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ORGANIZAO DOTRABALHO PEDAGGICO
Autoras
Ana Cludia Urban
Christiane Martinatti Maia
Maria Fani Scheibel
2008
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2007-2008 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e do detentordos direitos autorais.
M217 Maia, Christiane Martinatti; Urban, Ana Cludia; Scheibel,
Maria Fani. / Organizao do trabalho pedaggico. /
Ana Cludia Urban; Christiane Martinatti Maia; Maria Fani Schei-
bel. Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2008.
220 p.
ISBN: 978-85-7638-978-1
1. Didtica. 2. Educao - Linguagem didtica. 3. Ensino - Did-
tica. 4. Currculos - Planejamento. I. Ttulo. II. Scheibel, Maria
F. III. Urban, Ana C.
CDD 3713
Todos os direitos reservados.
IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 Batel
80730-200 Curitiba PR
www.iesde.com.br
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Sumrio
Didtica, identidade profissional e contextualizao da prtica docente | 7
Didtica: aspectos histricos | 7Didtica: concepo e objeto | 8
A Didtica e a construo da identidade profissional | 10
A Didtica na formao de professores | 11
Didtica, identidade e profissionalizao docente | 19Identidade do professor | 19
O ideal de professor ou professor ideal qual perfil? | 21
A formao reflexiva do professor | 26
Tendncias pedaggicas I | 31Educao Bancria e Educao Problematizadora | 33
Pedagogia Liberal e Pedagogia Progressista | 36
Tendncias pedaggicas II | 43Ambientes educativos e a epistemologia do professor | 43
Tendncias pedaggicas e o processo de ensino e de aprendizagem na perspectiva de Mizukami | 47
Escola e professor: funo social | 55A funo social da escola e dos professores | 55
Funo social da escola | 56
Funo social do ensino e suas implicaes didtico-pedaggicas: viso de homem | 58Funo social do ensino e suas implicaesdidtico-pedaggicas: viso de sociedade e Educao | 61
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Planejamento | 67Planejamento versusplano: conceitos e abordagens | 67
O Projeto Poltico-Pedaggico | 71
Planejamento II | 79Vertentes do planejamento do processo de ensino-aprendizagem | 79
Plano de aula e pedagogia de projetos | 91Plano de aula | 91
Plano de aula e planejamento de aula | 99
Pedagogia de projetos | 101
Projetos de trabalho versuscentros de interesse | 104
Currculo: implicaes didtico-metodolgicas | 109Conceitos | 109
Currculo formal, currculo em ao e currculo oculto | 116
Temas transversais e currculo | 117
Currculo: multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade,
interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e contextualizao | 120
Estudos culturais, currculo e Educao | 127A construo do sujeito: prticas de representao e identidade | 128
Identidade e currculo | 130
Multiculturalismo | 131
Projetos de trabalho na Educao Infantil | 135Construindo a infncia: mltiplas imagens! | 135
Projetos de trabalho | 138
Projetos de trabalho nas sries iniciais | 147To igual e to diferente: nossos alunos... | 147
O que refletem os projetos de trabalho? | 148
Projetos de trabalho e currculo | 149
Algumas propostas de trabalho | 151
Sintetizando... | 153
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Projetos de trabalho para as sries finais no Ensino Fundamental | 155Pensando a prtica docente e sua relao com a realidade do Ensino Fundamental | 156
Projetos de trabalho | 158
Projetos de trabalho para o Ensino Mdio | 163
Avaliao: perspectivas atuais | 173Histrico da inteligncia: trs pressupostos associados definio de inteligncia | 173
Teoria das inteligncias mltiplas | 174
Avaliar na escola | 176
Parmetros Curriculares Nacionais e temas transversais: tecendo fios | 183Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil | 183
Parmetros Curriculares Nacionais e temas transversais para as sries iniciais | 185Parmetros Curriculares Nacionais e temas transversais: tecendo crticas | 187
Tecnologias da informao e prticas educativas | 191Tecnologias da informao e prticas educativas | 191
Teoria histrico-cultural | 193
Letramento | 194
Os espaos da escrita | 195
Propostas educativas: MSN, Orkut e chats | 196
Gabarito | 199
Referncias | 207
Anotaes | 219
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Doutoranda em Educao pelo PPGEDU/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Educao pela UFRGS. Professora
do Curso de Pedagogia e de Educao a Distncia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Pedagoga e Psicopedagoga.
1 O professor Fernando Becker Doutor em Psicologia Escolar e atua profissionalmente na Faculdade de Educao da Universidade Federaldo Rio Grande do Sul (UFRGS).
Tendncias pedaggicas II
Christiane Martinatti Maia*
O objetivo do texto apresentar o pensamento pedaggico de diferentes autores sobre acontextualizao dos ambientes educativos de onde emergem a compreenso de homem, mundo esociedade; compreender o papel do professor, do aluno, da escola e dos elementos que compem oambiente escolar; relacionar tendncias pedaggicas e a prtica docente que os professores adotamem suas salas de aula.
Ambientes educativos
e a epistemologia do professorFernando Becker1desenvolveu a idia de modelos pedaggicose modelos epistemolgicospara
explicar os pressupostos pelos quais cada professor atua. Apresenta, ento, trs modelos: PedagogiaDiretiva, Pedagogia No-Diretiva e Pedagogia Relacional.
Pedagogia DiretivaA Pedagogia Diretiva configurada numa sala de aula em que o professor observa a entrada de
seus alunos, aguardando que eles ocupem seus lugares e fiquem em silncio. As classes so dispostas demodo a evitar que os estudantes conversem entre si. Caso no faam silncio logo no incio da aula, o pro-fessor falar alto, chamar um aluno, xingar outro, at obter a exclusividade da palavra. S ento dar in-cio aula. Nessa aula, o professor fala, o aluno ouve; o professor decide o que fazer e o aluno realiza.
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Para Becker (2001), o professor age assim porque acredita que o conhecimento transmitido parao aluno. O professor entende que seu aluno no tem nenhum saber, no o tinha no nascimento e no otem a cada novo contedo que necessita estudar nas disciplinas curriculares.
O professor, com essa prtica, fundamenta-se numa epistemologia pela qual o sujeito o ele-mento conhecedor, totalmente determinado pelo mundo do objeto ou pelos meios fsicos e sociais.Essa epistemologia representada da seguinte forma2:
Empirismo = S O
O professor representa esse mundo na sala de aula, entendendo que somente ele, professor, odetentor do saber e pode produzir algum conhecimento novo ao aluno. Cabe ao aluno ouvir, prestarateno, permanecer quieto e em silncio e repetir, quantas vezes forem necessrias, escrevendo, len-do, at aderir ao que o professor deu como contedo. A disciplina escolar rigorosa, o autoritarismo doprofessor predomina.
Traduzindo o modelo epistemolgico em modelo pedaggico temos:
A P
Assim, o professor ensina e o aluno aprende. Nesse modelo, nada de novo acontece na sala de aula, ese caracteriza por ser reproduo de ideologia e repetio.
Pedagogia No-DiretivaNa prtica docente em sala de aula, o professor , segundo a teoria de Carl Rogers, um facilitador
da aprendizagem, um auxiliar do aluno. O educando j traz um saber e preciso apenas organiz-lo oureche-lo de contedo. O professor deve interagir o mnimo possvel, pois acredita que o aluno aprendepor si mesmo. A epistemologia que fundamenta essa postura pedaggica a apriorista:
S O
Apriorismo vem de a priori, o que significa que aquilo que posto antes vem, como condio do
que vem depois. Essa epistemologia sustenta a idia de que o ser humano nasce com o conhecimento jprogramado na sua herana gentica, bastando o mnimo de interferncia do meio fsico ou social para oseu desenvolvimento.
Segundo Becker (2001), o professor que segue a epistemologia apriorista renuncia quilo queseria a caracterstica fundamental da ao docente: a interveno no processo de aprendizagem doaluno.
2Becker (2001) prope uma representao simblica da relao entre homem e mundo, na qual Scorresponde ao sujeito e Oao objeto e arelao professor e aluno, no qual Pcorresponde ao professor e Aao aluno.
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Assim, os alunos com dificuldades de aprendizagem oriundos, mais freqentemente, de famliaspobres produziro, numa sala de aula no-diretiva, menos conhecimento que crianas de classe mdiaou alta.
Nessa representao pedaggica, o aluno, pelas suas condies prvias, determina a ao doprofessor.
A P
Pedagogia RelacionalNa sala de aula, cuja prtica docente baseada na Pedagogia Relacional, o professor admi-
te que tudo que o aluno construiu at hoje em sua vida serve de patamar para construir novos co-nhecimentos. Para esse professor, o aluno tem uma histria de conhecimento j percorrida e capazde aprender sempre. A disciplina rgida e a postura autoritria do professor so superadas atravsda construo de uma disciplina intelectual e regras de convivncia que permitam criar um ambientefavorvel aprendizagem.
O professor acredita que o aluno aprender novos conhecimentos se ele agir e problematizar suaao. Para que isso acontea, torna-se necessrio que o aluno aja (assimilao) sobre o material que oprofessor traz para a sala de aula e considera significativo para sua aprendizagem; e que o aluno respon-da para si mesmo s perturbaes (acomodao) provocadas pela assimilao do material.
Becker (2001, p. 24) diz que [...] a aprendizagem , por excelncia, construo, ao e tomada deconscincia da coordenao das aes. Professor e aluno determinam-se mutuamente.Nesse modeloepistemolgico, temos:
S O
O sujeito constri Construtivismo seu conhecimento nas dimenses do contedo e da formaou estrutura como condio prvia de assimilao.
Nessa tendncia, em sala de aula, o professor, alm de ensinar, passa a aprender e o aluno, almde aprender, passa a ensinar. Nessa relao, professor e alunos avanam no tempo. Traduzindo pedago-
gicamente, temos:
A P
Segundo Becker (2001, p. 28),
[...] o resultado dessa sala de aula a construo e a descoberta do novo; a criao de uma atitude de busca e de
coragem. Essa sala de aula no reproduz o passado pelo passado, mas debrua-se sobre ele porque a se encontra o
embrio do futuro. Vive-se intensamente o presente medida que se constri o futuro, buscando, no passado, sua fe-
cundao.
Quadros-sntese dos modelos pedaggicos
e modelos epistemolgicos de Fernando Becker (2001)
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Epistemologia Pedagogia
Teoria Modelo Modelo Teoria
Empirismo S O A P Diretiva
Apriorismo S O A P No-Diretiva
Construtivismo S O A P Relacional
Modelos pedaggicos e modelos epistemolgicos
Pedagogia DiretivaPedagogia
No-DiretivaPedagogia Relacional
Escola
Lugar de silncio; classes enfileira-
das e separadas para evitar conver-
sas; lugar onde se molda o aluno e
se transmite conhecimento.
A escola lugar onde tudo
livre; o aluno escolhe o lugar
e o aprender; o poder
exercido subliminarmente.
A escola lugar de descoberta,
de discusso; lugar onde h
experimentao, dialogicidade;
busca-se oportunizar a constru-
o do conhecimento.
Ensino
O professor decide o que trabalhar;os contedos so transmitidos
mecanicamente; o objetivo tudo
o que o sujeito no .
O aluno aprende por si
mesmo definindo o que ir
estudar.
O contedo desenvolvido de
maneira desafiadora, interativa.
Mtodo
O professor ensina e o aluno apren-
de; o professor fala e o aluno escu-
ta / transmisso de conhecimento;
o professor decide o que fazer e o
aluno executa.
O professor intervm o mni-
mo possvel, pois o aluno j
traz um saber.
Problematizao de situaes;
reflexes, dilogo; interao
entre sujeito e objeto.
Professor X aluno
O professor que detm o conhe-
cimento; o aluno considerado
uma tbula rasa, pois no tem
conhecimento algum.
O professor um auxiliar
do aluno, um facilitador;
o aluno quem decide e
escolhe.
O dilogo fundamental; o pro-
fessor mediador do processo
de ensino e de aprendizagem;
aluno e professor interagem na
teoria e na prtica.
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Tendncias pedaggicas II 47
Pedagogia DiretivaPedagogia
No-DiretivaPedagogia Relacional
Aprendizagem
Empirismo no h conhecimento
anterior; o estilo e tipo de apren-
dizagem enfatizada copiar, ler,
decorar e reproduzir o que
o professor ensinou.
A aprendizagem vista
como um deixa fazer;
ensinar prejudica o aluno;
apriorismo o ser humano
nasce com conhecimento.
O sujeito constri o seu conhe-
cimento; ao-reflexo-ao
(prxis).
Tendncias pedaggicas e o processo de ensino
e de aprendizagem na perspectiva de Mizukami3Mizukami (1986)classifica o processo de ensino nas seguintes abordagens:
abordagem Tradicional;::
abordagem Comportamentalista;::
abordagem Humanista;::
abordagem Cognitivista;::
abordagem Sociocultural.::
Abordagem TradicionalA Educao vista como um produto com transmisso de idias selecionadas e organizadas lo-
gicamente. O professor o transmissor do contedo e o aluno, o receptor. Nessa abordagem, a meto-
dologia caracteriza-se por aulas expositivas e demonstraes do professor classe, onde este j trazo contedo pronto e o aluno limita-se a escut-lo.
A reproduo de contedo feita pelo aluno de forma automtica e sem variaes. A relao pro-fessor-aluno vertical. O professor detm o poder decisrio quanto metodologia, contedo, avalia-o, forma de interao na sala de aula, entre outros.
3 A professora Maria da Graa Nicoletti Mizukami paulista, pedagoga, doutora em educao pela PUC/RJ e professora universitria.
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So reprimidos os elementos da vida emocional ou afetiva por acharem que eles impedem umaboa e til direo do trabalho de ensino.
A avaliao visa reproduo do contedo comunicado em sala de aula. Mede-se pela exatidode informaes que se consiga reproduzir.
Abordagem ComportamentalistaEsta abordagem se caracteriza pelo empirismo, ou seja, pelo primado do objeto. O conheci-
mento visto como uma descoberta para o indivduo que a faz. Porm, o que foi descoberto jse encontrava presente na realidade exterior. Considera-se o organismo sujeito s contingnciasdo meio, sendo o conhecimento uma cpia de algo que simplesmente dado no mundo externo.(MIZUKAMI, 1986, p. 19).
A experincia, ou a experimentao planejada, considerada pelos comportamentalistas oubehavioristas como a base do conhecimento. Evidencia-se, pois, sua origem empirista, ou seja, a consi-derao de que o conhecimento o resultado direto da experincia.
Segundo Mizukami (1986, p. 30), ensinar consiste, assim, num arranjo e planejamento de con-tingncia de reforos, nos quais os estudantes aprendem a aquisio do comportamento.O contedotransmitido visa objetivos e habilidades que levem competncia. O aluno considerado como um re-cipiente de informaes e reflexes.
O professor tem a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino e de aprendi-zagem, maximizando o desempenho do aluno e considerando fatores de economia de tempo, esfor-
os e custos.
Conforme a autora (MIZUKAMI, 1986, p. 32), a funo bsica do professor consistiria em arranjaras contingncias de reforo de modo a possibilitar ou aumentar a possibilidade de ocorrncia de umaresposta a ser aprendida.
Visto que nessa abordagem acredita-se que o aluno progride em seu ritmo prprio, a avaliaoest diretamente ligada aos objetivos estabelecidos.
Abordagem HumanistaEsta abordagem consiste nas tendncias ou enfoques que ressaltam o sujeito, dando nfase a rela-
es interpessoais e vida psicolgica e emocional do indivduo. o chamado ensino centrado no aluno.
O professor age como um facilitador da aprendizagem, dando assistncia ao aluno, sem transmi-tir contedos. Ele no ensina, apenas cria condies para que os alunos aprendam, visto que o conte-do advm das suas prprias experincias.
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Tendncias pedaggicas II 49
Tendo o professor como um ser de personalidade nica, no possvel ensinar-lhe um repertrio deestratgias de ensino. Ele mesmo desenvolve o seu prprio repertrio, de uma forma nica, decorrente dabase perceptual de seu comportamento.
O processo de ensino vai depender do carter individual do professor, como ele se inter-relacio-na com o carter individual do aluno. mais valorizada a relao pedaggica que propicie um clima fa-vorvel ao desenvolvimento das pessoas e a liberdade de aprender que tcnicas, mtodos e estratgiaspara facilitar a aprendizagem.
A padronizao de produtos de aprendizagem e competncias do professor so desprezadasnessa abordagem. Aqui a nfase na auto-avaliao.
Abordagem CognitivistaO termo cognitiva (MIZUKAMI, 1986, p. 59) refere-se a psiclogos que investigam os denomi-
nados processos centrais do indivduo, dificilmente observveis, tais como organizao do conheci-mento, processamento de informaes, estilos de pensamento ou estilos cognitivos, comportamentosrelativos tomada de decises etc.
Estuda-se a aprendizagem como sendo mais que um produto de ambiente, das pessoas ou de fa-tores externos ao aluno.
As emoes so consideradas em suas articulaes com o conhecimento. H uma preocupaocom as relaes sociais, mas a nfase dada capacidade do aluno de integrar informaes e pro-cess-las. Essa abordagem predominantemente interacionista: o conhecimento produto da inte-rao entre o homem e o mundo.
Consideram-se formas pelas quais as pessoas lidam com os estmulos ambientais, organizam da-dos, sentem e resolvem problemas, adquirem conceitos e empregam smbolos verbais.
O processo educacional tem um papel importante ao provocar situaes que sejam desequilibradaspara o aluno. Esses desequilbrios so adequados ao nvel de desenvolvimento em que se encontram.
Piaget (apudMIZUKAMI, 1986) associa os aspectos intelectual e moral tendo como objetivo aconquista de verdades por si s, atravs da investigao individual (motivao intrnseca).
Contudo, nessa abordagem, o trabalho em grupo visto como uma forma de cooperao e de-senvolvimento que permite o agrupamento dos indivduos em torno de uma investigao que lhesconstitua um verdadeiro problema.
Aprender implica assimilar o objeto a esquemas mentais, assim, o ensino deve estar baseado emproposio de problemas projetos de ao, na pesquisa, na investigao e no em aprendizagem defrmulas, nomenclaturas e definies.
O professor tem o papel de criar situaes, propiciando condies com as quais possam se esta-belecer reciprocidade intelectual e cooperao, ao mesmo tempo moral e racional (MIZUKAMI, 1986,p. 77). Cabe a este tambm evitar a rotina, a fixao de respostas e hbitos. Deve propor problemas sem
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ensinar as solues. Tem a funo de provocar desequilbrio, desafiar, sempre orientando o aluno con-cedendo-lhe autocontrole e autonomia.
O aluno deve ser tratado de acordo com as caractersticas estruturais prprias de sua fase evo-lutiva e o ensino precisa, conseqentemente, ser adaptado ao desenvolvimento mental e social.(MIZUKAMI, 1986, p. 78).
Uma das formas de se verificar o rendimento atravs de reproduo sob diferentes formas cau-sais, entre outras.
O erro e as solues incompletas ou distorcidas dos alunos devem ser considerados, visto que asua interpretao de mundo realizada conforme os diferentes estgios de desenvolvimento.
Abordagem SocioculturalNesta abordagem o homem o sujeito da Educao. medida que o homem se integra em seucontexto, reflete sobre ele e com ele se compromete, tem a conscincia de sua historicidade, construin-do-se e chegando a ser sujeito.
O processo de conscientizao sempre inacabado, contnuo e progressivo, uma aproximao crtica da realidade
que vai desde as formas de conscincia mais primitivas at a mais crtica e problematizadora e, conseqentemente,
criadora. (MIZUKAMI, 1986, p. 91).
O ensino e a aprendizagem assumem um sentido amplo e devem procurar a superao da rela-o opressor-oprimido, sendo a Educao Problematizadora a verdadeira Educao que ajudar nes-se processo, visto que a mesma objetiva o desenvolvimento da conscincia crtica e a liberdade como
meios de superar as contradies de Educao Bancria (autoritarismo).
Nessa viso, o educador procura desmistificar e questionar com o aluno a cultura dominante, va-lorizando a linguagem e a cultura deste, criando condies para que cada um deles analise seu contex-to e produza cultura. (MIZUKAMI, 1986, p. 99).
A relao professor-aluno horizontal e no imposta, em que um educador coloca-se no lugar dooutro para que o processo educacional seja real, consciente.
Mizukami (1986, p. 99) define essa relao da seguinte forma:
[...] o professor procurar criar condies para que, juntamente com os alunos, a conscincia ingnua seja superada e
que estes possam perceber as contradies da sociedade e grupos em que vivem.
Haver preocupao com cada aluno em si, com o processo e no com produtos de aprendizagem acadmica padroniza-
dos. O dilogo desenvolvido, ao mesmo tempo que so oportunizadas a cooperao, a unio, a organizao, a soluo
em comum dos problemas.
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Tendncias pedaggicas II 51
Classificao do processo de ensino e de aprendizagem segundo as abordagens pedaggi-
cas de Mizukami (1986)
Escola Ensino Mtodo Professor X aluno Aprendizagem
Aborda
gemT
radicional
Lugar por exceln-
cia onde se realiza a
Educao; funciona
como agncia siste-
matizadora.
Os alunos so
instrudos e
ensinados; os
contedos e as
informaes tm
de ser inquiri-
dos, os modelos
imitados.
Transmisso do
patrimnio cultural; o
professor traz conte-
do pronto, o aluno
limita-se a escutar e
executar as tarefas.
O professor detm
o poder decisrio;
o professor informa
e conduz os alunos;
dependncia
intelectual e afetiva
dos alunos.
Visa reprodu-
o do conte-
do; exatido da
reproduo e da
informao, notas
como nveis.
Abordagem
Comportamentalista
Agncia educa-
cional que adota
padres de com-
portamento teis
sociedade; a escola
educa formalmente.
Ensinar consiste
num arranjo e
planejamento
de reforo para
aprendizagem;
aprendizagem
garantida pelaprogramao.
Aplicao de tecno-
logia educacional;
estratgias de ensino;
reforo no relacio-
namento professor e
aluno.
O professor um
planejador, analista
e engenheiro com-
portamental; aos
educandos cabe a
aquisio cientfica.
A avaliao consis-
te em se constatar
se o aluno apren-
deu e atingiu os
objetivos propos-
tos.
AbordagemHu
manista
Lugar onde se ofe-
recem condies
que possibilitem a
autonomia do alu-
no; lugar onde h
interferncia com ocrescimento
da criana.
No-diretivi-
dade; conjunto
de tcnicas que
implementam
a atitude bsica
de confianae respeito ao
aluno.
Cada educador
desenvolve um estilo
prprio; facilitar a
aprendizagem dosalunos.
Professor uma
personalidade ni-
ca; relacionamento
entre professor e
aluno possvel e
nico.O professor um
facilitador do
aprendiz.
Auto-avaliao.
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Escola Ensino Mtodo Professor X aluno Aprendizagem
AbordagemC
ognitivista
A escola deve pos-
sibilitar que o aluno
aprenda por si
mesmo; deve pos-
sibilitar, tambm, o
desenvolvimento
da ao motora,
mental e verbal.
Aprender im-
plica assimilar o
objeto a esque-
mas mentais;
aprendizagem
se d no exerc-
cio operacional
da inteligncia;
aprender a
aprender.
A ao do indivduo
o centro do processo;
trabalho em grupo; o
jogo tem importncia
fundamental.
Reciprocidade inte-
lectual, cooperao
moral e racional;
deve haver dilogo,
argumentao e
reflexo
na relao.
Expresses pr-
prias, explicaes
prticas, conside-
rao em relao
ao erro; leva-se em
conta a interpre-
tao.
AbordagemS
ocio
cultural
Local onde deve ser
possvel o cresci-
mento mtuo do
professor e dos alu-
nos, num processo
de conscientizao;
a escola uma insti-
tuio que existe no
contexto histrico
de uma determina-
da sociedade.
Deve procurar
a superao da
relao opressor-
oprimido; dilo-
go; reconhecer-
se criticamente;
percepo da
realidade e pro-
blematizao.
Reflexo conjunta de
forma crtica sobre os
objetos; buscar tema
gerador; debates,
posio sociointera-cionista.
A relao pro-
fessor aluno
horizontal e no
imposta; valoriza-
o do sujeito; deve
haver um processodialgico e crtico,
reflexivo.
Auto-avaliao ou
avaliao mtua e
permanente
da prtica.
O estudo das tendncias pedaggicas torna-se fascinante, na medida em que favorece ao profes-sor e professora uma viagem histrica no tempo, vindo ao encontro das diferenas do saber, conhecere acompanhar as filigranas que envolvem a evoluo do pensamento pedaggico, desde a Antigidadeat os dias de hoje.
Enfatizamos os ambientes educativos e a idia de modelos pedaggicos e modelos epistemo-lgicos, suas relaes e manifestaes na maneira de ensinar do professor que, em todos os enfoquesapontados, sofre influncias sociais, econmicas e culturais.
Essas abordagens contribuem como matria-prima para o professor ao estudar a sua funo, aoestudar a escola e o aluno, a fim de dispor de alternativas que o subsidiaro na escolha de sua futuraprxis, distinguindo elementos favorveis e desfavorveis em cada uma das tendncias apresentadasfrente contemporaneidade.
A escolha do caminho a seguir, que postulado na proposta pedaggica da Escola, no ato so-litrio, mas uma opo feita de forma consciente no coletivo de toda a comunidade escolar.
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Tendncias pedaggicas II 53
Atividades1. Responda s questes abaixo, usando Vpara verdadeiro e Fpara falso. Todas as questes falsas
devem ser justificadas teoricamente.
a) ( ) A professora Raquel acredita que o sujeito constri seu conhecimento por meio daao-reflexo-ao; assim, planeja suas aulas utilizando-se de problemticas do cotidiano,tais como reportagens, anlise de documentrios, letras de msica etc. A prtica pedaggi-ca da referida professora encontra-se relacionada Pedagogia No-Diretiva. Justificativa:
b) ( ) A professora Rosa, utilizando-se da Pedagogia Diretiva, acredita que o bom professor aquele que decide todo o contedo a ser trabalhado em seu planejamento; assim, cabe aoprofessor ensinar e ao aluno aprender sem interao entre o conhecimento e as experinciasde ambos. Justificativa:
2. Classifique em Pedagogia Diretiva, No-Diretiva ou Relacional a caracterizao de alunose professores proposta na coluna esquerda:
Exemplo:
Alunos quietos e silenciosos. Pedagogia Diretiva
a) O aluno aprender se agir e problematizar sua ao. Pedagogia
b) O professor fala e o aluno ouve. Pedagogia
c) O professor tem um papel de auxiliar do aluno. Pedagogia
d) O professor decide o que o aluno deve fazer. Pedagogia
e) O aluno realiza o que o professor manda e decide. Pedagogia
f) O aluno constri o conhecimento. Pedagogia
g) A palavra monoplio do professor. Pedagogia
h) A aula s inicia com os alunos quietos e silenciosos. Pedagogia
i) O aluno capaz de aprender sempre. Pedagogia
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3. Escreva, para cada abordagem do processo de ensino e de aprendizagem, duas caractersticas re-lacionadas ao papel do professor e do aluno.
a) Abordagem Tradicional.
b) Abordagem Comportamental.
c) Abordagem Humanista.
d) Abordagem Cognitivista.
e) Abordagem Sociocultural.
4. Voc concorda que toda prtica educativa contm, inevitavelmente, uma dimenso poltica?
5. Assista ao filme: Conrack. Direo de Martin Ritt. EUA: 20thCentury Fox, 1974.
Sinopse do filme: Este filme trata da histria de um jovem professor branco, de cabelos compri-dos e que contra a Guerra do Vietn. Ele assume uma classe de crianas negras numa remota ilha daCarolina do Sul. L, seu mtodo de lecionar, moderno e liberal, sofre forte oposio da direo da escolae ele acaba confrontando-se com a ignorncia e a desaprovao num grau que nunca sonhou existir.
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Gabarito
Tendncias pedaggicas II
1.
a) ( F )
Pedagogia Relacional.
b) ( V )
2.
a) Relacional
b) Diretiva
c) No-Diretiva
d) Diretiva
e) Diretiva
f) Relacional
g) Diretiva
h) Diretiva
i) Relacional
3.
a) O professor o transmissor do contedo e o aluno o receptor.
b) O professor planeja e desenvolve o sistema de ensino-aprendizagem e o aluno considerado
um recipiente.
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c) O professor age como facilitador da aprendizagem e o aluno aprende a partir de suas prprias
experincias e das condies criadas pelo professor.
d) O professor cria situaes problemtizadas aos alunos e a estes cabe assimilar o objeto de es-
quemas mentais, integrando informaes e processando-as.
e) O professor procura desmistificar com o aluno a cultura dominante, desenvolvendo assim a
conscincia crtica.
4. Resposta pessoal
Organizao do trabalho pedaggico