avaliação e mapeamento de risco a escorregamentos no município de guaratinguetá, sp

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SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE AVALIAÇÃO E MAPEAMENTO DE RISCO A ESCORREGAMENTOS NO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ, SP Lídia Keiko Tominaga, Daniela Gírio Marchiori Faria, Cláudio J. Ferreira, Denise Rossini Penteado, Maria José Brollo, Antonio C. M. Guedes, Oswaldo Coutinho. Instituto Geológico - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo Utilizou-se metodologia desenvolvida pelo Instituto Geológico, para análise regional, e a do Ministério das Cidades, para análise local, às quais se aplicam os princípios da Equação de Risco (Tominaga et al. 2004 e 2008; Ferreira & Rossini- Penteado 2011; Brasil 2007), R = PxVxD (Risco = f (Perigo X Vulnerabilidade X Dano Potencial). O crescimento da ocupação urbana em áreas sujeitas a processos perigosos, as quais propiciam o surgimento de situações de risco em várias regiões do Brasil, motivou o Instituto Geológico a elaborar uma cartografia de risco abrangendo tanto as áreas de risco existentes como aquelas com potencial de risco. Assim, a metodologia adotada pelo Instituto Geológico nos mapeamentos realizados por meio da Cooperação Técnica com a CEDEC de São Paulo, considera a análise de perigo e risco em duas escalas de abordagem: escala regional (1:50.000) e local (1:3.000). A abordagem regional baseia-se na análise da paisagem e envolve avaliação regional de perigos, vulnerabilidade, danos e riscos (Ferreira & Penteado, 2011). A cartografia gerada nessa escala pode ser utilizada para subsidiar instrumentos de planejamento e para a identificação e seleção de áreas alvo para estudos em escala local (1:3.000), juntamente com os cadastros de eventos e as informações da Defesa Civil municipal. A cartografia de risco na escala de detalhe enfoca as áreas de risco definidas pela análise regional e as indicadas pela Defesa Civil municipal. Os produtos gerados nessa escala implicam na definição de setores de risco a processos, com atribuição de graus de risco variando de baixo a muito alto. Consiste em instrumento de gerenciamento de risco, de suporte a decisões pelo poder público municipal na adoção de medidas necessárias à redução, mitigação ou eliminação do risco, além de orientar o trabalho da Defesa Civil Municipal no atendimento de situações emergenciais. Neste trabalho, apresenta-se o resultado do mapeamento de risco de Guaratinguetá, envolvendo a análise de processos de escorregamentos. Os procedimentos incluíram as etapas: definição de unidades de análise (áreas-alvo); determinação e obtenção dos atributos de análise; setorização e avaliação do risco. O mapeamento de risco de Guaratinguetá identificou 21 setores de risco, sendo 7 setores de risco muito alto, 8 de risco alto, 5 de risco médio e 1 de risco baixo, com um total de 577 moradias, dos quais 325 (56%) estão em risco muito alto e 128 (22%) em risco alto. A cartografia final forneceu os setores de risco definidos e as recomendações técnicas para a redução, mitigação ou eliminação do risco. RESUMO METODOLOGIA LOCALIZAÇÃO Esta forma de abordagem de análise regional de risco mostrou-se mais abrangente, permitindo a identificação mais completa das situações de risco que envolve a caracterização de perigos, vulnerabilidades e danos potencias de todo o território municipal. Além disso, com a avaliação de perigos é possível o poder público municipal fazer um melhor controle de ocupações futuras, impedindo a instalação de moradias em áreas de alto perigo, por meio de planos diretores municipais e legislação de uso do solo CONSIDERAÇÕES FINAIS Definição de unidades territoriais básicas (UTB) Definição/obtenção de atributos e seleção de fatores de analise dos processos Modelagem e cálculo das variáveis de risco Cartografia de risco Mapa de perigo Mapa de vulnerabilidade Mapa de dano potencial Mapa de Risco Regional (1:50.000) FASE 1 - INVENTÁRIO DE INFORMAÇÕES E DADOS SOBRE EVENTOS E ACIDENTES FASE 2 - MAPEAMENTO DE RISCO NA ESCALA REGIONAL 1:50.000 Índice de Perigo (P) P Esc = 0,1(AM) + 0,3(DE) + 0,1(DD)+ 0,1(DL) + 0,1 (EH) + 0,3(PI) Índice de Vulnerabilidade (V) V = (((AA + CE + CL + OU)/4) + (IN + RE)/2))/2 Índice de Dano Potencial (D) Ponderação e agrupamento dos valores do fator Densidade de População (DP), em quatro intervalos de classe. Sendo: P Esc = índice de perigo a escorregamento; AM=amplitude; DE=declividade; DD= densidade de drenagem; DL= densidade de lineamentos; EH= excedente hídrico; PI= potencial de indução; AA = índice abastecimento de água; CE = índice coleta de esgoto; CL = índice coleta de lixo; OU = ordenamento urbano; IN = índice instrução; RE = índice renda. R (Esc,) = P (Esc,) * V * D Onde: R= índice de risco a escorregamento; P esc, = índice de perigo a escorregamento; V= índice de vulnerabilidade; D= índice de dano potencial. Os resultados obtidos foram distribuídos em quatro classes pelo método de quebras naturais, obtendo-se: R1 (Baixa); R2 (Média); R3 (Alta); R4 (Muito Alta). Cálculo das variáveis da equação de risco: índices de perigo, vulnerabilidade e dano potencial (R=PxVxD) Mapa de risco a escorregamento - Área 2 - Pedreira Mapa de perigo a escorregamento Setores de risco Índices de risco (áreas urbanas) Grau de Risco 07 setores 325 moradias 08 setores 128 moradias 05 setores 102 moradias 01 setor 22 moradias Total 21 setores 577 moradias Risco Muito Alto R4 Risco Alto R3 Risco Médio R2 Risco Baixo R1 Número de setores/número de moradias associados ao grau de risco FASE 3 - MAPEAMENTO DE RISCO NA ESCALA LOCAL 1:3.000 Área 6 Jd. Tamandaré Foto 4 – Setor de risco muito alto onde houve escorregamento em 2010, atingindo moradias na base do talude. Foto 2 – Setor de risco muito alto com moradias em demolição. Foto 1 – Cicatrizes de escorregamentos em encosta próxima de moradias. Foto 3 - Cicatriz de escorregamento em encosta com declividade acentuada. Foto 5 – Cicatrizes de escorregamentos em encosta natural, indicando perigo muito alto a estes processos. Cartografia de Risco Escala 1:50.000 Inventário de informações e dados sobre eventos e acidentes Áreas alvos para estudo de detalhes Levantamentos de campo: atributos relacionados ao perigo, à vulnerabilidade e ao dano potencial Análise e avaliação de risco (qualitativa) Setorização do risco Mapas de Risco 1:3.000

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Tominaga, LK; Marchiori Faria, DG; Ferreira, CJ; Rossini-Penteado, D.; Brollo, MJ; Guedes, ACM; Coutinho, O. (2012). Avaliação e mapeamento de risco a escorregamentos no município de Guaratinguetá, SP. Santos, SP. In: 46º Congresso Brasileiro de Geologia. O crescimento da ocupação urbana em áreas sujeitas a processos perigosos, as quais propiciam o surgimento de situações de risco em várias regiões do Brasil, motivou o Instituto Geológico a elaborar uma cartografia de risco abrangendo tanto as áreas de risco existentes como aquelas com potencial de risco. Assim, a metodologia adotada pelo Instituto Geológico nos mapeamentos realizados por meio da Cooperação Técnica com a CEDEC de São Paulo, considera a análise de perigo e risco em duas escalas de abordagem: escala regional (1:50.000) e local (1:3.000). A abordagem regional baseia-se na análise da paisagem e envolve avaliação regional de perigos, vulnerabilidade, danos e riscos (Ferreira & Penteado, 2011). A cartografia gerada nessa escala pode ser utilizada para subsidiar instrumentos de planejamento e para a identificação e seleção de áreas alvo para estudos em escala local (1:3.000), juntamente com os cadastros de eventos e as informações da Defesa Civil municipal. A cartografia de risco na escala de detalhe enfoca as áreas de risco definidas pela análise regional e as indicadas pela Defesa Civil municipal. Os produtos gerados nessa escala implicam na definição de setores de risco a processos, com atribuição de graus de risco variando de baixo a muito alto. Consiste em instrumento de gerenciamento de risco, de suporte a decisões pelo poder público municipal na adoção de medidas necessárias à redução, mitigação ou eliminação do risco, além de orientar o trabalho da Defesa Civil Municipal no atendimento de situações emergenciais. Neste trabalho, apresenta-se o resultado do mapeamento de risco de Guaratinguetá, envolvendo a análise de processos de escorregamentos. Os procedimentos incluíram as etapas: definição de unidades de análise (áreas-alvo); determinação e obtenção dos atributos de análise; setorização e avaliação do risco. O mapeamento de risco de Guaratinguetá identificou 21 setores de risco, sendo 7 setores de risco muito alto, 8 de risco alto, 5 de risco médio e 1 de risco baixo, com um total de 577 moradias, dos quais 325 (56%) estão em risco muito alto e 128 (22%) em risco alto. A cartografia final forneceu os setores de risco definidos e as recomendações técnicas para a redução, mitigação ou eliminação do risco.

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Page 1: Avaliação e mapeamento de risco a escorregamentos no município de Guaratinguetá, SP

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

AVALIAÇÃO E MAPEAMENTO DE RISCO A

ESCORREGAMENTOS NO MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ, SP

Lídia Keiko Tominaga, Daniela Gírio Marchiori Faria, Cláudio J. Ferreira, Denise Rossini Penteado, Maria José Brollo, Antonio C. M. Guedes, Oswaldo Coutinho.

Instituto Geológico - Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo

Utilizou-se metodologia desenvolvida pelo Instituto Geológico, para análise regional, e a do Ministério das Cidades, para análise local, às quais se aplicam os princípios da Equação de Risco (Tominaga et al. 2004 e 2008; Ferreira & Rossini-Penteado 2011; Brasil 2007), R = PxVxD (Risco = f (Perigo X Vulnerabilidade X Dano Potencial).

O crescimento da ocupação urbana em áreas sujeitas a processos perigosos, as quais propiciam o surgimento de situações de risco em várias regiões do Brasil, motivou o Instituto Geológico a elaborar uma cartografia de risco abrangendo tanto as áreas de risco existentes como aquelas com potencial de risco. Assim, a metodologia adotada pelo Instituto Geológico nos mapeamentos realizados por meio da Cooperação Técnica com a CEDEC de São Paulo, considera a análise de perigo e risco em duas escalas de abordagem: escala regional (1:50.000) e local (1:3.000).

A abordagem regional baseia-se na análise da paisagem e envolve avaliação regional de perigos, vulnerabilidade, danos e riscos (Ferreira & Penteado, 2011). A cartografia gerada nessa escala pode ser utilizada para subsidiar instrumentos de planejamento e para a identificação e seleção de áreas alvo para estudos em escala local (1:3.000), juntamente com os cadastros de eventos e as informações da Defesa Civil municipal.

A cartografia de risco na escala de detalhe enfoca as áreas de risco definidas pela análise regional e as indicadas pela Defesa Civil municipal. Os produtos gerados nessa escala implicam na definição de setores de risco a processos, com atribuição de graus de risco variando de baixo a muito alto. Consiste em instrumento de gerenciamento de risco, de suporte a decisões pelo poder público municipal na adoção de medidas necessárias à redução, mitigação ou eliminação do risco, além de orientar o trabalho da Defesa Civil Municipal no atendimento de situações emergenciais.

Neste trabalho, apresenta-se o resultado do mapeamento de risco de Guaratinguetá, envolvendo a análise de processos de escorregamentos. Os procedimentos incluíram as etapas: definição de unidades de análise (áreas-alvo); determinação e obtenção dos atributos de análise; setorização e avaliação do risco.

O mapeamento de risco de Guaratinguetá identificou 21 setores de risco, sendo 7 setores de risco muito alto, 8 de risco alto, 5 de risco médio e 1 de risco baixo, com um total de 577 moradias, dos quais 325 (56%) estão em risco muito alto e 128 (22%) em risco alto. A cartografia final forneceu os setores de risco definidos e as recomendações técnicas para a redução, mitigação ou eliminação do risco.

RESUMO

METODOLOGIA

LOCALIZAÇÃO

Esta forma de abordagem de análise regional de risco mostrou-se mais abrangente, permitindo a identificação mais completa das situações de risco que envolve a caracterização de perigos, vulnerabilidades e danos potencias de todo o território municipal.

Além disso, com a avaliação de perigos é possível o poder público municipal fazer um melhor controle de ocupações futuras, impedindo a instalação de moradias em áreas de alto perigo, por meio de planos diretores municipais e legislação de uso do solo

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Definição de unidades territoriais básicas (UTB)

Definição/obtenção de atributos e seleção de fatores de

analise dos processos

Modelagem e cálculo das variáveis de risco

Cartografia de

risco

Mapa de perigo

Mapa de vulnerabilidade

Mapa de dano potencial

Mapa de Risco

Regional

(1:50.000)

FASE 1 - INVENTÁRIO DE INFORMAÇÕES E DADOS SOBRE EVENTOS E ACIDENTES

FASE 2 - MAPEAMENTO DE RISCO NA ESCALA REGIONAL 1:50.000

Índice de Perigo (P)PEsc = 0,1(AM) + 0,3(DE) + 0,1(DD)+ 0,1(DL) + 0,1 (EH) + 0,3(PI)

Índice de Vulnerabilidade (V)V = (((AA + CE + CL + OU)/4) + (IN + RE)/2))/2

Índice de Dano Potencial (D)Ponderação e agrupamento dos valores do fator Densidade de População (DP), em quatro intervalos de classe.

Sendo: PEsc= índice de perigo a escorregamento; AM=amplitude; DE=declividade; DD=densidade de drenagem; DL= densidade de lineamentos; EH= excedente hídrico; PI= potencialde indução; AA = índice abastecimento de água; CE = índice coleta de esgoto; CL = índicecoleta de lixo; OU = ordenamento urbano; IN = índice instrução; RE = índice renda.

R (Esc,) = P(Esc,) * V * D

Onde: R= índice de risco a escorregamento; Pesc,= índice de perigo a escorregamento; V= índice de vulnerabilidade; D= índice de dano potencial.

Os resultados obtidos foram distribuídos em quatro classes pelo método de quebras naturais, obtendo-se:

R1 (Baixa); R2 (Média); R3 (Alta); R4 (Muito Alta).

Cálculo das variáveis da equação de risco: índices de perigo, vulnerabilidade e dano potencial (R=PxVxD)

Mapa de risco a escorregamento - Área 2 - Pedreira

Mapa de perigo a escorregamento

Setores de risco

Índices de risco (áreas urbanas)

Grau de Risco

07 setores 325 moradias

08 setores 128 moradias

05 setores 102 moradias

01 setor 22 moradias

Total 21 setores 577 moradias

Risco Muito AltoR4

Risco AltoR3

Risco MédioR2

Risco BaixoR1

Número de setores/número de moradias associados ao

grau de risco

FASE 3 - MAPEAMENTO DE RISCO NA ESCALA LOCAL 1:3.000

Área 6Jd.

Tamandaré

Foto 4 – Setor de risco muito alto onde houve escorregamento em 2010, atingindo moradias na base do talude.

Foto 2 – Setor de risco muito alto com moradias em demolição.

Foto 1 – Cicatrizes de escorregamentos em encosta próxima de moradias.

Foto 3 - Cicatriz de escorregamento em encosta com declividade acentuada.

Foto 5 – Cicatrizes de escorregamentos em encosta natural, indicando perigo muito alto a estes processos.

Cartografia de Risco

Escala 1:50.000

Inventário de informações e dados

sobre eventos e acidentes

Áreas alvos para estudo de

detalhes

Levantamentos de campo:

atributos relacionados ao

perigo, à vulnerabilidade e ao

dano potencial

Análise e avaliação de risco

(qualitativa)

Setorização do riscoMapas de Risco

1:3.000