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DILEMAS DO EMPRESARIADO NACIONAL NUMA ECONOMIA DEPENDENTE DE IMPORTAÇÕES: DESAFIOS NO SECTOR AGRICOLA, INDUSTRIAL E DE SERVIÇOS

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DILEMAS DO

EMPRESARIADO NACIONAL

NUMA ECONOMIA DEPENDENTE

DE IMPORTAÇÕES:

DESAFIOS NO SECTOR

AGRICOLA, INDUSTRIAL

E DE SERVIÇOS

A dependência de importações, hoje e como nunca, é como que uma psicose nacional em termos mentais mas também como que uma trombose da Economia Real (estamos com ela pois todos dependemos dela!)

Para combatê-las logo soaram os hinos dos Programas de Substituição das Importações, Programas da Diversificação da Produção e Programas da Promoção das Exportações

Mais do que nunca, esses Programas agora a tornarem-se num refrão musical por tanto se fazerem ouvir.

Aonde se ouve ? Nos gabinetes ministeriais, nas emissoras de rádio e de televisão, nos candongueiros nas cidades (táxis colectivos) e como não podia deixar de ser até nas “redes sociais”

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Na Agricultura, mas logo se repercutiu na Indústria e na Banca, pois sem estas aquela continuará a hibernar (ainda estamos no século XIX) mesmo com convite a valsa de sermos o 14º país do mundo com maior potencial agrícola!

Agricultura dependente da Indústria, a montante para fornecer meios de produção a começar pelos tradicionais e os desejados fertilizantes nacionais e outros insumos (não bastam bebidas e materiais de construção) e a jusante a consumir excedentes e matérias-primas que têm de vir daquela (chega de importação!) de matérias primas da Agricultura!!!

Mas a Indústria a depender de importações de muitas matérias-primas porque nos falta ainda a indústria pesada e a Indústria petroquímica!

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Terminadas as eleições gerais foi agora ouvido o apito para o combate real contra a dependência das importações, já não só na cidade, agora nos campos agrícolas pela voz, qual “cantada de enxada”! Isso, saliente-se, pelas mãos do titular do Poder Executivo, lá no Catchiungo (Bela Vista de então) e apito a ressoar no todo nacional. Aonde então o Combate?

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A Senhora Banca “a ter de calçar botas e a vestir fato-macaco” para andar pelas fazendas e pelas lavras a apoiar a Agricultura e a Indústria.

Senhora Banca a sair dos gabinetes e da “cantada” dos pedidos de estudos de viabilidade sem sequer sentirem o cheiro do que se está a falar

A Senhora Banca também a ter de resolver os nossos/seus malparados (auguramos sucesso).

A Senhora Banca a ter de deixar de sobreviver por andar a cavalo nas cambiais e a comprar Títulos da Divida Pública e do Tesouro indexados ao dólar (negócios chorudos), mas sim a financiar a economia

Agricultura e Indústria dependentes da Banca!

Ele a cair de 7 (tempos das vacas gordas do petróleo) para 2 meses lançando preocupação nos mercados internacionais em antevisão de desgraças(as cantadas do FMI - Banco Mundial e com coro das agências de notação).

Logo ai as redes sociais (famo-geradas) a lançarem um gozo viral sobre o comportamento da classe empresarial. (Não há quem não chove pela falta de cambiais)

Classe empresarial mas que já não vai na cantilena de ser uma crise internacional (nosso papo político) mas ser sim uma nossa crise e produzida por nós (crise nossa, nossa, num verdadeiro “coça, coça”!).

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Mas como tudo fazer se há uma redução radical dos estoques de moeda externa?

A crise cambial, só tendo-a como nossa, poderemos combatê-la, mas apelando a actos de contrição e mea-culpa, mea-culpa!

Termos deixado morrer o extraordinário tecido industrial da pré-independência (dá vontade de chorar, não só pelo abandono, mas também por que passamos a serextremamente dependentes das importações) com perda de elevado novel de auto-suficiência alimentar

Não termos conseguido diversificar a nossa economia nos 15 anos de Paz e no boom do preço do petróleo para então podermos poupar cambiais para o desenvolvimento

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Crescemos em indústrias de água no sector alimentar (água de mesa, sumos, refrigerantes, cerveja e até em vinho) e também em tintas plásticas e detergentes!

Crescemos nos materiais de construção (tintas, cabos eléctricos, cerâmica, metalo-mecânica ligeira, siderurgias de sucata e no senhor cimento), embalagens (vidro e plástico) ,as a construção é feudo estrangeira e com paixão pela importação

Crescemos pouco, ainda por cima “nosso buraco” muito dependentes de matérias-primas importadas (Bonito casaco, mas camisa rota) e por isso de pouca sustentabilidade e competitividade.

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O Factor Decisivo, a Indústria, cresceu, vale isso ao nosso orgulho, mas …cresceu pouco e apenas em alguns segmentos”

Muito longe do necessário (i)Sobretudo em meios de produção agrícolas e para a pesca (ii) agro-indústria, temos muito pouco em bens da cesta básica (nosso Calcanhares de Aquiles) (iii) têxteis (indústria renovada, mas já a xinguilar e também a importar (paradoxo!)),nada de vestuário e calçado (mas não andamos nus nem descalços, mas matamos as PME do ramo); (iv) em meios de transporte e suas componentes (mesmo nada e com perda do muito que já se fazia) e (v) só papos furados (vi)nada em fosfatos e calcário dolomítico para a Agricultura(acocoramo-nos todos os dias em cima das nossas grandes reservas). Na madeira e granito “somos brutos” a extrair e a exportar!.Na construção naval o que havia a fundou-se nas praias

Razão por que a AIA (dita mãe das novas Pautas Aduaneiras) vem anunciado a sua proposta para a redução de incentivos aduaneiros e fiscais na importação de matérias primas de origem agrícola com o objectivo de encorajar a sua substituição via Agricultura, mas também via sector mineral e via petroquímica, mesmo em refinação (muito a sul da Baia farta, no Lobito não)!

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Nas pescas e com um mar tão largo e tão rico (i) sem meios de produção locais (nem sequer redes e até nem anzóis); (ii) Todos os anos a importar milhões e milhões de USD em carapau (algum até se diz ser nosso) por que isentos de taxas aduaneiras e de imposto de consumo e sem reservas frigorificas para garantir peixe no defeso.(iii) Um mar em que proliferam piratas como que nos séculos XV a XVIII e até a usar redes internacionalmente proibidas e a fazer farinha de peixe erradamente com tudo o que vem a rede!.

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4ª O péssimo índice de competividade, (dos piores do mundo)

Não aliciando investidores estrangeiros (melhorar 10 posições é como aspirina para erradicar paludismo) por ser uma corrida entre Nações e aqui na Região da SADC, nós a olhar para a esquerda, sendo ultrapassados…pela direita!

A lei do Investimento em infra-estruturas por estrangeiros -um paradoxo ao próprio investimento- e a impedir a entrada de capitais, que activariamfornecedores locais de bens e serviços quando em instalação

Investimentos que concluídos a criar emprego e permitiriam poupar cambiais em bens e serviços ( A não ser assim para que serve a lei? Seria para ajudar empresários privilegiados?)

Isso por coacção do estrangeiro ter um sócio nacional, este com o mínimo de 35% e de ser também administrador da empresa! (Quem em geral não tem nem dinheiro nem conhecimento de gestão).

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Défices também no comércio externo

Sobretudo na SADC porque comercialmente não tratamos bem o nosso vizinho a Norte, a RCD, com 70 milhões de consumidores.

Erro, onde poderíamos comprar quase tudo, poupando milhões e milhões de dólares . (Só uma operadora o faz e que com sucesso!) Por ex: viaturas comerciais 30% mais baratas e adaptadas às nossas condições (a trama do volante a direita). Da África do Sul tudo será mais e mais “porta a porta”! W da Zâmbia tudo de comboio.

Para onde podíamos exportar, milhões e milhões (em produtos agrícolas, das pescas e da agro-indústria)

Para onde podíamos exportar milhões e milhões (Por serviços com base em portos, transportes e serviços administrativos coligados e comissões em bens e meios por eles importados …para serem exportados!)

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Petróleo nisso a destronar o café da pré-independência (3º maior produtor mundial, sim ele o ouro negro) e nessa fobia a destronar também o sisal (3º produtor mundial), até cair para metade e com as seguintes perdas:

(i) Perda de cerca de 300 a 400 milhões de dólares, ano após ano, no contrabando de combustíveis ( E nós a assobiar para o lado).(ii)Milhões e milhões a serem gastos ciclicamente em bens de consumo e em bens industriais importados passiveis de produção local!(iii)Milhões e milhões a ser colocados lá fora à pala dessas importações em especial por tradings na aquisição mesmo de matérias-primas, que se devem produzir cá!(iv)Milhões e milhões prostrados lá fora e alguns em risco de decapitação

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Perdas de receitas cambiais por nos termos deixado “enrolar” nos barris do petróleo com crise prevista cá bem antes do sucedido e outras facetas! Vejamos:

Política - Desvalorização entre 10.0% a 15.0% para (i) corte na apetência comissionista de alguns operadores (ii) Estimular a diversificação das exportações para ganhos cambiais (iii) Reduzir o consumo de combustíveis (iv) Tornar mais difícil o contrabando de combustíveis!

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2. GESTÃO CAMBIAL – Porque o modelo actual (i)Não se mostra

eficiente para a Economia Real (ii) gera instabilidade e angústias nos

empresários (iii) cria dificuldades nas tutelas desviando-as de funções

mais importantes (iv) faz disparar acusações a torto e a direito

Assim e por se nos apresentarem muito importantes no combate as

importações por via da competitividade, julgamos útil atacar o assunto cambial

Os eixos principais poderão ser

Foro do BNA – Definição de Reservas percentuais sobre as receitas para (i) Órgãos de Soberania e Segurança Nacional (ii) Apoio de base a Agricultura e a Saúde (via concursos públicos), (iv) Sector Petrolífero, (v)Invisíveis Correntes e (v) reequilíbrio das Reservas Internacionais (estão a cair) e tudo com informação a Unidade Técnica.

Venda aos bancos para a Economia Real - Por leilão (i)orientados a sectores económicos embora durante a realização de um mesmo leilão (ii) verbas especificas para cada sector (acerto prévio com a ABANC) (iii)bancos a ter de fazer prova prévia das aplicações do leilão anterior (iv) demonstração do volume do crédito a economia (não incluir Títulos!) (v) penalizando percentualmente àqueles que não cumpram (possam ter portas de cavalo).

Porque já sabemos não serem muito propensos a dar crédito a economia (honrosas excepções), quase a dizer “ banco que não tem acesso a divisas pode morrer pela fuga dos depósitos de seus clientes)

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Acesso empresarial – A reorganizar com (i) Relação directaentre bancos e os seus clientes (ii) a eliminar intervenções ministeriais directas, estas sujeitas a pressões políticas ou de grupos de interesse! (iii) Controlo sobre os bancos

Controlo dos bancos – (i) A ser feito primordialmente pelos importadores na qualidade de clientes (um direito) (ii) observados pelos ministérios (isso sim) (iii) sobre pressão de associações (podemos andar a “porrada” com os mesmos, mas não com ministros) iv)Aprender no Mártires como se obtêm as cambiais e como se vende a ganhar dinheiro e “a camangar”

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Fazer as FTF-Feiras Transfronteiriças – Pôr empresários de cá em contactos com os de lá para reduzir o contrabando e as divisas circularem nos bancos

Operações paralelas - Quem exporta (i)importa! (ii) Paga suas dívidas externas!(iii) Obtém financiamentos externos (iv) assim se fazia na economia pré-independência (café, sisal, algodão, feijão, mandioca, mel, pasta de papel e papel, etc)

Fazer divisas com mercadorias em trânsito - Importar com fundos próprios e exportar acrescendo valor pelos serviços de portos, transportes e respectivas margens de lucro (Os países encravados agradeceriam muito com esta prestação de serviços, hoje vão a Africa do Sul e sem complexos)

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Como fazer mais divisas, mais dólares

POLITICA FISCAL PARA SE PRODUZIR MUITO MAIS - Fazer ajustamentos a política actual algo sôfrega e a fazer sofrer os empresários e os empreendedores

Isenções para Reduzir Número de importadores – Licenciar armazéns paraapoio ao sector produtivo e que beneficiariam de isenção de direitos de importação e de imposto de consumo para terem preços competitivos na venda de matérias-primas importadas as PME.

PME a substituírem importações e a exportar – Com essa matéria primas menos caras, por exemplo tecidos e aviamentos, elas a tornarem.se competitivas e assim a saltarem como cogumelos da hibernação actual e a reduzirem importações e também a poderem exportar e a criar milhares de postos de trabalho

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Retirar imposto de consumo, o garrote da produção nacional e assim a torna-la mais competitiva (i)sobre bens intermédios (ex das embalagens e afins) (ii) e sobre matérias-primas nacionais (estas não pagam quando importadas); (iii)sobre bens da cesta básica também (não pagam quando importados)

Retirar imposto industrial sobre as actividades agrícolas e pecuárias – Talvez que convidar os peritos da AGT a passarem uns dias numa fazenda e ali também pegarem numa enxada para que de uma vez por todas compreendam a razão desta proposta

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Comprar Nacional, assegurar subsídios ao gasóleo para a Agricultura e pescas e apoiar o Seguro de colheitas!

Subsídios a Pecuária tradicional – Apelo ao sector a dignificação desta actividade e dos seus criadores e não queremos ir mais longe nesta matéria porque por ali podemos substituir muitas das importações de carne e exportar peles! .

Haja também subsídios aos mesmos a propiciar a sua integração.

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Papel de Estado

Vias terciarias – Imposto sobre latifúndios improdutivos -Começar a aplicar esta política num tipo IPU(Imposto Predial Urbano) para não só dinamizar a inclusão produtiva dos mesmos, mas também angariarem-se recursos para a manutenção de estradas terciárias fundamentais para o escoamento dos produtos agrícolas e acesso a insumos produtivos e bens de consumo

Terrenos baratos e prontos para a industrialização – voltar a politica de seleccionar trocos de estradas nacionais, onde passa a energia, onde há cursos de água e obviamente onde há terreno disponível e barato e também já existe a estrada

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José Severino

[email protected]

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Presidente

Rua: Manuel Fernando Caldeira, nº 6

www.aiangola.com - [email protected]

Luanda - Angola