formato característico dos relatórios legislativos ou não legislativos. No início de Setembro, a Comissão do Desenvolvimento debate essas alterações e toma posição através de um parecer. Essas alterações são apresentadas à Comissão dos Orçamentos (regra geral, até meados de Setembro), a qual, no início de Outubro, procede à sua aprovação, rejeição ou modificação. Simultaneamente, a posição da Comissão do Desenvolvimento é estabelecida sob a forma de parecer. No final de Outubro, tem lugar a primeira leitura do orçamento em sessão plenária.

Deste modo cessa a actividade da Comissão do Desenvolvimento no que respeita à elaboração do orçamento para o exercício seguinte. Todavia, os trabalhos prosseguem, nomeadamente para o seu relator. Com o apoio dos membros da comissão, aquele deve velar pela observância das posições da Comissão do Desenvolvimento no decurso das negociações entre o Parlamento, o Conselho e a Comissão, até à aprovação do orçamento, em segunda leitura, no mês de Dezembro do exercício em questão.

No decurso do exercício, a Comissão do Desenvolvimento pode emitir parecer sobre orçamentos suplementares e transferências de dotações referentes ao financiamento da cooperação para o desenvolvimento.

10 JO C 139, de 14.6.2006. p. 1

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8. ORÇAMENTAÇÃO DO FUNDO EUROPEU DE DESENVOLVIMENTO

Fundos Europeus de Desenvolvimento (FED): o Fundo Europeu de Desenvolvimento funciona em regime sucessivo, não constitui parte integrante do orçamento comunitário e é financiado por contribuições voluntárias dos Estados-Membros. Cada Fundo tem a duração de cinco anos, sendo que as verbas não autorizadas após esse período caducam. Actualmente, está em execução o décimo FED, em conformidade com as disposições previstas no Acordo de Parceria Económica ACP-CE ("Acordo de Cotonu") e no seu Protocolo Financeiro. No quadro jurídico comunitário, existe não só um Regulamento Financeiro específico aplicável ao FED, que é distinto do Regulamento Financeiro aplicável ao orçamento comunitário, mas também um Regulamento sobre a aplicação do décimo FED, que estabelece regras relativas a questões como a programação e a adjudicação de contratos.

Antecedentes históricos: a criação do FED remonta ao início da Comunidade Europeia, em resposta às preocupações suscitadas pelas (antigas) colónias dos seis Estados-Membros fundadores. Desde o início que não formava parte integrante do orçamento comunitário, tendo sempre sido baseado em tratados internacionais – aConvenção de Iaundé, de 1963, substituída pela Convenção de Lomé, de 1975, e pelo Acordo de Cotonu, assinado em 2000 (ver nota informativa em separado). Visto que as acções externas se tornaram cada vez mais um elemento central da política comunitária, muitas vezes se questionou se o FED deveria ser inscrito no orçamento comunitário. A primeira comunicação da Comissão sobre esta matéria (SEC (73) 2149 final) data de 1973 e, a mais recente, o (COM (2003) 590), de 2003. O Parlamento tem sido sempre favorável à orçamentação do FED, considerando que esta seria uma solução viável para o grave défice democrático do Fundo, cuja execução se encontra unicamente sujeita a um processo de quitação restrito. Contudo, até à data, o Conselho ainda não emitiu um sinal favorável à inscrição do Fundo no orçamento comunitário (uma das razões invocadas prende-se com o facto de a chave de repartição das contribuições dos Estados-Membros para o FED ser diferente da chave de repartição das suas contribuições para o orçamento e de alguns Estados-Membros recearem que a integração do FED no orçamento possa levar a um aumento da sua contribuição).

Posição do Parlamento Europeu: o Parlamento aprovou um relatório não legislativo (Relatório Scarbonchi, A5-0143/2004) em resposta à mais recente comunicação da Comissão relativa à orçamentação. Tal como sucedera anteriormente, o Parlamento apoia a orçamentação do Fundo por razões de legitimidade democrática e pela necessidade de simplificar as complexas disposições de execução do FED em vigor.No entanto, o Parlamento também apelou à manutenção, no mínimo, dos actuais níveis de financiamento e à instituição de salvaguardas para evitar que os montantes do FED inscritos no orçamento sejam desviados para outras finalidades (aquilo a que por vezes se designa como a "delimitação" do FED no interior do orçamento).

No decurso dos debates realizados sobre as Perspectivas Financeiras para 2007-2013, bem como no âmbito da actividade legislativa relativa ao Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento, a Comissão tentou promover o debate sobre a orçamentação

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do FED. Todavia, o Parlamento, perfeitamente ciente de que a decisão final sobre esta matéria competia ao Conselho e que a posição deste não era favorável, achou que só iria complicar o trabalho nestes dois domínios importantes caso insistisse no debate sobre a orçamentação do FED.

Espera-se que a questão da orçamentação do FED seja de novo suscitada quando o décimo FED expirar, visto que tal irá coincidir com o termo das actuais Perspectivas Financeiras, em 2013.

Execução da orçamentação: para concretizar a orçamentação do FED, será necessário introduzir alterações na diversidade de instrumentos que regem os actuais mecanismos do FED e do orçamento comunitário. Também será necessário criar nova legislação comunitária. Serão afectados os seguintes instrumentos:

Acordo de Cotonu: as suas disposições gerais em matéria de financiamento estão estabelecidas no artigo 55.º seguintes, e as disposições específicas do nono FED estão estabelecidas no seu Protocolo Financeiro (Anexo 1). O Acordo de Cotonu foi concluído por um período de vinte anos e necessitaria de ser revisto, caso o FED fosse inscrito no orçamento. Nos termos do artigo 95.º relativo a uma "cláusula de revisão", o Acordo de Cotonu será objecto de revisão de cinco em cinco anos, sendo obrigatório notificar a outra Parte das disposições que se pretendam reexaminar, com uma antecedência mínima de doze meses. A próxima revisão deverá realizar-se em 2010, tendo as negociações já sido iniciadas. O Protocolo Financeiro do Acordo de Cotonu tem um período de vigência limitado a 5 anos no sentido de coincidir com o período de execução do décimo FED. Não requer modificações, caso a orçamentação se concretize, mas na eventualidade de ser criado outro FED, independente do orçamento comunitário, terá de ser substituído.

Perspectivas Financeiras pós-2013: para que o FED seja inscrito no orçamento comunitário, devem constar disposições nesse sentido no quadro orçamental plurianual que entrará em vigor em 2013. A actividade do Parlamento Europeu neste domínio é liderada pela Comissão dos Orçamentos, mas a Comissão do Desenvolvimento pode emitir parecer.

Acordo interinstitucional (AII) sobre questões orçamentais: todas as medidas específicas necessárias à orçamentação do FED poderiam ser incluídas num AII anexo às próximas Perspectivas Financeiras ou na correspondente legislação a aplicar na sequência do Tratado de Lisboa. Esse AII substituirá o AII de 17.05.0611, que é aplicável às actuais Perspectivas Financeiras. Por parte do Parlamento Europeu, será a Comissão dos Orçamentos a liderar as negociações do novo AII ou da nova legislação, mas a Comissão do Desenvolvimento pode emitir parecer.

Processo orçamental anual: dependendo do quadro jurídico e orçamental estabelecido nas Perspectivas Financeiras e no AII, as decisões em matéria de dotações a incluir nas diversas rubricas orçamentais do FED seriam tomadas anualmente pela Autoridade Orçamental (constituída pelo Parlamento e o Conselho).

11 JO C 139, de 14.06.2006, p. 1

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Essa tarefa inscrever-se-ia no âmbito do processo orçamental anual da UE que, no Parlamento Europeu, é liderado pela Comissão dos Orçamentos.

Novo regulamento FED ou inclusão num sucessor do ICD: seria necessária uma base jurídica para aplicar um FED orçamentado, a qual teria de revestir a forma de um regulamento ou figurar num regulamento diferente, provavelmente em conformidade com o artigo 179.º do Tratado que institui a Comunidade Europeia ou o artigo do Tratado de Lisboa que o substitui. A Comissão incluiu inicialmente este aspecto na sua proposta relativa ao ICD, tendo-o retirado quando se tornou claro que o FED não seria orçamentado. A legislação respeitante ao desenvolvimento está sujeita ao processo de co-decisão (ou ao “procedimento legislativo ordinário”, conforme previsto no Tratado de Lisboa), sendo que a Comissão do Desenvolvimento seria a comissão competente quanto à matéria de fundo no Parlamento Europeu.

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9. ACORDO DE COTONU E ASSEMBLEIA PARLAMENTAR PARITÁRIA

O Acordo de Parceria ACP-CE, assinado em Cotonu (Benim), em 23 de Junho de 2000 (a seguir designado: "Acordo de Cotonu"), entrou em vigor em 1 de Março de 2003. Trata-se de um acordo celebrado entre os 78 Estados ACP e a Comunidade Europeia e seus Estados-Membros. Este acordo foi aprovado pelo Parlamento Europeu (processo de parecer favorável). Encontra-se em vigor há vinte anos e deve ser sujeito a um processo de revisão de cinco em cinco anos.

50 anos de cooperação: o Acordo de Cotonu surge na sequência de uma sucessão de acordos anteriores após a criação da Comunidade Europeia. O Tratado de Roma, de 24 de Março de 1957, previa a associação das antigas colónias e dos PTU (Estados e Territórios Ultramarinos) à Comunidade. As convenções que lhe sucederam foram as duas convenções ditas "de Iaundé", a capital dos Camarões (1963 e 1969) e as quatro convenções ditas "de Lomé", a capital do Togo (1975, 1980, 1985 e 1989 (revistas em 1995)). O actual Acordo de Cotonu será objecto de revisão em 2010. Conforme previsto no artigo 95.º, as Partes comunicaram reciprocamente, até ao final de Março de 2009, as disposições que pretendem rever. As negociações terão lugar nos próximos meses sobre uma série de domínios, designadamente, a “regionalização” do agrupamento ACP através do processo APE e a necessidade de actualizar algumas disposições em conformidade. Em 2015, terá provavelmente lugar uma revisão mais abrangente do Acordo de Cotonu, em particular, das suas disposições financeiras.

À medida que eram celebradas estas convenções, a parceria ia sendo alargada em termos geográficos, passando de 6 Estados europeus e de 18 Estados ACP aos actuais 27 Estados europeus e a 78 Estados ACP.

Uma parceria global única no mundo: a parceria desenvolveu-se e aprofundou-se igualmente em termos de conteúdo até adquirir o formato actual que engloba a ajuda, a cooperação económica, o diálogo político, a tomada em consideração dos Direitos Humanos, os princípios democráticos e o Estado de Direito, a boa governação, o desenvolvimento e as relações comerciais entre a UE e as seis regiões ACP (África Ocidental, Oriental, Central e Austral, as Caraíbas e o Pacífico), o que torna a cooperação ACP-UE um modelo único neste género de parcerias em prol do desenvolvimento. O Acordo de Cotonu confere destaque à luta contra a pobreza e ao cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Milénio.

Fundos Europeus de Desenvolvimento: cada convenção prevê uma dotação financeira em benefício dos Estados ACP designada "Fundo Europeu de Desenvolvimento" (FED). O Acordo de Cotonu tem uma dotação de 22,7 mil milhões de euros no âmbito do décimo FED.

O Fundo Europeu de Desenvolvimento não está inscrito no orçamento comunitário. Trata-se, com efeito, de um instrumento negociado separadamente pelos Estados-Membros da UE – e os Estados ACP – de acordo com critérios de afectação sensivelmente diferentes daqueles que presidem ao orçamento comunitário. Em resultado desta negociação à parte, os poderes do Parlamento Europeu em matéria

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orçamental não se aplicam ao FED. Ainda assim, o Parlamento Europeu exerce um controlo sobre a execução do FED através da formulação de perguntas à Comissão e do processo de quitação. O Parlamento Europeu e a Comissão solicitaram a inclusão do FED no orçamento comunitário.

A principal componente dos instrumentos de cooperação consiste na concessão, a longo prazo, de ajudas ao desenvolvimento dos Estados ACP. Essas ajudas destinam-se a financiar programas de desenvolvimento em cada Estado ACP, de acordo com as prioridades definidas em parceria com cada um deles, no âmbito de um documento de referência designado "Programa Indicativo Nacional" (PIN). A responsabilidade pela execução das despesas compete a um gestor orçamental da Comissão no Estado ACP – o Chefe de Delegação, cargo equiparável ao de embaixador – e a um gestor orçamental nacional designado pelo Estado ACP –geralmente, o Ministro das Finanças ou do Planeamento. Em conformidade com o Regulamento relativo à execução do 10.º FED, são enviados à Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE para informação os documentos estratégicos por país (DEP), os documentos estratégicos regionais (DER) e os programas de acção anuais (PAA) respeitantes aos Estados ACP. A APP tomou a decisão de transmitir os DEP aos parlamentos nacionais dos Estados ACP, convidando os membros da APP desses Estados a reportarem os debates realizados nos parlamentos nacionais sobre a matéria.

Tal como os programas nacionais adoptados no âmbito dos DEP, também os programas regionais são objecto de apoio tendo em vista promover a integração regional, assim como programas horizontais relativos a domínios específicos, nomeadamente, à boa governação, à gestão da água, da energia, etc.

Parceria económica e comercial: o aumento da pobreza em diversos Estados, a persistência de conflitos e a degradação ambiental levaram os negociadores do Acordo de Cotonu a questionar os objectivos e a prática da cooperação. O Acordo de Cotonu estabelece, como objectivo central, a redução da pobreza no âmbito dos ODM e das estratégias decididas a nível internacional (nas Nações Unidas). Também visa a promoção de uma maior participação da sociedade civil, do sector privado e dos agentes económicos e sociais. A dimensão comercial é outra componente do Acordo de Cotonu. A concessão de preferências comerciais não recíprocas às exportações dos Estados ACP para a CE, bem como os protocolos específicos relativos a certos produtos (açúcar ou bananas), já integrava os instrumentos utilizados em benefício do desenvolvimento. A maior inovação introduzida pelo Acordo de Cotonu consiste na negociação e na celebração de Acordos de Parceria Económica (APE) entre a Comunidade e as diferentes regiões ACP. Estes acordos são abordados numa secção separada, revelando ser mais difíceis de negociar do que inicialmente se pensou.

Dimensão política, Direitos Humanos e Estado de Direito: o respeito pelos Direitos Humanos foi inscrito, pela primeira vez, na quarta Convenção de Lomé, em 1989.Esta dimensão viria a ser reforçada no Acordo de Cotonu. O diálogo político é um elemento essencial do Acordo de Cotonu, devendo ser aplicado a todos os níveis institucionais e à sociedade civil, incidindo sobre todas as questões do acordo de parceria. Nos termos do artigo 9.º do Acordo de Cotonu, "o respeito pelos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais, incluindo o respeito pelos direitos sociais fundamentais, a democracia assente no Estado de Direito e um sistema de governo

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transparente e responsável fazem parte integrante do desenvolvimento sustentável". A inobservância dos Direitos Humanos, dos princípios democráticos e do Estado de Direito pode implicar a adopção de "medidas apropriadas", como a suspensão da cooperação (artigos 96.º e 97.º).

Quadro institucional e Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE: as instituições que cooperam no âmbito do Acordo de Parceria são o Conselho de Ministros (que, em princípio, reúne uma vez por ano), o Comité de Embaixadores e a Assembleia Parlamentar Paritária (APP). A APP é composta por um parlamentar de cada Estado ACP e por igual número de Deputados ao Parlamento Europeu (78+78=156). A APP reúne duas vezes por ano, alternando entre um Estado ACP e o Estado da União Europeia que detém a presidência do Conselho. Adopta resoluções com base em relatórios elaborados pelas suas três comissões permanentes ou com base em debates urgentes. Essas comissões são a Comissão dos Assuntos Políticos, a Comissão do Desenvolvimento Económico, das Finanças e do Comércio e a Comissão dos Assuntos Sociais e do Ambiente. Reúnem quatro vezes por ano, uma vez imediatamente antes de cada sessão plenária e duas vezes durante os meses intercalares, em Bruxelas.

A APP oferece igualmente a oportunidade de os parlamentares colocarem questões aos representantes de outras instituições, havendo sessões de períodos de perguntas, quer à Comissão Europeia e à UE quer à Presidência do Conselho ACP em cada sessão plenária. A Comissão Europeia é, por sua vez, convidada a apresentar relatórios à APP sobre as acções levadas a cabo para assegurar o acompanhamento das resoluções adoptadas em sessões anteriores. Além disso, a Mesa da APP conduz missões de informação e actividades de observação eleitoral nas regiões ACP e na UE. Essas missões e actividades, juntamente com os respectivos relatórios de acompanhamento, são subsequentemente objecto de debate com os Estados ou as regiões envolvidos. Conforme previsto no Acordo de Cotonu e no Regimento da APP, esta está autorizada a realizar um máximo de duas reuniões regionais por ano, tendo começado a fazê-lo em 2008, com reuniões em Windhoek (Namíbia) na região da África Austral e em Port Vila (Vanuatu), na região do Pacífico. Em 2009, a reunião regional de Georgetown (Guiana) (região das Caraíbas) será seguida de uma quarta reunião regional para a região da África Ocidental a realizar no Burkina Faso. Cada reunião tem aprovado um comunicado final e tem igualmente constituído um fórum útil para debater o APE regional, assim como assuntos de interesse comum aos Estados-Membros da região interessada.

Assim que os APE com os Estados ACP sejam finalmente adoptados e entrem em vigor, caberá à APP desempenhar um importante papel, quer no quadro institucional regional relativo a cada APE quer no controlo parlamentar da sua aplicação.

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10. COMÉRCIO

Tratado que institui a Comunidade Europeia: o principal objectivo da política comercial comunitária consiste em "contribuir, no interesse comum, para o desenvolvimento harmonioso do comércio mundial, para a supressão progressiva das restrições às trocas internacionais e para a redução das barreiras alfandegárias" (art.131.º).

A negociação e a conclusão de acordos internacionais de comércio é regida pelo n.º 3 do artigo 133.º do Tratado CE, que não estabelece a obrigatoriedade de consulta do Parlamento Europeu (PE). No entanto, a Comissão consulta sistematicamente o PE, tomando em consideração o seu contributo político.

Acordo de Parceria Económica ACP-CE (Acordo de Cotonu): o Título II do Acordo de Cotonu, intitulado "Cooperação económica e comercial", estabelece que "A cooperação económica e comercial tem por objectivo a integração progressiva e harmoniosa dos Estados ACP na economia mundial, respeitando as suas opções políticas e as suas prioridades de desenvolvimento, incentivando o seu desenvolvimento sustentável e contribuindo para a erradicação da pobreza nesses Estados" (artigo 34.°). A fim de alcançar esses objectivos, a UE e os Estados ACP acordam (artigo 36.°) em concluir novos convénios comerciais compatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), os chamados Acordos de Parceria Económica (APE).

Comércio e Desenvolvimento - Agenda de Doha para o Desenvolvimento: conforme se afirma na Declaração do Milénio (cf. Anexo I), os custos e os benefícios da globalização são distribuídos de forma muito desigual. Tem sido amplamente reconhecido que a abordagem integrada do comércio e do desenvolvimento é essencial para garantir que os Estados em desenvolvimento beneficiem de uma economia mundial globalizante.

O objectivo declarado da, entretanto, suspensa ronda de negociações da OMC, iniciada, em Doha (no Catar), no final de 2001, consiste em assegurar que os Estados em desenvolvimento e, especialmente, os Estados menos avançados entre eles, garantam uma parte do crescimento do comércio mundial adaptada às necessidades do seu desenvolvimento económico (Declaração da Ronda Ministerial da OMC, realizada em Doha, em Novembro de 2001). O programa de trabalho de Doha, o qual foi aprovado na mesma data e possui uma forte componente de desenvolvimento, é designado por Agenda de Doha para o Desenvolvimento (ADD). Após o êxito do lançamento da ADD, em Novembro de 2001, os membros da OMC não conseguiram chegar a um consenso na reunião ministerial seguinte, realizada em Cancún, em Setembro de 2003, a qual terminou subitamente sem lograr registar quaisquer progressos. Desde o fracasso de Cancún que os membros da OMC têm tentado redinamizar a ronda de Doha, embora a pretensão inicial de concluir a ronda até 2005 se tenha revelado irrealista depois de a reunião ministerial, realizada em Dezembro de 2005, em Hong Kong, também não ter produzido resultados palpáveis. O facto de não

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se ter alcançado um acordo relativamente a alguns dos pontos essenciais conduziu à suspensão das negociações em meados de 2008.

As negociações relativas ao comércio internacional registam agora um atraso de anos em relação ao calendário previsto e qualquer resultado que se venha a alcançar deverá ficar muito aquém das elevadas expectativas iniciais de obtenção de resultados orientados para o desenvolvimento.

Competências da Comissão do Comércio Internacional: a Comissão do Comércio Internacional (INTA) é a comissão que globalmente detém competências em matéria de definição e execução da política comercial comum da União e das suas relações externas no plano económico, incluindo as relações com a OMC e a sua dimensão parlamentar.

Competências da Comissão do Desenvolvimento: uma vez que a Comissão DEVE é a comissão competente em matérias relacionadas com o Acordo de Cotonu, tem sido difícil determinar qual a comissão competente no que se refere à negociação, à emissão de parecer favorável e ao controlo da aplicação dos APE. Tendo em conta a interdependência existente entre comércio e desenvolvimento, bem como a forte componente de desenvolvimento que caracterizam as actuais negociações no âmbito da OMC, a Comissão DEVE necessita de estar estreitamente associada ao acompanhamento das rondas negociais da OMC, devendo prestar o seu contributo na perspectiva do desenvolvimento. Contudo, pese embora os protestos da Comissão DEVE, a Conferência dos Presidentes decidiu, em 2008, que a comissão INTA deveria ser a comissão responsável pelo parecer favorável que incumbe ao PE emitir sobre os APE completos, assim como os APE "de etapa" (ou provisórios). Em 2009, o Parlamento decidiu ainda que a delegação do PE junto das comissões parlamentares conjuntas, a constituir no âmbito dos APE, deve reflectir o “papel preponderante” da Comissão INTA no processo APE.

Abordagem seguida pelo PE e pela Comissão DEVE no tocante às questões relativas ao comércio internacional (2004-2009): durante a passada legislatura, o Parlamento Europeu acompanhou de perto os desenvolvimentos registados no domínio do comércio internacional. As atenções centraram-se essencialmente no avanço da nova ronda negocial da OMC (ronda de Doha). Delegações do PE, compostas por um grande número de membros (incluindo membros da Comissão DEVE), participaram nas reuniões ministeriais de Doha e Cancún, onde o PE apoiou invariavelmente o multilateralismo e uma abordagem integrada do comércio e do desenvolvimento, assim com a criação de uma dimensão parlamentar na OMC. Para atingir este último objectivo, o PE mantém uma estreita colaboração com a União Interparlamentar (UIP)12.

12 http://www.ipu.org/english/home.htm

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11. ACORDOS DE PARCERIA ECONÓMICA

Antecedentes: as Convenções de Lomé, estabelecidas entre a Comunidade Europeia e os Estados de África, Caraíbas e Pacífico (ACP), continham disposições específicas em matéria de concessão de preferências comerciais aos Estados ACP mais vantajosas do que as preferências concedidas pela UE a outros Estados em desenvolvimento no âmbito do Sistema de Preferências generalizadas (SPG). As preferências de Lomé estavam, assim, abrangidas por uma derrogação da Organização Mundial de Comércio (OMC).

O Acordo de Cotonu, assinado em Junho de 2000, estabeleceu as bases para um novo regime de comércio entre a UE e os Estados ACP. O capítulo “Novo regime comercial”, na Parte Três, Título II (Cooperação Económica e Comercial), prevê a transição para um sistema de relações comerciais recíprocas, em conformidade com as regras da OMC para o comércio, mediante a conclusão de Acordos de Parceria Económica (APE). Em 31 de Dezembro de 2007, expira o prazo fixado para a conclusão dos APE, prazo esse que coincide com a data em que expira a derrogação da OMC relativa ao regime de preferências comerciais.

Os objectivos dos APE, tal como estabelecidos no Acordo de Cotonu, são os seguintes: reciprocidade: os APE devem estabelecer uma zona de livre comércio, em

conformidade com o artigo 24.º do GATT (liberalização de “praticamente todo o comércio”), através da eliminação gradual das barreiras comerciais entre os Estados ACP e a CE;

orientação para o desenvolvimento: pretende-se promover um desenvolvimento sustentável e reduzir a pobreza apoiando a integração dos Estados ACP no sistema mundial de comércio, bem como a sua integração económica a nível regional;

base regional: os seis agrupamentos regionais ACP, utilizados como base para as negociações, deverão reforçar a integração regional, a qual é considerada como um primeiro passo com vista à integração na economia mundial;

diferenciação: os APE devem permitir suficiente flexibilidade e prever um tratamento diferenciado, tendo em consideração os diferentes níveis de desenvolvimento das Partes contratantes.

Não obstante o seu estatuto jurídico independente, os APE permanecem parte integrante da abordagem de Cotonu. Conforme se refere na exposição de motivos do projecto de mandato da Comissão, de 9 de Abril de 2002, “a parceria estabelecida pelo Acordo de Cotonu centra-se no objectivo de redução da pobreza e, a prazo, da sua erradicação, em consonância com os objectivos de desenvolvimento sustentável e de integração progressiva dos Estados ACP na economia mundial. Os APE devem servir este objectivo. Eles são sobretudo um instrumento para o desenvolvimento.”

Estado das negociações: em 2002, teve início a primeira fase das negociações entre a Comissão e o agrupamento ACP sobre assuntos de interesse geral para todos os

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Estados ACP. Seguiram-se negociações separadas com seis regiões que haviam sido definidas para as negociações do APE (Caraíbas, África Ocidental, África Central, África Oriental e Austral, SADC e Pacífico).

Em Outubro de 2007, ficou patente que só os Estados das Caraíbas estavam em condições de dar início a um APE completo até à data-limite de 31 de Dezembro de 2007. A Comissão Europeia recusou-se não só a requerer uma prorrogação da derrogação da OMC para os Estados que não acordaram um APE, mas também a procurar outras soluções transitórias, como a extensão do regime SPG+ a todos os Estados ACP. Em contrapartida, a Comissão decidiu encorajar os Estados ACP a concluir convénios em matéria de acesso ao mercado compatíveis com a OMC (os chamados acordos provisórios ou “acordos APE de etapa”), a fim de evitar eventuais perturbações do comércio durante o período de negociações com vista à conclusão de APE completos.

No final de 2007, apenas tinha sido concluído um Acordo de Parceria Económica Regional completo, a saber, o acordo concluído entre a UE e o CARIFORUM (assinado em 15 de Outubro de 2008). Em todas as demais regiões onde são negociados APE, foram rubricados, entre a UE e os Estados ACP individualmente ou os subagrupamentos de Estados, acordos provisórios incidindo sobretudo no comércio de mercadorias. Até ao final de Maio de 2009, 35 dos 78 Estados ACP (14 Estados das Caraíbas, 18 de África e 2 do Pacífico13) rubricaram ou assinaram um APE completo ou provisório.

Em 2008, e paralelamente às negociações e à assinatura de acordos provisórios, realizaram-se, em todas as regiões, negociações com vista à conclusão de APE regionais globais, em conformidade com as cláusulas de verificação contidas nos acordos provisórios.

Estados ACP sem APE: com o fim das preferências comerciais, os Estados ACP, que não rubricaram ou assinaram um APE, podem exportar para o mercado europeu ao abrigo de dois regimes comerciais distintos, a saber: - O Sistema de Preferências Generalizadas (SPG) clássico, em que estão implicados

três Estados africanos (Nigéria, República do Congo e Gabão) e sete do Pacífico (Ilhas Cook, Estados Federados da Micronésia, Nauru, Niue, Palau, Ilhas Marshall e Tonga). O SPG implica direitos aduaneiros mais elevados para uma série de produtos em comparação com o regime APE.

- A iniciativa "Tudo menos armas", em que estão envolvidos os Estados ACP menos desenvolvidos (PMD). Este regime prevê a possibilidade de estes Estados exportarem os seus produtos para o mercado da CE sem estarem sujeitos a direitos aduaneiros ou a contingentes pautais e sem terem que abrir os seus mercados às importações da UE. Não há aumentos pautais relativamente às preferências de Cotonu para os PMD.

- A África do Sul continua a exportar ao abrigo do acordo de livre comércio que estabeleceu com a UE, a saber, o Acordo sobre Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC).

13 14 dos 15 membros do CARIFORUM assinaram o APE. O Haiti ainda não assinou nem deu indicações quanto às suas intenções.

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Apoio ao desenvolvimento no âmbito dos APE: todas as partes reconhecem a necessidade de medidas de acompanhamento e de apoio ao desenvolvimento no âmbito dos APE, sendo que os desafios que se colocam dizem respeito aos montantes e a uma utilização efectiva dos recursos. Não obstante os pedidos dos Estados ACP para que seja concedido um financiamento adicional, complementar do FED, destinado a apoiar os APE (no intuito de evitar a transferência de fundos de outras áreas do desenvolvimento para projectos de natureza comercial), a Comissão deixou claro que, para além do FED, não irá conceder qualquer financiamento adicional para apoiar os APE.

Simultaneamente, a UE comprometeu-se a aumentar a sua ajuda ao comércio (no âmbito da Estratégia da UE relativa à ajuda ao comércio) para 2 mil milhões de euros por ano até 2010. Destes, 1 mil milhões de euros ficarão a cargo da CE e 1 mil milhões de euros serão disponibilizados pelos Estados-Membros da UE. Uma vez que a CE está prestes a cumprir o seu compromisso, incumbe agora aos Estados-Membros garantir a parte mais significativa do aumento das ajudas ao comércio. Cerca de 50% do aumento será afectado às necessidades ACP.

Acompanhamento parlamentar: a nível parlamentar, as negociações dos APE são acompanhadas de perto pela Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE. Os debates com a Comissão e os negociadores ACP efectuam-se regularmente no âmbito da APP e, em particular, durante as reuniões da sua Comissão de Desenvolvimento Económico, Finanças e Comércio. São várias as resoluções e declarações sobre os APE adoptadas pela APP, nomeadamente, a Declaração da Cidade do Cabo, de 21 de Março de 2002; a resolução, de 19 de Fevereiro de 2004, sobre os Acordos de Parceria Económica: problemas e perspectivas; a resolução, de 23 de Novembro de 2006, sobre a revisão das negociações dos Acordos de Parceria Económica (APE); a Declaração de Kigali relativa à conclusão de Acordos de Parceria Económica (APE) em prol do desenvolvimento, adoptada em 20 de Novembro de 2007.

As negociações dos APE também foram seguidas de perto pelo Parlamento Europeu, em particular, pela Comissão do Desenvolvimento e pela Comissão do Comércio Internacional. Todavia, e embora os APE sejam primordialmente considerados instrumentos em prol do desenvolvimento, a Conferência dos Presidentes do Parlamento entendeu que os assuntos relativos aos APE se inscrevem no âmbito de competências da Comissão do Comércio Internacional tendo conferido à Comissão do Desenvolvimento apenas um estatuto associado. Não obstante este facto, a Comissão DEVE tem realizado debates regulares, organizado audições públicas e elaborado relatórios e pareceres sobre a matéria para serem apresentados à sessão plenária.

Neste contexto, o Parlamento Europeu aprovou uma série de resoluções sobre os APE (baseadas nos relatórios DEVE ou INTA), nomeadamente, a resolução, de 26 de Setembro de 2002, sobre as recomendações do Parlamento Europeu à Comissão relativas à negociação de Acordos de Parceria Económica com os Estados e as regiões ACP (2002/2097(INI)); a resolução, de 23 de Março de 2006, sobre o impacto dos Acordos de Parceria Económica (APE) no desenvolvimento (2005/2162 (INI)); a resolução, de 23 de Maio de 2007, sobre os Acordos de Parceria Económica (2005/2246 (INI)); a resolução, de 12 de Dezembro de 2007, sobre os Acordos de

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Parceria Económica; a resolução, de 5 de Fevereiro de 2009, sobre o impacto dos Acordos de Parceria Económica (APE) no desenvolvimento (2008/2170 (INI)); 8 resoluções, de 25 de Março de 2009, a encerrar o debate sobre o Acordo de Parceria Económica entre a CE e os Estados Cariforum e os 7 APE provisórios que foram rubricados ou assinados no período de vigência da anterior legislatura.

Por outro lado, antes de entrarem em vigor, todos os acordos APE provisórios ou completos devem obter o parecer favorável do Parlamento Europeu para serem depois ratificados em cada Estado-Membro da UE e Estado ACP de acordo com os procedimentos nacionais. Entretanto, enquanto a ratificação não estiver concluída, o APE Cariforum completo e os APE provisórios são aplicados provisoriamente.

Até ao final da passada legislatura, o Parlamento apenas se pronunciou favoravelmente em relação ao APE Cariforum completo e ao APE de etapa com a Costa do Marfim. No decurso da actual legislatura, o Parlamento deverá emitir parecer favorável/negativo sobre todos os demais APE provisórios e completos já rubricados ou a assinar no futuro.

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12. ESTRATÉGIA CONJUNTA UE-ÁFRICA E RELAÇÕES COM O PARLAMENTO PAN-AFRICANO

Importância das relações UE-África: a maioria dos países em desenvolvimento "mais desfavorecidos" (segundo a letra do Tratado) encontra-se em África. É também neste continente que se afigura mais problemática a consecução dos ODM até 2015. Assim, é natural que uma parte significativa dos esforços da UE no domínio da cooperação para o desenvolvimento esteja concentrada em África, que representa também o maior bloco de Estados ACP. A Comissão e os Estados-Membros despendem em África, respectivamente, 43% e 53% do seu orçamento para a ajuda ao desenvolvimento.

Os interesses da UE em África vão também além da cooperação para o desenvolvimento: a colonização criou laços históricos e interesses entre muitos dos "antigos" Estados-Membros e uma série de ex-colónias, actualmente Estados independentes. Embora o volume de exportações de África para a UE tenha descido para menos de metade entre 1975 e 2000, a Europa permanece o primeiro importador de produtos africanos, enquanto a maior parte das importações de África ainda são provenientes da UE.

Um dos desenvolvimentos especialmente significativos reside no facto de, actualmente, os Estados e as organizações africanas, assim como o sector privado e a sociedade civil, disporem de um leque bastante mais vasto de opções no que se refere à cooperação com parceiros internacionais. Não só a Europa, mas também muitos outros Estados e regiões, prestam ajuda empenhando-se nas vertentes económica, política e de segurança. Os EUA criaram um comando militar africano. A China está a tornar-se rapidamente num importante parceiro comercial e investidor; a Índia, o Brasil, a Malásia e outros Estados seguem a mesma esteira.

Estratégia Conjunta UE-África: na sua segunda Cimeira, realizada em Dezembro de 2007, em Lisboa, a UE e os Chefes de Estado e de Governo africanos aprovaram uma Estratégia Conjunta UE-África – um ambicioso quadro político de longo prazo, o qual constitui a confirmação da sua vontade de aprofundar as relações políticas recíprocas e abordar conjuntamente os desafios globais. Este documento político estabelece um quadro global para as relações UE-África – quadro esse complementado por um Plano de Acção para 2008-2010 –, dotando as políticas delineadas na Estratégia Conjunta de um conteúdo concreto. O Plano de Acção consiste em 8 parcerias sectoriais, constituindo a principal agenda operacional em matéria de cooperação UE-África até à próxima cimeira, que terá lugar em 2010, em África.

Foram acordadas as seguintes oito parcerias UE-África:

- Paz e Segurança- Governação Democrática e Direitos Humanos- Comércio e Integração Regional- Objectivos de Desenvolvimento do Milénio- Energia

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- Alterações Climáticas- Migração, Mobilidade e Emprego- Ciência, Sociedade da Informação e Espaço.

A execução de cada uma dessas parcerias é controlada por um grupo misto de peritos UE-África (integrando especialistas das diferentes Partes interessadas de ambos os lados: Comissões, Estados-Membros, Parlamentos e agentes não estatais). O grupo misto de peritos apresenta relatórios a uma Task Force Conjunta que, por sua vez, reporta à reunião da Troika Ministerial Conjunta (duas vezes por ano).

União Africana: em 2002, a União Africana (UA) foi criada para suceder à Organização da Unidade Africana. O quadro institucional da UA inspira-se no modelo da UE, com uma Assembleia de Chefes de Estado e de Governo, um Conselho de Ministros e, para a gestão quotidiana dos assuntos da UA, de uma Comissão da União Africana (CUA). A CUA tem também a seu cargo a aplicação e o acompanhamento da Estratégia Conjunta UE-África (tal como a Comissão Europeia do lado da UE).

Parlamento Pan-Africano (PPA): em 2004, a UA põe em prática a decisão de completar a sua arquitectura institucional (que inclui também um Conselho Económico, Social e Cultural - ECOSOCC) instituindo o Parlamento Pan-Africano (PPA). Trata-se de um parlamento com funções consultivas a nível do continente, composto por delegações de 5 membros provenientes de cada um dos Estados-Membros da UA. O Parlamento Pan-Africano tem a sua sede permanente na África do Sul e efectua sessões "ordinárias" (plenárias) duas vezes por ano, durante duas semanas.

O PE manteve contactos estreitos com o PPA desde que este foi instituído, em 2004. Em 2006, o PE criou uma delegação ad hoc para as relações com o PPA; 5 dos 6 membros dessa delegação ad hoc eram membros da Comissão DEVE, sendo que o secretariado da delegação foi assegurado pelo secretariado da Comissão DEVE. Em 2007, o PPA criou uma comissão ad hoc para as relações com o PE. Em Maio de 2009, a CdP decidiu transformar a delegação ad hoc numa delegação interparlamentar permanente.

Actividades da Comissão DEVE relacionadas com a Estratégia Conjunta UE-África:no decurso da última legislatura, o PE aprovou três resoluções com base em relatórios de iniciativa da Comissão DEVE. As resoluções incidiam sobre:- a Comunicação da Comissão sobre uma estratégia da UE para África (Novembro

de 2005);- a proposta da Comissão relativa a uma Estratégia Conjunta UE-África e a um

Plano de Acção plurianual (Outubro de 2007);- a Comissão e o relatório conjunto anual da CUA sobre a aplicação da Estratégia

Conjunta UE-África (Março de 2009).

Actividades conjuntas PPA-PE: a delegação ad hoc para as relações com o PPA assistiu a quase todas as sessões ordinárias do PPA. As delegações do PPA visitaram o PE em diversas ocasiões; uma delegação do PPA, chefiada pelo seu presidente, esteve presente e discursou na APP, em 2007, em Wiesbaden. Em Outubro de 2008, o

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Presidente do PE, Hans-Gert Pöttering, foi convidado a discursar no PPA aquando da abertura solene da sessão ordinária do Parlamento.

Em Junho de 2007, o PPA e o PE decidiram organizar, juntamente com o parlamento português, uma pré-cimeira parlamentar PPA-PE, em Lisboa, no dia anterior à Cimeira UE-África, a fim de conferir maior visibilidade à dimensão parlamentar das relações UE-África e pressionar os Chefes de Estado e de Governo a incluir essa dimensão parlamentar na Estratégia Conjunta UE-África e a adoptar planos de acção em prol do reforço das instituições parlamentares em África (a nível nacional, regional e continental). Simultaneamente, desenvolveram diligências junto das presidências da UE e da UA no intuito de garantir que os seus presidentes fossem convidados a discursar perante os Chefes de Estado e de Governo aquando da abertura da 2.ª Cimeira UE-África.

Em Outubro-Novembro de 2007, ambos os parlamentos acordaram na apresentação aos Chefes de Estado e de Governo de uma declaração conjunta PPA-PE em que se delineava o papel e o lugar dos parlamentos na arquitectura institucional da nova parceria UE-África e se solicitava que o Plano de Acção integrasse compromissos concretos em matéria de apoio ao desenvolvimento de competências parlamentares.

A pré-cimeira parlamentar PPA-PE teve lugar em 7 de Dezembro de 2007, no Parlamento português, tendo contado com a presença de 25 deputados PPA e 25 DPE, bem como do Comissário Europeu Louis Michel, do Comissário da UA Joiner e dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do Gana e de Portugal. Em 8 de Dezembro, O Presidente Mongella, do PPA, e o Presidente Pöttering, do PE, dirigiram-se os Chefes de Estado e de Governo da UE e da África na abertura oficial da 2 ª Cimeira UE-África.

Estas acções parlamentares conjuntas resultaram no reconhecimento formal do papel dos parlamentos na arquitectura institucional da Estratégia Conjunta UE-África e no reconhecimento de que ser prestada uma atenção especial ao desenvolvimento das capacidades e ao reforço dos parlamentos na África.

A cooperação com o PPA é igualmente uma das prioridades do Gabinete para a Promoção da Democracia Parlamentar (GPDP) da DG EXPO.

Por iniciativa do PE e do PPA, realizaram-se em Addis Abeba (Janeiro 2009) e em Estrasburgo (Março 2009) debates a seis entre as comissões, as presidências e os parlamentos da UE e da UA para discutir uma proposta conjunta dos dois parlamentos sobre o seu papel formal no estabelecimento e no acompanhamento da execução da Estratégia Conjunta UE-África. Todas as instituições acordaram no seguinte: - O PE e o PPA serão envolvidos na preparação das cimeiras UE-África e os

seus presidentes irão participar na cerimónia de abertura destas cimeiras e dirigir-se aos Chefes de Estado e de Governo.

- O PE e o PPA terão reuniões informais com os Ministros da Tróica, a fim de discutir o relatório anual conjunto sobre a implementação da Estratégia Conjunta UE-África.

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- O PE e o PPA irão participar nos trabalhos do grupo misto de peritos para as diferentes parcerias e no trabalho da Task Force Conjunta.

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13. CRISE FINANCEIRA E ECONÓMICA MUNDIAL

A crise financeira mundial está a transformar-se numa crise humana e de desenvolvimento, pondo em perigo os esforços globais para alcançar os ODM.Dezenas de milhões de pessoas nos países em desenvolvimento correm o risco de permanecer ou de cair na pobreza extrema e, para milhões deles, a crise põe em causa a sua própria sobrevivência. O Secretário-Geral das Nações Unidas chamou a atenção para o facto de estarmos a enfrentar, nada mais nada menos, do que uma emergência em termos de desenvolvimento.

Para os países em desenvolvimento, trata-se de uma crise seguida de e reforçada por outras: alterações climáticas com os seus desastres naturais, como as secas e as inundações, crise alimentar, crise do petróleo e, por último mas não menos importante, a mais grave crise financeira e económica desde a Grande Depressão.

Os países em desenvolvimento – com rendimentos médios e baixos – estão a dar-se conta de que todas as fontes de financiamento do seu desenvolvimento – exportação e procura de produtos de base, comércio e financiamento de projectos, fluxos de ajuda, remessas, fluxos de capitais, investimento directo estrangeiro – têm sido afectadas pela dimensão e gravidade sem precedentes da crise.

Os líderes do Grupo dos Vinte (G20), reunido em Londres em 2 de Abril de 2009, adoptou um plano global de recuperação, não apenas nos países desenvolvidos, mas também nos mercados emergentes e nos países mais pobres do mundo, advogando uma economia mundial aberta e baseada nos princípios do mercado, numa regulação eficaz e em instituições globais fortes.

Actividades da Comissão do Desenvolvimento (DEVE) relativas à crise global: a Comissão DEVE solicitou recentemente um estudo sobre o impacto da crise financeira nos países em desenvolvimento. Este estudo deverá analisar as propostas que o G-20 apresentou na sua última Cimeira realizada em Londres (2-4 de Abril de 2009) e a Comunicação da Comissão, de 8 de Abril de 2009, intitulada "Ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a crise"14 ,bem como avaliar de que forma estas poderiam afectar os países em desenvolvimento.

Espera-se que o estudo resulte num conjunto de recomendações em matéria de políticas (incluindo a reforma da arquitectura e da ajuda financeiras) que possam contribuir para alimentar, na nova Comissão DEVE, o debate sobre os efeitos da crise financeira para os países em desenvolvimento e a própria cooperação para o desenvolvimento.

14 COM (2009)160 final

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14. POLÍTICA COMUM DA PESCA

Nos termos do artigo 37.º, em conjugação com o n.º 2 do artigo 300.º e o primeiro parágrafo do n.º 3 do artigo 300.º do Tratado CE, para celebrar acordos de pesca internacionais, é necessário consultar o PE. Para além disso, o Parlamento Europeu será imediata e plenamente informado de qualquer decisão que diga respeito à aplicação provisória ou à suspensão de acordos. Caso venha a ser ratificado, o Tratado de Lisboa prevê que os acordos de pesca internacionais sejam ratificados pelo Conselho após anuência do Parlamento (artigo 188.º-N (10)).

A Comissão do Desenvolvimento ocupa-se dos acordos bilaterais de pesca, denominados Acordos de Parceria no sector das Pescas (APP), que a Comunidade Europeia conclui com os países em desenvolvimento.

Os APP resultaram da reforma da Política Comum da Pesca (PCP) de 2002 e, em parte, da Cimeira de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável. A adopção destes acordos consta das Conclusões do Conselho (2004) sobre a Comunicação da Comissão relativa a um Quadro Integrado para Acordos de Parceria no domínio da Pesca com Países Terceiros. A ideia subjacente é a de estabelecer uma relação de parceria com um país terceiro, tendo em vista o desenvolvimento de uma pesca sustentável e responsável e a melhoria do valor dos produtos da pesca. Os APP visam também sustentar a coerência com outras políticas, tais como a cooperação para o desenvolvimento, o ambiente, o comércio e a saúde.

Em Dezembro de 2008, a UE tinha 15 APP em vigor com os Estados costeiros da África (12) e do Pacífico (3). Os APP são particularmente importantes para a pesca do atum (Cabo Verde, Comores, Costa do Marfim, Gabão, Kiribati, Madagáscar, Micronésia, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Seicheles e Ilhas Salomão). Estão igualmente em vigor outros acordos para pescarias mistas com a Guiné, a Guiné-Bissau, Mauritânia e Marrocos. Em geral, e consoante o país, a duração do protocolo varia entre dois a seis anos.

Todos os APP bilaterais são compostos de um acordo-quadro de duração indeterminada, um protocolo (de duração determinada, que define as condições do acordo entre os navios da UE e seus homólogos, bem como a compensação financeira) e um anexo – ou anexos – onde são definidas as formas e os meios de pesca. Todos eles são adoptados como anexos a um texto legislativo único.

A Comissão das Pescas (PECH) é responsável pela elaboração de relatórios sobre cada um desses acordos, e a Comissão do Desenvolvimento (DEVE) só pode emitir o seu parecer sobre o texto legislativo em si e não sobre o acordo anexo, o protocolo ou o(s) anexo (s).

A consulta do Parlamento não tem qualquer efeito sobre as negociações dos acordos de pesca. Para além disso, os textos são enviados ao Parlamento pela Comissão depois de rubricados, quando as negociações já se encontram concluídas. Na maioria dos casos, quando o Parlamento é chamado a emitir o seu parecer, os navios europeus já

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começaram, ou continuam, a pescar (no caso dos acordos de prorrogação) em águas de países ACP. Não se sabe o que aconteceria se o Parlamento recusasse um acordo depois de este ter sido já rubricado e entrado em vigor.

O Parlamento sublinhou em diversas ocasiões a importância dos acordos internacionais no sector da pesca no que se refere ao abastecimento da Comunidade em peixe, para as regiões comunitárias mais dependentes da pesca e para o emprego no sector. O Parlamento já se debruçou igualmente sobre a coerência dos acordos com as políticas externas da UE noutros domínios (ambiente e cooperação para o desenvolvimento). O PE condenou igualmente o recurso crescente à celebração de acordos privados fora do controlo das autoridades da UE e manifestou o seu apoio à eliminação dos navios que arvoram pavilhão de conveniência, bem como aos programas comunitários destinados a combater a pesca ilegal. O interesse da Comissão DEVE nos acordos prende-se com a redução da pobreza nos Estados ACP e noutros países em desenvolvimento, através de financiamentos destinados a capacitar a população, respeitando, desse modo, a relação entre a política de desenvolvimento e a Política Comum da Pesca.

No entanto, na maioria dos casos, os fundos não se destinam a objectivos relacionados com a pobreza, mas a outros objectivos seleccionados pelo governo (como, por exemplo, programas científicos e técnicos para determinar os recursos haliêuticos, apoio à vigilância das pescas, reforço institucional do Ministério das Pescas, bolsas, seminários, participação em conferências internacionais, apoio ao desenvolvimento da pesca tradicional, formação de pessoal, apoio à gestão dos observadores).

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15. COMITOLOGIA

Base jurídica: o termo "comitologia" designa, no jargão comunitário, o processo através do qual são adoptadas, em comissão, as disposições de execução da Comissão.Em princípio, a Comissão transpõe, nos termos dos artigos 211º e 202º do Tratado CE, o Direito comunitário, incluindo os programas e instrumentos no sector da cooperação para o desenvolvimento. Nos termos do Artigo 202.º do Tratado CE, o Conselho pode, todavia, estabelecer modalidades para o exercício das competências de execução com base na Decisão do Conselho 1999/468/CE, de 28 de Junho de 1999, com a última redacção que lhe foi dada pela Decisão 2006/512/CE, que fixa as regras de exercício das competências de execução atribuídas à Comissão15

. Sempre que, num acto jurídico de base da UE, são atribuídas competências de execução à Comissão e definidas modalidades processuais, é feita referência à citada decisão. A mesma decisão prevê quatro procedimentos distintos, exigindo cada um deles que a Comissão apresente um projecto das medidas de execução a adoptar, o qual é seguidamente apreciado por um comité constituído por representantes dos Estados-Membros e presidido pela Comissão: o procedimento consultivo não vincula a Comissão a ter em conta o parecer do

comité. o procedimento de gestão permite à Comissão adoptar de imediato as medidas de

execução, devendo, todavia, diferir a respectiva aplicação em caso de não conformidade com o parecer do comité, e modificá-las se o comité emitir um parecer diferente.

nos termos do procedimento de regulamentação, a Comissão deve dispor do parecer favorável do comité para adoptar as medidas de execução. Se as medidasprevistas não estiverem de acordo com o parecer do comité de representantes dos Estados-Membros, a Comissão apresentará uma nova proposta e informará o Parlamento.

nos termos do procedimento de regulamentação com controlo, se o projecto de medida de execução da Comissão estiver em conformidade com o parecer do comité, a Comissão apresenta o projecto de medida ao Conselho e ao Parlamento.Se o Parlamento ou o Conselho se opuserem à medida proposta no prazo de três meses a contar da data em que esta lhes foi transmitida, a medida não será adoptada.

Papel do Parlamento: o Parlamento pode exercer uma influência directa quando as medidas de execução são tratadas no âmbito do procedimento de regulamentação e do procedimento de regulamentação com controlo, tendo por base um acto jurídico adoptado segundo o processo de co-decisão. No domínio da cooperação para o desenvolvimento nos termos do artigo 179.º do Tratado CE, aplica-se o procedimento de regulamentação com controlo.

O Parlamento é informado pela Comissão, não apenas no âmbito do procedimento de regulamentação ou do procedimento de regulamentação com controlo, mas também sobre todas as outras medidas de execução, bem como sobre as actividades das várias 15 JO L 184, 17.7.1999, p. 23

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comissões (ordens do dia, resultados das votações, etc.). Quando as medidas de execução têm por base um acto jurídico adoptado segundo o processo de co-decisão, o Parlamento pode "considerar, através de resolução fundamentada, que (o projecto em causa) excede as competências de execução previstas no acto de base" (Artigo 8º.ºda Decisão do Conselho 1999/468/CE). Compete seguidamente à Comissão reagir, apresentando, por exemplo, um novo projecto ou uma proposta de base jurídica específica ou explicando por que motivo a medida não pode ser modificada.

Nos termos do Artigo 81.º do Regimento, o Presidente do Parlamento enviará automaticamente o projecto de medidas de execução à comissão competente. No prazo de um mês após a recepção do documento, o Parlamento poderá manifestar a sua oposição. No caso de não se realizar qualquer período de sessões antes do termo do prazo, ou em caso de urgência, a comissão competente poderá agir em nome do Parlamento.

Os instrumentos de financiamento relativos à cooperação para o desenvolvimento são adoptados no âmbito do processo de co-decisão, pois o acompanhamento da aplicação das medidas de execução tornou-se cada vez mais importante para a Comissão do Desenvolvimento. Os membros da comissão são regularmente informados sobre a transmissão, pela Comissão ao Parlamento, de medidas de execução relativas à cooperação para o desenvolvimento e à ajuda humanitária. Nesse contexto, há que estabelecer uma distinção entre os documentos e projectos transmitidos ao Parlamento unicamente para informação e aqueles relativamente aos quais o Parlamento pode manifestar a sua oposição. Em qualquer dos casos, os deputados têm a possibilidade de apreciar as medidas de execução e formular eventuais objecções.

No âmbito de muitos programas, as medidas de execução transmitidas limitam-se a documentos de programação anuais ou semestrais. No entanto, sobretudo no que diz respeito ao auxílio humanitário, a Comissão transmite com frequência projectos de decisão, reagindo a situações de emergência humanitária. Nesses casos, a Comissão pode solicitar a redução do prazo de um mês para a resposta do Parlamento, a fim de poder adoptar mais rapidamente medidas de urgência.

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16. COMISSÃO DO DESENVOLVIMENTO E PARLAMENTOS DOS ESTADOS-MEMBROS

Os parlamentos nacionais têm um papel cada vez mais importante a desempenhar no funcionamento da UE, ao cooperarem com a Comissão Europeia, o PE, e entre eles próprios. Tal como os deputados do Parlamento Europeu, os deputados dos parlamentos nacionais, na medida em que têm uma relação de proximidade com os cidadãos, podem contribuir para criar ligações construtivas e eficazes entre os cidadãos e as instituições da UE, promovendo uma abordagem mais democrática e transparente ao desenvolvimento da política da UE.

Nos últimos anos, a Comissão Europeia tem vindo a desenvolver a "iniciativa Barroso" (encetada em Setembro de 2006), de acordo com a qual as propostas legislativas são sistematicamente enviadas aos parlamentos nacionais para exame, paralelamente ao seu envio ao Parlamento Europeu e ao Conselho.

Após as eleições de 2004, o Parlamento Europeu criou uma nova Direcção para as Relações com os Parlamentos Nacionais, a qual é responsável pela coordenação das actividades entre o Parlamento Europeu e os parlamentos nacionais. As actividades da referida direcção são desenvolvidas sob a autoridade do Presidente do Parlamento Europeu e dos dois Vice-Presidentes do Parlamento.

O principal objectivo da cooperação entre o PE e os parlamentos nacionais é o reforço da dimensão parlamentar da UE contribuindo, assim, para o reforço da legitimidade democrática e a transparência da política decisória da UE. Outro objectivo visa manter os parlamentos nacionais plenamente informados das actividades do PE nos seus diferentes domínios de responsabilidade. Para esse efeito, um número cada vez maior de comissões do PE convida regularmente os deputados nacionais para as suas reuniões, tendo em vista partilhar os seus conhecimentos e a sua experiência no âmbito do debate de propostas políticas.

Em Outubro de 2006, a Comissão do Desenvolvimento reuniu-se com as comissões dos Assuntos Externos e do Desenvolvimento dos parlamentos nacionais para uma reunião conjunta, com o intuito de discutir a coordenação das políticas nacionais e comunitárias em matéria de desenvolvimento. A reunião contou com uma importante participação de deputados nacionais, de ONG e da sociedade civil, bem como da Comissão Europeia e do Conselho. A reunião conjunta, organizada em colaboração com o Parlamento da Finlândia (o país que à época detinha a Presidência do Conselho da UE), salientou a importância de melhorar o papel das comissões do Desenvolvimento a nível nacional, sempre que estas existam, para promover uma política de desenvolvimento mais eficaz, encontrar uma visão comum e criar um sistema de ajuda mais eficaz.

Na sequência desta primeira experiência positiva, em Junho de 2008, a Comissão do Desenvolvimento organizou, em colaboração com o Parlamento da Eslovénia (nesse momento a exercer a Presidência da UE), uma segunda reunião conjunta, para discutir a eficácia da ajuda no contexto da coerência das políticas para o desenvolvimento e o

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importante papel que os "novos" Estados-Membros podem desempenhar na política comunitária de cooperação para o desenvolvimento. Durante o debate, os participantes salientaram a necessidade de uma maior previsibilidade da ajuda, bem como de uma melhor planificação e execução da ajuda ao desenvolvimento. Foi também realçada a necessidade de combater a corrupção e solicitados mecanismos de controlo mais eficazes. Uma vez mais, foi lançado um apelo tendo em vista um maior envolvimento de todos os parlamentos, bem como a necessidade de uma melhor coordenação entre os parlamentos nacionais e o PE.

Em Fevereiro de 2009, a Comissão DEVE organizou a primeira Conferência Parlamentar de Alto Nível sobre a Coerência das Políticas de Desenvolvimento e Migração, em colaboração com a Comissão Europeia e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). A referida conferência visava dar força à voz dos deputados na questão actual da migração e da coerência das políticas para o desenvolvimento (CPD). Aberta pelo Presidente Pöttering, a Comissária Wallström e o Secretário-Geral Adjunto da OCDE, Mario Amano, e encerrada pelo Comissário Barrot, a conferência analisou o impacto das políticas migratórias da UE e dos Estados-Membros da OCDE no desenvolvimento económico e social nos países de origem dos migrantes. Entre os participantes, contavam-se os deputados do Parlamento Europeu e dos parlamentos nacionais dos Estados-Membros da UE e dos países candidatos, dos países terceiros da OCDE (como, por exemplo, a Austrália e a Noruega) e dos Estados ACP. Foram debatidos alguns temas centrais como, por exemplo: a fuga de cérebros e o " desperdício de capacidades intelectuais", a imigração circular versus imigração permanente, a imigração clandestina, o impacto negativo da quebra de remessas, o papel das diásporas, a situação das mulheres migrantes, a integração dos migrantes na sociedade, a prevenção da xenofobia, e o papel dos meios de comunicação e dos funcionários públicos. Os 250 participantes sublinharam que uma imigração laboral bem gerida poderia ser vantajosa para os países de destino e poderia também trazer benefícios significativos para os países de origem, contribuindo, assim para, a redução da pobreza. Os governos foram instados a desenvolver políticas migratórias coerentes que tenham em conta as necessidades de desenvolvimento dos países de origem e dos países de destino.

Determinados presidentes dos parlamentos nacionais ou das respectivas comissões parlamentares tomaram igualmente a iniciativa de organizar, durante a Presidência da União Europeia do seu país, uma reunião dos presidentes das comissões dos parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu responsáveis pelo acompanhamento da política de cooperação para o desenvolvimento (em certos casos, como no Parlamento Europeu, existem comissões específicas no domínio da cooperação para o desenvolvimento, enquanto que noutros a cooperação para o desenvolvimento é tratada no âmbito da Comissão dos Assuntos Externos). Estas reuniões revelaram-se extremamente úteis no que toca à informação recíproca e ao intercâmbio das melhores práticas de controlo parlamentar. Infelizmente, nem todas as presidências da UE que se sucederam tomaram a iniciativa de organizar reuniões deste tipo.

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17. SENSIBILIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA E EDUCAÇÃO PARA AS QUESTÕES DO DESENVOLVIMENTO

É extremamente importante sensibilizar a opinião pública e educar os jovens para as questões do desenvolvimento, visto que se trata de uma óptima maneira de promover valores fundamentais da UE, como a tolerância e a solidariedade, numa sociedade cada vez mais global, interdependente e multicultural.

A própria União Europeia é o resultado de um processo de diálogo intercultural, no quadro do qual diferentes actores se reúnem para aprender uns com os outros e para realizar um empreendimento comum.

Consequentemente, se os cidadãos da UE dispuserem de um melhor conhecimento da cooperação para o desenvolvimento, podem desenvolver um sentimento mais forte de solidariedade internacional, o que contribuirá também para criar uma sociedade europeia verdadeiramente intercultural. Sensibilizar a opinião pública para a cooperação para o desenvolvimento constituirá igualmente um incentivo para que um número cada vez maior de cidadãos se envolva na erradicação da pobreza e da exclusão à escala mundial, através de campanhas, da educação, do apoio ou da formação.

Os parlamentos desempenham um papel importante no envolvimento da opinião pública na cooperação para o desenvolvimento e na solidariedade para com os países em desenvolvimento. Mas, independentemente do trabalho a desenvolver pelas autoridades nacionais e locais, há também que reconhecer o papel estratégico que as ONG e os outros actores da sociedade civil podem desempenhar na cooperação Norte-Sul, devendo o seu importante papel reflectir-se no trabalho da comissão.

Papel do Parlamento Europeu: na anterior legislatura, o Parlamento Europeu empreendeu uma série de iniciativas destinadas a uma maior sensibilização da opinião pública para a política da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento. Nesse contexto, o Parlamento Europeu organizou uma série de iniciativas públicas, seminários, audições, discussões e debates parlamentares centrados em questões relacionadas com o desenvolvimento.

Semana Árabe e Semana Africana: Em 2008, Ano Europeu do Diálogo Intercultural, o Parlamento Europeu levou a cabo dois importantes eventos – a Semana Africana e a Semana Árabe. Políticos e artistas de renome provenientes de África e do mundo árabe foram convidados a participar, em Bruxelas, em debates centrados em questões como os Direitos Humanos, a imigração e a crise alimentar. O Parlamento e a Cidade de Bruxelas organizaram igualmente exposições de arte contemporânea e espectáculos musicais.

A Comissão do Desenvolvimento contribuiu para a Semana Africana com uma mesa redonda subordinada ao tema "Impacto da Diáspora no Desenvolvimento Africano", que reuniu membros da Comissão do Desenvolvimento, parlamentares dos países ACP, representantes de associações africanas de imigrantes, ONG e a sociedade civil.

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A mesa redonda debruçou-se, em particular, sobre a importância dos migrantes para o desenvolvimento da economia e da sociedade do seu país de origem, através da partilha de experiências e da identificação de instrumentos que possam ajudá-los a exercer uma maior influência nos seus próprios países. Para Semana Árabe, a Comissão do Desenvolvimento convidou uma delegação do Parlamento iraquiano para uma troca de pontos de vista sobre o papel da cooperação para o desenvolvimento na igualdade entre homens e mulheres nos países árabes.

Jornadas Europeias do Desenvolvimento(JED): a Comissão do Desenvolvimento participou igualmente na segunda e terceira edições das Jornadas Europeias do Desenvolvimento, realizadas em Lisboa, em 2007 e, em Estrasburgo, em 2008. A comissão enviou uma delegação a ambos os eventos, e co-organizou eventos especiais com o Parlamento Pan-Africano. A Comissão do Desenvolvimento esteve presente na "Aldeia do Desenvolvimento" com um stand onde os deputados podiam contactar com o público, tendo sido distribuído material promocional destinado a sensibilizar a opinião pública para o papel e as actividades da nossa comissão.

Infokit: A pedido da ex-presidente da Comissão DEVE, Luisa Morgantini, a comissão – com o apoio do Departamento Temático da DG EXPO – criou, em todas as línguas da UE, um Infokit que apresenta a comissão e as suas actividades. Este Infokit é distribuído conjuntamente com cartazes especiais e outros materiais promocionais em grandes eventos abertos ao público (audições, delegações, JED...).

Jornada Europeia de Portas Abertas: a Jornada Europeia de Portas Abertas realiza-se uma vez por ano para comemorar a assinatura da Declaração Schuman (9 de Maio). O seu objectivo consiste em sensibilizar a opinião pública para as instituições europeias e as suas actividades e para o funcionamento da União. Nesse dia, o PE abre as suas portas ao público. A Comissão participa na referida jornada, chegando a pessoas de diferentes idades e interesses através de jogos interactivos, de uma apresentação Powerpoint (em EN, FR e NL) com música africana e do seu principal instrumento de informação, o Infokit.

Página electrónica da Comissão do Desenvolvimento: em 2007, a Comissão renovou a sua página electrónica, que é agora actualizada uma vez por semana com as informações principais e os anúncios das actividades e eventos futuros.

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18. SERVIÇOS DE APOIO

Na execução do seu mandato de organismo oficial do Parlamento Europeu, a Comissão do Desenvolvimento colabora regularmente com um grande número de outros organismos e serviços parlamentares. Ao elaborar os relatórios, a comissão é destinatária de pareceres de outras comissões parlamentares, tal como emite pareceres aos relatórios destas.

Os demais serviços com os quais a Comissão do Desenvolvimento mantém relações regularmente são mencionados noutras secções da presente nota. Nesta secção, apresentamos três serviços com os quais a Comissão do Desenvolvimento contacta frequentemente no seu trabalho quotidiano:

Departamento Temático: o Departamento Temático da Direcção-Geral Políticas Externas (DG EXPO) faculta um apoio adicional ao Presidente do Parlamento Europeu, bem como a diferentes órgãos parlamentares (comissões e delegações), através de notas informativas, tópicos, workshops com peritos externos independentes e sínteses informativas orais.

A pedido, disponibiliza também historiais, documentos de referência e projectos de textos a presidentes e relatores. Presta igualmente apoio à preparação e execução de visitas de delegações a países terceiros, nomeadamente às missões de observação eleitoral, bem como à preparação das audições.

Além disso, o Departamento Temático ajuda a satisfazer a necessidade de informações e análises adicionais ao encomendar estudos externos solicitados pelas comissões parlamentares pertinentes (ver anexo 3).

Todos os estudos internos publicados e documentos especializados externos encomendados (estudos, informações e notas) estão disponíveis a todos os deputados do Parlamento Europeu e ao seu pessoal em http://www.expo.ep.parl.union.eu/expo/cms/pid/17. Os estudos externos estão também disponíveis ao público em geral emhttp://www.europarl.europa.eu/activities/committees/studies.do?language=EN .

Serviço Jurídico: o Serviço Jurídico segue igualmente de perto o trabalho das comissões parlamentares. Caso surjam dúvidas relativas a questões do foro jurídico, a comissão pode solicitar assessoria jurídica. No passado, o Serviço Jurídico assistiu a trílogos e a negociações conducentes ao Instrumento de Cooperação para o Desenvolvimento (ICD), tendo prestado aconselhamento no que diz respeito à proposta da Comissão e às alterações propostas pelo Parlamento Europeu e o Conselho.

Foi também necessário, por vezes, analisar vários documentos de estratégia e programas indicativos plurianuais, para determinar se a Comissão agiu no quadro dos seus poderes ao adoptar actos de execução com base no ICD. Outros pedidos prenderam-se com a interpretação de certos aspectos do Acordo de Cotonu. O

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aconselhamento reveste, de um modo geral, a forma de um parecer jurídico por escrito. Em termos de procedimento, os pedidos ao Serviço Jurídico devem ser feitos pelo presidente da comissão e não a título individual por deputados do Parlamento. Nos termos da decisão da Mesa do Parlamento, de 28 de Janeiro de 2004, este serviço é prestado às comissões / órgãos do Parlamento e não aos deputados a título individual.

Se for caso disso, o Serviço Jurídico também representa do Parlamento perante o Tribunal de Justiça. Um exemplo é o processo C-403/05, Parlamento Europeu contra Comissão das Comunidades Europeias, (mais conhecido pelo nome de "processo relativo à segurança das fronteiras nas Filipinas "), no quadro do qual o Parlamento Europeu pôs em causa, com sucesso, uma decisão da Comissão que pretendia financiar medidas anti-terrorismo a partir de um instrumento de ajuda ao desenvolvimento (Regulamento "Ásia e América Latina"), que não prevê o financiamento de tais medidas.

Gabinete para a Promoção da Democracia Parlamentar (GPDP): o GPDP foi criado em 2008 e faz parte da DG EXPO. O seu principal objectivo é apoiar os parlamentos das novas democracias emergentes (NDE) para além das fronteiras da UE. O GPDP presta assistência à criação e à reforma destes parlamentos e visa reforçar a sua capacidade para exercer as principais funções de legislação, fiscalização e representação. A criação do GPDP responde a um rápido aumento da procura por parte dos parlamentos das NDE e à vontade do PE em partilhar as suas experiências e conhecimentos. Um segundo objectivo visa ajudar o Parlamento Europeu a desenvolver uma política comunitária mais abrangente no que toca à democracia e contribuir igualmente para o reforço da supervisão, por parte do PE, dos programas de apoio à democracia da Comissão Europeia.

O reforço dos parlamentos a nível mundial é importante, uma vez que o desenvolvimento democrático sustentável não termina com o êxito de eleições livres e justas, que constituem apenas um primeiro passo. Para atingir a maturidade democrática, é primordial realizar esforços abrangentes e a longo prazo para desenvolver e consolidar parlamentos representativos e que funcionem correctamente. Além disso, o aumento da ajuda através do apoio orçamental e sectorial, tal como defendido pela Comissão Europeia, exige o reforço dos mecanismos de responsabilização nacional16, com um papel destacado para parlamentos. No entanto, a actual apoio da UE aos parlamentos, para além de limitado, está muito disperso, pelo que é incapaz de ter um verdadeiro impacto. Daí a necessidade de uma maior atenção e apoio aos parlamentos das NDE.

O GPDP faculta uma assistência técnica a pedido e devidamente adaptada aos parlamentos das NDE, que abrange os seguintes domínios: as principais funções dos parlamentos, a reforma administrativa e institucional, a cooperação legislativa inter-parlamentar e o intercâmbio de boas práticas. Os seus instrumentos e métodos incluem o aconselhamento estratégico aos parlamentos das NDE, formação específica

16 A alínea b) do n.º 1 do artigo 25.º do ICD obriga a Comissão Europeia a apoiar "[...] os esforços de países parceiros para desenvolver capacidades de fiscalização e auditoria [...]" no quadro do apoio orçamental.

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e bolsas de longa duração para funcionários, bem como oportunidades de estabelecer redes com os deputados e os serviços pertinentes do PE.

Para mais informação sobre o GPDP, queira consultar www.europarl.europa.eu/oppd/default_en.htm.

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ANNEX 1 - THE MILLENNIUM DEVELOPMENT GOALS (MDGs)

In the United Nations Millennium Declaration of September 2000, leaders from 189 nations embraced a vision for a world in which developed and developing countries would work in partnership for the betterment of all, particularly the most disadvantaged. To provide a framework by which progress could be measured, this vision was transformed into eight Millennium Development Goals and 18 targets to be achieved by 2015, and to be measured by means of 48 indicators.

GOALS AND TARGETS17

MDG 1: ERADICATE EXTREME POVERTY AND HUNGER Reduce by half the proportion of people living on less than a dollar a day Achieve full and productive employment and decent work for all, including

women and young people Reduce by half the proportion of people who suffer from hunger

MDG 2: ACHIEVE UNIVERSAL PRIMARY EDUCATION Ensure that all boys and girls complete a full course of primary schooling

MDG 3: PROMOTE GENDER EQUALITY AND EMPOWER WOMEN Eliminate gender disparity in primary and secondary education preferably by

2005, and at all levels by 2015

MDG 4: REDUCE CHILD MORTALITY Reduce by two thirds the mortality rate among children under five

MDG 5: IMPROVE MATERNAL HEALTH Reduce by three quarters the maternal mortality ratio Achieve, by 2015, universal access to reproductive health

MDG 6: COMBAT HIV/AIDS, MALARIA AND OTHER DISEASES Halt and begin to reverse the spread of HIV/AIDS Achieve, by 2010, universal access to treatment for HIV/AIDS for all those

who need it Halt and begin to reverse the incidence of malaria and other major diseases

17 In 2007, this monitoring framework was revised to include four new targets agreed to by UN member states at the 2005 World Summit; additional indicators to track progress towards the new targets were also identified.

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MDG 7: ENSURE ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY Integrate the principles of sustainable development into country policies and

programmes; reverse loss of environmental resources Reduce biodiversity loss, achieving, by 2010, a significant reduction in the

rate of loss Reduce by half the proportion of people without sustainable access to safe

drinking water and basic sanitation Achieve significant improvement in lives of at least 100 million slum dwellers, by

2020

MDG 8: DEVELOP A GLOBAL PARTNERSHIP FOR DEVELOPMENT Develop further an open, rule-based, predictable, non-discriminatory trading and

financial system. Includes a commitment to good governance, development and poverty reduction — both nationally and internationally

Address the special needs of the least developed countries. This includes tariff-and quota-free access for their exports; enhanced debt relief for heavily indebted poor countries; cancellation of official bilateral debt; and more generous official development assistance for countries committed to poverty reduction

Address the special needs of landlocked developing countries and small island developing States (through the Programme of Action for the Sustainable Development of Small Island Developing States and the outcome of the twenty-second special session of the General Assembly)

Deal comprehensively with the debt problems of developing countries through national and international measures to make debt sustainable in the long term

In cooperation with pharmaceutical companies, provide access to affordable essential drugs in developing countries

In cooperation with the private sector, make available the benefits of new technologies - especially information and communications technologies.

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ANNEX 2 -DAC List of ODA Recipients at 1 January 2008

Effective for reporting on 2008, 2009 and 2010 flowsLeast Developed Countries Other Low Income

Countries(per capita GNI < $935 in

2007)

Lower Middle Income Countries and Territories

(per capita GNI $936-$3 705in 2007)

Upper Middle Income Countries and Territories

(per capita GNI $3 706-$11 455in 2007)

AfghanistanAngolaBangladeshBeninBhutanBurkina FasoBurundiCambodiaCentral African Rep.ChadComorosCongo, Dem. Rep.DjiboutiEquatorial GuineaEritreaEthiopiaGambiaGuineaGuinea-BissauHaitiKiribatiLaosLesothoLiberiaMadagascarMalawiMaldivesMaliMauritaniaMozambiqueMyanmarNepalNigerRwandaSamoaSão Tomé and PríncipeSenegalSierra LeoneSolomon IslandsSomaliaSudanTanzaniaTimor-LesteTogoTuvaluUgandaVanuatuYemenZambia

Côte d'IvoireGhanaKenyaKorea, Dem. Rep.Kyrgyz Rep.NigeriaPakistanPapua New GuineaTajikistanUzbekistanViet NamZimbabwe

AlbaniaAlgeriaArmeniaAzerbaijanBoliviaBosnia and HerzegovinaCameroonCape VerdeChinaColombiaCongo, Rep.Dominican RepublicEcuadorEgyptEl SalvadorGeorgiaGuatemalaGuyanaHondurasIndiaIndonesiaIranIraqJordanMacedonia, Former Yugoslav Republic ofMarshall IslandsMicronesia, Federated StatesMoldovaMongoliaMoroccoNamibiaNicaraguaNiuePalestinian Administered AreasParaguayPeruPhilippinesSri LankaSwazilandSyriaThailand*TokelauTongaTunisiaTurkmenistanUkraine*Wallis and Futuna

*AnguillaAntigua and Barbuda1

ArgentinaBarbados2

BelarusBelizeBotswanaBrazilChileCook IslandsCosta RicaCroatiaCubaDominicaFijiGabonGrenadaJamaicaKazakhstanLebanonLibyaMalaysiaMauritius*MayotteMexicoMontenegro*MontserratNauruOman1

PalauPanamaSerbia3

SeychellesSouth Africa*St. HelenaSt. Kitts-NevisSt. LuciaSt. Vincent and GrenadinesSurinameTrinidad and Tobago2

TurkeyUruguayVenezuela

*Territory.(1) Antigua & Barbuda and Oman exceeded the high income country threshold in 2007. In accordance with the DAC rules for revision of this List, both will graduate from the List in 2011 if they remain high income countries until 2010.

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(2) Barbados and Trinidad & Tobago exceeded the high income country threshold in 2006 and 2007. In accordance with the DAC rules for revision of this List, both will graduate from the List in 2011 if they remain high income countries until 2010. (3) At present aid to Kosovo is recorded under aid to Serbia. Kosovo will be listed separately if and when it is recognised by the UN.

As of April 2008, the Heavily Indebted Poor Countries (HIPCs) are : Afghanistan, Benin, Bolivia, Burkina Faso, Burundi, Cameroon, CentralAfrican Republic, Chad, Comoros, Congo (Dem. Rep.), Congo (Rep.), Côte d’Ivoire, Eritrea, Ethiopia, Gambia, Ghana, Guinea, Guinea-Bissau, Guyana, Haiti, Honduras, Kyrgyz Republic, Liberia, Madagascar, Malawi, Mali, Mauritania, Mozambique, Nepal, Nicaragua, Niger, Rwanda, São Tomé and Príncipe, Senegal, Sierra Leone, Somalia, Sudan, Tanzania, Togo, Uganda and Zambia.

Source: http://www.oecd.org/dataoecd/62/48/41655745.pdf

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ANNEX 3 - STUDIES COMMISSIONED BY THE COMMITTEE ON DEVELOPMENT AND IMPLEMENTED BY THE POLICY DEPARTMENT

DURING THE 6TH PARLIAMENTARY TERM (2004-2009)

All studies are available at: http://www.europarl.europa.eu/activities/committees/studies.do?language=EN

Title: Ways and means to enhance ACP parliaments' role in the formulation of the Country Strategy Papers (CSP) and parliaments’ oversight of the utilisation of the European Development Funds (EDF), especially in the context of budget support

Author: Robert Dover, EU Policy Network (United Kingdom)Publication date: 23.03.2005Study available in EN

Title: The Development Impact of European Investment Bank (EIB) lending Operations in the Cotonou and ALA Framework

Author: Jaroslava Colajacomo, MANY TESE-CRBM (Italy)Publication date: 01.03.2005Study available in EN

Title: Implications of REACH for the Developing CountriesAuthor: Dr Frank Ackerman, International Chemical Secretariat

(Sweden) Publication date: 01.03.2006 Study available in EN, FR

Title: The Role of Small and Medium Enterprises in Developing Countries

Author: Bob Fitch, Enterplan (United Kingdom)Publication date: 31.03.2006Study available in EN

Title: European Policy Coordination in the Bretton Woods Institutions and ways to increase its coherence with European development goals

Author: Sven Grimm and Lauren Phillips, ODI (United Kingdom)Publication date: 01.04.2006Study available in EN

Title: South-South Migration: Example of Sub-Saharan AfricaAuthors: Véronique Lassailly-Jacob, Université de Poitiers; Florence

Boyer, CEPED; Julien Brachet, Université de Paris I (France)

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Publication date: 31.03.2006Study available in EN, FR

Title: Chinese Resources and Energy Policy in Sub-Saharan AfricaAuthors: Jonathan Holslag, Vrije Universiteit Brussel (Belgium) Publication date: 11.06.2007Study available in EN, ES

Title: Chinese Resources and Energy Policy in Latin AmericaAuthors: Duncan Freeman, Jonathan Holslag, Brussels Institute of

Contemporary Chines Studies (Belgium); Rhys Jenkins, Economics School of Development Studies, UEA (United Kingdom)

Publication date: 18.06.2007Study available in EN, FR, PT

Title: Skilled Worker Migration and the Development DebateAuthors: Johan Wets, Katholieke Universiteit Leuven (Belgium)Publication date: 25.07.2007Study available in EN

Title: Le travail décent dans les pays en développementAuteur: Isabelle Daugareilh, CNRS Université Montesquieu Bordeaux IV

(France)Étude 17.07.2007 Study available in FR

Title: How Effective is EU Aid on the Ground? A Comparative Assessment of EU Aassistance in Cambodia, Mozambique and Peru

Authors: Alina Rocha Menocal, Geoff Handley, Sue Graves, ODI (United Kingdom); Maria Teresa Albareda, Carlos Eduardo Aramburú, Pontificia Universidad Católica del Perú

Publication date: 02.10.2007Study available in EN, FR

Title: Policy Coherence for Development and the Effects of EU Fisheries Policies on Development in West Africa

Authors: L. Bartels, University of Edinburgh, L. A. de la Fayette, Oceans and Environment International, H. Davies, Sustainable Fishing Solutions Ltd, L. Campling, School of Oriental and African Studies (United Kingdom)

Publication date: 29.08.2007Study available in EN

Title: The Challenge of the EU development co-operation Policy for New Member States

Authors: Jeff Lovitt and Eva Rybková, Policy Association for an Open Society, PASOS (Czech Republic)

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Publication date: 29.11.2007Study available in EN

Title: Assessment of Programming Documents for the Accompanying Measures Sugar Protocol Programme under the Development Cooperation Instrument

Author: Paul Goodison, GDC Partners, (Belgium) Publication date: 15.01.2008Study available in EN

Title: EU Election Observation: Achievements, ChallengesAuthors: Michael Meyer-Resende, Democracy Reporting International

(Portugal) Publication date: 27.06.2008Study available in EN

Title: A comparative study of executive structures of development cooperation and their adequacy for the realisation of the MDGs

Authors: Mirjam van Reisen and Joyce Haarbrink, EEPA (Belgium)Publication date: 12.01.2009Study available in EN

Title: Use and Monitoring of Budget Support - A Comparative Analysis of Parliamentary Scrutiny over Budget Support in the EU

Authors: Alta Fölscher, Ann Bartholomew and Rebecca Carter, Mokoro Ltd, (United Kingdom)

Publication date: 04.11.2008Study available in EN, FR

Title: The protection of Civilians during peacekeeping operationsAuthors: Marta Martinelli, Institute of European Studies, University of

Brussels (Belgium)Publication date: 19.06.2008Study available in EN

Title: Clinical trials in Developing Countries: How to Protect people against unethical practices?

Author: Irene Schipper, Center for Research on Multinational Companies (SOMO) (Netherlands)

Publication date: 27.03.2009 Study available in EN

Title: The CARIFORUM - EU Economic Partneship Agreement (EPA): the development component

Authors: Mareike Meyn, Christopher Stevens, Jane Kennan and Nick Highton, ODI (UK); Sanoussi Bilal, Corinna Braun-Munzinger,

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Dan Lui and Jeske van Seters, ECDPM; Collette Campbell and John Rapley, Caribbean Research Policy Institute, CaPRI

Publication date: 02.04.2009 Study available in EN

Title: Production and use of biofuels in developing countriesAuthors: Steve Wiggins and Chris Stevens, ODI (United Kingdom);

Ruth Nussbaum and Kate Bottriell, ProForest (Netherlands)Publication date: April 2009 Study available in EN

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ANNEX 4 - SECRETARIAT OF THE COMMITTEE ON DEVELOPMENTCO-SECRETARIAT OF THE ACP-EU JOINT PARLIAMENTARY

ASSEMBLYBRUXELLES STRASBOURG

Situation on 04.06.2009 Telephone+32 2 28 ....

OfficeWIB

Telephone+333881.....

OfficeSDM

Dietmar NICKEL, Director-General Sylvia FALKENSTEIN Alexandra SALZER

427593289632823Fax 46840

04M00304M00904M007

7407972146

Fax 79061

G01028G01030G01030

Marco AGUIRIANO, Director Claire REIDY Laetitia THOMAS

430364406938016

03M00303M00503M007

724337703672761

G01035G01034G01034

Michael WOOD, Head of [email protected]

Ingrid [email protected]

46060

31357

03M011

03M013

76060

74272

G01042

G01044

Guido van [email protected]

Dolores RUIZ [email protected]

43740

43522

03M017

03M019

72578

77056

G01046

G01044

Francis [email protected]

Alyson [email protected]

32788

40945

03M023

03M019

64169

77056

G01041

G01044

Bettina DE SOUZA [email protected]

Marianne [email protected]

42153

46550

03M035

03M027 77056 G01044

Anne [email protected]

Pascale [email protected]

41327

40663

03M029

03M021

74105

73338

G01046

G01044

Nikolina [email protected]

Leena [email protected]

38041

43638

03M033

03M027

64169

73338

G01041

G01044

Marika [email protected]

Petra [email protected]

32785

43429

03M025

03M021

64141

73338

G01041

G01044

Tom [email protected]

31028 03M045

Armelle [email protected]

43806 03M037

Jose Carlos ILLAN [email protected]

38037 03M015 64169 G01041

Marianne [email protected]

43630 03M009 74924 G01043

STAGIAIRES

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FAX 4 90 67 7 99 75

ANNEX 5 - DEVELOPMENT COOPERATION IN THE TREATY

"TREATY OF AMSTERDAM AMENDING THE TREATY ON EUROPEAN UNION, THE TREATIES ESTABLISHING THE EUROPEAN COMMUNITIES

AND RELATED ACTS" (Official Journal C 340, 10 November 1997)

TITLE XXDEVELOPMENT COOPERATION

Article 177 1. Community policy in the sphere of development cooperation, which shall be complementary to the policies pursued by the Member States, shall foster: - the sustainable economic and social development of the developing countries, and more particularly the most disadvantaged among them; - the smooth and gradual integration of the developing countries into the world economy; - the campaign against poverty in the developing countries. 2. Community policy in this area shall contribute to the general objective of developing and consolidating democracy and the rule of law, and to that of respecting human rights and fundamental freedoms. 3. The Community and the Member States shall comply with the commitments and take account of the objectives they have approved in the context of the United Nations and other competent international organisations.

Article 178 The Community shall take account of the objectives referred to in Article 177 in the policies that it implements which are likely to affect developing countries.

Article 179 1. Without prejudice to the other provisions of this Treaty, the Council, acting in accordance with the procedure referred to in Article 251, shall adopt the measures necessary to further the objectives referred to in Article 177. Such measures may take the form of multiannual programmes. 2. The European Investment Bank shall contribute, under the terms laid down in its Statute, to the implementation of the measures referred to in paragraph 1. 3. The provisions of this Article shall not affect cooperation with the African, Caribbean and Pacific countries in the framework of the ACP-EC Convention.

Article 180 1. The Community and the Member States shall coordinate their policies on development cooperation and shall consult each other on their aid programmes, including in international organisations and during international conferences. They

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may undertake joint action. Member States shall contribute if necessary to the implementation of Community aid programmes. 2. The Commission may take any useful initiative to promote the coordination referred to in paragraph 1.

Article 181 (ex Article 130y) Within their respective spheres of competence, the Community and the Member States shall cooperate with third countries and with the competent international organisations. The arrangements for Community cooperation may be the subject of agreements between the Community and the third parties concerned, which shall be negotiated and concluded in accordance with Article 300. The previous paragraph shall be without prejudice to Member States' competence to negotiate in international bodies and to conclude international agreements.