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Educ Med Salud, Vol. 20, No. 3 (1986) DINAMICA DO MERCADO DE TRABALHO EM SAÚDE DO BRASIL, 1970-1983 Roberto Passos Nogueiral EXTENSÁO E CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS NO PAÍS O contexto sócio-politico e económico A economia brasileira experimentou um processo de expansao acentuado entre 1967 e 1973, registrando uma taxa média de crescimento anual do produto interno bruto (PIB) em torno de 11%, e a fase do "milagre brasileiro", caracterizada por um forte dinamismo da indústria de bens de consumo duráveis e de bens de capital. Esse dinamismo foi viabilizado pelo aumento simultáneo das importaçóes e das exportaçóes bem como por uma grande abertura da economia ao financiamento externo. Uma forte concen- traaáo da renda pessoal nas camadas médias e altas da sociedade p6de sustentar a demanda por bens duráveis, ao que se somaram as facilidades de crédito para o consumo. Dadas essas condioóes, o emprego urbano cresceu a uma taxa de 4% ao ano, repercutindo favoravelmente na demanda por bens e serviços. Em 1974, entretanto, e estendendo-se até 1980, registra-se uma fase de desaceleraçáo do crecimento, bastante influenciada pelos sucessivos "choques do petróleo". A taxa de crescimento do PIB cai para uma média anual de 7%. Trata-se, naturalmente, de um declínio suave, pois foi mantida a capacidade de acumulaçáo da economia, com base nos empréstimos exter- nos e nos investimentos estatais, estes voltados para grandes obras de infra- estructura, sobretudo nas áreas de produçáo de energia, mineraçáo e trans- porte. Contudo, a partir de 1976 as circunstancias desfavoráveis, rela- cionadas com a elevaçáo das taxas de juros internacionais, come~am a au- mentar os níveis de endividamento externo, deprimindo a capacidade in- terna de investimento produtivo e o gasto público, e criando condióoes para o aumento dos níveis de especulaçáo interna do mercado financeiro. Organizaáao Pan-Americana da Saúde, Programa de Desenvolvimento de Pessoal de Saúde, Brasília, Brasil. 335

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Educ Med Salud, Vol. 20, No. 3 (1986)

DINAMICA DO MERCADO DETRABALHO EM SAÚDE DO BRASIL,1970-1983

Roberto Passos Nogueiral

EXTENSÁO E CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO DERECURSOS HUMANOS NO PAÍS

O contexto sócio-politico e económico

A economia brasileira experimentou um processo de expansaoacentuado entre 1967 e 1973, registrando uma taxa média de crescimentoanual do produto interno bruto (PIB) em torno de 11%, e a fase do "milagrebrasileiro", caracterizada por um forte dinamismo da indústria de bens deconsumo duráveis e de bens de capital. Esse dinamismo foi viabilizado peloaumento simultáneo das importaçóes e das exportaçóes bem como por umagrande abertura da economia ao financiamento externo. Uma forte concen-traaáo da renda pessoal nas camadas médias e altas da sociedade p6desustentar a demanda por bens duráveis, ao que se somaram as facilidadesde crédito para o consumo. Dadas essas condioóes, o emprego urbanocresceu a uma taxa de 4% ao ano, repercutindo favoravelmente na demandapor bens e serviços.

Em 1974, entretanto, e estendendo-se até 1980, registra-se umafase de desaceleraçáo do crecimento, bastante influenciada pelos sucessivos"choques do petróleo". A taxa de crescimento do PIB cai para uma médiaanual de 7%. Trata-se, naturalmente, de um declínio suave, pois foi mantidaa capacidade de acumulaçáo da economia, com base nos empréstimos exter-nos e nos investimentos estatais, estes voltados para grandes obras de infra-estructura, sobretudo nas áreas de produçáo de energia, mineraçáo e trans-porte.

Contudo, a partir de 1976 as circunstancias desfavoráveis, rela-cionadas com a elevaçáo das taxas de juros internacionais, come~am a au-mentar os níveis de endividamento externo, deprimindo a capacidade in-terna de investimento produtivo e o gasto público, e criando condióoes parao aumento dos níveis de especulaçáo interna do mercado financeiro.

Organizaáao Pan-Americana da Saúde, Programa de Desenvolvimento de Pessoal de Saúde,Brasília, Brasil.

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Assim, a desaceleraaáo lenta se transmuta numa recessáo repen-tina. O crescimento do PIB passa a apresentar índices negativos: -1,6% em1981 e -3,2% em 1983. Devido a fatores relacionados ao comportamentodo sistema financeiro internacional, praticamente todos os países cla Amé-rica Latina apresentaram a mesma tendencia á diminuiaáo do crescimentoecon6mico. Isto transparece ao se comparar o lPIB per capita desses paísesno período 1981-1983.

No plano social, um refiexo imediato e natural da paralizaçáodos investimentos privados e da contençáo dos gastos públicos fez-se sentirna capacidade de geraa;áo de empregos. A taxa (le desocupaçáo subiu para4,26% em 1981 e para 4,86% em 1983. Diante dessas dificuldades, prolife-ram os empregos de vínculos náo-formais, caracterizados pela inexisténcade proteaáo no que diz respeito á previdéncia social.

O equilíbrio entre receita e despesas no sistema previdenciáriobrasileiro, que já vinha se mostrando precário desde o final da década,tornou-se ainda mais delicado nessa fase recessiva. A conjunaáo entre de-semprego e ativaçáo das relaçóes náo-formais dle assalariamento teve umimpacto negativo na arrecadaçáo previdenciária e, como sempre aconteceonde náo há seguro-desemprego, gerou outras demandas em relaáao aosbenefícios pecuniários, como parte da estratégia de subsistencia dos gruposscciais mais afetados. Em 1983, o governo tomou a decisáo de elevar aalíquota de contribuiáio dos empregados e empregadores mas, a clespeitodisso, as finanças previdenciárias continuaram desequilibradas, situaçáo sórecentemente superada (no exercício de 1985), com o relativo reaqueci-mento da economia na. Nova República.

POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS E SAÚDE PARA TODOS

Desde a segunda metade dos anos sessenta que o Brasil vemaclotando uma política francamente expansionista no que diz respeito aformaaáo de médicos. Entre 1965 e 1970 a capacidade de formacáo deprofissionais de medicina mais do que duplicou. Esta rápida elevaçao daoferta de médicos se ajustava á política francamente expansionista dosserviços de saúde, baseada no aumento da rede privada financiada comrecursos públicos. A lógica deste modelo de atenaáo médica repousava naatençáo individual e na medicina especializada, relegando a um plano secun-daZrio as chamadas aó;6es básicas de saúde.

A partir de 1976, a énfase da política de saúde se modifica,passando para as medidas de atençáo primária, o que exigia, no plano dosserviços e dos recursos humanos, uma ampliaçáo da rede ambulatorial e dopessoal qualificado de niível médio. No entanto, somente a partir dos anossetenta é que os resultados dessa política começaram a se fazer sentir nacomposiáao interna da força de trabalho, quando houve um expressivo

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aumento do número de profissionais de nível técnico e auxiliar nas equipesde saúde.

A SITUACAO DOS RECURSOS HUMANOS PARA A SAÚDE

Recursos humanos existentes

A tabela 1 apresenta a força de trabalho, no campo de saúde,para o período 1970-80. Seu total era de 1 233 008 trabalhadores em 1980,sendo composta majoritariamente por profissionais de nível médio e ele-mentar (cerca de 82%). Este conjunto de trabalhadores está dividido emproporçoes praticamente idénticas entre profissionais de saúde (49,8%) eoutros profissionais (50,1%).

A participacao dos setores nao ligados á saúde é muito reduzida,se comparada ao ligado a saúde, em termos de capacidade de absorçáo daforça de trabalho. Apenas 62 mil trabalhadores estavam lotados naquelessetores em 1980, número praticamente igual ao de 1970. Isso expressa atendencia da funçáo de prestaaáo de serviços de saúde concentrar-se cadavez mais em estabelecimentos específicos, deixando de ser um encargodireto das empresas. Este fenómeno, em conjunto com a perda de autono-mia e a opçáo pelo assalariamento, faz parte de um proceso que se podedenominar de institucionaliza~ao do trabalho em saúde.

No setor ligado á saúde, chama atençáo o predominio dos outrosprofissionais em relaçáo aos profissionais de saúde, em 1980 a proporçáoera de 52,8 contra 47,2%. Há aí uma quantidade significativa de pessoasque náo tem formaaáo específica em saúde, com a particularidade de que,do total de 618 000, cerca de 95% sáo profissionais de nível médio e elemen-tar. Pode-se concluir que tal setor absorve uma extensa força de trabalhode baixa qualificaçáo, utilizada, certamente, em funoóes administrativasauxiliares e de apoio.

Essa característica faz com que os serviços de saúde aparecam,no setor terciário da economía, como um importante gerador de empregosde baixa qualificaaáo, vindo a concorrer, neste aspecto, com a indústriamanufatureira e com o comércio varejista. Mesmo entre os profissionaisde saúde, a participaçáo dos de nível médio e elementar é quase de 70%.

Os profissionais de nível superior sofreram os efeitos de reformauniversitária, que, cedendo as pressóes para mais vagas, alargou demais ospatamares de formaçáo de quadros de terceiro grau, propiciando ao sistemade saúde absorver, com folga, os novos profissionais que ingressavam, acada ano, no mercado de trabalho. O aumento do número de profissionaisde nível médio e elementar cumpriu, em parte, a lógica ampliaçáo doquinhao de trabalhadores relativamente desqualificados.

A dimensáo real do grande crescimento da força de trabalho emsaúde fica patente quando comparado com o da populaçáo economicamente

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ativa (PEA) durante o mesmo período (tabela 2). A expansáo da PEA globalfoi de 51,74% e a do setor terciário teve o seu contigente aumentado em79,09%. Enquanto isso, o número de trabalhadores do setor ligado á saúdecresceu a uma taxa bruta de 109,11%, sendo maior ainda o incrementodos profissionais de saúde (125,31%). Assim, a participaçáo dos trabalhado-res no setor saúde em relaçáo á PEA ascendeu de 1,94 a 2,67%, e emrelaçáo á PEA do terciário passou a representar cerca de 6% em 1980.

A grande capacidade de geraçáo de cargos ocupacionais confereum lugar de destaque ao setor saúde no ámbito do terciário. Neste sentido,as atividades de saúde vém contribuindo significativamente ao movimentode "terciarizaçáo" do emprego, típico das economias capitalistas em seusestágios mais avançados e que, no Brasil, se acentua a partir dos anossessenta.

Demanda efetiva

A década de setenta consolida definitivamente o mercado detrabalho dos profissionais de saúde em termos de volume de demanda ede oferta, e no tocante a variedade de categorias e de tipos de estabelecimen-tos empregadores.

A disponibilidade de algumas das categorias de profissionais desaúde e seu crescimento entre 1970 e 1980 pode ser avaliada pela tabela 3.Dentre os profissionais de nível superior, a categoria que registrou maiorcrescimento foi a de enfermeiros (142,94%), embora sua participaçáo noconjunto desses profissionais continue a ser muito reduzida-cerca de 2%.

TABELA 2. Evoluçao da populaçao economicamente ativa e dos trabalhadores nosetor ligado a saúde por 1 000 habitantes.

Anos de referencia

1970 1980 Cresci-Especificagao mento

% % brutoTotal Rel. PEAa Total Rel. PEAa (%)

PEAa 28 853 100,00 43 782 100,00 51,74

PEAasetorterciário 11 174 38,73 20 012 45,71 79,09

Trabalhadores no setorligado a saúde 560 1,94 1 171 2,67 109,11

Profissionais de saúdeno setor ligado á saúde 245 0,85 552 1,26 125,31

a Populaaáo economicamente ativa.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Escola Nacional de Saúde Pública.

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TABELA 3. Distribui¡ao dos profissionais de saúde no Brasil, por nível deformasao, 1970-1980..

1970 1980

Categorias profissionais Absoluto % Absoluto % (%)

Nível superiora 84 824 27,65 174 853 29,42 106,14

Médicos 45 113 14,71 101 793 17,13 125,64Odontólogos 30 376 9,90 55 116 9,27 81,44Farmaceuticos 4 361 1,42 5 860 0,99 34,37Enfermeiros 4 974 1,62 1:2 084 2,03 142,94

Nível médioeelementar 221 906 72,35 419 853 70,58 89,07

Parteiras 4 190 1,37 3 446 0,58 -1;',76Pessoaldeenfermagem 134 099 43,72 300 388 50,54 124,00Fisioterapeutas e

massagistas 3 478 1,13 1:3 991 2,35 302,27Operadoresderaio-X 8 003 2,61 16 738 1,13 -15i,80Protéticos 3 993 1,30 13 031 2,19 226,35Práticosdefarmacia 8 856 2,89 12 724 2,14 4 3,68Laboratoristas 42 390 13,82 48 979 8,24 15;,54Guardassanitários 16 897 5,51 20 556 3,41 19,88

Total 306 730 100,00 594 706 100,00 93,79

a Estáo excluidos os psicologos, os nutricionistas e os assistentes sociais.Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Escola Nacional de Saúde Pública.Pesquisa sobre Recursos Humanos para o Brasil.

Em seguida, situam-se os médicos, com uma taxa bruta de incremento de125,64%-categoria majoritária entre as de nível superior e apresentandoum contigente expressivo de 102 000 profissionais em 1980. No grupo dosprofissionais de nível rnédio e elementar, destaca-se o crescimento dos fisio-terapistas e massagistas (302,27%) bern como do pessoal de enfermagem(].24%), sendo este um grupo composto de trés categorias distintas: técnico,auxiliar e atendente de enfermagem.

Algumas categorias sofreram uma reduaáo em números absolu-tos como é o caso das parteiras licenciadas, um grupo em franco processode extinçáo. O mesmo se deu com os operadores de raio-X cuja reduaioabsoluta pode-se atribuir ás modificaçóes na base técnica do trabalho, isto é,ao incremento da produtividade física mediante progresso tecnológico,como, por exemplo, a incorporaçáo de máquinas de revelaçáo automáticade filmes.

A grande expansáo do número de profissionais de saúde noBrasil, na década de setenta, tem determinantes múltiplos e é de análisecomplexa.

A demanda por profissionais de saúde pode ser consideradacomo uma funaáo da capacidade de investimento e custeio do setor de

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serviços de saúde. Depende, portanto, da ampliaçáo do número de leitose de ambulatórios, e da boa manutençao dos equipamentos e do apoio deserviços de laboratório, administrativos e outros.

O número de leitos é um indicador da magnitude dos investimen-tos e, indiretamente, da capacidade de custeio. No Brasil constata-se que ainiciativa privada ocupou um lugar de destaque ao expandir seu númerode leitos, aproveitando-se especialmente do crédito governamental subsidia-do, enquanto o setor público se distinguia por um reduzido dinamismo.Em 1979, de cada quatro leitos hospitalares existentes no Brasil, trés perten-ciam ao setor privado. Entre 1976 e 1979, criaram-se, em média, cerca de10 400 leitos anuais, mas com flutuaçóes no lado do setor público, certamentedevido as dificuldades de custeio dos leitos implantados.

O aumento da capacidade de absoraáo de empregos nesses doissegmentos-o público e o privado-teve como garantia uma mesma fontefinanceira-os recursos do sistema previdenciário. Quanto a isto, basta citarque o total de estabelecimentos privados mantendo convenios com o sistemaprevidenciário subiu de 3 269, em 1976, a 5 474, em 1980. Nesse mesmoperíodo os estabelecimentos públicos passaram de 875 a 3 166. Para mantero custeio desse grande aparato de assisténcia á saúde, as despesas do sistemaprevidenciário praticamente quintuplicaram entre 1970 e 1980.

Toda essa multiplicidade intricada de determinantes se originada demanda crescente de profissionais de saúde: urbanizaçáo, industriali-zaçáo, ampliaçáo do contingente de trabalhadores que contribuem para osistema previdenciário, capacidade de investimentos públicos e privadosem serviços de saúde, etc. Além disso, atuam certos condicionantes sócio-culturais-que nas sociedades capitalistas fazem dos serviços de saúde umdos itens privilegiados dos chamados meios de consumo coletivo, integrantesdas condiçóes necessárias á reproduçáo da força de trabalho em geral.

Como resultado da massificaaáo da demanda e da oferta, osmédicos e todas as demais categorias de profissionais de saúde passaram ase transformar em típicos trabalhadores assalariados. Assim, ao longo dadécada, houve uma reduçáo de 42,8 para 33,6% no número de profissionaisde nível superior com situaçao de autonomia. Neste particular o crescimentodo setor privado teve um papel decisivo, nao só pelas dimens6es de demandaque foi capaz de criar, como também por fixar certos padróes de comprae venda da força de trabalho mais qualificada; por exemplo, generalizouo uso do salário mínimo para médicos e de seu emprego em tempo parcial.

Oferta atual

No Brasil, assim como em outros países da América Latina, adécada de sessenta e o início da de setenta estiveram marcados por umaextraordinária expansáo do ensino superior para todas as profissóes, o quese deu tanto através da multiplicaçáo de escolas como do aumento de vagas

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por unidade. As press¿ies demandando ensino superior vieram sobretudodas camadas médias da sociedade, em procura de ascensáo e prestígio social,numa época em que a economia do país passava por uma arrancada desen-volvimentista, por parte de um governo autoritário. O crescimento do mer-cado interno de bens e serviços e a urbanizaaáo foram fatores de influencia,ac criarem novos cargos para a absorçáo dos recém-formados.

Em duas décadas foram criadas no Brasil 50 novas escolas demedicina, privadas na sua maioria, com uma taxa de expansáo de 192%.Como dado comparativo, convém mencionar os Estados Unidos da América,ornde apenas 36 escolas foram fundadas neste período, representando umcrescimento de 45%.

O fluxo de concluintes, entre 1970 e 1983, dos cursos de medicinaaparece na tabela 4. Nota-se que esse número sobe anualmente até atingirurn máximo de 8 722 concluintes em 1978, declinando nos anos seguintes.Esta queda obedeceu, em parte, a unma política explícita adotada pelossectores educacionais de náo mais permitir a abertura de novas escolas e aampliaaáo excessiva do número de vagas. Mas, por outro lado, as pressoespara ingresso nas várias áreas de saúde parecem vir diminuindo proporcio-nalmente.

A formaçáo de enfermeiros surge como exceçáo, na medida em

TABELA 4. Evoluiao dos concluintes nos cursos de Medicina e EnfermagemBrasil, 1970-1983.

Medicina Enfermagem

Incremento IncrementoAnos Total relativo Total relativo

% %

1970 4 270 28,90 851 47,201971 3 721 -12,86 858 0,821972 5 306 42,60 1 318 53,611973 6 610 24,58 1 156 -12,291974 7 722 16,82 1 300 12,461975 8 342 8,03 1 465 12,691976 8 210 -1,58 2 075 41,641977 8 288 -0,95 2 126 2,461978 8 722 5,24 2 192 3,101979 8 316 -4,65 2 .361 16,831980 8 318 0,02 3 139 22,571981 8 048 -3,25 3 687 17,461982 7 871 -2,20 4 :394 19,171983 7 289 -7,40 4 934 12,28

Fonte: ARTEC/CODEINF/SESu/MEC.

Brasil / 343

que é progressivo o aumento do número de concluintes ano a ano (tabela 4).Contudo, a oferta crescente de enfermeiros náo tem encontrado uma reaiáocorrespondente em termos de absoraáo pelo mercado de trabalho.

A formaçáo maciça de profissionais de nível superior no decenio1965-75 teve um efeito decisivo na constituiaáo do mercado de trabalho emsaúde, dando lugar a um excedente relativo, que passou a ser uma condiçioestrutural de funcionamento desse mercado com feiçóes capitalistas, apesardas oportunidades de emprego terem aumentado. Isto náo deve ser enca-rado como um fenomeno anómalo ou de desequilibrio, pois a relativa sobre-oferta de médicos e outros profissionais de saúde foijustamente o que p6deassegurar a diversificaçáo e o crescimento do aparato assistencial nos seusmúltiplos níveis de complexidade de atençáo á saúde e, inclusive, maisrecentemente, viabilizou a implementaçáo da política de atenaáo primária eextensáo de cobertura.

De outra parte, uma das consequencias da explosáo do ensinosuperior em saúde foi a alteraçáo da própria estrutura demográfica da

*força de trabalho em saúde, favorecendo duras tendencias associadas áfeminizaaáo e ao rejuvenescimento. A participaçáo feminina nas profiss6esde saúde de nível superior passou de 17,9 para 35,4%, sendo mais incisiva nocaso dos médicos e dos odontólogos, profissóes nas quais o percentual demulheres em 1980, atingiu 20,6 e 28,2%, respectivamente. Com o aumentoproporcional de pessoas recém-formadas, em relaaáo ao total, os profissio-nais de saúde de nível superior com menos de 30 anos passaram de 14,4para 26,1%. Entre os médicos, as pessoas com menos de 40 anos foram de46,5 para 66,6%, no período.

Distribuiçao de médicos e mercado de trabalho

Entre 1970 e 1980 persistem as desigualdades, embora haja umamelhoria na distribuiaáo dos médicos entre as regióes do país favorecendoas regioes norte, centro-oeste e nordeste, as trés de menor grau de desenvol-vimento sócio-económico, se comparadas com a sul e a sudeste. Entretanto,o nordeste que, em 1980, detinha 29,3% da populaçao brasileira, dispunhade apenas 19,2% dos médicos. As discrepancias ainda náo foram eliminadas;basta dizer que em 1980 o Rio de Janeiro, com 9,9% da populaçáo doBrasil, concentrava 23,3% dos médicos.

Assim, náo obstante os progressos alcançados graças ao próprioprocesso de desenvolvimento sócio-econ6mico de algumas regioes (o casodo norte, com a zona franca e a industrializacao subsidiada), permanecemalguns flagrantes desequilíbrios na relaçáo habitante/médico nas regioesnorte, nordeste e centro-oeste, registrando-se, ademais, uma concentraáaoexcessiva em cidades como o Rio de Janeiro.

Outro aspecto que se relaciona precisamente com os límites epossibilidades de interven~áo de políticas públicas diante do emprego de

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médicos é o de regime de trabalho. No Brasil, em 1980, 78% dos médicostrabalhavam em regirre de tempo parcial, mais frequentemente com expe-diente de quatro horas, diárias. Isso dificulta o funcionamento permanentee adequado dos serviços de saúde de tal modo que as necessidades daclientela deixam de ser atendidas com a presteza e a urgencia indispensáveis,aléém de criar inúmeros problemas para a organizacao interna dos serviçose a utilizacáao dos demais profissionais, a grande maioria trabalhando tempointegral. Por outro lado, sabe-se que raramente o tempo parcial contratadocostuma ser cumprido efetivamente.

Em 1980 existia no Brasil um médico para cada 1 170 habitantes.Considerando que a razao ideal, face ao nível de desenvolvimento já alcan-çado pelo país, situa-se na faixa de 1 000 a 700 habitantes por médico,vé-se, de saída, ser incorreto aplicar, no caso brasileiro, um diagnostico deexcesso de oferta desses profissionais. O que há, como demonstrado ante-riormente, é uma evidente má distribuiçao e urna utilizaçao inadequada daforça de trabalho médica.

Nas projeçoes para as décadas seguintes foram mantidos fixoso número de formados anualmente e os percentuais de perdas. Os índicesestimados de habitanl:es por médicos (1 041 em 1990 e 991 ern 2000)demostram que a relaçáao evoluirá lentamente, mas nao haverá situaçáo deexcesso, a nao ser por uma elevaaáo significativa no output dos cursos dernedicina.

Ao longo do período 1977-83 foram gerados 74 718 novos em-pregos médicos para 56 852 formados. Neste ponto, devem-se fazer duasobservaçóes: Em primeiro lugar, os postos de trabalho náo foram ocupadosnecessariamente pelos médicos formados no período; segundo, a maioriadesses postos sáao de ternpo parcial e, portando, náao absorvem integralmentea capacidade de traballho de cada médico. Seja como for, esses dados naofalam a favor de uma hipótese de sobreoferta aguda de médicos, ou seja,nao demonstram a existencia de uma oferta tao superdimensionada quesupere a condiçáo de excedente relativo habitual e necessário ao funciona-mento das economias capitalistas em todos seus setores.

No caso dos enfermeiros, por outro lado, ocorre uma situaáaoinversa: os formados sempre ultrapassam o número de empregos criados.Na série, há 23 033 formados para 7 629 empregos. Constata-se aqui umelemento de sobreoferta, mas que deve ser analisado com cuidado. NoBrasil, 95% dos enfermeiros sáo mulheres e muitos dos formados naodemandam o mercado de trabalho ou náo o fazem de imediato. Ademais,numa profissáo essencialmente feminina, existe um contigente que aban-dona a atividade para regressar posteriormente, o que pode afetar a estima-tiva de novos empregos oferecidos. Assim, a sobreoferta de enfermeiros é,eim parte, aparente. Mas a diferença entre um número e outro, entre for-mados e empregos criados, é de tal magnitude que permite caracterizaruma escassa capacidadle de geraaáo de empregos de enfermeiros no país.

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PROBLEMAS E PERSPECTIVAS

Problema

A desproporçáo entre o número de médicos e o de enfermeirosconstitui, situada nessa dimensáo, um problema de política de recursoshumanos sobre o qual cumpre atuar, mas náo através da formaaáo adicionalde enfermeiros e sim aplicando mecanismos de dinamizaaáo da demandapelo mercado de trabalho.

A lógica seguida espontaneamente por todos os setores, inclusiveo público, tem sido a de baratear os custos da atençáo de saúde, usando umamplo contingente de profissionais de enfermagem de baixa qualificaçáo.Tanto é assim que os atendentes somam nada menos que 21% dos empregosem saúde. No outro extremo do espectro de qualificaaáo, estáo os médicos,compondo 20%. Desta maneira, fica delineada uma polarizaaáo da forcade trabalho em saúde, em que duas categorias, a mais qualificada e tecnica-mente hegemónica, os médicos, e, do outro lado, a menos qualificada etecnicamente subalterna, os atendentes, compóem juntas mais de 40% dototal de empregos do mercado.

Diminuir essa polarizaçao através da elevaaáo do nível de escola-ridade e de cursos de qualificaaáo para os atendentes representa, sem dú-vida, um dos imperativos colocados hoje para a política de recursos humanosem saúde.

O baixo nível de escolaridade dos profissionais auxiliares queintegram a força de trabalho em saúde no Brasil é outro problema quepode ser auferido por um simples dado: em 1980, 47% desses auxiliaresnáo tinham sequer o primeiro grau, ou seja, oito anos de estudo (a educa5áomínima estabelecida como dever do Estado na Constituiaáo); somente 20,6%apresentavam segundo grau completo e 22,2% o primeiro grau.

Pelas informaçóes disponíveis para 1980, verifica-se que umadas piores situaçóes é a do pessoal de enfermagem, grupo fortementeinfluenciado pela precária escolarizaaáo do atendente. Em condiçóes maisfavoráveis aparecem os operadores de equipamentos médicos e os labora-toristas. Uma parcela desses profissionais completou curso superior, masos dados náo indicam se relacionados á área de saúde ou a outras áreas.

Registra-se, de qualquer modo, um "desequilibrio" dado pelopeso do pessoal auxiliar no conjunto da força de trabalho em saúde e osníveis insuficientes de escolaridade que possuem. É possível-e isto tem sidoreiterado particularmente pela categoria dos enfermeiros-que tal deficién-cia tenha efeitos prejudiciais sobre a própria qualidade dos serviços quesao prestados á populaaáo. Daí a meta de elevaçáo de escolaridade ser portodos encarada como indispensável na política de A~oes Integradas deSaúde posta em prática pelo governo.

Outro problema diz respeito a participaçáo femenina no mercado

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de trabalho em saúde. Pode ser dito que as mulheres, em relaçáo aoshomens: a) exercem com mais freqeéncia uma única ocupaaáo; b) temproporcionalmente rerida menor, c) trabalham um número menor de horassemanais e d) tem menos oportunidades de trabalho autónomo.

TENDÉNCIAS RECENTES NO MERCADO DE TRABALHOEM] SAÚDE

A evoluçao do emprego em saúde, no período 1978 a 1983(tabelas 5 e 6), correspondendo aos momentos de desaceleraaáo económicae crise aberta, apresenta muitas flutuaçóes, em meio as quais, náo obstante,é possível identificar a]lgumas tendencias.

Com fundamento nos dados provisórios disponíveis nao há, apartir de 1980, uma inflexáo drástica no nível geral de empregos emn saúde,ao contrário do que ocorreu em outros setores da economia. Na verdade,o emprego de algumas categorias típicas como enfermeiros, odontólogose auxiliares de enfermagem tiveram um crescimento maior no último trie-nio, enquanto os médicos experimentaram taxas de incremento muito se-melhantes nos dois períodos em exame.

Contudo, quando se faz uma avaliaiáo ano a ano, descobre-seum declínio nas taxas de crescimento para 1983, cujo significado só emparte é possível estabelecer por ora. De fato, há grandes variaçoes no cres-cimento do total de empregos entre 1977 e 1982 mas, em 1983 registra-seuma taxa singularmente baixa, ou seja, 3,7%. Isto pode indicar o iniício deum período de depresasáo ocupacional nos estabelecimentos de saúde, istoé, uma incapacidade de gerar empregos com a mesma intensidade. Esseresultado náao perde seu valor pela exclusao do grupo de "outros" profissio-nais, pois este contingente passa de 299 204 a 307 468, entre 1982 e 1983,cem um crescimento de apenas 2,8%. Assim, tanto o total de empregos dosprofissionais típicos como o dos "outros" cresceram a taxas muito reduzidasno último ano para o qual dispóe-se de dados.

O ano de 1983 foi muito negativo para todas as categorias típicas,ern termos de capacidade de geraçáo de novos empregos, com excecáo deernfermeiro. O total de empregos tem taxas de incremento iguais em 1980e 1982 e em 1979 e 1981, ou seja, 6,3% e 8,4%, respectivamente. Noconjunto, entretanto, nota-se uma tendencia declinante em relaaáo as taxasocorridas em 1977 e 1978, situadas em torno de 10% ao ano. Por outro lado,a queda do crescimento dos atendentes aparece de urna forma muito nítida.U:ma hipótese a este respeito é a de que eles estáo sendo "promovidos"gradualmente a auxiliares de enfermagem; uma explicaçáo alternativa, jámencionada, é a de que estejam sendo contabilizados sob a rubrica "outros"de nível elementar. Quanto ás demais categorias, o que se destaca em

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34:8 / Educación médicaY salud * Vol. 20, No. 3 (1986)

TABELA 6. Crescimento do emprego em saúde por trie-nio, segundo categorias típicas, Brasil, 1977-1983.

Categoria 1978-1980 1981-1983

(%) (%)

Médicos 25,4 23,5Odontólogos 30,5 38,1Enfermeiros 25,2 29,2Técnicosde laboratório 74,7 61,1Auxiliares de enferrnagem 29,8 40,0Atendentes 26,1 1,0

Totala 26,8 19,5

a Exclui empregos de categorias náo identificadas, que aparecemcomo "outros", de nível superior, médio e elementar.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

particular, até 1982, s;3o os grandes incrementos anuais dos técnicos delaboratórios e auxiliares de enfermagem.

O estudo preliminar comprovou que a. súbita diminuiçco da taxade crescimento do emprego em saúde, ocorrida em 1983, resultou de umacontraaáo da demanda pelo setor privado. Com efeito, nos estabelecimentospúiblicos, o emprego de categorias típicas evoluiu de 283 187, em 1982,para 305 044, em 1983, com um incremento bruto de 7,7%; nos estabele-cirmentos privados, em contraposiaáo, o número de empregos decresceu de271 953 para 271 083 (taxa de -0,1%). Este achado tem transcendentalsignificado e indica que há uma crise de capacidade de geracáo de empregosrestrita ao setor privado.

R]ESUMO

O autor faz uma análise da situaçáo do mercado de trabalho noBrasil, especialmente no que tange as ocupaçoes do setor de prestaçáo deserviços de saúde que, devido a fatores de urbanizacáo, industrializaçáo,maior número de trabalhadores contribuindo para o sistema previdenciário,etc., passou a absorver unia grande porcentagem de máo-de-obra ocasio-nando uma explosáo do ensino superior em saúde.

O autor advoga neste artigo a necessidade de melhor distribuiçáoregional dos profissionais da Medicina e de maior preparo e níveis de esco-lairidade para o pessoall auxiliar, em especial.

L

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DYNAMICS OF THE HEALTH LABOR MARKET IN BRAZIL,1970-1983

Summary

The author reviews the situation of the labor market in Brazil withspecial reference to occupations in the health services delivery sector, which, owingto factors of urbanization, industrialization, an increase in the number of workerssubscribing to the social security system, etc., is now absorbing a large percentageof the manpower pool and thereby generating an explosion of higher educationin the health field.

The writer urges the need for an improved regional distribution ofmedical professionals and for better training and more schooling for auxiliarypersonnel in particular.

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D)INAMICA DEL MERCADO DE TRABAJO EN SALUD DELBRASIL, 1970-1983

Resumen

El autor hace un análisis de la situación del mercado de trabajo en elBrasil, especialmente en lo que atañe a las ocupaciones del sector de la prestaciónde servicios de salud que, debido a factores de urbanización, industrialización,mayor número de trabajadores que contribuyen para el sistema previsicinal, etc.,pasan a absorber un porcentaje grande de la mano de obra, ocasionando una verda-dera "explosión" en la enseñanza superior en salud.

Se aboga por la necesidad de una mejor distribución regional de losprofesionales de Medicina y de mejor preparación en niveles de escolaridad parael personal auxiliar, en especial.

LA DYNAMIQUE DU MARCHÉ DU TRAVAIL DANS LE DOMAINEDE LA SANTE AU BRÉSIL, 1970-1983

Résumé

L'auteur examine la situation du marché du travail au Brésil, et plusparticulierement les professions du secteur des services de santé qui, par suite del'urbanisation, de l'industrialisation et de l'accroissement du nombre de travailleurssouscrivant á la sécurité sociale, etc., absorbent un fort pourcentage de la maind'oeuvre, provoquant ainsi une explosion dans l'enseignement supérieur dans ledomaine de la santé.

L'auteur invoque la nécessité d'une meilleure répartition régionale deprofessionnels de la santé et d'une meilleure formation ainsi que d'une scolarisationplus poussée, du personnriel auxiliaire en particular.