dimensão livreproposta para concurso de ideias Outros Territórrios | 96668

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A terra é um direito fundamental do homem.Para o homem garantir a vida, ele precisa da terra.

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ÍNDICE

PARTE 1 - A Temática 4

1.1 - Significados ...........................................................................................................................................................4

1.2 - Controvérsias ........................................................................................................................................................6

1.3 - Divagações .............................................................................................................................................................8

PARTE 2 - O Ensaio 10

2.1 - Conceito ...............................................................................................................................................................10

2.2 - dimensão livre............................................................................................................................................. 11

2.3 - Realização .............................................................................................................................................................18

PARTE 3 - Princípios 19

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A drástica transformação dessa paisagem iniciou-se com o crescente número de invasões de suas cercas e se concretizou no formato que conhecemos hoje com uma modificação da lei do uso desse solo. O valor da terra é associado diretamente ao que pode-se construir e à estratégia da venda no mercado com o maior retorno possível. A oferta de terra periférica é atraente aos empreendedores pelo fato de ser uma maneira de criar novas centralidades em localizações que apresentam custo menor aos investidores por não terem o benefício infraestrutural já instalado. Assim, o setor público é pressionado a redesenhar a estrutura da centralidade urbana e o próprio mapa de preços da correspondente apropriação social do solo. Se os buritis tem papel fundamental às veredas que distribuem água para o sertão, essas terras foram um prato cheio para alimentar o mercado imobiliário focado no lucro da produção do espaço urbano que o crescimento demográfico pode oferecer.

PARTE 1 - A Temática

1.1 - Significados

um bairro chamado buritis que não tem buritis

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PARTE 1 - A Temática

1.1 - Significados

a ocupação de um mar de morros

“As áreas de topografia acidentada, instáveis, ou em fundos de vales, consideradas inadequadas às tipologias dos edifícios para a população de classes média e alta, ou à instalação de atividades nobres, foram ocupadas, desde o início, por população de baixa renda – antes mesmo da ocupação das áreas nobres. Essas mesmas áreas, consideradas residuais, mais tarde passariam a ser cobiçadas pela classe média e alta porque, com a expansão da fronteira urbana, se tornaram áreas mais valorizadas.”

Fernanda Corrêa Giacomini, Além das palafitas:

espacialidade de edificações em encosta e sua relação

com a legislação de Belo Horizonte. Dissertação.

A região objeto tem uma formação geomorfológica caracterizada pela união de diversas elevações e associada a um grande conjunto de morros arredondados formados por um intenso processo erosivo. Como se daria uma ocupação em territórios de encosta que se parecem com ondas do mar?

um método construtivo: palafitas

A construção das cidades planejadas deu-se sob superfícies planas. Ao passo que o crescimento urbano desordenado acontece de maneira heterogênea, a ocupação se espalhou para ambientes de acidentes geográficos periféricos. Com isso, no caso de Buritis, impressionantemente, os empreendimentos se desenvolveram sobre paliteiros sem uso que ignoram a superfície a qual se apoia. Assim, o tecido urbano e os edificios se apoiam em um conceito único: função, sendo ela estrutural e/ou infraestrutural. Se de longe avistamos uma estranha paisagem utópica sobre palafitas de concreto armado, de perto quase que vivenciamos o submundo distópico dos edificios multifamiliares que se distanciam de nós por muros e terrenos castigados pela erosão e sua subutilização.

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“A habitação não é um problema. Ou foi totalmente resolvida ou foi deixada completamente ao acaso; no primeiro caso é legal; no segundo, ilegal; no

primeiro caso são torres ou geralmente prédios (com um máximo de 15 metros de profundidade), e no segundo (em perfeita complementaridade) uma crosta

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

PARTE 1 - A Temática

1.2 - Controvérsias

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de barracas improvisadas. Uma solução consome o céu; a outra o terreno. É estranho que aqueles que tem menos dinheiro habitem o recurso mais caro – a

terra – e os que pagam habitem o que é de graça – o ar.”

Rem Koolhaas, Três textos sobre a cidade.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

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para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

Tornar as terras em

um vasto canteiro

de obras por anos

para não perdê-las.

PARTE 1 - A Temática

1.2 - Controvérsias

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1.3 - Divagações

PARTE 1 - A Temática

“Princípio 05

Quando apropriado, a ocupação nova contígua aos limites urbanos, poderá ser organizada como vizinhanças e distritos (bairros), e ficar integrada com o tecido urbano existente. O crescimento não contíguo poderá ser organizado através de pequenas cidades (towns) e vilas com seu próprio perímetro urbano, e e planejado para ter um equilíbrio entre residências e empregos e não ser apenas um subúrbio de dormir.”

Carta do Novo Urbanismo

inquietações

Vivenciamos um espraiamento da produção do espaço característico de uma ocupação a qualquer custo. Com o crescimento desenfreado, a negação da realidade se torna mais evidente num processo que resulta em cidades divididas. Ao passo que ultrapassamos limites e barreiras, criamos outras fronteiras, outros contrastes, outras camadas: Ocupado, desocupado, cheio, vazio, ordem, desordem, altos, baixos, construído, desconstruído, apropriado, inapropriado... e assim seguimos, construindo mais que todas as gerações passadas juntas numa interminável aparência de estar em obras, assim como o aspecto de Buritis, algo inacabado. De certo modo o incompleto desperta um inocente questionamento de que algo ainda está por vir. Será que apenas virá o resíduo da modernização? O ser humano num esforço de controlar e presumir, seria capaz de prever e definir a ação do tempo no ambiente não construído?

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PARTE 1 - A Temática

1.3 - Divagações

correspondências

Partimos da homenagem dada ao bairro ao nomeá-lo de buritis, os mesmos de João Guimarães Rosa. A tensão do bem e do mal do Grande sertão veredas pode ser aplicada ao caos humano: extremos que se confundem a todo momento, o bem precisa do mal para existir e vice versa. Uma (ir)realidade dividida entre o ser e o não ser, entre o poder e o não poder, entre o sim e o não, desencadeia um grande tormento por estar entre o certo e o errado, entre bons e maus, entre Deus e o Diabo. As figuras que representam a ordem e a desordem, confundem a cabeça do personagem que ora diz acreditar nessas entidades, ora desacreditar. A linha tênue entre os opostos faz uma alusão à nossa existência: estamos em uma travessia, num espetáculo implacável entre encontrar-se e perder-se. O que é curioso é que essa condição absurda que nós humanos criamos transforma-se em uma propícia oportunidade para reagir aos vazios.

“why enclave? what types of incentivized urbanism will actually benefit from physically segregated infrastructure-from being separate and even distant from the dense and dynamic central spaces of existing cities? given that the zone is now generating its own urban programs-aspiring to be a city-what economic and technical benefits can result from constructing what is in effect a double or shadow of the city?”

Keller Easterling, Zone: The Spatial Softwares of

Extrastatecraft

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PARTE 2 - O Ensaio

terra, um bem escassoo objeto

A terra é um bem econômico ordinário qualquer que tem uma utilidade associada e também um preço definido pelas leis de mercado a partir de seus agentes. Ora, se a terra tem por essa definição, a habitação pertence à do bem de consumo, a qual está sujeita às flutuações do mercado imobiliário. Os requerentes com maior capital tem o poder de antecipar a compra na escolha da localização que julgar mais adequada ao seu uso. Esse movimento combinado ao desenvolvimento econômico e crescimento demográfico impulsiona o valor do solo.

A terra é instável. é superfície. é mundo. é inconstante. é fértil. é vida. é mutável. é criadouro. é cor. é alimento. é disfarce. é odor. é ferramenta. é poeira. é casa. é permeável. é preenchimento.

percursos e travessiaso partido

Como uma aberração arquitetônica, a edificação sob palafita localizada na rua Maria Heilbuth Surette, 1295, a gigante, foi escolhida para abrigar a intervenção dessa proposta pela sua alta visibilidade no nível do pedestre e sua oportunidade de abertura à rua. O seu aspecto “submundano” e sua escala sob o terreno criam uma possibilidade de organizar um percurso permeando a palafita no sentido de vencer seu desnível e percorrer sua extensão. Subir, atravessar e descer. A proposta lança mão da movimentação e do reposicionamento de suas terras numa prerrogativa de evidenciar e questionar o valor da terra. A instalação se insere na paisagem com um aspecto cru a partir da escolha dos materiais - terra, pedra, metal e madeira - por meio de um circuito dividido em três trechos. Através da quebra parcial do muro que divide calçada e lote, o indivíduo é convidado a subir uma escadaria composta por andaimes em meio a platôs inacessíveis com terra ensacada como produto: ver e não tocar.

2.1 - Conceito

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

Em seguida confronta-se com um patamar de chão de terra que dá acesso ao segundo trecho do circuito por meio de nove degraus de chão de terra também. Agora nos deparamos com um caminho sinuoso em meio à seis morrotes de terra sendo o último uma rampa para o terceiro e último trecho.

Através de uma arquibancada de andaimes é chegada a hora de contemplarmos o nada: três morrotes circuncêntricos a um grande vazio de formato cônico de terra. Dentre altos e baixos de terra batida e concreto, cheios e vazios, usos e não usos, a proposta se insere no caos ali estabelecido de forma dicotômica e sensorial.

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

fig. 1 - “Se não estou pisando em meu próprio chão, como posso encontrar a saída deste labirinto?”

acesso; subida rumo à travessia.

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

fig. 2 - “Eu não vou deixar você enterrar isso”

percurso entre terras e subidas; rumo à travessia.

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

fig. 3 - “Estamos chegando a algum lugar”

percurso entre terras e subidas; rumo à travessia.

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

fig. 4 - “Vá e Salve-se!”

a travessia.

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

fig. 5 - “Nós estamos jogando esses jogos mentais juntos, movendo as barreiras, plantando sementes”

encontro das terras; ode ao buraco.

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PARTE 2 - O Ensaio

2.2 - dimensão livre

fig. 6 - “Não posso fingir que há qualquer significado aqui”

ode ao buraco; rumo à travessia.

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PARTE 2 - O Ensaio

MATERIAL

- Locação de andaimesR$2.165,00/quinzenal2 torres de circulação (5,80mx3,20x7,00m) , 2 passarelas, 1 arquibancada (4,20mx3,20mx4,00m)

- Pisos dos platôs com saco de terra em compensado plastificadoR$340,0017 unidades (1,10mx2,20m)

- Pedriscos acesso travessiaR$600,006m3 de brita

- Fixação escadaR$225,00 caibrosR$679,00 madeirite

- Sacos de juta para terraR$270,0060 unidades

total material: R$4.279,00

MÃO DE OBRA*Ordem de grandeza variável pois é necessária visita ao local

- Demolição parcial do muro existenteR$600,00

- Serviço de TerraplenagemR$6.100,00R$600,00 apoio preparação do terreno550m3 de remoção e 550m3 de realocação da terra no solo

- Execução forma escadaR$500,009 degraus (2,5mx0,28mx0,18m)

- Serviço andaimesR$1.335,00 aparelhagem madeira pisoR$1.150,00 freteR$6.735,00 montagemR$5.760,00 desmontagem

total mão de obra: R$22.780,00

total: R$27.059,00

2.3 - Realização

composição e estimativa

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decisão por não usar

A estrutura da palafita propriamente dita é uma ruptura bruta na paisagem dada por uma ocupação violenta que nos faz questionar como foi permitida a construção dessa forma. O enfoque dessa proposta foi se distanciar de trazer qualquer adjetivo atrelado à qualidade em sua utilização. A palafita está lá, subutilizada e esquecida. Numa tentativa de afrontar a percepção desse local, o projeto se insere no conceito de uma intervenção a partir de espaços positivos e negativos em um convite a perceber a condição real espacial em meio à confusão da irreal criada pela movimentação de seu insumo. A instalação revela um caráter efêmero, precário e inútil da arquitetura indicando a irracionalidade de processos urbanos e políticos da disciplina edilícia. Acreditamos que a apropriação desse espaço possa vir a incomodar os espectadores a ponto de cutucar nossos cérebros para pensar o que fazer com essa remanescência e como nos comportaremos daqui pra frente. Para nós, esse local tinha que ser habitado, mas habitado mesmo, formalmente. A estrutura está lançada, basta prover a habitabilidade.

“O conceito de apropriação inicialmente pode ter dois sentidos: um que remete a idéia de roubo, falsificação, e outro que remete a idéia de impregnação, distanciamento, empréstimo, reinvestimento pessoal. Este último, ao contrário da idéia de roubo, de plágio, “trata-se de um diálogo, de uma escuta, de uma experiência de alteridade. Apropriação sob este ponto de vista, é um reencontro, uma reflexão, uma análise que se estende sobre o singular e a inovação” (Berthet, 1996, p.8).”

Daniela Mendes Cidade, Gordon Matta-Clark:

arquitetura e apropriações. Publicação.

PARTE 3 - Princípios

dimensão livre

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