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Didática & o professor do Século XXI

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Didática

&

o professor do Século XXI

Livro: Repensando a Didática

Ilma Passos (coordenação)

DIDÁTICA: SUAS RELAÇÕES,

SEUS PRESSUPOSTOS

Olga Teixeira Damis

EDUCAÇÃO ESCOLAR

Desde os JESUÍTAS até hoje,um longo caminho foi percorridopela prática da educação escolarna busca de uma organização doprocesso de ensinar-aprenderatravés da relação professor-aluno.

EDUCAÇÃO ESCOLAR

A ESCOLA como direito de todos sópassou a existir, aproximadamente,há dois séculos atrás. Nasce danecessidade de se organizar umaforma de transmitir o saber que ahumanidade sistematizou ao longo desua existência.

EDUCAÇÃO ESCOLAR

Na sociedade antiga e medieval, a escolacomo instituição pública deresponsabilidade do Estado, praticamentenão existiu. A educação sistemática eraprivilégio de alguns (nobres ou senhores) ecumpria a função conservadora dainstituição social, desenvolvendo etransmitindo concepções de mundoadequadas a manutenção da realidade.

REFLEXÃO PEDAGÓGICA

SOCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES, naantiguidade, e SANTO TOMÁS DE AQUINO,na idade média:

Desenvolver no homem sua essência ideal deforma a atender as necessidades que asjustificam.

O homem a ser desenvolvido era o que compunhaa classe de homens livres.

REFLEXÃO PEDAGÓGICA

PLATÃO: a educação deve proporcionar aocorpo e a alma toda a perfeição e beleza de quesão suscetíveis.

ARISTÓTELES: a educação deve moldar amatéria com a energia do sentido contido nanoção de forma humana.

SANTO TOMÁS DE AQUINO: a educaçãodeve ser uma atividade em virtude da qual osdons potenciais se tornam realidade atual.

REFLEXÃO PEDAGÓGICA

Para conduzir o educando ao ideal demoral, de formação de caráter, dehábitos, do domínio das paixões, dajustiça, do desenvolvimento intelectual,físico e artístico, foi utilizada uma práticapedagógica baseada em dogmas naautoridade do mestre e na disciplina.

O ADVENTO DO CAPITALISMO

A burguesia necessita desenvolver umnovo homem que pudesse contribuir paratransformar, através do trabalho, asantigas relações sociais predominantes.

A educação passa a ser

um direito de todos.

Didática Magna – COMÊNIO - 1957

COMÊNIO: elabora uma proposta de reforma da escolae do ensino e lança a base para uma pedagogia queprioriza a “arte de ensinar” por ele chamado de“Didática”.

“A proa e a prosa da nossa Didática seráinvestigar e descobrir o método segundo o qual osprofessores ensinem menos e os estudantesaprendam mais; nas escolas, haja menos barulho,menos enfado, menos trabalho inútil, e, aocontrário, haja mais reconhecimento, maisatrativo e mais sólido progresso”(...)

A DIDÁTICA

- Nos cursos de formação de professores,

se constitui como a disciplina que trata dos

meios dos processos e das técnicas de

ensino.

- Nos últimos tempos, muitos educadoreslevantaram questionamentos sobre acompreensão entre a relação dadidática com a prática social.

CRÍTICAS A DIDÁTICA

O objeto de estudo da Didática nãopode continuar atendendo àsnecessidades do capitalismo quandodesvincula o como, do para quê e opara quem ensinar, afastando oensino de suas finalidades sociais.

CRÍTICAS A DIDÁTICA

O ensino da “arte de ensinar” para ser críticonão pode se restringir aos meios desvinculadosdos fins sociais da educação escolar.

A Didática pode contribuir paratransformar a prática pedagógica daescola à medida em que desenvolve umacompreensão articulada entre seu conteúdode ensino e a prática social, enquantopressuposto e enquanto finalidade daeducação.

O professor do século XXI

Um educador para o século XXI: Quem é esse

educador? Como capacitá-lo? Que conhecimentos e

aptidões serão necessários à sua formação? Que adulto

queremos formar com a participação desse educador?

A educação é uma extraordinária força cultural que

está em perene estado de invenção e reinvenção social. De

fato, de tempos em tempos, sobretudo diante de ciclos

históricos, como a atual transição de séculos e de milênios ,

a sociedade busca redefinir os pressupostos, os objetivos,

os conteúdos e as metodologias da educação. E faz parte

integrante dessa busca traçar o perfil do educador ideal, e,

consequentemente, perguntar que tipo de cidadão

queremos formar com esse educador.

À medida que as sociedades foram se tornando cada

vez mais complexas, as funções de agentes educadores foi

passando à esfera de agências sociais especializadas - as

escolas. A educação passou, então, a ser tarefa quase que

exclusiva da escola e de seus professores.

Com a educação escolar, portanto, esvazia-se quase

completamente o papel educacional formal da família e de

tantas outras agências da sociedade, e nasce a educação de

base pedagógica - planejada e organizada, com estrutura e

funcionamento definidos, inclusive por força de lei, como

acontece entre nós, no Brasil.

Toda sociedade humana é educacional, mas nem toda

sociedade humana é educativa. Educacional é gênero,

educativo é espécie. A família, os grupos etários, a mídia e

todas as agência sociais, quer deliberadamente ou não,

passam valores, hábitos, costumes e até mesmo

conhecimentos. São, portanto, agências educacionais. Mas

serão educativas apenas se contribuírem para a formação da

pessoa - criança, adolescente, adulto - em conformidade

com os valores universais de verdadeiro, belo e bom, tanto

no plano individual como no social.

Se pretendemos que no século XXI a sociedade

humana conte com um sistema educacional que seja

educativo, com vistas à educação para a cidadania plena e

para o desenvolvimento ecologicamente auto-sustentável

do planeta, o educador desse novo século deverá estar

ciente dos pressupostos da educação, a saber:

pressupostos fundamentais e pressupostos instrumentais -

aquelas pré-condições para que se dê o processo

educacional como prática pedagógica.

Pressupostos fundamentais: Supõe-se que: - a

humanidade seja capaz de operar a felicidade; -

seja positiva a imagem do homem que vai ser

formado; - a pessoa humana seja perfectível; - a

pessoa humana esteja capacitada para a

liberdade; - a pessoa humana esteja capacitada

para a responsabilidade.

Pressupostos instrumentais: Supõe-se que: - a

educação seja um processo dialógico; - a

finalidade da educação seja fundamentada; - as

estruturas escolares sejam adequadas; - os

conteúdos escolares estejam de acordo com a

verdade; - a avaliação escolar não seja

tendenciosa; - quem ensina seja capaz de

ensinar; - quem ensina tenha vontade de ensinar;

- a mensagem coletiva possa ser criticamente

processada e individualizada por cada educando;

- a motivação do educando seja real; - a

competência adquirida seja realizada na prática; -

a educação não seja manipulação; - a virtude

possa ser ensinada pela vivência.

O século XXI, pelas características que presenciamos,

não poderá tolerar um educador, qualquer que seja a

modalidade e o nível de ensino de sua atuação profissional,

que não tenha sólida cultura geral, sobretudo de arte, filosofia,

história, geografia e economia, e que tenha, senão conteúdo,

pelo menos ótima compreensão sobre o papel e as

implicações da ciência e da tecnologia.

Por fim, a formação do educador só estará completa

com a compreensão e o desenvolvimento de valores éticos,

individuais e sociais, que digam respeito: à proteção e à

promoção da vida, humana e não-humana; aos ideais de vida

comunitária cooperativa, nos âmbitos local, regional, nacional

e internacional; à interação e relação social que seja pacífica

e solidária, sem discriminações e intolerâncias de qualquer

espécie; e ao equilíbrio entre desenvolvimento sócio-

econômico e cultural e preservação ambiental.

O HOMEM A SER FORMADO NO SÉCULO XXI

Um dos fenômenos mais insidiosos e preocupantes

dos últimos 20 anos, no mundo todo, mas que se manifesta

mais acentuadamente no homem ocidental, é o do declínio

da sensibilidade a respeito do significado de se ser humano.

Trata-se de fenômeno psicossocial e cultural que permeia

todas as dimensões da sociedade, e que tem origem no

nosso cotidiano, nas pequenas coisas, como modos de falar,

vestir e agir, mas que atinge as relações humanas em geral

e alcança todas as instituições e organizações sociais.

De fato, basta lembrarmos de demonstrações

aparentemente banais dos ambientes escolares, em nome

de uma pseudoinformalidade, e que se tornam cada vez

mais comuns, como o professor e o aluno que se dirigem um

ao outro em linguagem vulgar e até mesmo chula, para

termos uma ideia do estado de decadência a que chegou o

que foi e que deveria continuar a ser a sagrada relação

educador-educando. E o mesmo poder-se-ia falar sobre as

relações entre mães, pais e filhos; entre políticos e seus

eleitores; entre governantes e governados; e assim por

diante.

A degradação ambiental, a falta de equilíbrio e

harmonia entre os poderes constituídos, a intolerância

étnica, religiosa, sexual, social e a constante tensão entre

grupos locais, regionais, nacionais e internacionais são

apenas expressões maiores da perda de sensibilidade que

grande parte da população humana manifesta diante dos

atributos humanos universais de verdadeiro, belo e bom.

Dado esse quadro do nosso tempo, não é de

admirar, portanto, que um número crescente de indivíduos e

grupos sociais venha agora exibindo insensibilidade ao

sofrimento humano. É a barbárie - a desumanização

absoluta.

Que homem queremos formar para o século XXI?

Queremos um homem que reaja diante da barbárie, e que

lute, pacificamente, para reverter o processo de

desumanização que nos assalta e assombra. Não cabem

aqui, portanto, de um ponto de vista educacional,

considerações sobre conhecimentos e aptidões a serem

adquiridos por esse homem que se quer formar; cabem, tão

somente, considerações valorativas: há que se almejar,

permanentemente, o verdadeiro, o belo e o bom.

Entender isso é entender que o homem que a

educação deve pretender formar para o século XXI é o

cidadão livre, mas com responsabilidade - alguém que seja

capaz de resgatar, individual e socialmente, a dignidade da

cidadania plena, numa sociedade justa e solidária, e a

possibilidade de um planeta pacífico, harmônico e

ecologicamente auto-sustentável.

Se se pretende que a Terra sobreviva e a

humanidade retome sua trajetória de ascensão, teremos,

todos, que ser educadores e educandos, ao mesmo tempo,

permanentemente, numa sociedade educativa. Há escolhas

a fazer da parte de cada indivíduo e de cada grupo social. A

tarefa crucial da educação no século XXI será contribuir

para que homens e mulheres, pelo menos a grande

maioria, cada um no âmbito de suas capacidades e esfera

de responsabilidade, escolha o verdadeiro, o belo e o bom.

A crise da humanidade nesta transição secular é

valorativa, unicamente valorativa. Daí a ênfase no universo

valorativo humano e na revolução que nele terá que se

operar se quisermos nos desviar de uma rota de

canibalização e suicídio. Focos de barbárie sempre

existiram e certamente sempre existirão; mas o mundo não

foi e nem terá que ser sempre bárbaro.

Você, que é professor, mais que isso, que é educador

e um profissional da Educação, precisa fazer a sua parte na

construção do cidadão deste século. Seu aluno de hoje é o

cidadão do futuro,que vai, inclusive,cuidar de você, na sua

terceira idade. Já pensou sobre isto? Como você está

educando o cidadão que vai gerenciar o mundo por e para

você?

É preciso pensar em algumas palavras básicas para o

nosso trabalho: responsabilidade, compromisso, disciplina. É

preciso ser firme, mas não ser rude. Você, professor, é o

exemplo, o modelo a ser seguido pelo seu aluno.

Pense nisso!

Oficina

• Em dupla, vocês colocarão dois

desafios para o professor do século

XXI;

• 1 sugestão para aulas mais

dinâmicas e lúdicas para os alunos

deste século.

O professor do século XXI

• Formação contínua;

• Aberto ao novo e às mudanças (novas tecnologias);

• Estar preparado para trabalhar com uma geração

totalmente digital;

• Trazer o lúdico e o concreto para a sala de aula;

• Estar ciente de que a leitura é o caminho para a

escrita;

• Seduzir o aluno para o universo mágico da leitura /

literatura;

• Investir em seu letramento e praticá-lo para ser

exemplo;

• Meu aluno é o cidadão de hoje ou o de amanhã;

• Existem coisas que não se compram: respeito, valor,

ética, cidadania.

Parabéns professor, você

tem o poder de transformar

pessoas comuns em

cidadãos.