dido & eneias - ccb - fundação centro cultural de … de shakespeare, tornou-se exigente. a...

19
Dido & Eneias Academia Barroca Europeia de Ambronay

Upload: ngodang

Post on 13-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Dido & EneiasAcademia Barroca Europeia de Ambronay

Page 2: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

24 julho 2017Grande Auditório ⁄ 21h ⁄ M/6 Duração aproximada 1h30 ⁄ com intervalo

Paul Agnew direção musical ⁄ encenação

Ensemble Repicco: Kinga Ujszaszi & Jadran Duncumb violino ⁄ tiorba

Alice Earll ⁄ Isabel Sotera Valenti ⁄ Ida Meidell Blylod ⁄ Han Sol Lee violinos

Alba Encinas Gonzalez violino ⁄ viola

Zeno Scattolin ⁄ Leonova Sevastyana violas

Mathias Ferré viola de gamba

Katharina Litschig violino baixo

Inés Moreno Uncilla cravo

Dido & EneiasAcademia Barroca Europeia de Ambronay

foto DA CAPA © NUNO VASCO RODRIGUES

CCB CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO / ELÍSIO SUMMAVIELLE PRESIDENtE / ISABEL CORDEIRO VoGAL / LUÍSA TAVEIRA VoGAL / SECREtARIADo JOÃO CARÉ . LUÍSA INÊS

FERNANDES . RICARDO CERQUEIRA / DIREÇÃO DE ARTES PERFORMATIVAS / PRoGRAMAÇÃo ANDRÉ CUNHA LEAL . FERNANDO LUÍS SAMPAIO / DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES ⁄ CooRDENADoRA PAULA FONSECA / PRoDUÇÃo INÊS CORREIA . PATRÍCIA SILVA . HUGO CORTEZ . JOÃO LEMOS . VERA ROSA / DIREÇÃo DE CENA PATRÍCIA COSTA

JOSÉ VALÉRIO . TÂNIA AFONSO . CATARINA SILVA . FRANCISCA RODRIGUES. SOFIA SANTOS / SECREtARIADo Do DEPARtAMENto DE oPERAÇÕES SOFIA MATOS / DEPARTAMENTO TÉCNICO CooRDENADoR PEDRO RODRIGUES ⁄ CHEfE tÉCNICo DE PALCo RUI MARCELINO / ADJUNto DA CooRDENAÇÃo tÉCNICA PEDRO CAMPOS / tÉCNICoS PRINCIPAIS LUÍS SANTOS

RAUL SEGURO / tÉCNICoS EXECUtIVoS F. CÂNDIDO SANTOS . CÉSAR NUNES . JOSÉ CARLOS ALVES . HUGO CAMPOS . MÁRIO SILVA . RICARDO MELO . RUI CROCA . HUGO COCHAT

DANIEL ROSA . JOÃO MOREIRA . FÁBIO RODRIGUES / CHEfE tÉCNICo DE AUDIoVISUAIS NUNO GRÁCIO / CHEfE DE EQUIPA DE AUDIoVISUAIS NUNO BIZARRO / tÉCNICoS DE AUDIoVISUAIS

EDUARDO NASCIMENTO . PAULO CACHEIRO . NUNO RAMOS . MIGUEL NUNES / CHEfE DE MANUtENÇÃo PAULO SANTANA tÉCNICoS DE MANUtENÇÃo LUÍS TEIXEIRA . VÍTOR HORTA

SECREtARIADo Do DEPARtAMENto tÉCNICo YOLANDA SEARA

PARCEIRo media tEMPoRADA 2017

PARCEIRo INStItUCIoNAL

PRoDUÇÃo CoPRoDUÇÃo CoM o APoIo DE

Page 3: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

© B

ER

tR

AN

D P

ICH

EN

E

Page 4: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Em 2017, o CCB volta a receber a prestigiada Academia Barroca Europeia de Ambronay, projeto criado em 1993, que visa formar, aperfeiçoar e profissionalizar jovens músicos europeus na interpretação de música barroca. Sob a orientação de um maestro de renome, cada criação da Academia produz e difunde uma obra do reportório barroco, que circula pela Europa. Este ano, sob a direção do maestro e conceituado tenor Paul Agnew, a escolha recaiu em dido e eneias, de Henry Purcell. Esta ópera é, sem dúvida, a coroa de glória da ópera barroca inglesa. o modo como Purcell trata as palavras e a ação é extremamente inovador. Integra as danças tão apreciadas na ópera francesa, sem trair o gosto pela ária da ópera italiana. A ópera teve a sua primeira audição pública em 1689, quando as alunas de uma escola de Chelsea a interpretaram numa encenação do diretor, Josias Priest, que era também coreógrafo do teatro Real de Londres. A ária final de dido é um dos mais espantosos lamentos compostos para ópera. A música ora acaricia a letra, ora lhe resiste, ilustrando o seu sentido ou transmitindo os seus limites. Dido está isolada, num turbilhão interior, mas a ação muda para o exterior quando uma tempestade obriga os amantes a procurarem abrigo. o lamento de Dido, suscitado pela partida de Eneias, leva-a novamente para a turbulência interior, só que desta vez tão forte que acaba por ser fatal. A ópera de Henry Purcell será completada por excertos da desconhecida dido do compositor barroco francês Henry Desmarest.

Desde o início do reinado de Henrique VIII, a corte inglesa deleitava-se com um género de espetáculo musical chamado mascarada, em certa medida comparável ao ballet de corte francês ou às outras festas da Renascença. Carros magnificamente decorados representavam cenas alegóricas, cujos protagonistas cantavam, recitavam ou se limitavam a mostrar as suas máscaras. Até ao século XVII, as mascaradas da corte têm muito pouco interesse dramático ou musical; são, em geral, homenagens ao rei, à rainha ou a alguma outra grande figura do Estado, executadas por membros da família real e da corte. Mas o florescimento do teatro isabelino impõe critérios artísticos de alto nível, e o público que se acotovelava nos novos teatros de Londres e dos subúrbios, para aplaudir as peças de Marlowe e de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones, os compositores Alfonso ferrabosco e Nicholas Lanier fez da mascarada um género lírico de qualidade, um verdadeiro espetáculo musicado, em que o centro deixa de ser o rei e passa a ser a ficção imaginada pelo poeta e embelezada pelo músico. os carros desaparecem e são substituídos por um estrado escalonado com espaços preparados para as diferentes cenas.

Em 1617, a mascarada Lovers made men de Ben Johnson, com música de Nicholas Lanier, utiliza já o novo estilo de recitativo à italiana. Contudo, ainda seriam necessárias cerca de quatro décadas até que se começasse a esboçar aquilo que viria a ser a ópera inglesa. Esta só adquire forma muito lentamente a partir de 1650, não imitando os franceses ou os italianos, mas num estilo original, em que o fantástico e o humor são explorados como arte. A consagração definitiva desta ópera inglesa vem finalmente

PROGRAMA

Henry Desmarest 1661-1741

dido 1693 EXCERtoS (35 MIN.)

Deborah Cachet DIDo soprano

Aurora Peña ANA soprano

Clément Debieuvre ENEIAS contratenor

Renaud Bres JARBAS baixo-barítono

Jean-Christophe Lanièce A SoMBRA DE SIQUEU ⁄ JÚPItER baixo-barítono

Kerstin Dietl UMA CARtAGINESA soprano

Etienne Duhil de Bénazé MERCÚRIo tenor

INtERVALo

Henry Purcell 1659-1695

dido & eneias 1688 50 MIN.

Deborah Cachet DIDo soprano

Renaud Bres ENEIAS baixo-barítono

Kerstin Dietl BELINDA ⁄ 2.ª BRUXA soprano

Aurora Peña 2.ª MULHER ⁄ 1.ª BRUXA soprano

Alberto Miguélez-Rouco fEItICEIRA contratenor

Jonas Descotte ESPÍRIto contratenor

Etienne Duhil de Bénazé MARINHEIRo tenor

Page 5: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

com John Blow e a sua Vénus e adónis, uma mascarada para diversão do rei, representada em 1682 diante da corte, com Mary Davies, a amante de Carlos II, no papel de Vénus, e a sua filha no papel do Cupido. Um pouco mais tarde, em 1689, é o aluno de John Blow, Henry Purcell, que vai jogar a maior cartada na consagração da ópera inglesa. A pedido de um colégio de raparigas em Chelsea, Henry Purcell vai encenar aquela que se tornaria na sua obra-prima: a ópera dido e eneias. o carácter privado da representação permitiu que Purcell realizasse o seu ideal dramático, sem precisar de ceder às exigências da moda. o libreto era de Nahum tate e deixava muito a desejar; mesmo assim, Purcell conseguiu criar, com dido e eneias, algumas das mais belas páginas da história da ópera. Uma prova do génio dramático de Purcell é que, na sua breve carreira, sobressaiu em todos os géneros: música de teatro, música religiosa, ode, cantata de câmara, sonata à italiana e o velho consort de violas. Quer fosse através de ópera ou de mascaradas, tanto a língua como o génio poético dos ingleses prometiam ao seu teatro musical um desenvolvimento original e uma influência duradoura. No entanto, a ópera inglesa não sobreviveu a Purcell, que faleceu com apenas trinta e seis anos. Quinze anos após a sua morte, quando Händel chega a Londres, os teatros da cidade são autênticos bastiões da ópera italiana. A ação de dido e eneias é baseada na eneida de Virgílio. Passa-se em Cartago após a chegada de Eneias. Ele e os seus homens vêm procurar auxílio depois de terem fugido de troia, quando esta foi destruída pelos gregos. A viúva Dido, rainha de Cartago, deixou-se encantar pela beleza do jovem troiano; contudo, mostra-se relutante em declarar o seu amor. A sua aia, Belinda, e a corte incentivam-na a avançar. Quando Eneias a pede em casamento, Dido aceita. Entretanto, bruxas malévolas planeiam a desordem. Provocam uma tempestade, e uma delas, disfarçada de Mercúrio, vai relembrar a Eneias que deve continuar o seu caminho para Itália. Para grande satisfação das bruxas, Eneias acata as ordens do falso Mercúrio e deixa Cartago. Desolada pela traição de Eneias, Dido despede-se da Vida.

Quatro anos depois da primeira apresentação de dido e eneias, é a vez de a Academia Real de Música francesa apresentar uma ópera baseada neste mesmo tema, a tragédia em Música de Henry Desmarest, dido. trata-se de uma ópera com um prólogo e cinco atos, baseada num libreto francês da escritora Louise-Geneviève Gillot de Saintonge. A ópera foi estreada a 5 de junho de 1693 na corte, e o sucesso foi tal que o príncipe herdeiro quis assistir a uma segunda apresentação, marcada para 11 de setembro desse mesmo ano. Voltaria ainda a ser apresentada em Paris, em 1704 e 1705. No entanto, como aconteceu com tantas outras obras deste período, só voltaria a ser ouvida em 1999, no festival de Beaune, numa produção de Les talens Lyriques. Nesta ópera, fortemente influenciada pela armida de Jean-Baptiste Lully e pelas obras de Marc-Antoine Charpentier e Henri Dumont, conseguimos encontrar todos os ingredientes marcantes do Barroco francês. Um contraponto perfeito à mais conhecida dido e eneias de Henry Purcell.

ANDRÉ CUNHA LEAL

Didon 1693 – Excertos

Henry Desmarets

Page 6: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Acte Premier

Scène 2AnneCharmante Reine, enfin voicy cet heureux jour où nous verrons l’Hymen d’accord avec l’Amour ; Quelle gloire pour vous que ces Dieux soient ensemble ! Ils paroissoient ennemis sans retour, Et votre beauté les rassemble. Est-il un sort plus doux ? Votre ardeur extrême, Le Heros qui vous ayme Veut être votre époux ; Est-il un sort plus doux ?

Didon Malgré le bonheur qui m’enchante Mon cœur ne peut goûter de tranquilles plaisirs, Du malheureux Sichée une image sanglante Vient chaque jour m’arracher des soupirs ; Je ne puis vaincre ma faiblesse, Je crois le voir à tout moment Me reprocher je j’avois fait serment De luy conserver ma tendresse.

AnneJe vous l’ay dit cent fois, Ne craignez point d’être infidelle A ceux qui sont dans la nuit éternelle, D’un époux qui n’est plus on n’entend point la voix. Ce n’est qu’une pure chimere, Enée a sçeu vous plaire, Il est du sang des Dieux, La mère d’Amour est la mère ? Vous luy donnez la main, pouvez-vous faire mieux ?

DidonVous m’avez conseillé d’abandonner mon ame, A ma naissante flâme, De vos conseils j’ay suivy la douceur ; Mais j’ay fait encore d’avantage, J’ay dévouvert à mon vainqueur Que je partageois sa langueur ?

Ce fut le jour de ce fatal orage Que nous surprit en chassant dans ces bois, De Junon j’entendis la voix, Elle nous fit entrer dans une grotte sombre, où nous ne craignions plus les vents impetueux ; Mais, helas ! le silence et l’ombre Pour les amants sont bien plus dangereux; Enée parust plein de tendresse Je ne pûs luy cacher le secret de mon cœur, En présence de la Déesse Nous nous sommes promis une éternelle ardeur.

AnneIl vient, et ses regards vont dissiper la crainte Dont votre ame est atteinte, Je vais presser vôtre bonheur Et finir vos allarmes En pressant un Hymen si doux si plein de charmes.

Scène 3 EnéeBelle Reine, ce jour qui doit me rendre heureux, fait languir mon cœur amoureux. Je voudrois déjà voir la fin de cette fête ; Lorsqu’à la celebrer tout le peuple s’apprête, Il retarde l’instant qui doit combler mes vœux.

DidonC’est peu pour vous de recevoir l’hommage Des peuples de Carthage ; Ah ! Que ne puis-je en vous donnant la main De l’univers entier vous rendre aussi le maître ! Contentez-vous de meriter de l’être, Le reste dépend du Destin.

Enée Pour les Grandeurs je ne suis point sensible, Depuis que vous m’avez charmé Non, non, il ne m’est pas possible De goûter de plaisir que celuy d’estre aymé. Aux douceurs d’une amour extrême Il faut borner tous nos desirs. Ne nous occupons plus de la grandeur suprême, Goutons en nous aimant de tranquilles plaisirs, Aux douceurs d’une amour parfaitte Il faut borner tous nos desirs.

Primeiro Ato

Cena II Ana Rainha encantadora, finalmente chegou este dia feliz No qual veremos o Hímen concordar com o Amor; Que glória para si que estes Deuses estejam unidos! Pareciam inimigos para sempre Mas a sua beleza voltou a juntá-los. Será que existe um destino mais bonito? O seu extremo ardor, O Herói que a ama Que quer ser o seu esposo Será que existe um destino mais bonito?

DidoApesar da felicidade que me encanta O meu coração não pode desfrutar de prazeres tranquilos, Do malfadado Siqueu, uma imagem ensanguentada Cada dia me arranca suspiros; Não posso vencer a minha fraqueza Penso vê-lo em cada momento Culpar-me por eu ter jurado Manter-lhe a minha ternura.

AnaJá lhe disse cem vezes Não tema ser infiel A quem esteja na escuridão eterna De um esposo que já não existe, cuja voz já não se ouve. É mera fantasia, Eneias conseguiu cativá-la, Tem sangue dos Deuses, A mãe do Amor é a sua mãe? Está a dar-lhe a mão, consegue fazer melhor?

DidoSugeriu-me abandonar minha alma, Quando nasceu a chama, Dos seus conselhos segui a doçura; Mas fiz mais ainda, Mostrei ao meu vencedor Que partilhava o mesmo desejo?

Foi o dia desta fatal tempestade Que nos surpreendeu a caçar na floresta, De Juno ouvi a voz, Fez-nos entrar numa gruta escura, Na qual já não temíamos mais os ventos impetuosos; Mas desgraça! O silêncio e a sombra Para os amantes são bem mais perigosos; Eneias parecia cheio de ternura Não lhe pude esconder o segredo do meu coração, Na presença da Deusa Nós fizemos a promessa de um ardor eterno.

AnaEle vem, e os seus olhares vão desfazer o medo Com que a sua alma foi atingida, Vou apressar a sua felicidade E acabar com as suas preocupações Ao carregar um Hímen tão suave, tão cheio de fascínio.

Cena III Eneias Bonita Rainha, este dia que me deve fazer feliz Faz languescer o meu coração apaixonado. Desejava já ver o fim desta festa; Enquanto todo o povo se prepara para a celebrar, Atrasa o momento de realizar os meus desejos.

DidoÉ pouco para si receber a homenagem Dos povos de Cartago; Ah! Quem me dera ao dar-lhe a mão Do universo todo também fazer de si o senhor! Contente-se com merecê-lo, O resto depende do Destino.

EneiasÀs suas Grandezas não sou sensível, Desde que me cativou Não, não, não me é possível Saborear outro prazer que não seja ser amado. Às doçuras de um amor verdadeiro Temos de moderar todos os nossos desejos. Não nos preocupamos mais com a grandeza suprema, Provamos, amando-nos com leves prazeres, As doçuras de um amor perfeito Temos de moderar todos os nossos desejos.

Page 7: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Enée et DidonNon, non rien n’égale ma tendresse, J’aime avec plus d’ardeur qu’on n’a jamais aimé, Mon amour m’occupe sans cesse, De mille et mille feux mon cœur est consumé. Non, non rien n’égale ma tendresse, J’aime avec plus d’ardeur qu’on n’a jamais aimé.

DidonBrûlerez-vous toujours d’une si belle flâme ?

EnéeSeray-je toujours dans votre ame ?

DidonRien ne sçauroit me dégager Du noeud charmant qui nous lie.

EnéePlutost que de changer Je perdray la vie.

Enée et Didon Quand on aime tendrement on n’est jamais sans allarmes, Plus un amour a de charmes, Et plus on craint un fatal changement : Quand on aime tendrement on n’est jamais sans allarmes.

Scène 4

AnneJe vous retrouve ici dans une paix profonde, Vous êtes enchantés d’un entretien trop doux, Si je ne revenais à vous Vous pourriez oublier tout le reste du monde : Des Sujets empressés arrivent dans ces lieux Pour vous marquer leur zèle. Chacun veut vous jurer qu’il vous sera fidèle, Venez, Prince, venez nous montrer à leurs yeux.

Scène 5 Une carthaginoise puis le chœur Nous venons rendre hômage Au plus grand des Heros, Il assure le repos De l’heureuse Carthage ; Nous venons rendre hômage Au plus grand des Heros.

Une carthaginoise Aimez d’une ardeur constante Une Reine si charmante, Le bruit de votre bonheur fera mourir de douleur tous les amants qui pouvaient y prétendre. Son cœur a méprisé tant d’illustres rivaux Pour vous seul elle veut reprendre Des liens nouveaux.

Un carthaginois Vous portez en aimant de douces chaînes, L’Amour prévient tous vos désirs, Sans avoir connu de peines Vous goûtez ses plaisirs.

Chœur Aimez, brillante jeunesse, Imitez votre aimable Princesse, Abandonnez vos cœurs A de tendres ardeurs.

Une carthaginoise Sans un Amant toujours tendre et sincère Les plus beaux de nos jours sont pour nous sans appâts, Les plaisirs ne touchent guère Lorsque ceux de l’amour ne les animent pas

Chœur Pourquoi veut-on se défendre De ses doux enchantements ! Que l’on perd d’heureux moments Quand on n’a pas le cœur tendre.

Nous venons rendre hômage Au plus grand des Heros, Il assure le repos De l’heureuse Carthage ; Nous venons rendre hômage Au plus grand des Heros.

Eneias e DidoNão, não há nada igual à minha ternura Amo com mais ardor do que alguma vez se amou, O meu amor enche-me sempre, De mil e mil fogos o meu coração se consome. Não, não há nada igual à minha ternura Amo com mais ardor do que alguma vez se amou.

Dido Sempre existirá tão bonita chama?

EneiasEstarei sempre na sua alma?

DidoNada me poderá libertar Desse laço fascinante que nos une.

EneiasPreferia morrer A mudar.

Eneias e DidoQuando se ama verdadeiramente Há sempre preocupações, Mais encantos tem o amor, E mais tememos uma mudança fatal: Quando se ama verdadeiramente Há sempre preocupações.

Cena IV

AnaEncontro-a aqui numa paz profunda, Encantada com um encontro demasiado querido, Se não voltasse a si Podia esquecer o resto do mundo: Chegam uns Súbditos apressados a este sítio Para lhe mostrar o seu zelo. Todos lhe querem jurar fidelidade, Venha, Príncipe, venha apresentar-nos aos olhos deles.

Cena V Uma cartaginesa e a seguir o coro Vimos prestar homenagem Ao maior de todos os Heróis, Ele garante o descanso De uma Cartago feliz; Vimos prestar homenagem Ao maior de todos os Heróis.

Uma cartaginesaAme com um ardor constante Uma Rainha tão delicada O ruído da vossa felicidade Fará morrer de dor Todos os amantes que podiam aspirar a ela. O seu coração desprezou tantos ilustres rivais Mas é só consigo que ela quer criar Novos laços.

Um cartaginêsAmando, você transporta delicadas correntes, O Amor acautela todos os seus desejos, Sem nunca conhecer tristezas Você prova os seus prazeres.

CoroAme, brilhante juventude, Imite a sua adorável Princesa, Abandonem os vossos corações A ternos ardores.

Uma cartaginesaSem um Amante sempre amável e sincero Os mais belos dos nossos dias são para nós sem interesse, Os prazeres não tocam Quando os do amor não os animam.

CoroPorque é que se querem defender Dos seus doces encantos?! Perdemos momentos felizes Quando não temos o coração terno.

Vimos prestar homenagem Ao maior dos Heróis, Ele assegura o descanso Da ditosa Cartago; Vimos prestar homenagem Ao maior dos Heróis.

Page 8: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Acte Second

Scène 2IarbeSombres forests, Rochers inaccessibles, fier torrente que l’Hyver n’a jamais arresté, A mes cruels malheurs, vous n’estes point sensibles, Mais je ne me plains pas de vôtre dureté, Augmentez, s’il le peut, les tourments que j’endure. Et vous tristes oyseaux de malheureux augure, Par vos funestes cris annoncez mon trépas : on m’enleve le cœur de la Beauté que j’aime, Et dans mon desespoir extreme, Je mourois mille fois, si je ne mourois pas.

Pourquoy mourir ? Courons à la vengeance, Il faut punir qui nous offense, Cherchons ce troyen trop heureux, Le mépris qu’on fait de mes feux Redouble encor le bonheur qui l’enchante ? Quelle honte pour moy ? Ma rage s’en augmente.

Vous qui regnez sur tous les autres Dieux, Vous sçavez quelle Didon, errante, vagabonde, Par mes bienfaits regne en ces lieux. Souffrirez-vous, puissant Maître du monde ! Qu’on paye tant d’amour d’un mépris odieux ?

Helas ! Croira-t’on sur la terre Que je suis fils de Dieu qui lance le tonnerre, Si l’on voit tant d’heurveux mortels Joüir en repos de leurs crimes Au moment que je suis au pied de vos Autels A vous offrir en vain d’innocentes victimes ?

Scène 3Jupiter Mon fils, cesse de t’affliger, Je jure par le Styx que je vais te venger. Si la reyne de Carthage Refuse ta main et ton cœur, Sois sûr que ton rival n’aura pas l’avantage De triompher de ton malheur.

Et vous Divinités de ce séjour paisible, faunes, Dryades, venez tous Calmez, s’il est possible, Ses mouvements jaloux, Par vos chants les plus doux.

Acte Quatrième

Scène 3Didon Ah ! Quel surprenant orage ! Cessez, cessez vos concerts ; Quel bruit affreux se respand dans les airs, Quel funeste présage, Cessez, cessez vos concerts !

Chœur [de carthaginois] (x3)Dieux! quel éclat de tonnerre ! Quel épouvantable fracas ! Sous nos timides pas Nous sentons trembler la terre.

Didon Le ciel est en courroux: Sauvons-nous, sauvons-nous !

Chœur Sauvons-nous, sauvons-nous, sauvons-nous, sauvons-nous, sauvons-nous, sauvons-ous, sauvons-nous, sauvons-nous, sauvons-nous ! Scène 4 Enée Le plus beau jour se change en une nuit obscure.

Mercure Arreste, arreste et reconnois Mercure.De la part du maistre des dieux,Je viens encor te faire entendreQu’il faut dans ce moment que tu quittes ces lieux.

Segundo Ato Cena IIJarbasFlorestas sombrias, Pedras inacessíveis Orgulhosa torrente que o inverno nunca parou, Aos meus sofrimentos cruéis, não sois sensíveis, Mas não me queixo da vossa insensibilidade, Aumentem, se puderem, o tormento que suporto. E vós, tristes Aves de mau agoiro, Com os vossos funestos gritos anunciai o meu perecimento: Tiram-me o coração da Beleza que amo, E no meu profundo desespero, Morro mil vezes, se não morrer.

Porquê morrer? Corramos atrás da vingança, Temos de castigar quem nos ofende, Procuremos este Troiano demasiado feliz, O desprezo que emana da minha ira Aumenta mais a felicidade que o faz feliz? Que vergonha para mim? A minha raiva só aumenta.

Vós que reinais sobre todos os outros Deuses, Vós sabeis que aquela Dido, errante, sem rumo, Por minha mercê reina aqui. Vós sofrereis, poderoso Senhor do mundo! Que se pague tanto amor com um nefando desprezo?

Infelizmente! Na terra se crerá Que sou Filho de Deus que lança o trovão, Se nós vemos tantos felizes mortais Fruir calmamente dos seus crimes No momento em que estou ao pé dos vossos Altares, A oferecer-vos em vão vítimas inocentes? Cena IIIJúpiter Meu filho, para de te afligir Juro pelo Estige que te vou vingar. Se a rainha de Cartago Recusar a tua mão e o teu coração, Podes ter a certeza de que o teu rival não terá a honra De triunfar sobre a tua desgraça.

E vós, Divindades desta viagem pacífica, Faunos, Dríades, vinde todos Sossegai, se possível, Os seus movimentos ciumentos Com os vossos mais doces cantos.

Quarto Ato

Cena III DidoAh! Que tempestade surpreendente! Parem, parem com esse espetáculo; Que barulho horroroso se propaga pelo ar, Que funesto presságio, Parem, parem esse espetáculo!

Coro [de cartagineses] (x3)Deuses, que relâmpago de trovão! Que estrondo terrível! Debaixo dos nossos passos tímidos Sentimos a terra tremer.

DidoO céu está furioso: Vamos embora, vamos embora!

CoroVamos embora, vamos embora, vamos embora, vamos embora,vamos embora, vamos embora, vamos embora, vamos embora, vamos embora!

Cena IV

EneiasO dia mais bonito torna-se numa noite escura.

MercúrioPara, para e reconhece Mercúrio. Da parte do senhor dos deuses, De novo venho fazer-te entender Que tens agora de abandonar este lugar.

Page 9: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

ou bien tu dois t’attendreDe recevoir le prix de ta témérité :Va, sauve toy durant l’obscurité.

Scène 5Enée Infortuné, que dois-je faire ?Je ne vois rien qui ne me désespère :Hélas, hélas ! faut-il quitter un séjour si charmant ?Ne sçaurois-je des dieux apaiserla colère,Qu’en perdant la beauté que j’aime tendrement ?Je mourray si je l’abandonne.Le plus cruel trépas me paroist moins affreux.Non, non, je ne puis rompre de si beaux nœuds.Ne partons point, mais le ciel me l’ordonne ;Et toy, ma gloire, tu le veux.Ah ! je succombe à ma douleur extrême.Réservez, justes dieux,Pour les ambitieux,La grandeur suprême,Et me laissez ce que j’aime:Je fais tout mon bonheurDe régner dans son cœur.Ô ! ciel impitoyable,Vous n’estes point touché de mon sort déplorable.

Acte troisième

Scène 5 Didon

Je vous revoy, ma sœur, que venez-vous m’apprendre ?

Anne Ah ! Princesse trop tendre, faut-il vous accabler d’une divine douleur ?

DidonCruel amour, est-ce là le bonheur Que je devais attendre ?

Parlez, je tremble de frayeur ; Ne reverray-je plus le héros que j’adore ? A-t-il perdu le jour ?

AnneSon lâche cœur respire encore : tremblez plutost pour son amour. Ce prince volage Se prépare à quitter Carthage : C’est tout ce que j’ay pû sçavoir.

DidonVous n’en dites que trop, ô ! ciel, je suis trahie ! Ma sœur, il y va de ma vie ! Cherchez-moy cet ingrat, je veux du moins le voir ; Si l’excès de mon désespoir Ne peut toucher son cœur perfide, Je me vengeray sur le mien De la légèreté du sien.

Anne Ne suivez-pas le transport qui vous guide : Vengez-vous d’un ingrat qui vient de vous trahir. Mais pour vous bien venger, il ne faut pas mourir.

Acte Quatrième

Scène 1

DidonEst-ce comme un amant qu’enfin je vous revoy, ou comme un ennemy qui va m’oster la vie ? Ah ! Quand vous me l’aurez ravie, Qui pourra vous aimer si tendrement que moy ? Ah ! Quand vous me l’aurez ravie, Qui pourra vous aimer si tendrement que moy ? Ah ! Ah ! Quand vous me l’aurez ravie, Qui pourra vous aimer si tendrement que moy ?

Enée Belle princesse je vous aime, Mais nostre amour, autrefois si charmant, fait mon plus grand tourment : Je ne puis soulager vostre douleur extrême Je suis contrain par un ordre des dieux De quitter ces aimables lieux.

Didon Ô ciel ! ton excuse est nouvelle : Les dieux vengeurs de l’infidélité

Ou então não te surpreendas Do que te possa acontecer por seres temeroso: Vá, vai-te embora durante a escuridão.

Cena V

EneiasDesafortunado, que devo fazer? Não vejo nada que me faça desesperar: Oh desgraça, desgraça! É mesmo preciso desistir de um momento tão encantador? Não há outra forma de acalmar a fúria dos deuses, Senão perdendo a beleza que eu amo tão delicadamente? Eu morro se a deixar. Até a morte mais cruel me parece menos dolorosa. Não, não posso cortar um laço tão bonito. Não vamos partir, mas o céu obriga-me a ir; E tu, minha glória, tu queres. Ah! Vou sucumbir à minha imensa dor. Guardem, deuses justos, Para os ambiciosos, A grandeza suprema, E deixem-me o que eu amo: Eu faço com que toda a minha felicidade Reine no seu coração. Oh! Céu impiedoso, Não te deixas tocar pelo meu triste destino.

Terceiro Ato

Cena V DidoEstou a ver de novo a minha irmã, de que é que me vem informar?

AnaAh! Princesa demasiado bondosa, Tem de se prostrar com uma dor divina?

DidoAmor cruel, é isso a felicidade Que eu devia esperar?

Fale, estou a tremer de medo; Não voltarei mais a ver o herói que adoro? Será que morreu?

AnaO seu coração covarde ainda respira: Trema, antes, pelo seu amor. Este príncipe infiel Prepara-se para sair de Cartago: Foi tudo o que consegui saber.

DidoNão me diga isso, Oh! Céus ! Traiu-me! Minha irmã, a minha vida está em causa! Procure-me esse ingrato, quero pelo menos vê-lo; Se o excesso do meu desespero Não puder tocar o seu coração pérfido, Vingar-me-ei no meu Da ligeireza do seu.

AnaNão siga esse caminho: Vingue-se de um ingrato que acaba de traí-la. Mas, para bem se vingar, não é preciso morrer.

Quarto Ato

Cena I

DidoSerá que finalmente volto a vê-lo como amante, Ou como inimigo que me vai tirar a vida? Ah! Assim que me matar, Quem o vai amar tão carinhosamente como eu? Ah! Assim que me matar, Quem o vai amar tão carinhosamente como eu? Ah! Ah! Assim que me matar, Quem o vai amar tão carinhosamente como eu?

EneiasPrincesa bonita, eu amo-a, Mas o nosso amor, outrora tão fascinante, É agora o meu maior tormento: Não posso aliviar a sua dor extrema Estou obrigado por uma ordem dos deuses A abandonar esse lugar amável.

DidoOh céus! A tua desculpa é nova: Os deuses vingadores da infidelidade

Page 10: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Commandent-ils d’estre infidelle ? Je ne puis plus douter de ta légèreté Achève ingrat, dis-moy que le perfide Enée Ne peut s’assujettir aux loix de l’hyménée.

Enée Ne perdez point mon coieur des plus funestes coups Mon sort me paroistroit toujours digne d’envie, Si je pouvois vivre pour vous ; Mais le destin veut que de l’Italie, Je fasse un empire puissant : Et c’est en vain que l’Amour gémissant Veut serrer le nœud qui nous lie.

Didon Quand vous estiez bien enflâmé, Vous n’aviez de plaisir que celuy d’estre aimé Quelle cruelle différence ! Qu’est devenuë une si tendre ardeur ? Vous me précipitez du faiste du bonheur, Dans une abisme de souffrance.

Enée Je ne mérite pas vos pleurs.Je sçavois bien que ma présenceNe feroit qu’aigrir vos douleurs.

Didon Je ne respire plus qu’une affreuse vengeance:Crains tout de mon ressentiment.Barbare, tu m’as fait une cruelle offense,Et tu voulois partir secrètement,Sans songer que Didon, mourante, fugitive,Pouvoit de ton rival devenir la captive.Mais rien de sçauroit te toucher ;Non, tu n’es point le fils d’une tendre déesse,Mais bien plutost d’une tigresse,Qui t’a nourri sur quelque affreux rocher.

Acte Cinquième

Scène 4Didontu me fuis inconstant, dis-moy quelle est ta rage ? L’affreux hiver ne sçauroit t’arrester, Et pour toy mon amour est plus à redouter Qu’un funeste naufrage.

tous ces flots en courroux me font trembler d’effroy : Ils te puniront de ton crime, De ton ambition tu seras la victime, tandis que je mourray pour toy.

Scène 5

DidonQue vois-je ! Quel fantosme à mes yeux se presente ?Ah ! Je frémis d’horreur, et d’épouvante.

L’Ombre de SichéeAprès avoir trahy tes sermens et ta foy,Peux-tu souffrir le jour, malheureuse princesse ?Une infidelle comme toy,Me venge de ta foiblesse ;Viens cacher pour jamais dans l’horreur du tombeau,La honte d’un hymen que tu croyois si beau.

Scène 6

DidonUn généreux trépas, dans ce fatal moment,Peut m’affranchir d’une peine cruelle ;Malheureuse Didon, pour finir ton tourment,Meurs, l’ombre de Sichée est icy qui t’appelle.Les enfers n’ont-ils pas prédit ton triste sort ?tu les entens, enfin ; cette paisible vie,Qui n’est point sujette à l’envie,Est le repos qui suit la mort.terminons des jours déplorables ;Mourons, puisqu’on me laisse en proye à ma fureur,Ne perdons pas ces moments favorables :L’ingrat qui trahit mon ardeurVient d’échapper à ma rage.Déchirons ce funeste gageD’un amant parjure et trompeur ;Perçons du moins son image,Puisqu’elle est encor dans mon cœur.traistre, reconnois ton ouvrage ;Vois ce coup inhumain :Il part de ta cruelle main ;Pour contenter ta barbarie,Ce n’estoit pas assez de mes vives douleurs,Il falloit m’arracher la vie.Soule toy de mon sang, ah ! c’en est fait, je meurs.

Também mandam ser infiel? Já não posso duvidar da tua ligeireza Acaba ingrato, diz-me que o pérfido Eneias Não pode submeter-se às leis do himeneu.

EneiasNão parta o meu coração com um golpe fatal A minha sina dizia-me que ainda valia a pena, Se pudesse viver para si; Mas o destino quer que de Itália, Eu faça um império poderoso: E é em vão que o Amor gemente Quer apertar o laço que nos une.

DidoQuando você estava perdidamente apaixonado, O único prazer que você tinha era ser amado Que mudança cruel! Em que é que se tornou esse ardor amoroso? Do cúmulo da felicidade atirou-me Para um abismo de sofrimento.

EneiasEu não mereço as suas lágrimas. Bem sabia que a minha presença Só ia piorar as suas dores.

DidoJá só respiro uma vingança terrível: Tema tudo do meu ressentimento. Bárbaro, ofendeste-me cruelmente, Querias ir-te embora secretamente, Sem pensar que a Dido, a morrer, fugitiva, Podia do teu rival tornar-se a cativa. Mas nada te afeta; Não, não és o filho de uma delicada deusa, Mas sim de uma tigresa, Que te alimentou sobre rochas horrorosas.

Quinto Ato

Cena IVDidoFoges de mim inconstante, diz-me qual é a tua raiva? Nem o inverno terrível te pode parar, E tu temes mais o meu amor Que um naufrágio fatal.

Todas essas ondas furiosas me fazem tremer de medo: Elas vão-te castigar pelo teu crime, Tu serás vítima da tua ambição Enquanto eu morrerei por ti.

Cena V

DidoQue vejo! Que fantasma se apresenta aos meus olhos? Ah! Tremo de medo e de terror.

A Sombra de SiqueuDepois de teres quebrado os teus votos e a tua fé, Podes sofrer hoje, princesa infeliz? Uma infiel como tu, Vai-me vingar da tua fraqueza; No horror do túmulo, vem esconder para sempre A vergonha de um hímen que achavas tão bonito.

Cena VI

DidoUma morte generosa neste momento fatal Pode libertar-me de uma pena cruel; Pobre Dido, para acabar com o teu tormento Morre, a sombra de Siqueu está a chamar-te. Os infernos não previram o teu triste destino? Finalmente estás a ouvi-los; esta vida tranquila, Já sem sentido, É o repouso a seguir à morte. Acabem-se os dias miseráveis; Morramos, já que me deixam à mercê da minha fúria, Não percamos estes momentos favoráveis: O ingrato que trai o meu ardor Acaba de escapar à minha raiva. Rasgamos este destino fatal De um amante falso e infiel; Pelo menos apaguemos a sua imagem, Já que ainda está no meu coração. Traidor, reconhece o teu feito; Vê este golpe desumano; É da tua mão cruel que sai; Para agradar à tua crueldade, As minhas dores profundas não eram suficientes, Era preciso arrancar-me a vida. Inebria-te-te com o meu sangue, ah! Já está, vou morrer.

TRADUÇÃO DE MÉLINA CAMILLE

Page 11: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Dido & Eneias

1688

Henry Purcell

the Prologue

Phoebus Rises in the Chariot.Over the Sea. The Nereids out of the Sea.

Sorceressfrom Aurora’s Spicy Bed, Phoebus rears his Sacred Head. His Coursers Advancing, Curvetting and Prancing.

First WitchPhoebus strives in vain to tame’em, With Ambrosia fed too high.

Second WitchPhoebus ought not now to blame’em, Wild and eager to Survey the fairest Pageant of the Sea.

Sorceresstritons and Nereids come pay your devotion.

Chorusto the New rising Star of the ocean. Venus Descends in her Chariot, the tritons out of the Sea.

The Tritons Dance.

First WitchLook down ye orbs and See A New Divinity.

SorceressWhose Lustre does out-Shine Your fainter Beams, and half Eclipses mine. Give Phoebus leave to Prophecy. Phoebus all Events can see. ten thousand thousand Harmes, from such prevailing Charmes, to Gods and Men must instantly ensue.

Chorus And if the Deity’s above, Are Victims of the powers of Love, What must wretched Mortals do.

Dido fear not Phoebus, fear not me, A harmless Deity. these are all my Guards ye View, What can these blind Archers do.

Prólogo

Febo ergue-se na quadriga.Sobre o mar. As Nereides saem do mar.

Feiticeira Do leito perfumado da aurora, Ergue Febo a divina cabeça. Os seus corcéis avançam, Cabriolando e empinando-se.

Primeira Bruxa Febo luta em vão para os amansar, Dando-lhes ambrósia para os saciar.

Segunda BruxaFebo não deve agora censurá-los, Ansiosos que estão por observar O mais belo cortejo do mar.

Feiticeira Tritões e Nereides, vinde pagar o vosso tributo.

CoroÀ nova estrela que se ergue do oceano. Vénus desce na sua quadriga, Os Tritões saem do mar.

Dança dos Tritões.

Primeira Bruxa Olhai das altas esferas e vede Uma nova divindade.

Feiticeira Cujo brilho ofusca Vossos raios mais ténues, e quase eclipsam os meus. Permiti a Febo a profecia. Febo tudo pode ver. Dez mil milhares de males, Provenientes de tais encantos, Sobre deuses e homens imediatamente recairão.

Coro E se as divindades, lá em cima, São vítimas dos poderes do Amor, O que deverão fazer os pobres mortais?

DidoNão temais, Febo, não me temais, Uma divindade inofensiva. Vede, todos estes são meus guardas, O que poderão fazer estes arqueiros cegos?

Page 12: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

SorceressBlind they are, but strike the Heart.

DidoWhat Phoebus say’s is alwayes true. they Wound indeed, but ‘tis a pleasing smart.

SorceressEarth and Skies address their Duty, to the Sovereign Queen of Beauty. All Refigning, None Repining At her undisputed Sway.

Chorus to Phoebus and Venus our Homage wee’l pay, Her Charmes blest the Night, as his Beams blest the Day.

The Nerieds Dance.Exit.The Spring Enters with her Nymphs.

Scene I

The GroveDidoSee the Spring in all her Glory,

Chorus Welcomes Venus to the Shore.

DidoSmiling Hours are now before you, Hours that may return no more.

Exit, Phoebus, Venus. Soft Musick.

Belindaour Youth and form declare, for what we were designed. ‘twas Nature made us fair, And you must make us kind. He that fails of Addressing, ‘tis but Just he shou’d fail of Possessing.

The Spring and Nymphs Dance.

Belinda and Second WomanJolly Shepherds come away, to celebrate this Genial Day, And take the friendly Hours you vow to pay.

Feiticeira Cegos serão, mas atingem o coração.

DidoO que diz Febo é sempre verdade. Elas ferem deveras, mas é doce esse martírio.

Feiticeira A terra e os céus cumprem o seu dever Para com a soberana rainha da beleza. Todos se vergando, Nenhum deplorando O seu incontestado poder.

CoroA Febo e a Vénus prestaremos a nossa homenagem, Os encantos dela abençoaram a noite, como os raios dele abençoaram o dia.

Dança das Nereides.Saem.Entra a Primavera com as suas Ninfas.

Cena I

O BosqueDidoVede a Primavera em toda a sua glória,

CoroBem-vinda seja Vénus à costa.

DidoHoras risonhas abrem-se perante vós, Horas que jamais poderão regressar.

Saem Febo e Vénus. Música suave.

BelindaA nossa juventude e figura proclamam, Aquilo para que fomos concebidas. Foi a Natureza que nos fez belas, E vós devereis fazer-nos amáveis. Aquele que não sabe cortejar É justo que possuir não possa.

Dança da Primavera e das Ninfas.

Belinda e a Segunda Mulher Vinde joviais pastores, Celebrai este grande dia, E gozai as horas amigas que prometestes pagar.

Now make trial, And take no Denial. Now carry your Game, or for ever give o’re.

The Shepherds and Shepherdesses Dance.

Chorus Let us Love and happy Live, Possess those smiling Hours, the more auspicious Powers, And gentle Planets give. Prepare those soft returns to Meet, that makes Loves torments Sweet.

The Nymphs Dance.Enter the Country Shepherds and Shepherdesses.

Aeneastell, tell me, prithee Dolly, And leave thy Melancholy, Why on the Plaines, the Nymphs and Swaines, this Morning are so jolly.

DidoBy Zephires gentle Blowing, And Venus Graces flowing. the sun has bin to Court our Queen, And tired the Spring with wooing.

Aeneasthe Sun does guild our Bowers,

Didothe Spring does yield us flowers. She sends the Vine,

AeneasHe makes the Wine, to Charme our happy Hours.

Dido She gives our flocks their feeding,

AeneasHe makes’ em fit for Breeding,

DidoShe decks the Plain,

AeneasHe fills the Grain, And makes it worth the Weeding.

Agora tentai,E não aceiteis recusas. Agora prossegui o vosso jogo, ou cedei para sempre.

Dança dos Pastores e das Pastoras.

CoroAmemos e vivamos felizes, Desfrutemos as horas risonhas, Que concedem os mais auspiciosos poderes, E os gentis planetas. Preparai esses suaves refúgios para o encontro, Que torna deliciosos os tormentos do amor.

Dança das Ninfas.Entram os Pastores e as Pastoras.

Eneias Diz, diz-me, linda donzela, E deixa a tua melancolia, Por que estão as ninfas e os zagais Tão alegres, esta manhã, na planície.

DidoPelos Zéfiros que sopram suaves, E pelas graças de Vénus que fluem. O Sol foi cortejar a nossa rainha, E cansou a Primavera com os seus galanteios.

Eneias O Sol doura os nossos aposentos,

DidoA Primavera dá-nos flores. Ela propaga a vinha,

Eneias Ele faz o vinho, Para animar as nossas horas felizes.

DidoEla alimenta os nossos rebanhos,

Eneias Ele torna-os férteis,

DidoEla adorna a planura,

Eneias Ele faz crescer o grão, E render a monda.

Page 13: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

ChorusBut the Jolly Nymph thitis that long his Love sought, Has flustred him now with a large Mornings draught. Let’s go and divert him, whilst he is mellow, You know in his Cups he’s a Hot-Headed fellow

The Countreys Maids Dance.Exit.

Act the first

Scene I

The Palace.

Enter Dido and Belinda, and Train.

BelindaShake the Cloud from off your Brow, fate your wishes do allow. Empire growing, Pleasures flowing, fortune smiles and so should you, Shake the Cloud from off your Brow.

ChorusBanish Sorrow, Banish Care, Grief should ne’re approach the fair.

DidoAh! Belinda I am prest, With torment not to be confest. Peace and I are strangers grown, I languish till my Grief is known, Yet would not have it guess`d.

BelindaGrief encreasing, by concealing,

DidoMine admits of no revealing.

Belindathen let me speak the trojan guest, Into your tender thoughts has prest.

Second Womanthe greatest blessing fate can give, our Carthage to secure, and troy revive.

ChorusWhen Monarchs unite, how happy their State, they triumph at once on‘er their foes and their fate.

DidoWhence could so much Virtue spring, What Stormes, what Battels did he sing. Anchises Valour mixt with Venus’ Charmes, How soft in Peace, and yet how fierce in Arms.

BelindaA tale so strong and full of wo, Might melt the Rocks as well as you.

Second WomanWhat stubborn Heart unmoved could see, Such Distress, such Pity?

DidoMine with Storms of Care opprest, Is taught to pity the Distrest. Mean wretches Grief can touch, So soft so sensible my Breast,But Ah! I fear, I pity his too much.

Belinda e Second Woman, repeated by Chorusfear no danger to Ensue, the Hero loves as well as you. Ever Gentle, ever Smiling, And the Cares of Life beguiling. Cupid Strew your path with flowers, Gathere’d from Elyzian Bowers.

Aeneas enters with his train.

Belinda See your Royal Guest appears, How God like is the form he bears.

AeneasWhen Royal fair shall I be blest, With cares of Love, and State distrest.

Didofate forbids what you pursue.

AeneasAeneas has no fate but you. Let Dido smile, and I’ll defie, the feeble stroke of Destiny.

Chorus Cupid only throws the Dart, that’s dreadful to a Warrior’s Heart. And she that Wounds can only cure the Smart.

CoroMas a alegre ninfa Tétis que tanto procurou o seu amor, Agitou-o agora com uma forte aragem matinal. Vamos distraí-lo, enquanto ainda está alegre, Bem sabeis que, bebendo, fica muito fogoso.

Dança das Raparigas do Campo.Saem.

Ato I

Cena I

O Palácio.

Entram Dido e Belinda, e o seu séquito.

BelindaAfastai essa nuvem de vossa fronte, O destino favorece os vossos desejos. O império cresce, os prazeres fluem, A fortuna sorri e o mesmo deveríeis vós fazer, Afastai essa nuvem de vossa fronte.

CoroBani o sofrimento, bani os cuidados, A dor jamais deveria perturbar a beleza.

DidoAh! Belinda, estou presa, de um tormento que não pode ser confessado. A paz e eu andamos estranhas, Definharei até que conheçam minha dor, Mas não quereria que a adivinhassem.

BelindaA dor dói mais quando se cala.

DidoA minha não se pode revelar.

BelindaDeixai-me então falar com o hóspede troiano, Impôs-se em vossos ternos pensamentos.

Segunda Mulher A maior bênção que o destino pode conceder É proteger a nossa Cartago, e Troia reviver.

Coro Quando os monarcas se unem, quão ditoso é o seu estado, Logo triunfam sobre os seus inimigos e o seu destino.

DidoDe onde poderá brotar tamanha virtude? Que tempestades, que batalhas cantou ele? A coragem de Anquises aliada aos encantos de Vénus, Quão doce na paz e, contudo, tão feroz na guerra!

BelindaUma história tão forte, tão cheia de infortúnio, Comoveria as pedras tanto como vós.

Segunda Mulher Que inflexível coração poderia, sem se enternecer, Assistir a tal aflição, tal pena?

DidoO meu, oprimido pelas tormentas do cuidado, Aprendeu a condoer-se da aflição. A dor dos pobres miseráveis pode tocar o meu peito tão brando, tão sensível. Mas ah! Temo condoer-me demasiado do seu.

Belinda e a Segunda Mulher. Repetido pelo CoroNão temais que perigo se suceda, O Herói ama tanto quanto vós. Sempre amável, sempre sorridente, E os cuidados da vida iludindo. Cupido juncou vosso caminho de flores, Colhidas nos recessos verdejantes do Eliseu.

Entram Eneias e o seu séquito.

Belinda Vede que surge o vosso hóspede real, Que divina a sua aparência!

EneiasQuando, real beleza, serei eu abençoado, Com cuidados de amor e de estado perturbado?

DidoO destino proíbe o que procurais.

EneiasEneias não tem outro destino senão vós! Que Dido sorria, e desafiarei O débil golpe do Destino.

Coro Só Cupido lança o dardo, Temido pelo coração do guerreiro. E só aquela que fere pode curar a aguda dor.

Page 14: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

AeneasIf not for mine, for Empires sake, Some Pity on your Lover take. Ah! make not in a hopeless fire, A Hero fall, and troy once more expire.

Belinda and Second WomanPursue thy Conquest, Love – her Eyes Confess the flame her tongue Denyes.

A Dance Gittars Chacony.

Chorus to the Hills and the Vales, to the Rocks and the Mountains to the Musical Groves, and the cool Shady fountains. Let the triumphs of Love and of Beauty be shown, Go Revel, ye Cupids, the Day is your own.

The Triumphing Dance.

Act the second

Scene I

The Cave.Enter Sorceress.

SorceressWayward Sisters you that fright, the lonely traveller by Night. Who like dismal Ravens crying, Beat the Windows of the Dying. Appear at my call, and share in the fame, of a Mischief shall make all Carthage flame.

Enter Inchanteresses.

First WitchSay Beldam what’s thy will.

ChorusHarm‘s our Delight and Mischief all our Skill.

Sorceressthe Queen of Carthage, whom we hate,

As we do all in prosperous State, Ere Sun set shall most wretched prove, Deprived of fame, of Life and Love.

ChorusHo, ho, ho, ho, ho, ho, etc.

First and Second WitchRuin’d ere the Set of Sun, tell us, how shall this be done.

Sorceressthe trojan Prince you know is bound By fate to seek Italian ground. the Queen and He are now in Chase.

First WitchHark, how the cry comes on apace.

SorceressBut when they’ve done, my trusty Elf In form of Mercury himself, As sent from Jove shall chide his stay, And charge him sail to Night with all his fleet away.

ChorusHo, Ho, ho, ho, etc.

Enter Two Drunken Saylors, a Dance.

First Witch and Second WitchBut ere we we this perform, We’ll Conjure for a Storm, to mar their hunting Sport, And drive ‘em back to court.

ChorusIn our deep vaulted Cell es Cell the Charm we’ll prepare, too dreadful a Practice for this open Air.

Echo Dance of Furies.Enter Aeneas, Dido and Belinda, and their train.

Scene II

The Grove.

Belinda repeated by Chorusthanks to these Lovesome Vailes, these desert Hills and Dales.

EneiasSe não por mim, pelo império, Tende alguma piedade de vosso amante. Ah! Não deixeis num fogo sem esperança Cair um herói, e Troia perecer uma vez mais.

Belinda e a Segunda MulherProssegue a tua conquista, amor – seus olhos Confessam a chama que sua língua nega.

Dança de guitarras Chaconne.

Coro Que às colinas e aos vales, aos rochedos e às montanhas, Aos bosques musicais e às fontes frescas e sombreadas. Os triunfos do amor e da beleza sejam revelados, Deleitai-vos, Cupidos, o dia é vosso.

Dança triunfal.

Ato II

Cena I

A gruta.Entra a Feiticeira.

FeiticeiraIrmãs caprichosas, vós que assustais, O viajante solitário na noite. Que gritando como corvos sombrios Bateis às janelas dos moribundos, Atendei ao meu apelo e partilhai a glória De uma malvadez que porá toda a Cartago em chamas.

Entram as Bruxas.

Primeira BruxaDiz, bruxa velha, diz qual é a tua vontade.

Coro O mal é o nosso deleite e a malvadez a nossa arte.

FeiticeiraA rainha de Cartago, que odiamos,

Como odiamos todos os prósperos Estados, Antes do pôr do Sol a mais desditosa será Privada de glória, de vida e de amor!

Coro Ah, ah, ah, ah, ah, ah!, etc.

Primeira e Segunda BruxasDesgraçada, antes do pôr do Sol, Diz-nos como será feito isso.

FeiticeiraO príncipe troiano, como sabeis, está condenado Pelo destino a demandar terras de Itália. A rainha e ele andam agora caçando.

Primeira BruxaEscutai! Escutai! Os gritos acercam-se depressa.

FeiticeiraMas, quando findarem, o meu elfo fiel, Sob a forma do próprio Mercúrio, Dizendo-se enviado por Júpiter, censurará a sua estada E exortá-lo-á a partir esta noite com toda a sua frota.

Coro Ah, ah, ah, ah, ah, etc.

Entram dois marinheiros embriagados, uma Dança.

Primeira e Segunda BruxasMas antes de isso cumprirmos, Conjuraremos uma tempestade, Para arruinarmos sua caçada, E os fazermos regressar à corte.

Coro Na nossa profunda cela abobadada prepararemos o sortilégio, Uma prática demasiado medonha para ao ar livre ser executada.

Dança em eco das fúrias.Entram Eneias, Dido, Belinda e o seu séquito.

Cena II

O Bosque.

Belinda, repetido pelo CoroGraças a estes vales encantadores, A estas colinas e vales desertos.

Page 15: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

So fair the Game, so rich the Sport, Diana’s self might to these Woods Resort.

Gitter Ground a Dance.

Second Womanoft she visits this lone Mountain, oft she bathes her in this fountain. Here Acteon met his fate, Pursued by his own Hounds, And after Mortal Wounds, Discovered, discovered too late.

A Dance to Entertain Aeneas, by Dido’s Women.

AeneasBehold, upon my bending Spear, A Monster‘s Head stands bleeding, With tushes far exceeding, those did Venus huntsmen tear.

Didothe Skies are clouded, hark how thunder Rends the Mountain oaks asunder.

Belinda Haste, haste, to town this open field, No shelter from the Storm can yield.

Exit.The Spirit of the Sorceress descends to Aeneas in likness of Mercury.

SpiritStay Prince, and hear great Joves‘ Command, He summons thee this Night away.

Aeneasto Night.

Spiritto Night thou must forsake this Land, the angry God will brook no longer stay, Joves commands thee, wast no more, In Loves delights those precious Hours, Allowed by the Almighty Powers, to gain th’ Hespertan Shore, And ruined troy restore.

AeneasJoves‘ commands shall be obey’d, to Night our Anchors shall be weighed,

But ah! what Language can I try My injured Queen to pacify. No sooner she resigns her Heart, But from her arms I’m forc’d to part. How can so hard a fate be took, one Night enjoy’d, the next forsook. Yours be the blame, ye Gods, for I obey your will –, but with more Ease cou’d dye.

The Sorceress and her Inchanteress.

Chorusthen since our Charmes have Sped, A Merry Dance to be led By the Nymphs of Carthage to please us. they shall all Dance to please us. A Dance that shall make the Spheres to wonder, Rending those fair Groves asunder.

The Groves Dance.

Act the third

Scene I

The Ships.Enter the Sailors.The Sorceress and her Inchanteress.

First Sailor repeated by ChorusCome away, fellow Saylors your Anchors be weighing, time and tide will admit no delaying. take a boozy short leave of your Nymphs on the Shore, And Silence their Morning, With Vows of returning, But never intending to visit them more.

The Saylors Dance.

SorceressSee the flags and Streamers curling, Anchors weighing, Sails unfurling.

First WitchPhoebus pale deluding Beames, Guilding more deceitful Streams.

A tão bela caça, a tão esplêndida diversão, A própria Diana poderia frequentar estes bosques.

Dança de guitarras.

Segunda MulherTantas vezes visita ela esta montanha amada, Tantas vezes se banha ela nesta fonte. Foi aqui que Actéon encontrou a morte, Perseguido pelos seus próprios galgos, E depois de mortais ferimentos Tarde de mais descoberto.

Dança para entreter Eneias, pelas mulheres de Dido.

EneiasOlhai! Na ponta da minha lança curvada, Ergue-se ensanguentada uma cabeça de monstro, Com presas que excedem largamente Aquelas que dilaceraram os caçadores de Vénus.

DidoOs céus estão sombrios, escutai como o trovão Fende os carvalhos da montanha!

Belinda Apressai-vos, apressai-vos a regressar à cidade, Este campo descoberto não oferece abrigo para a tormenta.

Saem.

O Espírito da Feiticeira desce sobre Eneias sob a forma de Mercúrio.

EspíritoDetém-te, príncipe, e escuta a ordem do grande Júpiter, Ele intima-te a que partas esta noite.

EneiasEsta noite?

EspíritoEsta noite deves abandonar este país, O Deus irado não tolerará estada mais prolongada, Júpiter ordena-te que não percas mais estas horas, preciosas nas delícias do Amor, Permitidas pelos poderes omnipotentes, Para chegares às costas da Hespéria e reconstruíres a Troia arruinada.

EneiasAs ordens de Júpiter serão cumpridas; Esta noite nossas âncoras serão içadas.

Mas, ai! Com que linguagem poderei tentar apaziguar a minha Rainha ofendida? Mal o seu coração se rendeu, dos seus braços sou obrigado a afastar-me. Como aceitar destino tão atroz? Uma noite desfrutada, na seguinte abandonado. Culpados sejais vós, ó deuses, Pois à vossa vontade obedeço, mas mais facilmente morreria.

A Feiticeira e as suas Bruxas.

Coro Agora que a nossa magia resultou, Que as ninfas de Cartago executem uma alegre dança para nosso deleite. Dançarão todas para nosso deleite. Uma dança que fará pasmar as esferas, Fendendo ao longe os bosques.

Dança dos bosques.

Ato III

Cena 1

Os navios.Entram os Marinheiros.A Feiticeira e as suas Bruxas.

Primeiro Marinheiro, repetido pelo CoroPartamos, companheiros, içai as vossas âncoras, Nem tempo nem maré admitirão atrasos. Dizei um curto e ébrio adeus às vossas ninfas em terra E calai os seus lamentos, Com juras de regresso, Mas sem jamais tencionardes visitá-las outra vez.

Dança dos Marinheiros.

FeiticeiraVede as bandeiras e as flâmulas a ondularem, As âncoras a serem içadas, as velas a serem desfraldadas.

Primeira BruxaOs pálidos raios ilusórios de Febo, Deslizando sobre águas traiçoeiras.

Page 16: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Second Witchour Plot has took, the Queen´s forsook, ho, ho, ho.

First WitchElizas ruin’d, ho, ho, ho.

Sorceress our next Motion, Must be to storm her Lover on the ocean. from the Ruins of others our Pleasures we borrow, Elizas bleeds to Night, and Carthage flames tomorrow.

ChorusDestruction our delight, delight our greatest Sorrow, Elizas dyes to Night, and Carthage flames to Morrow.

Jack of the Lanthorn leads the Spaniards out of their way among the Inchanteresses.A Dance.Enter Dido, Belinda, and Train.

DidoYour Counsel all is urged in vain, to Earth and Heaven I will Complain. to Earth and Heaven why do I call, Earth and Heaven conspire my fall. to fate I sue, of other means Bereft, the only refuge for the wretched left.

BelindaSee Madam see where the Prince appears, Such Sorrow in his looks he bears, As wou’d convince you still he’s true,

Aeneas Enters.

AeneasWhat shall lost Aeneas do. How Royal fair shall I impart the Gods decree and tell you we must part.

Didothus on the fatal Banks of Nile, Weeps the deceitful Crocodile, thus Hypocrites that Murder Act, Make Heaven and Gods the Authors of the fact.

AeneasBy all that’s good,

DidoBy all that’s good, no more, All that’s good you have forsworne. to your promised Empire fly, And let forsaken Dido dye.

AeneasIn spight of Joves’ command, I’ll stay, offend the Gods, and Love obey.

DidoNo, faithless Man thy course pursue, I’m now resolved as well as you. No Repentance shall reclaim, the Injured Dido´s slighted flame. for ‘tis enough, what e’re you now decree, that you had once a thought of leaving me.

AeneasLet Jove say what he please I’ll stay.

DidoAway, away, away to Death I’ll fly, if longer you delay. But Death, alas! I cannot shun, Death must come when he is gone.

ChorusGreat minds against themselves conspire, And shun the Cure they most desire.

Didothy hand, Belinda, – darkness shades me, on thy Bosom let me rest, More I would, but Death invades me, Death is now a welcom guest. When I am laid in Earth, may my Wrongs create No trouble in thy Breast. Remember me, but ah! forget my fate.

Cupids appear in clouds over her Tomb.

ChorusWith drooping Wings ye Cupids come, And scatter Roses on her tomb. Soft and Gentle as her Heart, Keep here your watch and never part.

Cupids Dance.Finis

Segunda BruxaA nossa intriga resultou, A rainha foi abandonada, ah, ah, ah!

Primeira BruxaElissa está desgraçada, ah, ah, ah!

FeiticeiraA nossa próxima acção Será provocar uma tempestade para o seu amante no mar. Da ruína de outrem retiramos nosso prazer, Elissa sangra esta noite, e Cartago arderá amanhã.

CoroA destruição é o nosso deleite, o deleite, o nosso maior desgosto, Elissa morre esta noite, e Cartago arderá amanhã.

Um fogo-fátuo faz dispersar os marinheiros espanhóis por entre as feiticeiras.Dança. Entram Dido, Belinda e o seu séquito.

DidoVosso conselho foi convocado em vão, À Terra e ao Céu me queixarei! À Terra e ao Céu apelar para quê? Terra e Céu conspiram para a minha queda. Privada de outro recurso, imploro ao destino, Único refúgio deixado aos desditosos.

BelindaVede, senhora, vede onde surge o príncipe, Uma tal tristeza traz no olhar, Que vos convenceria de que permanece fiel.

Entra Eneias.

Eneias Que deverá fazer o perdido Eneias? Como, real beleza, vos transmitirei eu O decreto dos Deuses e dizer-vos que temos de nos separar?

DidoAssim como nas margens fatais do Nilo, Chora o crocodilo traiçoeiro, Assim os hipócritas, ao assassinarem, Tornam Céus e Deuses responsáveis dos seus atos.

EneiasPor tudo o que é bom,

DidoPor tudo o que é bom, nada mais, Tudo o que é bom haveis repudiado. Voai para o vosso império prometido, E deixai morrer Dido abandonada.

EneiasApesar da ordem de Júpiter, eu ficarei, Ofenderei os deuses e obedecerei ao amor.

DidoNão, homem sem fé, prossegui vosso curso, Estou agora tão decidida quanto vós. Nenhum arrependimento poderá devolver, a chama desdenhada de Dido ofendida. O que quer que agora decidais, basta que uma só vez Tenhais pensado em me deixar.

EneiasQue Júpiter diga o que quiser, eu ficarei!

DidoParti, parti, parti Para a morte voarei se mais tempo demorardes. Mas a morte, ai de mim! Não posso fugir, A morte virá quando ele partir.

Coro Os grandes espíritos contra si próprios conspiram E fogem da cura que mais desejam.

DidoA tua mão, Belinda! A escuridão envolve-me, Deixa-me repousar sobre o teu seio, Queria mais, mas a morte invade-me, A morte é agora uma hóspede bem-vinda. Quando estiver estendida na terra, que os meus erros Não provoquem tormento no teu peito. Lembra-te de mim, mas, ah!, esquece o meu destino.

Surgem Cupidos nas nuvens sobre o túmulo.

CoroCom as vossas asas caídas, vinde, Cupidos, Espalhar rosas sobre o seu túmulo. Doces e ternas como o seu coração, Montai aqui guarda e jamais parti.

Dança dos Cupidos.Fim

TRADUÇÃO DE ANA SOFIA SAMPAIO

Page 17: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

Academia Barroca Europeia de Ambronay Desde a sua criação, em 1993, a Academia Bar-roca Europeia de Ambronay constitui um passo importante no desenvolvimento de jovens artistas europeus no início da sua carreira. Atualmente, incorpora o projeto eeemerging (european eeemer- ging ensembles), incluindo um ou mais dos ensem- bles selecionados, bem como jovens talentos esco- lhidos em toda a Europa.Anteriormente, esta formação já contou com a direção musical de Jordi Savall, William Christie, Christophe Coin, Christophe Rousset, ton Koop- man, Gabriel Garrido, Rinaldo Alessandrini, Paul McCreesh, Hervé Niquet, Jean tubéry, Serge Saitta, Martin Gester, Sigiswald Kuijken, Leonardo García Alarcón e Enrico onofri.Grandes músicos já participaram na Academia, como Leonardo García Alarcón, Sébastien Daucé, Sébastien d’Herin, Vincent Dumestre, Héloïse Gai-llard, ophélie Gaillard, Mira Glodeanu, frédérick Haas, Ariana Savall e os cantores Marc Callahan, Sophie Daneman, Karine Deshayes, Stéphanie d’oustrac, Mariana flores, Sophie Karthäuser, Ingrid Perruche, Patricia Petibon, Mélodie Ru-vio e Raphaël Pichon.

Paul AgnewArtista de renome internacional e professor bem--sucedido, o tenor britânico Paul Agnew atuou com maestros como Marc Minkowski, ton Koop- man, Paul McCreesh, Jean-Claude Malgoire, Sir John Eliot Gardiner, Philippe Herreweghe e Emma-nuelle Haïm. Chamou a atenção de William Chris-tie, em 1992, durante a digressão triunfante de atys (Lully) com o ensemble Les Arts florissants e, posteriormente, tornou-se o artista escolhido para interpretar repertório barroco francês em óperas de Rameau, Charpentier, mas também de Händel e Purcell.Em 2007, a carreira de Agnew tomou um novo rumo, quando começou a dirigir vários projetos para o Les Arts florissants. fez a sua estreia como Maestro Convidado com um programa das Vés-

biografias

peras de Vivaldi, seguido de Odes e Hinos, de Händel, e The indian Queen, de Purcell. Dirigiu também Lamentazione, um concerto de polifo-nia barroca italiana que gravou como Maestro Associado do Les Arts florissants. o seu trabalho com cantatas italianas levou-o a realizar o ciclo completo dos madrigais de Monteverdi em quase 100 concertos por toda a Europa, um projeto que gravou para a Harmonia Mundi na coletânea Les arts Florissants.Em 2013, Paul Agnew tornou-se Diretor Musical Associado do ensemble Les Arts florissants. Des-de então, dirigiu o ensemble na reprise do ballet doux mensonges, na opéra de Paris, e na nova produção de Platée, no theater an der Wien, na opéra Comique de Paris e no Lincoln Center de Nova Iorque. os destaques desta temporada in-cluem uma digressão internacional dos madrigais de Monteverdi, uma nova produção de L’Orfeo de Monteverdi e a criação do festival da Prima-vera nas igrejas da Vendeia, tendo assumido a direção artística desta iniciativa.Como Maestro Convidado, Paul Agnew também colaborou com diversas orquestras, usando instru-mentos modernos, como a Liverpool Philharmonic orchestra, a Royal Scottish National orchestra, a Norwegian Chamber orchestra, a finnish Radio Symphony orchestra e a Staatsphilharmonie Nürn- berg.Paul Agnew dirigiu o ensemble Les Arts florissants em 2015 e 2016 no festival de Ambronay, com os madrigais de Monteverdi.Agnew é codiretor do Le Jardin des Voix, a acade-mia para jovens cantores do Les Arts florissants. Este interesse na formação de novas gerações de músicos levou-o a dirigir, entre outras, a orches-tre français des Jeunes Baroque e a Academia Barroca Europeia de Ambronay.

Deborah Cachet Estudou em Lovaina, na Bélgica, na Luca School of Arts, com Gerda Lombaerts e Dina Grossberger, e no Conservatorium van Amsterdam, com Sasja Hunnego. Atualmente, trabalha em técnica vocal com Rosemary Joshua.Deborah Cachet foi convidada pela Abadia de Royaumont para interpretar o papel de Querubim na ópera as Bodas de Fígaro, de Mozart, sob a

batuta de René Jacobs, tendo também interpre-tado aí cantatas de Bach com Raphaël Pichon e Christian Immler. Deborah interpretou os papéis de Barbarina, em as Bodas de Fígaro, e de Mor-gana, em alcina, de Händel, com a Dutch Natio-nal opera Academy. Como solista, já atuou com ensembles como Pygmalion, Correspondances, Le Poème Harmonique, L’Achéron, Clematis e Scherzi Musicali.Deborah obteve ainda o primeiro prémio no Con-curso Internacional de Canto Barroco de froville (frança, setembro de 2015).

Aurora PeñaNascida em Valência, Espanha, em 1990, conse-guiu o terceiro prémio e o prémio do público no Concurso Internacional de Canto Barroco de fro-ville (frança, 2015). Em janeiro de 2016, conquis-tou o Young talent Prize Comunitat Valenciana, em Espanha. Recebeu ainda o Extraordinary End of Studies Prize quando concluiu a sua formação em Música no Conservatório Superior de Valên-cia, em julho de 2015. Encontra-se a concluir o Mestrado em Música Antiga pela Escola Superior de Música da Catalunha.No campo da ópera, atuou recentemente no tea-tro Real de Madrid, onde interpretou os papéis de 2.ª Mulher e 1.ª Bruxa em dido e eneias, de Purcell, dirigida por Aarón Zapico. A sua inter-pretação de Grazia, de Scarlatti, no ano passado, em Sevilha, foi amplamente aclamada pela crítica especializada. Como solista, interpretou Carmina Burana, de orff (no Palau de les Arts, em Valência, em 2015), messias, de Händel, Requiem, exsulta-te Jubilate e Vesperae Solennes de Confessore, de Mozart, Jauchzet Gott in allen Landen, de Bach, e membra Jesu Nostri, de Dieterich Buxtehude.

Clément Debieuvre Nascido em 1992, formou-se no Centro de Músi- ca Barroca de Versalhes em Canto Barroco. Em 2016, foi laureado da fundação Royaumont, que promove a formação em ópera barroca sob a orientação de Christophe Rousset, Stéphane fuget e Rita Dams. Interpretou peças de Charpentier, Bouteiller, Bouzignac e Delalande sob a batuta

Page 18: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

de olivier Schneebeli. Participou na recriação de danaïdes, de Salieri, dirigido por Christophe Rous- set. Interpretou os papéis de Arnalta, em L’inco-ronazione di Poppea, de Monteverdi, dirigido por J.-C. Spinosi, e de Lycaste e Segundo Grego em Les amants magnifiques, de Lully, sob a direção de Hervé Niquet. Em abril de 2017, foi solista no Re-quiem de Jean Gilles, sob a batuta de Skip Sempé, no Misteria Paschalia, no Krakow festival e na Pai-xão Segundo São mateus de Bach, em Lausanne, com o ensemble Le Concert Étranger, dirigido por Itay Jedlin. trabalha regularmente com o grupo Concert Spiritual, dirigido por Hervé Niquet, e com o ensemble Les Arts florissants, sob a direção de William Christie.

Renaud Bres o baixo francês Renaud Bres estudou inicialmente para ser percussionista. obteve um diploma em Musicologia em Montpellier, onde começou a formação em canto coral, sob a direção de Patrice Baudry, no Jovem Coro do Conservatório Regio-nal de Montpellier, com o qual atuou mais tarde como solista. Depois do Conservatório, iniciou os estudos em canto de ópera com Elene Golge-vit, antes de viajar para Paris, onde ingressou na classe de Mireille Alcantara, no Conservatório Hector Berlioz. No ano seguinte, inscreveu-se no Centro de Música Barroca de Versalhes, onde concluiu a sua experiência como cantor solista e cantor de coro com Isabelle Desrochers e Vivia- ne Durand, bem como com olivier Schneebeli e outros maestros da orquestra, incluindo Hervé Niquet, Christophe Rousset e Jérémie Rhorer. Recentemente, licenciou-se pelo Centro de Músi-ca Barroca de Versalhes.Atuou como solista em Tancrède, de Campra, Judith and Pastorale H.483, de Marc-Antoine Charpentier (no Castelo de Versalhes), e em Goûts Réunis (programa de J.S. Bach, Purcell, Charpen-tier) no Grande teatro Nacional da China, em Pequim. trabalha regularmente com o Ensemble Correspondances, Cris de Paris, Ensemble Beatus, Ensemble Chronochromie e com o Ensemble Pyg-malion.

Jean-Christophe Lanièce Começou a estudar música desde tenra idade na Maîtrise de Caen, em frança. Iniciou os seus estudos na Maîtrise de Notre-Dame, em Paris, e em 2013 juntou-se ao Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris. Em 2015, entrou na escola de música Hochschule für Musik Hanns Eisler, em Berlim, no âmbito do programa Erasmus. Interpretou os papéis de Antonio – em il Viaggio, de Rossini –, sob a batuta de Marco Guidarini, e de Claudio – em Béatrice & Béné-dict, de Berlioz –, no Conservatório de Paris. foi ainda solista no Coro da orquestra de Paris, na Philharmonie de Paris, na produção de Liebeslie-der Walzer, de Brahms, dirigido por Lionel Sow. Jean-Christophe Lanièce também se interessa pelo repertório contemporâneo, tendo estreado em setembro de 2014 uma peça para barítono e orquestra, La Fibre des mots, composta por Julian Lembke. Interpretou o papel de Eneias em dido & eneias, de Purcell, e em vários recitais de lieder e canções na fundação Singer-Polignac. trabalha regularmente com vários ensembles, nomeada-mente Le Concert Spirituel, Maîtrise de Notre- -Dame de Paris, Hybris Ensemble, Aedes, Il Ballo e Maîtrise de Caen.

Kerstin Dietl Descobriu a sua paixão pelo canto na escola. Come- çou a ter aulas de canto aos 15 anos e, três anos depois, iniciou a sua carreira como solista no Lower Saxony Youth Choir, dirigida pelo professor Jörg Straube. Depois de concluir o ensino secundário, tornou-se membro do Extrachior of opera em Hannover e, posteriormente, no Norddeutscher figuralchor, sob orientação do professor Jörg Straube. Em outubro de 2011, iniciou os seus estudos na Universidade das Artes de Bremen (HfK), no departamento de música antiga. Des-de o início dos seus estudos, Dietl adquiriu uma vasta experiência em canto de ensemble com o ensemble vocal do departamento de música da HfK, dirigida por Detlef Bratschke. Como solista, já trabalhou em várias ocasiões com o Musica Alta

Ripa Ensemble, o Arp Schnitger Ensemble (sob a direção de thomas Albert) e a Bremen Philhar-monic orchestra (sob a batuta olof Boman). Em ópera, estreou-se no papel de Cupido, em Vénus e adónis, de John Blows, sob a direção de olof Boman e Isa Katharina Gericke, e com a Paixão Segundo São João, de Bach, em Castelo Branco, sob a direção de Ketil Haugsand.

Alberto Miguélez-RoucoNasceu na Corunha, em Espanha, em 1994 e, aos oito anos, iniciou os estudos em piano. Ao mesmo tempo, começou a estudar canto com o tenor Pablo Carballido del Camino. Cantou ainda em produções de ópera como La Bohème, Otello, Parsifal e dido & eneias, na qual fez a sua estreia como solista, no papel de feiticeira. Em 2012, começou os estudos de canto na Schola Cantorum Basiliensis (Suíça), na classe da meio--soprano Rosa Romínguez, terminando o bacha-relato em 2015. Neste momento, está a fazer o Mestrado em Canto na Schola Cantorum. também estuda cravo com Andrea Marcon e francesco Corti.Como solista, interpretou Passionkantate, de Carl Heinrich Graun, C-moll Requiem, de Michael Haydn, messa Concertata, de Cazzati, Oratório de Natal, de Saint-Saëns, Stabat mater, de Pergo- lesi, Gloria, magnificat e Beatus Vir, de Vivaldi, Coronation mass e Sparrow mass, de Mozart, e Te deum e messe de minuit, de Charpentier.Interpretou os papéis de feiticeira em dido & eneias, de Henry Purcell (em 2011 e 2013), de os três Rapazes em a Flauta mágica, de Mozart (em 2015), e de Corindo em Orontea, de Antonio Cesti (em 2016). trabalhou com orquestras e ensembles como Le Concert des Nations, Hesperion XXI, La Cetra Barockorchester Basel, Café Zimmermann, Ensem- ble Elyma, Voces Suaves, orquesta Sinfónica de Galicia, orquesta Sinfónica de Castilla y León e a Royal Liverpool Philharmonic orchestra.

Jonas Descotte Depois de uma viagem familiar de seis anos pelo Atlântico, a bordo de um catamarã, foi com uma mente mais enriquecida que Jonas se dedicou a aprender música quando regressou ao Sul da frança. Começou por aprender a tocar violoncelo.Apaixonado pelo canto e pela música barroca, juntou-se à classe de Luc Coadou (no Conserva-toire Regional Rayonnement National de toulon Provence Méditerranée, em toulon) como con-tratenor, em 2012. De modo a aperfeiçoar a sua formação como cantor, estudou órgão, polifonia renascentista, música de câmara, direção de coro e, até, tango.Jonas ingressou ainda na Genena HEM (Haute École de Musique de Genève), na classe de Natha- lie Stutzmann.

Etienne Duhil de BénazéComeçou a estudar música com sete anos, na classe de trompete de Dominique Bougard. Entrou no Conservatório de Montpellier em 2007, na classe de Emmanuel Collombert. Depois de ter sido premiado em 2012, ingressou na Maîtrise de Notre-Dame, em Paris, e depois no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, onde ainda estuda. Etienne teve a oportunidade de atuar como can-tor com maestros como Lionel Sow, Gustavo Du-damel, Sir Norrington, Leonardo García Alarcón, Henri Chalet e, como solista, com a opéra fuoco Compagny, em Cosi Fanciulli, de Nicolas Bacri, no papel de ferrando, no théâtre des Champs- -Élysées, em Paris, e em dido & eneias (nos papéis de Marinheiro e Espírito) no Shanghai Symphony Hall, sob a batuta de David Stern.

Page 19: Dido & Eneias - CCB - Fundação Centro Cultural de … de Shakespeare, tornou-se exigente. A partir de 1612, a colaboração entre o dramaturgo Ben Johnson, o arquiteto Inigo Jones,

I N D I V I D U A L

#ccbelem#amigoccb

A não perder14 a 17 setembroGrande Auditório e

Sala Luís de freitas BrancoProdução CCB

festival MonteverdiComemoração dos 450 Anos do Nascimento de Claudio Monteverdi (1567-1643)Em 2017, celebram-se os 450 anos do nascimento de uma das figuras

mais importantes da História da Música: Claudio Monteverdi (1567-1643).

Considerado como o pai da Ópera, o seu L’Orfeo, de 1607, foi a primeira

obra a reunir os ingredientes básicos da ópera de forma consistente.

os primeiros dramas líricos de Monteverdi foram criados para a corte

de Mântua, mas as suas obras-primas posteriores já se destinavam

ao público de Veneza, onde fez cantar uma das maiores obras-primas

de todos os tempos: as Vésperas de Nossa Senhora. o CCB comemora

este génio da história da música com um fim de semana de concertos,

com o Ludovice Ensemble, La Venexiana, Coro Ricercare, Grupo Vocal

olisipo e officium Ensemble.

A propósito do festival Monteverdi, o CCB levará a cabo os ciclos O mito de Orfeu na Literatura e na música (4 de setembro a 2 de outubro), com conceção e orientação de Miguel Santos Vieira, e O Barroco na Literatura (3 a 31 de outubro), por Maria Alzira Seixo.

14 SETGRANDE AUDItÓRIo

Vésperas de Nossa Senhora Ludovice Ensemble

fernando Miguel Jalôto órgão e direção musical

16 SETGRANDE AUDItÓRIo

OrfeuLa Venexiana

16–17 SETSALA LUÍS DE fREItAS BRANCo

Madrigais La Venexiana

officium EnsembleCoro Ricercare

Grupo Coral olisipo

Beneficie dos descontos para os concertos CCB

• 25% de desconto até aos 30 anos e depois dos 65 anos

• Desconto de 30% com o Cartão Amigo CCB (ao comprar o ingresso para o concerto, o bilhete de estacionamento na Garagem é gratuito). os descontos só são aplicados a espetáculos com preço superior a 10€.

• Não se esqueça do bilhete a 5€ para músicos e estudantes de música (quota limitada).

• Lembre-se de que, no 1.º domingo de cada mês, os concertos CCB têm 30% de desconto.