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Volume 6

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

ii

Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Valder Steffen Júnior

Reitor

Instituto de Economia e Relações Internacionais - IERI

Vanessa Petrelli Corrêa

Diretora

Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais - CEPES

Rick Humberto Naves Galdino

Coordenador

Coordenação do Relatório

Vanessa Petrelli Côrrea

Relatores

Volume 1 - Luiz Bertolucci Júnior

Volume 2 - Alanna Santos de Oliveira

Volume 3 – Marlene Marins de Camargos Borges

Ester William Ferreira

Volume 4 - Ana Alice B. P. Damas Garlipp

Volume 5 - Rick Humberto Naves Galdino

Volume 6 – Carlos José Diniz

As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos

relatores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do CEPES/IEUFU.

É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte.

Reproduções para fins comerciais não são permitidas.

Citação deste volume:

DINIZ, Carlos José. Finanças Públicas Municipais - Análise Comparativa per capita e

Indicadores. Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados: Campo Grande (MS), Feira

de Santana (BA), Juiz de Fora (MG), Londrina (PR), Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG).

Uberlândia: CEPES/IERI/UFU, V. 6, fevereiro 2018. 31 p. Disponível em:

http://www.ie.ufu.br/CEPES

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

iii

Sumário

Finanças Públicas Municipais Análise Comparativa per capta e Indicadores ................................ 4

1 - Baixa receita per capita e o Sistema Tributário Nacional .......................................................... 5

1.1 - Fundo de Participação dos Municípios ............................................................................... 7

1.1.1 - FPM-Interior ................................................................................................................ 9

1.1.2 – FPM-Reserva e FPM-Capitais .................................................................................. 10

1.1.3 - Repasses para as cidades selecionadas, com o efeito da inflação. ............................. 11

1.2 - Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços ................................... 13

1.3 - Tributos Municipais .......................................................................................................... 18

2 - Gastos com Pessoal .................................................................................................................. 22

3 – Indicadores .............................................................................................................................. 23

3.1 - Receita Própria .................................................................................................................. 23

3.2 – Vinculação da Receita Corrente ....................................................................................... 24

3.3 - Investimentos .................................................................................................................... 25

3.4 - Liquidez ............................................................................................................................ 26

3.5 - Custo da Dívida ................................................................................................................. 28

4 - Considerações Finais ............................................................................................................... 29

Bibliografia .................................................................................................................................... 30

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

4

Finanças Públicas Municipais

Análise Comparativa per capita

e Indicadores

O relatório de “Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados” foi elaborado

para subsidiar as comparações entre os municípios brasileiros de Campo Grande (MS), Feira

de Santana (BA), Juiz de Fora (MG), Londrina (PR), Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG);

grupo formado por prefeituras de cidades com mais de 500 mil habitantes.

Estes municípios sofreram nos últimos anos redução em suas receitas per capita, e

além da redução das receitas por habitante, estes municípios comportam seis cidades que

compartilham ainda o fato de serem polos regionais e nestas residirem uma população

vulnerável socialmente, dependente, portanto, da prestação de serviços destas prefeituras.

Como no Volume 5, “Finanças Públicas Municipais – Análises Comparativas”, nesta

parte do relatório fez-se a deflação dos dados referentes às receitas e despesas públicas dos

municípios, atualizando-as para dezembro de 2016 a partir do Índice de Preços ao

Consumidor Amplo do Instituto Brasileiro de Geografia (IPCA/IBGE)1

. Em seguida,

analisaram-se tais informações, observando a evolução das contas públicas dos municípios, ao

longo do período.

Os dados orçamentários foram obtidos nas publicações anuais do Ministério da

Fazenda – Secretaria do Tesouro Nacional2 (Finbra - Finanças do Brasil – Dados Contábeis

dos Municípios), referente ao período compreendido entre os anos 2000 e 2015. Porém, para

construção dos indicadores, como o Finbra 2013 é o primeiro que possui municípios que já

aderiram ao novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)3 dessa forma,

permitindo a consolidação das Contas Públicas Nacionais, conforme determinação da Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF).

1 Metodologia deste cálculo: Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 5: Finanças

Públicas Municipais - Análises comparativas, pagina 2 Sitio: siconfi.tesouro.gov.br

3 Esse novo plano de contas, elaborado pela Secretaria do Tesouro Nacional, tem como objetivo uniformizar as

práticas contábeis de forma a adequá-las aos dispositivos legais vigentes, às normas brasileiras de contabilidade

aplicadas ao setor público e aos padrões internacionais de contabilidade do setor público.

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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1 - Baixa receita per capita e o Sistema Tributário Nacional

A baixa receita per capita dos municípios pesquisados tem suas raízes fincadas na

forma de organização das finanças públicas no Brasil, sendo um problema estrutural que se

estende por todo território nacional. Nosso sistema tributário foi montado em meados dos

anos de sessenta em meio às reformas fiscal e financeira promovidas pelo regime vigente à

época. Apesar de algumas atualizações, seu desenho atual já não atende às necessidades de

financiamento das cidades populosas, principalmente quando há redução da atividade

econômica. Entre outros aspectos, a dinâmica do crescimento populacional tornou obsoleto o

sistema de partilha de recursos entre os entes locais de governos.

Tabela 1 - Número de municípios e população nos Censos Demográficos do

Brasil, segundo as classes de tamanho da população dos municípios -

1960/2010

Quando o sistema tributário foi concebido, o Brasil contava com apenas 64 cidades

com mais de 100 mil habitantes. Já em 2010, o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) registrou 283 municípios. Portanto, mais que o quádruplo de

cinco décadas atrás.

01.09.1960

(1)

01.09.1970

(1)

01.09.1980

(1)

01.09.1991

(2)

01.08.2000

(2)

01.08.2010

(2)

Até 2 000 15 56 56 58 105 118

De 2 001 a 5 000 263 602 610 682 1 225 1 183

De 5 001 a 10 000 651 1 058 957 1 055 1 312 1 212

De 10 001 a 20 000 847 1 159 1 114 1 299 1 382 1 401

De 20 001 a 50 000 783 826 872 926 958 1 043

De 50 001 a 100 000 143 157 240 284 301 325

Mais de 100 000 64 94 142 187 224 283

Total 2 766 3 952 3 991 4 491 5 507 5 565

De 100 001 a 500 000 57 83 124 162 193 245

Mais de 500 000 7 11 18 25 31 38

Até 2 000 22 150 92 110 88 183 91 431 172 231 197 429

De 2 001 a 5 000 997 501 2 213 159 2 228 112 2 451 222 4 316 217 4 176 916

De 5 001 a 10 000 4 853 342 7 764 485 7 069 211 7 687 121 9 376 707 8 541 935

De 10 001 a 20 000 12 111 526 16 403 397 15 937 703 18 453 189 19 654 601 19 743 967

De 20 001 a 50 000 23 608 342 24 998 753 26 728 931 28 005 202 28 700 747 31 344 671

De 50 001 a 100 000 9 467 253 10 443 490 15 937 465 19 379 111 20 911 053 22 314 204

Mais de 100 000 19 547 932 32 593 189 53 160 968 70 850 183 86 459 137 104 436 677

Total 70 992 343 94 508 642 121 150 573 146 917 459 169 590 693 190 755 799

De 100 001 a 500 000 9 113 130 14 610 868 23 631 329 32 073 626 39 576 864 48 565 171

Mais de 500 000 10 434 802 17 982 321 29 529 639 38 776 557 46 882 273 55 871 506

(1) População recenseada. (2) População residente.

População dos municípios

Número de municípios

Brasil, classes de

tamanho da

população dos municípios

Número de municípios e população nos Censos Demográficos

Fonte: IBGE, Censo Demográfico - https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-

2010.html?&t=resultados ( Tabela 1.19 - Número de municípios e população nos Censos Demográficos, segundo as Grandes

Regiões e as classes de tamanho da população dos municípios - 1960/2010 - pesquisa em 10/10/2017)

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No período compreendido entre 1960 e 2010, a população do país cresceu se

adensando em grandes centros e grandes manchas urbanas foram se formando em torno de

polos aglutinadores. Enquanto a população nacional cresceu 119.763.456 (269%), a das

cidades com mais de 100 mil habitantes mais do que quintuplicou, crescendo 84 888 745

(534%) habitantes no mesmo período.

Colabora com estas observações o crescimento dos residentes nos municípios

selecionados para esta pesquisa, estes já faziam em 1970, parte deste pequeno grupo de 94

cidades com mais de 100.000 habitantes, como tiveram um crescimento médio de 216%,

todos eles passaram em 2010 a compor a classe dos 38 municípios com mais de 500.000

habitantes, como demonstra a Tabela 2.

Tabela 2 - População residente, Brasil e Municípios selecionados – Censos Demográficos

do Brasil 1970/2010

O sistema tributário nacional está assentado em bases exclusivas de tributação, com

competências claramente delineadas entre os três níveis de governo. Em linhas gerais,

compete à União arrecadar o Imposto de Renda (IR), o Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI) e as contribuições. Aos Estados compete o Imposto sobre a Circulação

de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de

Comunicação (ICMS), o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o

Imposto sobre a Transmissão de Bens Causa Mortis (ITCD). Aos municípios, o Imposto sobre

Serviços (ISS), o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o

Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

Ele é complementado por um mecanismo de transferências verticais de recursos, cuja

função é de desconcentrar a arrecadação tributária dos níveis superiores, direcionando-a aos

níveis inferiores de governo e às regiões do país. As principais transferências são o Fundo de

1970 1980 1991 2000 2010

Brasil 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.872.856 190.755.799 105%

Campo Grande 140.233 291.777 526.126 663.621 786.797 461%

Feira de Santana 187.290 291.506 406.447 480.949 556.642 197%

Juiz de Fora 238.510 307.534 385.996 456.796 516.247 116%

Londrina 228.101 301.696 390.100 447.065 506.701 122%

Ribeirão Preto 212.879 318.544 436.682 504.923 604.682 184%

Uberlândia 124.706 240.967 367.061 501.214 604.013 384%

População residente (Pessoas)Brasil e Municípios

selecionados

Crescimento

1970/2010

Fonte: IBGE - Censo Demográfico, Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA - https://sidra.ibge.gov.br/

tabela/200 (Pesquisa em 03/08/2017 às 12:55)

Notas: Para o ano de 1991, dados do Universo. Para os demais anos, dados da Amostra.

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Participação dos Municípios (FPM) e a Quota-parte Municipal do Imposto sobre a Circulação

de Mercadorias e Serviços (QPM-ICMS).

Como desdobramento desse arranjo, as finanças municipais se apoiam no tripé

formado pelos tributos próprios, o FPM e a QPM-ICMS, sendo que o peso no orçamento de

cada um desses itens varia conforme o porte populacional, a região e as condições econômicas

das municipalidades.

1.1 - Fundo de Participação dos Municípios

O FPM é formado pela arrecadação líquida do IR e do IPI. Inicialmente era de 17%.

Subiu para 20% em 1988 (CF) e 0,5% por 5 anos até alcançar 22,5% em 1993. Em 2012 foi

para 23,5%, em 2015 a 24% e em 2016 chegou a 24,5%, patamar em que se encontra

atualmente.

O FPM é subdividido em três fundos. Aos municípios do interior são destinados

86,4% do total (FPM-Interior), às capitais estaduais são transferidos 10% (FPM-Capitais) e

3,6% são enviados aos municípios do interior, com mais de 142.633 habitantes, integrantes do

Fundo de Reserva (FPM-Reserva). Cada um desses fundos tem seus próprios critérios de

distribuição.

Gráfico 1 - Distribuição do FPM

Para atender à Legislação, Art. 102 da Lei n.º 8.443/93 (LOTCU), o IBGE calcula

anualmente a população de todos os municípios brasileiros. Para os anos em que há a

realização de Censos Demográficos (1991, 2000 e 2010), esses dados são usados como

Fonte: Constituição Federal artigo 159 e Emenda Constitucional nº 55/2007. Elaboração

CEPES/IEUFU.

Interior86,4%

Capitais10%

Reserva3,6%

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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referência para a repartição do FPM, para os anos intercensitários, o IBGE projeta a evolução

anual da população com base na análise da tendência demográfica do país e dos estados.

Entretanto, no Brasil ainda há uma mobilidade demográfica muito expressiva. Grande

parte da população brasileira reside em município diferente do seu local de nascimento e

muitos mudam de municípios, por ano. Logo, a combinação destes dois modelos de cálculo

da população anual dos municípios brasileiros tende a apresentar discrepâncias, resultantes da

mobilidade demográfica.

Com base nos dados fiscais dos municípios disponibilizados pela Secretaria do

Tesouro Nacional (STN), é possível verificar que o formato de rateio do FPM carreia

proporcionalmente mais recursos para as cidades com menor contingente populacional.

Como demonstra a tabela 3, as cidades com até 10.189 habitantes representam, nos

anos de 2000, 2004 e 2005, 48% do total dos municípios brasileiros sendo que as

transferências da União a título de FPM, no último ano, representando mais de 65% do total

distribuído.

Tabela 3 - Número de municípios segundo os coeficientes do T.C.U. Brasil -

2000/2004/2005

Um das principais funções do FPM no Sistema Tributário Nacional é a de suprir de

recursos regulares os municípios menos populosos, pois eles contam com poucas alternativas

de receitas próprias. Por isso, a comparação feita acima não objetiva passar a falsa impressão

Simp Acum Simp Acum Simp Acum

Menos de 10.189 0,6 2.672 48,5 48,5 2.712 48,8 48,8 2.707 48,7 48,7

10.189 a 13.584 0,8 603 10,9 59,5 546 9,8 58,6 539 9,7 58,3

13.585 a 16.980 1,0 427 7,8 67,2 417 7,5 66,1 416 7,5 65,8

16.981 a 23.772 1,2 559 10,2 77,4 584 10,5 76,6 583 10,5 76,3

23.773 a 30.564 1,4 340 6,2 83,5 326 5,9 82,5 331 5,9 82,2

30.565 a 37.356 1,6 193 3,5 87,1 200 3,6 86,1 203 3,6 85,9

37.357 a 44.148 1,8 121 2,2 89,3 141 2,5 88,6 142 2,6 88,4

44.149 a 50.940 2,0 74 1,3 90,6 80 1,4 90,0 79 1,4 89,9

50.941 a 61.128 2,2 88 1,6 92,2 99 1,8 91,8 94 1,7 91,6

61.129 a 71.316 2,4 81 1,5 93,7 74 1,3 93,1 80 1,4 93,0

71.317 a 81.504 2,6 62 1,1 94,8 48 0,9 94,0 51 0,9 93,9

81.505 a 91.692 2,8 35 0,6 95,4 51 0,9 94,9 44 0,8 94,7

91.693 a 101.880 3,0 28 0,5 95,9 33 0,6 95,5 42 0,8 95,5

101.881 a 115.464 3,2 33 0,6 96,5 36 0,6 96,2 36 0,6 96,1

115.465 a 129.048 3,4 19 0,3 96,9 24 0,4 96,6 24 0,4 96,5

129.049 a 142.632 3,6 19 0,3 97,2 18 0,3 96,9 20 0,4 96,9

142.633 a 156.216 3,8 11 0,2 97,4 13 0,2 97,2 10 0,2 97,1

156.217 e mais 4,0 142 2,6 100,0 158 2,8 100,0 163 2,9 100,0

- 5.507 100 - 5.560 100 - 5.564 100 -

Fonte: – IBGE - Textos/IBGE%20-%20FPM_Proposta_Mudancas.pdf

2005

ABSPercentual

POPULAÇÕESCOEF.

TCU

NÚMERO DE MUNICÍPIOS

PercentualABS

2000 2004

ABSPercentual

Total

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

9

que os critérios de distribuição do FPM favorecem indevidamente os pequenos municípios.

Não se trata disso. O que se quer chamar atenção é que o FPM não é uma fonte de

financiamento capaz de irrigar com os recursos necessários os municípios que integram com

mais de 100.000 habitantes e, em particular o grupo de cidades desta pesquisa.

1.1.1 - FPM-Interior

Os municípios do interior recebem o FPM de acordo com o seu número de habitantes.

São ordenadas 18 faixas populacionais com os respectivos coeficientes de distribuição (veja a

tabela dos coeficientes abaixo). A cada município é atribuído um coeficiente, de acordo com o

seu enquadramento numa das faixas populacionais. A tabela de coeficientes foi concebida de

modo a garantir uma relação favorável aos municípios menores, permitindo-lhes receber,

proporcionalmente, mais recursos de FPM do que as cidades mais populosas.

Tabela 4 - Critério para

Distribuição do FPM pelos

Municípios do Interior -

Coeficientes utilizados pelo T.C.U.

A Lei Complementar N. 62/1989 determina em seu Art. 2° que os recursos do Fundo

de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE são distribuídos da seguinte forma:

85% (oitenta e cinco por cento) às Unidades da Federação integrantes das regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste; 15% (quinze por cento) às Unidades da Federação integrantes das

regiões Sul e Sudeste, como demostrado na Tabela 5.

Coeficientes

1 a 10.188 habitantes 0,6

10.189 a 13.584 habitantes 0,8

13.585 a 16.980 habitantes 1,0

16.981 a 23.772 habitantes 1,2

23.773 a 30.564 habitantes 1,4

30.565 a 37.356 habitantes 1,6

37.357 a 44.148 habitantes 1,8

44.149 a 50.940 habitantes 2,0

50.941 a 61.128 habitantes 2,2

61.129 a 71.316 habitantes 2,4

71.317 a 81.504 habitantes 2,6

81.505 a 91.692 habitantes 2,8

91.693 a 101.880 habitantes 3,0

101.881 a 115.464 habitantes 3,2

115.465 a 129.048 habitantes 3,4

129.049 a 142.632 habitantes 3,6

142.633 a 156.216 habitantes 3,8

156.217 e mais habitantes 4,0

Populações

Fonte: Decreto Lei 1881/81; http://www.tesouro.fazenda.

gov.br/documents/10180/329483/pge_cartilha_fpm.pdf

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10

Tabela 5 - Critério de Distribuição dos recursos do

FPE por Região.

Critérios para Distribuição do FPE por Estado: Lei Complementar N. 62/1989, Art. 2º,

§ 3º e Anexo I: Cada Estado recebe o FPE de acordo com a distribuição da população e a

renda per capita dos Estados do ano de 1992.

De acordo com esta Lei, os dados sobre população e renda per capita devem ser

anualmente atualizados pelo IBGE. Anualmente, o IBGE publica a população e o PIB dos

Estados, mas os coeficientes do FPE continuam constantes no ano de 1989.

Tabela 6 - Participação dos Estados no total a distribuir do FPE.

1.1.2 – FPM-Reserva e FPM-Capitais

O requisito para um município participar do Fundo de Reserva é o de possuir

coeficiente individual de 3,8 ou 4,0, sem prejuízo de participar do FPM-Interior. O rateio das

parcelas do FPM destinadas aos municípios integrantes do Fundo de Reserva e às capitais é

realizado com base nos critérios de população e inverso à renda per capita. Para efeito dos

Região Participação % Região Participação %

Norte 25,37% Sudeste 8,48%

Nordeste 53,46% Sul 6,52%

Centro-Oeste 7,17%

Fonte: Lei Complementar N. 62/1989

Estado Participação % Estado Participação %

Acre 0,2630 Paraíba 3,1942

Alagoas 2,0883 Paraná 7,2857

Amapá 0,1392 Pernambuco 4,7952

Amazonas 1,2452 Piauí 2,4015

Bahia 9,2695 Rio de Janeiro 2,7379

Ceará 4,5864 Rio Grande do Norte 2,4324

Distrito Federal - Rio Grande do Sul 7,3011

Espírito Santo 1,7595 Rondônia 0,7464

Goiás 3,7318 Roraima 0,0851

Maranhão 3,9715 Santa Catarina 4,1997

Mato Grosso 1,8949 São Paulo 14,2620

Mato Grosso do Sul 1,5004 Sergipe 1,3342

Minas Gerais 14,1846 Tocantins 1,2955

Pará 3,2948 TOTAL 100,0000

Fonte: Resolução TCU nº 242/90, de 2 de janeiro de 1990; http://www.tesouro.fazenda.

gov.br/documents/10180/329483/pge_cartilha_fpm.pdf

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cálculos, é utilizada a renda per capita dos estados, pois o dado é apurado pelo IBGE por

unidade da federação.

A utilização do inverso da renda per capita visa a beneficiar os municípios localizados

em regiões com economias menos dinâmicas. Assim, quanto menor for este valor no Estado,

maior o repasse de FPM. Nota-se, entretanto, que o critério não é capaz de captar as

disparidades econômicas entre municípios existes dentro de um mesmo Estado, o que é

prejudicial às cidades de menor renda.

1.1.3 - Repasses para as cidades selecionadas, com o efeito da inflação.

Ao longo destes 17 anos que compõe este estudo, o Índice de Preços do Consumidor

Amplo (IPCA) acumulado ficou em 283,7%, ficando em alguns anos acima do teto da meta

estabelecida pelo governo para a inflação. Diante disso, o valor ganho nominalmente pelo

fundo foi corroído pelos efeitos do aumento generalizado de preços ocasionando uma queda

real de 2,06% do FPM somente no ano de 2015.

Tabela 7 – Distribuição do FPM pelos municípios selecionados de 2000 a 2015 (Em valores

reais ajustados pelo IPCA)

Comparando os vários anos, os repasses de 2011 foram os únicos com crescimento

satisfatório de 16,42% com relação ao ano anterior. Outro ponto a ser destacado é que os

repasses atuais não retornam os valores praticados na segunda metade da década passada, ou

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 R$70.143.858,82 R$39.781.499,69 R$31.423.995,84 R$31.287.082,26 R$27.205.582,20 R$31.423.995,84

2001 R$76.686.298,19 R$42.558.770,77 R$33.840.660,33 R$33.580.102,81 R$29.336.584,66 R$33.840.650,90

2002 R$75.854.424,36 R$47.166.716,48 R$37.224.969,44 R$36.958.487,17 R$32.147.622,23 R$37.224.969,44

2003 R$80.174.552,27 R$44.924.261,67 R$35.384.195,39 R$35.452.206,18 R$30.422.334,52 R$35.384.195,39

2004 R$71.526.738,54 R$44.575.872,10 R$37.394.913,42 R$35.882.244,09 R$31.502.260,71 R$37.394.913,42

2005 R$84.357.709,80 R$50.672.661,31 R$44.190.997,27 R$42.766.160,61 R$36.996.064,62 R$44.190.983,88

2006 R$87.517.492,08 R$54.768.782,62 R$47.704.207,19 R$46.017.757,62 R$39.669.769,31 R$47.704.206,62

2007 R$94.393.217,69 R$59.194.414,55 R$51.683.156,94 R$50.373.879,38 R$43.044.608,90 R$51.683.158,21

2008 R$138.722.383,67 R$72.026.401,14 R$60.625.484,51 R$58.443.675,34 R$49.896.926,07 R$60.625.484,51

2009 R$124.049.444,36 R$63.547.561,62 R$53.871.866,26 R$53.287.504,58 R$44.160.699,93 R$53.871.864,23

2010 R$128.296.338,36 R$64.106.459,42 R$54.428.181,42 R$52.527.126,93 R$44.598.313,21 R$54.428.181,42

2011 R$149.861.607,16 R$76.665.243,96 R$62.257.841,56 R$60.132.616,25 R$52.845.926,25 R$62.257.841,56

2012 R$146.374.392,93 R$71.544.725,56 R$60.503.607,48 R$59.943.918,78 R$49.863.460,63 R$60.503.607,48

2013 R$148.033.914,92 R$72.443.009,26 R$61.237.850,27 R$59.231.398,70 R$51.962.575,47 R$61.237.850,27

2014 R$128.241.277,83 R$72.022.680,73 R$61.672.443,79 R$59.540.427,35 R$52.167.176,61 R$61.672.443,79

2015 R$122.806.207,71 R$71.414.140,72 R$58.848.931,98 R$56.806.241,97 R$49.836.928,40 R$58.848.931,98

2016 R$135.441.938,20 R$78.215.224,87 R$64.501.232,22 R$62.221.829,39 R$54.595.012,11 R$64.501.232,22

AnoMunicípios Selecionados

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2016 (http://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2600:1::MOSTRA:

NO:RP:: - em 11/02/2018). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

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seja, em cinco dos últimos sete anos (2009 e de 2012 a 2015) houve perda média real, destas

seis cidades, de 12,1% para o fundo quando comparado com igual período de 2008.

Houve um decréscimo real dos repasses ao fundo para todas as cidades selecionadas

no período de 2012 a 2015. Agravando o quadro do fundo, o repasse extra de 1% realizado

em dezembro foi 5,13% menor do que o realizado em 2014. Essa diferença entre valores reais

e nominais se dá porque o aumento efetivo dos repasses do fundo não foram suficientes para

cobrir os efeitos danosos da inflação no último ano.

O ano de 2015 não foi um ano fácil para os gestores municipais. A desaceleração

econômica, o crescimento do desemprego, a consequente diminuição da renda familiar são

fatores preponderantes para a redução da arrecadação dos tributos com maiores impactos nas

finanças municipais bem como no FPM que é composto pelo IPI e o IR.

A evolução crescente e constante da inflação nos últimos anos, notadamente de 2013 a

2015, causa uma redução do poder de compra das prefeituras, além de também ser um fator

redutor da arrecadação governamental.

Tabela 8 – FPM per capita pelos municípios selecionados de 2000 a 2015 (Em valores

reais ajustados pelo IPCA)

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 105,45 81,30 68,55 71,32 56,84 62,55

2001 112,89 86,80 72,76 73,82 57,06 65,47

2002 109,53 94,97 78,92 80,19 61,76 70,31

2003 113,57 89,15 73,93 75,86 57,65 65,22

2004 97,43 85,86 75,83 74,63 58,02 65,60

2005 112,51 96,04 88,18 87,58 67,11 75,51

2006 114,37 102,21 93,70 92,83 70,88 79,46

2007 130,26 103,49 100,68 101,19 78,63 84,95

2008 185,66 123,23 116,45 115,69 89,40 97,40

2009 164,28 107,40 102,28 104,34 78,42 84,93

2010 163,06 115,17 105,43 103,66 73,75 90,11

2011 188,21 136,30 119,54 117,61 86,30 101,74

2012 181,74 125,94 115,20 116,24 80,46 97,66

2013 177,85 119,52 112,17 110,18 80,00 94,70

2014 152,10 117,68 111,99 109,65 79,27 94,20

2015 145,66 116,69 106,86 104,61 75,73 89,89

AnoMunicípios Selecionados

Fonte: IPCA – IBGE, 2000 a 2016; Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2015.

Elaboração CEPES/IERI/UFU.

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As determinações legais como a judicialização da saúde4, por exemplo, impõem gastos

sem determinar a fonte de receita é cada vez mais recorrente, e comprometem grandemente as

finanças dos municípios.

Tudo isso teria um efeito menos devastador se o crescimento do FPM fosse

proporcional à expansão dos gastos e responsabilidades municipais. Esse crescimento do FPM

não é proporcional aos aumentos constantes dos custos do último ano.

Um dos exemplos de crescimento de despesas é o reajuste do piso do magistério que

cresceu 12,98% em relação a 2014. Outro exemplo importante de expansão de despesa é o

salário mínimo que vem passando por uma política de valorização constante na última década.

De 2014 para 2015 o salário mínimo cresceu de R$ 724 para R$ 788, equivalente a 8,8% de

crescimento, com forte impacto na administração municipal.

Portanto, o FPM, uma importante receita dos municípios analisados, não acompanhou

o crescimento dos custos das prefeituras nos últimos quatro anos, ajudando a justificar o

quadro de crise existente em 2015 e apresentando um comportamento declinante nesse

período, consequência de um ambiente de retrocesso na economia como inflação alta,

recessão, redução de competitividade da indústria, problemas como o mercado externo,

desvalorização do câmbio, balança comercial em déficit, baixos investimentos estrangeiros e,

consequentemente, uma apreensão generalizada dos agentes econômicos. Essa situação

impacta direta e negativamente na decisão de consumo de todos os agentes, além de reduzir

os lucros das empresas. Isso, por sua vez, reduz a arrecadação tributária, principalmente o

Imposto sobre a Renda que é o principal item do fundo, e as transferências constitucionais,

como o FPM.

1.2 - Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços

O ICMS é um imposto do tipo valor adicionado, cobrado parcialmente na origem

(local onde o bem ou serviço foi produzido) e parcialmente no destino (onde o bem ou serviço

foi consumido), e de competência Estadual. Sua previsão legal está estabelecida na

Constituição Federal5. É o imposto que gera o maior volume de receitas no País. Ele já existia

4 Para maiores esclarecimentos, temos a publicação do Conselho Nacional de Justiça, do trabalho coordenado por Felipe Dutra Asensi e Roseni Pinheiro, Judicialização da saúde no Brasil: dados e experiência. 5 CF, art. 155, inciso II. A denominação completa do ICMS, estabelecida por esse dispositivo constitucional é:

“imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de comunicação”.

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no ordenamento Constitucional anterior à 1988, sob a denominação de ICM, não incidindo

sobre serviços. A nova Constituição ampliou a base de incidência, que passou a incorporar

serviços públicos como telefonia e energia elétrica (hoje entre as maiores fontes de receita do

ICMS), e conferiu maior autonomia aos Estados para definir a legislação do tributo.

Gráfico 2 - Formação do ICMS

Ainda de acordo com a Constituição de 1988, 25% da receita de ICMS arrecadado por

cada Estado deve ser transferida aos respectivos Municípios. Do volume total transferido, ¾

devem ser destinados ao Município onde se originou a arrecadação e ¼ deve ser partilhado de

acordo com legislação do próprio Estado6.

Trata-se, portanto, de uma transferência incondicional, obrigatória, sem contrapartida,

em que ¾ do total é devolutiva e ¼ segue um sistema de redistribuição, desvinculado do local

onde houve a arrecadação.

Todos os Municípios do País recebem essa transferência, sendo esta a categoria de

transferências de maior importância. Alcançou, em 2006, valor equivalente a 1,78% do PIB,

superando as transferências federais do FPM e FPE.

As transferências do ICMS têm como principal vantagem à ampla autonomia

subnacional na alocação dos recursos, uma vez que a transferência é incondicional,

permitindo que se aproveite na aplicação dos recursos, o maior conhecimento dos Governos

subnacionais (em comparação com o governo central) acerca das necessidades locais.

Ademais, por ter seus critérios fixados em Lei, de forma transparente, a transferência

apresenta grande independência de fatores políticos, não sendo possível alterar o valor da cota

de um Município com base em qualquer tipo de barganha.

6 CF, art. 158, inciso IV e parágrafo único. Na Constituição de 1967, com redação dada pela Emenda

Constitucional nº 1, de 1969 (art. 23), a regra de partilha das receitas do ICM era a mesma, contudo a parcela do

ICM destinada aos municípios era de apenas 20%.

Fonte: Lei Complementar 87/1996 alterada posteriormente pelas Leis Complementares

92/97, 99/99 e 102/2000. Elaboração CEPES/IERI/UFU

Estado75%

Município25%

Total da Arrecadação Estadual de ICMS

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Por outro lado, a definição da partilha do ICMS através de regras definidas na

Constituição e em Leis retira flexibilidade para a absorção de choques. A transferência do

ICMS é pró-cíclica, uma vez que cresce nos momentos de expansão da economia,

representando maior desembolso dos Estados e maior disponibilidade de recursos para os

Municípios, incentivando-os a expandir despesas.

Em termos de monitoramento, essa transferência pode ser mais bem estimada pelo

cidadão do que a transferência redistributiva, bem como identificada como recurso fiscal

gerado na economia local.

A transferência do ICMS não promove uma redistribuição regional de recursos fiscais.

Essa característica, contudo, não pode ser considerada problema, visto que, por ser uma

transferência tipicamente devolutiva, esta naturalmente tende a beneficiar os locais mais

dinâmicos, onde ocorre maior produção e consumo de bens tributáveis pelo ICMS.

O maior mérito das transferências devolutivas é permitir ganhos de eficiência na

arrecadação tributária, ao deslocá-la para um nível de Governo mais elevado. Assim, a

concentração das transferências em Municípios mais desenvolvidos é um custo que se paga

para se ter um sistema tributário mais eficiente e que introduza menos distorções na

economia. Isso não significa, contudo, que o sistema de arrecadação e transferência do ICMS

não tenha problemas ou que não gere distorções. O que se está afirmando é que não se pode

esperar que uma transferência devolutiva tenha impacto redistributivo regional.

No que diz respeito aos incentivos à gestão eficiente e à responsabilidade fiscal, a

transferência apresenta sérios problemas. O fato de o ICMS ser cobrado, parcialmente, na

origem (onde o bem foi produzido ou o serviço ofertado) faz com que todo Distrito Municipal

que abriga uma atividade econômica geradora de forte arrecadação de ICMS (uma grande

fábrica, um pólo de serviços, uma usina hidrelétrica, etc.) tenha incentivo para se transformar

em Município e, com isso, internalizar as transferências do ICMS. Ou seja, a transferência do

ICMS também estimula a multiplicação de Municípios, com perda de escala para produzir

bens públicos; desconexão entre disponibilidade de recursos fiscais e demanda viável por

bens e serviços públicos; desestímulo ao esforço de arrecadação própria; criação de

Municípios não por necessidade administrativa-gerencial ou existência de coesão social local.

Um pequeno Distrito hospedeiro de atividade geradora de grande receita de ICMS, ao

se emancipar e se tornar um micro Município (com menos de 10 mil habitantes) passa,

também, a receber elevados valores per capita de FPM. Ou seja, o efeito conjunto do FPM e

do ICMS é induzir a proliferação de pequenos Municípios, que passam a gozar de receitas

elevadas. Pequenos Municípios, de fraca base econômica, beneficiam-se apenas do FPM;

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enquanto os pequenos Municípios, com atividade econômica geradora de muito ICMS,

beneficiam-se das duas transferências.

Como o ICMS é encaminhado aos estados, sua alíquota é variável, ou seja, depende

das alíquotas vigentes no estado em que o desembaraço aduaneiro foi procedido. Na maioria

dos estados, inclusive Bahia e Mato Grosso do Sul, o ICMS é de 17%. Em Minas Gerais,

Paraná e São Paulo é de 18%, enquanto que o estado do Rio de Janeiro tem o maior ICMS,

19%.

A Constituição Federal (Artigo 158) determina que os estados devam distribuir, no

mínimo, 75% da QPM-ICMS de acordo com o valor adicionado do município e os demais

25% de acordo com critérios adotados no próprio Estado.

Neste caso, diferentemente do FPM, há um condicionante constitucional direcionando

mais recursos aos municípios detentores de uma maior base econômica, ao atribuir maior peso

ao valor adicionado, que guarda uma correlação com o Produto Interno Bruto (PIB)

Municipal.

A importância e o volume gerado pela receita de ICMS entre 2000 e 2015, para as

cidades selecionadas, podem ser verificados na tabela abaixo:

Tabela 9 – Distribuição do ICMS pelos municípios selecionados de 2000 a 2015 (Em

valores reais ajustados pelo IPCA)

Percebe-se pela Tabela 9 que a receita dos municípios selecionados recuou em média

6,1% em 2015, num vivo contraste com a expansão média de 5,8% do ano de 2012. Como

resultado desse desempenho, a receita média per capita destes municípios passou de R$

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 R$145.243.285,46 R$73.086.736,53 107.549.884,83 103.643.555,86 263.011.443,43 286.459.795,58

2001 R$182.180.441,65 R$93.278.805,64 138.889.801,72 114.361.820,24 256.934.884,92 217.299.121,51

2002 R$170.020.739,46 R$92.084.476,88 134.682.788,27 118.336.102,19 231.833.397,23 228.946.572,52

2003 R$198.557.347,98 R$91.262.688,55 146.045.057,94 121.488.846,63 202.347.622,83 238.729.720,90

2004 R$227.678.047,19 R$94.564.350,52 151.697.705,45 125.981.471,07 263.512.491,50 250.033.477,38

2005 R$251.535.642,64 R$87.449.376,92 160.510.109,15 132.418.853,98 295.227.630,18 277.579.762,18

2006 R$294.467.824,71 R$89.857.774,53 158.114.245,87 135.616.671,08 335.146.197,44 298.089.247,00

2007 R$323.978.395,70 R$95.985.631,16 168.419.368,59 136.043.186,09 354.717.621,17 344.472.824,73

2008 R$386.089.778,06 R$110.111.569,36 190.964.400,20 144.936.748,84 409.234.775,51 422.393.697,30

2009 R$374.017.867,41 R$104.299.179,61 173.730.704,90 140.503.280,23 410.068.905,08 391.304.309,12

2010 R$395.885.391,28 R$123.443.017,76 198.008.404,77 141.202.781,66 463.754.784,43 460.879.351,68

2011 R$444.838.756,59 R$136.540.882,54 192.692.795,85 143.971.467,10 474.022.470,15 465.731.151,42

2012 R$463.729.141,96 R$165.996.479,22 192.077.560,48 153.345.280,22 481.992.282,82 529.219.148,39

2013 R$463.476.908,35 R$188.579.202,87 200.476.675,25 170.630.053,74 524.427.362,28 485.450.285,57

2014 R$444.234.404,60 R$196.787.581,08 194.636.745,47 181.317.629,05 491.112.524,99 475.637.627,26

2015 R$398.030.922,85 R$214.699.749,99 176.900.336,12 179.101.753,59 464.168.244,34 421.787.509,60

AnoMunicípios Selecionados

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2017 (http://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2600:1::MOSTRA:

NO:RP:: - em 11/02/2018). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

17

527,16 para R$ 470,60, nesses mesmos anos, o que equivaleu a um total per capita de R$

56,56 a menos nos cofres municipais.

A maior retração da receita se deu em Uberlândia, que encolheu 24,6% em relação a

2012. Essa queda da QPM-ICMS, equivalente a R$ 107.431.638,78, maior do que a soma das

receitas de IPTU predial e territorial para o município em 2015.

Em Minas Gerais a QPM-ICMS tem um peso menor nos orçamentos dos pequenos

Municípios: para as 225 cidades mineiras, com até 5 mil habitantes, sua participação na

receita total média nos anos de 2012 a 2015 foi de 16,4%, e de 20,8% para Municípios na

faixa entre 5 mil e 10 mil habitantes. Esse percentual cresce paulatinamente e atinge uma

média de 25,1% nas cidades do interior, com mais de 100 mil habitantes (desconsiderando-se

Belo Horizonte na soma total).

Para Uberlândia, o ICMS (descontado o FUNDEB) representou 28,8% de sua receita

de 2010. Esse peso deveu-se ao fato do Município não contar com uma arrecadação de

tributos próprios mais amplos e com maior diversidade de receitas, para liberar-se desta

incômoda dependência.

Entre 2000 e 2015 o crescimento real do ICMS dos Municípios selecionados foi de:

Campo Grande 116%, Feira de Santana 135%, Juiz de Fora 37%, Londrina 40%, Ribeirão

Preto 28% e Uberlândia 13%. Neste período chama a atenção o forte dinamismo apresentado

por Campo Grande e Feira de Santana, contrastando o baixo crescimento de Ribeirão Preto e

Uberlândia, que não evoluíram seu Valor Adicionado Fiscal depois de 2008.

Tabela 10 – Distribuição do ICMS per capita pelos municípios selecionados de 2000 a

2015 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 218,34 149,37 234,61 236,25 549,50 570,16

2001 268,20 190,25 298,64 251,42 499,72 420,41

2002 245,50 185,42 285,53 256,75 445,40 432,43

2003 281,25 181,11 305,15 259,96 383,43 440,02

2004 310,12 182,14 307,63 262,01 485,37 438,62

2005 335,48 165,74 320,28 271,19 535,50 474,28

2006 384,80 167,70 310,56 273,59 598,85 496,51

2007 447,09 167,81 328,08 273,27 647,98 566,22

2008 516,72 188,39 366,81 286,90 733,22 678,61

2009 495,32 176,27 329,84 275,12 728,23 616,86

2010 503,16 221,76 383,55 278,67 766,94 763,03

2011 558,67 242,75 369,99 281,59 774,12 761,12

2012 575,78 292,20 365,71 297,35 777,73 854,22

2013 556,83 311,12 367,21 317,41 807,36 750,69

2014 526,89 321,55 353,43 333,92 746,30 726,52

2015 472,09 350,82 321,22 329,84 705,36 644,26

Fonte: IPCA – IBGE, 2000 a 2016; Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2015. Elaboração CEPES/IERI/UFU.

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18

As reduções observadas então deram sinais de arrefecimento: Campo Grande, por

exemplo, perdeu percentual de participação no rateio do bolo do Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS). Em resolução publicada no Diário Oficial do Estado, a

Secretaria de Estado de Fazenda divulgou os valores das operações de 2016 e os índices de

participação na arrecadação do ICMS para o exercício de 2018. Pela nova tabela, Campo

Grande terá índice aplicado de 18,6150, o que corresponde a uma redução de 2,9911 pontos

ou de 13,84%. Essa estimativa é baseada em análise da Associação dos Municípios de Mato

Grosso do Sul (Assomasul), que leva em consideração os índices praticados neste ano – no

caso de Campo Grande, participação de 21,6061. Essa é a terceira queda consecutiva no

índice de participação do município no rateio do ICMS e, se concretizado, vai corresponder a

um prejuízo de R$ 54 milhões nos cofres públicos municipais.

1.3 - Tributos Municipais

No tripé que fornece a base dos orçamentos municipais, resta avaliar se os tributos

seriam a alternativa de financiamento para as cidades selecionadas.

Tabela 11 – Distribuição das Receitas Tributárias pelos municípios selecionados de 2000 a

2015 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Em que pese o esforço de arrecadação que realizaram nos últimos anos, é fácil deduzir

que a resposta é negativa. Entre 2000 e 2015, os municípios selecionados aumentaram a

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 R$238.204.624,90 R$39.110.117,16 175.181.878,05 173.312.225,09 201.942.164,50 143.295.282,81

2001 R$249.179.438,02 R$50.906.712,27 189.189.873,31 184.901.193,59 205.277.760,67 150.992.798,40

2002 R$270.092.672,71 R$60.050.128,04 192.883.054,80 221.942.924,82 252.798.426,66 161.462.164,21

2003 R$281.712.547,30 R$59.093.870,82 205.908.661,75 222.246.884,70 275.803.176,40 150.799.160,30

2004 R$301.985.326,15 R$61.479.167,94 209.118.911,65 240.956.234,67 282.939.095,05 156.087.963,37

2005 R$336.501.393,85 R$72.017.120,90 215.104.283,67 242.250.736,24 294.870.258,22 166.071.255,46

2006 R$370.771.268,44 R$77.542.033,15 244.781.562,18 246.062.446,96 310.689.819,52 183.931.954,44

2007 R$393.463.469,81 R$92.718.091,19 253.583.515,83 263.545.332,32 344.645.495,54 198.252.242,47

2008 R$442.258.145,39 R$51.625.553,66 269.495.126,64 281.539.021,58 386.498.536,91 229.426.202,38

2009 R$544.807.403,27 R$109.874.662,97 274.234.890,64 290.028.604,62 401.355.664,88 260.558.086,12

2010 R$621.162.725,16 R$176.905.540,13 327.470.035,33 334.164.179,10 459.717.960,57 293.420.981,14

2011 R$703.362.283,03 R$130.811.816,26 354.661.641,37 398.610.963,75 505.401.687,23 325.279.803,92

2012 R$770.625.674,51 R$145.537.283,11 381.254.020,27 436.051.613,44 573.742.742,18 352.392.688,26

2013 R$770.566.611,52 R$183.309.060,48 382.292.069,24 454.072.327,96 697.268.933,04 366.765.532,87

2014 R$877.679.920,28 R$221.405.830,11 403.335.458,77 484.522.122,29 710.249.395,07 394.630.308,21

2015 R$801.073.292,25 R$214.995.697,25 393.504.503,29 457.892.123,62 693.825.281,95 392.942.279,59

AnoMunicípios Selecionados

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2015 (http://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2600:1::MOSTRA:

NO:RP:: - em 11/02/2018). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

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19

arrecadação dos tributos municipais em 134,8%, praticamente a mesma intensidade verificada

na média dos municípios brasileiros (133,4%) e nas capitais (134,6%).

Apesar do bom desempenho das taxas médias de crescimento das Receitas Próprias

(cresceram 134,8%), os municípios selecionados demostraram grandes flutuações ao longo

destes 16 anos. Feira de Santana, por exemplo, com crescimento anormal em 2009 e 2010

(110,2%; 71,1%), e redução em 2008 e 2011 (-45,5%; -26,8%).

Dois fatores foram fundamentais para a dinâmica deste crescimento: o primeiro foi a

adequação de todos os municípios a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, que

dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos

Municípios e do Distrito Federal, esta Lei estabeleceu tributação mínima de 2% para os

serviços realizados e acrescentou vários que não eram taxados. O segundo fator foi a

implantação do modelo de nota fiscal digital no âmbito municipal, que assegurou maior

eficácia e controle das fiscalizações.

Tabela 10 – Distribuição das Receitas Tributárias per capita pelos municípios selecionados

de 2000 a 2015 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Porém, com uma economia frágil, sem encadeamento produtivo local, as

administrações fazendárias dos municípios selecionados têm um estreito raio de manobra para

aumentar as receitas próprias. Apesar das taxas de crescimento destas receitas apresentarem

decréscimo apenas no ano de 2015, elas demostram arrefecimento nos últimos cinco anos,

como ilustra o Gráfico 3.

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 358,09 79,93 382,15 395,06 421,91 285,21

2001 366,83 103,83 406,79 406,49 399,25 292,13

2002 390,00 120,92 408,92 481,53 485,68 304,97

2003 399,04 117,27 430,22 475,56 522,62 277,95

2004 411,33 118,42 424,07 501,13 521,15 273,82

2005 448,81 136,49 429,22 496,12 534,85 283,76

2006 484,51 144,72 480,79 496,40 555,15 306,37

2007 542,98 162,10 493,98 529,39 629,58 325,87

2008 591,90 88,32 517,65 557,30 692,48 368,59

2009 721,50 185,69 520,66 567,90 712,75 410,75

2010 789,48 317,81 634,33 659,49 760,26 485,79

2011 883,34 232,57 680,98 779,63 825,36 531,59

2012 956,83 256,18 725,89 845,54 925,77 568,80

2013 925,77 302,42 700,24 844,68 1.073,45 567,16

2014 1.040,99 361,77 732,39 892,30 1.079,31 602,78

2015 950,13 351,30 714,54 843,26 1.054,35 600,20

AnoMunicípios Selecionados

Fonte: IPCA – IBGE, 2000 a 2016; Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2015. Elaboração CEPES/IERI/UFU.

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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Gráfico 3 - Evolução média da receita tributária dos municípios

selecionados de 2000 a 2015 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

A arrecadação do ISS, por exemplo, se vê limitada por uma estrutura de serviços

pouco diversificada e, normalmente, centrada em atividades tradicionais de baixa capacidade

contributiva como a de serviços pessoais.

Tabela 11 – Distribuição das Receitas de IPTU per capita pelos municípios selecionados

de 2000 a 2015 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

No caso do IPTU, o baixo nível de arrecadação está associado ao padrão muitas vezes

rudimentar das edificações residenciais, forçando as administrações fazendárias a conceder

um grande número de isenções para as edificações de baixo valor venal. Os imóveis

Fonte: IPCA – IBGE, 2000 a 2016; Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a

2015. Elaboração CEPES/IERI/UFU.

2,8%

11,0%

1,4% 1,2%

3,5%

6,0%

8,8%

4,9%

10,8%

16,9%

7,9%8,8%

3,1%

6,7%

-4,2%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

2000 144,39 15,72 154,77 131,28 173,64 50,79

2001 141,46 26,89 155,46 125,23 161,36 51,50

2002 132,82 23,87 151,80 190,16 199,46 45,32

2003 135,20 32,59 154,67 209,97 225,83 53,41

2004 140,08 26,78 145,00 180,05 203,19 55,66

2005 151,64 27,34 133,59 198,09 212,06 51,62

2006 152,71 28,84 129,28 201,67 214,10 51,92

2007 171,28 31,94 152,41 214,06 224,45 55,76

2008 203,53 27,46 152,95 212,18 225,50 57,24

2009 279,45 26,74 164,46 217,38 241,08 65,16

2010 312,02 32,98 213,48 253,18 225,84 69,47

2011 344,14 33,59 217,23 300,17 236,16 69,90

2012 376,35 35,30 224,58 244,37 273,72 72,73

2013 351,49 43,91 219,38 262,36 376,91 74,62

2014 400,97 86,87 227,88 264,97 394,98 77,25

2015 288,38 84,93 221,99 259,30 397,52 82,45

Fonte: IPCA – IBGE, 2000 a 2016; Finanças do Brasil – Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2015. Elaboração CEPES/IERI/UFU.

AnoMunicípios Selecionados

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

21

comerciais, por sua vez, sejam quantitativa ou qualitativamente, também não potencializam a

arrecadação do IPTU. Essas cidades se deparam ainda com elevados níveis de inadimplência

em função do nível de renda da população, que em períodos de crise é agravada.

Porém, tudo isso não explica a receita proveniente do IPTU em Uberlândia e Feira de

Santana. Das cidades selecionadas, estas recebem menos que 40% da média obtida geral.

O baixo dinamismo de Uberlândia neste quesito não é recente, a Tabela 11 nos

permite perceber ao longo do período compreendido entre 2000 e 2015, a evolução desta

tributação não acompanhou a atualização monetária medida pelo IPCA/IBGE destes 15 anos,

pois ela foi 155,57% enquanto o crescimento per capita de 2015 em relação a 2000 apenas

R$31,66 (62,3% no período).

Excluindo Uberlândia, os demais munícios fizeram ações que repercutiram em

aumento na arrecadação anual média deste tributo: Campo Grande (37,3% em 2009), Feira de

Santana (97,8% em 2014), Juiz de Fora (29,8% em 2010), Londrina (18,6% em 2011) e

Ribeirão Preto (15,9% em 2012).

Mesmo com mais de 190 mil imóveis cadastrados na área urbana e com R$282,90 de

arrecadação média em 2015, Uberlândia possui o menor índice de receita per capita de IPTU

dentre as cidades selecionadas, apenas R$82,45.

Se fizermos a comparação nas arrecadações de Uberlândia com 190.804 domicílios e

Juiz de Fora com 150.320, para o ano de 2015, a primeira, mesmo possuindo mais de 13%

(diferença de 22.138) do número de domicílios do que a segunda, teve uma receita de IPTU

de R$ 53.979.129,23 enquanto Juiz de Fora R$ 122.252.314,59. Indicando que a planta de

valores que possibilita a arrecadação em Uberlândia tenha que ser revista urgentemente.

Tabela 12 – Média simples paga por domicílio, de IPTU em 2015, nos

municípios selecionados (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Campo Grande 243.137.793,55R$ 246.481 986,44R$

Feira de Santana 51.976.534,16R$ 150.320 345,77R$

Juiz de Fora 122.252.314,59R$ 168.666 724,82R$

Londrina 140.799.017,16R$ 161.148 873,72R$

Ribeirão Preto 261.589.899,08R$ 194.853 1.342,50R$

Uberlândia 53.979.129,23R$ 190.804 282,90R$

Municípios

Selecionados

Fonte: Censo IBGE de 2010, IPCA – IBGE, 2015 a 2016; Finanças do Brasil – Dados Contábeis

dos Municípios, STN, 2000 a 2015. Elaboração CEPES/IERI/UFU.

Média

simplesIPTU 2015

Quantidade de

domicílios urbanos

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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2 - Gastos com Pessoal

O gasto com pessoal é o principal elemento da despesa das prefeituras brasileiras.

Devido ao seu caráter rígido, o comprometimento excessivo das receitas municipais com essa

despesa em geral não pode ser evitado7, uma vez que implica na redução dos recursos

destinados para outros fins, afetando as políticas públicas. Por isso, a Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF, 2000) estabeleceu um limite prudencial e um teto para essas despesas:

Contudo, na contramão dessa recomendação, nos últimos anos, as despesas com

funcionalismo público têm comprometido uma parcela cada vez maior dos orçamentos

municipais. Entre 2012 e 2015, a proporção da Receita Corrente consumida por essas

despesas nos municípios selecionados passou de 43% para 51%. Dessa forma, o Gasto com

Pessoal atingiu seu maior patamar da série histórica avaliada, um avanço de 8% frente ao ano

de 2012. Por trás disso está o fato de os gastos com Pessoal crescer em velocidade compatível

com a inflação do período, superior, portanto, às receitas que respondem a dinâmica

econômica.

Tabela 13 – Evolução da relação Gasto com Pessoal e Receita Corrente pelos municípios

selecionados de 2000 a 2015 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Nessa dinâmica preocupante, cada vez mais municípios ultrapassam o teto de 60% da

RCL (Receita Corrente Líquida) estabelecido em Lei para as despesas com o funcionalismo

7 Exemplo a determinação federal do piso salarial nacional para os agentes de saúde e o piso

salarial nacional para os professores (com aumento de 11,36% em 2016).

Valores Indicador Valores Indicador Valores Indicador Valores Indicador Valores Indicador Valores Indicador

Desp. Pes. enc. sociais 341.410.685,50 123.598.199,31 279.504.486,05 319.513.999,81 547.844.493,49 324.301.934,24

Rec. Correntes 835.582.091,17 270.026.472,10 675.422.990,34 804.118.253,49 1.221.770.949,92 834.735.164,30

Desp. Pes. enc. sociais 219.291.800,93 143.665.515,64 341.052.042,91 341.474.131,46 432.694.257,52 275.844.747,74

Rec. Correntes 851.129.381,80 330.629.240,74 743.320.772,41 859.463.432,33 1.096.057.584,22 696.174.948,74

Desp. Pes. enc. sociais 427.178.025,46 168.174.921,61 374.216.242,23 382.873.895,60 523.301.574,29 300.791.555,55

Rec. Correntes 1.096.789.326,99 328.131.223,73 727.708.315,48 941.408.343,52 1.147.955.703,49 797.042.259,68

Desp. Pes. enc. sociais 429.979.200,23 171.390.618,59 395.910.228,42 387.207.102,51 549.513.152,57 362.378.385,19

Rec. Correntes 1.247.384.543,88 344.020.308,82 751.692.567,51 864.554.837,10 1.110.481.975,63 853.022.826,93

Desp. Pes. enc. sociais 474.370.050,27 176.226.377,81 409.578.043,00 324.335.802,62 626.975.680,87 398.457.254,26

Rec. Correntes 1.379.803.289,44 453.774.161,44 818.810.757,87 882.280.104,71 1.242.338.351,52 922.217.137,09

Desp. Pes. enc. sociais 518.216.474,83 194.412.887,59 435.108.768,06 328.759.714,49 435.101.064,68 395.554.195,23

Rec. Correntes 1.532.093.897,06 520.336.280,22 897.274.220,88 865.108.125,01 1.220.157.305,31 986.167.769,12

Desp. Pes. enc. sociais 593.464.180,63 221.099.253,99 467.618.124,20 343.571.148,91 474.619.632,59 428.566.027,92

Rec. Correntes 1.711.358.035,41 550.482.076,12 956.417.350,64 929.257.167,71 1.339.019.048,41 1.071.367.815,79

Desp. Pes. enc. sociais 726.272.000,10 240.939.611,91 521.222.367,92 342.739.037,27 617.925.454,09 538.931.117,27

Rec. Correntes 1.826.189.892,02 652.999.564,81 1.033.153.980,59 1.006.830.776,69 1.525.552.685,08 1.201.271.893,87

Desp. Pes. enc. sociais 853.260.875,40 259.832.360,23 542.919.677,66 414.197.732,53 763.350.209,59 602.795.757,23

Rec. Correntes 2.156.625.418,41 707.902.072,54 1.100.850.913,28 1.101.865.694,57 1.695.351.829,05 1.398.528.472,22

Desp. Pes. enc. sociais 867.034.493,05 287.876.075,70 541.283.298,27 378.978.591,10 854.999.330,05 646.134.922,92

Rec. Correntes 2.224.850.369,95 726.788.914,50 1.180.321.658,16 1.135.240.049,69 1.720.716.768,54 1.359.623.857,57

Desp. Pes. enc. sociais 943.179.499,46 199.498.530,33 564.406.586,28 395.198.270,21 914.655.197,69 668.909.453,63

Rec. Correntes 2.388.505.329,01 756.539.164,04 1.271.793.818,33 1.208.451.146,76 1.861.461.935,16 1.562.375.783,18

Desp. Pes. enc. sociais 1.068.781.459,27 314.737.868,68 546.156.431,66 450.839.670,73 1.136.525.561,81 678.942.882,24

Rec. Correntes 2.730.229.454,84 815.203.792,37 1.304.354.605,14 1.353.706.510,69 2.014.478.115,80 1.720.735.646,01

Desp. Pes. enc. sociais 1.282.282.478,06 337.912.728,13 575.413.633,98 593.008.135,98 1.204.093.109,18 799.610.707,54

Rec. Correntes 2.990.029.633,72 872.667.900,04 1.413.265.875,27 1.542.603.078,59 2.125.519.244,78 1.872.729.822,07

Desp. Pes. enc. sociais 1.439.106.245,95 366.056.992,75 644.429.882,12 824.887.669,81 1.453.829.697,96 707.029.783,86

Rec. Correntes 2.936.506.280,14 929.542.367,52 1.354.381.014,05 1.412.143.380,71 2.275.169.416,13 1.838.377.525,66

Desp. Pes. enc. sociais 1.564.133.766,08 374.245.957,51 699.119.523,43 866.490.095,08 1.428.174.067,37 774.663.808,88

Rec. Correntes 3.046.833.305,20 987.566.579,28 1.419.623.447,06 1.542.899.248,76 2.323.571.387,99 1.907.669.270,44

Desp. Pes. enc. sociais 1.640.049.540,66 388.588.439,16 687.955.883,35 897.149.040,38 1.375.382.020,14 847.075.276,83

Rec. Correntes 2.786.736.599,25 1.008.636.447,98 1.407.861.734,26 1.581.917.840,99 2.245.870.586,76 1.852.353.074,29

Municípios Selecionados

Contas

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2000 a 2015 ( https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/02/2018). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

42,7%

38,5%

40,6%

45,7%

Campo Grande Feira de Santana Juiz de Fora Londrina Ribeirão Preto Uberlândia

40,0%

44,9%

43,1%

47,5%

42,8%

39,5%

56,6%

63,9%

61,5%

61,2%

38,9%

39,6%

37,7%

42,5%

43,2%

40,1%

35,4%

40,5%

45,0%

49,7%

49,1%

56,4%

38,4%

58,4%

56,2%

56,7%

44,8%

39,5%

45,6%

49,5%

50,5%

35,7%

37,0%

34,0%

37,6%

33,4%

32,7%

33,3%

40,7%

47,6%

49,2%

48,9%

39,7%

39,7%

40,7%

44,8%

36,8%

38,0%

48,9%

50,4%

49,3%

45,9%

44,4%

41,9%

38,7%

39,4%

37,9%

38,5%

41,4%

45,9%

51,4%

52,7%

50,0%

48,5%

40,2%

36,9%

36,7%

39,6%

26,4%

38,6%

45,8%

43,5%

51,3%

49,8%

38,8%

37,4%

39,5%

39,1%

42,9%

49,0%

51,3%

58,9%

34,4%

33,8%

34,7%

39,8%

39,6%

39,0%

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Ano

2000

2001

2002

2003

40,9%

25,8%

38,9%

34,5%

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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público: Ribeirão Preto em 2013, 2014 e 2015, já Londrina em 2013 e Campo Grande em

2015 ultrapassam o limite prudencial.

3 – Indicadores

Buscando retratar os desafios da gestão destes municípios selecionados na alocação

dos recursos, tendo em vista as restrições orçamentárias com as quais se deparam as

prefeituras brasileiras, pelo lado da receita, como vimos, a problemática consiste na

dependência das transferências intergovernamentais. Já pelo lado do gasto, o desafio é a

gestão das despesas correntes (principalmente gastos com pessoal e encargos da dívida), uma

vez que a rigidez orçamentária decorrente do seu elevado peso no orçamento pode

comprometer os recursos programados para outros fins, em especial os investimentos.

Com base nessa análise, foram construídos cinco indicadores, são estes: Receita

Própria, Gastos com Pessoal, Investimentos, Liquidez e Custo da Dívida. Cabe ressaltar que

todos os indicadores estão em conformidade com os parâmetros definidos pela Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF). A seguir, a descrição de cada um:

3.1 - Receita Própria

Mede o total de receitas geradas pelo município, em relação ao total da receita

corrente líquida (RCL). Este índice permite avaliar o grau de dependência das prefeituras no

tocante às transferências dos estados e da União. Em síntese, é a capacidade da prefeitura de

gerar receitas de origem tributária e de contribuição econômica para cada Real das

transferências intergovernamentais. Quanto menor o indicador, maior é a dependência das

transferências intergovernamentais.

Receita Própria = (Receita tributária + COSIP + dívida ativa dos tributos +

multas e juros de mora dos tributos + multas e juros da dívida ativa dos tributos) /

(receita transferência Intergovernamental corrente - deduções para a formação do

FUNDEB)

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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Tabela 14 – Evolução da relação entre as Transferências Intergovernamentais e a

Geração de Receita Própria pelos municípios selecionados de 2013 a 2016 (Em

valores reais ajustados pelo IPCA)

A Constituição de 1988 concedeu aos governos subnacionais competências tributárias

exclusivas e autonomia para legislar, coletar e fixar alíquotas. A proposta era que a

descentralização da arrecadação aumentasse o vínculo entre o cidadão-contribuinte e o poder

público local, propiciando o aumento da qualidade dos bens e serviços públicos oferecidos à

população, uma vez que também houve descentralização de responsabilidades, especialmente

nas áreas de saúde e de educação. Posteriormente, a LRF (2000) reiterou que instituição,

previsão e arrecadação de tributos de competência municipal são requisitos essenciais da

responsabilidade da gestão fiscal.

Anos após a Constituição e a LRF, a dependência dos recursos transferidos pelos

estados e pelo governo federal continua sendo um problema crônico para os municípios

brasileiros. A grande maioria dos municípios selecionados, em razão da queda dos repasses de

FPM e ICMS, tiveram desempenho favorável neste quesito. Somente Uberlândia e Feira de

Santana não ultrapassaram a marca de 50% de geração de Receita Própria.

3.2 – Vinculação da Receita Corrente

Procura avaliar a parcela da receita corrente cuja destinação é definida em Leis e/ou

convênios. Quanto maior o indicador, menor a liberdade do gestor municipal em decidir a

alocação dos recursos.

Vinculação da Receita Corrente = (vinculações receita educação + vinculações

receita saúde + demais vinculações) * 100 / receita corrente líquida

Municípios 2013 2014 2015 (*) 2016

Campo Grande 1.00 X 0,54 1.00 X 0,63 1.00 X 0,61 1.00 X 0,61

Feira de Santana 1.00 X 0,35 1.00 X 0,44 1.00 X 0,42

Juiz de Fora 1.00 X 0,57 1.00 X 0,58 1.00 X 0,65 1.00 X 0,65

Londrina 1.00 X 0,77 1.00 X 0,77 1.00 X 0,79 1.00 X 0,78

Ribeirão Preto 1.00 X 0,78 1.00 X 0,79 1.00 X 0,83 1.00 X 0,86

Uberlândia 1.00 X 0,45 1.00 X 0,47 1.00 X 0,49 1.00 X 0,50

Transferências Intergovernamentais x Geração de receita própria

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2013 a 2016

(https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/10/2017). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

Nota: (*) Dados não disponiveis para Feira de Santana na data da pesquisa.

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Dinâmica Socioeconômica de Municípios Selecionados – Volume 6 CEPES/IERI/UFU – Fevereiro/2018

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Tabela 15 – Evolução da vinculação da Receita Corrente pelos municípios

selecionados de 2013 a 2016 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Todos os municípios selecionados tem pouca capacidade de determinar uma grande

parcela de suas receitas, mesmo Ribeirão Preto, município melhor avaliado, tem no período

analisado mais de 50% de sua Receita Corrente vinculada.

3.3 - Investimentos

Mede o investimento médio por cidadão no município. Acompanha o total de

investimentos realizados por ano, em relação à população. Ruas pavimentadas, iluminação

pública de qualidade, transporte eficiente, escolas e hospitais bem equipados são exemplos de

investimentos municipais capazes de aumentar a produtividade do trabalhador e promover o

bem-estar da população.

Investimento per Capita = Investimento / população estimada IBGE

Tabela 16 – Evolução do valor per capita Investido pelos municípios selecionados

de 2013 a 2016 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Municípios 2013 2014 2015 (*) 2016

Campo Grande 61,44 60,96 61,04 61,36

Feira de Santana 60,32 59,94 60,06

Juiz de Fora 61,20 62,36 62,55 61,15

Londrina 58,92 59,22 59,02 60,25

Ribeirão Preto 51,52 52,18 52,08 52,86

Uberlândia 57,63 57,60 50,48 60,16

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2013 a 2016

(https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/10/2017). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

Nota: (*) Dados não disponiveis para Feira de Santana na data da pesquisa.

Vinculação da Receita Corrente (em %)

Municípios 2013 2014 2015 (*) 2016

Campo Grande 326,90 348,67 249,49 88,61

Feira de Santana 91,61 190,20 98,90

Juiz de Fora 113,00 210,26 110,24 107,06

Londrina 73,28 97,11 155,49 146,10

Ribeirão Preto 100,46 66,33 122,76 203,58

Uberlândia 119,29 97,67 200,20 310,66

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2013 a 2016

(https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/10/2017). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

Nota: (*) Dados não disponiveis para Feira de Santana na data da pesquisa.

Investimento per Capita (em R$)

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Diante do elevado comprometimento dos recursos municipais com a folha de salários

do funcionalismo e a vinculação da receita, tem sobrado pouco espaço para os investimentos

próprios.

No período avaliado, excetuando-se Uberlândia e Ribeirão Preto, a queda dos

investimentos foi clara: em 2015 e 2016 as prefeituras investiram menos do que em 2013.

Lembramos que o aumento do investimento destas duas cidades foi resultado de Operações de

Crédito, ratificando o diagnóstico da baixa capacidade de investimento com recursos próprios.

Procurando medir o percentual entre receita orçamentária investida, Tabela 14, em

2013, o percentual médio investido pelas prefeituras selecionadas foi de apenas de 6,42%;

7,88% em 2014; 6,13% em 2015 e 5,79% no último ano, demonstrando que os níveis de

investimentos não são apenas baixos, são também declinantes a partir de 2014.

Nível de Investimento = ((investimento - investimento intra-orçamentário) +

(inversão financeira - inversão financeira intra-orçamentária)) / (receita total -

receita intra-orçamentária)

Tabela 17 – Evolução do Nível Investido efetuado pelos municípios selecionados

de 2013 a 2016 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

3.4 - Liquidez

Mede o percentual que a prefeitura conseguiu economizar ou que gastou a mais frente

a receita total, ou seja, verifica se as prefeituras estão deixando em caixa recursos suficientes

para honrar suas obrigações de curto prazo, medindo a liquidez da prefeitura como proporção

das receitas correntes líquidas.

Resultado Fiscal = (receita total – intra-orçamentária - (despesa empenhada total

– intra-orçamentária)) / (receita total - receita intra-orçamentária)

Municípios 2013 2014 2015 (*) 2016

Campo Grande 12,15 11,66 8,16 2,76

Feira de Santana 7,63 14,54 5,51

Juiz de Fora 5,73 9,64 4,66 4,23

Londrina 4,2 5,01 5,86 5,04

Ribeirão Preto 3,37 2,31 3,98 6,16

Uberlândia 5,45 4,17 7,99 11,08

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2013 a 2016

(https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/10/2017). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

Nota: (*) Dados não disponiveis para Feira de Santana na data da pesquisa.

Nível de Investimento (em %)

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Tabela 18 – Evolução do Resultado Fiscal dos municípios selecionados de 2013 a

2016 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Originalmente, a rubrica Restos a Pagar destinava-se a compatibilizar o término do

exercício financeiro com a continuidade da administração pública, uma vez que nem todos os

pagamentos de despesas coincidem com o término do exercício. Contudo, ao longo dos anos,

os restos a pagar foram sendo utilizados como instrumento de postergação de despesas em

todas as esferas do governo, em grande parte devido ao agravamento da crise econômica que

afeta decisivamente o planejamento orçamentário (lembrando que a Lei de Orçamento Anual

– LOA, é construída no primeiro semestre do ano anterior à sua entrada em vigor). Dessa

forma, a inscrição de restos a pagar consolidou-se como prática comum em todas as

prefeituras selecionadas nos anos de 2015 e 2016. Atualmente, estes respondem por quase a

totalidade das obrigações de curto prazo das prefeituras em tela, sendo o principal limitador

da suficiência de caixa desses entes.

Diante desse quadro, é importante discernir os municípios onde a postergação de

despesas é resultado do desequilíbrio orçamentário daqueles onde estes mecanismos estão

sendo usados de forma planejada. Na prática, significa verificar se os municípios estão

deixando recursos em caixa para cobrir as despesas postergadas para o exercício seguinte. Ao

medir a suficiência de caixa das prefeituras brasileiras, levando em conta o tamanho de seu

orçamento, o Resultado Fiscal permite elucidar essa questão.

A evolução deste quesito é clara. Em 2013, apenas Feira de Santana apresentava este

desajuste. Em 2014, somente Uberlândia e Londrina não o utilizaram. A partir de 2015, todos

os seis municípios apresentaram Resultado Fiscal negativo.

Municípios 2013 2014 2015 (*) 2016

Campo Grande 4,25 -2,77 -8,82 -2,27

Feira de Santana -0,03 -12,16 -0,80

Juiz de Fora 1,54 -5,13 -2,28 -1,64

Londrina 6,48 1,16 -2,18 -3,45

Ribeirão Preto 8,86 -0,26 -1,97 -8,34

Uberlândia 7,61 3,26 -8,00 -0,65

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2013 a 2016

(https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/10/2017). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

Nota: (*) Dados não disponiveis para Feira de Santana na data da pesquisa.

Resultado Fiscal (em %)

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3.5 - Custo da Dívida

Corresponde às despesas de juros e amortizações, em relação ao total das receitas

líquidas. O índice avalia o comprometimento do orçamento com o pagamento de juros e

amortizações de empréstimos contraídos em exercícios anteriores, mede o percentual entre

receita orçamentária e de operações de crédito, precatórias, obrigações a pagar em circulação,

obrigações legais e tributárias.

Apesar do tamanho da dívida não constituir problema para a gestão fiscal das

prefeituras selecionadas, os encargos resultantes precisam ser monitorados. Assim como as

despesas com pessoal, esses encargos apresentam rígidas obrigações contratuais, o que os

torna um fator de engessamento do orçamento. Além disso, a recorrente contratação de

dívidas com prazos curtos, tradicionalmente, tem resultado em aumento dos custos de

captação de dívida.

Endividamento Bruto = (operações crédito interna e externa em circulação +

precatórios a partir de 05/05/2000 + operações crédito interna e externas longo

prazo + obrigações legais e tributárias) / receita corrente líquida

Tabela 19 – Evolução do Endividamento Bruto dos municípios selecionados de

2013 a 2016 (Em valores reais ajustados pelo IPCA)

Em 2016, as prefeituras selecionadas consumiram menos do seu orçamento com o

pagamento de juros e amortizações da dívida pública do que em 2013. No primeiro ano de

observação apenas as cidades mineiras estavam mais confortáveis (abaixo de 9 %) neste

quesito; todas as outras destinavam mais do que 10% de suas Receitas Líquidas. Destaca-se

também Londrina, que consumiu mais de 27% ao ano, em todos os quatro anos, para honrar

seus compromissos.

Municípios 2013 2014 2015 (*) 2016

Campo Grande 15,45 15,59 20,83 0,18

Feira de Santana 21,12 17,96 0,16

Juiz de Fora 8,65 11,45 11,27 0,09

Londrina 30,74 27,90 30,45 27,06

Ribeirão Preto 14,07 11,90 11,62 0,11

Uberlândia 7,47 6,28 5,88 0,13

Fonte: Finanças do Brasil - Dados Contábeis dos Municípios, STN, 2013 a 2016

(https://siconfi.tesouro.gov.br/ - em 11/10/2017). Elaboração da tabela CEPES/IERI/UFU

Nota: (*) Dados não disponiveis para Feira de Santana na data da pesquisa.

Endividamento Bruto (em %)

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4 - Considerações Finais

No Brasil, os municípios têm um papel central na prestação dos serviços públicos de

demanda mais imediata da população e na implantação de políticas sociais que possam

resultar na redução das desigualdades socioeconômicas. Em face dessa posição estratégica, é

impensável implantar políticas voltadas para os diversos segmentos da sociedade sem

enfrentar e solucionar o problema das desigualdades de receita entre os municípios.

Ainda que o crescimento das economias locais tenha permitido o aumento do

montante arrecadado pelas prefeituras, a elevada dependência de transferências

intergovernamentais cristalizou-se entre os seis municípios. Os governos municipais ficaram

com pouco controle sobre suas receitas, contribuindo para o afrouxamento do vínculo de

corresponsabilidade entre o cidadão-contribuinte e o poder público local, e deixando as

prefeituras vulneráveis à conjuntura econômica e política.

Nos últimos anos, o problema se agravou, na medida em que as despesas de pessoal e

as renovações de contratos não acompanharam a desaceleração das receitas decorrentes da

menor atividade econômica. De fato, enquanto as receitas correntes líquidas saíram de um

avanço real (taxas de crescimento superiores às da inflação) para uma clara desaceleração; a

partir de 2009, houve contínuo crescimento das despesas com pessoal, com altas salariais

reais (reposições acima da inflação do período). Como consequência, em 2016, mais de uma

década e meia após a promulgação da LRF, os municípios selecionados ficaram

perigosamente próximos ao teto legal da receita corrente líquida (RCL) definido para as

despesas com o funcionalismo., sobretudo por causa da queda das receitas associadas ao

agravamento da recessão econômica a partir do segundo semestre de 2014.

Diante da combinação das despesas obrigatórias em ascensão e da baixa capacidade de

arrecadação local, a postergação de despesas via inscrição de Restos a Pagar transformou-se a

principal variável de ajuste das contas municipais, em detrimento da contratação de dívida de

longo prazo, restrita ao financiamento dos investimentos.

De fato, a dificuldade da grande maioria dos municípios é com o pagamento de

despesas de curto prazo, e não com o pagamento de juros e amortizações de dívidas de longo

prazo contraídas em exercícios anteriores.

A ruptura dessa perversa situação exige um amplo debate nacional, que aponte

alternativas na direção de um maior equilíbrio nas receitas dos municípios brasileiros e de um

maior equilíbrio para a federação brasileira.

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