dips no sus: reflexões atuais para a realidade brasileira cpqrr - fiocruz curso de pg em ciÊncias...

21
DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

Upload: internet

Post on 17-Apr-2015

103 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira

CPqRR - FIOCRUZCURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

JOÃO CARLOS PINTO DIAS

2007

Page 2: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

DIPs e SUSAspectos Gerais e Princípios

SUS: histórico e antecedentes Por quê somente depois de 1985 Pressupostos básicos:

Equidade (Justiça Social) Universalidade Integralidade Dever de Estado Ações executivas na ponta Harmonia e fluxo adequado entre os 3 níveis Financiamento adequado e sustentado Controle Social Participação popular

2/21

Page 3: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

Saúde e Estado: Utopias emalguns pressupostos

fundamentais :

• Um Estado mínimo em Democracia• Um estado mínimo de cidadania e

participação• Um Processo de Educação Libertadora• Mínima organicidade institucional• Mínima eficiência institucional• Financiamento compatível e

sustentado• DIPS: Exigência precípua de

saneamento e política ambiental

Page 4: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

ASPECTOS ESTRUTURAIS I: generalidades

Importância das referências regionais:Laboratórios (diagnóstico, entomologia, malacologia)Clínica: cardiologia, cirurgia, TEConsolidação epidemiológicaRelações intermunicipais

Habitação, Saneamento e Educação (base social)Crédito político e continuidade programáticaDisponibilidade da informação local/regionalRelações específicas entre níveis de governo, esfera privada e população.

Page 5: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

ASPECTOS ESTRUTURAIS II: TEMAS PRÁTICOS e ESTRATÉGICOS ao nível regional/municipal

Supervisão e capacitação: papel das SES/DRSs (DADs)Insumos estratégicos: Estado e UniãoFinanciamento: Definir relevância, interesse, Teto de

Epidemiologia e PPIInstitucionalizar a vigilância na SMSPerspectiva adicional: Consórcios IntermunicipaisPerspectivas operativas: ACS e PSFNecessidade importante: aspectos educativosDiscutir DIPs nas Conferências e Conselhos MSAproveitar objetivamente os agentes da antiga FNS

5/21

Page 6: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPsASPECTOS ESTRUTURAIS III

A) Conselhos Municipais de Saúde: programar rotineiramente revisões das planilhas de incidência e morbi-mortalidade, elencando os agravos. Designar comissões de acompanhamento. Convocar especialistas frente a situações de interesse.

B) Conferências de Saúde: aproveitar para discutir a epidemiologia e medidas pertinentes aos principais agravos;

Consorcios intermunicipais de Saúde: estabelecer referências clínicas, laboratoriais e hospitalares. Eventualmente, trabalho consorciado em controle de vetores e pesquisas epidemiológicas.

PACs e ACS: divulgação e apoio às ações de vigilância e detecção + encaminhamento de casos

Page 7: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPsASPECTOS ESTRUTURAIS IV

LACENs e Academia (principais papéis): referência laboratorial referência clínica e elucidação de casos formação e reciclagem de RH supervisão a municípios e serviços vigilância sanitária sobre kits e

procedimentos pesquisa básica e operacional

Page 8: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

Macro visão atual: dois lados.

As macro estruturas políticas como os governos

e partidos políticos carecem de compromisso histórico e estão caracterizados por falta de referências éticas, por corrupção e por imediatismo;

Dos programas e projetos de real

interesse das comunidades, como os de controle das DIPs , pode ampliar-se uma nova consciência coletiva, para servir como ponte e estímulo para uma nova realidade social, mais conseqüente e saudável.

(Max Neef, Pedro Demo, Paulo Freire)

Page 9: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

DIPs no Sistema Único de Saúde ,

Aspectos da descentralização

TEORICAMENTE, A MAIORIA DAS AÇÕES ENCONTRA-SE DISPONÍVEL E PODE SER LEVADA A CABO NOS MUNICÍPIOS, NA

DEPENDÊNCIA DE INTERESSE E CAPACIDADE INSTALADA:

Controle vetorial: factível no município, principalmente vigilânciaVigilância: as ações devem ser contínuas e preferentemente envolver participação comunitáriaReferenciais macro-regionais: são importantes na capacitação e supervisão dos municípiosAo Estado compete: articulação entre municípios, normatização técnica, aquisição de insumos em escala, consolidação epidemiológica e eventualmente ações supletivas;Ações especiais: em áreas indígenas, de fronteiras ou de segurança nacional dependem de políticas especiais ;Sangue e hemoderivados: pressupostos do SUS/LOSInfectado: acesso, competência local, referência/contra-referência

9/21

Page 10: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

DIPs no Sistema Único de Saúde ,Aspectos da descentralização II

Interação necessária no Município entre as equipes de vigilância e RBS com a rede hospitalar e sistemas regionais de referência

Otimização do sistema de informação epidemiológica

Fortalecimento técnico das equipes regionais de referência

Otimização e racionalização de programas especiais e atividades afins

Page 11: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

Aspectos Fundamentais para o SUS Epidemiologia e Controle das DIPs

A) O contexto sócio-econômico é a base da doençahumana. Os fatores principais são: • Pobreza e provisoriedade, • Habitação, migrações e ação antrópica. • Instabilidade política e debilidade do Estado.

B) As DIPs são geralmente vulneráveis às ações, mas sua demanda social e política e seu “mercado” são mínimos

C) Os elementos determinantes do controle pressupõe: - Dados epidemiológicos básicos (especialmente impacto) - Decisão política e continuedade das ações - Expertise & recursos humanos

Page 12: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

DIPS: aspectos particulares na América Latina

• Refletem a história e o social da Região• Refletem a questão da equidade• Implicam em perdas, danos e baixa estima• Pequena expressão política e baixa demanda social• Mercado efetivo inexpressivo, com clientela governamental• Dependência de políticas públicas• Oportunidade a ações integradoras e globais:

- Mercado- Cooperação técnica- Iniciativas intergovernamentais: ação e reforço

Page 13: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs : INDICADORES TÉCNICOS E OPERACIONAIS A PERSEGUIR EM DISTINTOS

NÍVEIS E SITUAÇÕES

• AGRAVOS: Morbidade, mortalidade, incidência, prevalência, vulnerabilidade, transcendência• CONTROLE VETORIAL: infestação, dispersão, clusters• CONT. TRANSFUSIONAL: cobertura de qualidade• ATENÇÃO MÉDICA: acesso, resolutividade• HABITACIONAL: políticas, qualidade, manejo, PD• SANEAMENTO: políticas, acesso, qualidade• EDUCACIONAL: consciência, participação• FINANCEIRO: sustentabilidade• POLÍTICO: interesse, continuidade, participação• AMBIENTE: preservação, consciência, respeito 13/21

Page 14: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

A Saúde na Construção do Estado Indicadores políticos e sociais a

perseguir Nível de transparência do setor Nível de Integração efetiva entre setores Nível e qualidade de participação popular Qualidade, funcionamento e impacto de conselhos,

conferências, câmaras técnicas, comissões bi e tripartites Nível e tipo de envolvimento de governantes, políticos e

lideranças sociais no processo Capacidade de planejamento e pactuação Crescimento dos indicadores de bem estar e ambientais Compatibilidade de custos com a realidade econômica e o

setor privado Nível de discussão, participação e planejamento em

Saúde nas agendas governamentais e dos partidos políticos.

Page 15: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs : características particulares frente à globalização

Modelo econômico num impacto positivo:- Produção em escala e modernização= melhoria habitacional e menor densidade demográfica, diminuindo riscos de domiciliação de vetores, inclusive através do manejo ambiental (defensivos + cultivos extensivos).- Implementação e expansão da rede de atenção médica.-Progressiva inserção do infectado no mercado formal de trabalho e na seguridade social

Modelo político numa perspectiva positiva:- Ação descentralizada/municipalizada, com perspectivas de melhor controle social e sustentabilidade da vigilância (médio/longo prazo)- Conglomerados municipais facilitanto/otimizando atenção ao infectado (curto-médio prazo)- Ação compartida entre países em controle, ciência e tecnologia (“Iniciativas”)

Page 16: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs: Cenários e contingências em Medicina e Saúde: complementos específicos.

•EVOLUÇÃO EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO:•Poder emergente e praticamente incontrolável •Fatores de desigualdade, separação e dominação

• ELEMENTOS DE CRISE NA MEDICINA (limites):• os progressos e benefícios (incluindo alimento, saneamento, atenção) não atingem a toda a humanidade;• crescimento de custos, submissão ao mercado, desperdício.

16/21

Page 17: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

Construindo e aperfeiçoando o Estado :

POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE

1. POLÍTICAS ESTRUTURAIS: voltadas às causas mais profundas e conjunturais (ambiente, educação, renda, etc)

2. POLÍTICAS ESPECÍFICAS: voltadas à formulação do sistema e a programas especiais

3. POLÍTICAS LOCAIS: voltadas ao cotidiano particular dos governos municipais, com atuação sobre necessidades sentidas e reais, e sob efetivo controle social.

Page 18: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs. A Saúde na Construção do Estado I : Alguns pontos específicos a

considerar

O SUS é um lactante, deve crescer, mas pode sucumbir (há muitos interesses em jogo)

Do exercício do SUS se pode construir a cidadania: clareamento de conceitos, medição de resultados, interpretação de situações, correções de rumos, ampliação da participação;

Estímulo para propostas políticas e avaliação de coerência (e competência) de governos e sistemas

DIPs: ocorrência como indicadora de inequidade social e apelo ao entendimento da população e motivação para ações preventivas (reversão de paradigma).

Page 19: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

A Saúde na Construção do Estado II ( advertências de Amélia Cohn, 1997)

“É preciso reconstruir a articulação entre políticas econômicas e políticas sociais, de tal forma que o desenvolvimento econômico não imponha sua lógica sobre as políticas sociais.

Por outro lado, há que se tirar das políticas de focalização o caráter emergencial, clientelista e assistencialista. Há o risco de que o modelo atual das políticas sociais estimule uma competição entre estados e municípios, transformando os canais institucionais numa arena de disputa por recursos e numa lógica perversa da relação do Estado com os pobres” 19/21

Page 20: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs

A Saúde na Construção do Estado III :Relações com o setor privado.

Existe significativa presença e ação do setor privado em países como o Brasil, compreendendo inúmeras formas de relação com o Estado e os setores públicos de saúde;Não tem sido satisfatória a participação deste setor na saúde pública e ações preventivas nos países pobres, embora, em ações curativas, freqüentemente se diferencie em boa qualidade e eficiência (custos e padrões UNIMED;

O Estado deve proteger os consumidores, regular os serviços, re-estruturar o mercado, exercer vigilância sanitária, regularizar setores e atividades informais e clandestinas, chamar à parceria e formalizar um relacionamento ético.

Page 21: DIPs no SUS: reflexões atuais para a realidade brasileira CPqRR - FIOCRUZ CURSO DE PG EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JOÃO CARLOS PINTO DIAS 2007

SUS E DIPs - final

-Pontuações ao final, como um chamado a uma nova agenda para o

mundo contemporâneo:O contexto é processual, amplo, geracional e universal. Cabe-nos particularmente, no Brasil, em nossa prática e em nosso tempo, uma contribuição específica e concreta, pequena ajuda, nossa parte, como liderança, serviço e academia.

Um indicativo para o Brasil: País emergente, com pólos de pobreza e excelência, possibilidades de incluir-se e exemplificar uma saída ao III Mundo, especialmente se crescer em C & T, maturar sua cidadania, exemplo e aceno a uma nova ética político-social.

O momento é oportuno, os atores muitos, os protagonistas conseqüentes, nem tanto. Nossa própria categoria se debate e indefinições e inseguranças. Mas é um bom momento, é nosso, foi esta a proposta da reflexão.

****