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Dimensões do diálogo: como minimizar os impactos da pandemia de COVID-19 na aprendizagem escolar? Recomendações para um planejamento de gestão de redes de ensino do Brasil balizado por eixos como calendário escolar, registro de atividades e avaliação. Realização: Apoio:

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Dimensões do diálogo: como minimizar os impactos da

pandemia de COVID-19 na aprendizagem escolar?

Recomendações para um planejamento de gestão de redes de ensino do Brasil balizado por eixos como calendário escolar,

registro de atividades e avaliação.

Realização:

Apoio:

03040623

INTRODUÇÃO

PRECEDENTES: ORDENAMENTO JURÍDICO

RECOMENDAÇÕES

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: CENSO ESCOLAR

CONSIDERAÇÕES FINAIS

ANEXO

2425

Sumário

FICHA TÉCNICA

REFERÊNCIAS

2830

Os desafios impostos pela pandemia da COVID-19 à educação suscitaram uma reformulação doformato tradicional da escola em todo o mundo. O cenário brasileiro, por sua vez, conta cominúmeras diversidades impostas pela força das desigualdades sociais e torna fundamental areconfiguração da instituição Escola.Nesse sentido, a perspectiva do continuum curricular 2020-2021, prevista pela Lei Federal nº14.040/2020 como alternativa jurídica para minimização dos danos da pandemia naaprendizagem escolar dos alunos, aponta para questões urgentes na reconfiguração das redes deensino.Este material é pautado em consultas documentais e entrevistas semiestruturadas comrepresentantes de Conselhos de Educação, redes de ensino e especialistas nacionais einternacionais. Foi um processo de escuta ativa e diálogo que levou à construção dasrecomendações aqui descritas. Esperamos que as recomendações e os casos nacionais einternacionais que as ilustram possam apoiar os gestores na elaboração de estratégiasexequíveis de minimização de danos no contexto atual.Nessa perspectiva dialógica, objetiva-se por meio desse documento tangibilizar dimensões comocalendário escolar, registro de atividades e avaliação, com vistas a fortalecer o debate públicoacerca da adoção de políticas educacionais mais equânimes que possam minimizar os impactosda pandemia na aprendizagem escolar dos alunos.

Introdução03

Com a pandemia da COVID-19, diversos países encararammodificações estruturais no modus operandi da sociedade, como porexemplo, o fechamento das escolas e, por conseguinte, a suspensãodas atividades presenciais. Desta forma, o Estado se tornou oprincipal ator de tomadas de decisão neste momento extraordinário.

Precedentes: Ordenamento Jurídico04

A publicação do Decreto Legislativo nº 06, em março de 2020reconhece o estado de calamidade pública no Brasil. Esta normativadesencadeou a publicação de diversos decretos regionais e locais,com determinação de suspensão de atividades consideradas nãoessenciais, dentre elas, a atividade educacional presencial.

Diretrizes e bases da educação nacional.

Lei nº 9.394, de 20/12/1996

Estado de Calamidade

Pública.DL nº 06, de 20/03/2020

Orientações educacionais para a realização de aulas e

atividades pedagógicas presenciais e não

presenciais.Par CNE nº 11, de

03/08/2020

Reorganização do Calendário Escolar e da

possibilidade de cômputo de atividades não

presenciais para fins de cumprimento de carga horário mínima anual.

Par CNE nº 05, de 01/06/2020

Normas educacionais excepcionais [MP nº 934].

LF nº 14.040

Institui Diretrizes Nacionais para a implementação da LF nº 14.040.

Res. CNE nº 15, de 10/12/2020

A Medida Provisória nº 934, de abril de 2020 define a nãoobrigatoriedade de cumprimento de dias letivos, contudo mantém anecessidade de realização das 800 horas efetivas de aprendizagempara os Ensinos Fundamental e Médio, em consonância com a LeiFederal nº 9.394/1996. É neste sentido que o Conselho Nacional deEducação publicou o Parecer CNE/CP nº 05, homologado peloMinistério da Educação em junho de 2020, e traz à tonapossibilidades de reorganização do calendário escolar na perspectivade um continuum curricular 2020-2021. A normativa traz aindapossibilidades do cômputo de atividades não presenciais paracumprimento de carga horária mínima obrigatória. O Parecer CNE/CPnº 09, homologado em julho de 2020, foi um reexame do Parecer Nº05 e trouxe algumas explicações aos questionamentos de órgãos einstituições públicos e da sociedade civil.Logo em seguida, com mais atuação do Ministério da Educação, há apublicação do Parecer CNE/CP nº 11, homologado em agosto de2020.

Precedentes: Ordenamento Jurídico05

Desta vez, o Parecer traz mais robustez em relação ao Parecer nº 05e ressalta, mais uma vez, a autonomia dos sistemas de ensino. Nomesmo mês, há a publicação da Lei Federal Nº 14.040, por sua vez,uma conversão da MP nº 934. Esta Lei estabelece algumas normasexcepcionais a serem adotadas durante o período de calamidadepública e destaca o papel do CNE na edição de diretrizes nacionais.Por fim, em outubro, o CNE publicou o Parecer CNE/CP nº 15, que dásequência às normas excepcionais no estado de calamidade públicae, conforme reexame estabelecido pelo Parecer CNE/CP nº 19/2020,estabelece que a oferta de atividades não presenciais para cômputode carga horária poderá ser realizada enquanto durar a pandemia.

Elencamos a seguir 5 pontos que consideramos como discussõesnecessárias para minimizar os impactos da pandemia de COVID-19 nocontexto escolar, tendo em vista as normativas legais vigentes. Asrecomendações a seguir foram elencadas após escutas e diálogos comdiversas redes de ensino nacionais e internacionais, representantes deconselhos de educação e especialistas, cujos nomes constam na fichatécnica deste documento.

1. Definição de habilidades e competências prioritárias para reorganizaçãodas metas curriculares. Imprescindível aos planejamentos educacionaispara responder às emergentes demandas de aprendizagem escolar nocontexto da pandemia da COVID-19, a definição de habilidades ecompetências prioritárias é componente fundante para que sistemas eredes de ensino, não apenas deem continuidade aos percursos deaprendizagem dos alunos, mas, sobretudo, promovam o alcance equitativoàs metas curriculares de ensino.Dadas as circunstâncias extraordinárias oriundas, a priori, de umaconjuntura de distanciamento social, e, posteriormente, relacionadas aopossível retorno presencial das atividades escolares, deve-se reconhecerque não será possível ensinar tudo. A adoção de qualquer modelo alternativode Educação, seja nos moldes remotos ou em caráter presencial, implicaráa seleção do que é essencial ser ensinado aos alunos. É, portanto,necessário flexibilizar. O conceito de flexibilização, muito anterior ao cenárioglobalizado da COVID-19, já era pressuposto de uma educação inclusiva,calcada em direitos equânimes de aprendizagem.

Está, portanto, vinculado à ideia de adaptação e de ajuste ao novocontexto. Segundo Lopes (2008), o processo de flexibilização não se tratade uma mera substituição ou acréscimo de novas atividades; sãonecessárias mudanças estruturais na espinha dorsal do currículo e, porconseguinte, nos desenhos das respectivas práticas pedagógicas.A esse despeito, a lógica de flexibilização dos currículos escolares tornou-se uma espécie de desafio adaptativo indispensável para que sistemas deensino nas diferentes partes do mundo criassem oportunidades deaprendizagem aos alunos.

Recomendações06

É necessária uma inspiração para os conselhos sobreos direitos de aprendizagem em 2021. 95% das redesvão concluir o ano de 2020 e iniciar 2021. Éfundamental que existam normas para um consensode gestão pedagógica. Saber, por exemplo, quehabilidades da BNCC foram trabalhadasintegralmente ou parcialmente e ainda as quenecessitam ser remanejadas para o próximo ano.

Carlos Sanches – Conselho Estadual de Educação doParaná e consultor do Instituto Votorantim

" "

No Brasil, foi respaldada a perspectiva do continuum curricular 2020-2021,previsto pela Lei Federal nº 14.040/2020. A referida normativa assegura apossibilidade do cumprimento dos objetivos de aprendizagem relacionados aoano escolar de 2020 ocorrerem durante o ano de 2021. Isso significa afirmarque, devido ao estado de calamidade pública, foi facultado a sistemas e redesde ensino que os objetivos de aprendizagem dos anos de 2020 e 2021 devamser considerados como um único ciclo contínuo de aprendizagens. Oatendimento a essa prerrogativa legal é pressuposto pela lógica daflexibilização do currículo.Segundo Machado (2020), definir o que é prioritário e o que deve ser ensinadodurante um ciclo único de aprendizagens preconiza elencar ideias fundamentaispara a recondução dos rumos escolares. O recorte da priorização curricularimplica na seleção de habilidades e competências que não puderam serdesenvolvidas ou aprofundadas em 2020 e que podem ser retomadas em 2021.Tal perspectiva possibilita, assim, reorganizar as aprendizagens que serãogarantidas ao final do biênio 2020-2021. Não há ainda consensos na literaturasobre o tema acerca dos critérios obrigatórios para o reconhecimento dasideias consideradas fundamentais para o processo de priorização curricular.

RecomendaçõesNo entanto, para considerar se as habilidades elencadas constituem acategoria de ideias fundamentais, o autor mencionado sugere a reflexão sobre:a) conexão com a vida real; b) articulação com outros objetos de estudos; e c)diálogo com outros componentes curriculares.Além do caráter técnico, aspectos como diálogo e contextualização ganhamrelevância para o processo de definição de habilidades e competênciasprioritárias. A redefinição do que deve ser aprendido pressupõe um processo deconscientização e, sobretudo, de gestão pedagógica. Refletir sobre o que éconsistente na realidade em que sistemas e redes de ensino estão inseridos,por meio de uma discussão ampla e com quem tem o pé no chão da escola,favorece que a natureza do processo de definição de habilidades ecompetências prioritárias estruture o que é sensível às realidades diversas.A priorização curricular objetiva, portanto, dar continuidade aos percursos deaprendizagens dos alunos, por meio da construção de um itinerário deaprendizagens essenciais, ancorado na Base Nacional Comum Curricular -BNCC. A garantia dos planos de continuidade na reorientação dos percursos deaprendizagens também tem sido um movimento comum na experiênciainternacional.

07

Com o advento da pandemia, enquanto os países do Hemisfério Norteresponderam de forma mais rápida ao processo de definição dapriorização curricular, dado o encerramento próximo do ano letivo, osdo Hemisfério Sul demoraram um pouco mais, visto que ainda estavam noinício do ano letivo.Para elucidar a importância do exposto, pode-se observar que, no caso dePortugal, houve uma preocupação com a definição de aprendizagensessenciais, por meio de normativas e orientações do próprio Ministério daEducação português.Enviadas a todas as escolas do país, as diretrizes lusitanas orientaram queno início do ano escolar fossem reservadas cinco semanas prévias pararealização da recuperação de aprendizagens. O trabalho com asaprendizagens essenciais só teve início efetivo após o período destinado àrecuperação.Já na esfera nacional, um exemplo de cunho instrumental para priorizaçãocurricular que pode subsidiar as redes de ensino são os Mapas deFoco, elaborados pelo Instituto Reúna. Trata-se de uma seleção dehabilidades focais para cada ano do Ensino Fundamental e Médio, balizadaspela BNCC.

Recomendações08

As habilidades que estão dispostas nesse material foram selecionadas apartir de critérios como:a) relevância para cada componente curricular;b) possibilidade para ser desenvolvida em um tempo de aula reduzido;c) a não necessidade de condições físicas para trabalhar com o aluno;d) conexão com os demais componentes curriculares;e) sua relação com os marcos de desenvolvimento da aprendizagem.

2. Oferta de atividades pedagógicas não presenciais, mediadas ou não portecnologia, que visem à garantia de atendimento a todos os alunos. O ParecerCNE/CP nº 05/2020 reconhece as atividades pedagógicas não presenciaiscomo formas alternativas de reposição de carga horária, devido ao período deisolamento social prolongado. Nos diálogos realizados para a elaboração destasrecomendações, e por meio de análise do que os sistemas e redes de ensinotêm feito, foi possível categorizar estas atividades em quatro grupos de oferta:

Figura 01: Categorias de atividades não presenciais

Fonte: Os autores (2020)

● Material impresso: livros, apostilas e planos de estudo com orientações aosestudantes e responsáveis;

● Material digital assíncrono: videoaulas, plataformas virtuais degerenciamento de conteúdo, redes sociais, blogs, correio eletrônico,podcasts;

● Material digital síncrono: plataformas de conferência remota próprias ou não,chats;

● Televisão e rádio: programas na grade horária de televisão aberta e rádio.

É aconselhável que o planejamento pedagógico das redes e, por conseguinte,das escolas, somente aconteça após o levantamento da disponibilidade destesrecursos. Se for considerado o nível de acesso dos alunos às ferramentasdigitais, o aumento da desigualdade educacional poderá ser atenuado. Apluralização de formas pedagógicas não presenciais preconiza a minimização doretrocesso pedagógico e da perda de vínculos dos alunos com a comunidadeescolar. Campanhas de doação de dispositivos eletrônicos a estudantes emsituação socioeconômica vulnerável são enormemente encorajadas. A SEMEDManaus, por exemplo, materializou esta iniciativa por meio do projeto Nem um amenos, amparado por legislação própria: Decreto Nº 4.802/2020.

Recomendações

Material impresso

Material digital

síncrono

Material digital

assíncrono

Televisão e rádio

09

Diante da certeza de que nem todos os alunos têm as mesmaspossibilidades de acesso, é importante que o professor registre quem sãoesses alunos para que, na volta às atividades presenciais, haja priorizaçãodos alunos que não tiveram acesso, especialmente, às tecnologias. A SEDSanta Catarina, por exemplo, publicou a Portaria SES/SED nº 778/2020,deixando clara essa priorização, bem como aos alunos que estãomatriculados em anos finais de nível ou etapa de ensino.Recomenda-se que haja adequação dos conteúdos e recursos didáticosconforme o público-alvo. Dependendo da habilidade que o professor irátrabalhar em um determinado conteúdo, a escolha do tipo de mídia pode serprovidencial na aprendizagem do aluno.

3. Registro das atividades pedagógicas não presenciais, para que a escolaproduza evidências do cumprimento da carga horária mínima prevista, assimcomo organize seu planejamento para desenvolver os objetivos deaprendizagem previstos pela BNCC e pelos currículos próprios.

● Regulamentação da forma de realização dos registros de atividades nãopresenciais em cada rede de ensino. Por mais que os professorestenham desenvolvido formas próprias de se comunicar com os alunos,sendo por meio digital ou físico, é aconselhável que a rede publiquenormativas a fim de regulamentar as atividades não presenciais válidaspara fins de cômputo de carga horária. O foco deve estar na oferta deoportunidades de aprendizagem a todos os alunos e na facilidade deregistro para o professor. A SEDUC São Paulo, por exemplo, criou oDocumento orientador para atividades escolares não presenciais, quepode ser inspirador para as demais redes.

Recomendações10

Eu acredito que no que diz respeito ao registro deatividades não presenciais, o aspecto mais importante éo monitoramento. Algumas redes de ensino não têmsequer conexão com internet em todas as escolas, porisso a ação de monitorar e registrar as atividades é tãoimportante.

Maria Helena Guimarães de Castro – Presidente doConselho Nacional de Educação

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● Utilização do diário de classe eletrônico como possibilidade de realização deregistro. Algumas redes já possuem sistemas eletrônicos integrados degestão acadêmica, de modo que os professores têm acesso a todas asfunções em caráter online. Caso a rede já possua essa ferramenta, éimportante que o professor seja estimulado a usá-la. Cursos de formaçãocontinuada em tecnologias educacionais são sempre aconselháveis paraque o processo seja o mais amigável possível. Caso a rede não possua, mastenha interesse de informatizar os registros, uma alternativa grátis e rápidaé a criação de uma planilha online compartilhável.

● A busca por um regime de colaboração ativo é recomendável. Algumas redesjá possuíam expertise na elaboração, transmissão e registro de atividadesnão presenciais, como é o caso da SEDUC Amazonas. Com toda aparticularidade de atender alunos em comunidades ribeirinhas e indígenasafastadas dos grandes centros, a Secretaria já acumulava, dentro do seuescopo regular, estratégias suficientes para desenvolver um trabalhoexitoso nesse momento de calamidade. SEDUC Sergipe, SEDU EspíritoSanto e SEMED Manaus são apenas algumas das muitas Secretarias quebuscaram um trabalho articulado com a SEDUC Amazonas.

● O registro qualificado de atividades não presenciais, assim como o registrode frequência e engajamento dos alunos é providencial para omonitoramento do absenteísmo. A frequência não deve ser registrada domesmo modo que acontece em atividades presenciais, visto que a maioriadas atividades presenciais será realizada de forma assíncrona. Nessemomento de isolamento social, o foco deve ser voltado para a participaçãodos alunos, que pode ser medida através da verificação do acesso dosalunos às plataformas e por meio das devolutivas das atividades solicitadas.A SEE Minas Gerais, por exemplo, editou a Resolução SEE/MG n° 4.310, de17/04/2020 com normas para a oferta de atividades não presenciais e ummodelo para registro e cumprimento de carga horária. É a partir demovimentos como estes que se consegue sucesso na prevenção doabandono escolar, observando, portanto, quem é atingido ou não pela ofertade atividades. O município de Planaltina, por exemplo, com o apoio da SEDUCGoiás, realizou um projeto chamado “Bora Estudar”, no qual ciclistas sevoluntariaram a entregar material pedagógico na Zona Rural da cidade, emuma tentativa de atendimento aos alunos sem possibilidade deconectividade. A SEDU Espírito Santo, por sua vez, fortaleceu o programa"Todos na escola", com encaminhamentos quinzenais de relatório de alunosausentes e o início da busca ativa.

Recomendações11

RecomendaçõesQuadro 01: Iniciativas nacionais para oferta e registro de atividades não presenciais

MINAS GERAIS

INICIATIVA DESCRIÇÃO COMO REGISTRO

SÃO PAULO

MANAUS/AM

Plano deEstudosTutorados(PET)

Centro deMídias(CMSP)

Aula em Casa

Material pedagógico desenvolvido pela Secretaria de Educação.Cada volume traz conteúdos e atividades divididos por ano deescolaridade e etapa de ensino, planejados para quatro semanas,em conformidade com a BNCC e o Currículo de Referência de MinasGerais. O material é disponibilizado em formato impresso e por meiodo aplicativo Conexão Escola para quem possui acesso à internet.Foram organizadas parcerias para garantir a entrega, como serviçospostais ou formas colaborativas junto a associações, sindicatos,conselhos, agentes comunitários e lideranças das comunidades.

Iniciativa da Secretaria de Educação para ampliar a oferta aosalunos de uma educação mediada por tecnologia. As aulas sãotransmitidas ao vivo pelo portal e pelos aplicativos do CMSP. Háainda parceria com a TV Educação (Ensino Médio e Anos Finais) e aTV UNIVESP (Educação Infantil e Anos Iniciais).

Solução multiplataforma para a transmissão de aulas à distânciapara os alunos da rede pública de ensino em canais de televisãoaberta, sites e aplicativos. Foi realizado acordo de cooperaçãotécnica entre o Estado do Amazonas e a Prefeitura de Manaus.

Cada PET tem conteúdos da Matriz Curricular previstos paraquatro semanas. O registro da carga horária cumprida peloestudante é feito por meio de formulário específico determinadoem resolução ou pelo Diário Escolar Digital. O monitoramento dequem recebe e devolve as atividades é realizado por meio doSistema Gestão Escolar.

O registro das atividades não presenciais ofertadas pode ser feitopor meio do diário de classe físico ou eletrônico (Secretaria EscolarDigital). No diário eletrônico, foi criada uma funcionalidade deregistro de atividades não presenciais a fim de diferenciar opreenchimento das atividades presenciais.

O registro das atividades não presenciais pode ser feito por meiodo diário de classe físico ou através de formulários onlinegratuitos – Google Forms.

Fonte: Os autores (2020)

12

4. Reorganização do calendário escolar por meio de um continuum curricular.Entendido como um recurso que prioritariamente acomoda as estratégias paraas ofertas de atividades planejadas ao longo de um ano letivo, o calendárioescolar, em síntese, sistematiza as principais ações, festividades e feriadosdas redes de ensino. É importante que a carga horária elencada por meio docalendário seja uma organização dos objetivos de aprendizagem.O momento de emergência sanitária, no entanto, salientou as inúmerasdificuldades para o cumprimento das agendas dos diversos sistemas e redes deensino do país, frente ao novo contexto da pandemia da COVID-19. Para lidarcom esse desafio, era fundamental flexibilizar. Ajustar a quantidade do tempomínimo destinado às aprendizagens dos alunos é fator de extrema relevância. Acompreensão de que as escolas não conseguiriam cumprir os 200 dias letivosobrigatórios, definidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional paraa aprendizagem escolar, fez com que houvesse a adaptação da obrigatoriedadelegal dos mesmos.Por meio da Lei Federal n° 14.040/2020, foi facultado a sistemas e redes deensino o cumprimento das 800 horas de forma presencial em 2020. O ajustefaculta ainda que redes e sistemas de ensino do país compreendam os anos de2020 e 2021 como um ciclo único de aprendizagem para os alunos, numaperspectiva de continuidade.

É o chamado continuum 2020-2021, que prevê a adoção de objetivos deaprendizagem de dois anos de escolaridade em um ciclo. Para entender aestratégia do ajuste, antes, é necessário compreender o conteúdo daprerrogativa legal que ampara o estado de calamidade pública no Brasil.A base legal que ancora as diretrizes nacionais sobre os processos deescolarização na Educação Básica é pautada, em primeiro lugar, pela ótica dotempo (200 dias letivos e 800 horas) e, em segundo lugar, pela ótica dosobjetivos de aprendizagem e desenvolvimento. De maneira oposta, os sistemasde ensino de países da Europa, como Portugal, e países da América do Sul,como Colômbia, Chile e Argentina, têm em suas diretrizes o foco prioritário nosobjetivos de aprendizagem. O Chile, por exemplo, elencou três áreas como maisdesafiadoras neste período de isolamento social: definição de objetivos deaprendizagem, manutenção de vínculos com os alunos e organização para asatividades não presenciais. A fim de obter êxito nestes pontos focais, oMinistério da Educação chileno decidiu flexibilizar tanto a carga horária previstaquanto os dias letivos com atividades presenciais. No Brasil, a estratégia docontinuum faculta às redes de ensino, no período de calamidade pública, aflexibilização do cumprimento dos 200 dias letivos.

Recomendações13

Contudo, não houve flexibilização para o cumprimento das 800 horasmínimas previstas pela Lei Federal nº 9.394/1996. Os esforços para ocumprimento das 800 horas são inúmeros e deve-se ressaltar a importânciado regime de colaboração nessa tarefa: é necessário que os calendáriosestejam ajustados entre as redes municipal e estadual de ensino. Paracolaborar com o desafio do cumprimento dessa carga horária mínima, semprejuízo da garantia dos direitos de aprendizagem, foram desenvolvidas porespecialistas ferramentas que funcionam como simuladores do calendário2020-2021. A ideia é que, de forma integrada com a BNCC, o gestor ou oprofessor da escola possam organizar e alocar a carga horária aos objetivosde aprendizagem trabalhados. Uma dessas ferramentas é a calculadora doFORMAR.Recomenda-se que para pensar o calendário 2020-2021, a partir daperspectiva do continuum curricular, sejam priorizados:● O cumprimento do máximo de horas possíveis em 2020 para que se

reduza a reposição da carga horária na retomada de atividadespresenciais. São exemplos de boas práticas nacionais:

Recomendações14

Quadro 02: Cumprimento das 800 horas no ano letivo 2020

Fonte: Os autores (2020), até 27/11/2020

MINAS GERAIS

FINAL DE 2020

SÃO PAULO

GOIÁS

MANAUS / AM

30/01/2021

22/12/2020

18/12/2020

Dez/2020

800h

800h

800h

800h

Fevereiro

Dezembro

Dez/Jan

Dez/Jan

03/03/2021 (sem publicação ainda)

Em discussão. Dependeda avaliação diagnóstica.

18/01/2021

Em discussão.

HORAS CUMPRIDAS

FÉRIASINÍCIO

DE 2021

É preciso envolver, regionalizar o processode construção dos calendários...Prof. Luiz Miguel Martins Garcia – UniãoNacional dos Dirigentes Municipais deEducação – UNDIME

" "

Em formato de bloco de atividades, com a seleção das habilidades consideradasprioritárias para serem desenvolvidas pelos alunos, o PET é ofertadomensalmente, de forma remota e impressa, aos alunos da Educação Infantil aoEnsino Médio.

Figura 02: Planos de Estudo Tutorados

Fonte: https://estudeemcasa.educacao.mg.gov.br/pets

● A elaboração de planejamentos para que se estruturem processos deensino, aprendizagem, diagnose, além de estratégias de recuperação deestudos. É fundamental que nos planejamentos das redes de ensino,definidos por ciclos de aprendizagem, esteja estimado o que efetivamentevai ser ofertado ao aluno. Pensar nos pontos de partida (diagnósticos deaprendizagem) e de chegada (objetivos de aprendizagem) ajuda a estruturarmarcos de aprendizagens para os anos escolares.

● Outro aspecto relevante é considerar as avaliações periódicas comomecanismo subsidiário ao processo de aprendizagem dos alunos. É de sumaimportância que diagnósticos frequentes possam reorientar a condução dospercursos dos alunos para que as intervenções adequadas sejamasseguradas. Aliada a tudo isso, acrescenta-se ainda na disposição docalendário escolar a previsão de estratégias de recuperação de estudos. Atônica de que ainda não é possível mensurarmos os danos causados pelapandemia da COVID-19 no contexto escolar é reforçada pela certeza de queficaram inúmeras lacunas de aprendizagem. Um bom exemplo deestruturação do planejamento pela perspectiva do continuum curricular é oPlano de Estudos Tutorado. Conhecido popularmente como PET, é uma dasferramentas do Regime de Estudo não Presencial, desenvolvida pelaSecretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.

Recomendações15

5. Ressignificação da avaliação para avanços qualitativos sobre osconceitos de aprovação e reprovação escolar. A avaliação é um processointrínseco à concepção de aprendizagem escolar. No entanto, diante de umcenário tão adverso como a pandemia, num contexto tão desigual quanto obrasileiro, é consensual tanto entre especialistas sobre o assunto, quantoentre representatividades de conselhos das instâncias municipal eestadual, que os alunos não sejam penalizados na sua trajetória escolar,independentemente da avaliação que seja feita do seu processo deaprendizagem nesse período.É fundamental que a avaliação seja instrumento de acompanhamento daaprendizagem para fins de replanejamento pedagógico. A responsabilidadeda avaliação deve reforçar a possibilidade do diálogo com os avanços dasaprendizagens dos alunos, a ótica global de entendimento sobre osprocessos de aprendizagem de uma dada unidade escolar, bem comoinformações relevantes para a tomada de decisão dos gestores em nívelsistêmico. É, portanto, fundamental conhecer o que está acontecendo parauma intervenção qualitativa sobre a realidade, com vistas à realização deajustes necessários nos itinerários de aprendizagens dos alunos, não parafins de aprovação e reprovação.

A diversidade dos processos de decisão sobre aprovação e reprovaçãoescolar, no entanto, pode ser observada diferentemente em casosinternacionais. De acordo com o documento produzido pelo InstitutoUnibanco, Aprovar ou reprovar: a pandemia e o dilema das redes de ensino aoredor do mundo, países como Alemanha, Canadá, África do Sul, Filipinas eSingapura, por exemplo, permitiram a reprovação dos alunos, mesmo com asespecificidades que o momento exige. Outros, no entanto, como Bolívia,Espanha, Estados Unidos (Carolina do Norte), Itália, Nigéria e Paquistãoentenderam que o papel da avaliação não deve ser punitivo e a mesma nãodeve chancelar a retenção escolar.A partir da concepção de não encorajamento à reprovação no contextopandêmico é possível pensar o processo da avaliação sob duas vertentes: adiagnóstica – com o intuito de promover avaliações periódicas – e aestratégica para fins de recuperação de estudos. Por isso, recomendamos:

Recomendações16

a) Diagnosticar as lacunas de aprendizagem dos alunos. A realização deavaliações periódicas, que permitam retratar as aprendizagens desenvolvidaspelos alunos até um determinado momento, possibilita a correção de rotas. Odiagnóstico pode e deve ser qualificado na perspectiva do continuum curricular,avaliando habilidades consolidadas em anos escolares anteriores, além dehabilidades que foram trabalhadas ao longo de 2020. O objetivo é ampliar aótica de entendimento sobre as lacunas de aprendizagem. A constante capturade informações sofistica possíveis intervenções pedagógicas. Portugal, SãoPaulo e Minas Gerais, por exemplo, planejaram avaliações diagnósticas dassuas redes para o final do ano escolar de 2020 e início do ano escolar de 2021.O objetivo é diagnosticar as lacunas para facilitar a planejamento da rede parapromoção da aprendizagem dos alunos.

Em território nacional, destacam-se alguns casos que podem ser exemplos deboas práticas de processos avaliativos:

SÃO PAULO

Opção por avaliações periódicas de língua portuguesa e matemática no formatodigital e impresso para os alunos que apresentam restrições quanto ao acessode tecnologias e internet.

Figura 03: Calendário de avaliações da SEDUC São Paulo

Fonte: SOARES, Rossieli. Avaliação Educacional em Tempos de Pandemia: a experiência dos Estados [Webinar]. ABAVE. https://www.youtube.com/watch?v=dVZcxn4mbOU

Recomendações17

Primeira avaliaçãobimestral

digital

Segunda avaliação digital

quinzenal do caderno do aluno(todas as séries)

Início da avaliação

diagnóstica impressa

Terceira avaliação digital

quinzenal do caderno do aluno(todas as séries)

03nov

16nov

30nov

Iníciodez

14dez

Primeira avaliação digital

quinzenal do caderno do aluno (todas as séries)

MINAS GERAIS

Opção por uma avaliação diagnóstica digital e impressa realizada para todos oscomponentes curriculares (em 2020), além de um PET final avaliativo,elaborado pela equipe técnica da SEDUC Minas Gerais e previsto para seraplicado em janeiro de 2021. Não houve lançamento de notas durante o ano de2020; a previsão é que ocorra atribuição de uma nota somente no fechamentodo ano escolar de 2020.

Figura 04: Calendário para disponibilização dos PETs e avaliações na SEDUC Minas Gerais

Recomendações

Mai2020

Jun2020

Jul2020

Ago2020

Set2020

Out2020

Nov2020

Dez2020Jan

2021

Jan2021

Avaliação diagnóstica digital (Conexão Escola) e impressa

realizada em parceria com CAEd

PET I

PET II

PET III

PET IV

PET V

PET VI

PET VII

PET VIII

PET Av.

18

Recomendações

Ainda em território nacional foram observados e categorizados os processosavaliativos diversos adotados por diferentes redes:

Figura 05: Categorias de processos avaliativos

Fonte: Os autores (2020)

● Delimitação do calendário: estratégia utilizada pela Secretaria Estadualde Educação de São Paulo. O continuum 2020-2021 foi preconizado peladisposição de 8 bimestres e todos os alunos deverão ser matriculadosem 2021 no ano escolar subsequente, conforme Resolução SEDUC/SP nº82, de 10 de novembro de 2020. É possível observar que a estratégia deampliação cronológica do ano escolar não permite a reprovação no meiode um ciclo de aprendizagem.

● Percentual de engajamento: algumas redes de ensino pretendemassociar o engajamento dos alunos à frequência escolar. Como ainda nãoé possível mensurar de forma fidedigna os avanços acadêmicosconquistados pelos alunos, a opção de equivalência do engajamento comfrequência pode ser um motivador para que os alunos continuemmantendo o vínculo com a escola. No entanto, ainda é precisoamadurecer os pressupostos legais que embasam o conceito defrequência, em tempos de isolamento social.

Delimitação de calendário

Nãoretenção

Percentual de engajamento

Reclassificação

19

● Não retenção: a grande maioria das redes de ensino que se responsabilizampelo Ensino Fundamental, sobretudo as municipais, optaram pela promoçãoautomática dos alunos. O respaldo para esta opção está nas inúmerasdificuldades encontradas para o acesso às atividades ofertadas.

● Reclassificação: iniciativa para viabilizar a continuidade pedagógica. Elaocorre quando é assumida pela instituição escolar a possibilidade deavanços no processo de escolaridade de um aluno. Para esta alternativa, aescola deverá se responsabilizar pela aprendizagem do aluno no ano escolarsubsequente. Em tempos da pandemia da COVID-19 e consequentesrealinhamentos no cenário educacional brasileiro, a percepção de que nem oconceito tradicional de frequência, tampouco o de desempenho escolar,obtido por meio de resultados de testes padronizados, não devem serencarados com caráter punitivo nos processos de avaliação. O maisimportante é o comprometimento com a aprendizagem dos alunos.

b) Definir estratégias de recuperação de estudos ao longo de 2021 para que sepossa lidar com as defasagens do continuum curricular. Tais estratégiasnecessitam estar previamente planejadas e desenhadas pelas redes de ensinopara que se possa garantir os direitos à aprendizagem de maneira minimamenteequânime. Para isso, recomenda-se:

Figura 06: Estratégias de recuperação de estudos

Fonte: Os autores (2020)

Recomendações

"Reprovar quem, e para quê?

Maria Inês Fini – Presidente da ANEBHI

Investimento em planos

personalizados de aprendizagem

Flexibilização da avaliação

Ampliação dos instrumentos de avaliação

Oferta de material pedagógico complementar

Ano escolar suplementar para

concluinte do Ensino Médio

Manutenção do trabalho remoto

para ampliar o tempo de aula

"

20

● Investimento em planos personalizados de aprendizagem – ultrapassar aperspectiva de planejamento pedagógico para turmas homogêneas éurgente. A diversidade de aprendizagens e respectivas lacunas serão umarealidade na reconfiguração da instituição Escola.

● Oferta de material pedagógico complementar – a possibilidade de ofertarmateriais extras, com vistas a complementar as atividades desenvolvidaspresencialmente deve ser uma estratégia incorporada às rotinas dasescolas.

● Ampliação dos instrumentos de avaliação – diante das lacunas deaprendizagens que serão vislumbradas, entende-se que um únicoinstrumento de avaliação não será suficiente para a captura dasinformações necessárias para a recondução do processo de aprendizagemdos alunos. Extrapolar o formato de um único instrumento avaliativo (prova)e ampliar possibilidades diagnósticas com o uso de portfólios, avaliaçõesdigitais, jogos, trabalhos em grupos, entre outros podem expandir o olhar daatividade avaliativa e permitir oportunidades de aprendizagens. A SEDUCGoiás, por exemplo, trabalha com o portfólio do aluno. Neste instrumento, oaluno faz uma autoavaliação do processo de aprendizagem.

● Manutenção do trabalho remoto para ampliar o tempo de aula – o trabalhoremoto como mais um recurso para o desenvolvimento de habilidades ecompetências dos alunos não parece ser mais um recurso opcional para ostempos atuais; é, na verdade, fundamental. Sua principal contribuição é oredimensionamento do uso do tempo na escola e o desenvolvimento daautonomia para os estudos.

● Flexibilização da avaliação – os pontos de corte que subsidiam os critériosdos processos avaliativos podem ser repensados. Se numa rede de ensino,por exemplo, o ponto de corte para atribuição de uma nota é o alcance de60% de aproveitamento nas disciplinas, considerar que 50% poderia refletirum aproveitamento qualificado, mas com necessidade de reforço escolarcontinuado, pode ser uma estratégia bastante coerente.

● Sistema de dependência – muitas redes de ensino dispõem do sistema dedependência, sobretudo no Ensino Médio. Trata-se da realocação do alunopara cursar uma dada disciplina em que ele ainda apresenta muitasdificuldades de aprendizagem.

Recomendações21

Em âmbito internacional, a Argentina, por exemplo, criou, por meio daResolução do Conselho Federal de Educação nº 363/2020, um projeto deavaliação intitulado A Avaliação Nacional de Continuidade Pedagógica, queobjetivou: coletar e analisar evidências sobre as características e o escopodas políticas educacionais implementadas em nível nacional durante ocontexto da COVID-19; a manutenção da continuidade pedagógica nasescolas; as condições de ensino e organização do trabalho docente; aatualização da quantidade de alunos matriculados em cada escola naprimeira ou segunda semana após o retorno das aulas em contraste com asinformações de março de 2020.É fundamental entender, em caráter agregado, os processos que estãosendo desenvolvidos no período atual. Logo, recomenda-se uma avaliação deabrangência nacional sistemática que ofereça evidências rigorosas sobre asituação da educação no contexto da pandemia da COVID-19.

Recomendações● Ano escolar suplementar para concluinte do Ensino Médio – nesse caso

em específico, a SEDUC São Paulo criou o 4º ano opcional do EnsinoMédio. Essa estratégia permite que o aluno, em caráter opcional, tenhauma certificação ao final do ano. Fora disponibilizado pela rede de ensinouma inscrição no período de pré-matrícula (2020) na qual o aluno fazuma escolha modular, de acordo com o seu projeto de vida. Valeressaltar que não haverá turmas de 4º ano do Ensino Médio; o aluno eserá matriculado em turmas regulares do 3º ano, no ano de 2021.

c) O panorama diverso e complexo dos sistemas de ensino em âmbitonacional poderia ter suscitado uma sistematização da continuidadepedagógica no nível da avaliação.

22

A pesquisa estatística educacional brasileira - Censo Escolar - coletainformações da Educação Básica em duas etapas, a saber: 1) a matrículainicial - que compreende coleta de informações sobre os estabelecimentosde ensino, gestores, turmas, alunos e profissionais escolares em sala deaula; 2) a situação do aluno - que considera os dados sobre o movimento erendimento escolar dos alunos, ao final do ano letivo. Considerando arealidade atípica enfrentada pelos sistemas educacionais, frente àpandemia da COVID-19, o Censo Escolar realizou alguns ajustes, como amudança da data de referência, tradicionalmente na última quarta-feira demaio, para 11 de março de 2020, antes do início do fechamento das escolasdevido à pandemia, e ajustes ao cronograma das atividades, conformequadro a seguir. As redes/escolas terão até 07 de abril de 2021 parainformar no Sistema Educacenso a situação de cada aluno que estavamatriculado em 11 de março de 2020: se aprovado, reprovado, se deixou defrequentar a escola, se faleceu ou se foi transferido para outra escola/Rede.A partir destas informações, o INEP irá calcular as taxas de aprovação,reprovação e abandono de cada escola e rede de ensino em 2020.

Quadro 03: Cronograma Censo Escolar 2021

Fonte: INEP (2020), http://portal.inep.gov.br/situacao-do-aluno

Informações Adicionais: Censo Escolar

ATIVIDADES

Período de coleta dedados sobre aSituação do Aluno

Divulgação preliminarno sistemaEducacenso

Período de retificação

Divulgação dosdados finais

22/02/2021 a07/04/2021

22/04/2021

22/04/2021 a07/05/2021

02/06/2021

DATA

23

O longo período de fechamento de escolas pelo qual passamos apresentagrandes desafios à manutenção do engajamento dos alunos com a escola ecom o processo de aprendizado. Para enfrentarmos esta crise semprecedentes, precisamos de colaboração e diálogo. Compartilhar saberes,conhecimentos e experiências, em um contexto tão adverso pode combaternarrativas paralisantes e promover avanços nas tomadas de decisão.Crises, em geral, impulsionam o pensamento fora da caixa. Considerando otamanho e a diversidade do Brasil, o objetivo desse material é apoiargestores públicos e redes de ensino. Mesmo sabendo que não conseguimos,em um único material, cobrir as experiências de todas as redes brasileiras,intencionamos que esse documento fomente a troca entre as liderançaseducacionais para que os danos da pandemia da COVID-19 ao vínculoescolar e à aprendizagem dos alunos possam ser minimizados. Acreditamosque as referências apresentadas podem apoiar um diálogo qualificadofocado na garantia do aprendizado dos alunos, mesmo em condiçõesadversas. Vamos manter o diálogo e a colaboração abertos nas redessociais utilizando a hashtag #Vamosaprender.

Considerações Finais24

Quadro 04: Resumo de coleta de ações

Anexo

REGISTRO DE ATIVIDADES

O registro pode ser feito por meio do diário de classe físico oueletrônico (Secretaria Escolar Digital). No diário eletrônico, foi criadauma funcionalidade de registro de atividades não presenciais a fim dediferenciar o preenchimento das atividades presenciais.

O Diário Escolar Digital é a ferramenta de registro já utilizada paralançamento de frequência e notas dos estudantes. O aplicativoConexão Escola é a ferramenta utilizada para disponibilização osmateriais do Regime Especial de Atividades Não Presenciais e parachat de interação entre professores e estudantes.

Realizado por meio de diário de classe eletrônico e físico.

Realizado por meio de diário de classe eletrônico eGoogle Forms, especialmente para medir o engajamento ea participação dos alunos.

Delimitação do continuum curricular em 8bimestres. Cumprimento das 800h mínimas de2020 previsto para 22/12/20.Resolução SEDUC/SP nº 83, 10/11/2020

Cumprimento das 800h de 2020 previsto para27/01/2021.

Cumprimento das 800h de 2020 previsto para18/12/2020. Início do ano letivo de 2021previsto para 18/01/2021.

800h cumpridas em dezembro 2020 para todasas etapas de ensino. Calendário do ano letivode 2021 ainda está em discussão.

Os alunos deverão ser matriculados em2021 no ano escolar subsequente emque se encontra matriculado em 2020.Resolução SEDUC/SP nº 82, de 10 denovembro de 2020.

Os critérios de promoção foramdefinidos pela Resolução SEE nº4468, de 21 de dezembro de 2020.Será utilizada progressão continuadapara encerramento do ano de 2020.

Aguardando definição do ConselhoEstadual de Educação. A questão dovínculo do aluno com a escola é umapremissa importante para a definiçãodos critérios de aprovação.

Não haverá reprovação. A utilização dosformulários online de participaçãopermite colecionar evidências do queprecisa ser trabalhado individualmenteno ano letivo de 2021.

CALENDÁRIO AVALIAÇÃO

CASOSNACIONAIS

PAÍS / ESTADO / MUNICÍPIO

SÃO PAULO

MINAS GERAIS

GOIÁS

MANAUS / AM

25

Anexo

REGISTRO DE ATIVIDADES

Utilização de plataforma própria para registro de atividades evinculação das aulas na televisão aberta. Material produzido porequipe própria de formadores.

Foco nas habilidades socioemocionais. Formuláriosdisponibilizados por meio de Google Forms para identificação dehabilidades socioemocionais que podiam ser trabalhadas pelasescolas para além do período de distanciamento social. Osprofessores, por livre adesão, foram conduzidos à criação deatividades intituladas "duplo-foco". Essas atividades têm opressuposto de aglutinar os conceitos das habilidadessocioemocionais e integram um repositório de atividades.

Ainda em discussão sobre o calendário 2021. Oano letivo de 2020 terminará até fevereiro de2021, com o cumprimento das 800h.

O calendário 2020 não sofreu alterações. Elepermaneceu como foi planejado antes dapandemia. Embora as atividades não tenhamsido paralisadas, a Secretaria não considerouobrigatoriedade na disponibilidade dasatividades remotas, em função das dificuldadesde acesso dos alunos. O calendário 2021 aindavai ser liberado.

Não haverá reprovação. O percentual departicipação e engajamento dos alunosé medido através da utilização deGoogle Forms.

Ainda em análise. Possivelmenteserá disponibilizada normativa querecomende a aprovação do aluno.

CALENDÁRIO AVALIAÇÃO

CASOSNACIONAIS

PAÍS / ESTADO / MUNICÍPIO

TERESINA / PI

SOBRAL / CE

26

Anexo

REGISTRO DE ATIVIDADES

Realizado através de plataforma digital e forma físicaquando for o caso.

Continuum 2020-2021 com foco nasaprendizagens essenciais. Expectativa detérmino do ano letivo de 2020 em dezembro domesmo ano.

Ainda em análise, com tendência à nãoretenção.

CALENDÁRIO AVALIAÇÃOPAÍS / ESTADO

/ MUNICÍPIO

CHILE

Realizado através de plataforma digital e forma físicaquando for o caso.

Continuum acadêmico 2020-2021 com foconas aprendizagens essenciais e criação de umPlano de Alternância educacional.

Ainda em análise, com tendência à nãoretenção.COLÔMBIA

CASOSINTERNA-CIONAIS

Fonte: Os Autores (2020), a partir de entrevistas realizadas com especialistas das diferentes redes entre 01/11/2020 e 19/01/2021

Realizado através de plataforma digital e forma físicaquando for o caso. Já há um Plano Tecnológico emvigência desde 2012, o que facilitou o acesso de toda acomunidade escolar a dispositivos tecnológicos.

Continuum 2020-2021 com foco nasaprendizagens essenciais.

A reprovação é desencorajada e não temefeitos senão ao final dos ciclos. ADireção-Geral dos EstabelecimentosEscolares publicou Orientações para aorganização do ano letivo 2020-2021

PORTUGAL

Realizado através de plataforma digital e forma físicaquando for o caso.

Continuum 2020-2021 com foco nasaprendizagens essenciais. Possibilidade deextensão até 2022. Preferência na volta àsaulas para o último ano tanto do EnsinoFundamental quanto do Médio.

Ainda em análise, com tendência àaprovação automática.ARGENTINA

27

Dimensões do diálogo: como minimizar os impactos da pandemia da COVID-19 na

aprendizagem escolar?

Recomendações para um planejamento de gestão de redes de ensino do Brasil balizadas por

eixos como calendário escolar, registro de atividades e avaliação

Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais – FGV CEIPE.

Rio de Janeiro, 2020

Direção

Claudia Maria Costin

Gerência Executiva

Teresa Cozetti Pontual Pereira

Coordenação

Patrícia Santos Bizzotto Soares

Consultoria Técnica

Letícia Côrtes

Saulo Albuquerque

Texto

Letícia Côrtes

Saulo Albuquerque

Especialistas

Alessandra Gotti – Presidente Executiva do Instituto Articule

Carlos Sanches – Conselho Estadual de Educação do Paraná e consultor do Instituto

Votorantin

Cláudia Costin – Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da

Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro – FGV CEIPE

Cleuza Repulho – Especialista em Administrativo-Financeiro e Relacionamento

Governamental

Daniela Arai – Instituto Unibanco

Eduardo Deschamps – Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina

João Cêpa – Especialista em Currículo do FORMAR

Kátia Smole – Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Estadual de São

Paulo e Diretora executiva do Instituto Reúna

Maria Inês Fini – Presidente da ANEBHI

Robson Melo – Estante Mágica

Ficha Técnica28

Associações

Humberto Gonzaga Lima – Presidente da União Nacional dos Conselhos Municipais de

Educação - UNCME

Luiz Miguel Martins Garcia – Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de

Educação – UNDIME

______________________________________________

Conselhos de Educação

Maria Helena Guimarães de Castro – Presidente do Conselho Nacional de Educação

Osvaldir Ramos – Presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação e

Distrito Federal – FONCEDE.

______________________________________________

Secretarias de Educação Nacionais

Henrique Pimentel – Subsecretário de Articulação Regional da Secretaria Estadual de

Educação de São Paulo – SEDUC SP

Irene Lustosa – Secretaria Municipal de Educação de Teresina

Izabela Martins – Assessora da Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica da

Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais – SEDUC MG

Jamille Caldas – Secretaria Municipal de Educação de Sobral

Kátia Schweickardt – Secretaria Municipal de Educação de Manaus

Patrícia Coutinho – Superintendente de Organização e Atendimento Educacional da

Secretaria Estadual de Educação de Goiás – SEDUC Goiás

________________________________________________

Organizações Educacionais Internacionais

Ana Paula Laborinho – OEI (Portugal)

Cláudia Lagos – Ministério da Educação (Chile)

Deidamia García – Ministério da Educação (Colômbia)

Iván Matovich – CIPPEC (Argentina)

Ficha Técnica29

ABAVE. Avaliação Educacional em Tempos de Pandemia: a experiência dos Estados [Webinar]. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=dVZcxn4mbOU. Acesso em 22 de nov. de 2020.ARGENTINA. Ministério da Educação. Conselho Federal de Educação. Resolução CFE nº 363, de 19 de maio de 2020. Disponível emhttps://www.argentina.gob.ar/sites/default/files/res_cfe_363_anexo_ii_eval_proceso_eval_pedagogica_firmado_if-2020-32925508-apn-sgcfeme.pdf Acesso em 30/11/2020.BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília: Ministério da Educação, 1996. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/ Acesso em 10 de nov.2020.BRASIL. Lei 14.040 de 18 de ago. de 2020. Estabelece normas educacionais excepcionais a serem adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Disponível em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.040-de-18-de-agosto-de-2020-272981525 Acesso em 25 de nov.2020BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 5, de 28 de abril de 2020. Brasília, DF, 2020. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=145011-pcp005-20&category_slug=marco-2020-pdf&Itemid=30192 Acesso em 17 de nov. de 2020BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 09/2020, de 09 de julho de 2020. Disponível emhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=147041-pcp009-20&category_slug=junho-2020-pdf&Itemid=30192. Acesso em 17 de nov.2020BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 11/2020, de 03 de agosto de 2020. Disponível em Acesso em http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2020-pdf/148391-pcp011-20/file 17 de nov.2020.FUNDAÇÃO LEMANN. Construindo caminhos: orientações para um planejamento pedagógico alinhado à BNCC e aos novos currículos no contexto de COVID-19. Disponível em http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2020/10/roteiro-de-planejamento-pedagogico-fundacao-lemann.pdf Acesso em 25 de nov. de 2020.GOIÁS. Secretaria de Estado de Educação. Conselho Estadual de Educação. Resolução CEE/CP nº 17 de 2020. Disponível em https://cee.go.gov.br. Acesso em 26 de nov. de 2020.INSTITUTO UNIBANCO. Busca ao Tesouro: Boas Práticas para Redução do Abandono Escolar. Secretaria do Estado de Educação de Goiás, 2020.LOPES, Esther. Flexibilização Curricular: um caminho para o atendimento do aluno com deficiência, nas classes comuns de Educação Básica.Programa de Desenvolvimento Educacional/PDE. Universidade Estadual deLondrina, 2008.MANAUS. Decreto nº 4.802, de 11 de abr. de 2020. DISPÕE sobre o procedimento para recebimento de doações de bens móveis e serviços para auxílio no enfrentamento da pandemia internacionalmente declarada deCOVID-19, e dá outras providências. Disponível em https://leismunicipais.com.br/a/am/m/manaus/decreto/2020/481/4802/decreto-n-4802-2020-dispoe-sobre-o-procedimento-para-recebimento-de-doacoes-de-bens-moveis-e-servicos-para-auxilio-no-enfrentamento-da-pandemia-internacionalmente-declarada-. Acesso em 26 de nov. de 2020.PORTUGAL. Direção-Geral dos Estabelecimentos de Ensino. Orientações para a organização do ano letivo 2020-2021. Disponível em https://www.dgeste.mec.pt/wp-content/uploads/2020/07/Orientacoes-DGESTE-20_21.pdf. Acesso em 26 de nov. de 2020.

Referências30

REIMERS, Fernando M. e SCHLEICHER, Andreas. Um roteiro para orientar a resposta educativa à pandemia da COVID-19 de 2020. OEI. Março de 2020. Disponível em https://www.dge.mec.pt/noticias/um-roteiro-para-orientar-resposta-educativa-pandemia-da-covid-19-de-2020. Acesso em 25 de nov.2020SANTA CATARINA. Secretaria de Estado de Educação. Portaria SED nº 778, de 06 de outubro de 2020. Disponível em https://www.sc.gov.br/images/Portaria_Conjunta_SES_SED_778_-_retorno_das_atividades_escolares.pdf. Acesso em 20 de nov. de 2020.SÃO PAULO. Secretaria de Estado de Educação. Documento orientador de atividades não presenciais. Disponível em https://centrodemidiasp.educacao.sp.gov.br/downloads/documento-orientador-atividades-escolares-nao-presenciais.pdf. Acesso em 26 de nov. de 2020.SÃO PAULO. Secretaria de Estado de Educação. Resolução SEDUC/SP, nº 82, de 10 de nov. de 2020. Disponível em http://www.educacao.sp.gov.br/. Acesso em 19 de nov. de 2020UNICEF, Grupo Banco Mundial e Programa Alimentar Mundial. Marco de Ação e Recomendações para a abertura das escolas. Abril de 2020. Disponível em https://www.unicef.org/brazil/relatorios/marco-de-acao-e-recomendacoes-para-reabertura-de-escolas. Acesso em 26 de nov.2020.VOZES DA EDUCAÇÃO. Levantamento internacional de retomada das aulas presenciais. Agosto/2020 Disponível em http://vozesdaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2020/10/Levantamento-internacional_Retomada-presencial-das-aulas.pdf. Acesso em 26 de nov. de 2020.VOZES DA EDUCAÇÃO e INSTITUTO UNIBANCO. Aprovar ou reprovar: a pandemia e o dilema das redes ao redor do mundo. Outubro/2020. Disponível emhttps://www.institutounibanco.org.br/wpcontent/uploads/2020/11/IU_Aprovac%CC%A7a%CC%83o_Reprovac%CC%A7a%CC%83o.pdf. Acesso em 26 de nov.2020

Referências31