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DINÂMICA PLUVIAL E ESCORREGAMENTOS NA REGIÃO NOROESTE DA ÁREA URBANA DE JUIZ DE FORA (MG) Lucas Barbosa e SOUZA João Afonso ZAVATTINI Introdução A revisão do conceito de clima, proposta pelo francês Max. Sorre na década de 1950, representou o ponto de partida para uma nova orientação metodológica na Climatologia. Ao compreender o clima como “a série dos estados atmosféricos acima de um lugar em sua su- cessão habitual”, Sorre (1951, p.32) expõe todas as deficiências ensejadas pelos mecanismos tradicionais de análises climáticas, vinculados à visão de uma atmosfera inerte ou estática. Em território brasileiro, as idéias de Max. Sorre encontraram campo fértil por intermédio da figura de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, que ao longo de toda a segunda metade do Século XX colaborou para o desenvolvimento da Climatologia como ramo essencial da ciência geográfica. Em sua vasta produção, Monteiro oferece destaque ao caráter genético e dinâmico do clima, introduzindo a idéia de ritmo climático e ressaltando as influências dos fenômenos atmosféricos sobre a superfície terrestre e as atividades humanas. Com base nesses pressupostos metodológicos, Monteiro (1971) sugeriu a utilização da técnica de análise rítmica como ferramenta fundamental para desvendar a sucessão natural dos sistemas atmosféricos sob determinada região, entender suas repercussões em cada atributo meteorológico específico (temperatura e umidade do ar, pressão atmosférica, pluviosidade etc) e verificar seus impactos sobre o espaço geográfico. A análise rítmica consiste em representar simultaneamente, e sob a forma gráfica, as variações quantitativas e qualitativas da atmosfera sobre um determinado local, durante um certo período de tempo, podendo-se incluir indicadores de impactos correlacionáveis, como por exemplo a produ- ção agrícola, as doenças respiratórias, as inundações e os escorregamentos. Dessa forma, com base na gênese (ou seja, no sistema atmosférico produtor das condições de tempo) e na dinâmica (ou seja, no ritmo de sucessão dos diferentes sistemas atmosféricos), podem ser desvendadas diversas relações de causa e efeito no conjunto formado pela atmosfera e a superfície. O Município de Juiz de Fora, localizado na Região da Zona da Mata Mineira (re- gião sudeste do Estado), conta atualmente com cerca de 500 mil habitantes e tem na sua porção noroeste, ao longo do Vale do Rio Paraibuna e de alguns de seus córregos afluentes, o principal eixo de expansão urbana. Em função das características morfológicas do relevo e das condições perversas do mercado imobiliário, tem-se observado nessa parte da cidade um aumento contínuo e gradativo das ocupações de terrenos inadequados à moradia, sejam em fundos de vale ou em encostas íngremes, configurando as chamadas áreas de risco. Por

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DINÂMICA PLUVIAL E ESCORREGAMENTOS NA REGIÃO NOROESTE DA ÁREA URBANA DE

JUIZ DE FORA (MG)

Lucas Barbosa e SOUZAJoão Afonso ZAVATTINI

Introdução

A revisão do conceito de clima, proposta pelo francês Max. Sorre na década de 1950, representou o ponto de partida para uma nova orientação metodológica na Climatologia. Ao compreender o clima como “a série dos estados atmosféricos acima de um lugar em sua su-cessão habitual”, Sorre (1951, p.32) expõe todas as deficiências ensejadas pelos mecanismos tradicionais de análises climáticas, vinculados à visão de uma atmosfera inerte ou estática.

Em território brasileiro, as idéias de Max. Sorre encontraram campo fértil por intermédio da figura de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, que ao longo de toda a segunda metade do Século XX colaborou para o desenvolvimento da Climatologia como ramo essencial da ciência geográfica. Em sua vasta produção, Monteiro oferece destaque ao caráter genético e dinâmico do clima, introduzindo a idéia de ritmo climático e ressaltando as influências dos fenômenos atmosféricos sobre a superfície terrestre e as atividades humanas.

Com base nesses pressupostos metodológicos, Monteiro (1971) sugeriu a utilização da técnica de análise rítmica como ferramenta fundamental para desvendar a sucessão natural dos sistemas atmosféricos sob determinada região, entender suas repercussões em cada atributo meteorológico específico (temperatura e umidade do ar, pressão atmosférica, pluviosidade etc) e verificar seus impactos sobre o espaço geográfico. A análise rítmica consiste em representar simultaneamente, e sob a forma gráfica, as variações quantitativas e qualitativas da atmosfera sobre um determinado local, durante um certo período de tempo, podendo-se incluir indicadores de impactos correlacionáveis, como por exemplo a produ-ção agrícola, as doenças respiratórias, as inundações e os escorregamentos. Dessa forma, com base na gênese (ou seja, no sistema atmosférico produtor das condições de tempo) e na dinâmica (ou seja, no ritmo de sucessão dos diferentes sistemas atmosféricos), podem ser desvendadas diversas relações de causa e efeito no conjunto formado pela atmosfera e a superfície.

O Município de Juiz de Fora, localizado na Região da Zona da Mata Mineira (re-gião sudeste do Estado), conta atualmente com cerca de 500 mil habitantes e tem na sua porção noroeste, ao longo do Vale do Rio Paraibuna e de alguns de seus córregos afluentes, o principal eixo de expansão urbana. Em função das características morfológicas do relevo e das condições perversas do mercado imobiliário, tem-se observado nessa parte da cidade um aumento contínuo e gradativo das ocupações de terrenos inadequados à moradia, sejam em fundos de vale ou em encostas íngremes, configurando as chamadas áreas de risco. Por

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conseqüência, a cada período de primavera-verão, o número de ocorrências registradas pela Defesa Civil local flutua ao sabor dos tipos de tempo favoráveis ou desfavoráveis às inundações e aos escorregamentos.

O entendimento da gênese e da dinâmica climática, em correlação com os acidentes naturais, representa um importante passo no processo de combate aos riscos em áreas já ocupadas e de planejamento ambiental e urbano das áreas ainda desocupadas. Apoiado na concepção climática de Sorre (1951) e empregando a técnica da análise rítmica de Monteiro (1971), este trabalho pretende demonstrar como os escorregamentos na Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora – MG estão fortemente vinculados à gênese e à dinâmica climática regional. Logo, espera-se oferecer algumas informações úteis ao processo de intervenção urbana que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida de uma população excluída, tanto no plano social como no espacial.

Os escorregamentos constituem processos de transferência de material (solo e/ou rocha) ao longo das encostas, por ação da gravidade, e podem variar conforme a geometria do plano de ruptura (BRUNSDEN, 1979). Por classificação, inserem-se nos chamados mo-vimentos de massa e diferem dos mecanismos de erosão por não apresentarem um agente de transporte como a água ou o vento. Entretanto, tais características não livram os escorre-gamentos da instabilização provocada pela presença da água que, por sua vez, pode atuar de diferentes formas na preparação do terreno e na deflagração do movimento. Por esse motivo, o estudo da pluviosidade representa um ponto fundamental na investigação de técnicas preventivas em casos de acidentes naturais, sobretudo dos que envolvem escorregamentos.

Dentre os principais modos de ação da água nos processos de instabilização de en-costas em meio tropical destacam-se:

a) A redução das tensões de sucção, causando a eliminação da coesão aparente;b) A elevação do nível d’água preexistente e o encontro com a frente de saturação;c) O estabelecimento de linhas de fluxo subterrâneo entre camadas de solo com

permeabilidade decrescente em relação à profundidade;d) O aumento do peso da massa detrítica;e) O preenchimento de fendas, provocando o surgimento de pressões hidrostáticas

em solos e rochas fraturadas.

Os escorregamentos, na maioria dos casos, dependem de valores pluviométricos acumulados ao longo de alguns dias anteriores à sua ocorrência. Para Tatizana et al (1987, p.235) “o aumento de saturação do solo provoca uma diminuição na intensidade de pre-cipitação suficiente para a deflagração de escorregamentos, numa razão não linear, mas geométrica”. Tal afirmativa reforça a idéia de que a distribuição temporal da precipitação exerce papel decisivo na manifestação dos movimentos de massa. Como essa distribuição está vinculada à dinâmica atmosférica, somente poderá ser explicada por intermédio do estudo do ritmo climático.

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Principais características do clima regional

O clima da porção sudeste do Estado de Minas Gerais é caracterizado pela atuação de sistemas atmosféricos inter e extratropicais, sendo que a sua sucessão é capaz de produzir uma gama significativa de condições de tempo. Por um lado, a Massa Tropical Atlântica é responsável por ventos de norte e nordeste, característicos de tempo normalmente estável sobre a região. Por outro, a Massa Polar Atlântica contribui com o aporte de ar frio, sempre antecedida pelos sistemas frontais geradores de precipitação e vinculada aos ventos sul e sudeste (MARTINS, 1996). O imponente relevo da região, especialmente a Serra da Man-tiqueira, impede a manifestação das correntes perturbadas de oeste e noroeste, oriundas de sistemas continentais típicos do interior do Brasil (NIMER, 1979).

As maiores temperaturas do ano geralmente ocorrem no período de primavera-verão, principalmente entre os meses de dezembro e janeiro. Por sua vez, a época mais fria ocorre no período de outono-inverno, entre os meses de maio e agosto, ocasião em que o antici-clone polar gera invasões vigorosas de ar frio. As temperaturas mais altas quase sempre são registradas sob a ação da Massa Tropical Atlântica, enquanto as mais baixas relacionam-se com a Massa Polar Atlântica.

No que diz respeito às chuvas, a região de Juiz de Fora apresenta oscilação significativa entre o período de outono-inverno (marcado pela baixa pluviosidade) e o de primavera-verão (marcado pela abundância pluvial). Durante a época que abrange os meses de setembro a março, as frentes costumam atingir a Zona da Mata de Minas Gerais dotadas de maior teor de umidade, e ao serem barradas pelo relevo regional, produzem farta precipitação, sobretudo nas vertentes a barlavento (quadrante sul). Adicionalmente, nesse mesmo período do ano, pode ser observado um significativo aquecimento na parte inferior da atmosfera, favore-cendo a eventual ocorrência de chuvas convectivas, em geral no interior da Massa Tropical Atlântica, quando habitualmente são identificadas linhas de instabilidade.

Na época que compreende os meses de abril a agosto, o deslocamento do centro de ação do anticiclone tropical marítimo para a área continental em grande parte contribui para a modificação da trajetória das frentes para o Oceano Atlântico, o que explica a diminuição significativa nos valores pluviais registrados (SOUZA et al, 1998). Todavia, quando sua trajetória não é desviada, os sistemas frontais realizam suas passagens de maneira mais rápida e quase sempre desprovidos de grande teor de umidade. Por isso, não provocam precipitações muito volumosas, exceto em algumas ocasiões específicas, que fogem ao escopo desta pesquisa.

A Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora - MG

Em 1996, a Área Urbana de Juiz de Fora foi dividida pela Prefeitura, através do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, em 8 (oito) Setores de Planejamento, sendo que cada um deles foi dividido em uma série de Regiões Urbanas de Planejamento (PJF, 1996)1. De acordo com essa divisão administrativa, foi tomado como unidade de estudo o chamado Setor 1 Em 1999, foi aprovada a nova versão do Plano Diretor com algumas alterações sobre a de 1996 (empregada neste trabalho).

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Noroeste da Área Urbana do Município, subdividido em 14 (quatorze) Regiões Urbanas de Planejamento: Barreira do Triunfo, Benfica, Santa Cruz, Nova Era, Barbosa Lage, Jóquei Clube, Jardim Natal, Bairro Industrial, Francisco Bernardino, Carlos Chagas, Cerâmica, Monte Castelo, Esplanada e São Dimas.

Segundo Machado (1999), o processo de ocupação de Juiz de Fora iniciou-se com a construção da “Nova Estrada do Paraibuna”, na década de 1830, com a finalidade de es-tabelecer ligação entre a região de Vila Rica (atual Ouro Preto – MG) e a cidade do Rio de Janeiro - RJ, para escoamento de minérios. Essa estrada proporcionou o surgimento de um arraial, denominado Santo Antônio do Paraibuna, que alcançou posteriormente, em 1856, a condição de cidade, com o nome de Paraibuna. Nesse mesmo ano, foi iniciada a construção da Estrada União e Indústria, ligando o Sudeste de Minas Gerais à cidade de Petrópolis - RJ, visando ao escoamento da produção de café, então bastante difundida na região. Logo, devido à sua localização às margens da Estrada União e Indústria, a cidade de Paraibuna (futura Juiz de Fora) tornar-se-ia um importante entreposto comercial de produtos agrícolas, iniciando o processo de polarização regional. Alguns anos mais tarde, já em 1865, a cidade recebeu o nome definitivo de Juiz de Fora, em função do juiz carioca Luís Fortes Bustamante de Sá, antigo proprietário da sesmaria que englobava a área do município.

Na década de 1870, foi iniciada a construção de uma ferrovia, fato que possibilitou a ampliação da malha urbana de Juiz de Fora, especialmente para as regiões de vale, a noroeste do núcleo central. Com a criação da Estação Ferroviária de Benfica, distante cerca de 10 km a noroeste do centro da cidade, surgiu ao seu redor um pequeno aglomerado de casas e pequenos estabelecimentos comerciais. No ano de 1891, Benfica já havia se tornado um distrito do município de Juiz de Fora (AGUIAR, 2000), mas ainda apresentava uma evolu-ção ocupacional independente do restante da malha urbana da cidade, sendo incorporada ao distrito–sede somente na década de 1970. Atualmente, Benfica desponta como o principal bairro da Região Noroeste de Juiz de Fora, inclusive fornecendo seu nome à Região Urbana de Planejamento na qual está inserida.

Conforme Souza et al (1998), a partir da década de 1960, iniciou-se um movimento local para a transferência das atividades industriais do núcleo central para os bairros periféri-cos de Juiz de Fora. Nessa ocasião, a Região Noroeste da Área Urbana recebeu alguns desses empreendimentos, dando início à sua industrialização. Já na década de 1970, a construção do Distrito Industrial I e do II, vizinhos ao bairro de Benfica, reafirmou a característica in-dustrial dessa parte da cidade, culminando em 1996 com a instalação de uma grande unidade montadora da Mercedes Benz, para a produção de automóveis.

O vale do Rio Paraibuna, que atravessa a região no sentido NW – SE, orientou ini-cialmente a ocupação local, por meio de seus principais alvéolos. Posteriormente, a expansão urbana alcançou alguns vales secundários, de afluentes do Paraibuna, até o início da ocupação de encostas íngremes, sobretudo nos últimos anos (Figuras 1 e 2). Todavia, em função da concentração da ocupação ao longo da Avenida Juscelino Kubitschek, via de acesso paralela ao Rio Paraibuna, ainda se observa, nitidamente, a característica linear da malha urbana.

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Figura 1 – Local de escorregamento no Bairro Vila Esperança II, Região Urbana de Benfica, em dezembro de 2000.

(Lucas Barbosa e Souza, 2002)

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Figura 2 – Local de escorregamento no Bairro Santa Cruz, Região Urbana de Santa Cruz, em janeiro de 1997.

(Lucas Barbosa e Souza, 2002)

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A área de estudo apresenta um baixo índice de cobertura vegetal, não atendendo ao limite mínimo de 12 m² de área verde por habitante, conforme PJF (1996). Aliado a esse fator, o lançamento de efluentes nos cursos d’água tem comprometido a qualidade ambiental da região.

A grande dimensão do Setor Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora faz com que o mesmo apresente uma baixa densidade demográfica, inferior a 50 habitantes por hectare. O contingente populacional representava, no ano de 1991, uma parcela de 17,5% da população total da cidade. Calculando-se esse mesmo percentual, a partir dos dados do último censo demográfico, estima-se que um número de 75 mil habitantes viva atualmente na Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora. As regiões urbanas de planejamento mais populosas são, pela ordem decrescente, Benfica, Santa Cruz e Barbosa Lage, nas quais concentra-se a maioria dos terrenos planos da região.

Ainda conforme as informações apresentadas no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PJF, 1996), a área de estudo conta com níveis satisfatórios de serviços e de infra–estrutura urbana, com mais de 90% da população atendida pela coleta de lixo e pelas redes de água e esgoto. Entretanto, não é o que se verifica nas periferias das regiões urbanas de planejamento, sobretudo nas áreas de maior declividade ocupadas pela população carente. Deste modo, fica explícita a existência de duas cidades na constituição do espaço social, evidenciada pela dicotomia inclusão-exclusão no âmbito do espaço urbano. Se, teoricamente, existe uma cidade com acesso aos equipamentos urbanos de acordo com o Plano Diretor, na prática, pode-se verificar uma outra cidade, baseada no modelo da exclusão social.

As condições de renda apresentam-se bastante desfavoráveis, denunciadas pela média de 2,3 salários por família e pela proporção de 53,7% dos chefes de família com ganhos inferiores a 2 salários mínimos (PJF, 1996). É de se esperar que os menores valores de renda também estejam localizados entre os moradores das áreas de risco.

A área de estudo congrega usos múltiplos do solo urbano, com grande número de lotes de pequenas dimensões e áreas ocupadas por estabelecimentos industriais de portes diversos, sobretudo em sua porção norte. Também são observados conjuntos habitacionais voltados às camadas populares e serviços comerciais básicos, limitados às principais vias de circulação. Nas encostas, restringem-se as sub-moradias e algumas áreas ainda desocupadas.

De acordo com informações prestadas pela Defesa Civil de Juiz de Fora, os proble-mas com movimentos de massa manifestam-se de forma mais proeminente nas Regiões Urbanas de Benfica (Bairros Vila Esperança I e II), Santa Cruz (Bairros São Judas Tadeu, Vila Melo Reis, Santa Lúcia e Santa Cruz) e Jóquei Clube (Bairro Jóquei Clube). Apesar de não apresentar as maiores incidências de acidentes deste tipo, dentro do contexto da área urbana e ainda conforme a Defesa Civil, o Setor Noroeste tem, atualmente, sua ocupação intensificada, constituindo o principal eixo de expansão urbana da cidade. Por esse motivo, grandes esforços de planejamento urbano e ambiental devem se voltar para essa área, para que, no futuro, sejam mantidos níveis aceitáveis de qualidade de vida urbana.

Os escorregamentos verificados nessa parte da cidade são sempre de natureza indu-zida, ou seja, propiciados pela ocupação irregular e pela realização de cortes com geometria inadequada, o que favorece a sobrecarga nas encostas. Os movimentos quase sempre ocorrem

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em cortes realizados em vertentes convexas, de solos profundos e com inclinação entre 50° e 80°. As encostas, em geral, apresentam vegetação rasteira ou solo exposto, presença de lixo e, em alguns casos, escoamento de águas pluviais oriundas de terrenos a montante.

Em períodos de chuva, ao longo dos dias de seqüência pluvial ininterrupta, muitos moradores permanecem em vigília noturna, para que, ao menor sinal de acidente, os fami-liares sejam retirados do interior da residência. Este fato confirma as precárias condições de vida e de reprodução social enfrentadas pelos moradores das áreas de risco na Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora.

Procedimentos para a realização da pesquisa

Para a caracterização da gênese e da dinâmica climática em Juiz de Fora e para a correlação entre as chuvas e os escorregamentos registrados na sua região noroeste, foram selecionadas as estações de primavera-verão. Esses períodos foram escolhidos em função de seus elevados montantes pluviais e por serem a época de maior freqüência de acidentes com escorregamentos ao longo do ano. Foram tomados como amostras os meses de setembro a março referentes aos anos de 1996/1997 e 1999/2000, utilizando-se os dados da Estação Climatológica Principal (UFJF/INMET), obtidos junto ao Laboratório de Climatologia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora.

A identificação dos sistemas atmosféricos foi realizada por meio da inspeção visual de imagens de satélites obtidas no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), referentes aos satélites GOES e METEOSAT, além de um conjunto de cartas sinóticas di-árias elaboradas pelo Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMET) da UNESP – Bauru.

Os sistemas atmosféricos foram classificados conforme a proposta contida no trabalho de Boin (2000), cuja nomenclatura é a seguinte: Frente Polar Atlântica (FPA), Frente Polar Atlântica Estacionária (EST), Frente Polar Atlântica em Dissipação (DIS), Repercussões de Frente Polar Atlântica (REP), Frente Polar Reflexa (FPR), Frente Polar Atlântica com setor quente de retorno (QTE), Massa Tropical Atlântica (TA), Massa Tropical Atlântica Continentalizada (TAC), Massa Tropical Atlântica com linhas de instabilidade (LI), Massa Polar Atlântica (PA) e Massa Polar Velha (PV).

Os dados de acidentes registrados na área de estudo foram fornecidos pelo Depar-tamento de Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora, mediante uma prévia seleção dos processos de maior interesse, consoante classificação empregada pelo órgão. Dentre todos os tipos de ocorrências inicialmente escolhidos, os que apresentaram maior correlação (conforme método de Pearson) com as variações pluviais foram “Ameaça de deslizamento” e “Deslizamento”, sendo posteriormente incorporadas à análise rítmica.

A princípio, os resultados obtidos pela identificação dos sistemas atmosféricos foram agrupados em gráficos de análise rítmica. Na seqüência dos trabalhos, todas as informações foram organizadas nos quadros de índices de participação, de gênese pluvial e de atividade frontal. Nesses gráficos, a representação diária e simultânea dos elementos climáticos (pres-são atmosférica, temperatura do ar, umidade relativa, nebulosidade, direção e velocidade

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dos ventos), dos sistemas atmosféricos e das ocorrências de Defesa Civil forneceu amplas possibilidades de análise e discussão.

Todo o trabalho gráfico foi elaborado através da Planilha Microsoft Excelâ, poste-riormente integrado e tratado no software Corel Drawâ para melhor qualidade semiológica e estética.

Resultados e discussão

De maneira geral, a análise dos índices de participação dos sistemas atmosféricos ao longo das duas épocas amostradas confirmou as informações apresentadas pela literatura. Entretanto, foram notados pequenos detalhes que auxiliam na explicação de algumas va-riações no comportamento pluvial ao longo de cada período. As Tabelas 1 e 2 demonstram o equilíbrio entre a atuação dos sistemas intertropicais (TA, TAC, LI) e extratropicais (PA e PV), sempre entremeados pela Frente Polar Atlântica, em todas as suas variações (FPA, EST, DIS, REP, FPR e QTE).

Tabela 1 - Índices de Participação dos Sistemas Atmosféricos em Juiz de Fora – MG / PRIMAVERA – VERÃO / 1996 – 1997

Tabela 2 – Índices de Participação dos Sistemas Atmosféricos em

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Juiz de Fora – MG / PRIMAVERA – VERÃO / 1999 – 2000A primavera-verão de 1996/1997 foi composta pela participação de 25% de sistemas

polares, 26% de sistemas tropicais e 49% de sistemas frontais, enquanto a primavera-verão de 1999/2000 apresentou 36% de sistemas polares, 27% de sistemas tropicais e 37% de sistemas frontais. Nos dois períodos amostrados, observando-se individualmente cada sis-tema atmosférico, verificou-se a ação preferencial da Massa Polar Atlântica, Massa Tropical Atlântica e Frente Polar Atlântica, fato que confirma o equilíbrio entre os sistemas inter e extratropicais preconizado pela literatura.

Contudo, apesar dos dois períodos demonstrarem semelhanças quando observados de forma global, foi possível verificar algumas diferenças significativas quando comparados os percentuais de atuação de alguns sistemas específicos. A Massa Polar Atlântica apresentou 11% de atuação na primavera-verão de 1996/1997 e 21% na primavera-verão de 1999/2000. A Massa Tropical Atlântica com linhas de instabilidade apresentou ligeiro aumento de parti-cipação do primeiro para o segundo período, passando de 7% (primavera-verão 1996/1997) para 10% (primavera-verão 1999/2000).

Por sua vez, entre os sistemas frontais foi verificada uma queda no percentual de participação: a Frente Polar Atlântica apresentou suave declínio de 20% de atuação na primavera-verão de 1996/1997 para 18% na primavera-verão de 1999/2000 e a Frente Polar Atlântica em Dissipação baixou de 12% na primavera-verão de 1996/1997 para apenas 4% na primavera-verão de 1999/2000.

Esses percentuais podem explicar sensíveis variações no total de precipitação registra-do, por indicarem o tempo de passagem e/ou permanência de sistemas estáveis ou instáveis sobre a região. A primavera-verão de 1996/1997 apresentou um total pluvial compatível com a média histórica – foram registrados 1384,5 mm entre os meses de setembro e março, enquanto a média para o mesmo período é de 1341,9 mm. A primavera-verão de 1999/2000 mostrou-se menos chuvosa, com registros de 1173,2 mm de precipitação. As Tabelas 3 e 4

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indicam um maior percentual de ação pluvial da Frente Polar, tanto do seu eixo principal como do seu eixo reflexo, ao longo da primavera-verão 1996/1997 (86,5 dias sob atuação do eixo principal e 17,5 sob atuação do eixo reflexo), em relação ao mesmo período de 1999/2000 (65 dias sob atuação do eixo principal e 14,5 dias sob atuação do eixo reflexo), fato fundamental para que a pluviosidade atingisse valores sensivelmente mais altos no primeiro período analisado.

Tabela 3 – Quadro de Atividade Frontal em Juiz de Fora – MG - PRIMAVERA – VERÃO / 1996 – 1997

Tabela 4 – Quadro de Atividade Frontal em Juiz de Fora – MG - PRIMAVERA – VERÃO / 1999 – 2000

¹ Eixo Principal: FPA, EST, DIS² Eixo Reflexo: FPR, QTE, REP

¹ Eixo Principal: FPA, EST, DIS² Eixo Reflexo: FPR, QTE, REP

Pela análise separada dos eventos com valores pluviais superiores a 40 mm/dia foi possível identificar um comportamento semelhante. Tais eventos, vinculados quase que exclusivamente às passagens frontais, também foram registrados por mais vezes durante a primavera-verão de 1996/1997 (9 episódios), em comparação à 1999/2000 (7 episódios).

Quanto à gênese pluvial, é clara a importância da Frente Polar Atlântica na produção de chuva sobre Juiz de Fora, já que esse sistema (em todos os seus desdobramentos) foi responsável por mais de 90% do total de precipitação de primavera-verão (Tabelas 5 e 6). As chuvas convectivas, normalmente ligadas à atuação da Massa Tropical Atlântica com linhas de instabilidade, não ultrapassaram o valor de 10% do total pluvial registrado, o que confirma que a maior parcela das chuvas sobre Juiz de Fora tem origem frontal.

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Tabela 5 – Gênese Pluvial em Juiz de Fora – MG - PRIMAVERA – VERÃO / 1996 – 1997

Tabela 6 – Gênese Pluvial em Juiz de Fora – MG - PRIMAVERA – VERÃO / 1999 – 2000

As diferenças entre os resultados pluviais dos períodos de primavera-verão de 1996/1997 e de 1999/2000 também podem ser explicados pelo ritmo de sucessão dos es-tados atmosféricos (Figuras 3 e 4). Aqueles conjuntos de dias ou semanas que apresentam maior alternância dos sistemas atmosféricos - sobretudo com o avanço, estacionamento e recuo dos sistemas frontais - tendem a produzir chuvas mais vigorosas. Por outro lado,

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aqueles conjuntos de dias ou semanas que apresentam pouca alternância entre os sistemas atmosféricos, juntamente com o domínio prolongado de sistemas estabilizadores, tendem a gerar baixos valores pluviométricos ou mesmo a ausência de chuvas. Quando comparados, os meses de setembro de 1996 e de 1999 demonstram exatamente esse tipo de diferença básica. Setembro de 1996 apresentou uma grande alternância dos sistemas atmosféricos, com tipos de tempo de curta duração e rápidas incursões de sistemas estabilizadores. Essas características conferiram um total de 137,2 mm. de precipitação a este mês. Por sua vez, o mês de setembro de 1999 registrou menor alternância entre os tipos de tempo, com domínios duradouros de sistemas estabilizadores, especialmente da Massa Tropical Atlântica (no iní-cio do mês) e da Massa Polar Atlântica (na segunda quinzena). Dessa forma, este ritmo de sucessão dos sistemas atmosféricos conferiu um total de apenas 34,8 mm. de precipitação ao mês de setembro de 1999.,

Outros exemplos são os meses de dezembro de 1996 e de março de 2000. Ambos apresentaram vigorosas seqüências pluviais produtoras de escorregamentos na Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora, fato possivelmente explicado pela grande alter-nância de sistemas atmosféricos em curtos espaços de tempo. Já os meses de março de 1997 e de outubro de 1999 constituem períodos de pequena alternância dos tipos de tempo e de domínios prolongados dos sistemas estabilizadores, apresentando, portanto, baixo número de acidentes registrados.

Quando tomada em sua totalidade, a primavera-verão de 1996/1997 apresentou uma maior alternância diária dos diferentes tipos de tempo, característica que, somada ao maior percentual de sistemas instabilizadores, foi responsável pelo grande número de ocorrên-cias registrado pela Defesa Civil. Por outro lado, ao longo de toda a primavera – verão de 1999/2000, os sistemas atmosféricos alternaram-se um pouco menos sobre Juiz de Fora, com domínios prolongados dos anticiclones polares e tropicais (sistemas estabilizadores). Dessa maneira, a primavera-verão de 1996/1997 apresentou um total de 20 registros de ameaças de deslizamentos e de 58 registros de deslizamentos nas encostas da área de estudo, enquanto na primavera-verão de 1999/2000 foram registradas apenas 11 ocorrências de ameaças de deslizamentos e 15 deslizamentos propriamente ditos. Os diferentes ritmos de atuação dos sistemas atmosféricos são, pois, determinantes na variação do número de acidentes nas encostas da Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora.

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Considerações finais

A ocupação de encostas em Juiz de Fora, em especial na Região Noroeste de sua Área Urbana, tem chamado a atenção de toda a comunidade local já há algum tempo. Acompa-nhando essa expansão desordenada da malha urbana, são divulgados, a cada primavera-verão, novos casos de escorregamentos com perdas de vidas humanas. Dessa forma, a comunidade científica, conhecedora das causas e conseqüências dos fatos aqui apontados, deveria con-tribuir para a reversão desse quadro, deixando o passivo papel de espectadora e assumindo outro mais ativo perante a sociedade.

Os escorregamentos nas encostas, muito mais do que meros fenômenos de ordem físico-natural, envolvem outros importantes aspectos, como a exclusão e a segregação sócio-espacial. Cada ciência deve, a seu modo, investigar e procurar soluções para o problema, cumprindo, portanto, sua função social. Nesse contexto, cabe à Climatologia contribuir de maneira positiva para o reconhecimento da dinâmica climática e pluvial, e das suas relações com os escorregamentos, auxiliando no controle e na prevenção de acidentes.

Longe de esgotar as abordagens acerca da temática chuvas e escorregamentos, o presente trabalho foi elaborado com o objetivo central de subsidiar a adoção de medidas concretas para a prevenção de acidentes nas encostas da Região Noroeste da Área Urbana de Juiz de Fora, além de fornecer bases metodológicas para outros trabalhos mais detalhados, mesmo em outras localidades brasileiras.

A dinâmica climática em Juiz de Fora mostrou-se extremamente vinculada aos fluxos de origem polar, observados principalmente em decorrência da grande atuação de sistemas frontais e de sua alta capacidade de gerar chuvas sobre a cidade. Por sua vez, o ritmo de sucessão dos estados atmosféricos apresentou forte relação com a variação do número de acidentes nas encostas.

Se o poder público não intervém no contínuo processo de formação de áreas de risco e a população, sem alternativas, “aceita” conviver com a ameaça, os acidentes passam a variar exclusivamente ao sabor da dinâmica climática. Entretanto, não se pode esquecer de que a chuva abundante é um componente natural nos trópicos, enquanto a pobreza é construída pelo próprio homem.

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