dione seabra de carvalho tecnologia educacional para ... · ilma pastana ferreira dra. em...

184
Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Escola de Enfermagem “Magalhães Barata” Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Mestrado Dione Seabra de Carvalho Belém-Pará 2014 TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS: construção de um guia de orientação para cuidados com a pele periestoma

Upload: phamdieu

Post on 10-Dec-2018

247 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado

Dione Seabra de Carvalho

Belém-Pará

2014

TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS:

construção de um guia de orientação para cuidados com a pele

periestoma

Page 2: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação do Curso de Mestrado Associado em

Enfermagem da Escola de Enfermagem “Magalhães

Barata” do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

da Universidade do Estado do Pará e da Universidade

Federal de Manaus, como requisito para exame de

defesa. Em cumprimento às exigências para obtenção

do título de Mestre em Enfermagem.

Linha de pesquisa: Educação e tecnologias de

enfermagem para o cuidado em saúde a indivíduos e

grupos sociais.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Gracinda Ignácio da

Silva.

Dione Seabra de Carvalho

Belém-Pará

2014

TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS:

construção de um guia de orientação para cuidados com a pele

periestoma

Page 3: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Dados Internacionais de Catalogação na publicação

Biblioteca do Curso de Enfermagem da UEPA – Belém - Pá

C331t Carvalho, Dione Seabra de

Tecnologia educacional para estomizados: construção de um guia de orientação para cuidados com a pele periestoma. / Dione Seabra de Carvalho ; Orientadora: Ana Gracinda Ignácio da Silva. -- Belém, 2014.

183f. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2014.

1. Intestinos - Cirurgia. 2. Autocuidado. 3. Cuidados pessoais com a saúde. 4. Tecnologia educacional. 5. Educação em saúde. I. Silva, Ana Gracinda Ignácio da (Orient.). II. Título.

CDD: 21 ed. 617.554

Page 4: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação do Curso de Mestrado Associado em

Enfermagem da Escola de Enfermagem “Magalhães

Barata” do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

da Universidade do Estado do Pará e da Universidade

Federal de Manaus, como requisito para exame de

defesa. Em cumprimento às exigências para obtenção

do título de Mestre em Enfermagem.

Linha de pesquisa: Educação e tecnologias de

enfermagem para o cuidado em saúde a indivíduos e

grupos sociais.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Gracinda Ignácio da

Dione Seabra de Carvalho

TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS:

construção de um guia de orientação para cuidados com a pele

periestoma

.

Data: ___/___/___

Banca Examinadora

________________________________________ - Orientadora Profª. Drª. Ana Gracinda Ignácio da Silva Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) ________________________________________ - Examinador interno Profª. Drª. Maria Izabel Penha Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) ________________________________________ - Examinador externo Profª. Drª. Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ)

Belém-Pará

2014

Page 5: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Dedico ao DEUS eterno por fortalecer

meu viver e me dar sabedoria nessa

caminhada de minha existência. Adoro-

te, Senhor, porque és fiel e tuas

promessas nunca se esgotam.

Page 6: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado força e perseverança nessa caminhada, durante todos

esses meses de desafio e agora na finalização deste trabalho, tornando possível a

realização de mais um sonho. Obrigada Deus soberano, misericordioso e

sustentador da vida.

A minha mãe, que com sua simplicidade e dificuldade investiu em minha formação

como pessoa e profissional.

A minha orientadora, professora Dra. Ana Gracinda, minha admiração e

agradecimento especial. Tive a felicidade de conhecê-la no percurso do mestrado,

um exemplo de pessoa e profissional. Acreditou neste projeto, dividiu sua

experiência e trabalhou junto para que ele se tornasse possível. Obrigada pelos

ensinamentos.

A minha filha, tesouro dado por Deus que entendeu as minhas ausências no seu

dia a dia para trilhar essa caminhada do mestrado. Meu amor incondicional.

A Sabrina minha querida sobrinha, filha, amiga e companheira pelo incentivo, apoio

e formatação dos slides das minhas apresentações.

Ao meu amor, amigo e companheiro Maurício Nascimento, pelo carinho, incentivo,

apoio, compreensão. Por acreditar no meu potencial, me auxiliando e orientando nas

dificuldades do dia a dia.

A minha amiga enfermeira Marcia Helena Nascimento, por ter idealizado a

construção deste trabalho, me apoiando e me incentivando na busca do mestrado,

por ter me atendido e me orientado sempre que necessário.

A minha amiga enfermeira Sandra Ferreira, companheira e parceira, pelos

ensinamentos quanto aos cuidados com os estomizados. Pessoa maravilhosa,

dedicada, exemplo de profissional.

Ao amigo enfermeiro Levindo Braga, pelo companheirismo, contribuições e

dedicação ao participar na construção deste estudo.

Page 7: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Aos professores do Mestrado Acadêmico em Enfermagem da Universidade do

estado do Pará, que contribuíram de forma significativa para meu aperfeiçoamento

profissional.

Às professoras Doutoras Maria Izabel Penha e Ilma Pastana Ferreira, pelo aceite

em compor a banca para a sustentação deste trabalho, e pelas valiosas

contribuições.

Aos colegas da turma do Mestrado Associado em Enfermagem da UEPA/UFAM,

turma 2012, pelos momentos especiais nestes dois anos de aprendizado.

Aos estomizados participantes do estudo, pela disposição em contribuir com esta

pesquisa, por compartilharem suas angústias, sofrimentos, dificuldades, superação,

experiências, saberes, conhecimentos e pela relação de confiança estabelecida. Sua

disponibilidade foi imprescindível para a concretização desta dissertação.

E, por fim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a

realização deste estudo.

Page 8: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

Não é o mais forte que sobrevive, nem

o mais inteligente, mas o que melhor

se adapta às mudanças.

Charles Darwin

Page 9: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

CARVALHO, Dione Seabra. Tecnologia Educacional para Estomizados: construção de um guia de orientação para os cuidados com a pele periestoma. 2014. 183 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2014.

RESUMO

Este estudo trata da construção de uma tecnologia educacional para mediar a orientação sobre os cuidados com a pele periestoma de pessoas estomizadas. Teve como objetivo geral: construir uma tecnologia educacional (guia) de orientação sobre os cuidados com a pele periestoma em parceria com os estomizados acolhidos em um Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, no sentido de instrumentalizá-los quanto à prevenção da dermatite periestoma, com vistas a diminuir a frequência desta complicação nestes usuários. Os específicos: identificar as condições que interferem no autocuidado com a pele periestoma pelo estomizado; verificar quais os cuidados dos estomizados com a pele periestoma que poderiam contribuir com o conteúdo tecnológico para o autocuidado; levantar os cuidados com a pele periestoma referenciados na literatura, que fossem apropriados ao cotidiano dos estomizados. As Tecnologias Educacionais são ferramentas importantes para a realização do trabalho educativo e o desempenho do processo de cuidar. Pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando o método da pesquisa-ação; coleta dos dados através da técnica do grupo focal com oito estomizados. A análise dos registros foi de conteúdo do tipo temática, que originou quatro categorias: o material educativo como fonte de conhecimento; dificuldades para o cuidado com a pele periestoma; autocuidado com a pele periestoma; e tecnologia educacional para estomizados. A partir desses dados foi possível a construção da tecnologia educacional. Portanto, torna-se relevante a contribuição de tecnologias educativas escritas no contexto da educação em saúde e o papel desse recurso para se promover a saúde, prevenir complicações, desenvolver habilidades e favorecer a autonomia e confiança do paciente.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia educacional, Educação em saúde, Autocuidado, Enfermagem, Pele periestoma.

Page 10: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

CARVALHO, Dione Seabra. Educational Technology for Stomized: construction of an orientation guide for the care with the peristoma skin. 2014. 183 f. Dissertation (Master in Nursing) - University of the State of Pará, Belém, 2014.

ABSTRACT

This study introduces the construction of an educational technology to measure the orientation about the cares with the skin peristoma of stomized people. Its general objective is: build an educational technology (guide) of orientation about the care of the skin peristoma in partnership with stomized welcomed in a Attention Service of People Stomized, in the sense to instrumentalize them about the prevention of dermatitis peristoma with order to decrease the frequency of this complication in users. Specifics: identify the conditions that interfere in the self-care with the peristoma skin of people stomized; check which the cares with the stomized with the peristoma skin that could contribute to the technological content for self-care; lift the care with the peristoma skin referenced in the literature, which were appropriated to the daily lives of ostomates. The Educational Technologies are important tools for the realization of the educational work and performance of the care process. Research of approach qualitative using the method of action research; data collection through focus group technique with eight stomized. The analysis of the records was thematic content, which originated four categories: the educational material as a source of knowledge; difficulties to the care with the peristoma skin; self-care with peristoma skin; and educational technology to stomized. From these data it was possible the construction of educational technology. Therefore, it becomes important the contribution of written educational technologies in the context of health education and the role of this feature to promote health, prevent complications, develop skills and promote autonomy and patient confidence.

KEYWORDS: Educational Technology, Health Education, Self-Care, Nursing, peristoma Skin.

Page 11: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Dermatite irritativa...................................................................... 30

Figura 2: Dermatite alérgica...................................................................... 30

Figura 3: Dermatite por trauma mecânico................................................. 31

Figura 4: Dermatite por infecção............................................................... 31

Figura 5: Dispositivo peça única................................................................ 33

Figura 6: Dispositivo duas peças............................................................... 33

Figura 7: Bases planas.............................................................................. 33

Figura 8: Bases convexas......................................................................... 33

Figura 9: Cinto elástico.............................................................................. 34

Figura 10: Presilhas para bolsas drenáveis............................................... 34

Figura 11: Guia de mensuração................................................................. 35

Figura 12: Filtro de carvão......................................................................... 35

Figura 13: Solução lubrificante neutralizadora de odor.............................. 36

Figuras 14, 15 e 16: Películas protetoras de pele periestoma................... 36

Figura 17: Pasta niveladora........................................................................ 37

Figura 18: Pó protetor................................................................................. 37

Figura 19: Higienizador de pele.................................................................. 38

Page 12: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Caracterização dos participantes da pesquisa..................................... 75

Quadro 2: Percepção dos estomizados sobre o material educativo que esclareça

sobre os cuidados com a pele periestoma.............................................................. 76

Quadro 3: Condições que interferem no cuidado com a pele periestoma............. 79

Quadro 4: Autocuidado com a pele periestoma..................................................... 84

Quadro 5: Temas para conter no material educativo ......................................... 90

Page 13: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABL - Academia Brasileira de Letras

ABRASO - Associação Brasileira de Ostomizados

AOPA – Associação dos Ostomizados do Pará

BDENF - Bases de Dados de Enfermagem

BVS - Biblioteca Virtual de Saúde

CEP – Comitê de Ética e Pesquisa

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

RIL - Revisão Integrativa de Literatura

SOBEST - Associação Brasileira de Estomaterapia

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UEPA – Universidade do Estado do Pará

URES - Unidade de Referência Especializada em Saúde

Page 14: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15

1.1. Sobre o tema em estudo ................................................................................... 16

1.2. Justificativa ....................................................................................................... 19

1.3. Problematização................................................................................................ 21

1.4. Questões norteadoras ...................................................................................... 23

1.5. Objetivos ........................................................................................................... 24

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 25

2.1. Estoma: Conceito, aspectos históricos, classificação, causas e complicações . 26

2.2. Dispositivos, acessórios e adjuvantes de proteção para o cuidado dos

estomizados ..................................................................................................... 32

2.3. Cuidados com a pele periestoma e troca do dispositivo coletor ...................... 38

2.4. Autocuidado ..................................................................................................... 41

2.4.1. A Teoria do Déficit do Autocuidado- segundo Orem ..................................... 42

2.5. Tecnologias em Enfermagem .......................................................................... 45

2.6. O cuidar Educativo do Enfermeiro com a pele periestoma de estomizados

intestinal e urinário: Estado da arte ................................................................. 48

CATEGORIA A: A Importância do autocuidado para a qualidade de vida do

estomizado mediada por tecnologia educacional .................................................... 50

CATEGORIA B: Autopercepção e percepção do profissional que cuida ................ 52

3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ...................................................................... 54

3.1. Método e tipo de estudo ................................................................................ 55

3.1.1. Considerações sobre o método Pesquisa-Ação ........................................... 56

3.2. Cenário da pesquisa ..................................................................................... 61

3.3. Participantes da pesquisa ............................................................................. 62

3.4. Coleta de dados ............................................................................................ 62

3.4.1. O grupo focal no contexto deste estudo ....................................................... 64

3.4.2. Passo a passo da coleta de dados ............................................................... 65

3.5. Aspectos éticos ............................................................................................. 68

3.5.1. Riscos e benefícios ....................................................................................... 70

3.6. Análise dos dados ......................................................................................... 70

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 73

Page 15: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

4.1. Caracterização dos participantes .................................................................. 74

4.2. Categorias identificadas ................................................................................ 76

4.2.1 CATEGORIA 1: O material educativo como fonte de conhecimento .............. 76

4.2.2. CATEGORIA 2: Dificuldades para o cuidado com a pele periestoma

....................................................................................................................................79

4.2.3. CATEGORIA 3: O autocuidado com a pele periestoma .................................84

4.2.4. CATEGORIA 4: Tecnologia educacional para estomizado............................90

4.2.4.1. A CONSTRUÇÃO DA VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

...................................................................................................................................94

4.2.4.2. VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL .................................96

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 120

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 124

7. APÊNDICES .................................................................................................... 135

8. ANEXOS .......................................................................................................... 180

Page 16: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

15

I. INTRODUÇÃO

Page 17: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

16

1.1. Sobre o tema em estudo

Este estudo trata da construção de uma tecnologia educacional para

mediar a orientação sobre os cuidados com a pele periestoma de pessoas

estomizadas1.

A tecnologia ainda é muito relacionada a máquinas, computadores,

equipamentos, e pouco relacionada com saberes. No entanto, é considerada como

um elemento essencial na construção do “saber-fazer” da saúde, inclusive da

enfermagem, permeando e influenciando suas bases teórico-práticas (MEIER,

2004). Para Nietsche et al. (2005), tecnologia é o resultado de processos

concretizados a partir de experiência cotidiana e da pesquisa, para o

desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos científicos para a construção de

produtos materiais ou não, com a finalidade de provocar intervenções sobre uma

determinada situação prática. Além disso, as tecnologias desenvolvidas por

enfermeiros devem ter como finalidade facilitar seu trabalho e melhorar a qualidade

da assistência por eles prestada.

Na área da saúde, a temática da tecnologia assume papel importante no

cotidiano dos profissionais. Para além de máquinas e equipamentos, estão à

disposição dos profissionais e usuários os mais diversos tipos de tecnologias:

educacionais (dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender,

utilizados entre educadores e educandos, nos vários processos de educação formal-

acadêmica, formal-continuada); gerenciais (dispositivos para a mediação de

processos de gestão, utilizados por profissionais nos serviços e unidades dos

diferentes sistemas de saúde); assistenciais (dispositivos para a mediação de

processos de cuidar, aplicados por profissionais com os clientes-usuários dos

sistemas de saúde – atenção primária, secundária e terciária) (PRADO et al., 2009;

NIETSCHE et al., 2005).

1 Pessoas Estomizadas: são aquelas cujo trato intestinal e/ou urinário é desviado cirurgicamente do

seu trajeto natural, não exercendo mais controle sobre essas eliminações (CASCAIS, MARTINI e ALMEIDA, 2007). .

Page 18: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

17

As tecnologias em saúde são classificadas como leves, leves-duras e

duras. A tecnologia dura é representada pelo material concreto, como

equipamentos, mobiliário; a tecnologia leve-dura inclui os saberes estruturados

representados pelas disciplinas que operam em saúde, a exemplo da clínica médica,

odontológica, epidemiológica, entre outras; e a tecnologia leve se expressa como o

processo de produção da comunicação, das relações, de vínculos que conduzem ao

encontro do usuário com necessidades de ações em saúde (MEHRY, 2002).

No campo da saúde, embora as categorias tecnológicas se inter-

relacionem, não deve prevalecer a lógica do “trabalho morto”, aquela expressa nos

equipamentos e saberes estruturados. O ser humano necessita das tecnologias de

relações, de produção de comunicação, de acolhimento, de vínculos, de

autonomização, denominadas “tecnologias leves”. Essas tecnologias têm sempre

como referência o trabalho que se revela como ação intencional sobre a realidade

na busca de produção de bens/produtos que, necessariamente, não são materiais,

duros, palpáveis, mas podem ser simbólicos (SILVA et al., 2008). No contexto da

saúde, as Tecnologias Educacionais integram o grupo das tecnologias leves,

denominadas tecnologia de relações. São ferramentas importantes para a realização

do trabalho educativo e o desempenho do processo de cuidar (MERHY, 2002).

Uma tecnologia educacional voltada para orientar pessoas estomizadas é

importante, haja vista que, todos os anos, várias pessoas se submetem a

procedimentos cirúrgicos que resultam em estoma. Esse procedimento gera

inquietação, dúvida e questionamentos sobre suas novas possibilidades de bem-

estar, interação social e qualidade de vida, frente a essa nova condição física que

resulta, também, em alteração da imagem corporal (NASCIMENTO, 2010).

Os termos “ostomia”, “estoma” e “estomia” vêm de stoma, uma palavra de

origem grega e significa “abertura” ou “boca”, utilizada para designar a exteriorização

de um órgão através do corpo quando há necessidade de desviar, temporária ou

permanentemente, o trânsito normal da alimentação, ventilação e/ou eliminações

(STUMM et al., 2008). Incluem-se as situações em que é criada, artificialmente, uma

ligação do organismo para o exterior, como, por exemplo, a traqueostomia e a

colostomia (WACHS, 2007).

Em 2004, a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) fez

consulta à Academia Brasileira de Letras (ABL) sobre o uso dos termos “estomia” ou

“ostomia”, tendo em vista o uso corrente da palavra “ostomia”. A ABL, em resposta,

Page 19: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

18

esclareceu que “estoma” e “estomia” provêm do grego stoma. Associado a

“colo”(“cólon”) mais o sufixo -ia, por exemplo, forma a palavra “colostomia”. O

lexicógrafo-chefe, Sérgio Pachá, observa que a letra “o” presente na palavra

“colostomia” não pertence a “estoma”, e sim à palavra “colo”(“cólon”). Segundo o

especialista os termos corretos são “estoma” e “estomia”. A partir daí a SOBEST

passa a adotar a palavra “estomia”, enquanto que a Associação Brasileira de

Ostomizados (ABRASO) permanece utilizando “ostomia”, devido ao uso frequente e

sua visibilidade na indicação para políticas públicas (ESTEVES, 2009). Neste estudo

o termo utilizado será “estoma”.

Considerando-se os tipos de estoma, a colostomia é a mais frequente.

Caracteriza-se pela exteriorização do cólon através da parede abdominal, com o

objetivo de eliminação fecal. Já a abertura artificial entre o íleo, no intestino delgado,

e a parede abdominal, denomina-se ileostomia. A urostomia consiste na

exteriorização de condutos urinários para a parede abdominal, e é realizada em

pacientes portadores de doenças que envolvem a pelve renal, ureteres, bexiga e

uretra, com o objetivo de preservar a função renal (STUMM et al., 2008). As pessoas

que são submetidas à confecção de estoma intestinal e/ou urinário geralmente são

chamadas de ostomizadas ou estomizadas.

De acordo com a etiologia da doença, o cirurgião indica a realização de

um estoma temporário ou definitivo. Os temporários são aqueles que posteriormente

permitirão o restabelecimento da continuidade do trato intestinal, desde que se tenha

resolvido o problema que levou à confecção do estoma. Os definitivos ou

permanentes são realizados quando não existe a possibilidade de restabelecer o

trânsito intestinal, uma vez que o segmento distal do intestino foi extirpado (AGUIAR,

2009).

Para facilitar e auxiliar a reabilitação da pessoa estomizada são

oferecidos vários produtos, dentre os quais se destacam os equipamentos coletores

e os adjuvantes de proteção de pele que possibilitam maior conforto e melhor

qualidade de vida a essas pessoas. Além do uso do equipamento correto, o

estomizado requer um atendimento individualizado devido às transformações

radicais ocorridas em sua vida (MATSUBARA et al., 2012). Essas transformações

são limitações e dificuldades que podem ser minimizadas quando acompanhadas de

trabalho multiprofissional, no qual a enfermagem é de extrema importância,

oferecendo informações e cuidados, apoio e orientação à família e, principalmente, o

Page 20: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

19

acompanhamento durante e após seu período de adaptação (WACHS, 2007). Esta

pesquisa propõe uma tecnologia educacional para auxiliar pessoas estomizadas no

autocuidado com a pele periestoma.

1.2. Justificativa:

A convivência com o estoma exige da pessoa a adoção de inúmeras

medidas de adaptação e reajustamento às atividades do dia a dia, incluindo-se

nestas o aprendizado das ações de autocuidado com o estoma e com a pele

periestoma2. As ações específicas de autocuidado do estomizado são baseadas em

três fatores: a higiene do estoma e pele periestoma, a observação do estoma e pele

periestoma e os cuidados com o sistema coletor (YAMADA e YAMADA, 2012). Uma

assistência de enfermagem adequada, visando à reabilitação do estomizado,

minimiza as consequências biopsicossociais decorrentes de um estoma (MARTINS

e SILVA, 2006).

Quando o enfermeiro orienta e ensina o cuidado com o estoma e pele

periestoma ao estomizado, é importante que os procedimentos ligados aos cuidados

com a pele, manuseio dos dispositivos, remoção, troca e manutenção da bolsa

coletora sejam desenvolvidos em passos sequenciais lógicos, a fim de que possam

ser transportados para as situações do dia a dia no próprio domicílio (CEZARETTI,

1998).

Uma boa assistência de enfermagem deve começar no pré-operatório,

com a avaliação, orientações e cuidados com o preparo necessário para o

enfrentamento da cirurgia. E deve ser continuada durante o período em que a

pessoa permanece estomizada. O usuário deve ser orientado, ensinado e treinado

quanto às habilidades para assumir o seu autocuidado, envolvendo todos os

cuidados necessários em se tratando da manipulação do estoma, como: limpeza da

pele periestoma, especificação e disponibilidade dos dispositivos e adjuvantes de

proteção (LUZ et al., 2009).

A qualidade de vida do estomizado também é influenciada pelas afecções

da pele periestoma, e muitos fatores podem contribuir para isso. Primeiro, porque

2 Pele periestoma: é a pele ao redor do estoma, que deve estar lisa, íntegra, sem lesões ou

ferimentos (CROHNISTAS DA ALEGRIA..., 2013).

Page 21: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

20

existe a dor originada pela própria afecção, a qual pode ser extrema ao remover a

base adesiva; segundo, porque o aumento na eliminação de efluentes e a

associação com o mau odor podem resultar num estigma e embaraço, com a recusa

e afastamento de atividades sociais. Além de os gastos econômicos associados às

despesas em busca de atendimento especializado, secundário às desordens da pele

periestoma, poderem ter um impacto real no estomizado e na sua qualidade de vida

(YAMADA e YAMADA, 2012).

Para embasar a importância desta pesquisa, foi realizada uma Revisão

Integrativa de Literatura (RIL) para conhecer o estado da arte sobre o cuidar

educativo do enfermeiro com a pele periestoma de estomizados intestinal e urinário,

e identificar evidências científicas disponíveis sobre esse cuidado. A pesquisa foi

realizada eletronicamente, nos bancos de dados: Literatura Latino-Americana e do

Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF),

vinculados à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Foram utilizados para busca dos

artigos, os seguintes descritores e suas combinações na língua portuguesa: cuidado

com o ostomizado; ostomizado; cuidado com a pele periestoma; ostomizados e

autocuidado; ostomia; tecnologia educacional e ostomia; ostomia e enfermagem.

Adotou-se como recorte temporal o período de 2001 a 2012. Foram encontrados 84

artigos sobre o tema. Ao serem analisados, verificou-se que 56 encontravam-se

repetidos, restando apenas 28 artigos que falavam sobre o assunto.

A maioria dos artigos analisados foi de pesquisa de campo, publicados

em revistas de Enfermagem; a abordagem, qualitativa descritiva exploratória; os

sujeitos, predominantemente estomizados; os locais de pesquisa, em serviços de

estomaterapia; a coleta de dados, por meio de entrevistas; o tipo de análise mais

utilizada foi a de conteúdo; as Regiões com maior número de pesquisas, o Sul e

Sudeste, com destaque em São Paulo; os temas mais abordados foram em relação

ao principal motivo da confecção do estoma e sobre as complicações de pele,

indicando a dermatite periestoma como a mais frequente. Das 28 publicações

analisadas, nove abordaram sobre a importância dos cuidados e a educação em

saúde com os estomizados, com incentivo ao autocuidado.

Os resultados apontaram que há uma fragilidade na área do cuidar

educativo do enfermeiro com esses pacientes e, portanto, a importância de realizar

pesquisas que resultem concretamente em um trabalho educativo com os mesmos,

Page 22: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

21

como forma de contribuir na prevenção de complicações, como a dermatite

periestoma, uma das complicações mais frequentes nesses pacientes.

Diante disso, acredita-se que a construção de uma tecnologia educacional

(guia) como estratégia e instrumento de apoio terapêutico contendo orientações

específicas sobre os cuidados com a pele periestoma do estomizado contribuirá na

prevenção de complicações (dermatite periestoma), objetivando uma boa adaptação

dos dispositivos coletores, estimulando o seu autocuidado e visando à sua qualidade

de vida. Além disso, auxiliará no conhecimento dos familiares e/ou cuidadores dos

estomizados que também participam desse cuidado; dos profissionais de

enfermagem, pois será um instrumento educacional para auxiliar e mediar o cuidado

ao estomizado, assim como, para a comunidade acadêmica é um incentivo em

conhecer as reais necessidades dessa clientela e desenvolver trabalhos educativos

que possam estimular o seu autocuidado.

1.3. Problematização

A escolha em desenvolver o estudo surgiu na vivência como enfermeira

assistencial no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada da Unidade Referência

Especializada em Saúde (URES) – Presidente Vargas. Onde, por ocasião da

consulta de enfermagem ao estomizado para a avaliação e reavaliação do estoma,

da pele periestoma e indicação do equipamento coletor, percebeu-se a dificuldade

dos mesmos e/ou familiar cuidador no manuseio do equipamento coletor, assim

como no cuidado com a pele periestoma.

Observou-se com certa frequência, no decorrer de uma semana no

Serviço, durante as consultas de enfermagem para avaliação e reavaliação, que

entre 12 estomizados atendidos, em média cinco deles apresentavam lesões de pele

periestoma graves, ou, mesmo que não fosse grave, dificultava a aderência da base

adesiva à pele, levando a perdas frequentes de equipamento coletor. Esse problema

(lesão de pele periestoma) também causa dor, desconforto e sensibilidade local.

Isso provavelmente ocorre pelo pouco conhecimento dos usuários sobre o

modo de cuidar nesses casos, o que pode levá-los à baixa autoestima, já que os

mesmos relataram e demonstraram durante a avaliação dores intensas no local,

mostraram-se angustiados e inseguros, e comentaram sobre suas dificuldades e dos

seus familiares no dia a dia em lidar com essa situação. Essa situação vai ao

Page 23: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

22

encontro dos relatos desses usuários, quanto às orientações iniciais que eles

recebem no momento da alta hospitalar, que parecem não ser específicas e

suficientes para orientá-los no autocuidado com a pele periestoma. Tudo isso pode

interferir na sua qualidade de vida.

Da mesma forma que os estomas, a pele periestoma também pode ser

sede de complicações, sendo a dermatite a mais frequente. A ocorrência dessa

complicação é agravada pela presença de complicações no estoma, devido às

dificuldades em aderir os dispositivos coletores. Além disso, outros fatores são

apontados como desencadeadores nessa afecção, tais como: inadequação dos

dispositivos ao tipo de estoma, bem como a má utilização; a sensibilidade aos

componentes químicos desses dispositivos e a higienização precária (YAMADA et

al., 2003).

De acordo com Chilida et al. (2007), a dermatite periestoma é uma das

complicações relacionadas à prática do autocuidado. Em seu estudo, realizado com

436 pacientes do serviço de atendimento à pessoa com estoma de uma cidade do

interior de São Paulo, mostrou que as principais complicações encontradas foram

dermatite (42,89%), hérnia periestoma (12,16%), retração (12,16%), estoma plano

(11,24%), edema (7,57%), granuloma (6,42%), prolapso (6,42%) e diarreia (5,73%).

O estudo retrospectivo de Yamada et al. (2003) verificou que, de 140

pacientes, o maior percentual de complicação coube à dermatite de contato (78 ou

55,7%), a afecção mais comum que acomete a pele periestoma. Observou que,

independente da gravidade da dermatite, a integridade da pele já estava

comprometida e as pessoas queixavam-se de dor, desconforto físico e emocional e,

além disso, relatavam muitas dificuldades para realizar as atividades de autocuidado

com o estoma e pele periestoma. Destaca-se ainda, no estudo da referida autora,

que a dermatite de contato em sua maioria, era decorrente do uso inadequado dos

dispositivos coletores, mais precisamente, pelo corte excessivo do orifício da barreira

protetora em relação ao tamanho do estoma, deixando a pele exposta à ação do

efluente, ou por indicação inadequada do dispositivo coletor ao tipo de estoma. Em

outro estudo retrospectivo, Santos et al. (2007) mostra que, de 178 pacientes, 103

(57,9%) apresentaram complicações, sendo mais frequentes a dermatite periestoma

(28,7%), estoma plano (18,6%), hérnia periestoma (10,7%) e retração do estoma

(10,1%). Silva, Silva e Cunha (2012), em um estudo retrospectivo com 443 usuários

Page 24: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

23

do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada em Belém/PA, analisaram as

complicações relacionadas à pele periestoma e detectaram que 82,39%

apresentaram dermatite; 14,8%, lesões pseudoverrugosas, e 3,52% apresentaram

outro tipo de complicação.

Dessa forma, constatou-se que a dermatite periestoma é a causa mais

frequente de perda da integridade da pele periestoma, cuja presença é desastrosa

para o bem-estar da pessoa estomizada e, consequentemente, para sua

reabilitação. O enfermeiro tem a responsabilidade de avaliar, cuidar, ensinar e ajudar

a manter a integridade da pele periestoma, com o uso de equipamentos coletores

adequados ao estoma e ao usuário, e com a utilização dos adjuvantes protetores de

pele, que são de suma importância na prevenção e no tratamento das dermatites.

Por isso, é importante a utilização de estratégias educativas na sua prática

profissional com o objetivo de prevenir as dermatites periestomas, assim como no

incentivo do autocuidado.

As ações de educação em saúde para estomizados mediadas por

tecnologias educacionais impressas, como manuais, folders, cartilhas e folhetos,

contêm orientações de forma geral para estes usuários, porém pouco se vê

materiais educativos com orientações específicas voltadas apenas para o cuidado

com a pele periestoma. É importante ressaltar que um grande número dos usuários

atendidos no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada é procedente do interior do

Estado do Pará, são pessoas simples, com pouco acesso à saúde e à educação,

chegam cheios de dúvidas e insegurança quanto ao cuidado com o estoma, com a

pele periestoma e manuseio do equipamento coletor.

Com base nessa problemática, buscou-se resposta para a seguinte

questão de pesquisa: Como os estomizados podem colaborar na construção de

uma tecnologia educacional (guia) para o autocuidado com a pele periestoma?

1.4. Questões norteadoras:

- Como os estomizados cuidam da sua pele periestoma?

- Quais as condições que podem interferir nesse cuidado?

- Que cuidados com a pele periestoma estão em evidência na literatura e

apropriados ao cotidiano dos estomizados, sujeitos da pesquisa?

Page 25: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

24

1.5. Objetivos

Geral

Construir uma tecnologia educacional (guia) de orientação sobre os

cuidados com a pele periestoma em parceria com os estomizados acolhidos em um

Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, no sentido de instrumentalizá-los quanto

à prevenção da dermatite periestoma, com vistas a diminuir a frequência desta

complicação nestes usuários.

Específicos

- Identificar as condições que interferem no autocuidado com a pele

periestoma pelo estomizado.

- Verificar quais os cuidados dos estomizados com a pele periestoma que

podem contribuir com o conteúdo tecnológico para o autocuidado.

- Levantar os cuidados com a pele periestoma referenciados na literatura,

que sejam apropriados ao cotidiano dos estomizados.

Page 26: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

25

II. REFERENCIAL TEÓRICO

Page 27: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

26

Como categorias temáticas, elegeram-se temas referentes aos estomas,

seus dispositivos, os acessórios e os adjuvantes de proteção para o cuidado com a

pele periestoma, assim como referencial sobre o autocuidado e tecnologia em

enfermagem, por se entender que são essenciais para embasar o desenvolvimento

do estudo. Além disso, incluiu-se o resumo (manuscrito) do estado da arte sobre o

cuidar educativo do enfermeiro com a pele periestoma de estomizados intestinal e

urinário.

2.1. Estoma: Conceito, aspectos históricos, classificação, causas e

complicações.

Todos os anos, milhares de pessoas se submetem a procedimentos

cirúrgicos que resultam em estomas. A realização de um estoma é representada de

forma ambígua pelos indivíduos estomizados que, de certo modo, sentem-se

beneficiados pela obtenção de cura ou melhoria de uma doença ou acidente, mas,

por outro lado, este procedimento gera inquietação, dúvida e questionamentos sobre

suas novas possibilidades de bem-estar, interação social e qualidade de vida, frente

a essa nova condição física a qual resulta também em alteração da imagem corporal

(NASCIMENTO, 2010).

Em cirurgias abdominais, estoma ou estomia corresponde ao ato cirúrgico

de abertura da pele e exteriorização de um segmento intestinal ou urinário com o

intuito de derivar o trajeto fisiológico das secreções entéricas, fezes ou urina

(MATSUBARA et al., 2012).

Segundo Cascais, Martini e Almeida (2007), a história dos estomas

remonta desde os tempos bíblicos (em 350 a.C.). Já naquela época, Praxógoras de

Kos, curandeiro da cidade de Moab, teria realizado uma cirurgia de trauma

abdominal no rei Eglon, que foi ferido por um de seus empregados, que, com uma

adaga, apunhalou o rei fortemente no ventre, expondo suas vísceras pela ferida.

Praxógoras realizou uma técnica ainda desconhecida, em que criara uma abertura

no local do ferimento e por essa abertura passavam dejetos, conseguindo assim

salvar a vida do rei de Moab. Em 1709, um cirurgião alemão, Lorenz Heister, teria

realizado operações de enterostomia em soldados que apresentavam ferimentos

intestinais. Mas é mesmo no início dos anos de 1950, conhecida como a “era

Page 28: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

27

moderna dos estomas”, que Patey e Butler aprimoram esta técnica cirúrgica

(BARBUTTI, SILVA e ABREU, 2008).

Dessa forma, observam-se alguns aspectos históricos sobre o estoma.

Mas foi a partir do século XX, até os dias atuais, que ocorreram grandes

desenvolvimentos das técnicas cirúrgicas, bem como de novas tecnologias a serem

usufruídas pelos estomizados, o que tem possibilitado uma melhoria significativa na

qualidade de vida desses pacientes. Contudo, apesar dos avanços conseguidos,

estas pessoas ainda enfrentam um conjunto de alterações no seu estilo de vida

(NASCIMENTO, 2010).

De acordo com o segmento exteriorizado, os estomas recebem nomes

diferenciados: no intestino grosso (colostomia); no intestino delgado (ileostomia); na

traqueia (traqueostomia); no estômago (gastrostomia); na bexiga (urostomia), entre

outros (FRANCO e LEÃO, 2006). No entanto, neste estudo serão abordados apenas

os estomas intestinais e urinários.

As colostomias e ileostomias estão previstas na abordagem terapêutica

de um grande número de doenças, que incluem câncer colorretal, doença

diverticular, doença inflamatória intestinal, incontinência anal, colite isquêmica,

polipose, trauma abdominal com perfuração intestinal, megacólon, doença de Crohn,

má formação congênita e outras (MORAES et al., 2009).

A urostomia consiste na exteriorização de condutos urinários para a

parede abdominal, e é realizada em pacientes portadores de doenças que envolvem

a pelve renal, ureteres, bexiga e uretra, com o objetivo de preservar a função renal

(STUMM et al., 2008). Dependendo da etiologia, o cirurgião indica a realização de

um estoma temporário ou definitivo.

Franco (apud SANTOS; CEZARETTI, 2001) afirma que são criados em

caráter temporário, como nas situações de trauma abdominal com perfuração

intestinal, ou em função da necessidade de proteção de uma anastomose intestinal

mais distal à derivação, tendo em vista o seu fechamento num curto espaço de

tempo. Enquanto que Gemelli e Zago (2002) referem que os estomas definitivos são

realizados quando não existe a possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal,

geralmente na situação do câncer.

Os estomas podem ser classificados também conforme o local

exteriorizado: os da via respiratória, traqueostomia; os do aparelho digestório,

esofagostomia, gastrostomia, enterostomia; os do aparelho intestinal, no intestino

Page 29: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

28

grosso, colostomia, e no intestino delgado, ileostomia; e os do aparelho urinário,

nefrostomia, ureterostomia, cistostomia e vesicostomia (MELO, 2010). Outra

classificação muito utilizada leva em consideração o tipo de exteriorização dos

segmentos: estoma terminal, estoma em dupla boca e estoma em alça

(MATSUBARA et al., 2012).

O estoma é terminal (boca única), quando a parte exteriorizada é a

extremidade do segmento cólico seccionado (COLOPLAST, 2011).

Os estomas em dupla boca (duas bocas) caracterizam-se pela

exteriorização dos segmentos proximal e distal através de uma única abertura de

pele, e têm como vantagem a facilidade no fechamento cirúrgico dos estomas

temporários, sendo evitada a laparotomia exploradora, necessária quando a

exteriorização dos segmentos é feita em aberturas distintas da pele (ROSSI et al.,

2005).

As colostomias ou ileostomias em alça (duas bocas unidas) se

caracterizam pela exteriorização de um segmento de alça intestinal em um único

local da parede abdominal, com a exposição das bocas proximal e distal através de

uma abertura cirúrgica apenas na parede anterior do segmento intestinal

(MATSUBARA et al., 2012).

A qualidade de vida e a adaptação do indivíduo com estoma,

especialmente de caráter definitivo, estão condicionados às complicações dos

estomas. O indivíduo deve ter uma assistência sistematizada e interdisciplinar,

desde o período pré-operatório até um seguimento tardio, onde está o exame

frequente do estoma e da pele periestoma, que objetiva, também, o diagnóstico

precoce de eventuais complicações (STUMM et al., 2008).

Apesar de comumente realizada, a confecção de um estoma tem grande

potencial de complicações que na maioria das vezes são subestimadas. As

complicações, por vezes, podem ser evitadas com o planejamento do local a ser

confeccionado o estoma com demarcação prévia, pois isso proporcionará melhor

qualidade de vida ao portador (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011). As complicações

dos estomas podem ser precoces e tardias.

As complicações precoces (ou imediatas) surgem no período intra-

hospitalar e geralmente estão ligadas às cirurgias de emergência nas quais

frequentemente não há um planejamento prévio para a realização do estoma, ou

ainda são consequências de estomas mal localizados ou daqueles executados por

Page 30: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

29

cirurgiões com pouca experiência. As complicações que se destacam entre as

precoces são: a isquemia, a necrose, o edema, a retração, o descolamento

mucocutâneo do estoma, sepse periestoma e as dermatites periestoma (YAMADA e

YAMADA, 2012).

As complicações tardias se manifestam após a alta hospitalar, ou seja,

quando os familiares ou a pessoa estomizada assumem os cuidados com o estoma.

Destacam-se a estenose, retração, prolapso do estoma, hérnia paraestomal e

dermatite periestoma, que é a mais frequente, e por vezes de difícil tratamento

(JUNQUEIRA, 2010). Para Malagutti e Kakihara (2011), as dermatites são

caracterizadas por lesões agudas ou crônicas, primárias ou secundárias, com perda

de integridade da pele periestoma. As alterações dermatológicas mais frequentes

são: eritema ou irritação, erosão, pústulas e até ulcerações.

O tipo de estoma e o contato do efluente com a pele são os maiores

fatores de risco para as complicações dermatológicas. Os pacientes ileostomizados

têm um risco maior de desenvolver complicações na pele periestoma do que os

pacientes com uma colostomia (YAMADA e YAMADA, 2012). A urostomia é uma

estomia úmida, isto é, expõe a pele circundante ao produto drenado, neste caso a

urina. Esta é agressiva para a pele porque a expõe a uma umidade constante e

porque, dependendo da composição química, a urina pode alterar o ambiente ácido

da pele, rompendo o equilíbrio existente. A alcalinidade aumenta a capacidade

irritativa da urina, alimentando um ciclo vicioso que termina numa maior frequência

de complicações locais, como as lesões irritativas dérmicas, ulcerações e estenoses

dos estomas, com agravamento da qualidade de vida dos urostomizados (VINHAS,

2010).

As dermatites periestomas podem ser classificadas em irritativas ou de

contato, alérgicas, por trauma mecânico e por infecção.

Dermatite irritativa, química ou de contato: ocorre por contato direto da

pele com substâncias irritativas contidas no efluente (enzimas digestivas,

constituintes alcalinos urinários e atividade enzimática de fezes), ou por produtos

usados para o cuidado local, como sabão e solventes (MALAGUTTI e KAKIHARA,

2011). Para Yamada e Yamada (2012), a dermatite irritativa de contato é uma das

complicações mais comuns. Associada com outros fatores pode desencadear um

ciclo de agravamento progressivo de dano na pele, falência da aderência da base

adesiva e da bolsa coletora, e extravasamento do conteúdo.

Page 31: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

30

Figura 1: Dermatite irritativa

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada

Dermatite alérgica: origina-se de reações alérgicas do contato da pele

com os produtos a serem adaptados no estoma, como, por exemplo,

hipersensibilidade ao plástico dos equipamentos coletores e dos adesivos e barreira

cutânea. Nesses casos, a área cutânea periestoma comprometida é delimitada pela

base adesiva em contato (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011).

Figura 2: Dermatite alérgica

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada

Dermatite por trauma mecânico: relacionada ao cuidado com a pele

periestoma prestado pelo indivíduo ou cuidador, que pode ser a remoção abrupta da

base adesiva e protetora cutânea, limpeza agressiva e frequente da área periestoma

e troca frequente da base adesiva e bolsa coletora (YAMADA e YAMADA, 2012).

Page 32: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

31

Figura 3: Dermatite por trauma mecânico

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

Dermatite por infecção: é secundária às causas descritas anteriormente.

As infecções observadas com mais frequência são:

- Infecção por foliculite por Staphylococcus: tem origem traumática,

quando qualquer equipamento coletor impede o crescimento do pelo ou quando são

utilizadas técnicas de remoção da base adesiva de forma inadequada;

- Infecção por Candida albicans: a pele periestoma é um local propício ao

desenvolvimento dessa afecção; esse fungo prospera em ambiente úmido e

enegrecido (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011).

Figura 4: Dermatite por infecção

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

A prevenção de lesão na pele periestoma deve ser a meta fundamental

dos componentes da equipe multidisciplinar. Para isso, medidas preventivas devem

ser destacadas, como: diagnóstico do fator causal, o afastamento desse fator e a

revisão das ações de cuidados com o estoma e a pele periestoma feitas pelo

Page 33: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

32

estomizado e/ou familiar cuidador (MARTINS e SILVA, 2006). Além do uso dos

dispositivos, dos acessórios e dos protetores de pele de forma correta.

2.2. Dispositivos, acessórios e adjuvantes de proteção para o cuidado dos

estomizados

Dispositivos são equipamentos que, afixados ou implantados no corpo,

são desenhados para substituir ou atuar como parte corporal perdida, ou seja, a

troca de uma parte do corpo por um aparelho. Dessa forma, o dispositivo para

estoma é um equipamento adaptado para coletar a descarga por ele produzida

(MATSUBARA et al., 2012).

A escolha do dispositivo para estomas intestinais e urinários constitui um

dos papéis fundamentais do enfermeiro estomaterapeuta ou não, pois interfere

diretamente na qualidade de vida do estomizado. O processo de escolha do

dispositivo adequado deve estar baseado nas necessidades individuais, nas

características do estoma e nas condições sociopolíticas. Com relação às

características individuais, a avaliação inclui algumas variáveis como: o contorno

abdominal, a preferência quanto ao tipo de sistema coletor, o tipo de atividade física,

as limitações quanto à destreza manual, a acuidade visual e o aprendizado

(MATSUBARA et al., 2012).

Das características do estoma que mais influenciam no processo de

seleção do dispositivo, destacam-se: o tipo de estoma, o tipo de efluente, o tamanho

do estoma, a confecção cirúrgica, a protrusão e as consequentes complicações e a

localização na parede abdominal. O aspecto sociopolítico, ou seja, o acesso do

estomizados aos dispositivos é de fundamental importância para a readaptação a

esta nova realidade. A avaliação da totalidade dessas variáveis é condição

indispensável na escolha do dispositivo adequado e na melhor reabilitação possível

do estomizado (MATSUBARA et al., 2012).

A atenção à pessoa estomizada exige do enfermeiro a conscientização de

que existem aspectos fundamentais de ordem física e emocional que interferem na

motivação para o aprendizado. A convivência com o estoma obriga à adoção de

meios de adaptação às atividades do dia a dia (SANTOS e CESARETTI, 2001).

Esses meios de adaptação são os dispositivos que podem ser do tipo

peça única, ou seja, base adesiva e bolsa coletora junta (Figura 5), ou duas peças,

no qual a bolsa coletora encaixa-se à base adesiva (Figura 6). As bolsas coletam os

Page 34: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

33

efluentes, podem ser drenáveis para fezes ou para urina ou fechadas, opacas ou

transparentes.

Figura 5: Dispositivo peça única Figura 6: Dispositivo duas peças

As bases adesivas são protetores cutâneos que protegem a pele

periestoma do contato com o efluente e atuam no tratamento da pele lesada. As

bases adesivas podem ser planas ou convexas (Figuras 7 e 8), recortáveis e/ou pré-

cortadas, rígidas ou flexíveis (MATSUBARA et al., 2012).

Figura 7: Bases planas Figura 8: Bases convexas

Além das bases adesivas e dos dispositivos coletores, existem os

acessórios de segurança e barreiras de proteção de pele periestoma.

Fonte: Serviço de Atenção

à Pessoa Estomizada.

Fonte: Serviço de Atenção à

Pessoa Estomizada.

Fonte: Serviço de Atenção à

Pessoa Estomizada.

Fonte: Serviço de Atenção à

Pessoa Estomizada.

Page 35: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

34

Segundo Matsubara et al. (2012, p. 189) os acessórios disponíveis para

os estomizados intestinais e urinários atualmente no mercado são diversos, porém

cita os seguintes:

- Cinto elástico: consiste em um elástico com encaixes nas extremidades

que se adapta a todos os modelos de base e bolsa, desde que possuam a haste, ou

seja, utilizado um adaptador.

Figura 9: Cinto elástico

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

- Presilha: proporciona vedação adequada para bolsa drenáveis

(ileostomias, colostomias, colostomias úmidas, exceto urostomia). Também é

conhecida como clamp, pinça ou fecho.

Figura 10: Presilhas para bolsas drenáveis

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

- Guia de mensuração: consiste em uma régua mensuradora do

diâmetro do estoma.

Page 36: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

35

Figura 11: Guia de mensuração

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

- Filtro de carvão: pode vir como parte integrante da bolsa ou na forma

de adesivo, e possui a função de filtrar o odor proveniente dos gases produzidos,

principalmente nas colostomias, liberando apenas o ar e impedindo que a bolsa

fique insuflada.

Figura 12: Filtro de carvão

Fonte: estomaplast.com.br

- Solução lubrificante neutralizadora de odor: forma uma película

evitando a aderência de dejetos no interior da bolsa, e possui ação desodorizante ao

reduzir a proliferação bacteriana.

Page 37: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

36

Figura 13: Solução lubrificante neutralizadora de odor

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

Quanto às barreiras protetoras, Matsubara et al. (2012, p. 191) cita:

- Película protetora de pele: protege a pele periestoma dos efluentes,

formando uma película. Alguns desses produtos contêm álcool e são

contraindicados em peles lesadas.

Figuras 14, 15 e 16: Películas protetoras de pele periestoma

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

- Pasta niveladora: é composta de resina sintética e serve para nivelar a

pele periestoma, permitindo maior durabilidade do dispositivo. O mercado possui

pasta com e sem álcool. Na forma de pasta alcoólica é utilizada para preencher

Page 38: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

37

irregularidades da pele, corrigindo imperfeições como dobras de pele, cicatrizes

cirúrgicas, evitando infiltração de fezes ou urina sob a base adesiva, aumentando a

durabilidade do material e prevenindo lesões de pele.

Figura 17: Pasta niveladora

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

- Pó protetor: é indicado para utilização em pele periestoma com lesões

úmidas, absorve a umidade da pele, tratando a pele lesada, aumentando o tempo de

adesividade da base, protegendo a pele lesada dos efluentes.

Figura 18: Pó protetor

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

- Higienizador de pele: solução composta de um detergente

hipoalergênico que facilita a higienização da pele periestoma e na remoção da cola

que se deposita na pele.

Page 39: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

38

Figura 19: Higienizador de pele

Atualmente dispomos de vários recursos para melhorar a qualidade de

vida dos estomizados. Os diversos modelos de produtos possibilitam uma maior

opção de escolha do equipamento ideal para este grupo de pessoas. O enfermeiro

tem a responsabilidade de elaborar um planejamento assistencial integral e

individualizado, envolvendo a família e o cuidador para a prevenção de

complicações, objetivando uma boa adaptação dos dispositivos coletores, visando à

reintrodução do indivíduo à sociedade (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011).

2.3. Cuidados com a pele periestoma e troca do dispositivo coletor

Na presença de um estoma a pele em seu redor – pele periestoma – pode

ficar com a sua função de proteção comprometida, uma vez que fica exposta a fezes

ou à urina que, devido às suas características, podem “queimar” e lesar a pele. É

claramente reconhecido que uma pele periestoma sã ou íntegra constitui um dos

mais importantes fatores para que a pessoa estomizada possa viver bem com o seu

estoma (YAMADA e YAMADA, 2012).

Os cuidados com a pele periestoma são essenciais, pois a pele estando

íntegra facilita a aderência do dispositivo coletor, evitam-se irritações devido ao

contato de fezes ou de urina, o que contribui na prevenção de complicações da pele.

A principal complicação da pele é a dermatite periestoma, que tem como fatores

desencadeadores dessa afecção a inadequação dos dispositivos ao tipo de estoma,

Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.

Page 40: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

39

bem como a má utilização; a sensibilidade aos componentes químicos desses

dispositivos e a higienização precária (YAMADA et al., 2003).

A manutenção da integridade da pele periestoma é um passo

fundamental para o sucesso na reabilitação dos estomizados, que resulta do

trabalho conjunto e interessado de todos os profissionais que compõem a equipe de

saúde, associado à motivação desta pessoa para se engajar nas ações de

autocuidado e de participação social (CESARETTI, 1998).Os cuidados para manter

a pele periestoma saudável são os seguintes (COLOPLAST, 2011, p. 32):

- Remover suavemente o dispositivo da pele, de preferência durante o

banho, o que facilita a remoção do mesmo;

- Limpar o estoma e pele periestoma suavemente com gaze ou tecido

macio, retirando o excesso de fezes ou urina;

- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabonete, sem friccionar

exageradamente;

- Secar bem o estoma e a pele periestoma com um tecido macio, com

movimentos suaves;

- Não usar substâncias irritantes na pele periestoma, como: perfume,

álcool, éter ou benzina, etc.;

- Remover os pelos da pele periestoma, pois os mesmos comprometem a

adesão da base adesiva e favorecem o aparecimento de infecções. Os pelos devem

ser removidos com tesoura de ponta redonda ou curva, não se utilizando lâminas

e/ou barbeadores;

- Observar as características da pele periestoma, depois da higiene,

buscando qualquer sinal de complicações;

Outro momento importante desse cuidado é a troca do dispositivo coletor.

Deve ser realizado quando for observada a saturação da barreira protetora ou de

acordo com a necessidade. Usuários com colostomia à direita e ileostomia devem

ser orientados a realizar as trocas pela manhã, antes do café da manhã, quando há

uma menor eliminação do efluente (MATSUBARA et al., 2012). A coloração da base

Page 41: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

40

adesiva (resina sintética) geralmente é amarela. Deve-se trocar o dispositivo quando

ela estiver ficando branca (chamamos de saturação). A partir daí há risco de

descolamento da base e vazamento do conteúdo (YAMADA e YAMADA, 2012).

Como trocar o dispositivo coletor (COLOPLAST, 2007, p. 32):

- Lavar as mãos.

- Esvaziar a bolsa no vaso sanitário antes de retirá-la, abrindo a pinça

(clamp) na parte inferior da bolsa, caso ela seja drenável.

- Molhar o algodão, a gaze ou o tecido macio com água e sabonete.

Levantar um pouco a parte adesiva da bolsa. Segurar firme e ir passando o tecido

com água e sabonete, descolando lentamente a bolsa e mantendo a pele esticada.

A retirada da bolsa pode ser feita durante o banho.

- Após a retirada da bolsa, colocar no saco de lixo, fechar e jogar fora.

- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabonete, com

movimentos suaves. Enxaguar a pele periestoma e o estoma retirando restos de

fezes e sabonete.

- Enxugar delicadamente a pele periestoma com uma toalha macia. Neste

momento, deve-se observar a pele e o estoma para descobrir possíveis alterações.

É importante que a pele esteja limpa e seca para receber o novo dispositivo.

- Medir o tamanho (diâmetro) do estoma com o medidor e desenhar na

base adesiva da bolsa.

- Se for uma bolsa pré-cortada, escolher com o orifício do tamanho da

medida da ostomia. Se for uma bolsa recortável, recortar a parte adesiva com uma

tesoura preferencialmente curva, de acordo com o tamanho medido.

- Retirar o papel da parte adesiva.

- Colar a parte adesiva de baixo para cima, procurando encaixá-la no

estoma. Manter a pele esticada, evitando deixar pregas ou bolhas de ar, que

facilitam vazamentos e descolamento da base adesiva.

- Fazer movimentos firmes e circulares sobre a parte adesiva com o dedo

indicador, do centro para as extremidades, para melhor aderência à pele.

- Se for dispositivo de duas peças, encaixar a bolsa na base adesiva. Se

for drenável, retirar o ar e fechar a pinça (clamp).

É também importante o cuidado no momento de esvaziar o equipamento

coletor. Coloplast (2011, p.36) ensina como esvaziar o dispositivo coletor drenável:

- Lavar as mãos antes e após o procedimento.

Page 42: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

41

- Abrir a pinça (clamp) da parte inferior da bolsa coletora.

- Desprezar as fezes ou a urina no vaso sanitário. Lavar o interior da

bolsa com água e sabonete (se fezes), desprezando o conteúdo no vaso sanitário.

- Retirar todo o excesso de água, secar e fechar a parte inferior da bolsa.

- Se o dispositivo for de duas peças, pode-se retirar a bolsa para lavar

com água e sabonete líquido, enxugar e utilizar novamente a mesma bolsa, ou usar

a bolsa reserva.

Deve-se atribuir enfoque especial à higiene do estoma e pele periestoma,

bem como ao manuseio, troca e manutenção do equipamento coletor, sempre com

vistas ao autocuidado. A aprendizagem das atividades inerentes a esses cuidados

contribui para reforçar a autoconfiança e a segurança dos estomizados e de seus

familiares (CESARETTI, 2008).

2.4. Autocuidado

O autocuidado é uma atividade do indivíduo apreendida e orientada para

um objetivo. É uma ação desenvolvida em situações concretas de vida, e que o

indivíduo dirige para si mesmo ou para regular os fatores que afetam o seu próprio

desenvolvimento, atividades em benefício da vida, saúde e bem-estar. O

autocuidado tem como propósito o emprego de ações de cuidado, seguindo um

modelo que contribui para o desenvolvimento humano (SILVA et al., 2009).

O autocuidado foi mencionado pela primeira vez no campo da

enfermagem em 1958, quando a enfermeira Dorothea Elizabeth Orem passou a

refletir acerca do por que os indivíduos necessitam de auxílio de enfermagem e

podem ser ajudados pela mesma. A partir dessa reflexão formulou uma teoria sobre

o déficit de autocuidado como uma teoria geral e constituída por três teorias

relacionadas: a teoria do autocuidado (descreve e explica o autocuidado); a teoria do

déficit do autocuidado (explica as razões pelas quais a enfermagem pode ajudar as

pessoas); e a teoria dos sistemas de enfermagem (descreve as relações que são

necessárias estabelecer e manter para que se dê a enfermagem) (SILVA et al.,

2009).

Page 43: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

42

2.4.1. A teoria do Déficit de Autocuidado – segundo Orem

Ressalta-se, para melhor entendimento, que as teorias de enfermagem

foram desenvolvidas a partir da evolução da área do conhecimento para a

construção de um saber próprio, a fim de se consolidar como ciência, evidenciando

suas bases teóricas para a prática. As teorias desenvolvidas nesse âmbito têm

concorrido para explicitar a complexidade e multiplicidade de conceitos

representativos dos fenômenos que definem e limitam seu campo de interesse,

assim como para explicitar as crenças e valores da área em relação a esses

fenômenos (GARCIA e NÓBREGA, 2004). A utilização de teorias proporciona ao

enfermeiro o conhecimento necessário para aperfeiçoar sua prática. Sua capacidade

aumenta pelo conhecimento teórico, possibilitando autonomia profissional através de

um ponto de referência que sustenta tanto o exercício profissional como a formação

e os trabalhos de pesquisa na profissão (SANTOS e SARAT, 2008).

As teorias de enfermagem expõem as tendências das visões sobre o

processo saúde/doença e sobre a experiência do cuidado terapêutico; trata-se de

uma conceptualização articulada e comunicativa da realidade inventada ou

descoberta (fenômeno central e relacionamentos) na enfermagem com a finalidade

de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem (BARROSO

et al., 2010).

Uma das primeiras teóricas de enfermagem, Dorothea Elizabeth Orem

contribuiu para formar o corpo dessa área do conhecimento tendo como foco o

Autocuidado. Em sua concepção, o cuidado é próprio da ação positiva que tem uma

prática e um caminho terapêutico, visando manter o processo da vida e promoção

do funcionamento normal do ser humano. O cuidado ajuda o indivíduo a crescer, a

se desenvolver, e também na prevenção, controle e cura de processos de

enfermidades e danos (LEOPARDI, 2006).

Segundo Orem (apud SILVA et al., 2009), o autocuidado é a prática de

atividades que indivíduos iniciam e desempenham em favor de si na manutenção da

vida, saúde e bem-estar. Normalmente adultos voluntariamente cuidam de si. As

crianças, idosos, doentes e incapacitados necessitam de cuidado completo ou

assistência nas atividades de autocuidado. Infantes e crianças necessitam do

Page 44: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

43

cuidado dos outros por estarem em estágio inicial de desenvolvimento físico,

psicológico e psicossocial. Suas concepções são descritas nas três teorias que

formam sua teoria geral:

a) A Teoria do autocuidado

Esta teoria tem como componente principal os requisitos de autocuidado.

Para Orem (apud SILVA et al., 2009), o autocuidado tem como propósito o emprego

de ações de cuidado, seguindo um modelo que contribui para o desenvolvimento

humano. As ações que constituem o autocuidado são os requisitos universais, de

desenvolvimento e os de alterações da saúde. Os requisitos universais do

autocuidado são comuns para todos os seres humanos e incluem a conservação do

ar, água, alimentos, eliminação, atividade e descanso, solidão e interação social,

prevenção de risco e promoção da atividade humana. Estes oitos requisitos

representam os tipos de ações humanas que proporcionam as condições internas e

externas para manter a estrutura e a atividade que apoiam o desenvolvimento e o

envelhecimento humano. Quando se proporciona de forma eficaz o autocuidado

centrado nos requisitos universais, se promove a saúde e o bem-estar (OREM,

2001). Os de desenvolvimento representam os estágios do ciclo vital, incluindo os

fatores e as circunstâncias que influenciam a plena realização do cuidado e

condições e situações adversas que afetem o desenvolvimento humano; os de

alterações da saúde incluem alterações advindas de problemas de saúde que

podem gerar dificuldades na manutenção adequada do cuidado (SAMPAIO et al.,

2008).

b) A Teoria do Déficit de Autocuidado

O déficit de autocuidado ocorre quando o ser humano se acha limitado

para prover autocuidado sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem.

Constitui a essência da teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita

apontar a necessidade de enfermagem. Justifica-se quando o indivíduo acha-se

incapacitado ou limitado para prover autocuidado contínuo e eficaz (DIÓGENES e

PAGLIUCA, 2003). Nela apresentam-se os métodos de ajuda e as áreas de

atividade para atuação profissional. São métodos de ajuda: agir ou fazer para o

outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), proporcionar um

Page 45: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

44

ambiente que promova o desenvolvimento pessoal e ensinar o outro (LEOPARDI,

2006).

c) A Teoria de Sistemas de Enfermagem

Detém-se nas intervenções delineadas pelo enfermeiro, que devem ser

baseadas nas necessidades de autocuidado do paciente para desempenhar as

atividades pessoais. Para satisfazer os requisitos, Orem identificou três

classificações de sistemas de enfermagem: o sistema totalmente compensatório, o

sistema parcialmente compensatório, e o sistema de apoio-educação (BARROSO et

al., 2010). O sistema de enfermagem totalmente compensatório ocorre quando o

enfermeiro atende todos os cuidados terapêuticos ou assim como quando compensa

a incapacidade total do paciente para realizar as atividades de autocuidado e que

requerem movimentos de deambulação e de manipulação. Os sistemas

parcialmente compensatórios são aqueles nos quais tanto a enfermagem como os

pacientes realizam medidas de assistência e outras atividades que implicam

atividades manipulativas ou deambulatórias (SILVA et al., 2009). O sistema de

apoio-educação é quando o indivíduo necessita de assistência na forma de apoio,

orientação e ensinamento (DIÓGENES e PAGLIUCA, 2003).

Como os estomizados requerem apoio contínuo, principalmente quanto

aos cuidados higiênicos com o estoma, pele periestoma, troca e manuseio do

equipamento coletor, é importante a atuação do enfermeiro no que se refere a

ensinar, orientar e cuidar, incentivando-o para o autocuidado e assim a prevenir

complicações como a dermatite periestoma. Diante disso, considera-se que a Teoria

de Sistemas de Enfermagem é bastante adequada para embasar teoricamente este

estudo, dando ênfase principalmente no sistema de apoio-educação.

Segundo Sampaio et al. (2008), o sistema de apoio-educação é baseado

nas necessidades do paciente. Refere-se a orientações fornecidas acerca de

determinada temática e ocorre pela promoção do autocuidado terapêutico por parte

do enfermeiro, possibilitando ao indivíduo executar ou aprender a executar essa

medida. Neste sistema, o cliente, a família ou a comunidade, além de terem

condições de realizar cuidado, têm a incumbência de aprender a exercê-lo de forma

terapêutica, mesmo nas situações em que a pessoa não consegue fazer sem ajuda

(LUNA et al., 2002).

Page 46: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

45

Na equipe multiprofissional, o enfermeiro desenvolve atividades

educativas junto aos clientes, principalmente, relativas ao autocuidado, com o

objetivo de conduzi-los à sua independência em questões de saúde. Mas é

necessário que ele aborde o cliente com uma linguagem acessível para facilitar o

entendimento e cooperação no tratamento, incentivando-o a enfrentar as mudanças

advindas com a doença e a alcançar o bem-estar (RAMOS et al., 2007).

A teoria de enfermagem de Orem oferece uma base abrangente para a

prática de enfermagem, incluindo a educação permanente como parte do

componente profissional da educação em enfermagem. Sua premissa de

autocuidado é contemporânea dos conceitos de promoção e manutenção da saúde.

O autocuidado na teoria de Orem é comparável à saúde holística, pois ambas

promovem a responsabilidade do indivíduo pelo cuidado da saúde. Isso é

especialmente relevante na atualidade, visto que a alta hospitalar vem sendo

antecipada, aumentando a demanda de cuidados em casa e dos serviços

ambulatoriais (MENDONÇA et al., 2007).

2.5. Tecnologias em Enfermagem

O termo “tecnologia” é uma palavra composta de origem grega, formada

por techne (arte, técnica) e logos (corpo de conhecimento). Por essa razão,

começou-se a usar a palavra “tecnologia” ao aplicar o conhecimento de certas

técnicas para realizar algo, como as invenções de base (NIETSCHE et al., 2012).

Complementarmente, técnica significa um saber prático, uma habilidade

humana de fabricar, construir e utilizar instrumentos, parte originária do cotidiano no

nível da própria atividade empírica e parte originária da necessidade de se

estabelecerem procedimentos sistematizados para a operacionalização de uma

atividade prática (NIETSCHE, 2000).

A produção tecnológica nasce da necessidade (problema a solucionar),

da utilização do conhecimento (o saber que orienta uma nova alternativa para

solucionar o problema) e da criatividade (capacidade de encontrar alternativas para

a resolução do problema existente) (MENDES et al., 2002).

As concepções de tecnologia têm sido usadas, às vezes, de forma

equivocada, pois elas têm sido compreendidas apenas na perspectiva de um

produto, com materialidade e, também, resumidas a procedimentos técnicos de

operação (TEIXEIRA e MOTA, 2011). A tecnologia pode ser entendida como o

Page 47: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

46

resultado de processos concretizados a partir da experiência cotidiana e da

pesquisa, para o desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos científicos para

a construção de produtos materiais, ou não, com a finalidade de provocar

intervenções sobre determinada situação prática. Todo esse processo deve ser

avaliado e controlado sistematicamente (NIETSCHE et al., 2005).

De acordo com Merhy (2002), na área da saúde as tecnologias recebem a

seguinte categorização: tecnologia dura (material como equipamentos, mobiliário);

tecnologia leve-dura (inclui os saberes estruturados nas disciplinas que atuam na

área de saúde: odontológica, clínica médica, epidemiológica, entre outras) e

tecnologia leve (insere o processo de produção da comunicação, das relações, entre

outros).

As tecnologias também podem ser de vários tipos, como as Tecnologias

Educacionais (dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender,

utilizados entre educadores e educandos, nos vários processos de educação formal-

acadêmica, formal-continuada); as Tecnologias Assistenciais (dispositivos para a

mediação de processos de cuidar, aplicados por profissionais com os clientes-

usuários dos sistemas de saúde – atenção primária, secundária e terciária); e as

Tecnologias gerenciais (dispositivos para a mediação de processos de gestão,

utilizados por profissionais nos serviços e unidades dos diferentes sistemas de

saúde) (NETSCHE et al., 2005).

No contexto da saúde, as Tecnologias Educativas são ferramentas

importantes para a realização do trabalho educativo e o desempenho do processo

de cuidar. As tecnologias educativas em saúde integram o grupo das tecnologias

leves, denominadas de tecnologia de relações, como acolhimento, vínculo,

automação, responsabilização e gestão como forma de governar processos de

trabalho (MEHRY, 2002).

A enfermagem tem se envolvido com a produção e busca de artifícios

tecnológicos para auxiliar no seu cotidiano profissional, permeando suas atividades

assistenciais, administrativas e educacionais. A tecnologia em enfermagem é uma

das bases para o desenvolvimento da ação profissional, permeando todos os

momentos desta prática (FONSECA et al., 2011).

Produzir tecnologia é produzir coisas que tanto podem ser materiais como

produtos simbólicos que satisfaçam necessidades. Essa tecnologia não se refere

exclusivamente a equipamentos, máquinas e instrumentos, mas também a certos

Page 48: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

47

saberes acumulados para a geração de produtos e para organizar as ações

humanas nos processos produtivos, até mesmo em sua dimensão inter-humana

(MERHY, 2002).

Quando relacionamos a produção tecnológica com a enfermagem,

estamos nos aproximando das alternativas criativas de que a equipe de enfermagem

lança mão para superar suas dificuldades. Estas estão atreladas, na maioria das

vezes, a circunstâncias de precariedade das condições de trabalho, qualquer que

seja o espaço institucional aonde venham se desenvolvendo, ou a situações de

determinados clientes que exigem mais do que as técnicas convencionais de

enfermagem (KOERICH et al., 2006).

Tecnologia é, também, “um conjunto de conhecimentos (científicos e

empíricos) sistematizados, em constante processo de inovação, os quais são

aplicados pelo profissional de enfermagem em seu processo de trabalho, para o

alcance de um objetivo específico. Permeada pela reflexão, interpretação e análise,

essa é subsidiada pela sua experiência profissional e humana. A característica da

tecnologia em enfermagem é peculiar, pois ao se cuidar do ser humano, não é

possível generalizar condutas, mas sim adaptá-las às mais diversas situações, a fim

de oferecer um cuidado individual e adequado ao indivíduo” (MEIER, 2004).

Ao aliar conhecimento científico aos procedimentos técnicos, o enfermeiro

utiliza-se das mais diversas tecnologias para promoção, manutenção e recuperação

da saúde, exercendo com criatividade a arte do cuidar. Construir uma nova forma de

cuidar implica modificar as relações do processo de trabalho. Diante desse

processo, cada dia se depara com avanços no manejo do cuidar, estimulando nos

profissionais o desejo, a motivação e a intencionalidade de inventar tecnologias

voltadas a facilitar e tornar mais ágil seu trabalho, com a produção do conhecimento

extraída de questões da práxis (OLIVEIRA, 2006).

Para Oliveira (2006), mediante a utilização da tecnologia educativa,

podem-se produzir instrumentos aptos para a educação e a promoção da saúde

para grupos de indivíduos. Mas, para terem algum impacto na vida desses grupos,

tais instrumentos devem estar relacionados às necessidades de saúde dos sujeitos

envolvidos. Além do mais, as características do instrumento devem estar adequadas

ao grupo ao qual se destina, a fim de que ele possa captar a mensagem emitida,

para em seguida relacioná-la e aplicá-la em seu cotidiano prático de promoção de

bem-estar. A educação em saúde feita com o auxílio de tecnologias educacionais

Page 49: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

48

pode ser bastante eficaz. Entretanto, antes de se lançarem produtos para serem

utilizados como instrumentos, é preciso fazer um ensaio com eles a fim de se

conhecer sua eficácia e sua eficiência.

Para Fonseca et al. (2011), a experiência no desenvolvimento, validação

e utilização de materiais educativos voltados para a formação, educação

permanente de enfermeiros e para a educação em saúde junto à clientela tem

evidenciado que a crescente evolução de tecnologias a partir das demandas da

sociedade apresenta novas possibilidades de uso destes materiais no cotidiano do

trabalho em instituições de ensino e saúde.

Quando o material educativo é de fácil compreensão, o cliente adquire

maior conhecimento, o material é capaz de suscitar mudanças de atitudes e

desenvolvimento de habilidades, além de favorecer a autonomia, tomada de decisão

e o entendimento de que as suas ações influenciam no padrão de saúde. O objetivo

dos materiais educativos deve ser o de facilitar o trabalho da equipe de saúde na

comunicação e orientação de pacientes e familiares. Estes materiais subsidiam a

orientação verbal dos profissionais de saúde aos familiares e pacientes e

uniformizam as orientações a serem realizadas sobre os cuidados (ECHER, 2005).

Os recursos tecnológicos são ferramentas necessárias ao enfermeiro,

pois contribuirão para um gerenciamento da assistência de enfermagem de forma

humanizada, no âmbito da qualidade, eficácia, efetividade e segurança, de maneira

que se possa garantir os resultados do uso adequado da tecnologia para os quais

ela foi desenvolvida e incorporada (FONSECA et al., 2011).

2.6. O Cuidar Educativo do Enfermeiro com a pele periestoma de estomizados

intestinal e urinário: Estado da Arte

A qualidade de vida e a adaptação do estomizado estão condicionadas às

complicações de seu estoma e da pele periestoma. O indivíduo deve ter uma

assistência sistematizada e interdisciplinar, desde o período pré-operatório até um

seguimento tardio, onde está o exame frequente do estoma e da pele periestoma,

que objetiva o diagnóstico precoce de eventuais complicações (MENDONÇA et al.,

2007). As complicações no estoma e na pele periestoma podem ocorrer no pós-

operatório imediato ou no decorrer da vida do estomizado, destacando-se a

Page 50: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

49

deiscência muco cutâneo, os granulomas, a dermatite periestoma e outras

(BEZERRA, 2007).

O enfermeiro tem a responsabilidade de elaborar um planejamento

assistencial integral e individualizado, envolvendo a família e o cuidador para a

prevenção de complicações, objetivando uma boa adaptação dos dispositivos

coletores, visando à reintrodução do indivíduo à sociedade (MALAGUTTI e

KAKIHARA, 2011). Para Matsubara et al. (2012), o equipamento coletor, a pele

periestoma e o estoma devem estar presentes em todas as fases da assistência ao

estomizado, uma vez que somente o material adequado, aliado ao autocuidado

executado adequadamente, permite que a pele permaneça íntegra.

Os principais cuidados que os estomizados devem ter para evitar

complicações são: higiene, a observação do estoma e pele periestoma e os

cuidados com o sistema coletor. Mas, para realizarem esses cuidados, é necessário

o apoio e o cuidado educativo do enfermeiro para que os mesmos assumam o seu

autocuidado. A orientação correta sobre a técnica de troca do equipamento coletor,

assim como sobre a observação do estoma e da pele periestoma durante a troca

ajudará a prevenir complicações como a dermatite periestoma (MENDONÇA et al.,

2007).

Para conhecer sobre as atividades educativas do enfermeiro, esta

pesquisa teve como questão norteadora: O que tem sido produzido na literatura

nacional sobre o cuidar educativo do enfermeiro com a pele periestoma de

estomizados intestinal e urinário? Tendo como objetivo: identificar as

características das produções sobre o cuidar educativo do enfermeiro com a pele

periestoma de estomizados intestinal e urinário e analisar as evidências científicas

disponíveis.

Para tal, realizou-se uma Revisão Integrativa de literatura (RIL). Esse tipo

de estudo é adequado para conhecer o estado da arte e, assim, constatar em que

patamar se encontram as pesquisas sobre o tema em estudo. A pesquisa

denominada “estado da arte” refere-se a pesquisas bibliográficas, com a pretensão

de “mapear e de discutir certa produção acadêmica em diferentes campos do

conhecimento” (FERREIRA, 2002).

A pesquisa foi realizada eletronicamente, nos bancos de dados: Literatura

Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de

Enfermagem (BDENF), vinculados à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Adotou-se

Page 51: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

50

como recorte temporal o período entre 2001 e 2012. Os critérios para a inclusão dos

artigos foram: artigos disponíveis eletronicamente, na íntegra e publicados em

português.

A análise e síntese dos dados realizaram-se após leitura exaustiva dos

artigos. Os dados extraídos foram transcritos para um instrumento do tipo formulário,

que permitiu a obtenção de informações sobre as características das produções.

Essas características foram discriminadas quanto a: modalidade da pesquisa; tipo

de publicação; abordagem; tipo de estudo; sujeitos; local do estudo; técnica de

coleta de dados e análise de dados. Após a análise dessas características

identificaram-se duas categorias temáticas, que foram discutidas à luz do referencial

teórico.

Foram identificadas 84 publicações sobre o tema, sendo 56 descartadas,

por estarem repetidas. Então se totalizaram 28 artigos, classificados da seguinte

forma (Apêndice A): a maioria dos artigos analisados se constituiu de pesquisa de

campo, publicados em revistas de Enfermagem, de abordagem qualitativa descritiva

e exploratória, e os sujeitos predominantemente estomizados. Realizadas em

serviços especializados de estomaterapia e com os dados coletados principalmente

por meio de entrevistas. Quanto ao tipo de análise a maioria foi de conteúdo, o que

possibilitou identificar as características das produções segundo título, objetivos e

resultados dos artigos (Apêndice B).

A análise dos artigos originou duas categorias temáticas: a importância do

autocuidado para a qualidade de vida do estomizado mediada por tecnologia

educacional; e autopercepção e percepção do profissional que cuida.

CATEGORIA A: A Importância do autocuidado para a qualidade de vida do

estomizado mediada por tecnologia educacional

Nesta categoria agruparam-se os artigos que trataram de cuidados em

todos os contextos e que envolvem tanto profissionais como familiares cuidadores,

além dos relacionados à qualidade de vida, grupos de apoio, pois também envolvem

autocuidado e tecnologia educacional para o autocuidado. Esta categoria revelou

que é possível a transformação de sujeitos face à utilização da proposta educativa

do cuidado de enfermagem. Que a assistência de enfermagem ao paciente que irá

Page 52: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

51

submeter-se à cirurgia geradora de estomia deve englobar, além das orientações

gerais relativas ao tratamento cirúrgico e suas consequências, ações específicas

para o autocuidado no domicílio. O enfermeiro deve fornecer orientações em relação

aos cuidados com a estomia, com a pele periestoma e a troca do equipamento

coletor, desde o pré-operatório até a alta hospitalar, para que o estomizado e o

familiar/cuidador assimilem e aprendam gradativamente esse cuidado.

São complexas as alterações causadas pela estomização e a

compreensão destas pelo enfermeiro torna-se importante no sentido de propiciar o

planejamento de um cuidado mais efetivo, humano e de qualidade. Porém em

alguns artigos foi constatado que ocorre inadequação das ações do enfermeiro para

o cuidado e para o ensino do autocuidado, o que certamente contribui para

intensificar as dificuldades do estomizados e da sua família, após a alta hospitalar.

Algumas publicações abordaram sobre a importância dos cuidados e a educação em

saúde com os estomizados, no entanto nenhum estudo abordou especificadamente

sobre a importância do trabalho educativo do enfermeiro com estes pacientes, como

forma de contribuir na prevenção da dermatite periestoma.

O cuidado de enfermagem com a pele periestoma de estomizados

intestinal e urinário é um procedimento simples que contribui para a qualidade de

vida dos mesmos, pois, quando existe a dermatite periestoma, estes passam a

vivenciar situações de dor, desconforto e insegurança. O trabalho educativo do

enfermeiro torna-se essencial para estes pacientes, principalmente quanto ao ensino

e orientações sobre esses cuidados em passos sequenciais que facilitem o

entendimento dos mesmos ou de seus familiares, além do incentivo quanto ao

autocuidado (MENDONÇA et al., 2007).

Quanto à qualidade de vida, evidenciou-se que os estomizados que

possuíam características como apoio familiar, estomia de caráter definitivo e

histórico de câncer colorretal apresentavam maior aceitação de sua nova condição

de vida, e que a estomização, por um longo período, associada à presença do

câncer colorretal, não representa necessariamente o fim da vida destes pacientes.

Os estomizados poderão adquirir uma melhor qualidade de vida a partir do momento

em que participarem de atividades que lhes tragam prazer e motivação e que os

conduzam a um viver em plenitude dentro de suas possibilidades (BORGES et al.,

2007). A equipe de saúde que assiste a pessoa estomizada deve buscar estratégias

Page 53: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

52

que possibilitem o entendimento das alterações que surgirão após a confecção do

estoma, bem como favoreçam o autocuidado a partir de suas necessidades e

expectativas de forma abrangente, contribuindo para a necessária tomada de

decisão em direção à melhoria da qualidade de vida (MATSUBARA et al., 2012).

O grupo de apoio ao estomizado é uma rede de apoio social

extremamente importante e significativa para a reabilitação da pessoa estomizada,

pois norteia as decisões a respeito da doença e do tratamento, amparando-os no

enfrentamento da doença. Os apoios buscados (família, grupos religiosos,

associação de estomizados, grupos de apoio) funcionam como importante suporte

para minimizar o sofrimento, portanto os profissionais de saúde devem estimular as

pessoas estomizadas a buscarem apoio, a fim de trabalharem a melhoria da sua

qualidade de vida (SILVA e SHIMIZU, 2007).

Nesse contexto de cuidado, a tecnologia educacional é importante tanto

para ensinar o autocuidado como para ajudar a alcançar qualidade de vida. Entre os

artigos analisados, evidenciou-se um que abordou sobre tecnologia educacional

para o idoso estomizado. É um instrumento que articula recursivamente as questões

técnicas com as humanas, com a finalidade de humanizar o cuidado do enfermeiro

para com o idoso estomizado. Para Barros et al. (2012), o enfermeiro necessita ser

criativo no uso de recursos para a realização do processo de educação em saúde e

a tecnologia educativa apresenta-se como mais um instrumento de promoção da

saúde, facilitador do processo educativo em saúde.

CATEGORIA B: Autopercepção e percepção do profissional que cuida

Nesta categoria agruparam-se os artigos que estudaram como a pessoa

estomizada se autopercebe e como o profissional percebe o seu trabalho educativo.

Em sua existência com a estomia, o estomizado ouve, vê, conhece, imagina, espera,

alegra-se e angustia-se em virtude de sua situação; ocorrem modificações

significativas no modo de vida a exigirem a busca de diferentes estratégias de

enfrentamento das dificuldades. É necessária uma melhoria nas condições de

atendimento, como serviços especializados de qualidade, acesso aos profissionais,

facilidade de aquisição de materiais em quantidade e qualidade adequadas, assim

Page 54: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

53

como a criação de políticas voltadas para a valorização das pessoas estomizadas

que incluam informações ao público a respeito das suas condições e necessidades.

Diante da complexa realidade que envolve os estomizados, é importante

para os enfermeiros e demais componentes da equipe de saúde envolvidos no

atendimento dessas pessoas ampliar sua visão a respeito dos sentimentos que

afloram frente à doença, de suas sequelas e do processo de reconstrução de si

próprio e de sua vida (PETUCO e MARTINS, 2006). O desenvolvimento do trabalho

em equipe ajuda o processo de reabilitação da pessoa estomizada, que é muito

complexo e exige a participação de todos, a fim de construir um planejamento de

assistência compartilhado por todos.

Além da autopercepção foi discutida também a percepção de profissionais

sobre a alta dos estomizados, e foi evidenciado que há uma distância entre o

planejamento e o processo de alta hospitalar, sendo este considerado pelos

entrevistados como não sistematizado, influenciando negativamente na qualidade da

assistência prestada. O trabalho em equipe aparece de novo como ideal, mas a falta

de comunicação o impede. Para Barreto et al. (2008), é importante que os

profissionais trabalhem em equipe prestando uma assistência integral, que possa

contribuir na reabilitação do estomizado e assim ajudar na sua qualidade de vida. Os

cuidados devem ser centrados na família, por isso a educação continuada, como o

treinamento dos familiares, é imprescindível, com instruções verbais, materiais

impressos, vídeos e demonstrações de procedimentos sobre os cuidados,

reforçando a importância da tecnologia educacional.

Conclui-se que o perfil das produções sobre o tema mostra uma lacuna

na área do cuidar educativo do enfermeiro com a pele periestoma dos estomizados

intestinais e urinários. Os estomizados apresentam significativas mudanças no modo

de vida, como físicas, psicológicas e sociais, e estas exigem diferentes estratégias

de enfrentamento para adaptar-se à sua nova condição de vida, dentre elas o

cuidado com o estoma, pele periestoma e troca do equipamento coletor. Por isso é

importante que o enfermeiro conheça os problemas, as necessidades e dificuldades

do estomizado, para assim prestar uma assistência de forma integral; e desenvolva

trabalhos educativos nas suas atividades profissionais voltados para as reais

necessidades dos estomizados.

Page 55: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

54

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Page 56: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

55

3.1. Método e tipo de estudo

Estudo de abordagem qualitativa. Foi utilizado o método da pesquisa-

ação, pois o problema do qual trata a pesquisa necessitava de uma intervenção

imediata. Dessa forma, uma parceria foi feita com um grupo de estomizados para

que os mesmos relatassem os problemas relacionados ao autocuidado com a pele

periestoma, dificuldades para lidar com esse problema e como eles se cuidavam

para prevenção dessa complicação (dermatite periestoma), com vistas a se

constituírem uma das bases para a elaboração de uma tecnologia educacional (guia)

para o autocuidado com a pele periestoma.

Para Thiollent (2011) a pesquisa-ação é concebida e realizada em estreita

associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, no qual os

pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão

envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Com base nessa concepção, este

método é adequado para a nossa pesquisa, visto que tem como motivação um

problema em determinada realidade, onde pesquisador e sujeitos fazem parte e

estão envolvidos em busca de uma solução participativa. Posteriormente faremos

uma breve apresentação do método.

Quanto à abordagem qualitativa, ela também se mostra ideal aos

objetivos desta pesquisa, visto que estuda os aspectos nos cenários naturais, não se

limitando a dados isolados ligados a uma teoria, e o sujeito faz parte do processo de

conhecimento interpretando os fenômenos. Esta abordagem ainda permite explorar

todas as dimensões da singularidade do ser humano, possibilitando a compreensão

do fenômeno estudado para o sujeito da pesquisa (LOBIONDO-WOOD e HABER,

2001).

Para Chizzotti (2009), a pesquisa qualitativa parte do fundamento de que

há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, na qual o conhecimento

não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa.

Nesse âmbito, o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento

e interpreta os fenômenos atribuindo-lhes um significado. Este estudo aconteceu no

cenário onde se identificou o problema em questão, o sujeito foi parte ativa na

interpretação do mesmo e na busca de soluções, possibilitando que ele pudesse

compreender o fenômeno estudado, pois há uma estreita relação entre essa

realidade e o sujeito, e assim fazer parte também da construção de sua solução.

Page 57: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

56

Portanto, a nosso ver é uma abordagem que dá conta de explicar o objeto de

estudo.

3.1.1. Considerações sobre o método Pesquisa-Ação

Muitos são os caminhos metodológicos na pesquisa qualitativa que

podem ser seguidos por um pesquisador para o alcance dos resultados dos seus

questionamentos e inquietações, e dentre eles destaca-se a metodologia da

pesquisa-ação (SILVA et al., 2011).

A metodologia da pesquisa-ação tem suas origens nos trabalhos de Kurt

Lewin, em 1946, num contexto pós-guerra, quando o mesmo trabalhava com o

governo norte-americano e desenvolvia atividades relacionadas a mudanças de

hábitos alimentares e mudanças de atitudes desses americanos frente a outros

grupos minoritários. Seus trabalhos eram desenvolvidos paralelamente aos seus

estudos sobre o desenvolvimento e funcionamento de grupos. Daí o fato de a

pesquisa-ação, naquele momento, ser bastante aceita e desenvolvida nas empresas

que exerciam atividades ligadas ao desenvolvimento organizacional (FRANCO,

2005).

A utilização da pesquisa-ação vem crescendo atualmente, sendo utilizada

de diferentes maneiras, a partir de diversas intencionalidades, destacando-se o seu

emprego nos campos da educação, comunicação (publicidade e propaganda),

serviço social, organização e sistemas, desenvolvimento rural (agronomia), difusão

de tecnologia, área bancária, práticas políticas e pela saúde, em destaque pela

enfermagem (GRITTEN et al., 2008).

Entende-se a pesquisa-ação como “uma linha de pesquisa associada a

diversas formas de ação coletiva que é orientada em função da resolução de

problemas ou de objetos de transformação” (THIOLLENT, 2011). Ou seja, é uma

forma de pesquisa que se propõe a realizar uma ação coletivamente. Nessa

perspectiva, pode-se observar a importância desta metodologia tanto para pesquisas

na área da enfermagem quanto para as realizadas em Saúde Pública, tendo em

vista que as pesquisas desenvolvidas nessas duas áreas têm por fim a ação do

cuidar, a promoção do bem-estar e melhoria na qualidade de vida da população

(SILVA et al., 2011).

Page 58: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

57

Ao ser utilizada esta opção metodológica, pode-se evidenciar a sua

flexibilidade como método participativo de investigação, pois mostra-se como uma

metodologia que possibilita a interação entre pesquisador e sujeitos da pesquisa, ou

seja, entre o saber formal e o saber informal, entre a teoria e a prática, conduzindo a

mudanças reais na forma como as pessoas interagem entre si e com os outros

(SANTOS et al., 2007). A utilização deste método é bastante gratificante, pois

permite que o sujeito da pesquisa se envolva com seus problemas, aumentando a

probabilidade de os achados da pesquisa se transformarem em ação (SILVA et al.,

2011).

A metodologia da pesquisa-ação possui doze fases que se inter-

relacionam e que são flexíveis, ou seja, não necessitam ser seguidas de forma

ordenada e com rigidez. As fases não possuem uma estrutura rígida com etapas

pré-definidas, pois surgem a partir dos problemas reais do grupo e incluem a

participação ativa do pesquisador para equacionar o grupo na pesquisa. Por ser um

método flexível, não se enquadra na lógica positivista de pesquisa convencional,

bem como não busca apenas realizar diagnóstico, mas intervir prontamente com a

população sobre as problemáticas levantadas (THIOLLENT, 2011).

As fases da pesquisa-ação são as seguintes, segundo Thiollent (2011, p.

56-82):

1. Fase exploratória: descobrir o campo de pesquisa, seus possíveis

interessados, suas ações, além de ser realizado o levantamento da situação,

dos problemas prioritários e elaborados os objetivos da investigação. Esse

reconhecimento, nesta pesquisa, foi previamente realizado durante as

consultas de enfermagem ao estomizado intestinal e/ou urinário no Serviço de

Atenção à Pessoa Estomizada da URES-Presidente Vargas, local onde

trabalho como enfermeira assistencial.

2. O tema da pesquisa: deve interessar ao pesquisador e aos sujeitos

investigados, para que todos desempenhem um papel eficiente no

desenvolvimento da pesquisa. O tema pode ser solicitado pelos atores da

situação. Neste momento é escolhido um marco teórico para nortear a

pesquisa. O tema da pesquisa, “Guia de orientação para cuidados com a

pele periestoma”, emergiu durante as consultas de enfermagem para

avaliação e reavaliação do estoma, pele periestoma e indicação do

equipamento coletor, onde o estomizado com dermatite periestoma, o familiar

Page 59: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

58

ou cuidador relatavam sobre as dificuldades em prevenir, cuidar e tratar as

dermatites por falta de orientação ou mesmo de conhecimento.

3. A colocação dos problemas: definição do problema no qual o tema e os

objetivos adquirem sentido, ou seja, devem ser colocados os problemas que

se pretende resolver dentro de um campo teórico e prático. A colocação do

problema foi discutida com os estomizados durante os grupos focais, a fim de

elucidar as questões norteadoras desta pesquisa. Bem como atingir o

objetivo, que era a construção da tecnologia educacional para contribuir no

autocuidado com a pele periestoma dos estomizados e assim prevenir as

dermatites periestomas.

4. O lugar da teoria: a teoria surge para fornecer sustentação aos achados na

metodologia da pesquisa-ação. Esta deve ser trazida para as discussões,

permitindo o entendimento por parte de todo o grupo. Nesta fase houve

apropriação do tema da pesquisa, apresentado no referencial teórico deste

estudo. Com destaque para o referencial sobre os cuidados com a pele

periestoma e troca do dispositivo coletor de Yamada et al. (2003), da teoria do

déficit de autocuidado de Orem (1991) e das tecnologias em enfermagem de

Nietsche et al. (2012) e Mehry (2002). Buscando dialogar o referencial teórico

com os participantes, tentando sempre adequar o conhecimento ao nível de

compreensão dos envolvidos.

5. Hipóteses: são suposições formuladas pelo pesquisador a respeito de

possíveis soluções para um problema colocado na pesquisa, assumindo

caráter de condução do pensamento.

Para este estudo não se considerou pertinente a formulação de hipóteses,

pois não havia suposições formuladas. Utilizou-se a questão norteadora como

diretriz para a pesquisa.

6. Seminário: tem a finalidade de promover discussão e tomada de decisões

acerca da investigação (definição de temas e problemas), constituir grupos de

estudos, definir ações, acompanhar e avaliar resultados. O seminário tem a

função de coordenar as atividades do grupo, sempre finalizado pela

confecção de atas das reuniões.

O ponto central desta construção foram os seminários, chamados nesta

pesquisa de Grupo Focal, onde foram discutidos os temas propostos pelo

grupo para serem contidos na tecnologia educacional. Além dos encontros da

Page 60: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

59

pesquisadora com a orientadora, observador e colaborador da pesquisa para

definir ações com o grupo focal.

7. Campo de observação, amostragem e representatividade qualitativa:

podem abranger uma comunidade geograficamente concentrada ou dispersa.

A amostragem e representatividade qualitativa são discutíveis.

Nesta pesquisa, o local foi o Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada da

URES – Presidente Vargas, no Município de Belém/PA. Para constituir a

amostra utilizou-se a representatividade qualitativa, estabelecida com critérios

de inclusão e exclusão.

8. Coleta de dados: esta é efetuada de várias formas, através das técnicas de

entrevistas coletivas, entrevistas individuais com profundidade, questionários,

observação participante, diário de campo, além da história de vida, entretanto,

todas essas técnicas ficam sob o controle do seminário central.

Os dados foram coletados através de entrevista coletiva, utilizando-se as

técnicas do Grupo Focal e o Diário de Campo. Foram realizados quatro

encontros, com duração aproximada de duas horas cada encontro. Os dados

foram coletados através da gravação das falas dos participantes e dos

registros do observador no diário de campo.

Durante o processo de coleta de dados desenvolveram-se outras fases da

pesquisa-ação, causando o entrelaçamento entre elas. Pode-se citar o

entrelaçamento das fases de aprendizagem, saber formal e informal, e plano

de ação.

9. Aprendizagem: esta etapa envolve a produção e circulação de informações,

elucidação e tomada de decisões, além de outros aspectos que fornecerão

mais aprendizado aos participantes. Através da pesquisa-ação, tanto

pesquisador quanto os participantes aprendem ao investigar e discutir suas

ações. Esta fase ocorreu durante os encontros com o grupo focal, houve troca

de conhecimentos, saberes e experiências entre os pesquisadores e os

participantes, assim como dos participantes entre si. Houve discussão quanto

ao conteúdo, linguagem acessível e imagens para conter na tecnologia

educacional, com o objetivo de ajudar na prevenção e tratamento das

dermatites periestomas.

Page 61: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

60

10. Saber formal/saber informal: visam estabelecer a comunicação, o

entendimento e a relação entre os dois universos culturais: os dos

especialistas e dos participantes, tendo em vista que ambos sempre terão

algo a contribuir um com o outro.

Esta fase foi valorizada durante toda a evolução desta pesquisa, visto que as

sugestões para o conteúdo da tecnologia educacional emergiram da prática

dos estomizados para serem teorizadas e discutidas com embasamento

científico.

11. Plano de ação: é uma exigência da pesquisa-ação, deve se concretizar em

uma ação planejada entre o pesquisador e os participantes. O plano de ação

objetiva a ação que precisa ser realizada para a se obter a solução de um

problema existente.

O planejamento foi proposto pelo grupo participante da pesquisa juntamente

com a pesquisadora, observador e colaborador, e este foi sendo modificado

e/ou adequado durante o processo de discussão e avaliação no grupo focal,

no intuito de responder às questões norteadoras e atender às expectativas do

grupo pesquisado, que era a construção da tecnologia educacional. O plano

de ação continha todas as atividades desenvolvidas a cada encontro com o

grupo, ou seja, o passo a passo da coleta de dados.

12. Divulgação externa: nesta fase ocorrem o retorno dos resultados da

pesquisa aos participantes, e a divulgação dos resultados em eventos,

congressos, conferências e publicações científicas.

Em cada encontro com o grupo, no início, foi apresentado um resumo das

discussões e dos resultados alcançados. Aos setores interessados, a

divulgação ocorrerá após o término deste trabalho, onde será dado um

retorno aos responsáveis que concederam a sua realização sobre os

resultados obtidos, e à comunidade em geral pela publicação de artigos

científicos.

Essas fases se sobrepõem e integram-se de forma muito maleável. E

devem ser vistas como ponto de partida e chegada, sendo possível, em cada

situação, o pesquisador, junto com os participantes, redefinir e adaptar de acordo

com as circunstâncias da situação investigada. Esse aspecto precisa ser

Page 62: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

61

considerado e utilizado no desenvolvimento da pesquisa, isto porque a sobreposição

e interligação das fases atribuem dinamismo a todo o processo (THIOLLENT, 2011).

3.2. Cenário da pesquisa

A pesquisa ocorreu no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada da

Unidade de Referência Especializada em Saúde (URES) – Presidente Vargas, no

Município de Belém/PA, onde se encontrava o público-alvo e onde desenvolvo

minhas atividades como enfermeira. Essa unidade fica localizada na Avenida

Presidente Vargas nº 513, no bairro da Campina, e presta atendimento

especializado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo os

seguintes serviços: alergologia, cardiologia, dermatologia, endocrinologia,

endodontia, fonoaudiologia, gastrenterologia, hematologia, nefrologia, odontologia,

oftalmologia, otorrinolaringologia, periodontia, pneumologia, urologia, entre outros.

O Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada foi implantado na URES-

Presidente Vargas em 05/10/2009, objetivando o atendimento qualificado e

profissional, a reabilitação dos usuários com estomas intestinais e urinários com

ênfase na orientação para o autocuidado, prevenção de complicações e

fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança.

Este serviço atende estomizados da capital, de outros municípios do estado e

inclusive do Estado do Amapá.

O atendimento e a dispensação dos equipamentos coletores aos

estomizados foram realizados durante 18 anos pela Associação dos Ostomizados do

Pará (AOPA), situada no mesmo prédio da URE – Presidente Vargas. Entretanto, o

objetivo dessa associação era lutar por melhores condições para a pessoa

estomizada, porém não contava com o trabalho do profissional de saúde para

assistir aos usuários, realizando apenas a dispensação dos equipamentos coletores.

Com a implantação do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, o

atendimento passou a ser realizado por uma enfermeira, que por meio da consulta

de enfermagem fazia a avaliação do estoma, da pele periestoma, e a indicação do

equipamento coletor, procedimentos estes que se tornaram, então, responsabilidade

desse profissional, que passou a assistir à pessoa estomizada, trabalhando a

educação em saúde, principalmente a questão do autocuidado.

Page 63: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

62

Atualmente o Serviço conta com uma equipe multidisciplinar formada por:

médico clínico, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, técnicos

de enfermagem e agentes administrativos.

3.3. Participantes da pesquisa

A princípio foram convidados 12 usuários, sendo oito estomizados

intestinais e quatro estomizados urinários. Todos aceitaram participar da pesquisa,

entretanto somente os oito estomizados intestinais permanentes e temporários que

são assistidos no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada compareceram nos

encontros em grupo, portanto formando os sujeitos desta pesquisa.

Os participantes foram selecionados durante as consultas de enfermagem

para avaliação do estoma, pele periestoma, indicação e troca do equipamento

coletor. Já chegaram ao Serviço apresentando a dermatite periestoma, por isso

houve necessidade de acompanhamento por alguns dias para tratamento e

avaliação da dermatite. Então, nesse contato inicial houve estabelecimento de um

vínculo com os estomizados, o que facilitou a seleção e aceitação dos mesmos em

participar da pesquisa. Utilizaram-se como critérios de inclusão: serem

estomizados intestinal ou urinário de ambos os sexos, que já tinham apresentado

lesão periestoma ou que atualmente estavam vivenciando a lesão; maiores de 18

anos; que sabiam ler e escrever; residentes no Município de Belém/PA; que

aceitaram retornar para participar do momento em grupo; aceitaram participar da

pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Quanto aos critérios de exclusão: não serem estomizados intestinal ou urinário,

que nunca tivessem apresentado lesão periestoma; menores de 18 anos;

analfabetos; residentes em outros municípios do Estado do Pará e no Estado do

Amapá; não aceitaram retornar para participar do grupo; e não aceitaram assinar o

Termo de Consentimento Livre (TCLE).

3.4. Coleta de dados

A coleta de dados foi efetuada através de entrevista coletiva, utilizando-se

a técnica do Grupo Focal e complementada pelo Diário de Campo. A opção pelo

grupo focal se deu em decorrência da possibilidade de facilitar o diálogo, a

Page 64: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

63

interação, troca de experiências entre os participantes, sendo estes fatores

determinantes para a elaboração da tecnologia educacional que atenda às

necessidades do grupo. O grupo focal é uma forma de coletar dados diretamente a

partir das falas de um grupo, que relata suas experiências e percepções em torno de

um tema de interesse coletivo (DUARTE e BARROS, 2006).

O grupo focal se constitui num tipo de entrevista e ao mesmo visa à

interação entre participantes de pequenos e homogêneos grupos. Para obter bons

resultados no uso desta técnica, é necessário que os grupos sejam planejados, onde

deve ser seguido um roteiro que vai do geral ao específico, coordenado por um

moderador capaz de promover a participação e captar o ponto de vista de todos e de

cada um (MINAYO, 2008).

Segundo Backes (2011), o grupo focal representa uma fonte que

intensifica o acesso às informações acerca de um fenômeno, seja pela possibilidade

de gerar novas concepções ou pela análise e problematização de uma ideia em

profundidade. Desenvolve-se a partir de uma perspectiva dialética, na qual o grupo

possui objetivos comuns e seus participantes procuram abordá-los trabalhando

como uma equipe.

Para composição do grupo focal, há que se considerar que os

participantes possuam entre si ao menos uma característica comum importante, e os

critérios para a seleção dos sujeitos sejam determinados pelo objetivo do estudo,

caracterizando-se como uma amostra intencional. Sugere-se que o número de

participantes esteja situado em um intervalo entre seis e quinze, como um módulo

recomendável (BARBOSA, 2005). No caso deste estudo a característica do grupo foi

ser estomizado intestinal e/ou urinário que já tinha vivenciado ou estava vivenciando

a dermatite periestoma.

O grupo focal é conduzido por um moderador que assume a posição de

facilitador do processo de discussão e procura encorajar o debate e limitar suas

intervenções, atuando, principalmente, na introdução de novas questões e direção

da discussão. Além disso, seu trabalho é auxiliado por um observador, que, nesse

caso, acompanha e anota a conduta dos participantes do grupo (YONEKURA e

SOARES, 2010). A discussão ocorre por um período de mais ou menos duas horas,

em local com algum grau de privacidade (BERTI et al., 2010). Neste estudo o

moderador foi a pesquisadora principal e o observador foi um enfermeiro convidado

pela pesquisadora, que prestava trabalhos voluntários no Serviço onde ocorreu a

Page 65: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

64

pesquisa. Contou-se ainda, com um colaborador, também enfermeiro, que ficou

responsável em ajudar a moderadora na condução do grupo.

O diário de campo é um instrumento que permite o registro detalhado do

conteúdo das observações no campo de pesquisa, envolvendo a descrição do

ambiente e as reflexões do pesquisador, incluindo suas observações pessoais,

especulações, sentimentos, impressões e descobertas durante a fase de coleta de

dados (BESERRA et al., 2006). O diário de campo nesta pesquisa foi utilizado pelo

observador para registro da comunicação não verbal e de comportamentos, assim

como de ocorrências durante a coleta de dados.

3.4.1. O grupo focal no contexto deste estudo

O processo de aplicação da técnica do grupo focal ocorreu no auditório da

URES – Presidente Vargas (5º andar), local que é visto como referência para os

estomizados, já que o Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada funciona no térreo

deste prédio, além de o local ser de fácil acesso para todos. As reuniões com o

grupo foram realizadas em datas e horários definidos com os participantes. A sala foi

organizada de forma que as cadeiras ficassem dispostas em semicírculos, o que

permitiu aos participantes uma melhor visão e interação entre todos.

A pesquisadora participou do grupo como moderadora e contou com a

colaboração de duas outras pessoas (enfermeiros): observador e colaborador. Como

moderadora foi possível atuar como facilitadora do processo de discussão e

encorajar o debate entre os participantes do grupo a cada encontro, atuando,

principalmente, na introdução e direcionamento das questões orientadoras. O papel

do observador foi registrar no diário de campo os dados e informações verbais e não

verbais apresentadas pelos participantes, conduta e interação da moderadora com

os participantes, assim como detalhes do ambiente onde foram desenvolvidos os

encontros. O colaborar ajudou a moderadora a conduzir as atividades com o grupo.

Na chegada, os participantes convidados que aceitaram compor o grupo

foram recepcionados e convidados a sentar em cadeiras organizadas em forma de

semicírculo ao redor de uma mesa, criando-se um ambiente agradável e acolhedor.

O grupo focal foi desenvolvido por um período de duas horas em cada encontro.

Para condução do grupo focal, utilizou-se um roteiro com algumas

questões abertas (Apêndice C), produzidas anteriormente à data do encontro do

Page 66: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

65

grupo, e esse instrumento foi adotado para auxiliar a moderadora. As questões

foram expostas pela moderadora, de acordo com o decorrer da discussão. Os

participantes foram estimulados a discutir sobre as questões apresentadas no roteiro

Nas discussões, respeitaram-se as falas individuais, sendo gravados

todos os depoimentos e registrados em diário de campo, incluindo a linguagem

verbal e não verbal observadas no decorrer dos encontros.

3.4.2. Passo a passo da coleta de dados

1º momento: convite individual ao estomizado para participar da

pesquisa, no momento que compareceu ao serviço para consulta de enfermagem ou

para receber o equipamento coletor. Neste momento foi informado sobre a

necessidade de encontros em grupo para o desenvolvimento da pesquisa e foi

consultado sobre a data e horário do encontro de acordo com sua disponibilidade e

que atendessem à expectativa de todos. Foi informado que, um dia antes do

encontro, seria feito contato telefônico para confirmar a participação no grupo.

Quanto à locomoção dos participantes até a URES, foram disponibilizados os

valores referentes ao transporte rodoviário aos que necessitaram e que aceitaram.

2ª momento: Constituiu-se dos encontros em grupo. Foram realizados

quatro encontros com o grupo para construção da tecnologia educacional (guia),

com intervalo de uma semana nos três primeiros encontros e de duas semanas no

último encontro.

Antes de cada encontro com o grupo focal, a pesquisadora reuniu-se com

o observador e o colaborador para apresentar a programação com as atividades que

seriam desenvolvidas com o grupo no decorrer dos encontros, assim como para

definir e esclarecer as funções de cada um na pesquisa.

Primeiro encontro do grupo focal:

Ocorreu no dia 09/04/2014, com duração de 2 horas. Dos 12 estomizados

convidados no 1º momento, apenas oito compareceram ao encontro, e alguns

participantes vieram acompanhados de seus cônjuges. Nesse primeiro encontro um

dos participantes estava vivenciando novamente a dermatite periestoma. Que

Page 67: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

66

atribuiu ao crescimento dos pelos da área periestoma, que provoca prurido. Mas que

já estava tratando, fazendo uso de película protetora de pele.

O grupo foi conduzido da seguinte maneira: agradecimento aos

participantes pelo comparecimento; apresentação dos integrantes da pesquisa

(pesquisadora/moderadora, observador, colaborador), assim como a descrição da

função de cada um nos encontros; explicação dos objetivos da pesquisa

(apresentação no datashow e explicação do que são a tecnologia educacional, pele

periestoma e dermatite periestoma, para facilitar o entendimento dos participantes);

explicação no datashow de como seria conduzido o grupo (que teríamos como

direcionamento um roteiro com quatro perguntas que ajudariam na construção da

tecnologia educacional); exposição e explicação para os participantes sobre os

benefícios da pesquisa; explicação sobre a necessidade de gravação da discussão;

e foram assegurados o anonimato e confidencialidade dos dados obtidos.

Após a exposição e explicação dos objetivos e benefícios da pesquisa,

fez-se o convite para os estomizados, e oito aceitaram participar. Foi apresentado o

TCLE (Apêndice D) para cada participante, posteriormente foram convidados a

assinar o mesmo em duas vias.

Os pesquisadores e os participantes do grupo foram identificados pelo

nome com um crachá. Logo em seguida realizou-se uma dinâmica de apresentação

de grupo, “Balão com os nomes dos participantes”, com o objetivo de promover a

interação dos estomizados entre si e com os integrantes da pesquisa.

Posteriormente à dinâmica de apresentação, deu-se início às atividades

com o grupo, sendo apresentada no datashow a primeira pergunta do roteiro (Como

vocês veem a utilização de um material educativo que esclareça sobre os

cuidados com a pele periestoma?) e os participantes foram estimulados um a um

a comentar ou responder sobre a pergunta.

Finalizou-se o encontro com agradecimento, agendamento do próximo

encontro e oferecimento de um coffee-break para os participantes.

Segundo encontro com o grupo focal:

Page 68: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

67

Ocorreu no dia 15/04/2014, com duração de 2 horas. Dos oito

estomizados, compareceram apenas seis, e um destes participantes justificou sua

ausência no dia anterior ao encontro. O grupo foi conduzido da seguinte maneira:

distribuição dos crachás para cada participante e pesquisadores; agradecimento aos

participantes pelo comparecimento; exposição no datashow do resumo do 1º

encontro, apresentação e explicação no datashow dos objetivos do 2º encontro.

No início das atividades com o grupo foi dada continuidade nas

perguntas do roteiro e os participantes foram estimulados a comentar ou responder

sobre as mesmas.

- Quais as condições que interferem no cuidado com a pele

periestoma?

- Como vocês fazem o autocuidado com a pele periestoma?

- Que assuntos vocês consideram importantes para conter no

material educativo?

Finalizou-se o encontro com agradecimentos, fotos, agendamento do

próximo encontro e oferecimento de um coffee-break para os participantes.

Terceiro encontro com o grupo focal:

Ocorreu no dia 25/04/2014, com duração de 02h30min. Compareceram

sete dos oito estomizados. O grupo foi conduzido da seguinte maneira: distribuição

dos crachás para cada participante e pesquisadores; agradecimento aos

participantes pelo comparecimento; exposição no datashow do resumo do 2º

encontro, apresentação e explicação no datashow dos objetivos do 3º encontro.

No início das atividades com o grupo houve a exposição e leitura em

grupo do primeiro esboço da Tecnologia Educacional (Apêndice E) e dinâmica

das imagens, onde cada participante pode sugerir/escolher, dentre as

imagens/figuras que foram expostas no datashow, as que seriam mais adequadas

para ilustrar a tecnologia. Este momento do encontro proporcionou ajustes e

contribuições pelo grupo quanto ao conteúdo e sugestões de imagens.

Finalizou-se o encontro com agradecimentos, agendamento do próximo

encontro e oferecimento de um coffee-break para os participantes.

Page 69: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

68

Quarto encontro:

Ocorreu no dia 06/05/2014, com duração de 2 horas, com sete

estomizados. O grupo foi conduzido da seguinte maneira: distribuição dos crachás

para cada participante e pesquisadores; agradecimento aos participantes pelo

comparecimento; exposição no datashow do resumo do 3º encontro, apresentação e

explicação no datashow dos objetivos do 4º encontro.

No início das atividades com o grupo houve a exposição e leitura em

grupo do segundo esboço da Tecnologia Educacional (Apêndice F), momento

em que foram feitos novos ajustes e contribuições pelos participantes: quanto às

imagens/figuras, tamanho da fonte, conteúdo, título mais adequado para a

tecnologia, cor das páginas, imagem da capa e público indicado para usar a

tecnologia.

Fez-se a exposição de um vídeo com agradecimento pela participação e

contribuição dos participantes durante as atividades em grupo nos encontros

anteriores. Posteriormente desenvolveu-se uma dinâmica em que foram expostas no

datashow as imagens de algumas pedras preciosas e os participantes foram

convidados um a um a escolher uma pedra para ser a sua identificação fictícia na

pesquisa, preservando assim seu anonimato.

Foi realizada uma dinâmica de grupo, “Dinâmica da caixa de presente”,

para encerramento das atividades. Com distribuição de um brinde para cada

participante. Finalizou-se o encontro com agradecimentos e oferecimento de um

coffee-break para os participantes.

3.5. Aspectos éticos

Esta pesquisa foi desenvolvida de acordo com as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, expressos através da

Resolução nº 466 de 12/12/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da

Saúde. Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades,

referenciais básicos da bioética, tais como: autonomia, beneficência, não

maleficência, justiça e equidade.

A pesquisa atendeu todos os requisitos mencionados no que diz respeito

à:

Page 70: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

69

Autonomia: foi submetido aos participantes da pesquisa o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice D), para ser

assinado antes do início da pesquisa, após a explicação dos objetivos

e técnicas de coleta dos dados; procurando tratá-los com dignidade e

respeito.

Beneficência: foram assegurados aos participantes o máximo de

benefício e o mínimo de danos e riscos, tanto individuais como

coletivos.

Não maleficência: foi assegurado aos participantes que os danos

previsíveis seriam evitados.

Justiça e equidade: foi destacada aos participantes a relevância social

das reflexões advindas com a pesquisa, e que, assim, só obteriam

vantagens em dela participar.

Seguindo essa orientação, todos os participantes da pesquisa foram

informados sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE) e o

mesmo foi assinado em duas vias por aqueles que concordaram em participar. Aos

participantes explicou-se sobre o foco da pesquisa, seus objetivos, a proteção do

anonimato e o resguardo do sigilo, que seus nomes não seriam revelados e que

seriam usados nomes fictícios para preservar seu anonimato, e todas as

informações não seriam reveladas a não ser para fins científicos.

Esclareceu-se sobre a liberdade para desistência ou de interromper a

sua colaboração nesta pesquisa no momento em que desejassem, sem necessidade

de qualquer explicação, e que a desistência não causaria aos participantes nenhum

prejuízo à sua saúde ou bem-estar físico, moral ou financeiro, nem interferência no

seu atendimento no Serviço. Explicou-se que os participantes não receberiam

nenhuma remuneração e nenhum tipo de recompensa na pesquisa, sendo suas

participações voluntárias. Bem como foram informados de que a pesquisa foi

financiada pelo pesquisador e que não acarretaria em nenhum custo para eles.

Para realização desta pesquisa foi solicitada autorização para a direção

da Unidade de Referência Especializada em Saúde (URES) – Presidente Vargas

(Anexo A). Essa autorização permitiu a coleta de dados junto aos estomizados

cadastrados no Serviço. A pesquisa foi encaminhada para análise e aprovação do

Page 71: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

70

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”

da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus IV. A coleta de dados só se

iniciou mediante aprovação por escrito do Comitê, que ocorreu em 23/04/2014, sob

o Protocolo nº 565.968 (Anexo B).

3.5.1. Riscos e benefícios:

Esta pesquisa apresentou riscos mínimos aos participantes, como a

exposição dos seus dados, já que os mesmos participaram de grupo focal para

coleta de dados. Porém este risco foi minimizado mantendo-se o anonimato dos

mesmos na pesquisa. Em todos os registros um nome fictício substituiu o nome dos

participantes. Eles receberam informações, orientações e esclarecimentos sobre a

pesquisa sempre que foi solicitado. Todos os dados coletados foram mantidos de

forma confidencial, assegurando-se o sigilo profissional. Esta pesquisa também não

teve objetivo de submeter a nenhum tratamento a quem dela foi participante, bem

como não causou nenhum prejuízo ou gasto em relação ao material utilizado. O

participante teve liberdade de desistência e se retirar da pesquisa em qualquer

momento. Além disso, só participou da pesquisa quem assinou o TCLE concordando

com sua participação na pesquisa. Os dados obtidos serão utilizados apenas para

fins de divulgação de estudos científicos e/ou publicações científicas e eventos,

desde que os dados pessoais não sejam mencionados, e serão utilizados apenas

para esta pesquisa, guardados por um período de cinco anos, e após esse período

serão destruídos (conforme preconiza a Resolução nº 466/12).

Quanto aos benefícios, a construção de uma tecnologia educacional junto

com os participantes da pesquisa contribuiu na aquisição de conhecimentos, troca

de experiências, valorização dos saberes dos mesmos sobre os cuidados de si.

Futuramente, após a sua validação, contribuirá como instrumento que ajudará no

autocuidado e na prevenção de complicações na pele periestoma dos estomizados

do Serviço e/ou de outras instituições.

3.6. Análise dos dados:

A análise de dados, apesar de ser uma etapa separada, foi iniciada logo

após cada encontro do grupo focal. Foram ouvidas as gravações do encontro e

Page 72: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

71

transcritas na íntegra as falas dos participantes. Foi feita ainda, a leitura e

observação do diário de campo. A partir da transcrição na íntegra dos dados

oriundos dos encontros em grupo, o material foi analisado segundo o método da

Análise de Conteúdo, do tipo Temática. Segundo Bardin (2011, p.48):

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

A escolha por esse tipo de análise se deu após a leitura de estudos como,

por exemplo, de GRITTEM, 2007; ULBRICH, 2010; SOUSA, 2011; QUEIROZ et al.,

2008, que trabalharam a construção de tecnologias educacionais por meio do

método de pesquisa-ação, com grupos focais, e utilizaram a análise temática de

Bardin. Diante disso, verificou-se que esta era apropriada para este tipo de

pesquisa.

Para atingir mais precisamente os significados manifestos e latentes

trazidos pelos sujeitos, foi utilizada a análise categorial, que funciona por operações

de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamento

analógicos. A análise categorial poderá ser temática, construindo as categorias

conforme os temas que emergem do texto (BARDIN, 2011).

Segundo Bardin (2011), tema é a unidade de significação que se liberta

naturalmente de um texto analisado, respeitando os critérios relativos à teoria que

serve de guia para esta leitura. Sendo assim, a análise de conteúdo temática

consiste em descobrir os “núcleos de sentido” que compõem a comunicação, e cuja

presença ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo

analítico escolhido. A análise de conteúdo organiza-se em três fases: a) pré-análise;

b) exploração do material; e c) tratamento dos resultados, inferência e interpretação

(BARDIN, 2011).

A pré-análise é a fase de organização, tem por objetivo operacionalizar e

sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso de

desenvolvimento da pesquisa. Retomam-se as hipóteses e os objetivos iniciais da

pesquisa, reformulando-os frente ao material coletado, e na elaboração de

indicadores que fundamentem a interpretação final. Esta fase se decompõe em três

tarefas: leitura flutuante, que consiste em tomar contato exaustivo com o material

Page 73: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

72

para conhecer seu conteúdo; constituição do corpus, que é o conjunto dos

documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos; e

reformulação de hipóteses e objetivos, onde determinam-se a unidade de registro

(palavra ou frase), a unidade de contexto (a delimitação do contexto de

compreensão da unidade de registro), os recortes, a forma de categorização, a

modalidade de codificação e os conceitos teóricos mais gerais que orientarão a

análise (BARDIN, 2011).

A exploração do material, que é a segunda etapa, consiste

essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em

função de regras previamente formuladas. Na terceira etapa, que é o tratamento dos

resultados, inferência e a interpretação, os dados brutos condensados são tratados

para uma análise significativa e válida (BARDIN, 2011).

Nesta pesquisa os temas foram emergentes da produção dos dados da

pesquisa empírica e formaram as categorias temáticas. Considerou-se a presença

de núcleos (unidades) de sentido que foram significativos para atender aos objetivos

da pesquisa e que estavam em consonância com o referencial teórico que sustenta

a mesma.

Segundo as fases descritas acima, a análise de dados desta pesquisa

constou de:

a) Pré-análise: Na mesma semana em que foi realizado o grupo focal,

ouviram-se as gravações do encontro e foram transcritas na íntegra as falas dos

participantes. Posteriormente fez-se a leitura exaustiva e flutuante do material

transcrito, assinalando palavras e expressões para identificação de unidades de

sentido e núcleos de significados.

b) Exploração do Material: Foi iniciado o processo de categorização,

orientado pelos objetivos da pesquisa. Para tal, elaboraram-se quadros

sistematizando os principais achados que deram corpo às categorias temáticas

(Apêndice G).

c) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação: Cada

categoria temática foi descrita, comparada com o material teórico e feita a inferência

do que deveria constar na tecnologia educacional (guia). Resultando na construção

da tecnologia educacional proposta neste projeto.

Page 74: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

73

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 75: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

74

Os dados coletados juntos aos participantes foram analisados e os

aspectos mais significativos constituíram o conteúdo para a construção da

tecnologia educacional. A análise foi realizada por meio de uma leitura exaustiva do

material produzido no grupo focal, com organização, categorização e codificação

dos dados a fim de gerar uma interpretação precisa. Inicia-se pela descrição das

características dos participantes da pesquisa.

4.1. Caracterização dos participantes

Participaram da pesquisa oito estomizados intestinais, quatro do sexo

feminino e quatro do sexo masculino; na faixa etária de 42 a 69 anos. Quanto à

situação conjugal, quatro eram casados, dois, solteiros, um com união estável, e um,

divorciado. Em relação à situação econômica, quatro eram aposentados, dois

recebiam benefício e dois eram autônomos. Quanto ao nível de escolaridade, cinco

possuíam o ensino médio completo e três, o ensino fundamental incompleto. E todos

eram residentes no Município de Belém/PA. O tempo de estomização variava de

cinco meses a 18 anos. Quanto ao tipo de estomia, cinco eram ileostomizados e

três, colostomizados; dos quais quatro apresentavam estomia de caráter

permanente e quatro, temporária. Em relação à causa geradora da estomia, três

foram por câncer de reto; um, por câncer de cólon; uma, por câncer de vulva com

fístula retal; um, por retocolite; um, por tuberculose intestinal; e um, por causa

desconhecida. Destes, seis vivenciaram a dermatite irritativa; um, a irritativa

associada com a mecânica; e um, a dermatite infecciosa.

Page 76: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

75

Quadro 1: Caracterização dos participantes da pesquisa, Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, URES-Presidente Vargas,

Belém/PA, 2014

Participante Sexo Idade Situação

conjugal

Situação

econômica

Nível de

escolaridade

Tempo de

estomização

Tipo de

estomia

Caráter do

estoma

Causa

geradora

Topázio azul F 62 a Solteiro Aposentado EFI 18 anos Ileostomia Permanente Retocolite

Jade F 45 a Solteiro Benefício EFC 9 meses Ileostomia Temporário CA de reto

Ônix M 62 a Casado Autônomo EFI 1 ano e 6 meses Colostomia Permanente CA de reto

Quartzo azul M 69 a Casado Aposentado EMC 6 anos Colostomia Permanente CA de reto

Olho de tigre M 42 a União estável Benefício EFI 11 meses Ileostomia Temporário TB intestinal

Diamante M 67 a Casado Aposentado EFC 6 meses Ileostomia Temporário CA de cólon

Pérola F 63 a Casado Aposentada EMC 5 anos Ileostomia Permanente CA de vulva

com fístula

retal

Rubi F 47 a Divorciada Autônomo EMC 5 meses Colostomia Temporário Desconhecida

Legenda: E.F.I (Ensino Fundamental Incompleto); E.M.I (Ensino Médio Incompleto) e E.M.C (Ensino Médio Completo)

Page 77: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

76

4.2. Categorias identificadas

As categorias emergiram da identificação de unidades de sentido

(significados) do material produzido na pesquisa durante análise desse material.

Temos as seguintes categorias: O Material Educativo como Fonte de

Conhecimento; Dificuldades para o Cuidado com a pele periestoma;

Autocuidado com a pele periestoma; e Tecnologia Educacional para

Estomizados.

4.2.1. CATEGORIA 1: O material educativo como fonte de conhecimento

As unidades de significado que originaram esta categoria foram: conhecer

mais; útil para a enfermagem; importante para o cuidado; informação para outras

pessoas; ajudar muita gente; muito bom; contribuir; orientação, principalmente para

o meu marido, que cuida de mim. Conforme se observa no Quadro 2 abaixo.

Quadro 2- Percepção dos estomizados sobre o material educativo que esclareça

sobre os cuidados com a pele periestoma

Participante Respostas

1. Topázio Azul - Conhecer mais o que tem que usar e como conviver.

2. Jade - É útil para a enfermagem, quem não conhece tem que aprender. Os profissionais desconhecem a realidade e diversidade de materiais.

3. Ônix - Será importante para o cuidado.

4. Quartzo azul - Levar informação pra outras pessoas, nós vamos ajudar muita gente. Nunca houve um trabalho desses pra nós, somos responsáveis por isso. É o saber e a experiência.

5. Olho de tigre - Muito bom.

6. Diamante - Vai contribuir muito.

7. Pérola - Orientação, principalmente para o meu marido, que cuida de mim. Pra ele aprender mais.

8. Rubi - Muito bom.

Page 78: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

77

Analisando as respostas dos participantes da pesquisa, constatou-se que

eles tinham uma percepção sobre o material educativo, principalmente, como uma

fonte de conhecimento sobre o material (equipamentos coletores e adjuvantes de

proteção) que terão de usar e como devem usá-los. Além disso, eles consideravam

também ser útil para os profissionais de enfermagem, que muitas vezes demonstram

não conhecerem e não terem experiência sobre os cuidados dispensados aos

estomizados e por isso não orientam de forma adequada os pacientes e/ou

familiares. Aqui eles se referem principalmente aos profissionais do hospital, e à falta

de orientação no momento da alta hospitalar. Conhecer sobre esses equipamentos e

como manuseá-los é importante para um cuidado eficaz. Portanto, esse material

educativo vai levar informações para as pessoas e ajudá-las a lidar com essa

realidade. É uma maneira de contribuir, de orientar os estomizados, os familiares e

as pessoas que cuidam deles, por isso, os participantes definem como um material

muito bom. Vejamos algumas falas que exemplificam essa percepção.

É bom [...] fazer pra melhorar e pra pessoa conhecer mais [...]

o que a gente tem que usar e como tem que conviver, tem que

conhecer o que é nosso mesmo... (Topázio Azul)

Eu acho que o material vai ser muito importante [...] então, se

elas tivessem esse material, seria muito útil [...] porque eu acho

assim [...] quem está no ramo da enfermagem com certeza

também tem interesse em qualquer material relacionado a isso,

pois não conhece, então vai aprender... (Jade)

A utilização desse material vai ser muito importante [...] toda

informação pra gente [...] se nós conseguirmos aqui fazer um

grupo e levar essa informação pra outras pessoas nós vamos

ajudar muita gente... (Quartzo azul)

Ótimo [...] ótimo, porque orienta muito, principalmente para o

meu marido, que cuida de mim [...] ele que cuida de mim [...]

vai ajudar para ele aprender mais... (Pérola)

As falas dos participantes confirmam o que diz Sousa (2011), que afirma

que os materiais educativos devem ser um complemento das orientações verbais

dos profissionais ao paciente, um suporte de informação, de orientações, de

Page 79: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

78

esclarecimentos, de prevenção de complicações, ou seja, um complemento no

processo educativo que contribuirá na recuperação do paciente.

Panobianco et al. (2009) acreditam que a existência de instrumentos de

orientação, como um material educativo, com informações que forneçam elementos

para a tomada de decisões, possa facilitar, padronizar e reforçar as orientações

verbais. É também o que pensam Torres et al. (2009): que os materiais educativos

permitem ao paciente e sua família uma leitura posterior, reforçando as informações

orais, servindo como um guia de orientações para casos de dúvidas e auxiliando nas

tomadas de decisões do cotidiano.

Para Echer (2005), os materiais educativos servem para facilitar o

trabalho da equipe multidisciplinar na orientação de pacientes e familiares no

processo de tratamento, recuperação e autocuidado. Dispor de um material

educativo e instrutivo facilita e uniformiza as orientações a serem realizadas, com

vistas ao cuidado em saúde. É também uma forma de ajudar os indivíduos no

sentido de melhor entenderem o processo saúde/doença e trilharem os caminhos da

recuperação.

Um ponto muito importante a ser considerado no uso de materiais

educativos é que, ao serem elaborados, além da fundamentação científica é

essencial que sejam adequados à realidade dos pacientes, ou seja, é preciso que

sejam levados em consideração os saberes e experiências de quem convive

diariamente com um equipamento coletor. Para Rozemberg, Silva e Vasconcellos

(2002), a utilização e/ou produção de materiais educativos deve se pautar no

processo de negociação de significados e na valorização de experiências entre

profissionais de saúde e usuários dos serviços. Podemos confirmar esse comentário

na fala de um dos participantes da pesquisa.

Nunca houve um trabalho desses pra nós [...] o grande gancho

da produção deste material é o saber e a experiência...

(Quartzo azul)

As informações que compõem um material educativo devem fornecer

elementos para a tomada de decisões, em detrimento de prescrever padrões de

comportamentos e atitudes (KELLY-SANTOS E ROZEMBERG, 2006). Portanto o

Page 80: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

79

grande diferencial deste estudo é unir o conhecimento científico e a experiência e o

saber de quem convive no dia a dia com essa condição.

4.2.2. CATEGORIA 2: Dificuldades para o cuidado com a pele periestoma

As unidades de significado que originaram esta categoria foram: está

operada, não ter conhecimento, corte inadequado na placa, banheiros não

adaptados, vazamento, falta de informação, apoio dos profissionais, ter o material e

não saber usar. Como podemos observar no Quadro 3.

Quadro 3- Condições que interferem no cuidado com a pele periestoma

Participante Respostas

1. Topázio Azul - Fazer o corte correto na placa, o resíduo que sai dá coceira.

2. Jade - No começo, por está operada, não tinha conhecimento. O corte inadequado na placa era tão grande, sentia escorrer na minha pele, queimava minha pele.

3. Ônix - Banheiros adaptados para higienizar a bolsa

4. Quartzo azul - Todos nós, quando saímos da sala de operação, temos um vazamento. Esse grupo poderia dar uma força para aqueles que estão saindo - Comecei a estudar para saber o meu problema; há condições de se emancipar, dar autonomia.

5. Olho de tigre - A fixação do material no início, estava muito magro. Além da falta de informação.

6. Diamante - A acidez das fezes, qualquer vazamento causa um dano, tem que saber colocar; o problema é cortar. - É preciso melhor apoio dos profissionais, no começo é um impacto.

7. Pérola - Eu não troco, me acomodei. - Ter o material, mas não saber onde usar.

8. Rubi - Eu não sabia de nada, no início não é fácil. Eu tirava a placa, o sangue escorria, eu ficava desesperada.

Page 81: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

80

Ao analisar as falas dos participantes sobre as condições que interferem

nos cuidados com a pele periestoma, percebeu-se que, ao comentarem sobre essa

questão, a maioria referiu não ter nenhuma condição que interferisse atualmente,

que hoje já sabiam cuidar da pele periestoma. Referiram-se, principalmente, ao

período da hospitalização e início da sua condição de estomizados, ou seja, os

fatores que interferiram nesse cuidado foram vivenciados no pós-operatório,

momento em que o estomizado e o familiar cuidador encontravam-se bastante

fragilizados, angustiados, inseguros e cheios de dúvidas devido à situação que

estavam vivenciando: a estomização. As dificuldades durante a internação estavam

relacionadas às limitações por conta da cirurgia e pela impossibilidade de cuidar de

si, assim como à pouca experiência dos profissionais quanto aos cuidados com a

pele periestoma e na troca do equipamento coletor, o que contribuiu para o

surgimento de dermatite, tornando-se uma situação mais angustiante e dolorosa

para os mesmos. As condições mais enfatizadas pelos participantes foram: corte

inadequado na base adesiva, a falta de conhecimento e informação por parte do

estomizado, do familiar/cuidador e do profissional assistencial, assim como a falta de

apoio por parte da equipe multiprofissional. Conforme podemos observar nos relatos

dos participantes:

No início foi fazer o corte correto na placa [...] quando dá

coceira deve ser o resíduo que está saindo fora da marca que

você deve cortar, né [...] aquele resíduo que sai provoca

coceira [...] alguns profissionais, mesmo no hospital, têm pouco

conhecimento disso... (Topázio Azul)

A dificuldade era a falta de conhecimento minha e dos

profissionais que estavam lá, né [...] eu sentia que o meu corte

era tão grande que eu sentia escorrer na minha pele, queimava

minha pele [...] o médico alertou quanto ao corte inadequado

da placa [...] ele avisou à equipe de enfermagem que todo

vazamento do resíduo na minha pele era uma catástrofe...

(Jade)

Todos nós, quando saímos da sala de operação, temos um

vazamento [...] acho que esse grupo aqui poderia dar uma

força para aqueles que estão saindo [...] todos que estão

envolvidos no ambiente hospitalar deveriam estar

comprometidos com o mínimo de orientação à pessoa com

estoma... (Quartzo Azul)

Page 82: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

81

A dificuldade foi no início devido à fixação do material, pois

estava muito magro [...] assim como à falta de informação...

(Olho de tigre)

Precisamos, no início desta fase como estomizado, de maior

apoio, por isso acredito que seria importante um melhor apoio

dos profissionais, pelo menos até ocorrer à adaptação...

(Diamante)

As dificuldades relatadas pelos participantes foram vivenciadas

principalmente no pós-operatório. Por isso, Reveles e Takahashi (2007) afirmam

que, no pós-operatório, as preocupações e os cuidados são voltados para o estoma,

a pele periestoma, a troca dos dispositivos, a higiene e a adequação alimentar para

diminuir a formação de gases. O ensino pós-operatório deve ser sistemático, a fim

de que o paciente se sinta seguro para a alta hospitalar. Nessa fase, o paciente já se

encontra estomizado, muito debilitado, sensibilizado, fragilizado pela cirurgia e com

muitas dúvidas quanto aos cuidados com o estoma, às adaptações necessárias e à

sua nova condição de vida. Observa-se que tudo isso é sentido pelos participantes

deste estudo. Lenza et al. (2013) também confirmam que, nesse momento, o ensino

deve ser retomado ou realizado enfocando o cuidado com a ferida cirúrgica, com o

estoma, com a pele periestoma, com sua higiene, com o ensino da troca do

dispositivo coletor e seu esvaziamento.

Os mesmos autores ressaltam ainda sobre a responsabilidade

profissional do enfermeiro, que é reforçada em todas as etapas do processo de

cuidado ao estomizado, mas tem início na fase pré-operatória, quando ele utiliza o

processo ensino-aprendizagem. Nesse momento, há a necessidade de estabelecer

vínculos com o paciente e seu familiar/cuidador, com o propósito de favorecer a

compreensão sobre a real situação e a busca de adaptações situacionais.

Cesaretti (2008) chama a atenção, ainda, que a primeira troca do

dispositivo coletor é outro momento importante, tanto para o estomizado como para

o familiar/cuidador que irá prestar-lhe cuidados, e deve ser considerado pelo

enfermeiro, estomaterapeuta ou não, como a demonstração inicial da prática das

atividades e habilidades inerentes ao autocuidado do estoma e pele periestoma. A

partir de então, o treinamento para o autocuidado deve ser progressivo, de modo

Page 83: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

82

que o estomizado e/ou familiar estejam aptos a realizá-lo até a alta hospitalar. A

mesma autora refere, ainda, que a aprendizagem das atividades específicas

capacita o estomizado a deixar o hospital com todos os seus recursos físicos,

materiais e humanos, e enfrentar o ambiente da casa com os recursos lá existentes.

Por essa razão, no momento da alta, o enfermeiro deve preocupar-se em oferecer-

lhe orientações escritas sobre os cuidados, alguns equipamentos coletores para o

uso até que possa providenciá-los e, ainda, dar encaminhamentos aos recursos

existentes na comunidade para a continuidade da assistência. Entretanto, pela fala

dos participantes, isso não acontece, aumentando suas dificuldades de autocuidado

e ressaltando a importância de ter um material escrito que oriente profissionais e

pacientes para esse cuidado.

Destaca-se que, para o estomizado possuir o mínimo de qualidade de

vida possível, há a necessidade de informações detalhadas e ensino especializado

para que as ações de autocuidado tenham sucesso. O enfermeiro que trabalha com

esse tipo de paciente, além de necessitar de conhecimentos específicos e

embasamento teórico sobre estomas e estratégias de ensino, deve ter empatia,

saber olhar, ouvir, sentir, assistir, trabalhar com diversos níveis sociais e saber lidar

com diversas situações, sejam elas de revolta, indignação, não aceitação, entre

outras, sempre com o propósito de proporcionar conforto e segurança aos

estomizados (SANTOS, LEAL, VARGAS, 2006).

A necessidade de profissionais preparados para atendimento dos

estomizados é fundamental, pois o suporte adequado no cuidado em saúde,

vinculado com as orientações, facilita a aceitação e o retorno dessas pessoas às

suas atividades, com maior segurança (POLETTO e SILVA, 2013). Violin et al.

(2010) afirmam que é fundamental a humanização no atendimento do estomizado,

isto é, compreender e se colocar no lugar do outro, que está passando por diversas

modificações em que experimenta diversas perdas na sua vida: perda da

autoestima, que pode levar a um sentimento de desprestigio em relação à

sociedade, assim como perda das funções fisiológica e anatômica de defecar e

urinar.

Dessa forma, ao cuidar do estomizado, é necessário que se tenha um

olhar holístico, que leve em consideração todos os fatores que podem influenciar na

Page 84: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

83

recuperação e reabilitação deste paciente, pois a confecção da estomia é um

problema fisiológico, mas que pode acarretar problemas psicológicos e sociais

(VIOLIN et al., 2010).

Apesar de a maioria dos participantes comentar que as condições que

dificultaram o cuidado com a pele periestoma foi durante a internação, um dos

participantes enfatizou que, na hospitalização, ainda no pós-operatório, não teve

problemas em relação às orientações adequadas quanto aos cuidados com a pele

periestoma e manuseio do equipamento coletor, que foi bem assistido pela equipe.

Porém afirmou que, atualmente, a condição que mais dificulta esse cuidado é

quando precisa sair de casa e, por alguma intercorrência, necessita esvaziar ou

trocar o equipamento coletor e não há banheiro público adaptado para fazer a

higienização. Como podemos constatar na sua fala.

[...] um grande problema é a falta de banheiros adaptados, que

consiste em um problema na higienização da bolsa em locais

públicos. (Ônix)

Sabe-se que os banheiros públicos adaptados para estomizados ainda

são uma realidade distante. No entanto, a falta desse ambiente adaptado contribui

para o isolamento social do estomizado, que muitas vezes prefere não sair de casa

para não passar pelo constrangimento de descolamento do equipamento coletor e

extravasamento de efluente e não ter como fazer a higiene do estoma, pele

periestoma, e a troca do equipamento coletor de forma adequada e com privacidade.

Quando uma pessoa fica estomizada, passa por algumas transformações

em sua vida, e uma delas é a necessidade de um banheiro adaptado, que é o

principal ambiente que sofre alterações para atender às suas necessidades. Porém

esse tipo de adaptação ainda é difícil de encontrar (YAMADA e YAMADA, 2012).

Para esse autor, muitos estomizados hesitam em sair de suas casas e em ter uma

vida social ativa, pois se preocupam em como esvaziar a sua bolsa coletora fora de

suas residências. Para os estomizados pode ser estressante utilizar banheiros

públicos e pode causar pânico o fato de lidarem com os eventuais vazamentos de

efluentes. Portanto, a disponibilização de banheiros públicos para o atendimento

adequado aos estomizados pode ajudar no bem-estar e reabilitação dos mesmos

em sua comunidade.

Page 85: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

84

4.2.3. CATEGORIA 3: O autocuidado com a pele periestoma

As unidades de significado que originaram esta categoria foram: limpo

com água e sabão; corte correto na placa; no chuveiro fica mais fácil de tirar;

descolando a placa devagar; seco a pele; aparando os pelos com uma tesoura; pego

sol na pele periestoma; uso cotonete pra ajudar tirar as fezes; barreira para proteger

a pele; comecei a estudar para saber o meu problema, há condições de se

emancipar, dar autonomia; não faço o autocuidado, é meu cuidador que faz.

Conforme observamos no quadro abaixo.

Quadro 4- Autocuidado com a pele periestoma

Participante Respostas

1. Topázio Azul - Limpo com água e sabão, não faço uso de nenhum produto. Sei e conheço o diâmetro do meu estoma, já recorto corretamente.

2. Jade - Tomo banho, eu tiro no chuveiro, fica mais fácil de tirar. Lavo a pele com sabonete, a água refresca a pele. Seco bastante e se a pele estiver irritada passo pomada. - Secar a pele é muito importante. - As placas já estão cortadas, só coloco o cimento bem ao redor do corte, que impede que as fezes infiltrem.

3. Ônix - Vou descolando a placa devagar com o auxílio do lenço de limpeza e aparando os pelos devagar com uma tesoura. - Uso algodão, água e sabão na limpeza ao redor do estoma. Faço o corte correto na placa. - Pego sol na pele periestoma.

4. Quartzo azul - Tomo banho com a placa, vou me ensaboando todinho, tiro ela no banho. Uso sabão, limpa a pele. - A ducha me auxilia na limpeza, uso o espelho e cotonete pra ajudar a tirar as fezes. As fezes que fazem irritar a pele. - Não solto a barreira, protege a pele. - Pegar um solzinho na pele, se não pode pegar, deixe ao menos a pele respirar alguns minutos sem a placa.

5. Olho de tigre - Na limpeza da pele uso água e sabão, tomo banho normal. Seco bem a pele, uso pó e fixo o material com a pasta.

Page 86: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

85

6. Diamante - Não faço o autocuidado, não troco. - Tomo meu banho, não tiro a bolsa, espero meu cuidador para fazer a troca. Ele limpa com gaze.

7. Pérola - Eu não troco, é meu cuidador quem faz.

8. Rubi - Faço normal, tomo meu banho, eu mesmo tiro. Lavo com água e sabão, uso gaze pra enxugar, uso cotonete pra fazer a limpeza, passo aquela pomadinha branca. - Deixo a pele até 30 minutos sem a placa para respirar, às vezes pego uns 10 minutos de sol.

Nesta categoria os estomizados, quando estimulados a comentarem

como faziam o autocuidado com a pele periestoma, na maioria descreveram que

assumiram esse cuidado, o que mostra que, superada a primeira fase de sofrimento,

negação, angústia, dúvidas, medo, busca-se a adaptação à nova condição – ser

estomizado. Perceberam que com o passar dos dias há possibilidades de se

tornarem independentes, ou seja, cuidarem de si, mesmo com algumas limitações.

Então se sentiam aptos e capazes de realizar seus próprios cuidados, buscando a

independência e a autonomia sobre o seu corpo.

Começaram contando que, no dia da troca do equipamento coletor,

faziam normalmente esse procedimento durante o banho, retirando a base adesiva

suavemente com água e sabão, limpavam a área e posteriormente à limpeza

secavam bem a pele. Os pelos eram removidos com auxílio de uma tesoura e,

quando era possível, expunham a pele periestoma ao sol da manhã, porém, na

impossibilidade deste cuidado deixavam a pele respirar por alguns minutos antes de

fixar a nova base adesiva. Referiram que esses cuidados foram aprendidos após a

consulta de enfermagem no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, e que o

serviço especializado contribuiu no estímulo da busca do autocuidado e

independência.

Alguns participantes citaram o uso da haste flexível (cotonete) para ajudar

na remoção de resíduos de efluentes que ficam aderidos bem próximos à base do

estoma, assim como o uso de adjuvantes de proteção, como o creme barreira e a

pasta niveladora, ao redor do corte da base adesiva, o que ajuda na fixação da

mesma e evita a infiltração de efluentes, já que é um dos fatores que contribui para o

surgimento da dermatite irritativa. Percebeu-se ainda a ênfase que deram ao corte

Page 87: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

86

correto na base adesiva, cuidado este importantíssimo para manter a integridade da

pele periestoma. Como podemos perceber nos trechos a seguir:

Faço normal, tomo meu banho, eu mesmo tiro [...] lavo com

água e sabão, uso gaze pra enxugar, uso cotonete pra fazer a

limpeza, passo aquela pomadinha branca [...] Deixo a pele até

30 minutos sem a placa para respirar, às vezes pego uns 10

minutos de sol... (Rubi)

Tomo banho, eu tiro no chuveiro, fica mais fácil de tirar. Lavo a

pele com sabonete, a água refresca a pele. Seco bastante e se

a pele estiver irritada passo pomada [...] secar a pele é muito

importante [...] as placas já estão cortadas, só coloco o cimento

bem ao redor do corte, que impede que as fezes infiltrem...

(Jade)

Tiro ela no banho. Uso sabão, limpa a pele [...] A ducha me

auxilia na limpeza, uso o espelho e cotonete pra ajudar a tirar

as fezes. As fezes que fazem irritar a pele [...] não solto a

barreira, protege a pele [...] pegar um solzinho na pele, se não

pode pegar, deixe ao menos a pele respirar alguns minutos

sem a placa... (Quartzo azul)

Vou descolando a placa devagar com o auxílio do lenço de

limpeza e aparando os pelos devagar com uma tesoura [...] uso

algodão, água e sabão na limpeza ao redor do estoma. Faço o

corte correto na placa [...] pego sol na pele periestoma... (Ônix)

Limpo com água e sabão, não faço uso de nenhum produto [...]

sei e conheço o diâmetro do meu estoma, já recorto

corretamente... (Topázio azul)

Os cuidados descritos pelos estomizados vão de acordo com que diz

Yamada e Yamada (2012). Ela afirma que as ações específicas do autocuidado do

estomizado são baseadas em três fatores: a higiene do estoma e pele periestoma, a

observação do estoma e pele periestoma e os cuidados com o equipamento coletor,

dispensando atenção cuidadosa ao corte correto da base adesiva, para que não

haja o acúmulo de resíduos de efluentes na pele, que contribui para o surgimento da

dermatite periestoma.

A mesma autora enfatiza que, no dia da troca do equipamento coletor, a

retirada da base adesiva deve ser feita preferencialmente durante o banho, pois é

Page 88: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

87

mais fácil para descolar a base, que deve ser retirada delicadamente para não

traumatizar a pele periestoma. Enquanto que a higiene do estoma e da pele

periestoma deve ser realizada, cuidadosamente, com água e sabão de uso habitual

do estomizado, utilizando-se pedaços de tecido de algodão limpo, macio e úmido,

sem esfregar, tendo o cuidado de remover os resíduos de efluentes tanto da pele

quanto da borda do estoma. Após a limpeza e o enxague, deve-se secar bem a pele,

pois a umidade excessiva interfere na aderência da base adesiva e favorece a

maceração da pele.

Os pelos da pele periestoma não devem ser removidos com lâminas, mas

sim aparados com uma tesoura de ponta curva, deixando-os rente à parede do

abdômen. A presença de pelos na pele periestoma, além de interferir na aderência

da base adesiva, é um fator que contribui para o aumento do potencial para

inflamação do folículo piloso, que tem como uma das causas o trauma causado

durante a retirada da base adesiva ou mesmo dos pelos (YAMADA e YAMADA,

2012).

O banho de sol foi outro cuidado citado pelos participantes e, segundo

Martins et al. (2012), o banho de sol é um cuidado fundamental tanto na prevenção

quanto no tratamento da dermatite periestoma. Esse cuidado básico pode ser

realizado com a pele periestoma, sendo necessário fazê-lo, sempre que possível, na

ocasião da troca do equipamento coletor, de 15 a 20 minutos, pela manhã, não se

podendo esquecer de proteger o estoma com gaze umedecida.

Percebe-se que a maioria dos participantes da pesquisa já sabia fazer

adequadamente os seus próprios cuidados higiênicos com o estoma e pele

periestoma, assim como a troca do equipamento coletor, ou seja, já haviam

assumido o seu autocuidado. O que mostra a atuação do enfermeiro do Serviço de

Atenção à Pessoa Estomizada, no repasse/ensino desses cuidados de forma

gradativa para o aprendizado do estomizado e do familiar/cuidador. Para Sampaio et

al. (2008) a assistência de enfermagem aos estomizados, com ênfase no

autocuidado, tem sido uma alternativa importante no sentido de estimular o paciente

a participar ativamente do seu tratamento, além de aumentar sua responsabilidade

no seu próprio cuidado. Por isso torna-se imprescindível que os enfermeiros

desenvolvam e apliquem modelos assistenciais que contemplem uma visão

Page 89: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

88

sistêmica e multidimensional do cuidar e, dessa forma, possam atender às

demandas dos pacientes.

Dentre os modelos assistenciais, temos o modelo da teoria do

Autocuidado proposto por Orem, que está baseado na premissa de que os

indivíduos podem cuidar de si próprios. Para Orem (1995), o autocuidado é a prática

de atividades que o indivíduo inicia e executa em seu próprio benefício, na

manutenção da vida, da saúde e do bem-estar. Para a autora citada, o sistema de

enfermagem planejado pelo profissional baseia-se nas necessidades de autocuidado

e nas capacidades do paciente para a execução de atividades de autocuidado.

Assim, a teorista identificou três sistemas de enfermagem para satisfazer os

requisitos de autocuidado do paciente: o sistema totalmente compensatório, onde o

indivíduo é incapaz de empenhar-se nas ações de autocuidado; o sistema

parcialmente compensatório, que ocorre quando o enfermeiro e o indivíduo

participam na realização de ações terapêuticas de autocuidado; e o sistema de

apoio-educação, quando o indivíduo é capaz de satisfazer as suas exigências de

autocuidado, mas necessita de assistência na forma de apoio, orientação e

ensinamento (MENEZES et al., 2013). Como os estomizados e o familiar/cuidador

precisam de orientações e cuidados contínuos relacionados à higiene do estoma,

pele periestoma e troca do equipamento coletor, isso corrobora o uso do sistema de

apoio-educação que norteou a pesquisa. Para Orem (1995), o sistema apoio-

educação abre a perspectiva educacional para as ações de enfermagem.

Portanto, a partir do sistema de apoio-educação, os enfermeiros atuantes

do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada buscam estimular os estomizados

capazes de executar medidas de autocuidado a ser tornarem independentes,

embora não consigam fazer isso sem auxílio. Por isso a importância de ensiná-los,

orientá-los, acompanhá-los e incentivá-los em busca da autonomia. Matsubara et al.

(2012) consideram que a orientação de enfermagem constitui uma das estratégias

que podem incentivar e desenvolver potencialidades dos pacientes e familiares, bem

como instrumentalizá-los para assumirem, como sujeitos, as ações voltadas para o

enfrentamento dos problemas decorrentes da estomização.

Para Foster e Janssens (2000) as exigências do paciente quanto ao

autocuidado resumem-se à tomada de decisões, controle do comportamento e

Page 90: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

89

aquisição de conhecimentos e habilidades. O enfermeiro, no sistema de apoio-

educação, é responsável pela promoção de ações educativas, proporcionando

melhor desempenho do paciente no desenvolvimento das atividades do

autocuidado. A aplicação da Teoria do Autocuidado de Orem na prática de

enfermagem proporciona ao enfermeiro a oportunidade de planejar suas ações a

partir da identificação das demandas de autocuidado.

Apesar de a maioria dos participantes já praticar o autocuidado,

percebeu-se que dois dos participantes, mesmo já com algum tempo de

estomização, não haviam assumido esse cuidado, dependiam de um

familiar/cuidador para fazer os cuidados higiênicos com o estoma, pele periestoma,

assim como a troca do equipamento coletor. Apesar do tempo decorrido da

estomização, não foi possível tomarem para si esse cuidado. Por isso constatou-se

que o tempo de estomização não é um fator que determina a prática do autocuidado

pelo estomizado, que esta é influenciada pela insegurança, medo, limitações,

aceitação, adaptação; assim como incentivo, interesse e apoio do familiar/cuidador;

além da orientação, ensino, apoio, incentivo e acompanhamento pelo enfermeiro.

Nos trechos abaixo podemos observar os comentários dos participantes que não

praticavam o autocuidado.

Não faço o autocuidado [...] eu não troco [...] no dia da troca do

material, tomo meu banho, não tiro a bolsa e espero pelo

enfermeiro para fazer a troca da minha bolsa [...] ele limpa com

gaze [...] no dia que ele vai trocar quase não me alimento muito

[...] então não sai muito [...] (Diamante)

Eu não troco, é meu cuidador quem faz a troca do material [...]

eu me acomodei, espero pelo meu cuidador, mas acredito que

dou conta de trocar na ausência dele [...] (Pérola)

Para Cesaretti e Vianna (2003), ensinar pacientes estomizados é um

processo complexo, que exige avaliação prévia, planejamento e treinamento do

familiar/cuidador, portanto, a aprendizagem depende de três domínios: cognitivo,

afetivo e psicomotor. É importante a compreensão das modificações que ocorrem na

vida do estomizado e como ele vivencia todo esse processo, para maior

aprofundamento e planejamento coerente das intervenções de enfermagem.

Page 91: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

90

Santos e Sarat (2008) também afirmam que existem fatores que

interferem na aprendizagem das medidas de autocuidado, como: idade, valores,

crenças, capacidade mental, cultura, educação, a sociedade e o estado emocional.

No grupo pesquisado observou-se, por exemplo, que os participantes que não

assumiram o autocuidado já eram idosos, que um deles até hoje não aceitava a sua

nova condição assim como a presença do estoma, e referiu ainda que era difícil

assumir esse cuidado, pois geralmente quem tem mais habilidade nessa prática é a

mulher, pelo fato de cuidar dos filhos quando crianças. Corroborando, assim, com os

autores citados, que afirmaram sobre a existência de fatores que interferem na

aprendizagem das medidas de autocuidado. Por isso é necessário que o enfermeiro,

na sua prática profissional e educativa, leve em consideração esses fatores no

planejamento da sua assistência, avalie adequadamente as demandas de

autocuidado e trace planos de intervenção coerentes com as expectativas e

possibilidades do indivíduo e/ou familiar cuidador.

Para Menezes et al. (2013), a assistência ao estomizado não requer

somente ensinar os cuidados de higiene com a estomia, pele periestoma e troca do

equipamento coletor. É necessário implementar um plano de cuidados com

abordagem multidisciplinar que inclua a participação da equipe na sua reabilitação.

Os estomizados precisam de constante acompanhamento e motivação para melhor

adaptarem-se e, assim, promoverem o autocuidado eficaz.

4.2.4. CATEGORIA 4: Tecnologia educacional para estomizados

As unidades de significado que originaram esta categoria foram: tipos de

dermatite; cuidados e higiene correta; o que a gente tem que usar; o que é

verdadeiro e o que é falso ao lidar com a ileo ou com a colostomia; mitos e verdades

sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma; alimentação; tipos de materiais

disponíveis e mais adequados a cada tipo de pele; passo a passo da troca do

material. Como podemos constatar no quadro abaixo.

Quadro 5- Temas para conter no material educativo

Participante Respostas

1. Topázio Azul - Todos os assuntos são importantes (dermatite, tipos de

Page 92: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

91

dermatite, cuidados e higiene). - O que a gente tem que usar.

2. Jade - O que é verdadeiro e o que é falso ao lidar com a íleo ou com a colostomia. - Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma. - O que eu posso comer, o que não posso comer?

3. Ônix - Sobre a alimentação.

4. Quartzo azul - Todos os assuntos que falamos são importantes (dermatite, tipos de dermatite, cuidados e higiene). - Nutrição, a nossa comida. - O que posso e não posso consumir.

5. Olho de tigre - Tipos de materiais disponíveis e mais adequados a cada tipo de pele.

6. Diamante - Sobre o que posso comer. Mais de 41 anos em Belém, nunca me alimentei sem o açaí.

7. Pérola - Sobre a higiene correta e o material correto.

8. Rubi - Todos os assuntos são importantes (dermatite, tipos de dermatite, cuidados e higiene). - Passo a passo da troca do material.

Nesta categoria, os participantes demonstraram interesse em

compartilhar suas necessidades e, certamente, seus discursos retratam além dos

pontos investigados, mas também as dificuldades vivenciadas no cotidiano pelo

distanciamento entre o saber popular (dos estomizados) e o saber científico dos

profissionais. As sugestões dos participantes serviram, portanto, para subsidiar a

construção da tecnologia educacional a ser utilizada na prática educativa, pois

retratam necessidades percebidas pelos mesmos, que têm a experiência vivenciada.

Ao indagar dos participantes sobre os assuntos indicados para conter no

material educativo, foram apontados como pontos importantes os seguintes itens:

dermatite, tipos de dermatite, cuidados higiênicos, mitos e verdades sobre os

cuidados com o estoma e pele periestoma, alimentação, produtos utilizados para os

cuidados com a pele, passo a passo da troca do equipamento coletor. Então, a partir

da sugestão desses assuntos foi possível a construção do Primeiro e Segundo

Esboços da Tecnologia Educacional (Apêndices E e F). Percebeu-se que os

Page 93: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

92

estomizados, apesar de orientações recebidas no Serviço de Atenção à Pessoa

Estomizada, ainda tinham algumas dúvidas relacionadas ao estoma, seus cuidados,

dermatite periestoma e os produtos utilizados para o cuidado, assim como

dificuldades e dúvidas relacionadas principalmente sobre os alimentos que podem

ingerir como estomizados. Através dos encontros com o grupo, percebeu-se a

importância do trabalho educativo do enfermeiro e a necessidade da utilização de

tecnologias educativas que orientem e contribuam no esclarecimento de dúvidas dos

estomizados e de seu familiar/cuidador no seu dia a dia. Vejamos algumas falas dos

participantes sobre os assuntos que foram indicados para conter no material

educativo:

Todos os assuntos que falamos aqui são importantes

(dermatite periestoma, tipos de dermatite, cuidados e higiene)

[...] é bom saber o que a gente tem que usar [...] (Topázio azul)

Eu acho uma coisa importante para conter no material, o que é

verdadeiro e o que é falso ao lidar com a íleo ou com a

colostomia [...] porque muitas informações que tive no começo

eram falsas e me deixavam assim apavorada, que eu tinha

medo até de olhar pra minha barriga e ver o estoma, eu tinha

medo de tocar [...] ah, porque pode infeccionar, então eu usava

o soro, porque eu achava que a água ia contaminar [...] então

isso me atrapalhou muito no começo. (Jade)

Tenho dúvidas sobre o que posso comer [...] sou cametaense,

então, depois da cirurgia, peixe de pele não como, farinha, açaí

[...] nada destes alimentos eu consumo, por receio [...] mais de

41 anos em Belém, nunca me alimentei sem o açaí [...]

(Diamante)

Sugiro mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e

pele periestoma [...] o uso do chuveirinho, que muita gente tem

medo [...] que só uma enfermeira pode fazer esse cuidado, e

não é verdade, a gente pode fazer [...] (Jade)

A participação, interação e envolvimento dos estomizados foram

essenciais na escolha dos assuntos para a construção da tecnologia educacional.

Essa interação, associada ao comprometimento da participação para a promoção da

saúde, é premissa importante do método da pesquisa-ação, que visa à construção

do conhecimento de maneira coletiva e participativa, buscando soluções para um

Page 94: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

93

problema que necessita de intervenção e mudança. Reberte, Hoga e Gomes (2012)

ressaltam que a adoção de uma abordagem participativa, comunicativa e coletiva é

recomendada no processo de construção de um material educativo. A interação e a

troca de conhecimentos, considerando-se as necessidades e o estilo de vida das

pessoas, são aspectos essenciais nesse processo. Para Queiroz et al. (2008) as

manifestações dos sujeitos servem, portanto, para subsidiar a elaboração do

material educativo a ser utilizado na prática educativa, pois retratam necessidades

percebidas pelos participantes, que têm a experiência vivenciada. É fundamental

ouvir a necessidade de conhecimento dos pacientes e suprir esta necessidade com

informações baseadas no conhecimento científico e dos profissionais que os

atendem.

Esses mesmos autores dizem que as tecnologias do cuidado com

enfoque nas ações educativas pressupõem um caminho inovador que gere atitudes

conscientes e intencionais das pessoas envolvidas, além da valorização e

reconhecimento da cidadania. Para tanto, faz-se necessário incorporar o

conhecimento e as necessidades dos sujeitos no processo de aprendizagem. Desse

modo, a escuta dos mesmos contribui sobremaneira na estruturação de uma etapa

objetiva na construção das tecnologias educacionais.

Moreira, Nóbrega e Silva (2003) reforçam ainda que, na elaboração de

materiais educativos em saúde, uma informação de fácil entendimento melhora o

conhecimento e a satisfação do paciente e do familiar/cuidador, desenvolve suas

atitudes e habilidades, facilita-lhe a autonomia, promove sua adesão, torna-os

capazes de entender como as próprias ações influenciam seu padrão de saúde,

favorece sua tomada de decisão.

Por isso os materiais educativos assumem um papel importante no

processo de educar em saúde, pois, além de facilitarem a mediação de conteúdos

de aprendizagem, funcionam como recurso prontamente disponível para que o

paciente e seu familiar/cuidador possam consultá-lo diante de dúvidas no

desenvolvimento do cuidado. Portanto, ele deve ser acessível e claro, significativo e

aderente à realidade e necessidades do leitor; mais do que informar, precisa

estimular a reflexão e fomentar a instrumentalização para cuidá-lo (CABRAL, 2008).

Page 95: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

94

4.2.4.1. A CONSTRUÇÃO DA VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA

EDUCACIONAL

No último encontro com o grupo focal, foi apresentado o segundo

esboço da tecnologia educacional (Apêndice F) para a construção da versão final.

Para tal foram realizados correções, ajustes, acrescentado contribuições e

sugestões dos participantes quanto ao conteúdo, imagens para ilustrar a tecnologia,

quanto ao tamanho da letra, tamanho do material impresso, cores das páginas, título

mais adequado para o material, imagem da capa e indicação do uso do material

educativo.

Quanto ao conteúdo, foi sugerida a inclusão, no item relacionado

aos Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma, dos

seguintes assuntos:

- se o estomizado adulto é capaz de assumir o seu autocuidado;

- se existe diferença na frequência da eliminação do efluente do

ileostomizado e colostomizado;

- quando deve ser retirada a haste de sustentação utilizada em alguns

tipos de estomas.

Em relação às imagens para ilustrar o material educativo,

concordaram em mantê-las, já que a maioria utilizada para ilustrar o material é dos

usuários do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada. Sugeriram aumento no

tamanho da letra para facilitar a leitura e torná-la mais agradável; indicaram o

tamanho de 21x15 cm para o material e sugeriram a cor verde, de tom claro, para as

páginas do material educativo.

O título do material foi sugerido por um dos participantes e acatado

pelos demais, ficando, então, “Estomia sem mistérios – Como cuidar da pele

periestoma de estomizados intestinal e urinário: guia prático de orientação”.

Para a capa foi sugerida a imagem de um girassol, pois consideraram mais

adequada devido à sua posição, que está sempre de frente para o sol, assim como o

estoma.

Page 96: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

95

Sugeriram, ainda, a utilização do material educativo também pelos

profissionais de enfermagem e por todos aqueles que cuidam dos estomizados, ou

seja, os que estão envolvidos nos cuidados a essas pessoas. Podemos confirmar as

sugestões finais dos participantes nos comentários abaixo:

Acho que deveria colocar uma coisa aí que é verdade [...] que

a própria pessoa pode fazer o autocuidado, trocar a placa [...]

porque a gente tem impressão que sempre vai ter um

enfermeiro [...] porque a gente pensa que é igual ter que fazer

um curativo [...] (Jade)

Eu não sabia que tinha que tirar a haste de sustentação [...]

(Jade)

Eu adorei tudo no material [...] acho que as figuras ficaram

ótimas [...] as letras que poderiam ser um pouco maior para

facilitar a leitura [...] (Pérola)

Sugiro aumentar a fonte do texto para uma leitura mais

agradável [...] (Jade)

Sinto-me feliz por esta oportunidade de ajudar na construção

deste material [...] Sei que a muitos servirá, para que não

passem pelo o que eu passei [...] (Jade)

Sugiro que o material seja indicado para todos os interessados

e envolvido nesta realidade [...] (Topázio azul)

A partir das sugestões e contribuições dos participantes da pesquisa nos

encontros, principalmente neste quarto encontro, e através do levantamento dos

cuidados com a pele periestoma referenciados na literatura, foi possível a

construção da tecnologia educacional, um material que poderá contribuir na

prevenção da dermatite periestoma, assim como incentivar no autocuidado do

estomizado. É um instrumento que poderá ser utilizado pelo enfermeiro, para mediar

a sua prática educativa.

Page 97: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

96

4.2.4.2. VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Page 98: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

97

Page 99: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

98

Page 100: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

99

Page 101: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

100

Page 102: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

101

Page 103: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

102

Page 104: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

103

Page 105: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

104

Page 106: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

105

Page 107: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

106

Page 108: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

107

Page 109: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

108

Page 110: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

109

Page 111: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

110

Page 112: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

111

Page 113: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

112

Page 114: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

113

Page 115: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

114

Page 116: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

115

Page 117: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

116

Page 118: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

117

Page 119: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

118

Page 120: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

119

Page 121: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

120

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 122: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

121

A partir do método da pesquisa-ação e utilizando a técnica do grupo focal

nesta pesquisa, foi possível, em parceria com os sujeitos participantes, a construção

de uma tecnologia educacional que posteriormente servirá como guia de orientação

para ajudar nos cuidados com a pele periestoma de estomizados intestinal e

urinário, com vistas a contribuir na prevenção da dermatite periestoma.

Foi uma construção rica, prazerosa pela participação do grupo, e a cada

encontro houve interação, diálogo, envolvimento, troca de saberes e experiências,

possibilitando o alcance dos objetivos do estudo, e consequentemente - a

construção da tecnologia educacional. O grupo foi muito espontâneo,

expressando sua percepção, conhecimentos e opiniões sobre as dificuldades

vivenciadas junto com os familiares quanto aos cuidados com o estoma, pele

periestoma e troca do equipamento coletor. Ao comentarem sobre as condições que

interferem no autocuidado com a pele periestoma, a maioria deu ênfase

principalmente nas condições que dificultaram esse cuidado no início, no pós-

operatório, quando se depararam com a sua nova condição, momento em que se

encontravam frágeis, com medo, inseguros, cheios de dúvidas e com limitações por

conta da cirurgia. Apenas um participante afirmou que hoje a condição que dificulta

esse cuidado é a falta de banheiros públicos adaptados, por isso evita sair de casa,

o que contribui para o isolamento social, por medo e insegurança de o equipamento

descolar e não ter onde fazer a higiene e troca do equipamento coletor. Apesar

disso, todos já tinham vivenciado episódios de dermatite e um dos participantes

apresentava essa complicação no primeiro encontro do grupo focal.

Descreveram o passo a passo dos cuidados com a pele periestoma no

dia da troca do equipamento coletor, demonstrando conhecimento, experiência e

habilidade no cuidado. Então, a partir da contribuição dos conhecimentos, saberes e

vivências dos participantes nos cuidados com a pele periestoma, aliados à

fundamentação científica, foi possível construir a tecnologia educacional, voltada

para a realidade dos mesmos. Nos encontros com o grupo foi possível acatar as

sugestões dos participantes quanto ao conteúdo e imagens para ilustrar o material

educativo, além dos cuidados que realizavam no dia da troca do equipamento

coletor, com isso respondendo positivamente à questão de pesquisa levantada

sobre suas possibilidades de participação na construção de um material educativo.

Page 123: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

122

Constatou-se, através dos resultados, que os participantes consideravam

o material educativo como uma fonte de conhecimento sobre o material

(equipamentos e adjuvantes de proteção) que terão de usar e como devem usá-lo.

Além disso, eles consideravam que também será útil para os profissionais de

enfermagem que não possuem experiência sobre os cuidados dispensados aos

estomizados e por isso não orientam de forma adequada os pacientes e/ou

familiares. As dificuldades deles foram maiores durante a internação devido às

limitações por conta da cirurgia e pela impossibilidade de cuidar de si, assim como a

pouca experiência dos profissionais quanto aos cuidados com a pele periestoma e

na troca do equipamento coletor, o que contribuiu para o surgimento da dermatite,

tornando-se uma situação mais angustiante e dolorosa para os mesmos. As

condições mais enfatizadas pelos participantes foram: corte inadequado na base

adesiva, a falta de conhecimento e informação por parte do estomizado, do

familiar/cuidador e do profissional assistencial, assim como a falta de apoio por parte

da equipe multiprofissional.

Quanto ao autocuidado, a maioria fazia a troca do equipamento coletor

normalmente durante o banho, retirando a base adesiva suavemente com água e

sabão, limpavam a área e posteriormente à limpeza secavam bem a pele e

realizavam os cuidados complementares, conforme aprenderam na consulta de

enfermagem no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada. E sobre os assuntos

indicados para conter no material educativo, os participantes apontaram pontos

importantes como: dermatites, tipos de dermatites, cuidados higiênicos, mitos e

verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma, alimentação, produtos

utilizados para os cuidados com a pele, passo a passo da troca do equipamento

coletor.

Considerou-se como limitação do estudo a ausência de estomizados

urinários na composição do grupo focal, por isso não foi possível conhecer os

saberes, a experiência e os cuidados com a pele periestoma realizados pelos

mesmos. Essas informações seriam muito importantes também para conter no

material educativo, pois os urostomizados diferem dos colostomizados quanto ao

tipo de eliminação de efluentes. Característica essa que influencia no aparecimento

da dermatite periestoma. Como o urostomizado tem eliminação contínua do efluente

(urina) e há necessidade frequente de ir ao banheiro esvaziar a bolsa coletora,

Page 124: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

123

talvez tenha sido o motivo que contribuiu para sua ausência nos encontros. Portanto,

um quantitativo maior de participantes, incluindo os urinários, poderia trazer maiores

informações e contribuições na construção do material educativo.

Apesar de a maioria ter assumido o seu autocuidado e demonstrando que

é possível a independência, a busca da autonomia sobre o seu corpo, todos

concordaram que, para que isso aconteça, são necessários o apoio, incentivo,

orientação, ensino, informação da equipe multiprofissional, desde a hospitalização

até seu acompanhamento no serviço especializado. Portanto, uma tecnologia

educacional construída em interação do saber popular e do científico pode contribuir

na educação em saúde, com incentivo ao autocuidado.

Nesse sentido, tornam-se relevantes a contribuição de tecnologias

educativas escritas no contexto da educação em saúde e o papel desse recurso

para se promover a saúde, prevenir complicações, desenvolver habilidades e

favorecer a autonomia e confiança do paciente. Como um componente da equipe

interdisciplinar que desempenha a função de educador, o enfermeiro deve participar

do processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação do material educativo.

Espera-se que este material educativo, como estratégia para educação

em saúde, após a sua validação, seja instrumento facilitador de orientações e

informações para os estomizados, familiar/cuidador e profissionais de enfermagem

sobre os cuidados com a pele periestoma, e que possa ser utilizado como um aliado

no cuidado domiciliar, com incentivo ao autocuidado.

Page 125: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

124

REFERÊNCIAS

Page 126: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

125

AGUIAR, E.S.S. et al. Perfil epidemiológico das estomias assistidas no estado

da Paraíba. In: Congresso Brasileiro de Enfermagem, 61, 2009, Fortaleza.

BACKES, D.S. et al. Grupo focal como técnica de coleta e análise de dados em

pesquisas qualitativas. O Mundo da Saúde, São Paulo, v.35, n.4, p.438-442, 2011.

BARBOSA, E.F. Instrumentos de coleta de dados em pesquisas educacionais.

Educativa: Instituto de Pesquisa e Inovações Educacionais. [boletim informativo da

internet] 2005[atualizado 2005 Mar; acesso em 2013, abr. 10]. Disponível em:

http://www.serprofessoruniversitario.pro.br.

BARBUTTI, R.C.S.; SILVA, M.C.P.; ABREU, M.A.L. Ostomia, uma difícil

adaptação. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v.11, n.2, 2008.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo, SP: Edições 70, 2011.

BARROS, E.J.L. et al. Gerontotecnologia educativa voltada ao idoso estomizado

à luz da complexidade. Rev. Gaúcha Enferm, Porto Alegre, v.33, n.2, p.95-101,

2012.

BARRETO, L.C.L. et al. Percepções dos profissionais de uma unidade de

internação pediátrica sobre a alta de crianças ostomizadas. Rev. Gaúcha

Enferm, Porto Alegre, v.29, n.3, p.438-45, 2008.

BARROSO, L.M.M. et al. Utilidade da teoria de autocuidado na assistência ao

portador do Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida. Acta Paul. Enfem, São Paulo, v.23, n.4, 2010.

BERTI, H.W. et al. Dilemas e angústias de enfermeiros plantonistas

evidenciados em grupo focal. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v.44, p.1-9, mar.

2009.

BESERRA, E.P. et al. Promoção da saúde em doenças transmissíveis- uma

investigação entre adolescentes. Acta Paul Enferm, v.19, n.4, p.402-7, 2006.

BEZERRA, I. M. Assistência de enfermagem ao estomizado intestinal: revisão

integrativa de literatura [dissertação]. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto;

2007.z

Page 127: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

126

BORGES, E.C. et al. Qualidade de vida em pacientes ostomizados: uma

comparação entre portadores de câncer colorretal e outras patologias. Rev.

Inst Ciênc Saúde, v.25, n.4, p.357-63,2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução

nº 466/12, de 12 de dezembro de 2012. Resolve aprovar as seguintes Diretrizes e

Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Diário Oficial

[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 jun. 2013. Nº 12, p. 59.

CABRAL, I.E. O cuidado à pessoa traqueostomizada: análise de um folheto

educativo. Esc Anna Nery Rev enferm, v.12, n.1, p.84-9, março, 2008.

CASCAIS, A.F.M.V; MARTINI, J.G; ALMEIDA, P.J.S. O impacto da ostomia no

processo de viver humano. Texto e Contexto, Florianópolis, v.16, n.1, jan./mar.

2007.

CESARETTI, I.U.R. Cuidando da pessoa com estoma no pós-operatório tardio.

Rev. Estima, São Paulo, v.6, n.1, p.27-32, 2008.

CESARETTI, I.U.R. Dermatite periestoma: da etiologia ao tratamento e

assistência de enfermagem. Acta Paul Enferm, v.10, n.2, maio/ago. 1998.

CESARETTI, I.U.R.; VIANNA, L.A.C. Sistema oclusor ou oclusor intermitente da

colostomia: alternativa para a reabilitação da pessoa colostomizada. Acta Paul

Enferm, v.16, n.3, p.98-108, 2003.

CHILIDA, M.S.P. et al. Complicações mais frequentes em paciente atendidos em

um pólo de atendimento ao paciente com estoma no interior de São Paulo. Rev

Estima, v.5, n.4, p.31-6, 2007.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez,

2009.

COLOPLAST. Conversando sobre estomias: guia de orientação para usuários.

Rio de Janeiro, RJ, 2011.

COLOPLAST. Manual de orientação: Conversando sobre ostomias intestinais e

urinárias. Rio de Janeiro, RJ, 2007.

Page 128: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

127

CROHNISTAS DA ALEGRIA: Ostomia, o que é? Quando fazer? Disponível em:

<http://www.crohnistasdalegria.com/2013/05/ostomia-um-bicho-e-sete-cabecas.html.

Acesso em: 08 de nov. 2013.

DIÓGENES, M.A.R.; PAGLIUCA, L.M.F. Teoria do autocuidado: análise crítica da

utilidade na prática da enfermeira. Rev. Gaúcha Enferm, Porto Alegre, v.24, n.3,

p.286-93, 2003.

DUARTE, J; BARROS, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação.

São Paulo: Atlas, 2006.

ECHER, I.C. Elaboração de manuais de orientação para o cuidado em saúde.

Rev Latino-am Enfermagem, v.13, n.5, p.754-57, 2005.

ESTEVES, A.M.S.D. Avaliação da qualidade de vida dos pacientes portadores

de estomias intestinais. 2009. 174 f. Dissertação (Mestrado em Saúde),

Universidade José do Rosário Vellano, Alfenas, Minas Gerais, 2009.

FERREIRA, N.S.A. As pesquisas denominadas estado da arte. EducSoc [online].

2002; 79(23): [acesso 2012 mar 5]. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/es/v23n79/10857.pdf

FONSECA, L.M.M. et al. Tecnologia Educacional em saúde: contribuições para

a enfermagem pediátrica e neonatal. Esc Anna Nery, v.15, n.1, p.190-196,

jan./mar. 2011.

FOSTER, P.C; JANSSENS, N.P. Dorothea E. Orem. In: George JB, organizadora.

Teorias de enfermagem: os fundamentos para prática profissional. Porto

Alegre: Artes Médicas, p.90-107, 2000.

FRANCO, A.M.F.; LEÃO, E.A. A Sistematização da Assistência de Enfermagem

na prevenção das complicações periestomais em pacientes estomizados no

pós-operatório. 2006. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)-

Universidade do Estado do Pará (UEPA) Belém/PA, 2006.

FRANCO, M.A.S. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e pesquisa, v.31, n.3,

p.483-502, 2005.

Page 129: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

128

GARCIA, T.R.; NOBREGA, M.M.L. Contribuição das teorias de enfermagem para

a construção do conhecimento da área. Rev. Bras. Enferm, v.57, n.2, 2004.

GEMELLI, L.M.G.; ZAGO, M.M.F. A interpretação do Cuidado com o Ostomizado

na Visão do Enfermeiro: Um estudo de caso. Rev. Latino-am Enfermagem, São

Paulo, v.10, n.1, p. 34-40, 2002.

GRITTEM, L. Sistematização da assistência perioperatória: uma tecnologia de

enfermagem. 2007. 154 f. Dissertação (mestrado em enfermagem)- Universidade

Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

GRITTEN, L. et al. Pesquisa-ação: uma alternativa metodológica para a

pesquisa em enfermagem. Texto e contexto, Florianópolis, v.17, n.4, p.765-770,

2008.

JUNQUEIRA, M. F. Complicações em colostomia e os cuidados de

enfermagem. Além Paraíba, 2010. Monografia (Bacharel em Enfermagem)-

Faculdade de Ciências da Saúde Archimedes Theodoro da Fundação Educacional

de Além Paraíba.

KELLY-SANTOS, A; ROZEMBERG, B. Estudo de recepção de impressos por

trabalhadores da construção civil: um debate das relações entre saúde e

trabalho. Cad Saúde Pública, v.22, n.5, p.975-85, maio, 2006.

KOERICH, M.S. et al. Tecnologias de cuidado em saúde e enfermagem e suas

perspectivas filosóficas. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v.15, p.178-85,

2006.

LENZA, N.F.B. et al. O ensino do autocuidado aos pacientes estomizados e

seus familiares: uma revisão integrativa. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza,

v.26, n.1, p.139-145, jan./mar. 2013.

LEOPARDI, M.T. Teoria e método em assistência de enfermagem. 2.ed.

Florianópolis (SC): Soldasoft, 2006.

LOBIONDO-WOOD G.; HABER J. Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação

crítica e utilização. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001.

Page 130: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

129

LUNA, G. et al. Ataxia cerebelar II: Déficit de conhecimento da família. Fam.

Saúde Desenv, Curitiba, v.4, n.1, p.39-50, jan./jun. 2002.

LUZ, M.H.B.A. et al. Caracterização dos pacientes submetidos a estomas

intestinais em um hospital público de Teresina-PI. Texto Contexto Enferm,

Florianópolis, v.18, p.140-6, jan./mar. 2009.

MALAGUTTI, W; KAKIHARA, C.T. Curativos, Estomias e Dermatologia: Uma

abordagem multiprofissional. São Paulo: Martinari, 2011.

MARTINS, E.E; SILVA, S.S. O cliente colostomizado: modos de ver e perceber o

seu autocuidado. 2006. 79 f. Monografia (Curso Graduação em Enfermagem)-

Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina, 2006.

MARTINS, P.A.F. et al. Banho de sol: um cuidado básico de enfermagem na

prevenção e tratamento da dermatite periestoma. CienCuid Saúde, v.11, n.4,

p.650-656, out./dez. 2012.

MATSUBARA, M.G.S. et al. Feridas e Estomas em Oncologia: Uma Abordagem

Interdisciplinar. São Paulo: Lemar, 2012.

MEIER. M.J. Tecnologia em enfermagem: desenvolvimento de um conceito

[tese]. Florianópolis (SC): Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de

Santa Catarina, 2004.

MELO, M.C. Experiência materna com o filho estomizado. 2010.149 f.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde), Universidade de Brasília, Brasília,

2010.

MENDES, I.A. et al. A produção tecnológica e a interface com a enfermagem.

Rev. Bras. Enfermagem. v.55, n.5, p.556-561, set./out. 2002.

MENDONÇA, R. S. et al. A importância da consulta de enfermagem em pré-

operatório de ostomias intestinais. Revista Brasileira de Cancerologia, v.53, n.4,

p. 431-35, 2007.

MENEZES, L.C.G. et al. Prática de autocuidado de estomizados: contribuições

da Teoria de Orem. Rev Rene, v.14, n.2, p.301-10, 2013.

Page 131: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

130

MERHY, E.E. Saúde: Cartografia do trabalho vivo em ato. São Paulo (SP):

Hucitec, 2002.

MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11

ed. São Paulo: Hucitec, 2008.

MORAES, J.T. et al. Caracterização dos estomizados atendidos pela Secretaria

Municipal de Saúde de Divinópolis-MG. Rev. Estima, São Paulo, v.7, n.3, p. 31-7,

2009.

MOREIRA, M.F; NÓBREGA, M.M.L; SILVA, M.I.T. Comunicação escrita:

contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras

Enferm, v.52, n.2, p.184-8, mar./abr. 2003.

NASCIMENTO, C.F.S. A Vivência da Sexualidade pelo Ostomizado: Um estudo

de enfermagem na abordagem fenomenológica. 2010. 98 f. Dissertação

(Mestrado em Enfermagem)- Universidade Federal do Piauí (UFPI), 2010.

NIETSHE, E.A. et al. Tecnologias educacionais, assistenciais e gerenciais: uma

reflexão a partir da concepção dos docentes de enfermagem. Rev Latino-am

Enfermagem, v.13, n.3, p.344-53, maio/jun. 2005.

NIETSHE, E.A. et al. Tecnologias inovadoras do cuidado em enfermagem. Rev

Enferm UFSM, v.2, n.1, p.182-189, jan./abr. 2012.

NIETSHE, E.A. Tecnologia emancipatória: possibilidade ou impossibilidade

para a práxis de enfermagem? Ijuí: UNIJUÍ, 2000.

OLIVEIRA, M.S. Autocuidado da mulher na reabilitação da mastectomia: um

estudo de validação de aparência e de conteúdo de uma tecnologia educativa

[dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal de Fortaleza, 2006.

OREM, D. Nursing concepts of practice.5 th ed. St Louis: Mosby Year Book, 1995.

OREM (1991) apud MARENZI, Julie. Déficits de competência para o autocuidado

de pessoas com dor miofascial: uma abordagem fisioterapêutica educativa.

2006. Dissertação (mestrado em enfermagem)- programa de Pós-graduação em

Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Page 132: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

131

PANOBIANCO, M.S. et al. Construção do conhecimento necessário ao

desenvolvimento de um manual didático-instrucional na prevenção do

linfedema pós-mastectomia. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v.18, n.3,

p.418-26, jul./set. 2009.

PETUCO, V.M; MARTINS, C.L. A experiência da pessoa estomizada com câncer:

uma análise segundo o modelo de Trajetória da Doença Crônica proposto por

Morse e Johnson. Rev. Bras Enferm, v.59, n.2, p.134-41, 2006.

POLETTO, D; SILVA, D.M.G. Viver com estoma intestinal: a construção da

autonomia para o cuidado. Rev Latino-Am Enfermagem, v.21, n.2, mar./abr. 2013.

PRADO, M.L. et al. Produções tecnológicas em enfermagem em um curso de

mestrado. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v.18, n.3, p.475-81, jul./set. 2009.

QUEIROZ, M.V.O. et al. Tecnologia do cuidado ao paciente renal crônico:

enfoque educativo-terapêutico a partir das necessidades dos sujeitos. Texto

Contexto Enferm, Florianópolis, v.17, n.1, p.55-63, jan./mar. 2008.

RAMOS, I.C. et al. A Teoria de Orem e o cuidado ao paciente renal crônico. Rev.

Enferm UERJ, Rio de janeiro, v.15, n.2, p.444-9, abr./jun. 2007.

REBERTE, L.M; HOGA, L.A.K; GOMES, A.L.Z. O processo de construção de

material educativo para a promoção da saúde da gestante. Rev. Latino-Am

Enfermagem, São Paulo, v.20, n.1, jan./fev. 2012.

REVELES, A.G; TAKAHASHI, R.T. Educação em saúde ao ostomizado: um

estudo bibliométrico. Rev Esc Enferm, USP, v.41, n.2, p.245-50, 2007.

ROSSI, B.M. et al. Câncer de cólon, reto e ânus. São Paulo: Tecmedd, 2005.

ROZEMBER, B; SILVA, A.P.P; VASCONCELOS-SILVA, P.R. Impressos

hospitalares e a dinâmica de construção de seus sentidos: o ponto de vista

dos profissionais de saúde. Cad Saúde Pública, v. 18, n.6, p.1685-94, nov./dez.

2002.

SAMPAIO, F.A.A. et al. Assistência de enfermagem a paciente com colostomia:

aplicação da teoria de Orem. Acta Paul. Enferm, São Paulo, v.21, n.1, p.94-100,

2008.

Page 133: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

132

SANTOS, A.M.R. et al. Construção coletiva de mudança no curso de graduação

em enfermagem: um desafio. Rev. Bras. Enferm, v.60, n.4, p.410-15, 2007.

SANTOS, C.H.M. et al. Perfil do Paciente Ostomizado e Complicações

Relacionadas ao Estoma.RevBrasColoproct, v.27, p.16-19, 2007.

SANTOS, G.S; LEAL, S.M.C; VARGAS, M.A. Conhecendo as vivências de

mulheres ostomizadas: contribuições para o planejamento do cuidado de

enfermagem. Online Braz J Nurs [periódico na internet]. 2006 [acesso em 25 de

maio2014]; Disponível em

:http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/82/27

SANTOS, I; SARAT, C.N.F. Modalidades de aplicação da Teoria do Autocuidado

de Orem em Comunicações Científicas de Enfermagem Brasileira. Rev. Enferm

UERJ, Rio de Janeiro, v.16, n.3, 2008.

SANTOS, V.L.G.; CESARETTI, I.V.R. Assistência em estomaterapia: Cuidando

do ostomizado. Ed. Atheneu. S. P., R.J., B.H., 2001.

SILVA, A.C.; SILVA, G.N.S.; CUNHA, R.R. Caracterização de Pessoas

Estomizadas atendidas em Consulta de Enfermagem do Serviço de

Estomaterapia do Município de Belém-PA. Rev. Estima. São Paulo, v.10, n.1,

p.20-27, 2012.

SILVA, A.L.; SHIMIZU, H.E. A relevância da Rede de Apoio ao estomizado. Rev.

Bras Enferm, v.60, n.3, p.307-11, 2007.

SILVA, D.C. et al. Tecnologias leves em saúde e sua relação com o cuidado de

enfermagem hospitalar. Esc Anna Nery Rev Enferm, v.12, n.2, p.291-8, jun. 2008.

SILVA, I.J. et al. Cuidado, autocuidado e cuidado de si: uma compreensão

paradigmática para o cuidado de enfermagem. Rev. Esc Enferm, São Paulo, v.43,

n.3, 2009.

SILVA, J.C. et al. Pesquisa-ação: concepções e aplicabilidade nos estudos de

enfermagem. Rev. Bras Enferm, Brasília, v.64, n.3, p.592-5, maio/jun. 2011.

SOUSA, C.S. Educação pós-operatória: construção e validação de uma

tecnologia educativa para pacientes submetidos à cirurgia ortognática. 2011.

Page 134: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

133

166 f. Dissertação (mestrado em enfermagem)- Universidade de São Paulo, São

Paulo, 2011.

STUMM, E.M.F. et al. Perfil de Pacientes Ostomizados. Scientia Médica, Porto

Alegre, v.18, n.1, p. 26-30, jan./mar. 2008.

TEIXEIRA, E; MOTA, V.M.S.S. Tecnologias educacionais em foco. São Paulo:

Difusão Editora, 2011.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 18º ed. São Paulo: Cortez, 2011.

TORRES, H.C. et al. O processo de elaboração de cartilhas para orientação do

autocuidado no programa educativo em Diabetes. Rev. Bras Enferm, Brasília,

v.62, n.2, p.312-6, mar./abr. 2009.

ULBRICH, E.M. Repercussões da intervenção educativa do enfermeiro no

cuidado pessoal do doente crônico. 2010. 123 f. Dissertação (mestrado em

enfermagem)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

VINHAS, M. S. A. Complicações das ostomias urinárias e digestivas. 2010. 18 f.

Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina)- Faculdade de Medicina da

Universidade do Porto (FMUP), 2010.

VIOLIN, M.R. et al. Sentimentos de pessoas ostomizadas: compreensão

existencial. Rev Esc Enfem USP, v.44, n.1, p.221-227, março, 2010.

WACHS, L.; SOARES, M. Perfil dos Clientes Vinculados ao Programa de Assistência

ao Ostomizado em Pelotas/RS, Rio Grande do Sul, 2005. Disponível

em:<http://www.ufpel.edu.br/cic/2005/arquivos/indice_CS.html. Acesso em

10/03/2012.

YAMADA, B.F.A. et al. Ocorrência de complicações no estoma e pele

periestoma: estudo retrospectivo. Rev. Estima, São Paulo, v.1, n.3, 2003.

YAMADA, C.; YAMADA, C. Complicações da ostomia. Disponível em:

<http://ostomiasemfronteiras.blogspot.com.br/2012/02/complicacoes-da-

ostomia.html>. Acessado em: 18/04/12.

Page 135: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

134

YAMADA, C.; YAMADA, C. O paciente ostomizado e o autocuidado. Disponível

em:<http://ostomiasemfronteiras.blogspot.com.br/2012/03/o-paciente-ostomizado-e-

o-autocuidado.html>. Acessado em 19/12/12.

YONEKURA, T.; SOARES, C.B. O jogo educativo como estratégia de

sensibilização para coleta de dados com adolescentes. Rev Latino-amEnferm,

v.5, n.18, set./out. 2010.

Page 136: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

135

APÊNDICES

Page 137: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

136

APÊNDICE A – Quadro demonstrativo do Estado da Arte

INDICADORES ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE DE ARTIGOS

Modalidade da

Pesquisa

Revisão teórica Pesquisa de Campo

Relato de Experiência Estudo de caso

03 23 01 01

Tipo de

Publicação

Revista de Enfermagem Revista Médica

24 4

Abordagem

Qualitativa Quantitativa

Quanti-qualitativa

22 05 01

Tipo de estudo

Descritivo – Exploratório História Oral

Descritivo Estudo de caso

Descritivo-Documental Retrospectivo

Fenomenológico Convergente-assistencial

Revisão de Literatura Não Informaram: artigos

09 03 01 03 01 01 02 02 03 03

Sujeitos

Estomizados Familiares de estomizados

Enfermeiro Prontuários de estomizados

Outros profissionais da área da saúde Dois tipos de sujeitos (estomizados e

enfermeiros) Dois tipos de sujeitos (estomizado e

familiar) Não informaram: artigos

18 01 01 01 01

01 01

01

Local do estudo

Serviço de estomaterapia Domicilio

Hospitais Públicos Não informado

RIL

13 02 07 03 03

Técnica de coleta de dados

Entrevista Observação

Grupos Formulário

Outras técnicas

19 01 02 02 06

Técnica de Análise de dados

Análise de conteúdo Análise estatística descritiva

Análise fenomenológica Software spps

Outras técnicas Não informaram

12 04 02 01 04 08

Page 138: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

137

APÊNDICE B- Quadro com os artigos da RIL com descrições das características das publicações segundo título, objetivos e resultados dos estudos

Título do artigo Objetivos

Resultados

A interpretação do cuidado com o ostomizado na visão do enfermeiro: um estudo de caso

Identificar como os enfermeiros de uma instituição hospitalar interpretam o cuidado com o ostomizados, por meio do método de estudo de caso.

Ficou evidenciado a inadequação das ações do enfermeiro para o cuidado e para o ensino do autocuidado, o que certamente contribui para intensificar as dificuldades do ostomizados e da sua família, após a alta hospitalar. A inadequação das práticas desses processos reflete a falta de conhecimentos atualizados, nos diferentes temas da reabilitação do ostomizados.

Comunicação não verbal de pessoas portadoras de ostomias por câncer de intestino

Analisar a frequência de comportamentos eficazes e ineficazes nas relações de pessoas portadoras de ostomias integrantes de um grupo focal.

Houve predomínio de rigidez e competitividade nas relações intragrupais, determinando paralisia e estereotipia na interação, provavelmente pela pouca afetividade que uniu os participantes. O grupo tornou-se pouco operativo, compreendendo que um dos aspectos importantes para a operatividade de um grupo é o desenvolvimento de complementaridade e rotatividade dos papéis.

Qualidade de vida de adultos com câncer colorretal com e sem ostomia

Analisar e comparar a qualidade de vida dos doentes com câncer colorretal atendidos pelo SUS na XIV DIR-SP, conforme ausência e presença de estoma.

Os resultados evidenciaram que não há diferenças significativas na comparação com o grupo de pessoas sem estoma. Foram constatadas diferenças estatisticamente significantes para as variáveis religião e retorno ao trabalho independente do grupo.

Convivendo com uma ostomia: conhecendo para melhor cuidar

Identificar as alterações causadas por uma ostomia no viver de seus portadores.

Estes pacientes têm sua perspectiva de vida alterada, precisam adaptar-se ao uso de equipamentos, sentem medo da nova situação, têm sua imagem corporal desfeita, sua auto-estima diminuída e sua sexualidade comprometida, perdem o controle sobre o corpo e sentem-se estigmatizados. Algumas pessoas afastam-se do seu convívio enquanto outras se fazem mais presentes como forma de apoio.

A trajetória do grupo de apoio Apresentar súmula histórica A trajetória do grupo mostra

Page 139: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

138

à pessoa ostomizada: projetando ações em saúde e compartilhando vivências e saberes

dos vinte anos de atuação do Grupo de Apoio à Pessoa Ostomizada.

avanços significativos na condução da assistência de saúde para a melhoria da qualidade de vida das pessoas ostomizadas.

A experiência da pessoa estomizada com câncer: uma análise segundo o modelo de trajetória da doença crônica proposto por Morse e Johnson

Compreender o significado da experiência de doença para a pessoa estomizada com câncer e as transformações sobre sua identidade

Após o profundo impacto ocasionado pela doença e o estoma permanente, as pessoas iniciam um processo de ressignificação de suas identidades, que inclui um reposicionamento de cada uma delas perante a vida.

O significado da mudança no modo de vida da pessoa com estomia intestinal definitiva

Identificar e analisar as principais modificações que ocorrem no modo de vida do portador de estomia intestinal definitiva e as principais estratégias desenvolvidas para enfrentar a situação de ser estomizado

Da análise, emergiram cinco temas: a experiência de deparar-se com os sinais e sintomas da doença e necessidade de realização da estomia; o aprendizado de conviver com a estomia, o equipamento coletor e a busca de alternativas para suprir o uso do equipamento coletor; o enfrentamento das mudanças no modo de alimentar-se, vestir-se e vivenciar a sexualidade; a busca da reinserção social, o desafio de enfrentar a morte e a procura de perspectivas futuras; a busca da rede de apoio: crenças religiosas e espirituais, família e associação dos estomizados.

A convergência cuidado-educação-politicidade: um desafio a ser enfrentado pelos profissionais na garantia aos direitos à saúde das pessoas portadoras de estomias.

Evidenciar a imbricação que há entre o cuidado em saúde e em enfermagem, a educação para a saúde e a politicidade que os permeia.

Os futuros possíveis de ampliação do direito e da cidadania se orientam mais pela educação do que pela assistência, ampliando a habilidade humana da politicidade, ou seja, aquela que possibilita o saber pensar e intervir, no sentido de atingir níveis crescentes de autonomia individual e coletiva que permitam a esses sujeitos construir e conduzir a sua própria história.

Qualidade de vida em pacientes ostomizados: uma comparação entre portadores de câncer colorretal e outras patologias

Avaliar e comparar a qualidade de vida de pacientes ostomizados portadores de câncer colorretal ou ostomizados por outras patologias e traçar projetos que possam ser úteis e vir a colaborar na assistência destes indivíduos.

Observou-se que grande parte dos indivíduos pertencentes aos dois grupos estudados avaliou sua qualidade de vida de maneira positiva, onde a maioria das respostas variou entre boa e muito boa com tendência a ser melhor no grupo de ostomizados por câncer.

Perfil do paciente ostomizados e complicações

Elaborar o perfil dos pacientes ostomizados e as

Foram avaliados 178 prontuário, a média de idade

Page 140: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

139

relacionadas ao estoma complicações relacionadas ao estoma.

entre os pacientes foi de 46,8 anos para o sexo masculino e de 54,6 anos para os do sexo feminino. Dentre as ostomias, foram encontradas 152 colostomias, 21 ileostomias e 5urostomias. O principal motivo para a confecção dos estomas foi à neoplasia maligna, seguido do trauma abdominal e do desvio de trânsito intestinal devido úlceras de pressão. Adaptação inadequada da placa ao estoma foi encontrada em 90 pacientes. Complicações do estoma foram encontradas em 103 pacientes, dentre elas, dermatite periestoma, estoma plano, hérnia para-colostômica e retração do estoma.

A relevância da rede de apoio ao estomizado

Conhecer o apoio social utilizado pelas pessoas estomizadas, bem como os seus benefícios para o enfrentamento das mudanças ocorridas no novo modo de vida.

Emergiram três importantes redes de apoio, as crenças religiosas e espirituais, a família e a Associação dos Ostomizados. Essas redes funcionam como suportes para minimizar o sofrimento das pessoas estomizadas.

O impacto da ostomia no processo de viver humano

Dar uma visão geral dos estudos existentes acerca do processo de viver da pessoa ostomizada

O suporte familiar e o atendimento profissional personalizado são indispensáveis na adaptação da pessoa à sua nova condição

A condição crônica ostomia e as repercussões que traz para a vida da pessoa e sua família

Compreender a partir da perspectiva das pessoas que vivenciam a condição crônica de ostomia ou de seus cuidadores, quais as repercussões que essa condição trouxe para a sua vida cotidiana e à de sua família.

O enfrentamento da condição crônica de ostomia em suas múltiplas dimensões ainda acontece, preponderantemente, no espaço doméstico, com custos, de maneira quase exclusiva, par a pessoa com ostomia e sua família.

A importância da consulta de enfermagem em pré-operatório de ostomias intestinais

Destacar a importância da sistematização na consulta de enfermagem em pré-operatório de ostomias intestinais, bem como descrever os aspectos a serem abordados e avaliados na consulta para se atingir um cuidado integral e humanizado.

A assistência de enfermagem ao paciente que irá se submeter à cirurgia geradora de ostomia deve englobar, além das orientações gerais relativas ao tratamento cirúrgico e suas consequências, ações específicas para o autocuidado, que devem ser planejadas e executadas em todas as fases do tratamento.

Educação em saúde ao ostomizados: um estudo bibliométrico

Identificar a produção científica nacional e internacional sobre a orientação ao paciente

No total de 27 publicações, 19 são nacionais, oito internacionais e escritas principalmente por enfermeiros

Page 141: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

140

ostomizado, publicada no período entre 1970 a 2004.

e estomaterapeutas. Os tipos são: dissertações, teses, folhetos, livros e artigos. A procedência dos materiais é da academia, laboratorial e hospitalar. A década de noventa é a que concentra maior número de trabalhos nesta área temática.Todos têm como finalidade elevar a auto-estima dos pacientes para fazê-los sentir que, mesmo com uma ostomia, eles podem levar uma vida normal.

Perfil de pacientes ostomizados

Analisar o perfil de pacientes ostomizados assistidos por uma Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul.

O perfil dos pesquisados mostrou a maioria idosos, mulheres, casados, aposentados, sendo 40,9% residentes no local da pesquisa, com ostomia permanente por câncer de cólon e/ou reto.

Percepções dos profissionais de uma unidade de internação pediátrica sobre a alta de crianças estomizadas

Conhecer as percepções de uma equipe multidisciplinar de assistência às crianças ostomizadas acerca do processo de alta.

Evidenciou-se que a percepção dos profissionais é de que a alta é fragmentada, a comunicação entre a equipe é falha, a educação continuada da família é fundamental e sua principal dificuldade é econômica, sendo a mãe o elemento facilitador.

Estratégias de enfrentamento (coping) de pessoas ostomizadas

Compreender a experiência de pessoas com derivações intestinais, quanto ao enfrentamento à nova condição de vida.

Os achados do estudo evidenciaram-se por três categorias centrais: eu não escolhi; tive que aceitar e con (vivo) com a ostomia. A forma para manejar a condição de estar ostomizado revelou-se por estratégias de enfrentamento tanto baseadas na emoção, como no problema.

Assistência de enfermagem a paciente com colostomia: aplicação da Teoria de Orem

Aplicar a Teoria do Autocuidado de Orem na assistência a paciente portadora de estomia.

Alguns requisitos de autocuidado estavam alterados, como “Equilíbrio entre solidão e interação social” e “Autocuidado no desvio de saúde”. O cuidado domiciliar baseado no sistema apoio-educação permitiu a promoção da saúde e a percepção da importância da paciente no cuidado.

O cuidado à pessoa portadora de estoma: o papel do familiar cuidador

Conhecer o papel do familiar cuidador junto à pessoa portadora de estomia em seu período adaptativo.

Verificou-se que o cuidado prestado pelo familiar à pessoa portadora de estomia lhe transmite conforto e segurança, auxilia-a na aceitação da estomia e na diminuição dos medos e

Page 142: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

141

angústias gerados.

Caracterização dos pacientes submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina-PI

Caracterizar clientela estomizada atendida em hospital público quanto ao perfil sócio-demográfico e especificidades da cirurgia e estoma.

Predominaram estomizados do sexo masculino, na faixa etária entre 18 e 28 anos, procedentes do interior do estado, casados, com baixa escolaridade e baixa renda. A maioria das internações foi de emergência, por causas obstrutivas, seguidas por causas traumáticas, resultantes da violência. Predominaram as colostomias, temporárias, apresentando efluentes líquidos, utilizando bolsas inadequadas e com presença de hiperemia na pele periestoma.

Sentimentos de pessoas ostomizadas: compreensão existencial

Compreender os sentimentos de seres estomizados em relação à sua condição

Que em sua existencialidade, o ser estomizado exprime de formas diferentes suas vicissitudes, desvelando quão dolorosos ou prazerosos são os acontecimentos da vida, cabendo ao enfermeiro estar atento às suas linguagens.

A percepção de si como ser-estomizado: um estudo fenomenológico

Compreender os sentimentos do ser-estomizado revelados nas suas vivências a partir da alta hospitalar.

A estomia no ser-estomizado faz com que ele restrinja seu mundo, o qual é marcado pelo sofrimento.

Perspectiva educativa do cuidado de enfermagem sobre a manutenção da estomia de eliminação

Descrever os saberes e práticas de usuários estomizados sobre a manutenção da estomia de eliminação intestinal e urinária; e analisar a pertinência do compartilhamento de tais saberes e práticas com os cuidados fundamentais de enfermagem, desenvolvidos no contexto ambulatorial.

A pesquisa revelou a necessidade de maior divulgação sobre a realidade concreta desses usuários para que possam sentir-se mais acolhidos, fortificados no enfrentamento das dificuldades que, porventura, surjam no cotidiano de con (viver) com a derivação cirúrgica.

Vivência do paciente estomizado: uma contribuição para a assistência de enfermagem

Conhecer os significados atribuídos a vivência de pacientes estomizados, descrever seus conhecimentos sobre o autocuidado e identificar a importância das orientações de enfermagem para a sua adaptação.

A estomia significa alterações no modo de vida e que a atuação da enfermagem através de atividades educativas é indispensável para o desenvolvimento do autocuidado e adaptação dos estomizados.

Desvelamento crítico da pessoa estomizada: em ação o programa de educação permanente em saúde

Apresentar o desvelamento crítico do Itinerário de pesquisa Freireano na atenção à pessoa estomizada.

A deficiente qualificação dos profissionais de saúde foi um dos temas geradores mais relevantes, sendo desvelada a necessidade de implantação de um programa de educação permanente na atenção à pessoa estomizada.

Plano de cuidados Conhecer o A confecção do plano de

Page 143: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

142

compartilhado junto a clientes estomizados: a pedagogia Freireana e suas contribuições à prática educativa da enfermagem

compartilhamento de saberes e práticas de clientes estomizados sobre a manutenção da estomia de eliminação intestinal e urinária no contexto ambulatorial, e discutir suas possíveis repercussões no contexto domiciliar.

cuidados foi o produto instituído mediante a troca de experiências e saberes no ambulatório, tendo sido a pedagogia problematizadora instrumento facilitador na aprendizagem de clientes estomizados, durante o processo educativo. Com o retorno dos clientes no ambulatório, foi possível denotar os sucessos derivados da pedagogia utilizada. Sua condição de crítica e reflexão tornou-se aguçada, exercendo com maior segurança e autonomia os cuidados relacionados à manutenção de sua estomia, avaliando, modificando hábitos e transformando a realidade.

Gerontotecnologia educativa voltada ao idoso estomizado à luz da complexidade

Apresentar a cartilha educativa como um produto gerontotecnológico útil para o cuidado ao idoso estomizado à luz da complexidade.

A cartilha apresentou-se como uma gerontotecnologia capaz de facilitar a compreensão da pessoa idosa estomizada e seu familiar sobre os direitos dos estomizados, conceitos e tipos de estomas, cuidados com a estomia e importância da família e do grupo de apoio para o cuidado.

Page 144: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

143

Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Escola de Enfermagem Magalhães Barata

Mestrado Associado em Enfermagem UEPA/UFAM

APÊNDICE C- Roteiro de perguntas

- Como vocês vêem a utilização de um material educativo que esclareça sobre os

cuidados com a pele periestoma?

- Quais as condições que interferem no cuidado com a pele periestoma?

- Como vocês fazem o autocuidado com a pele periestoma?

- Que assuntos vocês consideram importantes para conter no material educativo?

Page 145: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

144

Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Escola de Enfermagem Magalhães Barata

Mestrado Associado em Enfermagem UEPA/UFAM

APÊNDICE D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: Tecnologia Educacional para Estomizados: construção de um

guia de orientação para cuidados com a pele periestoma

Para a conclusão do meu Curso de mestrado em enfermagem. Realizarei uma

pesquisa que tem por título: Tecnologia Educacional para Estomizados: construção de

um guia de orientação para cuidados com a pele periestoma, com o objetivo de construir um

guia de orientação sobre os cuidados com a pele periestoma para os estomizados acolhidos

em um Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada em Belém/PA. Convidamos você a

participar do estudo, que será realizado através de quatro encontros em grupo, a cada sete

dias, onde você será convidado a responder algumas perguntas, que serão feitas no

decorrer do encontro que ajudarão na construção do guia. Essas perguntas serão sobre os

cuidados com a pele periestoma, na forma de uma entrevista, que só será gravada se você

autorizar, caso contrário, o pesquisador registrará as suas respostas por escrito em um

caderno (se for o caso). Caso não saiba alguma pergunta ou lhe provoque constrangimento,

você tem liberdade para não responder. Para evitar a preocupação de que seus dados

sejam divulgados, deixamos claro que as informações obtidas serão utilizadas somente

nesta pesquisa e guardadas por cinco anos e que na divulgação dos resultados seu nome

não irá aparecer, pois usaremos como código nome fictício. Os resultados poderão ser

apresentados em eventos científicos ou outro meio de comunicação e publicados em

revistas. Sua participação no estudo é muito importante, pois à elaboração de um guia de

orientação junto com os participantes da pesquisa irá contribuir na aquisição de

conhecimentos, troca de experiências, valorização dos saberes dos mesmos sobre os

cuidados de si. Futuramente após a sua validação contribuirá como instrumento que ajudará

no autocuidado e na prevenção de complicações na pele periestoma dos estomizados do

Serviço e/ou de outras instituições. Esta pesquisa tem o risco de exposição dos seus dados,

já que participará de entrevista em grupo, porém para garantir sua segurança vamos manter

o seu anonimato na pesquisa, onde em todos os registros um nome fictício substituirá o

nome do participante. A qualquer momento você pode desautorizar os pesquisadores de

fazer uso das informações obtidas ou afastar-se da pesquisa e todo material gravado e/ou

Page 146: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

145

anotado lhe será devolvido. Não há despesas pessoais para você em qualquer fase do

estudo. Quanto à sua locomoção até a URES, serão disponibilizados os valores referentes

ao transporte rodoviário caso necessite e aceite. Este trabalho será realizado com recursos

da pesquisadora. Não haverá nenhum pagamento por sua participação. Se você tiver

dúvidas e desejar esclarecimentos sobre a pesquisa poderá fazer contato com o(s)

responsável(s): orientadora: Ana Gracinda Ignácio da Silva, end. Rua Utinga, 438, CEP:

66610-10, fone: (91) 81264662 e com a orientanda: Dione Seabra de Carvalho, end.

Passagem Nossa Senhora das Graças, 542, CEP: 66077-420, fone: (091) 96299753 ou o

CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) da Universidade Estadual do Pará, End. Av. José

Bonifácio, 1289 CEP: 66063-010 Fone: (091) 3249-0236 Fax: (091) 3249-4671 Ramal:

208, Email: [email protected], se tiver qualquer dúvida com relação aos seus

direitos.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO

Declaro que li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi as informações que

me foram explicadas sobre a pesquisa. Conversei com a coordenadora e/ou os

pesquisadores do projeto sobre minha decisão em participar, autorizando a gravação da

entrevista (se for o caso), ficando claros para mim, quais são os objetivos da pesquisa, a

forma como vou participar, os riscos e benefícios e as garantias de confidencialidade e de

esclarecimento permanente. Ficou claro também, que a minha participação não tem

despesas nem receberei nenhum tipo de pagamento, podendo retirar o meu consentimento

a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízos. Concordo voluntariamente participar

desse estudo assinando este termo em duas cópias e uma ficará comigo. (Caso o TCLE

tenha mais de uma lauda deve descrever que todas serão rubricadas pelo sujeito da

pesquisa ou seu responsável, junto com o pesquisador apondo suas assinaturas na última

pagina do referido termo).

Local:.........../............/..............

_____________________________ RG.:________________

Assinatura do voluntário ou seu responsável legal

_____________________________ RG.:_________________

Assinatura do responsável por obter o consentimento

_____________________________ RG.:_________________

Assinatura do pesquisador responsável

Page 147: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

146

APÊNDICE E- PRIMEIRO ESBOÇO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Tecnologia educacional para estomizados: guia

de orientação para cuidados com a pele

periestoma

Belém- Pará

2014

Page 148: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

147

Sumário

1. Apresentação

2. O que é um estoma/ostoma?

3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?

4. O que é pele periestoma?

5. O que é dermatite periestoma?

6. Tipos de dermatite periestoma

7. Cuidados com a pele periestoma

8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e troca do

equipamento coletor

9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma

10. Conversando sobre a alimentação do estomizado

11. Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma

Page 149: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

148

Apresentação

O estomizado intestinal e/ou urinário passa por transformações que interferem

no seu dia-a-dia e a convivência com o estoma exige a adoção de inúmeras

medidas de adaptação e reajustamento, incluindo o aprendizado das ações de

autocuidado com o estoma, com a pele periestoma e a troca do equipamento

coletor, com o objetivo de prevenir as dermatites periestomas. É claramente

reconhecido que uma pele periestoma íntegra constitui um dos mais importantes

fatores para que a pessoa estomizada possa viver bem com o seu estoma.

Os cuidados com a pele periestoma são essenciais, pois a pele estando íntegra

facilita a aderência da base adesiva e da bolsa coletora, evitam-se irritações devido

ao contato de fezes ou de urina, o que contribui na prevenção de complicações da

pele.

Este material foi elaborado para ajudar os estomizados intestinal e/ou urinário

quanto aos cuidados com a pele periestoma e assim prevenir a dermatite

periestoma, complicação que interfere na qualidade de vida dos estomizados.

Page 150: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

149

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

2. O que é um estoma/ostoma intestinal e urinário?

É uma abertura no abdômen, realizada cirurgicamente, que permite a saída

de fezes ou urina.

3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?

Colostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do cólon

(intestino grosso) com o exterior. Na maioria dos casos está localizada no

lado esquerdo, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se sólidas ou

semi-sólidas.

Ileostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do

intestino delgado (intestino fino) com o exterior. Na maioria dos casos está

localizada no lado direito, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se

líquidas e com várias eliminações ao dia.

Urostomia: É uma abertura criada cirurgicamente no abdômen que permite

que a urina seja eliminada para fora do corpo. Para construção do estoma

urinário, utiliza-se normalmente uma pequena porção do intestino delgado

(íleo), por isso é normal que além da urina haja também a eliminação de

muco do estoma.

Colostomia Ileostomia Urostomia

Page 151: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

150

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

4. O que é pele periestoma?

É a pele ao redor do estoma que deve estar lisa, íntegra, sem lesões ou

ferimentos.

5. O que é dermatite periestoma (irritação):

São lesões com perda de integridade da pele periestoma. Pode ser causada

pelo contato das fezes ou da urina com a pele ou pela alergia ao material da

base adesiva. Geralmente surgem alterações como: vermelhidão, irritação,

prurido (coceira), ardência e ulcerações (ferimentos).

6. Tipos de dermatite periestoma:

Dermatite irritativa, química ou de contato: ocorre por contato direto da

pele com fezes e urina ou por produtos usados para o cuidado local.

Dermatite alérgica: origina-se de reações alérgicas do contato da pele com

os produtos a serem adaptados no estoma, como por exemplo,

hipersensibilidade ao plástico dos equipamentos coletores e da base

adesiva.

Espaço para inserir a

imagem indicada pelos

participantes

Page 152: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

151

Espaço para inserir a

imagem indicada

pelos participantes

Dermatite por trauma mecânico: relacionada ao cuidado com a pele

periestoma prestado pelo estomizado ou cuidador, que pode ocorrer através

da remoção brusca ou violenta da base adesiva, limpeza agressiva e

frequente da área periestoma e troca frequente da base adesiva e bolsa

coletora.

Dermatite por infecção: é secundária às causas descritas anteriormente.

Podem ocorrer em consequência de uma dermatite não tratada corretamente.

7. Cuidados com a pele periestoma (pele ao redor do estoma):

- Remover suavemente a base adesiva da pele, de preferência durante o

banho, o que facilita a remoção da mesma;

- Limpar o estoma e pele periestoma suavemente com gaze ou tecido macio,

retirando o excesso de fezes ou urina;

- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, sem friccionar

exageradamente;

- usar hastes flexíveis (cotonetes) para retirar resíduos de fezes ou urina que

ficam aderidos bem próximos ao estoma;

- Secar bem o estoma e a pele periestoma com um tecido macio, com

movimentos suaves;

- Não usar substâncias irritantes na pele periestoma, como: perfume, álcool,

éter, mercúrio, rifocina, povidine, álcool iodado, mertiolate, pasta d’água, etc;

- Rebaixar os pelos da pele periestoma, pois os mesmos comprometem a

adesão da base adesiva e favorece o aparecimento de infecções. Os pelos

devem ser rebaixados com tesoura de ponta redonda ou curva, não utilizar

lâminas e/ou barbeadores;

Espaço para inserir a

imagem indicada

pelos participantes

Page 153: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

152

Espaço para inserir as imagens sugeridas pelos

participantes

- Observar as características da pele periestoma, depois da higiene buscando

qualquer sinal de complicações;

- Quando for possível, no dia da troca da base adesiva e da bolsa coletora,

exponha a pele periestoma ao sol da manhã por 15 a 20 minutos, isso fará

com que sua pele desenvolva uma maior resistência. Atenção: proteja o

estoma com uma gaze úmida para que o mesmo não fique exposto ao sol e

corra risco de ressecamento; apenas a pele periestoma deverá receber a luz

solar. Se estiver em tratamento de quimioterapia ou radioterapia este

procedimento não pode ser feito.

OBS: O banho de sol é um cuidado fundamental tanto na prevenção quanto

no tratamento da dermatite periestoma.

8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e troca do

equipamento coletor:

- Esvaziar a bolsa no vaso sanitário antes de retirá-la, abrindo a pinça

(grampo) na parte inferior da bolsa, caso ela seja drenável (aberta no fundo);

- Tomar banho e aproveitar para ir descolando aos poucos a base adesiva;

- Molhar o algodão, a gaze ou o tecido macio com água e sabão. Levantar um

pouco a parte adesiva da base. Segurar firme e ir passando o tecido com

água e sabão, descolando lentamente a base adesiva e mantendo a pele

esticada;

- Após a retirada da base adesiva, colocar no saco de lixo, fechar e jogar fora;

- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, com movimentos

suaves. Enxaguar a pele periestoma e o estoma retirando restos de fezes e

sabão;

- Enxugar delicadamente a pele periestoma com uma toalha ou tecido macio.

Nesse momento, deve-se observar a pele e o estoma para descobrir

Page 154: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

153

possíveis alterações, pode-se utilizar um espelho para ajudar neste

procedimento. É importante que a pele esteja limpa e seca para receber a

nova base adesiva;

- Quando sair do banho, colocar um pedaço de papel higiênico imediatamente

sobre o estoma, para evitar que caia fezes na pele (principalmente se for

ileostomizado, já que o intestino funciona o tempo todo);

- Vestir-se e se possível expor a pele periestoma ao sol da manhã por um

período de 15 a 20 minutos. Não se esquecer de proteger o estoma com uma

gaze ou um pano limpo, macio e úmido.

- Deixar a base adesiva já cortada, com o corte correto de acordo com o

diâmetro do estoma;

- Certifique-se de que a pele periestoma continua limpa e seca;

- Aplicar barreira protetora em creme, spray ou em lenço fixador na pele

periestoma, caso você utilize algum desses produtos. Se utilizar barreira em

creme, deixe agir por alguns minutos e depois retire para fixar a base adesiva

na pele. Se utilizar o spray ou o lenço fixador não é necessário retirá-lo da

pele periestoma, apenas deixar secar e logo após fixar a base adesiva;

- Retirar o papel da parte adesiva;

- Se utilizar a pasta niveladora (cola), passar uma pequena quantidade

próxima ao corte na base adesiva ou diretamente na pele bem próximo ao

estoma;

- Colar a parte adesiva de baixo para cima, procurando encaixá-la no estoma.

Manter a pele esticada, evitando deixar pregas ou bolhas de ar, que facilitam

vazamentos e descolamento da base adesiva;

- Fazer movimentos firmes e circulares sobre a parte adesiva com o dedo

indicador, do centro para as extremidades, para melhor aderência à pele;

- Se for dispositivo de duas peças, encaixar a bolsa na base adesiva. Se for

de uma peça, retirar o ar e fechar a pinça (grampo).

9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma:

- Película protetora de pele: protege a pele periestoma das fezes ou urina,

formando uma película. Alguns desses produtos contêm álcool e são

Espaço para inserir as imagens sugeridas pelos

participantes

Page 155: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

154

contraindicados em peles lesadas (com dermatite). As películas podem ser

em: creme, spray e lenço fixador.

- Pasta niveladora: serve para nivelar a pele periestoma, permitindo maior

durabilidade da base adesiva. Existe pasta com e sem álcool. Na forma de

pasta alcoólica são utilizadas para preencher irregularidades da pele,

corrigindo imperfeições como dobras de pele, cicatrizes cirúrgicas, evitando

infiltração de fezes ou urina sob a base adesiva, aumentando a durabilidade

do material e prevenindo lesões de pele.

- Pó protetor: é indicado para utilização em pele periestoma com lesões

úmidas, absorve a umidade da pele, tratando a pele lesada, aumentando o

tempo de adesividade da base, protegendo a pele lesada das fezes ou urina.

- Higienizador de pele: solução que facilita a higienização da pele

periestoma e na remoção de resíduos da base que se deposita na pele.

- Placa protetora: Adesivo flexível, elástico e macio. É indicado na

prevenção da dermatite periestoma ou na recuperação da pele já lesionada.

Permite o ajuste preciso ao redor do estoma.

- Strip paste: massa moldável protege a pele contra as fezes e urina. É ideal

para nivelar cicatrizes, dobras de pele e rugas ao redor do estoma. Não

contém álcool, pode ser aplicado sobre a pele irritada.

- Anéis planos e convexos de hidrocolóide: barreira protetora de pele

periestoma, flexível e adaptável indicada para proteção e nivelamento da

pele, e para prevenção de vazamento de fezes e/ou urina.

Espaço para inserir as imagens sugeridas pelos

participantes

Page 156: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

155

10. Conversando sobre a alimentação do estomizado:

A maioria dos estomizados pode comer e beber as mesmas coisas que

comiam antes da cirurgia. A alimentação do estomizado deve ser normal e

saudável, evitando apenas os alimentos, que em particular, podem causar

complicações, como: diarreia, constipação (prisão de ventre), gases, odor

forte na urina.

Recomendações para uma alimentação saudável:

- Ao receber alta hospitalar é importante que os alimentos sejam introduzidos

gradativamente, sendo dos semilíquidos aos mais sólidos;

- Optar por uma dieta na qual estejam presentes todos os tipos de alimentos;

- A alimentação deve ser equilibrada e fracionada em 6 refeições ao dia,

respeitando sempre o horário para contribuir com a regularidade do

funcionamento do intestino;

- É importante alimentar-se de 3 em 3 horas, sempre mastigando bem os

alimentos para facilitar a digestão e evitar a obstrução da colostomia ou

ileostomias;

- Se for experimentar algum alimento diferente, pegar apenas um pouco, pois

você não saberá como o seu organismo irá reagir, e também é importante

experimentar um alimento de cada vez;

- É essencial beber de 2,0 a 2,5 litros de água por dia, e ingerir sempre uma

quantidade adequada de fibras para o bom funcionamento do intestino. O

urostomizado deve beber de 2,5 a 3,0 litros de água por dia.

- Evitar ingerir refrigerante por causa da formação de gases;

- Comer sempre na mesma hora e sem pressa;

11. Mitos e verdades sobre os cuidados com a estomia e pele periestoma:

- Devo usar soro fisiológico na limpeza do estoma e pele periestoma?

- Se usar sabão na limpeza do estoma existe a possibilidade de entrar no

orifício e prejudicar o estoma?

- É melhor fazer a troca do equipamento coletor (base adesiva e bolsa)

deitado, sentado ou em pé?

Page 157: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

156

APÊNDICE F- SEGUNDO ESBOÇO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Guia de orientação para estomizados intestinal e urinário:

como cuidar da pele periestoma

Page 158: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

157

Guia de orientação para estomizados intestinal e urinário: como

cuidar da pele periestoma

Autora: Enfª. Dione Seabra

Orientadora: Drª. Ana Gracinda I. Silva

Colaboração: -Grupo de estomizados do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada-

Belém/Pará

- Enfª. Sandra Ferreira

- Enfº. Levindo Braga

- Enfº. Arthur Lima

Page 159: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

158

Sumário

1. Apresentação

2. O que é um estoma/ostoma?

3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?

4. O que é pele periestoma?

5. O que é dermatite periestoma?

6. Tipos de dermatite periestoma

7. Cuidados com a pele periestoma

8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e troca do

equipamento coletor.

9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma

10. Conversando sobre a alimentação

11. Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma

Page 160: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

159

Apresentação

O estomizado intestinal e/ou urinário passa por transformações que interferem

no seu dia-a-dia e a convivência com o estoma exige a adoção de inúmeras

medidas de adaptação e reajustamento, incluindo o aprendizado das ações de

autocuidado com o estoma, com a pele periestoma e a troca do equipamento

coletor, com o objetivo de prevenir as dermatites periestomas (irritação da pele ao

redor do estoma). É claramente reconhecido que uma pele periestoma íntegra

constitui um dos mais importantes fatores para que a pessoa estomizada possa viver

bem com o seu estoma.

Os cuidados com a pele periestoma (pele ao redor do estoma) são essenciais,

pois a pele estando íntegra facilita a aderência da base adesiva e da bolsa coletora,

evitam-se irritações devido ao contato de fezes ou de urina, o que contribui na

prevenção de complicações da pele.

Este material educativo foi elaborado para ajudar os estomizados intestinal e/ou

urinário, profissionais de enfermagem, familiares e cuidadores quanto aos cuidados

com a pele periestoma e assim prevenir a dermatite periestoma, complicação que

interfere na qualidade de vida dos estomizados.

Page 161: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

160

2. O que é um estoma/ostoma intestinal e urinário?

É uma abertura no abdômen, realizada cirurgicamente, que permite a saída

de fezes ou urina.

3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?

Colostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do cólon

(intestino grosso) com o exterior. Na maioria dos casos está localizada no

lado esquerdo, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se sólidas ou

semi-sólidas.

Ileostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do

intestino delgado (intestino fino) com o exterior. Na maioria dos casos está

localizada no lado direito, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se

líquidas e com várias eliminações ao dia.

Urostomia: É uma abertura criada cirurgicamente no abdômen que permite

que a urina seja eliminada para fora do corpo. Para construção do estoma

urinário, utiliza-se normalmente uma pequena porção do intestino delgado

(íleo), por isso é normal que além da urina haja também a eliminação demuco

do estoma.

Fonte: expressmedical.blogspot.com; 2014

Page 162: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

161

4. O que é pele periestoma?

É a pele ao redor do estoma que deve estar lisa, íntegra, sem lesões ou

ferimentos.

5. O que é dermatite periestoma (irritação da pele ao redor do estoma):

São lesões com perda de integridade da pele periestoma. Pode ser causada

pelo contato das fezes ou da urina com a pele ou pela alergia ao material da

base adesiva. Geralmente surgem alterações como: vermelhidão, irritação,

prurido (coceira), ardência e ulcerações (ferimentos).

Page 163: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

162

6. Tipos de dermatite periestoma:

Dermatite irritativa, química ou de contato: ocorre por contato direto da

pele com fezes e urina ou por produtos usados para o cuidado local.

Dermatite alérgica: origina-se de reações alérgicas do contato da pele com

os produtos a serem adaptados no estoma, como por exemplo,

hipersensibilidade ao plástico dos equipamentos coletores e da base

adesiva.

Dermatite por trauma mecânico: relacionada ao cuidado com a pele

periestoma prestado pelo estomizado ou cuidador, que pode ocorrer através

da remoção brusca ou violenta da base adesiva, limpeza agressiva e

frequente da área periestoma e troca frequente da base adesiva e bolsa

coletora.

Page 164: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

163

Dermatite por infecção: é secundária às causas descritas anteriormente.

Podem ocorrer em conseqüência de uma dermatite não tratada corretamente.

7. Cuidados com a pele periestoma (pele ao redor do estoma):

- Remover suavemente a base adesiva da pele, de preferência durante o

banho, o que facilita a remoção da mesma;

Fonte: www.milhoazul.com.br; 2014

- Limpar o estoma e pele periestoma suavemente com gaze, algodão ou

tecido bem macio, retirando o excesso de fezes ou urina;

- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, sem esfregar

exageradamente;

- usar hastes flexíveis (cotonetes) para retirar resíduos de fezes ou urina que

ficam aderidos bem próximos ao estoma;

- Secar bem o estoma e a pele periestoma com um tecido bem macio, com

movimentos suaves;

Page 165: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

164

- Não usar substâncias irritantes na pele periestoma, como: perfume, álcool,

éter, mercúrio, rifocina, povidine, álcool iodado, mertiolate, pasta d’água,

pomada para assadura. Estes produtos retiram a barreira natural da pele,

facilitando o aparecimento da dermatite (irritação na pele);

- Rebaixar os pelos da pele periestoma, pois os mesmos comprometem a

adesão da base adesiva e favorece o aparecimento de infecções. Os pelos

devem ser rebaixados com tesoura de ponta redonda ou curva, não utilizar

lâminas e/ou barbeadores;

- Observar as características da pele periestoma, depois da higiene buscando

qualquer sinal de complicações. Fazer esse cuidado com o auxílio de um

espelho;

- Se for possível, no dia da troca da base adesiva e da bolsa coletora,

exponha a pele periestoma ao sol da manhã por 15 a 20 minutos, isso fará

com que sua pele desenvolva uma maior resistência.

Atenção: proteja o estoma com uma gaze úmida para que o mesmo não

fique exposto ao sol e corra risco de ressecamento; apenas a pele periestoma

deverá receber a luz solar. Se estiver em tratamento de quimioterapia ou

radioterapia este procedimento não pode ser feito.

OBS: O banho de sol é um cuidado fundamental tanto na prevenção quanto

no tratamento da dermatite periestoma.

- Se não for possível no dia da troca da base adesiva e da bolsa coletora

expor a pele periestoma ao sol, então deixar a pele respirar por um tempo de

15 a 20 minutos antes de fixar a base adesiva.

8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e

troca do equipamento coletor:

- Esvaziar a bolsa no vaso sanitário antes de retirá-la, abrindo a pinça

(grampo) na parte inferior da bolsa, caso ela seja drenável (aberta no fundo);

Page 166: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

165

- Tomar banho e aproveitar para ir descolando lentamente a base adesiva; vá

descolando da forma que melhor facilite para você;

- Após a retirada da base adesiva, colocar no saco de lixo, fechar e jogar fora;

- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, com movimentos

suaves. Enxaguar a pele periestoma e o estoma retirando restos de fezes e

sabão;

- Enxugar delicadamente a pele periestoma com uma toalha ou tecido macio.

Nesse momento, deve-se observar a pele e o estoma para descobrir

possíveis alterações, pode-se utilizar um espelho para ajudar neste

procedimento. É importante que a pele esteja limpa e seca para receber a

nova base adesiva;

- Quando sair do banho, colocar um pedaço de papel higiênico imediatamente

sobre o estoma, para evitar que caia fezes na pele (principalmente se for

ileostomizado, já que o intestino funciona o tempo todo). Se for urostomizado

coloque um tecido macio sobre a estomia, já que a urina não para de ser

eliminada;

- Vestir-se e se possível expor a pele periestoma ao sol da manhã por um

período de 15 a 20 minutos. Não se esquecer de proteger o estoma com uma

gaze ou um pano limpo, macio e úmido.

- Se não for possível expor a pele periestoma ao sol, então deixe a pele

respirar por um tempo de 15 a 20 minutos antes de fixar a base adesiva.

- Cortar a base adesiva, com o corte correto de acordo com o diâmetro do

estoma;

Fonte:www.tecuidamos.org; 2014

Page 167: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

166

- Certifique-se de que a pele periestoma continua limpa e seca;

- Aplicar barreira protetora em creme, spray ou em lenço fixador na pele

periestoma, caso você utilize algum desses produtos. Se utilizar barreira em

creme, deixe agir por alguns minutos e depois retire para fixar a base adesiva

na pele. Se utilizar o spray ou o lenço fixador não é necessário retirá-lo da

pele periestoma, apenas deixar secar e logo após fixar a base adesiva;

- Retirar o papel da parte adesiva;

- Se utilizar a pasta niveladora, passar uma pequena quantidade próxima ao

corte na base adesiva ou diretamente na pele bem próximo ao estoma;

- Colar a base adesiva de baixo para cima, procurando encaixá-la no estoma.

Manter a pele esticada, evitando deixar pregas ou bolhas de ar, que facilitam

vazamentos e descolamento da base adesiva;

Fonte: guia do urostomizado 165.pdf

Page 168: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

167

- Fazer movimentos firmes e circulares sobre a base adesiva com o dedo

indicador, do centro para as extremidades, para melhor aderência à pele;

- Se for equipamento de duas peças, encaixar a bolsa na base adesiva. Se for

de uma peça, retirar o ar e fechar a pinça (grampo).

Fonte:vidasemilagres. blogsport.com

9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma:

- Película protetora de pele: protege a pele periestoma das fezes ou urina,

formando uma película. Alguns desses produtos contêm álcool e são

contraindicados em peles lesadas (com irritação ou ferimento). As películas

podem ser em: creme, spray e lenço fixador.

Creme Spray Lenço fixador

Page 169: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

168

- Pasta niveladora: serve para nivelar a pele periestoma, permitindo maior

durabilidade da base adesiva. Existe pasta com e sem álcool. Na forma de

pasta alcoólica são utilizadas para preencher irregularidades da pele,

corrigindo imperfeições como dobras de pele, cicatrizes cirúrgicas, evitando

infiltração de fezes ou urina sob a base adesiva, aumentando a durabilidade

do material e prevenindo lesões de pele.

- Pó protetor: é indicado para utilização em pele periestoma com lesões

úmidas, absorve a umidade da pele, tratando a pele lesada, aumentando o

tempo de adesividade da base, protegendo a pele lesada das fezes ou urina.

- Higienizador de pele: solução que facilita a higienização da pele

periestoma e na remoção de resíduos da base que se deposita na pele.

Page 170: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

169

- Placa protetora: Adesivo flexível, elástico e macio. É indicado na prevenção

da dermatite periestoma ou na recuperação da pele já ferida. Permite o ajuste

preciso ao redor do estoma.

- Strip paste: massa moldável protege a pele contra as fezes e urina. É ideal

para nivelar cicatrizes, dobras de pele e rugas ao redor do estoma. Não

contém álcool, pode ser aplicado sobre a pele irritada.

Fonte: activeforever.com; 2014 Fonte: ostomyoutdoors.com; 2014

- Anéis planos e convexos de hidrocoloide: barreira protetora de pele

periestoma, flexível e adaptável indicada para proteção e nivelamento da

pele, e para prevenção de vazamento de fezes e/ou urina.

Fonte: lojadocurativo.com.br; 2014

Fonte:shopping.tray.com.br

Fonte:estomaplast.com.br

Page 171: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

170

10. Conversando sobre a alimentação do estomizado:

Fonte: dicasemagrecerrapido.com; 2014

A maioria dos estomizados pode comer e beber as mesmas coisas que

comiam antes da cirurgia. A alimentação do estomizado deve ser normal e

saudável, evitando apenas os alimentos, que em particular, podem causar

complicações, como: diarreia, constipação (prisão de ventre), gases, odor

forte na urina.

Recomendações para uma alimentação saudável:

- Ao receber alta hospitalar é importante que os alimentos sejam introduzidos

aos poucos, sendo dos semilíquidos aos mais sólidos;

- Optar por uma dieta na qual estejam presentes todos os tipos de alimentos;

- A alimentação deve ser equilibrada e fracionada em seis refeições ao dia,

respeitando sempre o horário para contribuir com a regularidade do

funcionamento do intestino;

- É importante alimentar-se de 3 em 3 horas, sempre mastigando bem os

alimentos para facilitar a digestão e evitar a obstrução da colostomia ou

ileostomia;

- Se for experimentar algum alimento diferente, pegar apenas um pouco, pois

você não saberá como o seu organismo irá reagir, e também é importante

experimentar um alimento de cada vez;

- É essencial beber de 2,0 a 2,5 litros de água por dia, e ingerir sempre uma

quantidade adequada de fibras para o bom funcionamento do intestino. O

urostomizado deve beber de 2,5 a 3,0 litros de água por dia.

- Evitar ingerir refrigerante por causa da formação de gases;

- Comer sempre na mesma hora e sem pressa;

Page 172: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

171

11. Mitos e verdades sobre os cuidados com a estomia e pele

periestoma:

- Só devo usar o soro fisiológico na limpeza do estoma e pele

periestoma?

Mito: o que é indicado é apenas o uso da água e sabão na limpeza do

estoma e pele periestoma.

- Se usar sabão na limpeza do estoma existe a possibilidade de entrar no

orifício e prejudicar o estoma?

Mito: se passar sabão e água no estoma não há possibilidade de entrar no

orifício do estoma.

- Se tocar no estoma durante o banho vai doer?

Mito: você pode lavar o estoma com movimentos suaves, mas não irá doer,

pois não existem nervos na membrana ou mucosa intestinal, assim não se

sente nada quando o estoma é tocado.

- Só posso fazer a troca do equipamento coletor (base adesiva e bolsa)

deitado?

Mito: a troca da base adesiva e bolsa coletora podem ser colocadas em pé,

sentado ou deitado. No entanto se você é responsável pelo seu autocuidado

o ideal é em pé ou sentado, porém se quem faz a troca é um cuidador ou um

familiar, o ideal é deitado. Mas você deve procurar a melhor posição para

fazer a troca do equipamento.

Fonte: ooutroladodamoeda.com.br Fonte: anacristinarocha.blogsport.com

Page 173: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

172

- Só devo trocar a base adesiva com uma semana?

Mito: a troca do equipamento coletor deve ser realizada quando for

observada a saturação da base adesiva ou de acordo com a necessidade. A

coloração da base adesiva geralmente é amarela, então se deve trocar o

equipamento quando ela estiver ficando branca (chamamos de saturação). A

partir daí existe o risco de descolamento da base e vazamento de fezes ou

urina o que irá contribuir para o aparecimento da dermatite periestoma

(irritação na pele ao redor do estoma).

- O corte na base adesiva precisa ser de acordo com o diâmetro

(tamanho) do estoma?

Verdade: é importante que o corte na base seja de acordo com o diâmetro do

estoma (tamanho), pois se sobrar pele entre a base adesiva e o estoma

existe o risco de se depositar fezes ou urina nesta área e levar a formação da

dermatite periestoma (irritação na pele). Atenção: Logo após a cirurgia o

estoma fica “inchado”, sendo que com o passar dos dias irá diminuir

gradativamente, por isso, é muito importante medir o diâmetro (tamanho)

frequentemente.

Page 174: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

173

- Quem tem um estoma intestinal e/ou urinário não tem mais controle

sobre suas eliminações?

Verdade: quem tem estoma intestinal e/ou urinário não possui controle

voluntário sobre a suas eliminações (fezes ou urina), pois o estoma não tem

um músculo esfíncter (controlador). Por isso que o estomizado intestinal e/ou

urinário precisa usar um equipamento coletor (base adesiva e bolsa coletora).

Até porque o contato direto das fezes ou urina com a pele leva a

complicações como a dermatite periestoma (irritação na pele).

Page 175: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

174

APÊNDICE G: Quadros com a categorização dos dados

1ª Pergunta: Como vocês vêem a utilização de um material educativo que esclareça

sobre os cuidados com a pele periestoma?

Participante Respostas

1. Topázio Azul

- É bom [...] fazer pra melhorar e pra pessoa conhecer mais [...] o que a gente tem que usar e como tem que conviver, tem que conhecer o que é nosso mesmo [...]

2. Jade - Eu acho que o material vai ser muito importante! - [...] então se elas tivessem esse material, seria muito útil [...] porque eu acho assim [...] quem está no ramo da enfermagem com certeza também tem interesse em qualquer material relacionado a isso, pois não conhece, então vai aprender [...] - Os próprios profissionais ainda desconhecem a realidade e diversidade dos materiais, ainda chamam de bolsa de karaya [...]

3. Ônix - Seria muito importante [...] o material vai ser muito importante para o cuidado [...]

4.Quartzo azul

- A utilização desse material vai ser muito importante [...] - Toda informação pra gente [...] se nós conseguirmos aqui fazer um grupo e levar essa informação pra outras pessoas nós vamos ajudar muita gente [...] - Eu acho que isso aí é fora de sério [...] -[...] nunca houve um trabalho desses pra nós [...] e nós somos responsáveis por isso, graças a Deus. - O grande gancho da produção deste material é o saber e a experiência [...] - Eu não tenho medo de dizer, que depois deste manual a história do estomizado vai mudar [...]

5.Olho de tigre

- É muito bom [...]

6. Diamante - É muito bom e benéfico [...] vai contribuir muito[...]

7. Pérola - Ótimo [...] ótimo, porque orienta muito, principalmente para o meu marido, que cuida de mim [...] ele que cuida de mim [...] vai ajudar para ele aprender mais [...]

8. Rubi - Vai ser muito bom né [...]

2ª pergunta: Quais as condições que interferem no cuidado com a pele periestoma?

Participante

Respostas

Page 176: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

175

1. Topázio Azul

- No início foi fazer o corte correto na placa [...] - Quando dá coceira, deve ser o resíduo que está saindo fora da marca que você deve cortar né [...] aquele resíduo que sai provoca coceira [...] - Alguns profissionais mesmo no hospital tem pouco conhecimento disso [...]

2. Jade - O que eu acho que mais interferiu foi no começo pra mim [...] porque além de eu está operada né [...] eu não tinha conhecimento de como era [...] - A dificuldade era a falta de conhecimento minha e dos profissionais que estavam lá né [...] - [...] eu sentia que o meu corte era tão grande, que eu sentia escorrer na minha pele, queimava minha pele [...] - O médico alertou quanto ao corte inadequado da placa [...] ele avisou a equipe de enfermagem que todo vazamento do resíduo na minha pele era uma catástrofe [...]

3. Ônix - A falta de banheiros adaptados para o usuário de estomia [...] - Meu problema é a adaptação ao sair de casa e eventualmente na rua precisar higienizar a bolsa [...] - Um grande problema é a falta de banheiros adaptados, que consiste em um problema na higienização da bolsa em locais públicos [...]

4. Quartzo azul

- Todos nós quando saímos da sala de operação temos um vazamento [...] - Acho que esse grupo aqui poderia dá uma força para aqueles que estão saindo [...] - Todos que estão envolvidos no ambiente hospitalar deveriam estar comprometidos com o mínimo de orientação a pessoa com estoma [...] para que não alegasse não conhecer a necessidade que um estomizado tem da sua bolsa de colostomia. - [...] comecei a estudar sabe [...] comecei a estudar [...] pra eu saber o meu problema [...] ai quando foi um dia, eu cheguei pra Eliete e disse eu me emancipei, não preciso mais de ninguém pra trocar minha bolsa. - Há condição da gente se emancipar, porque isso dar autonomia pra gente [...] - Eu me emancipei, não preciso mais de ninguém pra trocar minha bolsa [...]

5.Olho de tigre

- Penei duas semanas com o mesmo material [...] eu penei [...] minha pele começou a arder [...] ardeu muito [...] - Sofri muito no início devido à falta de informação no hospital [...] - A dificuldade foi no início devido à fixação do material, pois estava muito magro [...] assim como à falta de informação [...] - Quando tive alta do hospital, uma semana depois vim ao serviço, foi então que recebi as orientações em relação ao autocuidado.

6. Diamante

- Eu não pratico o autocuidado [...] eu não troco, tomo banho e espero meu cuidador (profissional de enfermagem) [...] - A minha preocupação quando sair do hospital com a bolsa [...] eu

Page 177: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

176

pensei [...] que mais me deixou nervoso foi a acidez das fezes. - Pra você colocar a bolsa, tem que ter profissionalismo [...] tem que saber colocar [...] qualquer vazamento, ele causa um dano. - A minha esposa tentou colocar duas vezes, mas devido a idade [...] o problema é cortar [...] quando ela cortou, que ela colocou durou três dias [...] quando eu fui tirar já estava ferida. Então ela não fez mais. Eu tenho esse enfermeiro. - Nem todos os profissionais gostam de fazer esse trabalho de trocar a bolsa [...] - Precisamos no início desta fase como estomizado, de maior apoio, por isso acredito que seria importante um melhor apoio dos profissionais, pelo menos até ocorrer à adaptação. - [...] porque logo no começo é um impacto [...] se você não tem um enfermeiro [...]

7. Pérola - Eu não troco, é meu cuidador (esposo) quem faz a troca do material [...] Eu me acomodei né [...] deixo ele fazer [...] - Se ele viajasse, eu conseguiria [...] porque eu olho como ele faz [...] eu acho que consigo sim [...] eu fico olhando ele fazer.

8. Rubi - É que às vezes lá no hospital as enfermeiras não sabem, não estão acostumadas [...] - Quando eu saí do hospital eu não sabia de nada, a profissional queria que a minha filha assumisse o meu cuidado, mas no início não é fácil [...] - Quando eu fui pra casa, enfermeiras que trabalhavam em outros hospitais não sabiam [...] aí teve uma que falou que não era acostumada, mas se eu explicasse como era [...] mas ela estava fazendo errado [...] - Quando eu ia tomar banho, que eu tirava a placa, o sangue escorria na minha perna, eu ficava desesperada [...] - Hoje eu mesmo estou fazendo o cuidado [...] antes eu não tirava, que eu tinha medo [...] não sabia [...] - Tinha uma que falava, eu te ensinei ontem, hoje você já tem que fazer [...] queriam que a minha filha fizesse [...] como ela ia fazer se nunca tinha visto? [...]

3ª pergunta: Como vocês fazem o autocuidado com a pele periestoma?

Participante Respostas

1. Topázio Azul

- Limpo só com água e sabão, não faço uso de nenhum produto [...] só uso a placa mesmo [...] minha placa dura em média oito dias, com boa aderência [...] acho que por ter a pele seca fica melhor, ao contrário da pele oleosa [...] - Eu deixo a placa ficar bem saturada para eu poder fazer a troca. - Eu prefiro a fixação da placa em pé, me sinto mais segura. - Eu já sei e conheço o diâmetro do meu estoma, já recorto corretamente; - Antes usava álcool iodado, povidine, doía demais [...]

2. Jade - A minha é íleo [...] então tomar banho sem a bolsa, só com a placa não

Page 178: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

177

dá [...] só tiro a bolsa quando eu vou trocar a placa, por exemplo [...] controlo a refeição, a última refeição às seis da tarde e a noite não bebo muita água, porque se não vai atrapalhar na hora de trocar a placa [...] então de manhã eu tiro a bolsa [...] aí fica a placa aqui né [...] aí só nesse dia que eu posso tomar banho com a placa. - Eu tomo banho, aí já vai molhando aqui, o que eu vou tirar, aí eu tiro no chuveiro, porque ficou molhinha, ficou mais fácil de tirar [...] eu tiro no chuveiro [...] - Lavo a pele com sabonete [...] até quando a gente tira a placa da pele está bem irritada [...] aquela água parece que refresca a pele [...] a pele vai voltando a cor normal. - Depois da limpeza vou pro quarto, seco bastante e se a pele estiver irritada passo pomada, aí é o tempo que chega a moça (amiga) que me ajuda. - Secar a pele é muito importante [...] - Na limpeza da pele trabalho muito a prevenção [...] - Geralmente as minhas placas já estão cortadas [...] aí ela só coloca o cimento (pasta), esse reboco bem ao redor do corte [...] eu sempre coloco, porque as fezes são muito líquidas e aí aquilo impede que ela infiltre, ela continue invadindo [...] - Eu faço a troca da minha placa deitada.

3. Ônix - Vou descolando minha placa devagar com auxílio do lenço de limpeza e quando percebo um pelo, vou aparando devagar com a tesoura; - Eu uso esses materiais para ajudar a não infeccionar a pele [...] - Uso algodão para limpar ao redor do estoma [...] - Também uso água e sabão para a limpeza [...] - Faço o corte adequado na placa, evito deixar umidade na pele [...] - Pego sol na pele periestoma [...] o sol deve ser respeitado de 8 as 10 h, depois disso o sol queima muito.

4. Quartzo azul

- Antes quando eu ia tomar banho, eu colocava um plástico em cima da placa [...] com medo que saísse, depois com o tempo eu já fui perdendo o medo [...] - Hoje eu tiro a bolsa e já vou tomar banho com a placa mesmo [...] tomo banho e vou me ensaboando todinho, deixo a placa [...] - No dia de trocar a placa, tiro ela no banho [...] no banho eu tiro a placa e em seguida tomo meu banho sem a bolsa [...] eu também uso sabão [...] o sabão limpa totalmente a pele [...] - Na troca uso o espelho, a ducha que me auxilia na limpeza [...] uso o espelho, cotonete, não preciso que ninguém troque minha bolsa [...] - Eu uso sempre um cotonete [...] com o cotonete você vai olhando no espelho e vê onde estão as fezes e vai tirando, porque as fezes que fazem irritar a nossa pele [...] - Outra coisa [...] eu não largo, não solto a barreira [...] há estudo que a barreira protege a pele [...] na hora que a gente coloca ela tá servindo como para-choque. É o lenço fixador [...] - Se pegar um solzinho na pele é melhor [...] se não pode pegar sol, deixe ao menos a pele respirar, alguns minutos sem a placa [...] - Colocar a bolsa deitado, fica difícil, não posso fazer. É melhor a gente

Page 179: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

178

colocar a placa em pé [...] porque em pé a pele fica toda esticada [...] - Só há vazamento quando a placa não está bem colada na pele [...] - Há condições de emancipação, eu pratico o autocuidado, eu tenho autonomia [...] - Eu custei a me emancipar, quem fazia a troca da minha bolsa era a minha esposa [...]

5. Olho de tigre

- Geralmente faço a troca no final da tarde, assim [...] - Já deixo tudo preparado, já deixo cortada a placa um dia antes. - Na limpeza da pele eu uso água e sabão [...] eu tomo banho normal [...] seco bem a pele e fixo o material com o uso da pasta. Uso o pó na pele. - No começo eu trocava deitado [...] agora eu consigo fazer em pé, me sinto mais seguro.

6. Diamante

- Não faço o autocuidado [...] eu não troco [...] - No dia da troca do material, tomo meu banho, não tiro a bolsa e espero pelo enfermeiro para fazer a troca da minha bolsa [...] - Tomo banho, espero meu cuidador (profissional de enfermagem). Ele limpa com gaze [...] no dia que ele vai trocar quase não me alimento muito [...] então não sai muito [...] - Deixo todo o material muito bem planejado e executado [...] - Faço a troca da placa deitado [...]

7. Pérola - Eu não troco, é meu cuidador quem faz a troca do material [...] - Eu me acomodei, espero pelo meu cuidador, mas acredito que dou conta de trocar na ausência dele [...]

8. Rubi - Hoje eu mesmo estou fazendo, faço normal, vou tomo meu banho [...] antes eu não tirava, que eu tinha medo [...] - Duas vezes eu tentei tirar a placa durante o banho e sangrou, não sei se eu puxava, não sei, o sangue escorreu, aí eu fiquei com medo de tirar [...] - Cheguei a vir duas vezes na semana aqui no serviço. Levei a medida do recorte adequado para poder ajustar o uso correto. Hoje eu faço o autocuidado [...] - Com orientação do serviço, dispensei o cuidado da profissional e passei a fazer o autocuidado. - Eu faço em pé, tomo meu banho, eu mesmo tiro, lavo com água e sabão, uso a gaze pra enxugar [...] passo aquela pomadinha branca [...] eu procuro deixar a pele até 30 minutos sem placa para respirar [...] eu pego a gaze e molho e deixo em cima do estoma. - Eu uso o cotonete para fazer uma melhor limpeza, para evitar risco de infecção ou sangramento. - Eu gosto de fazer a troca da placa de manhã, logo cedo, antes de tomar café [...] às vezes eu ainda pego uns 10 minutos de sol lá na frente [...] aí eu pego a gaze e limpo [...]

Page 180: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

179

4ª pergunta: Que assuntos vocês consideram importantes para conter no material

educativo?

Participante Respostas

1. Topázio Azul

- Todos os assuntos que falamos aqui são importantes (dermatite periestoma, tipos de dermatite, cuidados e higiene). - É bom saber o que a gente tem que usar.

2. Jade - Eu acho uma coisa importante para conter no material, o que é verdadeiro e o que é falso ao lidar com a íleo ou com a colostomia [...] porque muitas informações que tive no começo eram falsas e me deixavam assim apavorada, que eu tinha medo até de olhar pra minha barriga e ver o estoma, eu tinha medo de tocar [...] ah, porque pode infeccionar, então eu usava o soro, porque eu achava que a água ia contaminar [...] então isso me atrapalhou muito no começo. - Sugiro mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma [...] o uso do chuveirinho, que muita gente tem medo [...] que só uma enfermeira pode fazer esse cuidado, e não é verdade a gente pode fazer [...] -O que eu posso comer, o que não posso comer? -Às vezes as pessoas não querem saber, tem vergonha de falar [...]

3. Ônix - Eu tenho muita dúvida sobre a alimentação [...] eu só como frango, pescada branca, tucunaré e tilápia [...] o resto eu não como porque eu tenho medo [...]

4.Quartzo azul

- Todos os assuntos que falamos aqui são importantes [...] mas eu vejo que tem um assunto muito importante também, que é a nutrição [...] a nossa comida [...] - Seria bom trabalhar sobre a nutrição [...] - Esclarecimentos sobre o que posso, e não posso consumir [...]

5.Olho de tigre

- Sobre os tipos de materiais disponíveis e mais adequados a cada tipo de pele;

6. Diamante

- Tenho dúvidas sobre o que posso comer; - Sou cametaense, então depois da cirurgia, peixe de pele não como, farinha, açaí [...] nada destes alimentos eu consumo, por receio. - Mais de 41 anos em Belém, nunca me alimentei sem o açaí [...]

7. Pérola - Sobre a higiene correta e o material correto [...]

8. Rubi - Todos os assuntos da conversa são importantes; - Sugiro falar sobre o passo a passo da troca do material;

Page 181: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

180

ANEXOS

Page 182: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

181

ANEXO A- AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE PESQUISA

Page 183: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

182

ANEXO B- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

Page 184: Dione Seabra de Carvalho TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ... · Ilma Pastana Ferreira Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ) Belém-Pará 2014 . 15 Dedico ao DEUS eterno

183

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado

Av. José Bonifácio- Guamá

66063-010 Belém-PA

www.uepa.com