diodo de potÊncia
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CAPÍTULO 2 - DIODO DE POTÊNCIA :
2.1 - CARACTERÍSTICAS DO DIODO :
O diodo de potência tem uma importância muito grande em circuitos eletrônicos depotência. Ele pode ser utilizado em retificadores ( conversor CA/CC ), como diodo deretorno ( freewheeling diode - transferência de energia ), isolador de tensão, etc.
Em algumas análises, o diodo pode ser assumido como uma chave ideal mas,sempre observando que este componente tem algumas limitações.
O diodo de potência tem configuração similar ao diodo de sinal, sendo que operaem uma faixa de potência bem maior que o diodo de sinal. Na formação deste diodo, sãoutilizados três processos de dopagem no mesmo componente. Inicialmente há uma fortedopagem da região n que forma o catodo do diodo; uma dopagem, de menor intensidade,forma uma camada intermediária responsável pela barreira de potencial do diodo. Aterceira dopogem que utiliza o processo de difusão, tem a função de formar o anodo dodiodo ( região p ).
A área do anodo varia de acordo com o valor de corrente que este deverá suportar.Para diodos que suportam milhares de ampères, a área pode ter vários cm2.
A velocidade de chaveamento é menor, no diodo de potência, quando comparadocom o de sinal.
p
n
A
K
A
K
(a) (b) (c)
Figura 1.7 : a) estrutura; b) símbolo; c) característica VxI do diodo
A característica VxI do diodo pode ser representada pela expressão :
( )I I eD SV VD T= −. /η 1
(1.1.)
I
V
Vr
Vk
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onde :
ID ⇒⇒⇒⇒ corrente através do diodo
VD ⇒⇒⇒⇒ tensão sobre o diodo
IS ⇒⇒⇒⇒ corrente de fuga ( 10-15 A ≤ IS ≤ 10-6 A )
ηηηη ⇒⇒⇒⇒ coeficiente de emissão ( 1 a 2 ) : depende do tipo de material de que éconstruído o diodo
VT ⇒⇒⇒⇒ constante de tensão térmica
VT = k.T temperatura absoluta
constante de Boltzmann = 1,3806x10-23J/K
VT ( 25° C ) ≅ 25,8mV
2.1.1 - CARACTERÍSTICA DE RECUPERAÇÃO REVERSA :
A corrente em uma polarização direta do diodo é devido ao efeito de portadoresmajoritários e minoritários. Quando o diodo está conduzindo e sua corrente direta é levadaà zero (comutação natural ou forçada ), o diodo continuará conduzindo devido aosportadores minoritários que permanecem armazenados na junção pn e no corpo do diodo .Estes portadores necessitam de um certo tempo para se recombinarem com cargas opostase se neutralizarem. Este tempo é chamado de tempo de recuperação reversa ( trr ) dodiodo.
Na figura 1.8 é mostrada a característica de recuperação reversa para uma diodo. Otempo trr é medido à partir do instante em que a corrente pelo diodo passa por zero, até oinstante em que a corrente no diodo é de 25% do máximo valor ( pico ) da correntereversa Irr.
O tempo trr é composto de duas componentes ta e tb. ta é devido às cargasarmazenadas na região de depleção do diodo e, tb é devido às cargas armazenadas no corpodo diodo. A razão tb/ta fornece o fator de amortecimento ( softness factor SF ). Assim :
trr ta tb= + (1.2.)
A corrente reversa de pico do diodo é expressa por :
Irr tadi
dt= . (1.3.)
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Figura 1.8
O tempo trr depende da temperatura da junção do diodo, da taxa de descida dacorrente direta e da corrente direta imediatamente antes da comutação.
A carga de recuperação reversa Qrr, é a soma das cargas portadoras que fluematravés do diodo, na direção contrária devido a mudança da polarização do diodo. Estevalor de Qrr é determinado por :
Qrr Irr ta Irr tb Irr trr= + =1
2
1
2
1
2. . . . . . (1.4.)
ou :
IrrQrr
trr=
2. (1.5.)
Substituindo 1.4 em 1.5, tem-se que :
trrQrr
didt
=2.
(1.6.)
Irr Qrrdi
dt= 2. . (1.7.)
Pode-se verificar nas expressões acima que tanto o tempo de recuperação reversatrr, quanto o valor de pico da corrente de recuperação reversa Irr, dependem da cargaarmazenada Qrr e da taxa de decrescimento de corrente di/dt. A carga armazenada Qrrdepende da corrente direta do diodo IF. As grandezas Irr, Qrr e o SF são elementosimportantes na especificação do componente para uma determinada aplicação, e devem serfornecidos pelo fabricante.
Se o diodo está reveramente polarizado, circula apenas uma pequena corrente defuga devido aos portadores minoritários. Aplicando-se então uma tensão direta nosterminais do diodo, estabelece-se uma corrente direta. Para que esta corrente sejaestabelecida, gasta-se um tempo chamadao de tempo de recuperação direta ( foward
i
t
t
I
0
I
4
recovery time ). Se a taxa de crescimento da corrente direta é alta e a corrente estaconcentrada em uma pequena área da junção, o diodo pode falhar. Assim, o tempo derecuperação direta limita a taxa de crescimento da corrente direta e a velocidade dechaveamento do componente.
2.2 - TIPOS DE DIODOS DE POTÊNCIA :
Dependendo das características de recuperação reversa e das técnicas de fabricação,os diodos de potência podem ser classificados em três categorias :
* diodo de uso geral;
* diodo de recuperação rápida;
* diodo Schottky.
a) - Diodo de uso geral : estes diodos apresentam um tempo de recuperaçãoreversa relativamente alta ( ≈ 25µs ) e, são utilizados em aplicações de baixa velocidade,onde o tempo de recuperação do componente não é crítico ( retificadores, conversores debaixa frequência - 1kHz , conversores com comutação pela linha ). Estes diodos trabalhamdentro de uma faixa que varia de 1A até milhares de ampères e de 50V até 5000V.
b) - Diodo de recuperação rápida : estes diodos tem um tempo de recuperaçãobaixo ( >5µs ). São utilizados em conversores CC/CC e CC/CA, onde a velocidade derecuperação é importante. Estes diodos operam em uma faixa desde 1A até centenas deampères e de 50V até 3000V.
c) - diodo Schottky : estes diodos apresentam um tempo de recuperação reversamuito pequeno e com uma tensão de polarização direta VD de aproximadamente 0,25V.Opera em uma faixa de tensão de até 100V e de corrente de até 300A. São ideais parafontes CC de alta corrente e baixa tensão, computadores digitais ( alta velocidade ), etc.
2.3 - Características de chaveamento :
Os tempos de recuperação direta e reversa do diodo de potência, são parâmetrosmuito importantes e serão analisados a seguir. Observando o circuito e as suas formas deonda nas figuras 1.9a e 1.9b, respectivamente, pode-se analisar o circuito.
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Vs
SD1
Dr
R
Li2
i1
iL
RsCs
Ls
Figura 1.9 : a) circuito; b) formas de onda
Quando a chave S é fechada em t=0 e permanece por um certo tempo, a corrente nacarga em regime permanente é :
R
VI S
L ==== (1.8.)
O diodo de retorno Dr está reversamente polarizado, neste período. Se a chave S éaberta em t=t1, o diodo de retorno Dr passa a conduzir a corrente de carga iL.
Se, agora, a chave S é novamente fechada, o diodo Dr comporta-se como um curto-circuito. Os valores das correntes nos diodos D1 e Dr podem se tornar altos, vindo adanificá-los. Para eliminar este problema, basta colocar um indutor Ls em série com achave S. Assim, o grau de crescimento da corrente através de D1 e Dr é dado por :
(a)
trr
Ip
t
t
t
(b)
iL
Io
i1
Io
i2
Io
-Irr
6
didt
VsLs
= (1.9.)
Se trr é o tempo de recuperação reversa de Dr, a corrente Ir é :
I tdidt
tVLr rr rr
s
s= =. . (1.10.)
Assim a corrente através do indutor é :
I I I I tVLindutor r rr
s
s= + = +0 0 . (1.11.)
Quando a corrente no indutor for igual a Ip, o diodo Dr comuta rápidamente.Devido a carga ser altamente indutiva, a corrente não pode variar instantâneamentede I0 par Ip. O excesso de energia armazenada no indutor pode induzir uma tensãoreversa sobre Dr e danificá-lo.
W L I I Ir s r= + −12 0
202. .[( ) ] (1.12.)
Para evitar este problema, um capacitor Cs e um resitor Rs são colocados emparalelo com Dr.
O capacitor absorve a energia armazenada em Ls e o resitor extingue oscilaçõestransitórias. O valor de Cs é dado por :
CWVS
r
C
= 2 2. (1.13.)
2.4 - CONEXÕES SÉRIE E PARALELO DO DIODO :
a) - Conexão série :
Em muitas aplicações de alta tensão ( transmissão em HVDC ), apenas umdiodo não é suficiente para suportar as altas tensões a que estará sujeito. Assim, diodos sãoligados em série de forma a aumentar a capacidade do sistema quando sujeito à tensãoreversa.
No circuito da figura 1.10, tem-se dois diodos ligados em série. Na prática, acaracterística VxI para o mesmo tipo de diodo, é diferente devido às tolerâncias em seusprocessos de produção.
I
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-
+
Vs
D1
D2
VD1
D2V
-
-+
+
(a) (b)
Figura 1.10 : a) circuito com dois diodos em série; b) características VxI
Na região direta, os diodos conduzem a mesma corrente e as quedas de tensão diretanos diodos são praticamente iguais. No entanto, na região reversa, cada diodo tem queatingir a mesma corrente de fuga e assim, as suas tensões reversas VD1 e VD2 são diferentes.
Para se solucionar este problema, basta se conectar um resistor R, de mesmo valor,em paralelo com cada diodo, como é mostrado na figura 1.11.
(a) (b)
Figura 1.11 : a) circuito modificado; b) características VxI
(1.14.)
mas :
(1.15.)
Logo :
IVR
IVRS
DS
D1
1
12
1
2+ = + (1.16.)
V
-
V
-IS
1
-
8
Como R1=R2=R, e as tensões VD1 e VD2 dependem da característica VxI de cadadiodo, os valores VD1 e VD2 podem podem ser determinados por :
IVR
IVRS
DS
D1
12
2+ = + (1.17.)
V V VD D S1 2+ = (1.18.)
As tensões transitórias sobre os diodos podem ser minimizadas através da conexãode capacitores e resitores em paralelo com os diodos, como mostrado na figura 1.12.
R
R
R
R
1
22
1 s
s
C
C
D
D
s
s
Figura 1.12
b) - Conexão paralelo :
Em aplicações de potência, diodos são ligados em paralelo, de forma a aumentar acapacidade de corrente do circuito. As correntes através dos diodos terão valores de acordocon suas respectivas quedas de tensão direta. Para se ter correntes aproximadamente iguais,colocam-se indutâncias iguais em série com cada diodo. Também podem ser especificadosdiodos com o mesmo valor de queda de tensão direta, ou do mesmo tipo.
A figura 1.13 mostra um circuito com dois diodos em paralelo, de forma à dividir acorrente total Is.
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D D
R R
LL
Vs
+
-1
1
1
2
2
2
Figura 1.13
2.5 - DIODOS COM CARGA RC, RL E RLC :
a) - CARGA RC :
Dado o circuito da figura 1.14a, abaixo :
+
-
Vs
SD
R
i +
-
VR
C CV
+
-
(a) (b)
Figura 1.14 : a) circuito RC; b) características i e Vc
i
t
Vs
t
V
τ
V
10
A equação de tensão do circuito é :
V V VS R C= + (1.19.)
V R iC
i dt VS
t
C= + +∫. . .1
00 (1.20.)
Em t = 0 : Vc = Vco = 0 :
V R i C i dtS
t
= + ∫. . .1
0
(1.21.)
derivando e dividindo por R :
didt R C
i+ =10
.. (1.22.)
A solução desta equação diferencial, de 1ª ordem, a coeficientes constantes, é dotipo :
i k eDt= . (1.23.)
Substituindo o operador D na equação, tem-se que :
DR C
= − 1.
(1.24.)
Portanto o valor da corrente i é :
i k e t RC= −. / (1.25.)
Para t = 0 ⇒
iVR
S= (1.26.)
O valor final da expressão de corrente i é :
iVSR
e t RC= −. / (1.27.)
A tensão sobre o capacitor é :
VC
idtC
t
= ∫1
0
. (1.28.)
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Substituindo i na expressão acima, tem-se que :
( )V V eC St RC= − −. /1 (1.29.)
b) - Carga RL :
Dado o circuito da figura 1.15, abaixo :
+
-
Vs
SD
R
i +
+-
-
V
V
R
L L
(a) (b)
Figura 1.15 : a) circuito RL; b) características VL e i
A equação de tensão é :
V R i LdidtS = +. . (1.30.)
Derivando e dividindo por L, tem-se a equação diferencial de 1ª ordem, acoeficientes constantes :
didt
RL
i+ =. 0 (1.31.)
A solução desta equação é do tipo :
i i ip t= + (1.32.)
Onde :
iVRp
S= (1.33.)
i k etDt= . (1.34.)
V
V
i
Vs
t
t
τ
12
Resolvendo a equação :
DRL
= − (1.35.)
iVR
k eS tR L= + −. / (1.36.)
Para t = 0 ⇒ i = 0 ⇒
kVR
S= − (1.37.)
O valor final da expressão de i é :
( )iVR
eS tR L= − −. /1 (1.38.)
A tensão no indutor é :
V LdidtL = . (1.39.)
Subustituindo i na expressão acima :
V V eL StR L= −. / (1.40.)
c) - Carga RLC :
Dado o circuito da figura 1.16a, abaixo :
+
-
Vs
SD
R
i +
+-
-
V
V
R
L L
C CV+-
Figura 1.16 : a) circuito RLC; b) característica i
t
Subamortecidoamortec. críticosobreamortecido
(
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A equação de tensão é :
V R i Ldidt C idt VS
t
C= + + +∫. . .1
00 (1.41.)
Derivando a expressão e dividindo por L, tem-se :
d idt
RL
didt L C
i2
2
10+ + =.
.. (1.42.)
Que uma equação diferencial de 2ª ordem, a coeficientes constantes. Substituindo-se o operador D, tem-se :
DRL
DL C
2 10+ + =.
.(1.43.)
Portanto :
DRL
RL L C
= − ±
−
2 212
. . .(1.44.)
Onde :
α = RL2.
⇒ coeficiente de amortecimento;
ω0
1=L C.
⇒ frequência de ressonância angular.
Logo :
D = ± −α α ω202 (1.45.)
Se :
α ω= 0 ⇒ amortecimento crítico;
α ω> 0 ⇒ sobreamortecimento;
α ω< 0 ⇒ subamortecimento.
A figura 1.16b mostra a característica de corrente, para cada condição deamortecimento. Para que a corrente i passe por zero, em um certo instante t, o circuito RLCdeve ser subamortecido.
Logo :
D j r= − ±α ω (1.46.)
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Onde :
ω ω αr = −02 2 (1.47.)
ωr ⇒ frequência ressonância natural do circuito.
A expressão final da corrente i é da da por :
( )i e k t k ttr r= +−α ω ω. .cos .sen1 2 (1.48.)
As constantes k1 e k2 são determinadas através das condições iniciais do circuito,ou seja, os valores de corrente i e de tensão no capacitor Vc no instante em que se inicia aanálise do circuito.
*OBS : DIODO DE RETORNO : este diodo, também conhecido como diodo deroda livre, é utilizado em situações onde se deseja que a corrente de carga il continuecirculando pela mesma, durante o período em que a tensão na carga é nula.
A figura 1.17a, mostra um circuito utilizando o diodo de retorno Dr e, a figura1.17b mostra as formas de onda para este circuito.
+
-
Vs
S
DR
i +
+-
-
V
V
R
L L
Dr
ir
(a) (b)
Figura 1.17 : a) circuito com diodo de retorno Dr;b) formas de onda
( )0 11 1≤ ≤ ⇒ = − −t t iVR
eS tR L. / (1.49.)
t t t iVR
eS tR L1 2 2≤ ≤ ⇒ = −. / (1.50.)
t
t
i
t t
I
I
i
i
15
2.6 - CIRCUITOS DE APLICAÇÃO PARA O DIODO DE POTÊNCIA:
2.6.1 - Retificador Trifásico de Onda Completa :
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2.6.2 - Retificador de Doze Pulsos :