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Dieta Mediterrânica, atividade física e qualidade de vida em indivíduos com diagnóstico de cancro da mama Juliana Patrícia Melo Gonçalves Porto, 2016

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Dieta Mediterrânica, atividade física e qualidade de

vida em indivíduos com diagnóstico de cancro da

mama

Juliana Patrícia Melo Gonçalves

Porto, 2016

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Dieta Mediterrânica, atividade física e qualidade de

vida em indivíduos com diagnóstico de cancro da

mama

Mediterranean diet, physical activity and quality of life in people

diagnosed with breast cancer

Juliana Patrícia Melo Gonçalves

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

Orientadora: Doutora Sandra Abreu

Coorientadora: Doutora Luísa Soares Miranda

Dissertação de candidatura ao grau de Mestre em Nutrição Clínica apresentada à

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

2016

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer aos meus pais por todo o apoio, pelo

amor incondicional e pelo esforço que fizeram ao longo destes anos para me

educar, sem eles nada seria possível.

Agradeço ao meu irmão Miguel e ao meu namorado Hugo por estarem

sempre ao meu lado. E às minhas amigas do mestrado Rita Morais, Ana Pereira,

Ana Lúcia, Dulce, Elodie, Rita Nogueira, Cláudia e Inês um obrigado por todo

apoio, companheirismo e por terem partilhado esta etapa comigo.

Quero agradecer à Dra Sandra Abreu pela sua disponibilidade, pelo seu

apoio, pela motivação que me deu e pela orientação valiosa ao longo deste

trabalho. Deixo também o meu agradecimento à Dra Luísa Soares-Miranda pelas

suas recomendações e a sabedoria transmitida.

Como já dizia o poeta,

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram,

Mas na intensidade com que acontecem,

Por isso existem momentos inesquecíveis,

Coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

Fernando Pessoa

O meu obrigado!

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Resumo

Introdução: O cancro da mama é o cancro mais frequente entre as mulheres e o

segundo tipo de cancro mais comum em todo o mundo. Em Portugal, em 2013

registaram-se 1659 mortes devido ao tumor maligno da mama, no entanto as

taxas de sobrevida aos 5 anos têm vindo a melhorar. Apesar disto estima-se que

indivíduos com diagnóstico de cancro permaneçam com um aumento de má

saúde em geral, tendo comorbilidades associadas como doenças

cardiovasculares. A adoção de um estilo de vida com a prática de atividade física

(AF) regular e uma alimentação saudável pode contribuir para a melhoria da

qualidade de vida destes indivíduos. A Dieta Mediterrânica (DM) constitui um

padrão alimentar saudável, que pode auxiliar nessa melhoria, no entanto tem-se

verificado um afastamento gradual dos países mediterrânicos a este padrão.

Desta forma este estudo tem como objetivo geral avaliar a associação do efeito

isolado da adesão à DM e combinado com a prática de AF com a qualidade de

vida de mulheres com diagnóstico de cancro da mama portuguesas.

Metodologia: A amostra foi constituída por 75 mulheres com diagnóstico de

cancro da mama entre o estádio I e III, após término de tratamento ativo. Foram

aplicados 4 questionários, sendo que a AF foi avaliada pelo questionário de AF

internacional na sua versão curta (IPAQ), os hábitos alimentares por um

questionário de frequência alimentar (QFA) e a qualidade de vida pelo EORTC

QLQ-C30, validados para a população portuguesa. A avaliação da adesão à DM

tradicional foi calculada através do índice de adesão à DM desenvolvido por

Trichopoulou et al. As variáveis de adesão à DM e prática de AF, foram

agrupadas e divididas em 2 grupos de acordo com as medianas da amostra, em

baixa adesão à DM e elevada adesão à DM.

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A associação do efeito isolado da adesão à DM e combinado com a prática

de AF com a qualidade de vida foi verificada através de modelos de regressão

linear.

Resultados: A média de idades obtida foi de 55 anos, as comorbilidades mais

frequentemente relatadas foram a hipertensão arterial (21,3%) e a

hipercolesterolemia (25,3%). Verificou-se que apenas 39% das mulheres tiveram

uma elevada adesão à DM e que no geral a qualidade de vida foi boa. Porém não

foi encontrada uma associação estatisticamente significativa entre o efeito isolado

e combinado da adesão à DM e prática de AF com a qualidade de vida em

mulheres com diagnóstico de cancro da mama (p> 0,05).

Conculsão: A adoção de um estilo de vida saudável por parte destes indivíduos é

fundamental, para manter a sua vida livre de doença, sendo necessários mais

estudos prospetivos de maior escala que possam investigar as relações entre a

adoção do mesmo e o impacto na qualidade de vida destas mulheres.

Palavras-Chave: Cancro da mama, Dieta Mediterrânica, Atividade Fisica,

Qualidade de vida.

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Abstract

Introduction: Breast cancer is the most frequent cancer between women and the

second most common in the whole world. In 2003, there were recorded 1659

deaths because of malignant breast tumors in Portugal, however the survival rates

at 5 years have been improving. Nevertheless, it is estimated that individuals with

cancer diagnosis remain with an improvement of bad health in general, as they

have comorbidities associated, like cardiovascular diseases. The adoption of an

alternate lifestyle with the practice of regular physical activity (PA) and a healthier

diet can contribute to improve the quality of these individuals’ lives. The

mediterranean diet (MD) is part of a healthy eating pattern which can be

responsible for that improvement, however it has been found that mediterranean

countries have been gradual diverting from this pattern. Thereby, the general

objective of this study is to evaluate the association between the isolated and

combined effect of the adherence to MD and the practice of PA and the quality of

life of Portuguese women diagnosed with breast cancer.

Methods: The sample was composed by 75 breast cancer diagnosed women

between stages I and III, after the end of the active treatment. Four questionnaires

were applied, where the PA was evaluated by the international PA questionnaire in

its shorter version (IPAQ), the eating habits were evaluated by a food frequency

questionnaire (FFQ) and the life quality was evaluated by the EORTC QLQ-C30,

validated for the Portuguese population. The evaluation of the adherence to

traditional MD was calculated through the score developed by Trichopoulou et al.

The adherence variables to MD and to the practice of PA, were grouped and

divided into 2 groups according to the score of the sample median, in poor

adherence to MD and high adhesion to the MD.

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To check the association between the isolated and combined effect of the

adherence to MD and the practice of PA was used the linear regression models.

Results: The average age obtained was 55 years, the most frequent reported

comorbilities were arterial hypertension (21,3%) and hypercholesterolemia

(25,3%). It was verified that only 39% of the women had high adherence to MD

and in general the quality of life was good. However there haven’t been found a

significant statistical association between the isolated and combined effect of the

adherence to MD and the practice of PA and the life quality in women with breast

cancer diagnosed women (p> 0,05).

Conclusion: The adoption of a healthier lifestyle by these individuals is crucial to

maintain their survival free of diseases. Being so, more prospective studies on a

larger scale should be carried out to investigate the relation between the adoption

of this lifestyle and the impact that this will have in the quality of life of these

women.

Keywords: Breast Cancer, Mediterranean Diet, Physical Activity, Quality of Life.

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Índice

Agradecimentos .................................................................................................. iii

Resumo ............................................................................................................. iv

Lista de Abreviaturas ........................................................................................ ix

Lista de Figuras .................................................................................................. x

Lista de Tabelas ................................................................................................ xi

Introdução........................................................................................................... 1

Objetivos........................................................................................................... 32

Material e Métodos ........................................................................................... 33

Análise Estatística ............................................................................................ 39

Resultados ........................................................................................................ 41

Discussão ......................................................................................................... 49

Conclusão......................................................................................................... 53

Referências Bibliográficas ................................................................................ 54

Anexos ............................................................................................................. 66

Anexo A: consentimento informado de acordo com a Declaração de Helsínquia da

Associação Médica Mundial para estudos em humanos. ................................. 67

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Lista de Abreviaturas

ACS: American Cancer Society

ADN: Ácido Desoxirribonucleico

AF: Atividade Física

DDT: Dicloro-Difenil-Tricloroetano

DIANA-5: Diet and Androgens-5

DM: Dieta Mediterrânica

EORTC QLQ-C30: Questionário da Qualidade de Vida da Organização Europeia

para a Pesquisa e Tratamento do Cancro

HER2: Human Epidermal growth factor Receptor 2

IARC: Agência Internacional de Investigação do Cancro

IGF1: Fator de crescimento semelhante à insulina

IHC: Imuno-histoquimica

IL-6: Interleucina-6

IMC: Índice de Massa Corporal

IPAQ: Questionário Internacional de Atividade Física

Ki67: proteína nuclear marcadora da proliferação celular

MET: Equivalente metabólico

Min: Minuto

OMS: Organização Mundial de Saúde

PCR: Proteína C Reativa

QFA: Questionário de Frequência Alimentar

QVRS: Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde

RE: Recetor de Estrogénio

RP: Recetor de Progesterona

WCRF: World Cancer Research Found

TNFα: Fator de necrose tumoral

UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

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Lista de Figuras

Figura 1.Distribuição percentual dos óbitos causados por tumores malignos, em

2013, em Portugal(4). .............................................................................................. 2

Figura 2: A pirâmide da Dieta Mediterrânica, desenvolvida pela Fundação da

Dieta Mediterrânica(135). ........................................................................................ 28

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xi

Lista de Tabelas

Tabela 1: Subtipos moleculares do cancro da mama de acordo com o 14th St

Gallen International Breast Cancer Conference (2015) e também recomendado

pelas diretrizes clínicas ESMO (European Society for Medical Oncology). .......... 12

Tabela 2: Características sociodemográficas e clínicas da amostra total e de

acordo com a adesão à dieta mediterrânica e a adesão à dieta mediterrânica com

a atividade física. .................................................................................................. 42

Tabela 3: Caracterização da ingestão nutricional da amostra total e em relação à

adesão à DM e à adesão à DM e a prática de AF. ............................................... 45

Tabela 4: Caracterização dos itens da qualidade de vida do questionário EORTC

QLQ-C 30 de acordo com a adesão à DM e da adesão à DM combinada com AF.

............................................................................................................................. 47

Tabela 5: Associação entre os itens da qualidade de vida e a adesão à DM e ao

efeito combinado da adesão à DM com a prática de AF. ..................................... 48

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Introdução

1.O cancro

1.1.Epidemiologia

O cancro é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade em

todo o mundo. Em 2012, surgiram cerca de 14,1 milhões de novos casos de

cancro, 8,2 milhões de mortes devido a este, havendo ainda cerca de 32,6

milhões de pessoas com diagnóstico de cancro em todo o mundo(1).

No mesmo ano na União Europeia foram registados cerca de 2,6 milhões

de novos casos e 1,2 milhões de mortes devidas ao cancro (2).

Em Portugal, também no mesmo ano, estimou-se que surgiram 49174

novos casos de cancro, tendo em 2013 o número de mortes devido a tumores

malignos aumentado 0,6% em relação ao ano anterior(3). De 2002 a 2013 houve

um aumento de 16,4%(1, 4). Na União Europeia, e tendo como base apenas o

envelhecimento da população, é previsto um aumento dos novos casos de cancro

de 13,7% (3).

Assim, em 2013 os tumores malignos continuaram a ser a segunda

principal causa de morte básica no país, sendo responsáveis por um total de

25920 mortes o que corresponde a 24,3% do total de óbitos desse ano(4). Destes

óbitos 73,1% eram indivíduos com 65 e mais anos e 59,7% eram homens (4). No

que respeita ao tipo de tumor 16,7% das mortes foram devidas a tumores

malignos da laringe e traqueia, brônquios e pulmão e 10,5% devido ao cancro do

cólon(4). No caso do cancro da mama este foi responsável por 6,4% das mortes

por tumores malignos desse ano, como ilustrado na figura 1(4).

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Figura 1.Distribuição percentual dos óbitos causados por tumores malignos, em 2013, em

Portugal(4)

.

1.2.Neoplasia

Neoplasia é uma lesão caracterizada por proliferação celular de novo, não

reativa (sem propósito)(5). Quando esta forma uma massa pode denominar-se

tumor(5).

Um tumor é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é quase

autónomo e excede os tecidos normais, persistindo mesmo após a interrupção

dos estímulos que deram origem à mudança(5). Os tumores podem ser

classificados em duas categorias abrangentes: benignos e malignos(5). A

diferença entre os tumores benignos e malignos tem por base a sua aparência

(morfologia/ histologia) e o seu comportamento (evolução clínica), através de

quatro critérios: alteração maligna da célula alvo (por exemplo diferenciação

versus anaplasia); taxa de crescimento; invasão local e metástases(5). Os tumores

malignos são coletivamente denominados como cancro(5). O maligno implica que

tem possibilidade de invadir, destruir estruturas adjacentes e metastizar(5). Assim,

o cancro ocorre quando há uma divisão anormal e reprodução de células capazes

de se disseminar pelo organismo (6, 7).

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A carcinogénese é o processo através do qual a célula normal adquire as

características próprias da célula neoplásica(5). O processo de transformação

confere às células afetadas um conjunto de características que permitem a sua

multiplicação descontrolada e de forma autónoma(5).Em regra, não ocorre numa

única etapa, requerendo a acumulação de alterações sucessivas que conferem

vantagem seletiva à célula neoplásica (5). Na maioria das neoplasias é possível

identificar 2 grandes fases de desenvolvimento: a transformação que engloba a

iniciação e promoção; e a progressão que engloba o crescimento, invasão local e

metastização (5).

A iniciação envolve dano genómico permanente da célula que é produzida

pela interacção de agentes carcinogéneos, que podem ser químicos, físicos ou

biológicos (5, 6). Essa transformação ocorre rapidamente, mas a célula resultante

permanece dormente por um período variável até que seja ativada por um agente

promotor(5, 6). A iniciação é uma condição necessária, mas não suficiente para o

desenvolvimento de uma neoplasia(5).

Durante a promoção, o agente promotor pode induzir tumor em células já

iniciadas, este não afeta diretamente o ácido desoxirribonucleico (ADN) e os seus

efeitos são reversíveis, dependendo do intervalo de exposição(5). Além disto,

estes aumentam a capacidade de proliferação de células iniciadas e podem

contribuir para a aquisição de lesões genómicas adicionais(5). A transformação é

um processo longo, na maioria dos casos, pois pressupõem a aquisição de um

número de alterações genómicas variáveis que vão possibilitar um crescimento

autónomo das células neoplásicas(5).

Há fatores determinantes para a taxa de crescimento tumoral são eles:

tempo de duplicação celular, fração de células neoplásicas no compartimento

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replicativo e taxa de morte/eliminação celular(5). A grande maioria das neoplasias

requer períodos longos de crescimento até ser clinicamente detetável e

significativa(5). O crescimento é dependente da taxa de aquisição de alterações

genómicas que conferem vantagem seletiva(5).

No processo de tumorigénese os genes indutores (proto-oncogenes), os

inibidores (genes supressores tumorais) e os genes reguladores da apoptose

podem ser envolvidos(5). Os proto-oncogenes são genes que afetam a

proliferação e a diferenciação celular e que podem ser convertidos em

oncogenes, que promovem o crescimento celular autónomo em células

cancerosas(5). Por sua vez, os genes supressores tumorais, têm como função por

exemplo, prevenir a programação das células geneticamente lesadas, um

exemplo destes genes são o BRCA1 e o BRCA2 (importantes no cancro da

mama) cuja função é a reparação do ADN(5). No processo de carcinogénese

existe ativação dos oncogenes e a inativação dos genes supressores tumorais, o

que resulta numa proliferação celular desregulada(5). Podem ocorrer também

alterações dos genes que regulam a apoptose, resultando numa diminuição

desta(5).

Os carcinogéneos dietéticos, que fazem parte dos carcinogéneos químicos,

mais frequentes abrangem os pesticidas naturais produzidos por plantas para

proteção contra fungos, insetos ou animais predadores; e as micotoxinas, que são

metabolitos secundários produzidos por bolor nos alimentos (por exemplo,

aflotoxinas, fumosinas ou ocratoxina A) (6). A preparação e a preservação dos

alimentos também representam as principais fontes de carcinogéneos

dietéticos(6).

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Há ainda compostos na dieta que são intensificadores da carcinogénese

como a gordura presente na carne vermelha e os hidrocarbonetos aromáticos

policíclicos(6). De acordo com a Agência Internacional de Investigação do Cancro

(IARC) o consumo diário de 50 gramas de carne processada aumenta o risco de

cancro colo-rectal em 18%(8).

No entanto existem também os inibidores do carcinogéneo dietético como

os antioxidantes(6). Os antioxidantes, como por exemplo a vitamina C, a vitamina

E e os compostos fitoquímicos, como por exemplo os polifenóis, os fitoesteróis e

os carotenóides são substâncias bioativas que ajudam a combater a inflamação,

neutralizando os radicais livres(6).

Além disto, existe uma variedade de fatores que predispõe um individuo ou

população para o desenvolvimento de cancro(5):

Fatores geográficos e ambientais

Os fatores ambientais influenciam significativamente a ocorrência de

formas específicas de cancro em todo o mundo(9) . Por exemplo a taxa

de morte por carcinoma do estômago é sete vezes superior no Japão

que nos Estados Unidos. E o carcinoma do cólon é no Japão menos

causa de morte que nos Estados Unidos(5). Por sua vez, a taxa de

morte em imigrantes japoneses por cancro do estômago é intermediária

entre os nativos do Japão e Estados Unidos, apontando-se para as

influências ambientais e culturais(5).

A partir de 2007, a IARC identificou 415 agentes cancerígenos

conhecidos ou suspeitos, havendo um aumento do risco de diversos

tipos de cancro devido a exposições ambientais e ocupacionais.

Segundo a convenção de Estocolmo a exposição a poluentes orgânicos

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persistentes (POPs) pode levar a efeitos graves para a saúde incluindo

vários tipos de cancros(10). Estudos mostram existir associação, por

exemplo, entre a exposição ao pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano

(DDT) e ao cancro da mama; entre a exposição a hidrocarbonetos

aromáticos policíclicos e cancro da próstata; entre o cancro do pulmão e

a poluição atmosférica, entre outros(11-15). Além disso existe uma

associação entre o consumo de tabaco e vários tipos de cancro como o

cancro da orofaringe, laringe e pulmões(5).

Idade

No caso do cancro da mama, por exemplo, 40% dos novos casos

ocorrem em pacientes com 65 anos e mais velhos, sendo que apenas

cerca de 5% dos cancros de mama ocorrem antes dos 35 anos(16, 17).

Além disso, mulheres mais jovens diagnosticadas com cancro da mama

apresentam normalmente tumores mais agressivos e com pior

prognóstico, assim neste caso o envelhecimento pode modificar além

do risco, o prognóstico e o tratamento, como será explicado no decorrer

desta introdução(18, 19).

Existem, também, cancros que são mais comuns em crianças com

menos de 15 anos como os tumores hematopoéticos, neuroblastoma,

tumor de Wilms, retinoblastoma, sarcomas ósseos e músculo-

esquelético(5).

Predisposição genética

A hereditariedade desempenha um papel no desenvolvimento do

cancro mesmo na presença de fatores ambientais claramente

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definidos(5). Contudo menos de 10% dos portadores de cancro

apresentam mutações hereditárias que predispõe ao cancro(5).

Condições predisponentes não hereditárias

Certas condições clinicas estão associadas a maior risco de

desenvolvimento de cancro como a colite ulcerativa e o cancro do

cólon, e a cirrose hepática e o carcinoma hepatocelular(5). Entre 60% e

90% dos casos de carcinoma hepatocelular ocorrem em pacientes com

cirrose hepática macronodular(20).

Inflamação crónica

Os mecanismos exatos que relacionam a inflamação crónica e a

carcinogénese são ainda desconhecidos, mas as reações inflamatórias

podem resultar na produção de citocinas que estimulam o crescimento

de células transformadas, ou pode promover instabilidade genómica

pela produção de espécies reativas de oxigénio(5). A inflamação pode

também aumentar o grupo local de células estaminais que pode estar

sujeito aos efeitos dos mutagénicos(5).

O envelhecimento está também associado à inflamação crónica com

níveis circulantes aumentados de citocinas tais como o fator de necrose

tumoral (TNFα), a interleucina- 6 (IL- 6) e proteínas de fase aguda(21).

Dados recentes sugerem, também, que o aumento da pressão do

fluído intersticial e inflamação são sinónimos, podendo esta ser um fator

chave na carcinogénese pela ativação de oncogenes e secreção de

citocinas(22).

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Condições pré cancerosas

Existem certos tumores benignos que estão associados ao

desenvolvimento de cancro, por exemplo adenoma viloso do cólon

evolui com frequência para cancro(5). A maioria dos tumores malignos,

no entanto, surge de novo, sem a existência de tumores benignos

anteriores(5).

O diagnóstico do cancro é determinado por vários métodos que incluem a

história clínica, exame físico, estudos citológicos e biópsias e estudos de imagem

(radiografia ou tomografia computadorizada, ressonância magnética e tomografia

por emissão de positrões) (6).

O estadiamento do cancro é normalmente efetuado com recurso ao

sistema de classificação TNM da American Join Committee On Cancer (2002),

que avalia o tamanho do tumor (T), o envolvimento dos nódulos linfáticos

regionais (N) e a expansão da doença à distância ou metástase (M)(23).

As modalidades convencionais de tratamento incluem a quimioterapia, a

imunoterapia, radioterapia e cirurgia(17). Doenças hematológicas malignas como

leucemias, linfomas e mielomas múltiplos podem ser tratados por meio de

transplante de células hematopoiéticas(6). O acompanhamento nutricional passa

por prevenir ou corrigir deficiências nutricionais, minimizar a perda de peso na

fase ativa da doença, entre outros(6).

De seguida serão abordadas apenas temáticas relativas ao cancro da

mama e aos indivíduos com diagnóstico de cancro da mama, como a sua

qualidade de vida, a prática de atividade física (AF) e a dieta mediterrânica (DM).

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2.Cancro da mama

O cancro da mama é um problema crescente de saúde pública(24). Assim

como o cancro de maneira geral é considerado uma doença multifatorial(25). Tal

como referido anteriormente, há tumores benignos provocados por alterações

fibrocísticas (engrossamento fibroso e quistos que provocam o endurecimento da

mama)(25). Os quistos não são cancerosos e não metastizam(25). Pelo contrário, no

caso dos tumores malignos eles podem disseminar-se e invadir o tecido mamário

adjacente, podendo chegar quer até aos vasos linfáticos quer à corrente

sanguínea, o que fará com que se espalhem para outras partes do corpo(25).

Para o rastreio de cancro da mama, em Portugal recomenda-se a

realização de uma mamografia apenas para mulheres com 50 ou mais anos(26).

Assim, no caso de mulheres com idades entre os 50 e 69 anos recomenda-se a

realização da mamografia a cada dois anos(26). Para as mulheres com mais de 69

anos a mamografia de rastreio está indicada a cada dois ou três anos. A ecografia

mamária pode ser útil como complemento da mamografia de rastreio nas

mulheres com densidade mamária elevada ou prótese mamária(26). Nos casos de

mulheres com sintomas, está recomendada a mamografia e a ecografia no caso

de apresentarem alterações morfológicas, como por exemplo nódulo mamário,

edema, escorrência mamilar, entre outros (26). No caso de história familiar positiva

é recomendado que o rastreio se inicie mais cedo(17).

O diagnóstico de cancro da mama é baseado no exame clínico em

combinação com exames de imagem e confirmado por avaliação patológica(17). O

exame clínico inclui a palpação bimanual da mama e nódulos linfáticos loco-

regionais e avaliação de metástases distantes (ossos, fígado e pulmão; um

exame neurológico é necessário apenas quando os sintomas estão presentes)

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(17). A imagiologia inclui a mamografia bilateral da mama e nódulos linfáticos

regionais(17). Uma ressonância magnética da mama não é recomendada de rotina,

mas deve ser considerada em casos de cancro da mama familiar associado com

mutações de BRCA, mamoplastia de aumento, cancro lobular, ou em casos de

grandes discrepâncias entre o exame convencional de imagem e o exame

clínico(17). Além disto, é necessário a realização de uma biopsia, sendo que o

diagnóstico patológico final deve ser feito de acordo com a classificação da

Organização Mundial da Saúde (OMS) e o sistema de estadiamento TNM, como

referido anteriormente(17).

O cancro da mama a nível molecular é dividido em 4 subtipos clinicamente

relevantes, com respostas distintas aos tratamentos: luminal A, luminal B, sobre

expressão HER2 (Human Epidermal growth factor Receptor 2) e o basal-like

(triplo negativo)(17, 27). Para distinguir entre estes tipos são utilizados testes de

imuno-histoquimica (IHC) para o recetor de estrogénio (RE), para o recetor de

progesterona (RP) e para o recetor de HER2(17, 27). É também utilizada a avaliação

do marcador Ki67 (proteína nuclear marcadora da proliferação celular), embora

com validade analítica menor do que o teste molecular(17, 27). Assim o subtipo

luminal A caracteriza-se por RE e/ou RP positivos e pela expressão de HER2

negativa; por sua vez o subtipo luminal B pode-se dividir em 2, consoante a

expressão de HER2 seja positiva ou negativa, havendo em ambos os casos RE

e/ou RP positivos(17, 27). A distinção entre os subtipos luminal A ou luminal B

(HER2 negativo) é feita pela medição do Ki67, sendo que uma expressão baixa

corresponde ao subtipo luminal A e uma expressão alta corresponde ao subtipo

luminal B(17, 27). No entanto, não é possível estabelecer um único ponto de corte

para o Ki67, devendo este ser interpretado à luz dos valores laboratoriais locais(17,

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11

27). Porém, um valor de corte sugerido pelo 14th St Gallen International Breast

Cancer Conference é de 20%(27). Assim valores na expressão de Ki67 de 30% ou

maiores podem ser considerados claramente altos e valores iguais ou inferiores a

10% claramente baixos (como representado na tabela1) (17, 27).

No que diz respeito aos subtipos moleculares sobre expressão de HER2 e

basal-like estes caracterizam-se por RE/RP negativos, diferenciando-os a

expressão de HER2 positiva ou negativa, respectivamente(17, 27).

No que respeita aos tratamentos os tumores luminais são mais sensíveis a

terapias hormonais, como o tamoxifeno e os tumores sobre expressão de HER2

respondem melhor ao tratamento com trastuzumab, um anticorpo monoclonal(17,

27). Por sua vez, nos tumores triplo negativo a terapia indicada é a quimioterapia

com antraciclina e taxano(17, 27). É de destacar que este último subtipo associa-se

a um pior prognóstico e menor sobrevida, sendo que os tumores do tipo luminal

possuem um prognóstico melhor(18, 28).

Estudos mostram que em mulheres mais jovens o cancro da mama está

associado a tumores de alto grau, com pior prognóstico como os do tipo sobre

expressão HER2 e triplo negativo, representando este último cerca de 10% a 15%

dos cancros da mama que ocorrem em mulheres na pré-menopausa(18, 29, 30). Por

outro lado, após a menopausa estima-se que cerca de 80% dos cancros de mama

apresentem recetores hormonais positivos e portanto sejam do tipo luminal(29, 31).

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12

Tabela 1: Subtipos moleculares do cancro da mama de acordo com o 14th St Gallen International

Breast Cancer Conference (2015) e as diretrizes clínicas ESMO (European Society for Medical

Oncology) (17, 27).

Subtipos moleculares do cancro da mama

Subtipos moleculares

Recetores

hormonais (RE

e/ou RP)

Expressão de

HER2

Expressão de Ki67

Luminal A

Positivos

Negativa

<20%

Luminal B

Positivos

Negativa

≥20%* (valor de corte

sugerido, porém programas de

garantia de qualidade são

essenciais para os laboratórios

que apresentem estes

resultados)

Positivos

Positiva

Sobre expressão de

HER2

Negativos

Positiva

Basal-like (triplo

negativo)

Negativos

Negativos

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13

Estudos apontam para a existência de alguns fatores de risco de cancro da

mama (alguns dos quais já referenciados anteriormente), tais como:

o sexo

O cancro da mama é mais frequente no sexo feminino, constituindo

31% de todos os cancros invasivos nas mulheres e menos de 1% dos

cancros do homem(17, 32, 33);

a idade

A incidência de cancro da mama aumenta com a idade, sendo mais

frequentemente diagnosticado em mulheres com mais de 50 anos(16, 17,

32, 33);

a história familiar e a predisposição genética

Apenas cerca de 10% do cancro da mama é causado pela herança

de um gene defeituoso(32, 33).

Para Phipps et al. (34), o risco aumenta se o familiar direto (mãe, filha

ou irmã) tiver antecedentes de cancro da mama na pré-menopausa ou

doença bilateral. Se estas duas últimas situações estiverem presentes,

o risco é de uma a duas vezes superior para o familiar direto(34). Em

casos de presença de outras localizações do cancro (ovário, cólon e

útero) o risco também se encontra aumentado(34).

Existe uma grande variedade de novos genes que recentemente têm

sido associados ao risco de cancro da mama, como por exemplo

mutações ao nível do TP53 (no síndrome de Li-Fraumeni), do STK11

(no síndrome de Peutz- Jeghers) e do PTEN (no síndrome de

Cowden)(33). No entanto as mutações nos genes BRCA1 (do

cromossoma 17) ou BRCA2 (do cromossoma 13) são as mais

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14

importantes, e responsáveis por cerca de 90% dos cancros da mama

hereditários, segundo estudos do Breast Cancer Linkage Consortium(35,

36). Portadores de mutações ao nível do gene BRCA1 têm um risco de

cancro da mama de 80% a 85% e de cancro do ovário de 40% a 45%,

sendo que possuem também um risco aumentado de neoplasias

malignas colo-rectais e próstata, por sua vez os portadores de

mutações ao nível do BRCA2 têm um risco de cancro da mama de

cerca de 80% e 27% a 30% de risco de cancro do ovário.(33, 35-37);

a menarca precoce e menopausa tardia

O aparecimento da menarca antes dos 12 anos e da menopausa

após os 50 anos estão associados a um aumento do risco de cancro da

mama devido ao tempo aumentado de exposição às hormonas,

nomeadamente o estrogénio. O risco aumenta cerca de 5% a 10% em

cada ano que a menarca surge precocemente(32, 34, 38, 39);

a história reprodutiva

O risco de cancro da mama aumenta com a nuliparidade e a

primeira gravidez tardia (depois dos 30 anos), sendo uma proteção

substancial quando a gravidez de termo é numa idade jovem(32, 39).

Segundo um estudo de caso controlo recente, na Índia verificou-se que,

uma primeira gravidez de termo depois dos 25 anos de idade em

comparação com a primeira gravidez de termo abaixo dos 20 anos de

idade foi associada com risco aumentado de cancro da mama em

ambas as mulheres urbanas e rurais(40);

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15

a história de doença benigna da mama diagnosticada, a

densidade mamária e a terapêutica hormonal de substituição

Existe um ligeiro aumento do risco de cancro da mama quando os

contracetivos orais se iniciam numa idade precoce (no espaço de 5

anos após a menarca) e quando tomados interruptamente durante 10

ou mais anos(34).

Existem outros fatores de risco modificáveis associados a um maior risco

de cancro da mama como o consumo de álcool(25, 32, 33, 41-44). Estudos

epidemiológicos sugerem um risco aumentado de 50% entre os consumidores em

excesso em relação aos abstémicos(41, 43). Mostrando-se haver, também, um risco

aumentado estatisticamente significativo de 7% a 9% por cada 10g de

etanol/dia(43, 44). Os efeitos do álcool no aumento do risco podem, por exemplo

dever-se ao facto deste interferir com o metabolismo do estrogénio de várias

formas, influenciando os níveis hormonais e os seus recetores(25). No entanto,

apesar de ainda não estar claro se essa associação varia de acordo com o

subtipo molecular do cancro da mama, um estudo prospetivo recente mostrou que

o consumo de álcool foi associado com um risco aumentado de cancro da mama

do tipo luminal A e sobre expressão de HER2, não se tendo verificado associação

com os outros subtipos, pelo que não só mecanismos hormonais mas também

não hormonais podem desempenhar um papel nesta associação(42).

A obesidade, também representa um fator de risco modificável para vários

tipos de cancro(45, 46). Segundo a OMS a obesidade pode ser definida como um

índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30kg/ m2, sendo caracterizada

por um excesso de gordura corporal(47). As evidências têm demonstrado que

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16

homens e mulheres obesos têm uma maior probabilidade de desenvolver e

morrer de cancro do que aqueles que não são(48, 49).

No cancro da mama dados literários sugerem uma interação ambígua entre

o estado de menopausa e o risco de cancro da mama associado à obesidade, em

que, várias revisões e meta-análises demonstram uma associação direta e

significativa entre a obesidade e o risco de cancro da mama na pós-menopausa,

por outro lado essa associação é inversa, mas não significativa na pré-

menopausa(25, 31, 50).

Segundo Rose e Vona-Davis(31), a obesidade da parte superior do corpo

está associada a um fenótipo de tumor agressivo e a um mau prognóstico

independentemente do estado de pré ou pós menopausa.

Neuhouser et al(51), num estudo recente, com dados de mulheres com

cancro da mama invasivo, seguidas durante cerca de 13 anos nos ensaios

clínicos randomizados do Women's Health Initiative demonstraram que mulheres

na pós-menopausa que estavam com sobrepeso e obesidade tinham um aumento

do risco de cancro da mama invasivo em relação a mulheres com peso normal

(IMC entre 18,5kg/ m2 e 24,9kg/ m2), sendo o risco maior para a obesidade grau 2

e grau 3. Além disto mulheres com IMC abaixo de 25 kg/ m2 que ganharam mais

de 5% do peso ao longo do período de acompanhamento tinham, também um

risco aumentado de cancro da mama(51). Os autores encontraram ainda uma forte

associação entre um IMC igual ou superior a 35 kg/ m2 e o risco de cancro da

mama luminal, mas não para cancros com recetor de estrogénio negativo(51).

Vários estudos apontam para a existência de 3 principais hipóteses que

podem explicar como a obesidade pode contribuir para o desenvolvimento e

crescimento do cancro da mama nas mulheres na pós-menopausa: a hipótese

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17

das citocinas inflamatórias do tecido adiposo, a hipótese da resistência à insulina

e hiperinsulinemia e a hipótese do estrogénio(52-56). A obesidade é considerada

uma doença inflamatória crónica e a inflamação sistémica de baixo grau no tecido

adiposo está associada com níveis elevados de mediadores pró-inflamatórios e

uma maior expressão da aromatase no tecido adiposo, provocando desta forma

um aumento dos níveis séricos de estrogénio(52-54, 57-61).

Além disto, mulheres obesas apresentam frequentemente níveis séricos

alterados de potenciais fatores de crescimento como insulina, adiponectina e

leptina(53, 54, 62). Elevadas concentrações séricas de insulina levam a um estado de

hiperinsulinemia, o que provoca um aumento da síntese e atividade biológica do

fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), que tem várias ações

associadas ao crescimento de tumores e de metástases(53, 54, 63). A insulina

também influência a síntese e a disponibilidade biológica dos esteróides sexuais

femininos e masculinos, incluindo androgénios, progesterona e estrogénios(53, 54).

Níveis séricos reduzidos de adiponectina têm sido relatados em pacientes

com cancro da mama em comparação com controlos saudáveis, tendo sido

demonstrado que o nível de adiponectina está inversamente relacionado com a

resistência à insulina(64). A adiponectina tem também um efeito anti-

cancerígeno(64-67).

Por sua vez, o papel dos níveis de leptina no cancro da mama parece ser

mais complexo, alguns estudos têm demonstrado que o nível de leptina se

encontra mais elevado em mulheres com cancro da mama e que isto parece

promover a progressão do mesmo, através da regulação da proliferação de

células endoteliais e da promoção da angiogénese(64, 67-70).

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No estado da pré-menopausa, segundo Suba Z. (71) a obesidade associada

à insulina é moderada e pode ser contrariada pelo seu nível de estrogénio

circulatório preservado. Desta forma, não é a obesidade, mas sim o nível de

estrogénio que pode proteger(71).

No entanto, é importante destacar que a maioria destes dados são

revelados por estudos epidemiológicos, sendo necessário ter em atenção que é

importante não se avaliar somente o IMC, mas sim a composição corporal(72).

Na prevenção do cancro da mama estudos apontam para a necessidade

de uma adoção de um estilo de vida saudável com a promoção de uma

alimentação saudável, a prática de exercício físico e a perda de peso em

obesos(53, 73, 74). O incentivo para o aleitamento materno também deve ser feito,

pois o aleitamento materno por mais de 6 meses além de fornecer inúmeros

benefícios à saúde da criança, protege as mães de cancro da mama quando

estas não são fumadoras(75).

2.1.Epidemiologia

O cancro da mama é o segundo tipo de cancro mais comum em todo o

mundo (1,7 milhões de casos, 11,9%), a sua incidência está a aumentar na

maioria dos países e é esperado que aumente ainda mais ao longo dos próximos

20 anos, apesar dos esforços atuais para prevenir a doença(76, 77). É o cancro

mais frequente, entre as mulheres, com um número estimado de 1,67 milhões de

novos casos de cancro diagnosticados em 2012 (25% de todos os cancros)(2). As

taxas de incidência variam de quase quatro vezes em todas as regiões do mundo,

com taxas que variam de 27 por 100.000 na África, Ásia e Médio Oriente e 96 por

100.000 na Europa Ocidental(2). No entanto e devido ao seu prognóstico

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19

relativamente favorável ocupa a quinta posição como causa de morte no mundo

(522 mil, 6,4%)(2).

Em Portugal, em 2013, registaram-se 1659 mortes devido ao tumor

maligno da mama(2, 4). Do total de óbitos 1646 foram de mulheres, não se

observando nenhum óbito para as idades até aos 14 anos(4). As mortes

provocadas por esta causa representaram 1,6% da mortalidade no país,

observando-se um maior peso na mortalidade das mulheres (3,1%)(4). Verifica-se

que 29,2% dos óbitos por esta causa registados para as mulheres observaram-se

na Área Metropolitana de Lisboa e 13,0% na do Porto(4). Por outro lado, as

menores taxas de óbitos registaram-se nas regiões do Alto Tâmega (0,7%) e nas

terras de Trás-os-Montes (0,9%)(4).

Em 2012 a incidência do tumor da mama em Portugal foi de 29,41%, assim

devido aos avanços na deteção/rastreio da neoplasia, às terapias eficazes e aos

cuidados de suporte, o número e a proporção de sobreviventes de cancro está

também a aumentar(2). As taxas de sobrevida aos cinco anos para o cancro da

mama têm vindo a melhorar, com taxas médias de sobrevida estimadas em 73%

nos países desenvolvidos e 57% nos países em desenvolvimento(78).

3. Qualidade de vida em indivíduos com diagnóstico de cancro da

mama

Apesar dos avanços médicos e tecnológicos, os indivíduos com diagnóstico

de cancro permanecem com um aumento do risco de má saúde geral, havendo

uma crescente evidência na literatura que indivíduos com diagnóstico de cancro

muitas vezes têm uma morte não relacionada com a evolução do cancro, mas

devido a outros problemas de saúde(79). De acordo com um estudo americano

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20

verificou-se que a principal causa de morte não cancerosa era devida às doenças

cardiovasculares(80).

Os efeitos secundários do tratamento médico do cancro e as mudanças

de estilo de vida concomitantes (ganho de peso, redução da atividade física após

o tratamento, dieta de baixa qualidade) podem conduzir, em si e por si, a um risco

aumentado de mortalidade e morbilidade(79). Pelo que, indivíduos com diagnóstico

de cancro, incluindo sobreviventes de longo prazo, têm piores resultados de

saúde do que os indivíduos semelhantes sem cancro, independente do tempo

desde o diagnóstico(81).

Em indivíduos com diagnóstico de cancro da mama estudos mostram que

o ganho de peso é um problema comum e persistente que está associado a

consequências adversas para a saúde(53, 82, 83). Mudanças desfavoráveis na

composição corporal, incluindo ganho de gordura e perda de tecido magro

(características da “obesidade sarcopénica”) são predominantes e representam

um risco significativo para o desenvolvimento de comorbilidades, podendo ter

impacto na sobrevida a longo prazo e na qualidade de vida(53, 82, 83). O ganho de

peso de 2kg a 8kg é observado em 68% dos pacientes 3 anos após o diagnóstico

e é ainda maior nos que recebem quimioterapia, mas os mecanismos que causam

esse ganho ainda não são conhecidos(84).

A obesidade foi também associada a um tempo de sobrevida mais curto,

tendo estudos observacionais mostrado que a mortalidade de cancro da mama é

33% mais elevada nos obesos do que nos não obesos e cada aumento de 5kg

está associado a um aumento de 13% na mortalidade específica de cancro da

mama(84). Um estudo de caso controlo mexicano recente em sobreviventes de

cancro da mama mostrou que a obesidade foi significativamente associada com a

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diminuição da saúde física entre os sobreviventes(85). Babaei et al(86),

recentemente demonstraram que os sobreviventes de cancro da mama obesos

apresentavam níveis de leptina altos e alteração de proteínas de fase aguda (com

aumento da proteína C reativa (PCR) e diminuição da albumina sérica), o que é

representativo de um estado de inflamação e aumenta a susceptibilidade dos

pacientes ao desenvolvimento de metástases. No entanto, segundo Chen X et al

a relação entre o IMC aquando do diagnóstico e a sobrevida é uma relação em

forma de U ou J, já que há uma menor sobrevida para mulheres com obesidade

mórbida (IMC> 40kg/m2), mas também para as que têm baixo peso (IMC

<18,5kg/m2)(87). Nas mulheres com obesidade estudos demonstraram que a perda

de peso moderada pode reduzir o risco de recidiva e mortalidade e o controlo do

peso é importante dado o risco de desenvolvimento a longo prazo de diabetes,

doenças cardiovasculares e outras comorbilidades associadas à obesidade(88-90).

Porém, mais pesquisas são necessárias para avaliar especificamente o impacto a

longo prazo da obesidade entre a população crescente de indivíduos com

diagnóstico de cancro.

A qualidade de vida é um conceito altamente subjetivo, que segundo a

OMS é um conceito multidimensional que abrange fenómenos físicos,

psicológicos e sociais(91). Podendo também ser definida como uma avaliação

subjetiva da positividade ou negatividade de atributos que caracterizam a vida de

um individuo(91). A qualidade de vida deve ser a tradução da perceção individual

da vida do individuo relativamente ao contexto cultural e de valores em relação

aos seus objetivos, expectativas, padrões de referência e interesses(91).

Quando a qualidade de vida diz respeito à saúde é denominada

qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS). A QVRS é uma medida de

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resultado e é definida, como a perceção individual de bem-estar, compreendendo

uma perspetiva multidimensional que geralmente engloba a dimensão física,

psicológica, social, sexual, da sua independência e crenças pessoais,

enfatizando-se quer aspetos negativos quer positivos, nestes mesmos

domínios(92). Em geral, a QVRS quantifica os aspetos psicológicos, sociais e

físicos da terapia e da própria doença(93).

O cancro altera todos os domínios da qualidade de vida e as sequelas dos

tratamentos, que podem surgir ou persistir durante anos, muitas vezes

repercutem-se no bem-estar dos sobreviventes(92).

No modelo específico para avaliação da QVRS em indivíduos com

diagnóstico de cancro, a maioria dos autores consideram a necessidade de

avaliação de quatro domínios: o bem-estar físico, o bem-estar psicológico, o bem-

estar social e o bem-estar espiritual, que são consistentes com as opiniões

predominantes do que constitui as principais dimensões da qualidade de vida na

literatura(94-96).

Ao longo do tempo vários estudos relataram a influência de diversos

fatores na QVRS de indivíduos com diagnóstico de cancro como o estádio da

doença no momento do diagnóstico, o tratamento recebido, o apoio social e o

estatuto socioeconómico (97-100). Vários estudos demonstraram que mulheres com

cancro da mama com um rendimento familiar maior tinham uma qualidade de vida

melhor em relação às outras(97, 98, 101). Também a idade do paciente no momento

do diagnóstico, a presença de comorbilidades e o tempo desde o diagnóstico

podem ser determinantes da QVRS de indivíduos com diagnóstico de cancro(97-99,

102).

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O tempo tem um papel fundamental no processo de adaptação, pois cinco

anos após o diagnóstico, 92% das inquiridas (n = 185) avaliam a sua saúde como

boa ou excelente tanto no domínio físico como mental (103). O número de anos

desde o diagnóstico é potencialmente importante, pois a passagem do tempo

pode reflectir um distanciamento das memórias do stress inicial da doença(104).

Hsu et al(105), corroboram estes dados já que segundo estes 1 ano após o

diagnóstico já era possível observar melhorias significativas na QVRS de

mulheres com cancro da mama, sendo essas melhorias mais evidentes 12,5 anos

após o diagnóstico quando comparadas ao momento do diagnóstico. No entanto,

em outro estudo, os autores verificaram que as mulheres 18 meses após a

mastectomia, apesar de melhorias apresentavam ainda problemas com a

qualidade de vida global, dor, sintomas no braço e alteração da imagem corporal,

sugerindo que maiores benefícios ocorrerão a longo prazo(106).

Num estudo transversal recente, em mulheres com cancro da mama

francesas, Chu et al(107) verificaram que 5 anos após o diagnóstico de cancro da

mama o estádio da doença no momento do diagnóstico, bem como o tratamento

recebido, não eram determinantes da qualidade de vida, apenas a idade no

momento do diagnóstico e a presença de comorbilidades foram encontrados para

serem determinantes. Sendo que mulheres mais velhas relataram um

funcionamento físico pior do que as mais jovens e apresentavam mais

comorbilidades(107). Mulheres com duas ou mais comorbilidades tinham uma

qualidade de vida pior do que os sujeitos sem comorbilidades(107). Resultados

semelhantes foram encontrados por Dialla et al(108), que observaram que

mulheres com idade inferior a 65 anos, com diagnóstico de cancro superior a 5

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anos apresentaram uma melhor qualidade de vida e uma maior disponibilidade de

apoio social do que as mulheres com idade superior a 65 anos.

De entre os sintomas que mais afetam a QVRS destaca-se a fadiga

relacionada com o cancro que tem sido documentada como um dos sintomas

mais angustiantes entre sobreviventes de cancro da mama, com grande impacto

sobre a sua qualidade de vida(109). Segundo um estudo de intervenção indivíduos

que fazem mudanças favoráveis no seu estilo de vida após o diagnóstico de

cancro sentem menos fadiga e podem diminuir o risco de recorrência do

cancro(110).

Existem porém, outros sintomas relacionados com o tratamento do cancro

como afrontamentos, artralgias, neuropatia, disfunção sexual e cognitiva bem

como outras patologias como osteoporose, disfunção cardíaca, infertilidade e

cancros secundários, que interferem na QVRS de indivíduos com diagnóstico de

cancro da mama(111).

Zainal et al(112), numa meta-análise verificaram que indivíduos com

diagnóstico de cancro da mama estão em risco de depressão, estando esta

associada com diversas variáveis sociodemográficas, fatores relacionados com o

cancro, os tratamentos, o estilo de vida e a qualidade de vida.

Como já abordado, a longo prazo os indivíduos com diagnóstico de cancro

da mama têm um risco aumentado de problemas cardiovasculares, cancros

secundários e problemas ósseos como resultado dos efeitos colaterais dos

tratamentos, o que pode afetar a sua sobrevida livre de doença e, finalmente, a

sobrevida global(100, 113). Muitas das comorbilidades já existentes como obesidade,

hipertensão, hiperlipidemia e diabetes potenciam ainda mais o risco de

aparecimento de outras comorbilidades cardiovasculares(113). Assim, são

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importantes mudanças no estilo de vida, sobretudo na dieta e prática de AF de

indivíduos com diagnóstico de cancro da mama de forma a aumentar a sua

qualidade de vida(113).

A avaliação da QVRS é importante não só para o individuo com diagnóstico

de cancro da mama, mas também para os profissionais de saúde, já que entre

outros esta medição ajuda na melhoria do acompanhamento dos indivíduos, ajuda

a avaliar o impacto dos tratamentos e auxilia os profissionais a desenvolver

estratégias de intervenção que vão de acordo com as necessidades destes

indivíduos(114) .

4. Atividade física e cancro da mama

Segundo as recomendações da American Cancer Society (ACS) e da

World Cancer Research Fund (WCRF) os indivíduos com diagnóstico de cancro

devem logo que possível, após o diagnóstico, praticar exercício físico e limitar as

atividades sedentárias, como ver televisão(115, 116).

De facto, estudos de intervenção em indivíduos com diagnóstico de cancro

da mama demonstram que indivíduos fisicamente ativos são capazes de ter uma

melhor qualidade de vida e um melhor estado de saúde(117, 118). As características

individuais, o tipo e a intensidade do exercício, bem como o tempo de diagnóstico

e estádio do cancro podem ter influência sobre o benefício da AF, no entanto,

vários estudos em mulheres com cancro da mama, mostram que o exercício físico

de intensidade moderada está associado a vários resultados favoráveis como a

melhoria física, psicológica e da qualidade de vida global(117, 119).

Estudos epidemiológicos sugerem a existência de um possível efeito

positivo da AF sobre a incidência do cancro da mama primário (reduzindo o risco

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de cancro da mama de 15% a 20%), na prevenção secundária após o diagnóstico

e na prevenção da mortalidade(120-122).

Um estudo recente, com dados de 9513 mulheres com cancro da mama, a

maioria na pós-menopausa, conclui que depois do tratamento ativo, mulheres

com muito baixa AF (inferior a 30minutos de caminhada diária), com obesidade e

comorbilidades (diabetes e hipertensão) tinham um aumento do risco de

mortalidade, estando a baixa AF associada a um aumento desse risco de

22%(123).

Em outro estudo, investigadores após uma intervenção de 12 meses em

mulheres sobreviventes de cancro da mama demonstraram que o treino físico de

atividade moderada combinado com uma alimentação saudável aumenta a

capacidade funcional cardiovascular e a função endotelial(124). Steindorf et al(118),

demonstraram que um programa de treino de resistência de 12 semanas, 2 vezes

por semana teve melhorias sobre a fadiga e a qualidade de vida em mulheres a

fazer radioterapia. Da mesma forma, Hagstrom et al(125), num estudo recente

verificaram que o exercício de resistência 3 dias por semana durante 16 semanas

melhorou significativamente a perceção da fadiga e a qualidade de vida em

sobreviventes de cancro da mama.

5.A Dieta Mediterrânica

A DM foi considerada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura) como Património Cultural Imaterial da

Humanidade e pela OMS como um padrão de excelência a seguir(126, 127). A DM

refere-se ao padrão alimentar estabelecido em países da bacia do mediterrâneo,

cujo conceito tradicional foi introduzido por Ancel Key no início de 1960, com

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enfâse no baixo teor de lípidos saturados e a sua associação com a baixa

incidência de doença arterial coronária(128).

Na literatura existem várias definições de DM, mas geralmente têm em

comum os principais componentes: elevado consumo de vegetais, frutas, cereais

integrais, legumes, azeite e peixe (especialmente espécies marinhas), a baixa

ingestão de gorduras saturadas (presentes principalmente em gorduras animais

como na manteiga e carnes vermelhas), o moderado consumo de lacticínios e o

consumo regular e moderado de etanol durante as refeições (principalmente

proveniente do vinho tinto)(129-131). Em termos nutricionais pode-se caracterizar

este padrão como: rico em glícidos complexos; pobre em açúcar refinado, em

ácidos gordos saturados, gorduras trans e colesterol; rico em ácidos gordos

monoinsaturados (ácido oleico); e, moderado em proteínas e ácidos gordos

polinsaturados (PUFA), fornecendo um perfil ideal de n-3 e n-6(129, 131, 132).

Devido ao seu elevado teor em frutas e vegetais a DM possui uma enorme

riqueza em vitaminas e minerais, fornecendo todos os nutrientes essenciais ao

organismo(129, 131, 132). É também rica em compostos bioativos provenientes desta

gama de alimentos, como o licopeno (do tomate), os compostos sulfurosos (de

alhos e cebolas), os indóis (das couves e brócolos), os fitoquimicos (como

glucosinolatos, ditioltionas e a ubiquinona), os compostos polifenólicos (como o

hidroxitirosol e o ácido cafeíco) e os bioflavonóides (como quercetina,

antocianinas, procianinas e taninos), presentes também no vinho tinto e que

conferem propriedades antioxidantes(129, 130, 133). Além disto, na DM privilegia-se o

consumo de alimentos essencialmente consoante a sua sazonalidade, deste

modo supõe-se que a sua frescura maximize o seu teor em micronutrientes(131,

134).

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28 Figura 2: A pirâmide da Dieta Mediterrânica, desenvolvida pela Fundação da Dieta

Mediterrânica(135)

.

No entanto a DM muito mais que uma dieta representa um estilo de vida. A

Fundação da dieta Mediterrânica desenvolveu uma pirâmide alimentar adaptada

para as variações no padrão alimentar entre as diferentes regiões e culturas do

mediterrâneo, que inclui informações relacionadas com o estilo de vida

mediterrânico, com indicações de carácter cultural e social, bem como a

importância do exercício físico e convívio(135) (como representado na figura 2).

Nesta representação gráfica apresentam-se na base os alimentos que devem ser

consumidos em maior quantidade na alimentação diária, e nas camadas

superiores apresentam-se os alimentos que devem ser consumidos com

moderação, reservando-se para ocasiões festivas e excecionais(135). Destaca-se

também a recomendação de um consumo diário de água de 2 litros(135). Além

disto, refere o número de porções aconselhado para a população adulta saudável,

devendo ser adaptada às necessidades específicas de crianças, grávidas e outras

condições de saúde(135).

Apesar dos benefícios da DM nas últimas décadas tem-se verificado um

afastamento dos países mediterrânicos em relação à mesma(115, 129, 136-139).

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29

5.1. Dieta Mediterrânica e cancro da mama

Por todas as características nutricionais referidas, anteriormente, a DM

possui enormes propriedades benéficas para a saúde, das quais se destaca o seu

efeito na redução do risco de vários tipos de cancro, como vários estudos

demonstram que esta tem a capacidade de diminuir a produção de radicais livres

e reduzir a inflamação crónica que é característica do envelhecimento e que afeta

todos os estádios do cancro(130, 140).

Segundo uma meta-análise a adesão à DM confere proteção em relação à

ocorrência das principais doenças crónico degenerativas(141).

No cancro da mama as recomendações nutricionais gerais de prevenção

passam pela redução do consumo de bebidas alcoólicas, da carne vermelha e

gordura dietética total e o aumento do consumo de vegetais e frutas, sendo a DM

associada à prevenção de cancro(142-144). No entanto, segundo uma revisão

recente de estudos de coorte e caso controlo apesar de existirem evidências que

sugerem um efeito protetor da adesão à DM e do risco de cancro da mama não

há dados suficientes que permitam chegar a uma conclusão sobre o seu

potencial, sendo necessários mais estudos(145). Couto et al(146) num estudo de

coorte Suíço com 49258 mulheres entre os 30 e 49 anos não encontraram uma

associação estatisticamente significativa entre a adesão à DM e o risco de cancro

da mama. Da mesma forma numa meta-análise de estudos observacionais

recente não se encontraram alterações significativas entre a adesão à DM e o

risco de cancro da mama(147).

Por outro lado, segundo um estudo grego da coorte de Investigação

Prospectiva Europeia sobre Cancro e Nutrição (EPIC), a adesão à DM está

associada a uma redução do risco de cancro da mama em mulheres na pós

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menopausa(148). Sendo que, os mecanismos biológicos presentes nesta redução

do risco de cancro pela DM podem estar associados ao seu teor equilibrado de

ácidos gordos n-6 en-3, a quantidades elevadas de fibra, antioxidantes e

polifenóis(142).

O azeite, os cereais integrais e o consumo de peixe na DM influenciam

favoravelmente o risco de cancro(149, 150). Estudos recentes (132, 150) têm confirmado

estes resultados, sendo que, por exemplo, num estudo o consumo de cereais

integrais mais de 7 vezes/semana foi associado com 0,49 vezes menos

probabilidade de ter cancro da mama(151).

Berrino et al(152), num estudo recente, com dados do ensaio clínico

espanhol de “prevenção primária da doença cardiovascular com uma dieta

mediterrânica” (PREDIMED) verificaram que a DM suplementada com azeite extra

virgem (tendo os participantes do grupo de intervenção recebido 1litro de azeite

extra virgem para eles e familiares) diminui o risco de cancro da mama invasivo.

Assim verificou-se que um alto consumo de azeite extra virgem (maior ou igual a

15% do valor energético diário) possuía efeito protetor contra o risco de cancro da

mama invasivo(152).

Tal como referido anteriormente nesta introdução, existe também uma

associação entre cancro da mama na pós-menopausa e obesidade, desta forma

uma explicação para a proteção conferida pela DM pode ser o seu poder anti-

obesidade, em que vários estudos mostram uma associação inversa entre a DM e

a adiposidade, que pode ser explicado pelo teor elevado da DM em produtos

vegetais, ricos em fibra, gorduras monoinsaturadas e em produtos com baixa

densidade energética(153, 154). A DM associa-se, também, positivamente com os

níveis de adiponectina(155-157).

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Finocchiaro et al(158) num estudo recente em sobreviventes com cancro da

mama demonstraram que com uma intervenção nutricional de acordo com as

recomendações da ACS e WCRF e modeladas na DM, a aderência à DM foi

melhorada e a intervenção foi eficaz na redução do IMC e perímetro da cintura.

Por sua vez, Makarem et al(159), numa revisão evidenciaram que a gordura

saturada pode exercer um efeito negativo sobre a mortalidade por cancro da

mama enquanto que a gordura n-3 pode ser benéfica.

Assim e pela sua composição, os princípios e benefícios a DM corrobora

com as recomendações para sobreviventes de cancro da ACS(115).

Quanto à influência da dieta sobre a qualidade de vida de indivíduos com

diagnóstico de cancro da mama, dados literários revelam que ainda não é

conclusivo o efeito, e apesar de 2 ensaios clínicos de intervenção nutricional em

sobreviventes de cancro da mama sugerirem que reduzir a ingestão de gordura

ou aumentar o consumo de frutas, legumes e fibras não iria levar a um melhor

prognóstico, outros estudos referem que a qualidade da dieta está associada a

melhorias na QVRS(160-162).

Tendo recentemente, um estudo com dados dos ensaios clínicos Diet and

Androgens-5 (DIANA-5) com 1208 mulheres com cancro da mama invasivo em

estádio inicial mostrado que o estabelecimento da DM associada à prática de AF

pode reduzir a recorrência de cancro da mama(163).

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Objetivos

Objetivo Geral:

Verificar a associação do efeito isolado da adesão à DM e combinado com

a prática de AF com a qualidade de vida de mulheres com diagnóstico de cancro

da mama.

Objetivos Especificos:

1. Avaliar a adesão à DM dos indivíduos com diagnóstico de cancro da

mama;

2. Comparar os indivíduos com diagnóstico de cancro da mama quanto à sua

adesão isolada à DM e combinada com a prática de AF em relação às suas

características sociodemográficas, clinicas e prática de AF;

3. Determinar a ingestão nutricional entre os indivíduos com diagnóstico de

cancro da mama, de acordo com a sua adesão isolada à DM e combinada

com a prática de AF.

4. Avaliar a qualidade de vida de indivíduos com diagnóstico de cancro da

mama de acordo com a sua adesão isolada à DM e combinada com a

prática de AF.

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33

Material e Métodos

Este é um estudo transversal cuja recolha de dados culminou com a fase

inicial do estudo Cancer Survivor Study (CASUS), um estudo de coorte levado a

cabo pela equipa do Centro de Investigação em Atividade Física e Lazer da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (CIAFEL-FADEUP) e que

pretende caracterizar os indivíduos com diagnóstico de cancro portugueses

quanto à sua alimentação, AF e qualidade de vida. Neste estudo, foram

recolhidos dados em várias instituições portuguesas que prestam apoio a

indivíduos com diagnóstico de cancro. A recolha de dados foi efectuada entre

Outubro de 2014 e Janeiro de 2016.

A participação neste estudo foi restrita a indivíduos que atendessem aos

seguintes critérios de inclusão: (1) terem diagnóstico de cancro da mama; (2)

idade acima de 18 anos no momento da recolha de dados; (3) apresentarem uma

neoplasia com estádio entre I e III e do subtipo molecular luminal A ou B; (4)

terem terminado o tratamento ativo (com excepção da hormonoterapia); (5) terem

uma neoplasia primária; (6) serem capazes de falar, entender e escrever

português. E aos seguintes critérios de exclusão: (1) terem neoplasia múltipla ou

recorrência e (2) apresentarem demência ou outras doenças mentais que

tornassem impossível o preenchimento de questionários corretamente.

A amostra deste estudo foi constituída por 75 mulheres com diagnóstico de

cancro da mama portuguesas.

Todos os indivíduos que aceitaram participar no estudo assinaram um

consentimento informado de acordo com a Declaração de Helsínquia da

Associação Médica Mundial para estudos em humanos (ver anexo A).

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Para a recolha de dados foram aplicados questionários para avaliar as

características sociodemográficas e clinicas, a AF, a ingestão alimentar e

nutricional e a qualidade de vida:

Características sociodemográficas e clínicas

As características demográficas e clínicas foram avaliadas através de

um questionário contendo perguntas sobre dados demográficos (idade,

nível de escolaridade, etnia, estado civil, situação profissional e rendimento

mensal); o peso corporal, estatura, tabagismo, consumo de bebidas

alcoólicas, acompanhamento nutricional, uso de suplementos nutricionais,

medicação, comorbilidades, tipo de tratamentos (quimioterapia,

radioterapia, cirurgia, quimioradioterapia, hormonoterapia e outro), datas de

início e final do tratamento e estádio do cancro;

O cálculo do IMC foi efetuado dividindo o peso (auto-reportado), pela

estatura2 (auto-reportada) e o estado nutricional classificado de acordo com

os critérios da OMS(47), em: baixo peso (para um IMC inferior a 18,5 kg/m2);

peso normal (para um IMC entre 18,5 kg/m2 e 24,9 kg/m2); excesso de

peso (para um IMC entre 25 kg/m2 e 29,9 kg/m2) e obesidade (para um

IMC superior ou igual a 30 kg/m2).

Neste estudo, o tempo desde o diagnóstico de cancro da mama foi

classificado como menor ou igual a 1 ano(105), de 2 a 4 anos e maior ou

igual a 5 anos. Para a variável do nível de escolaridade, os indivíduos

foram divididos em três categorias que refletiam a organização do sistema

educativo português: ensino básico (≤9 anos de escola), secundário (10º a

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12º ano de escolaridade), e faculdade / universidade (> 12º ano de

escolaridade).

O estado civil foi classificado em solteira, casada/ em união de facto,

divorciada e viúva. Os hábitos tabágicos foram divididos em 3 categorias:

“nunca fumou”, “fuma” ou “ex-fumador”. E, a situação profissional foi

dividida em 4 categorias, consoante as características da amostra em

reformada, desempregada, empregada (no ativo) e de baixa médica.

Atividade Física

Para avaliar a AF foi utilizado o questionário de Atividade Física

Internacional (IPAQ) na sua versão curta. O IPAQ tem sido largamente

utilizado em pesquisas epidemiológicas e é considerado uma ferramenta

válida para avaliar a AF em adultos(164). A validade e confiabilidade de

dados de 12 países (incluindo Portugal) mostraram que o IPAQ tem

validade e confiabilidade comparáveis à de um acelerómetro(164). O IPAQ

avalia separadamente a AF de intensidade vigorosa, moderada e o

caminhar, fazendo a sua avaliação em termos de frequência e duração de

cada tipo específico de atividade, nos últimos 7 dias. Este instrumento

também relata o tempo gasto sentado num fim-de-semana e num dia de

semana normal. De acordo com as directrizes para o processamento e

análise de dados do IPAQ, a AF total pode ser expressa como equivalente

metabólico (MET) em minutos por semana, ponderando os minutos por

semana obtidos em cada categoria de atividade específica pelo equivalente

metabólico de cada atividade (Atividade Física Total = 3,3 MET x minutos a

caminhar x dias da caminhada + 4,0 MET x minutos de atividade física de

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intensidade moderada x dias de atividade física de intensidade moderada +

8,0 MET x minutos de atividade física de intensidade vigorosa x dias de

atividade física de intensidade vigorosa)(165).

Neste estudo a prática de AF foi classificada em Total (que

corresponde à soma de todas as AF), AF moderada (para os indivíduos

que atingissem um mínimo de pelo menos 600 MET/min/semana de A.F.) e

AF vigorosa (para os indivíduos que atingissem um mínimo de pelo menos

1500 MET/min/semana de A.F.)(165).

Ingestão alimentar e nutricional

A ingestão alimentar e nutricional foi avaliada através do

questionário de frequência alimentar semi- quantitativo (QFA), referente ao

período de 12 meses antecedentes à data da entrevista . Este questionário

foi validado para adultos portugueses(166, 167) e elaborado de acordo com

critérios estabelecidos por Willett(168), sendo adaptado para incluir uma

variedade de comida típica portuguesa. O QFA inclui 86 categorias de itens

de alimentos e bebidas. Para cada item, o questionário oferece nove

opções de resposta fechada de frequência de consumo, que vão desde

"Nunca" a "6 ou mais vezes por dia" com a medição do tamanho da porção

e sazonalidade. Todos os alimentos não listados no questionário podem

ainda ser listados pelos participantes numa secção de resposta livre.

A ingestão energética e nutricional foi avaliada tendo em conta a

frequência, a porção e a sazonalidade de cada alimento. A análise de

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nutrientes foi realizada utilizando o software SQL Food Processor (ESHA

Research Inc., Salem, OR, EUA).

Dieta Mediterrânica

A adesão à DM foi calculada usando o índice desenvolvido por

Trichopoulou et al (169), que é constituído por 9 componentes/ grupos de

alimentos: razão entre a gordura monoinsaturada e saturada; hortícolas;

leguminosas; frutas e frutos secos; cereais; lacticínios e derivados; carne e

derivados; peixe e marisco e etanol. Assim para o grupo das hortícolas,

leguminosas, frutas e frutos secos, cereais, peixe e marisco e razão de

gordura monoinsaturada e saturada, indivíduos com um consumo abaixo

da mediana recebem “0 pontos”, e indivíduos com um consumo acima da

mediana recebem “1 ponto”. Para o grupo das carnes e derivados,

lacticínios e derivados, por serem consumidos em menor quantidade na

DM tradicional, indivíduos com um consumo abaixo da mediana recebem

“1 ponto”, e indivíduos com um consumo acima da mediana recebem “0

pontos”. Para o consumo de etanol,”1 ponto” é obtido para mulheres com

consumo entre 5 e 25g/dia. Sendo que a pontuação varia entre 0 pontos

(mínima adesão à DM) e 9 pontos (máxima adesão à DM).

Neste estudo considerou-se que uma pontuação de 0 a 4

representava uma baixa adesão à DM e que uma pontuação de 5 a 9 era

representativo de uma elevada adesão à DM, tendo o ponto de corte sido

feito pela mediana da pontuação total.

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Para avaliar o efeito combinado da adesão à DM com a prática de AF,

foram atribuídos 0 pontos a quem tinha um nível de AF moderada a vigorosa

inferior a 600 MET/min/ semana e 1 ponto a quem tinha igual ou mais. Assim a

pontuação total combinado variou entre 0 e 10 pontos, sendo que se considerou

que uma pontuação de 0 a 4 representava uma baixa adesão à DM e que uma

pontuação de 5 a 10 era representativo de uma elevada adesão à DM, tendo o

ponto de corte sido feito pela mediana da pontuação total para a DM combinada

com a prática de AF.

Qualidade de vida

Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o Questionário da Qualidade

de Vida da Organização Europeia para a pesquisa e Tratamento do Cancro

(EORTC QLQ-C30), na versão 3, que tem sido amplamente utilizado na

investigação da qualidade de vida no cancro(170). Este questionário incorpora

cinco escalas funcionais (física, ocupacional (ou desempenho de papéis),

cognitiva, emocional e social), três escalas de sintomas (fadiga, dor, náuseas e

vómitos), um estado de saúde global e uma série de itens individuais que

avaliam sintomas adicionais relatados por pacientes com cancro (por exemplo,

dispneia, perda de apetite, insónia, obstipação e diarreia) e a perceção do

doente sobre o impacto da doença na sua vida financeira. É composto por 30

questões de escolha múltipla. Para as escalas funcionais e de sintomas e itens

individuais as possibilidades de resposta variam entre 1 a 4, em que 1

corresponde a “Não” e 4 a “Muito”. Nas questões acerca da classificação geral

da saúde e da qualidade de vida global as possibilidades de resposta variam

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entre 1 a 7, sendo que “1” corresponde a “Péssimo” e “7” corresponde a

“Ótimo”.

A pontuação EORTC QLQ-C30 foi calculada de acordo com métodos

publicados, em que todas as escalas e itens únicos variam entre a pontuação

de 0 a 100. Sendo que classificações mais elevadas para escalas funcionais e

de estado de saúde global refletem um nível mais elevado de funcionamento/

qualidade de vida(171). Assim, considera-se que a amostra apresenta uma boa

qualidade de vida quando para as escalas funcionais e de saúde global os

valores estão acima de 60 e para as escalas dos sintomas os valores estão

abaixo de 30(170).

Análise Estatística

A análise estatística efetuou-se com recurso ao programa Statistical

Package for Social Sciences, versão 23 (SPSS Inc., IBM, Chicago, IL, USA) para

o Windows.

A normalidade das variáveis contínuas foi verificada através do teste de

Kolmogorov – Smirnov.

De seguida, efetuou-se a análise descritiva das variáveis, tendo-se utilizado

a média e o desvio padrão (para as variáveis que seguiam uma distribuição

normal) e a mediana, desvio interquartil, o mínimo e o máximo (para as variáveis

que não apresentavam uma distribuição normal). Para verificar a existência de

diferenças entre as médias das variáveis contínuas com distribuição normal usou-

se o teste de T-student e para as que não seguiam uma distribuição normal foi

usado o teste de Mann-Whitney, para comparação das medianas. Para verificar a

independência das variáveis categóricas utilizou-se o teste do Qui-quadrado.

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A associação entre a qualidade de vida e o efeito isolado da adesão à DM

e combinado com a prática de AF foi determinada através de modelos de

regressão linear. Os modelos de regressão linear foram ajustados para os

seguintes confundidores: escolaridade e tempo desde o diagnóstico. Todos os

modelos foram avaliados quanto à normalidade dos resíduos, bem como para a

presença de resíduos superiores a 3,3 DP. A multicolinearidade também foi

verificada, utilizando o fator de inflação de variância e coeficiente de correlação.

Rejeitou-se a hipótese nula quando o nível de significância crítico para a

sua rejeição (p) foi inferior a 0,05.

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Resultados

A tabela 2 apresenta as características sociodemográficas e clínicas da

amostra total e de acordo com a adesão à DM isoladamente e combinada com a

prática de AF.

A média de idades obtida foi de 55 anos, 56% apresentava um nível de

escolaridade inferior ou igual ao 9ºano, sendo que a maioria das mulheres eram

casadas (60,9%), estavam no ativo (42,7%) e nunca tinham fumado (77,3%). No

que respeita ao tempo desde o diagnóstico a maioria das mulheres (52%) tinha

tido o diagnóstico há 5 ou mais anos. As comorbilidades mais frequentes foram a

hipertensão (21,3%) e a hipercolesterolemia (25,3%).

No que respeita ao IMC 54,6% das mulheres tinha excesso de peso/

obesidade e apenas 16% frequentava consultas de nutrição.

Verificou-se que 61% das mulheres teve uma baixa adesão à DM e 57%

teve uma baixa adesão à DM combinada com a prática de AF.

Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre as

características sociodemográficas e clínicas e a adesão à DM, verificando-se o

mesmo para a combinação da adesão à DM com a prática de AF.

Em relação à prática de AF e a adesão à DM, também não foram

encontradas diferenças significativas. Tendo-se verificado que apenas 29,3%

(n=22) das mulheres tinha uma AF igual ou acima dos 600 MET/min/semana.

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Tabela 2: Características sociodemográficas e clínicas da amostra total e de acordo com a adesão à dieta mediterrânica e a adesão à dieta mediterrânica

com a atividade física.

Total

(n=75)

Dieta Mediterrânica Dieta Mediterrânica com atividade física

Baixa adesão

(n=46)

Elevada adesão

(n=29) p

Baixa adesão

(n=43)

Elevada adesão

(n=32) p

Idade, anosa 55±10,10 55,2±10,50 54,7±9,48 0,815* 55,2± 10,57 54,8±9,48 0,854*

IMC, kg/m2a

26,2±5,23 26,5±5,16 25,7±5,39 0,512* 26,7±5,27 25,5±5,17 0,310*

Estado nutricional, n(%) n.a. n.a.

Baixo peso 1 (1,3) 0 (0) 1 (3,4) 0 (0) 1 (3,1)

Peso normal 33 (44) 20 (43,5) 13 (44,8) 17 (39,5) 16 (50)

Excesso de peso 22 (29,3) 13 (28,3) 9 (31) 13 (30,2) 9 (28,1)

Obesidade 19 (25,3) 13 (28,3) 6 (20,7) 13 (30,2) 6 (18,8)

Estado civil, n(%) n.a. n.a.

Solteiro 12 (16) 8 (17,4) 4 (13,8) 8 (18,6) 4 (12,5)

Casado/União de facto 50 (60,9) 28 (60,9) 22 (75,9) 25 (58,1) 25 (78,1)

Divorciado 8 (10,7) 6 (13) 2 (6,9) 6 (14) 2 (6,3)

Viúvo 1 (3,4) 4 (8,7) 5 (6,7) 4 (9,3) 1 (3,1)

Nível educacional, n(%) 0,858*** 0,841***

≤9º ano 42 (56) 26 (56,5) 16 (55,2) 25 (58,1) 17 (53,1)

10-12º ano 12 (16) 8 (17,4) 4 (13,8) 6 (14) 6 (18,8)

>12ºano 21 (28) 12 (26,1) 21 (28) 12 (27,9) 9 (28,1)

Hábitos tabágicos, n(%) n.a. n.a.

Nunca fumou 55 (77,3) 35 (76,1) 20 (69) 33 (76,7) 22 (68,8)

Fuma 8 (10,7) 6 (13) 2 (6,9) 5 (11,6) 3 (9,4)

Ex-fumador 12 (16) 5 (10,9) 7(24,1) 5 (11,6) 7 (21,9)

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Tabela 2: Continuação

Total (n=75)

Dieta Mediterrânica Dieta Mediterrânica com atividade física

Baixa adesão

(n=46)

Elevada adesão

(n=29) p

Baixa adesão

(n=43)

Elevada adesão

(n=32) p

Situação profissional n(%) n.a. n.a.

No ativo 32 (42,7) 20 (43,5) 12 (41,4) 19 (44,2) 13 (40,6)

Reformada 24 (32) 15 (32,6) 9 (31) 13 (30,2) 11 (34,4)

Desempregada 11 (14,7) 6 (13) 5 (17,2) 6 (14) 5 (15,6)

Baixa Médica 8 (10,7) 5 (10,9) 3 (10,3) 5 (11,6) 3 (9,4)

Consulta Nutrição, n(%) n.a. 0,575***

Não 63 (84) 40 (87) 23 (79,3) 37 (86) 26 (81,3)

Sim 12 (16) 6 (13) 6 (20,7) 6 (14) 6 (18,8)

Co-morbilidades, n(%)1

Diabetes tipo 1 3 (4) 3 (6,5) 0 (0) n.a. 3 (7) 0 (0) n.a.

Diabetes tipo2 5 (6,7) 4 (8,7) 1 (3,4) n.a. 3 (7) 2 (6,3) n.a.

Hipertensão 16 (21,3) 8 (17,4) 8 (27,6) 0,294*** 8 (18,6) 8 (25) 0,504***

Hipercolesterolemia 19 (25,3) 12 (26,1) 7 (24,1) 0,850*** 12 (27,9) 7 (21,9) 0,552***

Hipertrigliceridemia 4 (5,3) 2 (4,3) 2 (6,9) n.a. 2 (4, 7) 2 (6,3) n.a.

Problemas renais 1 (1,3) 0 (0) 1 (3,4) n.a. 0 (0) 1 (3,1) n.a.

Problemas cardíacos 6 (8) 4 (8,7) 2 (6,9) n.a. 3 (7) 3 (9,4) n.a.

Asma 2 (2,7) 2 (4,3) 0 (0) n.a. 2 (4,7) 0 (0) n.a.

Tempo desde o diagnóstico, n(%) 0,720*** 0,914***

<1ano 19 (25,3) 12 (26,1) 7 (24,1) 11 (25,6) 8 (25)

2anos – 4 anos 17 (22,7) 9 (19,6) 8 (27,6) 9 (20,9) 8 (25)

≥5 anos 39 (52) 25 (10,7) 14 (10,7) 23 (53,5) 16 (50)

Atividade Física, MET.min.semana

Total b 924 (1770) 1051 (2620,5) 831 (1530,8) 0,338** 852 (2376) 1024,5 (1759,5) 0,907**

Moderada b 0 (600) 0 (720) 0 (600) 0,928** 0 (480) 120 (690) 0,304**

Vigorosa b 0 (0) 0 (120) 0 (0) 0,894** 0 (0) 0 (0) 0,944**

a Os dados são médias ±desvio padrão;

b os dados são mediana (desvio interquartil);

1Valores de sim; *p para teste T-student; **p para teste de Mann-Whitney; ***p para teste de Qui-quadrado.

n.a. Qui-Quadrado não aplicável devido ao baixo tamanho amostral

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A tabela 3 apresenta a caracterização da ingestão nutricional da amostra

total e de acordo com a adesão à DM e a adesão à DM e a prática de AF.

Verificou-se uma ingestão hidratos de carbono e de etanol mais elevada

nos participantes com elevada adesão à DM comparativamente com os com baixa

adesão (p <0,05 para todos). Por sua vez, uma ingestão proteica e de ácidos

gordos saturados foi menor nos participantes com elevada adesão à DM

comparativamente com os com baixa adesão (p <0,05 para todos).

No caso da adesão à DM combinada com a prática de AF também se

observou que a ingestão de hidratos de carbono e de etanol foram mais elevadas

no grupo com maior adesão à DM comparativamente ao grupo com menor

adesão à DM (p <0,05 para todos). A ingestão de proteínas e ácidos gordos

saturados foi menor entre o grupo com maior adesão à DM combinada com AF

comparativamente ao grupo com menor adesão à DM combinada com AF (p

<0,05 para todos).

No que respeita à ingestão de energia total, de açúcar, de ácidos gordos

totais e de ácidos gordos mono e polinsaturados não se verificaram diferenças

estatisticamente significativas entre a sua ingestão e a adesão à DM. E essas

diferenças também não foram observadas quanto à adesão à DM combinada com

a prática de AF.

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Tabela 3: Caracterização da ingestão nutricional da amostra total e em relação à adesão à DM e à adesão à DM e a prática de AF.

Total

(n=75)

Dieta Mediterrânica

Dieta Mediterrânica com atividade física

Baixa adesão

(n=46)

Elevada

adesão

(n=29)

p

Baixa adesão

(n=43)

Elevada adesão

(n=32)

p

VET, kcal/diab 3368,9 (2266,1) 3295,3 (2599,9) 3413,9 (1530,6) 0,943** 3295,3 (2599,9) 3413,9 (1530,6) 0,959**

Proteínas, % VETa 17,5± 3,85

18,3±4,19 16,29±2,92 0,028*

18,4±4,27 16,4±2,90

0,025*

Hidratos de carbono, % VETa

50,9± 9,78

48,6±8,73 54,5±10,39 0,009*

48,2±8,12 54,5±10,76 0,005*

Açúcares,% VETb

20,9 (12,76)

20,8 (9,87) 21,4(18,54) 0,349**

20,861 (19,38) 21,08 (19,09) 0,299**

Lípidos totais,% VETa

33,2±6,97

33,9±6,08 31,95±8,15 0,270*

34,1±5,83 31,9±8,19 0,213*

Ácidos gordos saturados,% VETa

8,4±2,40

9,4±2,17 6,8±1,86 <0,001*

9,5±2,14 6,8±1,85 <0,001*

Ácidos gordos

monoinsaturados,% VETb 14,8 (7,66)

14,6 (7,15) 16,0(8,83) 0,905**

14,6(7,01) 16,2 (9,01) 0,864**

Ácidos gordos polinsaturados,%

VETa

6,1±1,35

5,9±1,27 6,4±1,43 0,116*

6,0±1,26 6,3±1,46

0,227*

Etanol, %VETb 0,35 (1,11)

0,00 (1,03) 0,55 (1,26) 0,042**

0,00 (0,99) 0,56 (1,38)

0,020**

a Os dados são médias ±desvio padrão;

b os dados são mediana (desvio interquartil);

*p para teste T-student; **p para teste de Mann-Whitney; VET – valor energético total

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A Tabela 4 apresenta a caracterização dos itens da qualidade de vida do

questionário EORTC QLQ-C 30 da amostra total e em relação à adesão isolada à

DM e combinada com a prática de AF.

Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre os itens

da qualidade de vida e adesão à DM. Da mesma forma, não foram observadas

diferenças entre os itens da qualidade de vida e adesão à DM combinada com a

prática de AF.

É também possível verificar que no total as mulheres com cancro da mama

desta amostra possuíam uma boa qualidade de vida, uma vez que as medianas

da qualidade de vida global e das escalas funcionais estão todas acima dos 60 e

as da escala de sintomas e itens simples estão abaixo de 30.

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Tabela 4: Caracterização dos itens da qualidade de vida do questionário EORTC QLQ-C 30 de acordo com a adesão à DM e da adesão à DM combinada com AF.

DI – desvio interquartil; Min – valor mínimo; Max- valor máximo.

Total

(n=75)

Dieta Mediterrânica Dieta Mediterrânica com atividade física

Baixa adesão

(n=46)

Elevada adesão

(n=29) p

Baixa adesão

(n=43)

Elevada adesão

(n=32) p

Mediana

(DI) Min-Max Mediana (DI) Min-Max Mediana (DI) Min-Max Mediana (DI) Min-Max Mediana (DI) Min-Max

Qualidade de vida global 66,7 (33,33) 16,7-100 66,7 (33,33) 16,7-100 66,7 (33,33) 33,3-91,7 0,728 66,7 (33,33) 16,7-100 66,7 (31,25) 33,3-91,7 0,869

Sub-Escala Funcional 84,4 (24,44) 13,3-100 83,3 (31,11) 13,3-100 84,4 (13,33) 22,2-100 0,905 82,2 (31,11) 13,3-100 84,4 (15) 22,2-100 0,739

Função Física 80 (20) 13,3-100 80 (26,67) 13,3-100 86,7 (20) 26,7-100 0.656 80 (26,67) 13,3-100 83,3 (20) 26,7-100 0,661

Função Ocupacional

(desempenho de papéis)

100 (33,33) 0-100 100 (33,33) 0-100 100 (25) 16,7-100 0,608 100 (33,33) 0-100 100 (29,7) 0-100 0,643

Função cognitiva 83,3 (33,33) 0-100 83,3 (50) 0-100 83,3 (16,67) 0-100 0,554 83,3 (50) 0-100 83,3 (16,67) 0-100 0,731

Função emocional 83,3 (41,67) 0-100 75 (52,08) 0-100 83,3 (29,17) 0-100 0,423 75 (50) 0-100 83,3 (31,25) 0-100 0,384

Função social 100 (33,33) 0-100 100 (33,33) 0-100 83,3 (33,33) 0-100 0,647 100 (33,33) 0-100 83,4 (33,33) 0-100 0,506

Sub-escala de sintomas e

itens simples

15,4 (20,51) 0-82,1 15,4 (21,79) 0-82,1 15,4 (16,67) 0-82,1 0,930 15,4 (20,51) 0–82,1 15,4 (17,31) 0-82,1 0,944

Fadiga 22,2 (22,22) 0-100 22,2 (33,33) 0-100 22,2 (33,33) 0-100 0,383 22,2 (33,33) 0-100 22,2 (30,56) 0-100 0,479

Náusea e vómito 0 (0) 0-100 0 (0) 0-100 0 (0) 0-100 0,873 0 (0) 0-100 0 (0) 0-00 0,875

Dor 16,7 (33,33) 0-100 16,7 (37,50) 0-100 16,7 (33,33) 0-100 0,779 16,7 (33,33) 0-100 16,7 (33,33) 0-100 0,753

Dispneia 0 (0) 0-66,7 0 (0) 0-66,7 0 (0) 0-66,7 0,356 0 (0) 0-66,7 0 (0) 0-66,7 0,545

Insónia 33,3 (66,67) 0-100 16,7 (75) 0-100 33,3 (33,33) 0-100 0,629 0 (66,67) 0-100 33,3 (58,33) 0-100 0,909

Perda de apetite 0 (0) 0-100 0 (33,33) 0-100 0 (0) 0-100 0,413 0 (33,33) 0-100 0 (0) 0-100 0,505

Obstipação 0 (33,33) 0-100 0 (33,33) 0-100 33,3 (33,33) 0-100 0,237 0 (33,33) 0-100 33,3 (33,33) 0-100 0,262

Diarreia 0 (0) 0-33,3 0 (0) 0-33,3 0 (0) 0-33,3 0,489 0 (0) 0-33,3 0 (0) 0-33,3 0,659

Dificuldades financeiras 0 (33,33) 0-100 0 (33,33) 0-100 0 (33,3) 0-100 0,796 0 (33,3) 0-100 0 (33,33) 0-100 0,781

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A Tabela 5 apresenta a associação entre os itens da qualidade de vida e a

adesão à DM e ao efeito combinado da adesão à DM com a prática de AF.

Não se encontraram associações estatisticamente significativas entre a

adesão à DM e os itens da qualidade de vida (p >0,05). Da mesma forma não se

encontraram associações estatisticamente significativas entre os itens da

qualidade de vida e o efeito combinado da adesão à DM e prática de AF (p>

0,05).

Tabela 5: Associação entre os itens da qualidade de vida e a adesão à DM e ao efeito combinado

da adesão à DM com a prática de AF.

Dieta Mediterrânica Dieta Mediterrânica com

atividade física

β IC 95% p β IC 95% p

Qualidade de vida global 0,032 [-2,238; 2,302] 0,977 0,072 [-2,160; 2,305] 0,949

Sub-Escala Funcional 0,938 [-1,659; 3,535] 0,474 1,233 [-1,330; 3,796] 0,341

Função Física 0,833 [-1,575; 3,240] 0,492 1,009 [-1,361; 3,379] 0,399

Função Ocupacional

(desempenho de papéis)

1,486 [-2,240; 5,211] 0,429 1,576 [-2,085; 5,237] 0,394

Função cognitiva 0,575 [-2,879; 4,029] 0,741 1,368 [-2,097; 7,833] 0,434

Função emocional 1,228 [-2494; 4,950] 0,513 1,672 [-2,006; 5,351] 0,368

Função social 0,438 [-3,285; 4,160] 0,815 0,435 [-3,226; 4,097] 0,813

Sub-escala de sintomas e

itens simples

-0,678 [-2,833; 1,477] 0,532 -0,788 [-2.906; 1.330] 0,461

Fadiga -2,199 [-5329; 0,931] 0,166 -2,313 [-5,386; 0,760] 0,138

Náusea e vómito 0,636 [-2168; 3,440] 0,652 0,776 [-1,982; 3,534] 0,576

Dor -0,521 [-3,797; 2,755] 0,752 -0,941 [-4,173; 2,290] 0,563

Dispneia 1,134 [-0,859; 3,126] 0,260 1,004 [-0,961; 2,968] 0,312

Insónia -0,564 [-4,906; 3,778] 0,796 -1,308 [-5,602; 2,985] 0,545

Perda de apetite -0,701 [-3,581; 2,180] 0,626 -0,859 [-3,699; 1,981] 0,548

Obstipação -0,869 [-4,679; 2,940] 0,650 -0,841 [-4,664; 2,983] 0,662

Diarreia 0,164 [-1,164; 1,493] 0,806 0,432 [-0,890; 1,754] 0,516

Dificuldades financeiras -1,617 [-5,749; 2,516] 0,438 -1,403 [-5,475; 2,669] 0,494

β- coeficiente de regressão não estandardizado; IC – intervalo de confiança.

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Discussão

Neste estudo verificou-se que o efeito combinado da adesão à DM com a

prática de AF não se encontrava associado à qualidade de vida das mulheres

com diagnóstico de cancro da mama, com uma média de 55 anos, após término

do tratamento ativo. Da mesma forma, verificou-se que a adesão à DM não

influenciava a qualidade de vida destas mulheres. Este resultado é consistente

com dados literários, pois segundo uma revisão recente os resultados dos

estudos que associam a dieta à qualidade de vida não são conclusivos, apesar de

realçarem que podem existir efeitos benéficos entre mudanças na dieta e

qualidade de vida de indivíduos com diagnóstico de cancro(160). Demark-

Wahnefried(172,173) em estudos de intervenção envolvendo mulheres com cancro

da mama encontrou melhorias entre mudanças na alimentação e a qualidade de

vida. Sendo que, num dos estudos em que o grupo de intervenção tinha uma

dieta rica em selénio, frutas e legumes e prática de A.F. foram encontrados efeitos

clinicamente significativos ao nível da QVRS e funcionamento físico, mas essa

melhoria não foi estatisticamente significativa(172).

Por sua vez, Wayne et al(162), num estudo prospetivo com mulheres com

cancro da mama encontraram uma relação positiva estatisticamente significativa

entre a qualidade da dieta e a qualidade de vida, sendo essa relação mais forte

para o funcionamento mental que para o funcionamento físico. Ravasco et al(174),

num estudo português onde pretendiam verificar a QVRS com pacientes no início

e no final da radioterapia verificaram que a intervenção nutricional tinha um

impacto positivo na melhoria da qualidade de vida. Blanchard et al(175), num

estudo da ACS com sobreviventes de cancro, incluindo sobreviventes com cancro

da mama mostraram que os indivíduos que seguiram as recomendações para a

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50

AF, consumo de frutas e vegetais e redução do tabagismo, tiveram pontuações

significativamente mais elevados de QVRS. Também estudos de intervenção a

curto prazo, em indivíduos com diagnóstico de cancro da mama baseados em

intervenções de exercício físico e intervenção nutricional, relataram melhores

níveis de QVRS(176-178).

Uma das explicações para estas diferenças evidenciadas anteriormente é

que é difícil separar a influência da ingestão alimentar da influência do peso

corporal ou do estado nutricional sobre a QVRS de mulheres diagnosticadas com

cancro da mama, já que na maioria dos estudos de intervenção através de uma

intervenção nutricional e com a prática de AF, mulheres sobreviventes de cancro

da mama com sobrepeso/ obesidade conseguem uma perda de peso e melhorias

ao nível da QVRS(176-178).

Neste estudo verificou-se ainda que cerca de 61% das mulheres teve

uma baixa adesão à DM. Este resultado é consistente com dados literários que

revelam um distanciamento gradual da população portuguesa ao modelo

alimentar mediterrânico(137-139). Também se encontraram diferenças

estatisticamente significativas entre a ingestão nutricional e a adesão à DM, em

que as mulheres que tiveram uma elevada adesão ao padrão mediterrânico

ingeriam menos proteínas, menos ácidos gordos saturados e mais hidratos de

carbono, o que está de acordo com os princípios da DM tradicional, em que há

um baixo consumo de gorduras saturadas e em que se privilegia o consumo de

cereais integrais, de legumes e fruta, sendo a gordura de eleição o azeite(144).

No que respeita à qualidade de vida da amostra, e segundo o EORTC

QLQ- C30 esta pode-se classificar como boa. Comparativamente com os valores

recomendados por Scott et al(179), para mulheres com diagnóstico de cancro da

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mama entre o estádio I e III e após o tratamento ativo verifica-se que todos os

valores correspondem ao recomendado. Estes resultados são também

consistentes com outros estudos que avaliaram a qualidade de vida de mulheres

com cancro da mama após o tratamento(97, 107, 180, 181). Constata-se ainda que os

sintomas mais relatados, como também seria de esperar pela revisão da literatura

foram a fadiga, a dor e a insónia. De facto, estudos mostram que apesar da

QVRS melhorar com o passar do tempo e logo a partir do 1ºano, os sobreviventes

de cancro da mama permanecem com sintomas independentemente do período

de sobrevivência(105, 109, 182, 183).

Uma das limitações deste estudo é o facto de o peso e a estatura terem

sido auto- reportados, em que segundo estudos tende a haver uma subestimativa

do peso (cerca de 2,4kg nas mulheres) e uma sobrestimavativa da estatura (cerca

de 1cm)(184, 185). Contudo, segundo Fonseca et al(186) estas diferenças não se

refletiram numa mudança relevante nas categorias de IMC, sendo a concordância

entre os dados de 80%. No entanto e apesar do erro inerente verificou-se que

54,6% das mulheres apresentava sobrepeso/ obesidade e apenas 16% das

mulheres era seguida em consultas de nutrição. Além disto, 21,3% tinha

hipertensão e 25,3% tinha hipercolesterolemia, o que vai de encontro ao descrito

na literatura onde se constata o risco de comorbilidades cardiovasculares nesta

população(113).

Uma outra limitação deste estudo foi a impossibilidade devido ao seu

desenho transversal de se avaliar se ocorreram mudanças de hábitos alimentares

e do estilo de vida antes do diagnóstico e após o mesmo, já que estudos relatam

que após o diagnóstico de cancro as pessoas ficam mais sensíveis e mudam os

seus hábitos(187, 188). Além disto, este estudo foi limitado às dimensões de

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52

qualidade de vida avaliadas pelo EORTC QLQ-C 30, não se tendo avaliado

domínios como o da sexualidade e da depressão, por exemplo, que

frequentemente aparecem afetados nesta população(182).

Também se realça as limitações relacionadas com o facto da prática de AF

ter sido obtida por auto relato, através do IPAQ. E, embora este seja um método

válido, segundo um estudo as pessoas tendem a sobrestimar a sua prática de AF,

quando a avaliação é feita a partir de métodos indiretos comparativamente com

os diretos(189). No entanto, apesar disto verificou-se que uma grande parte destas

mulheres (70,7%) não praticava mais de 600 MET/minuto/semana, ou seja eram

inativas, tendo um estudo recente encontrado resultados similares em mulheres

sobreviventes de cancro da mama(180).

Por fim, outra limitação deste estudo prende-se com o facto de o tamanho

da amostra ter sido pequeno o que pode ter diminuído o seu poder.

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Conclusão

A DM é considerada como um padrão alimentar saudável pelos

fundamentos em que se baseia, no entanto os nossos resultados revelaram um

afastamento da amostra em relação à adesão à mesma. Apesar de não se ter

verificado uma associação significativa entre o efeito isolado e combinado da

adesão à DM e a prática de AF com a qualidade de vida de mulheres

diagnosticadas com cancro da mama é importante que estas adotem um estilo de

vida saudável, para prevenção das comorbilidades, às quais esta população cada

vez maior está exposta, quer como efeitos secundários da terapia quer por

comportamentos de risco.

Assim considera-se que são necessários mais estudos prospetivos e

longitudinais, com amostras maiores que possam avaliar o impacto da adoção de

um estilo de vida saudável a longo prazo na QVRS e nos seus vários domínios

nesta população.

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Anexos

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Anexo A: consentimento informado de acordo com a Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial para estudos em humanos.