dimensoes22_anapaulatavaresmagalhaes(2)
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A heresia como forma de resistncia excluso social: o caso dos Beguinos (sul da Frana e norte da Itlia 1307-1323)*
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O estudo dos beguinos na Idade Mdia Tardia adquire, para ns, o
aspecto de evidenciador de um quadro social amplo, que marcou
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larga medida os sculos precedentes. A partir do sculo XII, observa-
se a multiplicao das igrejas paroquiais, bem como o aumento da
demanda pela pregao. Desenvolve-se, ainda, uma srie de meca-
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e Ordens Terceiras. Por um lado, os impulsos da Reforma Monstica
haviam sido conduzidos, sobretudo pelos cistercienses, pela cris-
tandade latina, e resultaram em movimentos que apontavam para
uma maior participao do corpo social nas manifestaes da f. Por
outro lado, encontrava-se relacionada s mudanas scio-econmi-
cas ocorridas no contexto da desagregao do sistema feudal e dos
laos de parentela e do advento da pequena propriedade de explora-
o familiar, que fracionou o trabalho, reduzindo-o ao quadro fami-
liar entre os sculos XII e XIV. Ao mesmo tempo, desenvolvia-se a
vida citadina, com suas mltiplas possibilidades de re-associao.
Impunha-se uma necessidade crescente de compensao social, pro-
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jetada numa assemblia que re-unisse a comunidade.
Palavras-chave: Heresia; Beguinos; Piedade laica; Associao;
Pobreza.
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The study of the beguins in the Later Middle Ages shows a large
social framework that characterized strongly the beginnings of the
14th century, as well as the two centuries before. Since the 12th cen-Since the 12th cen-
tury, we watch the multiplication of parochial churches, as well as
the increase of the quest for sermons. Many kinds of fellowship were
developed, like workmanships, brotherhoods, and Third Orders. The
impulses of the Monastic Reformation had been spread in roman
Christendom by the Cistercians, and had leaded to movements that
pointed to a larger participation of the laic society in the faiths
manifestations. On the other hand, such movements were related to
social and economic changes occasioned by the decrease of the feu-
dal system and by the arise of the small family property, that frac-
tioned the work and reduced it to the familiar level between 12th
and 14th centuries. At the same time, the medieval city developed
bringing multiples possibilities of re-association. We verify a gro-
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advento da pequena propriedade de explorao familiar, que fracionou o tra-
balho, reduzindo-o ao quadro familiar entre os sculos XII e XIV. Ao mesmo
tempo, desenvolvia-se a vida citadina, com suas mltiplas possibilidades de
re-associao. Impunha-se uma necessidade crescente de compensao social,
projetada numa assemblia que re-unisse a comunidade. Resultantes, em larga
medida, do desenvolvimento da piedade laica, entre a segunda metade do
sculo XII e princpios do sculo XIV, as chamadas heresias, essencialmente
marcadas pelo discurso e pela prtica da pobreza, representavam, para alm
de desvios a ser contidos pela ortodoxia, uma autntica forma de manifes-
tao do desejo de re-unio.
Os anos transcorridos entre os sculos VIII e XII assistiram a uma acentu-
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incorporao de povos alm-Imprio ao bloco cristo homogneo: no contexto
subseqente, o fenmeno que se salientava era aquele do reforo da empresa
eclesistica mediante o adensamento da rede paroquial, o que se fazia em
concomitncia com o desenvolvimento e a consolidao da instituio feudal
(Vauchez, 1982: 81). Assim, a uma acentuao progressiva dos ndices demo-Vauchez, 1982: 81). Assim, a uma acentuao progressiva dos ndices demo-. Assim, a uma acentuao progressiva dos ndices demo-
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socioeconmica, correspondia, no plano espiritual, criao de um sistema
estrutural adequado s novas demandas dessas populaes, dotadas de uma
necessidade de insero cada vez maior. A acentuao do processo de urbaniza-
o tambm provocou transformaes rpidas e profundas no mundo religioso.
Estima-se que em Paris, entre 1080 e 1290, foram criadas vinte e quatro par-
quias. Em regra geral, o fenmeno referendava os esforos da Igreja em prol do
ajustamento de suas instituies realidade que ela encontrava nas aglomera-
es em pleno desenvolvimento (Rapp, 1971: 122).
O perodo em questo sofreu, portanto, os efeitos da multiplicao das igre-
jas paroquiais, intrinsicamente ligada ao incipiente desenvolvimento das cida-
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ocorrncia de tal envergadura estava supostamente relacionada aos desgnios
de poder poltico e de domnio econmico por parte dos grandes senhorios; de
qualquer forma, contudo, capital fazer notar a gnese de um processo que
desenharia suas conseqncias sobre o pano de fundo dos sculos posteriores:
os limites das parquias, ao se tornarem precisos, passaram a coincidir com
aqueles dos territrios de vilarejos: a igreja local estava sendo construda ou
reconstruda sob o alicerce da clula mais modesta. As parquias tornaram-
se lugar de desenvolvimento das relaes sociais atravs de encontros sema-
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nais, bem como de festas sazonais. Essas comunidades podem ser consideradas
como correias de contato entre a Igreja e o mundo laico, em que as relaes
entre a hierarquia e a massa se efetuavam atravs de um processo de decodi-
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nica Cristandade, a linguagem cifrada do clero era decifrada junto da popula-
o laica, quer camponesa, quer senhorial. A parquia era dotada de organiza-
o essencial extremamente simples, em especial no que tangia populao
rural. O baixo grau de conhecimento e de constncia daquele que gerenciava a
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igualmente simples e igualmente ignorante da leitura da Escritura: bastariam os
sermes, baseados em temas profanos, e os Exempla, no se exigindo elevadas
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crescimento as incipientes parquias, elementos fundamentais de sociabi-
lidade, em especial da Baixa Idade Mdia, pedra angular da vida comunit-
ria crist; certo, tambm, que o crescimento populacional e o aumento das
demandas religiosas conduziram a prticas eclesisticas direcionadas homo-
geneizao e ao controle, dando margem a um ensinamento baseado na cultura
oral e em temas profanos; no entanto, paralelamente, fez-se cada vez mais con-
tundente a presena de uma f popular conjunto de certezas fundamentais
difusas, desprovidas de uma base teolgica e fundamentadas em prticas e
gestos. Da mesma forma, essa f era indissocivel das demandas sociais impos-
tas pelas alteraes conjunturais ocorridas em algumas partes do Ocidente na
Baixa Idade Mdia. E a necessidade de associar-se, sob novas bases, represen-
tava a busca pelo resgate da anterior vida em comum.
A partir do ltimo tero do sculo XII, a primazia doutrinal da Igreja
Romana corria riscos perante as associaes e reinterpretaes da palavra
e dos escritos.5 Com efeito, as demandas que a partir de ento se impuseram
apontavam para o grande poder do laicato, agora de posse de elementos que
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ensinamentos dos Espirituais Franciscanos, os Beguinos passaram a viver em
consonncia com os ideais mais radicais da pobreza apostlica, assumindo a
forma de laicos piedosos, lendo e relendo em comunidade as obras daquele que
passou a ser considerado o seu mentor: Pedro de Joo Olivi.
Destes, destacam-se, alm dos dois tratados De Paupere usu e De Perfectione
evangelica escritos de base rigorista, defensores da prtica estrita do usus
pauper no interior da Regra, editados por David Burr (Burr, 1992: 92-93),
e uma das razes para que sua memria fosse levada alm por uma srie de
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rodoxa acabou muitas vezes por causar reservas, chegando mesmo a ser censu-
rado e removido de sua ctedra. Em 1287, aps ter sido reabilitado, tornou-se
leitor em Florena, estada ao longo da qual cimentou relaes entre italianos e
franceses do sul : era o incio de um frutfero relacionamento com a ala italiana
dos reformadores da Ordem, dentre os quais logrou destaque Angelo Clareno.
De volta sua terra natal, em 1289, tornou-se lector nas casas franciscanas em
Montpellier e Narbona.
Ao morrer, seu culto se espalhou, dando origem a uma peregrinao
incluindo laicos, clrigos e, conforme os depoimentos colhidos pelas inquisi-
es locais, at mesmo cardeais. Passou a ser considerado um santo no-cano-
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como se pode depreender dos depoimentos mais correntes: Item, acreditava
que os escritos do frade Pedro de Joo Olivi fossem bons e catlicos, e que o
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condenados pelo inquisidor Miguel Lemoine , ocorrncia que consistiria num
dos suportes essenciais do fenmeno beguino: a partir de ento, as referncias
alegricas apocalpticas passariam a assumir coloraes cada vez mais reals-
ticas, o que tornava a fonte em questo - a Postilla super Apocalypsim de Pedro
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a uma profecia. Data da mesma data uma srie de interrogatrios conduzidos
em Lodve, o que denota a fora que o movimento j vinha adquirindo antes
mesmo que se lhe abrissem margens para uma rica martirologia. A obra em
vulgar annima; mas fornece a medida exata do estado de nimo ocasionado
pela onda de perseguies e pelas ocasionais condenaes. Particularmente
caracterstico desse novo estado de nimo o acuro com que vm enunciados
e precisados momentos, personagens e conceitos, os quais, sob a pena de Olivi,
haviam sido deixados, com deliberado propsito, desprovidos de determina-
es ulteriores.
Uma aguda admirao pelo mestre pode ser depreendida do depoimento de
Petrus Moresii, que teria declarado a Bernardo Gui: Item, que no se encontra
entre aqueles doutores, exceto so Paulo e o acima dita frade Pedro de Joo, dos
quais tudo o que disseram no foi refutado pela Igreja [...].14
O intervalo mais frtil na atividade inquisitorial a respeito dos Beguinos
teve lugar entre 1321 e 1325. Mas, a partir de 1315, eram j considerados sus-
peitos, devendo ser perseguidos em Narbona, em Tolosa e na Catalunha (Gui,
1964: 108). Falbel nos informa que sua perseguio foi iniciada com a bula
Sancta Romana, publicada em 30 de dezembro 1317 (Falbel, 1976: 296). A bula
ordenava, entre outras coisas, a dissoluo das associaes independentes que
esses piedosos exaltados haviam formado na Siclia, na Itlia, na Provena e
no centro da Frana (Gui, 1964: 134). A Inquisio teria comeado a atuar con-
tra eles na provncia de Narbona, em 1318, em Tolosa e em Pamiers, em 1322,
quando Joo XXII ordenou, em 26 de fevereiro, a investigao do fenmeno por
parte do bispo de Pamiers (Vidal, 1913: 68-69). Nesta ltima localidade foi rea-
lizado, entre os dias 2 e 3 de julho de 1322, um sermo generalis, o qual teve lugar
no cemitrio de So Joo Mrtir.15 Contou com as presenas de Jacques Fournier,
bispo de Pamiers, e Raimundo, bispo de Mirepoix. Os inquisidores provinham
em grande parte de duas localidades: Cintegabelle e Beaupuy, e ainda alguns de
Montreal e de outras partes da Provena.
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nesses trs anos precedentes, ou seja, do ano do Senhor 1318 em diante, foram
condenados como herticos, pelos julgamento dos prelados e Inquisidores da
Prtica Hertica, na provncia Narbonense, ou seja, Narbona, em Capestang,
Biterre e Lodve e na diocese Agatense e na diocese Magalonense.16
Teriam sido todos vtimas da mesma onda de perseguies. Alm disso, a
queima dos quatro Irmos Menores viria a reforar as caractersticas vitais
do fenmeno, estimulando uma srie de capturas subseqentes. Os nomes dos
quatro frades nos foram conservados a partir da sentena pronunciada pelo
inquisidor Miguel Lemoine. So eles: Joo Barrani (Barravi), Deodato Michelis,
Guilherme Sanctoni (Sanctonis) e Pons Rocha (Rocha) (Gui, 1964: 131). Angelo
Clareno, em sua Historia Septem Tribulationum Ordinis Minorum, narrou as per-
seguies a seu modo de ver, injustas levadas a cabo contra os Beguinos
pelos prelados e inquisidores a partir de 1318 em muitas localidades da provn-
cia de Narbona, em Narbona, Capestang, Bziers, Lodve, na diocese de Agde,
em Lunel e em Marselha, e na Catalunha (Falbel, 1976: 88).
Os inquisidores passaram a organizar e a sistematizar o material na base
do qual eram ento chamados a julgar uma nova forma de heresia. Tratou-se
de um esforo considervel no sentido de conferir uma estruturao lgica e
orgnica nova heresia, trazendo luz a base precisa da culpa dos Espirituais.
O ponto de partida desses inquisidores era a unidade da Igreja Catlica, fora
da qual no poderia haver salvao, e que encontrava sua raiz em Cristo e em
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sua carreira de inquisidor. Consta uma longa srie de erros dos Beguinos, um
formulrio de questes para examin-los, um conjunto de conselhos para eluci-
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heresias da Baixa Idade Mdia busca pela incluso no centro do sistema e das
prticas da Cristandade latina.
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BURR, David (ed.). De usu paupere - The Quaestio and the Tractatus. Firenze/Perth, 1992.
COLL. DOAT, apud MANSELLI - Spirituali e beghini in Provenza. Roma: Istituto Palazzo
Borromini, 1959.
CHAUNU, Pierre. Le temps des reformes: la crise de la Chrtient (1250-1550). Bruxelles:
Complexe, vol. I, 1984.
FALBEL, Nachman. Heresias medievais. So Paulo: Perspectiva, 1976.
GUI, Bernard. Manuel de linquisiteur. Ed. e trad. por G. Mollat, colab. De G. Drioux, sob o
ttulo Manuel de linquisiteur. Paris: Les Belles Lettres, 1964.
LIMBORCH, Ph. Liber Sententiarum inquisitionis Tholosanae, ab anno Christi MCCCVII ad
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MANSELLI . Spirituali e beghini in Provenza. Roma: Istituto Palazzo Borromini, 1959.
RAPP, Francis. '()*+$%,-,.-+/-0$,-1,+$*$,2%,-,"-3 $4,".-5-+/-#$"-42-6!7,"-8*,9-Paris: Presses
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D6;8#D?9686#5?B#D?AB??8D6D;#D@#RB?-
qente rito anual do banquete comunitrio, repasto equalizador em que os pobres rece-
biam o idntico alimento dos favorecidos.3 A morte ocupava largo espao entre as inquietaes espirituais do homem medieval.
Era necessrio assegurar obsquios decentes e, aps a passagem, preces para a alma.4 ,F6#A@B#;55F>6B#F>#:;BN@B#
generalizado da expanso do grmen do desvio inspirou novas leituras e procedimen-
tos por parte de uma Igreja que se queria unitria e homognea.6 e55?#A@D?#5?B#=?B696:;D@#;#A;B?8
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de Petrus Gaufridi, encontramos juzos contundentes a esse respeito: & ipsum [Olivi]
apellant sanctum patrem & magnum doctorem, & ipse ita credebat quod non fuisset
major doctor eo ab apostolis citra, & audivit dicti seu legi inter beguinos ipsum fuisse &
esse spiritualiter illum angelum de quo scribitur in apocalipsi quos facies ejus erat sicut
sol, & habebat librum apertum in manu sua, quia singulariter inter omnes alios docto-
res fuerat ei aperta verita Christi & intelligencia libri apocalipsis, de quo libro in pos-
tilla ejusdem fratris P. Iohannis plura legerat scripta & posita in vugari (LIMBORCH,
163v, p. 325).15 w?5;8@F#F>#D@:F>?8#;#968;G6D;D?#D?#?5