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1 AJES Pós-graduação Curso: Metodologia do ensino Superior Disciplina: Metodologia do Ensino de Matemática com Ênfase em Física Professor: Me. João Luiz Derkoski Professor Me. João Luiz Derkoski

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AJES

Pós-graduação

Curso: Metodologia do ensino Superior

Disciplina: Metodologia do Ensino de Matemática com

Ênfase em Física

Professor: Me. João Luiz Derkoski

Professor Me. João Luiz Derkoski

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Apresentação

A expansão do ensino superior principalmente o privado, em número de instituições

e alunos, tem criado uma demanda por professores preparados, acima do que o mercado está podendo oferecer. Fenômeno que leva a uma reflexão sobre a preparação dos professores que estão preenchendo esta carência. O esforço de se colocar bons professores nem sempre é compensado quando nos referimos à qualidade da prática de ensino. Nem sempre um bom bacharel ou pós-graduado, com conhecimentos suficientes para o trabalho, consegue atender as necessidades que o ensino e a aprendizagem exigem. O que acontece na maioria das vezes é que esta pessoa de bons conhecimentos técnicos adormece técnico e acorda professor, decorrendo daí toda uma exigência de competências da instituição e dos alunos que ele não adquiriu como educador. Propiciar a estes professores a oportunidade de capacitação e de atualização pedagógica será contribuir para a qualidade do ensino, com resultados imediatos de satisfação dos alunos, o objetivo mais importante das nossas instituições de nível superior.

Vamos em frente!

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Plano da disciplina:

Disciplina: Metodologia do ensino superior Carga horária: 26 horas Professor: João Luiz Derkoski Ementa: Linha histórica da prática pedagógica no Brasil. O Ensino superior no Brasil Características do professor de ensino superior. Conceituação de Metodologia e Didática. Pedagogia e Andragogia. Teorias da aprendizagem. Mediação e sua prática. Planejamento. Avaliação da aprendizagem. Objetivo do curso:

Proporcionar capacitação em metodologia do ensino superior para profissionais interessados no magistério superior. Objetivo geral da disciplina:

Apresentar referenciais teórico-metodológicos da metodologia para viabilizar a prática pedagógica no ensino superior.

Objetivos Específicos da disciplina:

Compreender as relações professor e Instituições de Nível Superior e a prática/ação docente atual.

Identificar as diferentes tendências pedagógico-andrológicas, da metodologia atual para o ensino-aprendizagem no ensino superior.

Conceber a sala de aula como um espaço multidimensional, de exercício da ética, da construção do conhecimento e de práticas sociais.

Praticar a metodologia para o ensino superior, em seus diferentes níveis de aplicação.

Elaborar planos de ensino-aprendizagem (planos de curso/disciplina e de aula).

Identificar diferentes conceitos e procedimentos relacionados à avaliação do processo de ensino-aprendizagem.

Apresentar alguns exemplos de aplicação das metodologias feitas pelo autor.

Proposta metodológica: As aulas seguirão a seguinte metodologia: preparo de aula antes (reflexão sobre o

método a ser utilizada), acompanhamento durante a aula (reflexão durante), avaliação final (reflexão após) e flexibilização do planejado quando necessário.

A prática de ensino será dialogada, com apresentação de PowerPoint em data show, no momento teórico e exposição em lousa.

A rotina será a seguinte: 1. Boas vindas. 2. Apresentação dos alunos e diagnóstico verbal sobre o que sabem sobre o conteúdo a ser desenvolvido e sua prática pedagógica. 3. Motivação para as aulas através da apresentação da utilidade da didática para a vida profissional dos alunos que pretendem ser professores. 4. Apresentação teórica. 5. Apresentação de exemplos relacionados à vida real (casos).

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6. Apresentação de exemplos e dinâmicas com discussão dos resultados 7. Avaliação feita pelos alunos sobre o aproveitamento e a condução da aula ministrada pelo professor.

Proposta avaliativa:

Avaliação diagnóstica – inicial – primeira aula.

Avaliação formativa permanente durante o desenvolvimento da disciplina.

Avaliação somativa como final para aprovação do aluno na disciplina.

Observação: para as avaliações poderão ser usadas resolução de problemas, resumos, relatórios, questionários, apresentações de forma individual ou em grupo.

Linha histórica da prática pedagógica no Brasil

A prática pedagógica brasileira, dos primeiros educadores até os dias atuais esteve dependente e decorrente das situações históricas por que passou o país. É significativa em sua linha do tempo, a educação como instrumento suporte para o crescimento da economia e a manutenção da classe dominante. Na intenção de se percorrer esse espaço temporal fazendo relação com a situação econômico-social, foi ele dividido e sintetizado em estágios que foram se sucedendo até os dias atuais. Jesuítica – colonial: 1592/1670 Característica econômico-social:

Sociedade de economia agrária-exportadora dependente da metrópole.

Educação comandada pela Igreja.

Pacto colonial.

Exploração do Brasil.

A educação não era importante para a mão-de-obra braçal.

Conceito:

Etimológico – (signare) – colocar dentro, gravar no espírito.

Ensinar é transmitir conhecimento.

O professor é o centro.

Conjunto de regras e normas prescritivas visando à orientação do ensino e do estudo.

Base prática a Ratio Studiorum:

Instrumentos e regras metodológicas.

Estudo privado.

O mestre: o Prescrevia o método de estudo, a matéria e os horários. o Dava aula expositiva, fazendo repetir e decorar (“Repetitium mater

estudiorum”).

Disputa e competição.

Exames escritos e orais.

Base no intelecto e dogmas.

Visão essencialista e contra o pensamento crítico.

Cultura geral e enciclopédica alheia à realidade da vida na colônia. Comênio (1651) e o contexto Europeu

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Característica econômica-social:

Sociedade feudal em transição para o capitalismo comercial.

Estabelece-se uma atmosfera de liberdade em contradição com a feudal de prisão.

A vida da cidade (burgos) era diferente da vida do feudo e novos padrões tinham que ser criados.

Apresenta uma nova proposta didática

Põe em questionamento, os valores e as habilidades necessárias à vida humana.

Através da didática magna - trata da arte universal de ensinar tudo a todos.

Seu propósito era de definir um método para ensinar todas as ciências, todos os costumes bons e piedade, segundo o grau de inteligência e a aptidão de cada um.

Seu método estava calcado na habilidade expositiva do professor (sol que ilumina a todos) e nas ótimas qualidades do livro didático;

Sua influência durou por mais de 150 anos. Expansão cafeira - 1870/1930

Característica econômico-social:

Passagem de um modelo agrário-exportador para um urbano-comercial-exportador.

O Brasil vive seu iluminismo.

Maior independência da influência religiosa.

Suprime-se o ensino religioso nas escolas públicas.

1890 – reforma de Beijamin Constant.

Missão: Garantir a consolidação da burguesia como classe dominante. (visão burguesa do

mundo e sociedade)

Conceito: Compreendida como um conjunto de regras visando assegurar aos professores as

orientações necessárias ao trabalho docente.

Base prática:

Influência positivista – método científico.

Centrada no professor.

Ensino humanístico.

Relação professor-aluno hierarquizada (verticalizada).

O aluno segue atentamente o professor.

Baseada nos passos: o Preparação o Apresentação o Comparação o Generalização

Praticada no currículo das escolas normais desde sua criação 1835 até 1934. Didática tradicional – renovação: 1930/1945

Característica econômico-social:

Transformações na sociedade brasileira e mundial.

Modificação do modelo socioeconômico com a crise cafeeira.

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Substituição a importações.

Revolução de 1930 – Ditadura de Vargas

1930 – manifesto dos pioneiros da “escola nova” para reconstrução da escola na sociedade urbano-industrial.

Conceito: Conjunto de idéias e métodos, privilegiando a dimensão da técnica do processo de

ensino, fundamentada nos pressupostos psicológicos, psicopedagógicos e experimentais cientificamente validados na experiência e constituídos em teoria, ignorando o contexto sócio-político-econômico.

Base prática:

Busca o equilíbrio entre a influência da concepção humanista tradicional (católica) e o humanismo moderno (os pioneiros) da escola nova.

Visão do homem centrado na existência, na vida e na atividade.

Predomina o aspecto psicológico sobre o lógico.

Proposição de um novo tipo de homem.

Defende os princípios democráticos “todos têm o direito de se desenvolverem”.

Não considera a realidade brasileira.

O problema da escola é resolvido pela técnica:

Métodos e técnicas (Candau 1982) o Centros de interesses. o Estudo dirigido. o Método de projetos. o Ficha didática. o Contrato de ensino. o O professor técnico.

Novas idéias: 1945/1960

Característica econômico-social:

Aceleração e diversificação do processo de importação e penetração do capital estrangeiro.

Estado populista desenvolvimentista.

Aliança entre empresários e setores populares contra a oligarquia.

1946 – decreto lei 9053 – desobrigou o curso de didática – substituído pela prática de ensino sob forma de estágio.

Lutas ideológicas entre escolas particulares e públicas.

Conceito: Conjunto de idéias e métodos, privilegiando a dimensão da técnica do processo de

ensino, fundamentada nos pressupostos psicológicos, psicopedagógicos e experimentais cientificamente validados na experiência e constituídos em teoria, ignorando o contexto sócio-político-econômico.

Base prática:

Acentuada predominância nos processos metodológicos em detrimento da própria aquisição de conhecimento.

O processo é mais valorizado que o contexto político-social.

Fase do estado militar (1964/1980)

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Característica econômico-social:

Projeto para acelerar o crescimento socioeconômico do país.

A educação deveria preparar os recursos humanos para o crescimento.

1960/1968 – crise da pedagogia nova e a articulação da tendência tecnicista assumida pelo grupo tecnocrata militar.

Instala-se na escola a divisão técnica do trabalho – quem planeja não executa.

O sistema educacional sofreu a influência do acordo Mec/Usaid.

1974 – com o início da abertura política aparecem estudos críticos da educação dominante.

A didática é questionada e os movimentos apontam novos rumos.

Conceito: Como estratégia para o alcance dos produtos previstos para o processo ensino-

aprendizagem.

Base prática:

Busca a eficiência e a eficácia no processo e ensino.

Perspectiva ingênua da neutralidade científica.

Centra-se na organização do processo do ensino: o Planejamento. o Elaboração de materiais motivacionais. o Livros didáticos descartáveis. o O processo é que diz o que o professor e os alunos devem fazer – quando

fazer – como fazer.

Atual: 1980/... Característica econômica-social:

A situação econômica dificulta a vida do brasileiro.

Inflação – desemprego – dívidas (externa e interna).

Política recessiva do FMI. Conceito: Procura compreender e analisar a realidade social onde está inserida. Base prática:

Voltada para o ser humano e sua realização na sociedade.

A educação deve humanizar.

Compromete-se com os interesses do homem das camadas economicamente desfavorecidas.

A educação não está mais centrada no professor ou no aluno mas na formação do homem.

A luta dos professores ganha força e nasce a pedagogia crítica.

Síntese geral das principais abordagens da aprendizagem e o professor A aprendizagem

Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. De acordo com a nova ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é co-autor do

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processo de aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente. (HAMZE, 2011)

Os objetivos da aprendizagem são classificados em: domínio cognitivo (ligados a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais); domínio afetivo, (relacionados a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes); domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos). No domínio cognitivo temos as habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, síntese e a avaliação. No domínio afetivo temos habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização. No domínio psicomotor apresentamos habilidades relacionadas a movimentos básicos fundamentais, movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas e a comunicação não discursiva.

A educação vista sobre o prisma da aprendizagem representa a vez da voz, o resgate da vez e a oportunidade de ser levado em consideração. O conhecimento como cooperação, criatividade e criticidade, fomenta a liberdade e a coragem para transformar, sendo que o aprendiz se torna no sujeito ator como protagonista da sua aprendizagem.

Porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos outros, parasitária. “Uma história que permita ao sujeito participar da sociedade”. (DEMO, 1995) “Em psicologia, aprendizagem é o processo de modificação da conduta por treinamento e experiência" (BARSA, 1998). Como característica essencial do psiquismo humano, o ato de aprender difere do adestramento animal pelo seu caráter criador, dinâmico e intencional. A motivação, a inteligência e a hereditariedade influenciam a aprendizagem, cujos elementos básicos são o estímulo, a resposta, o impulso e o reforço (BARSA, 1998). A base de entendimento referente ao comportamento aprendizagem e o professor tem refêrencia nas teorias da aprendizagem, por isso será relacionado a seguir uma síntese das principais teorias usando NETO, (2011) e o trabalho de ABREU, MESQUITA e ANCHIETA (1996).

Abordagem Tradicional

Características Gerais A abordagem tradicional privilegia o professor como especialista, como elemento

fundamental na transmissão dos conteúdos. O aluno considerado um receptor passivo, até que, de posse dos conhecimentos necessários, torna-se capaz de ensiná-los a outros e a exercer eficientemente uma profissão. Essa abordagem denota uma visão individualista do processo educativo e do caráter cumulativo do conhecimento. O ensino é caracterizado pelo verbalismo do professor e pela memorização do aluno. Sua didática pode ser resumida em “dar a lição” e “tomar a lição”, e a avaliação consiste fundamentalmente em verificar a exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em aula. NETO (2011)

Trata-se de uma concepção e uma prática educacional que persistem no tempo, em

suas diferentes formas, e que passaram a fornecer um quadro diferencial para todas as demais abordagens que a ela se seguiram.

Como se sabe, o adulto, na concepção tradicional, é considerado como homem acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em miniatura", que precisa ser atualizado. O ensino será centrado no professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores. Homem O homem é considerado como inserido num mundo que irá conhecer através de informações que lhe serão fornecidas. É um receptor passivo até que, repleto das informações necessárias, pode repeti-las a outros que ainda não as possuam, assim como pode ser eficiente em sua profissão, quando de posse dessas informações e conteúdos.

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Mundo A realidade é algo que será transmitido ao indivíduo principalmente pelo processo de educação formal, além de outras agências, tais como família, Igreja. Sociedade-Cultura O objetivo educacional normalmente se encontra intimamente relacionado aos valores apregoados pela sociedade na qual se realiza.

Os Programas exprimem os níveis culturais a serem adquiridos na trajetória da educação formal. A reprovação do aluno passa a ser necessária quando o mínimo cultural para aquela faixa não foi atingido, e as provas e exames são necessários à constatação de que este mínimo exigido para cada série foi adquirido pelo aluno.

O diploma pode ser tomado como um instrumento de hierarquização. Dessa forma, o diploma iria desempenhar um papel mediador entre a formação cultural e o exercício de funções sociais determinadas.

Pode-se afirmar que as tendências englobadas por esse tipo de abordagem possuem uma visão individualista do processo educacional, não possibilitando, na maioria das vezes, trabalhos de cooperação nos quais o futuro cidadão possa experienciar a convergência de esforços. Conhecimento Parte-se do pressuposto de que a inteligência seja uma faculdade capaz de acumular/armazenar informações. Aos alunos são apresentados somente os resultados desse processo, para que sejam armazenados.

Evidencia-se o caráter cumulativo do conhecimento humano, adquirido pelo indivíduo por meio de transmissão, de onde se supõe o papel importante da educação formal e da instituição escola.

Atribui-se ao sujeito um papel insignificante na elaboração e aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que está "adquirindo" conhecimento compete memorizar definições, anunciando leis, sínteses e resumos que lhes são oferecidos no processo de educação formal. Educação Entendida como instrução, caracterizada como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da escola.

Às vezes, coloca-se que, para que o aluno possa chegar, e em condições favoráveis, há uma confrontação com o modelo, é indispensável uma intervenção do professor, uma orientação do mestre.

Trata-se, pois, da transmissão de idéias selecionadas e organizadas logicamente. Escola A escola é o lugar por excelência onde se realiza a educação, a qual se restringe, a um processo de transmissão de informações em sala de aula e funciona como uma agência sistematizadora de uma cultura complexa.

Considera o ato de aprender como uma cerimônia e acha necessário que o professor se mantenha distante dos alunos. Uma escola desse tipo é freqüentemente utilitarista quanto a resultados e programas preestabelecidos.

As possibilidades de cooperação entre pares são reduzidas, já que a natureza da grande parte das tarefas destinadas aos alunos exige participação individual de cada um deles. Ensino-aprendizagem

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A ênfase é dada às situações de sala de aula, onde os alunos são "instruídos" e "ensinados" pelo professor. Os conteúdos e as informações têm de ser adquiridos , os modelos imitados.

Seus elementos fundamentais são imagens estáticas que progressivamente serão "impressas" nos alunos, cópias de modelos do exterior que serão gravadas nas mentes individuais.

Uma das decorrências do ensino tradicional, já que a aprendizagem consiste em aquisição de informações e demonstrações transmitidas, é a que propicia a formação de reações estereotipadas, de automatismos denominados hábitos, geralmente isolados uns dos outros e aplicáveis, quase sempre, somente às situações idênticas em que foram adquiridos. O aluno que adquiriu o hábito ou que "aprendeu" apresenta, com freqüência, compreensão apenas parcial.

Ignoram-se as diferenças individuais. É um ensino que se preocupa mais com a variedade e quantidade de

noções/conceitos/informações que com a formação do pensamento reflexivo. Professor-aluno O professor-aluno é vertical, sendo que (o professor) detém o poder decisório quanto a metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc.

O professor detém os meios coletivos de expressão. A maior parte dos exercícios de controle e dos de exames se orienta para a reiteração dos dados e informações anteriormente fornecidos pelos manuais. Metodologia Se baseia na aula expositiva e nas demonstrações do professor a classe, tomada quase como auditório.

O professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se limita exclusivamente a escutá-lo a didática profissional quase que poderia ser resumida em dar a lição e tomar a lição.

No método expositivo como atividade normal, está implícito o relacionamento professor - aluno, o professor é o agente e o aluno é o ouvinte. O trabalho continua mesmo sem a compreensão do aluno somente uma verificação a posteriori é que permitirá o professor tomar consciência deste fato. Quanto ao atendimento individual há dificuldades, pois a classe fica isolada e a tendência é de se tratar todos igualmente. Avaliação A avaliação visa a exatidão da reprodução do conteúdo comunicado em sala de aula. As notas obtidas funcionam na sociedade como níveis de aquisição do patrimônio cultural. (ABREU, MESQUITA e ANCHIETA 1996).

Abordagem comportamentalista

Características gerais Para a abordagem comportamentalista ou behavioristas, o conhecimento é resultado

direto da experiência. A escola é reconhecida como a agência que educa formalmente e os modelos educativos são desenvolvidos com base na análise dos processos, por meio dos quais os comportamentos são modelados e reforçados. O professor é visto como um planejador educacional que transite conteúdos que tem como objetivo o desenvolvimento de competências. Para Skinner, um dos principais teóricos desta abordagem, a realidade é um fenômeno objetivo e o ser humano é um produto do meio, podendo, portanto, ser controlado e manipulado. Dessa forma, o ensino se dá num processo que tem como modelo a instrução programada, na qual assume fundamental importância o controle do trabalho pelo professor, não sendo relevantes as atividades autônomas dos estudantes. (NETO, 2011)

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O conhecimento é uma "descoberta" e é nova para o indivíduo que a faz. O que foi

descoberto, porém, já se encontrava presente na realidade exterior. Os comportamentalistas consideram a experiência ou a experimentação planejada como a base do conhecimento, o conhecimento é o resultado direto da experiência. O homem O homem é uma conseqüência das influências ou forças existentes no meio ambiente a hipótese de que o homem não é livre é absolutamente necessária para se poder aplicar um método científico no campo das ciências.

O homem dentro desse referencial é considerado como o produto de um processo evolutivo. O mundo A realidade para Skinner, é um fenômeno objetivo; O mundo já é construído e o homem é produto do meio. O meio pode ser manipulado. O comportamento, por sua vez, pode ser mudado modificando-se as condições das quais ele é uma função, ou seja, alterando-se os elementos ambientais. O meio seleciona. Sociedade-Cultura A sociedade ideal, para Skinner, é aquela que implicarias um planejamento social e cultural. Qualquer ambiente, físico ou social, deve ser avaliado de acordo com seus efeitos sobre a natureza humana. A cultura é representada pelos usos e costumes dominantes, pelos comportamentos que se mantém através dos tempos. Conhecimento O conhecimento é o resultado direto da experiência, o comportamento é estruturado indutivamente, via experiência. Educação A educação está intimamente ligada à transmissão cultural.

A educação, pois, deverá transmitir conhecimentos , assim como comportamentos éticos ,práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo /ambiente. Escola A escola é considerada e aceita como uma agência educacional que deverá adotar forma peculiar de controle, de acordo com os comportamentos que pretende instalar e manter. Ensino-aprendizagem É uma mudança relativamente permanente em uma tendência comportamental e ou na vida mental do indivíduo, resultantes de uma prática reforçada. Professor-aluno Aos educandos caberia o controle do processo de aprendizagem, um controle científico da educação, o professor teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem, de forma tal que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando-se igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços e custos. Metodologia

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Nessa abordagem, se incluem tanto a aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino, quanto às formas de reforço no relacionamento professor-aluno. Avaliação Decorrente do pressuposto de que o aluno progride em seu ritmo próprio, em pequenos passos, sem cometer erros, a avaliação consiste, nesta abordagem, em se constatar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos quando o programa foi conduzido até o final de forma adequada. Considerações finais O meio pode ser controlado e manipulado e, consequentemente, também o homem pode ser controlado e manipulado.

O ensino é tratado em função de uma tecnologia que, além da aplicação de conhecimentos científicos à prática pedagógica, envolve um conjunto de técnicas diretamente aplicáveis em situações concretas de sala de aula. (ABREU, MESQUITA e ANCHIETA 1996).

Abordagem humanista Características Gerais

A abordagem humanista fica predominantemente no desenvolvimento da personalidade dos indivíduos e tem Carl Rogers como um de seus principais teóricos. O professor não transmite conteúdos, mas dá assistência aos estudantes, atuando como facilitador da aprendizagem. O conteúdo emerge das próprias experiências dos estudantes, que são considerados num processo contínuo de descoberta de si mesmos. A ênfase é no sujeito, mas uma condição necessária para desenvolvimento individual é o ambiente. Assim, a escola é vista como a instituição que deve oferecer condições que possibilitem a autonomia dos alunos. (NETO, 2011)

Nesta abordagem é dada a ênfase no papel do sujeito como principal elaborador do

conhecimento humano. Da ênfase ao crescimento que dela se resulta, centrado no desenvolvimento da personalidade do indivíduo na sua capacidade de atuar como uma pessoa integrada. O professor em si não transmite o conteúdo, dá assistência sendo facilitador da aprendizagem. O conteúdo advém das próprias experiências do aluno o professor não ensina: apenas cria condições para que os alunos aprendam. Homem

É considerado como uma pessoa situada no mundo. Não existem modelos prontos nem regras a seguir, mas um processo de vir a ser. O objetivo do ser humano é a autorealização ou uso pleno de suas potencialidades e capacidades o homem se apresenta como um projeto permanente e mal acabado. Mundo O mundo é algo produzido pelo homem diante de si mesmo. O mundo teria o papel fundamental de crias condições de expressão para a pessoa, cuja tarefa vital consiste no pleno desenvolvimento do seu potencial inerente. A ênfase é no sujeito mais uma das condições necessárias para o desenvolvimento individual é o ambiente.

Na experiência pessoal e subjetiva o conhecimento é construído no decorrer do processo de vir a ser da pessoa humana. É atribuído ao sujeito papel central e primordial na elaboração e criação do conhecimento.

Ao experienciar o homem conhece. O conhecimento é inerente à atividade humana. O ser humano tem curiosidade natural para o conhecimento. Educação

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Trata-se da educação centrada na pessoa, já que nessa abordagem o ensino será centrado no aluno. A educação tem como finalidade primeira a criação de condições que facilitam a aprendizagem de forma que seja possível seu desenvolvimento tanto intelectual como emocional seria a criação de condições nas quais os alunos pudessem tornar-se pessoas de iniciativas, de responsabilidade, autodeterminação que soubessem aplicar-se a aprendizagem no que lhe servirão de solução para seus problemas servindo-se da própria existência. Nesse processo os motivos de aprender deverão ser do próprio aluno.

Autodescoberta e autodeterminação são características desse processo. Escola A escola será uma escola que respeite a criança tal qual é que ofereça condições para que ela possa desenvolver-se em seu processo possibilitando a autonomia do aluno. O princípio básico consiste na idéia da não interferência com o crescimento da criança e de nenhuma pressão sobre ela.

O ensino numa abordagem como esta consiste num produto de personalidades únicas, respondendo as circunstâncias únicas num tipo especial de relacionamentos.

A aprendizagem tem a qualidade de um envolvimento pessoal. Professor-Aluno

Cada professor desenvolverá seu próprio repertório de uma forma única, decorrente da base percentual de seu comportamento. O processo de ensino irá depender do caráter individual do professor, como ele se relaciona com o caráter pessoal do aluno. Assume a função de facilitador da aprendizagem e nesse clima entrará em contato com problemas vitais que tenham repercussão na existência do estudante.

Isso implica que o professor deva aceitar o aluno tal como é e compreender os sentimentos que ele possui.

O aluno deve responsabilizar-se pelos objetivos referentes à aprendizagem que tem significado para eles.

As qualidades do professor podem ser sintetizadas em autenticidade compreensão empática, aceitação e confiança no aluno. Metodologia Não se enfatiza técnica ou método para facilitar a aprendizagem. Cada educador eficiente deve elaborar a sua forma de facilitar a aprendizagem no que se refere ao que ocorre em sala de aula é a ênfase atribuída à relação pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento das pessoas que possibilite liberdade para aprender. Avaliação Só o indivíduo pode conhecer realmente sua experiência, só pode ser julgada a partir de critérios internos do organismo. O aluno deverá assumir formas de controle de sua aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até onde estão sendo atingidos os objetivos que pretende, com responsabilidade. O diretivismo no ensino é aqui substituído pelo não diretivismo: As relações verticais impostas por relações EU - TU e nunca EU - ISTO; As avaliações de acordo com padrões prefixados, por auto avaliação dos alunos.

Considerando-se, pois o fato de que só o indivíduo pode conhecer realmente a sua experiência, esta só pode ser julgada a partir de critérios internos do organismo. (ABREU, MESQUITA e ANCHIETA 1996).

Abordagem cognitivista

Características gerais A abordagem cognitivista é fundamentalmente interacionista. O conhecimento é

entendido como o produto das interações entre sujeito e objeto, não enfatizando nenhum

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pólo dessa relação, como acontece na abordagem comportamentalista, que enfatiza o objeto, e na humanista, que enfatiza o sujeito. Os principais representantes desta corrente são Jean Piaget e Jerome Bruner. O Cognitivismo considera o indivíduo como um sistema aberto, que passa por estruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado completamente. Assim, a escola deveria proporcionar aos estudantes oportunidades de investigação individual que lhe possibilitasse aprender por si próprio. O ensino compatível com essa abordagem deveria fundamentar-se no ensáio-e-erro, na pesquisa e na solução de problemas por parte dos estudantes e não na aprendizagem de definições, nomenclaturas e fórmulas. A estratégia geral do processo seria a de ajudar ao estudante no desenvolvimento de um pensamento autônomo, crítico e criativo. Não seriam privilegiadas ações finalistas, mas mediadoras do processo de aprendizagem. Estas deveriam contribuir para organização do raciocínio com vistas a lidar com informações estabelecer relações entre conteúdos e conduzir a uma generalização cognitiva que possibilitasse sua aplicação em outras situações e momentos da aprendizagem. (NETO, 2011) Homem e mundo O homem e mundo serão analisados conjuntamente, já que o conhecimento é o produto da interação entre eles, entre sujeito e objeto. Sociedade-cultura Os fatos sociológicos, pois, tais como regras, valores, normas, símbolos etc. De acordo com este posicionamento, variam de grupo para grupo, de acordo como o nível mental médio das pessoas que constituem o grupo. Conhecimento O conhecimento é considerado como uma construção contínua. A passagem de um estado de desenvolvimento para o seguinte é sempre caracterizada por formação de novas estruturas que não existiam anteriormente no indivíduo. Educação O processo educacional, consoante a teoria de desenvolvimento e conhecimento, tem um papel importante, ao provocar situações que sejam desequilibradoras para o aluno, desequilíbrios esses adequados ao nível de desenvolvimento em que a criança vive intensamente (intelectual e afetivamente) cada etapa de seu desenvolvimento. Escola Segundo Piaget, a escola deveria começar ensinando a criança a observar. A verdadeira causa dos fracassos da educação formal , diz , decorre essencialmente do fato de se principiar pela linguagem (acompanhada de desenhos, de ações fictícias o narradas etc.) ao invés de o fazer pela ação real e material . Ensino-aprendizagem Um ensino que procura desenvolver a inteligência deverá priorizar as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situação social. Professor aluno Ambos os pólos da relação devem ser compreendidos de forma diferente da convencional, no sentido de um transmissor e um receptor de informação. Caberá ao professor criar situações, propiciando condições onde possam se estabelecer reciprocidade intelectual e cooperação ao mesmo tempo moral e racional.

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Metodologia O desenvolvimento humano que traz implicações para o ensino. Uma das implicações fundamentais é a de que a inteligência se constrói a partir da troca do organismo como o meio, por meio das ações do indivíduo. A ação do indivíduo, pois, é centro do processo e o fator social ou educativo constitui uma condição de desenvolvimento. Avaliação A avaliação terá de ser realizada a partir de parâmetros extraídos da própria teoria e implicará verificar se o aluno já adquiriu noções, conservações, realizou operações, relações etc. O rendimento poderá ser avaliado de acordo como a sua aproximação a uma norma qualitativa pretendida. Considerações finais

Tudo o que se aprende é assimilado por uma estrutura já existente e provoca uma restruturação. No comportamentalismo, o que o organismo geralmente persegue é o esforço e não a aprendizagem em si. Esta interessa apenas ao professor. (ABREU, MESQUITA e ANCHIETA 1996)

Abordagem sócio-cultural Características gerais

A abordagem sociocultural enfatiza os aspectos socioculturais que envolvem o processo de aprendizagem. Assim como o construtivismo, esta abordagem pode ser considerada interacionista. No entanto, confere ênfase especial ao sujeito como elaborador e criador do conhecimento. O ser humano torna-se efetivamente um “ser sujeito” à medida que, integrado ao seu contexto, reflete sobre ele e toma consciência de sua historicidade. A educação torna-se, portanto, fator de suma importância na passagem das formas mais primitivas de consciência crítica. Sendo o ser humano sujeito de sua própria educação, as ações educativas devem ter como principal objetivo promovê-lo e não ajustá-lo a sociedade. Um dos principais representantes desta corrente é Paulo Freire, para quem existe uma verdadeira educação problematizadora, que auxilia na superação da relação opressor-oprimido. A essência desta educação a dialogicidade, por meio da qual educar e educando tornam sujeitos de um processo em que crescem juntos. Nessa abordagem, o conhecimento deve ser entendido como uma transformação contínua e não transmissão de conteúdos programados. (NETO, 2011) Homem-mundo

O homem está inserido no contexto histórico. O homem é sujeito da educação, onde a ação educativa promove o próprio indivíduo, como sendo único dentro de uma sociedade / ambiente. Sociedade-cultura

O homem alienado não se relaciona com a realidade objetivo, como um verdadeiro sujeito pensante: o pensamento é dissociado da ação. Conhecimento

A elaboração e o desenvolvimento do conhecimento estão ligados ao processo de conscientização. Educação

Toda ação educativa, para que seja válida, deve, necessariamente, ser precedida tanto de uma reflexão sobre o homem como de uma análise do meio de vida desse homem concreto, a quem se quer ajudar para que se eduque.

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Escola Deve ser um local onde seja possível o crescimento mútuo, do professor e dos alunos, no processo de conscientização o que indica uma escola diferente de que se tem atualmente, coma seus currículos e prioridades. Ensino aprendizagem

Situação de ensino - aprendizagem deverá procurar a superação da relação opressor - oprimido.

A estrutura de pensar do oprimido está condicionada pela contradição vivida na situação concreta, existencial em que o oprimido se forma. Resultando conseqüências tais como:

Ser ideal é ser mais homem.

Atitude fatalista.

Atitude de auto desvalia.

O medo da liberdade ou a submissão do oprimido. Professor-aluno

Relação professor-aluno é horizontal Professor empenhado na prática transformadora procurará desmistificar e

questionar, junto com o aluno. Metodologia

Os alunos recebem informações e analisam os aspectos de sua própria experiência existencial. (ABREU, MESQUITA e ANCHIETA 1996)

Os novos pensadores da educação

Nesta última década aparecem novos pensadores sobre a educação e o resumo de suas idéias será exposto a seguir (MARANGON & LIMA, 2002, P.19-25):

Edgar Morin

Principais livros publicados

• O método – 1977 – inicia sua explanação sobre a teoria da complexidade.

• A cabeça feita – 1999.

• Os sete saberes necessários à educação para o futuro – 1999. O que ele diz

• Defende a incorporação dos problemas cotidianos ao currículo e a integração dos saberes. Critica o ensino fragmentado.

• “É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une”.

• “O conjunto beneficia o ensino porque o aluno busca relações para entender. Só quando sai da disciplina e consegue contextualizar é que ele vê ligação com a vida”.

• “Só assim vamos compreender que a simplificação não exprime a unidade e a diversidade presentes no todo”.

Um alerta

• Sem uma reforma do pensamento, é impossível aplicar suas idéias. O ser humano é reducionista por natureza e, por isso, é preciso esforçar-se para compreender a complexidade e combater a simplificação.

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Phelippe Perrenoud Principais obras

• 10 novas competências para ensinar.

• A prática reflexiva no ofício de professor.

• As competências para ensinar no século XXI.

• Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. O que ele diz

• Relaciona em um de seus livros as dez novas competências para ensinar. Também fala sobre a avaliação, pedagogia diferenciada e formação.

• “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) Para solucionar uma série de situações”.

Um alerta

• As 10 competências não contemplam todas as relações que se estabelecem em sala de aula. Por isso, nunca deixa de lado sua sensibilidade e afetividade.

Cesar Coll

Principais obras

• Ensino, aprendizagem e discurso em sala de aula;

• Psicologia e currículo; O que ele diz

• A preparação de um currículo precisa satisfazer todos os níveis da escola. O que importa é o que o aluno efetivamente apreende, não o conteúdo transmitido pelo professor.

• “se o conteúdo trabalhado tiver relação com a vida do aluno , o êxito será maior”.

• “Não se separa o que cabe ao professor – as aulas - do que é responsabilidade dos alunos – o conhecimento prévio e a atividade”.

Um alerta

• Um bom funcionamento de um currículo depende não só do professor, mas também dos alunos, pais, funcionários, coordenadores e diretores.

Antônio Nóvoa

Principais obras

• Profissão professor.

• Vidas de professores. O que ele diz

• O desafio dos profissionais da área escolar é manter-se atualizados sobre as novas pedagogias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas eficientes.

• “O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”.

Um alerta

• A busca isolada pela atualização é difícil e, por isso, é aconselhável um vínculo com uma instituição. Mas o mais importante é entender que o local de trabalho é o espaço ideal para a formação continuada.

Observações

• Nóvoa quebra a idéia que para ensinar bem é preciso ter vocação sacerdotal.

• Nenhuma reforma educacional tem valor se a formação de docentes não for encarada como prioridade.

Fernando Hernández

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Principal obra

• Transgressão e mudança na educação . O que ele diz

• A organização do currículo deve ser feita por projetos de trabalho, com atuação conjunta de alunos e professores.

• As diferentes fazes que compõem um projeto ajudam os estudantes a desenvolver a consciência sobre o próprio processo de aprendizagem.

• “Todas as coisas podem ser ensinadas por meio de projetos, basta que se tenha uma dúvida inicial e que se comece a pesquisar e buscar as evidências sobre o assunto”.

• “É bom e necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários, trabalhem em grupos e individualmente, ou seja, estudem em diferentes situações”.

Um alerta

• Todo o projete deve estar relacionado com os conteúdos, para não perder o foco. Além disso, é fundamental estabelecer limites e metas para a conclusão do trabalho.

Bernardo Toro

Principal obra

• Códigos da modernidade O que ele diz

• Criou os códigos da modernidade, que são sete competências mínimas para a participação produtiva e a inserção social do ser humano no século 21. Para desenvolvê-los, o ensino deve ser contextualizado.

• “A escola tem a obrigação de formar jovens capazes de criar, em cooperação com os demais, uma ordem social na qual todos possam viver com dignidade”.

• “Para que seja eficiente e tenha sentido, a educação deve servir a um projeto da sociedade como um todo”.

Um alerta

• Contextualizar não significa utilizar qualquer tema da atualidade. Canalize suas energias para assuntos que fazem sentido na vida dos alunos.

O Ensino superior no Brasil e seus objetivos

O que diz a constituição

Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

O que diz a Lei Diretrizes e Bases

Art. 43º. A educação superior tem por finalidade: II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

A LDB estabelece, prioritariamente, que a educação superior tem por finalidade:

I. Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo.

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II. Formar diplomados, nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.

III. Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e, ainda, da criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive.

IV. Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação.

V. Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração.

VI. Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

VII. promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.

De acordo com a Constituição Federal, as Universidades devem obedecer ao princípio da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão. Tal exigência não existe para as outras formas institucionais de Ensino Superior, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996.

Contudo o que se tem visto nas exigências atuais dos órgãos de regulamentação é a interpretação da pesquisa como primazia, sendo o pesquisador a menina dos olhos das universidades e os outros profissionais da educação como no caso os que se dedicam por vocação mais ao ensino e a extensão, preteridos nas valorações avaliativas.

O professor (MOREIRA, 2011) em seu artigo (resumo) faz explanação muito rica do professor do ensino superior no Brasil.

O professor do ensino superior

A formação de um educador como profissional na área acadêmica fica muito além de sua experiência prática e seus conhecimentos fora dela. É preciso de conhecimentos que criem uma interface entre o empirismo e a arte de como ensinar de forma científica. Neste contexto, a titularidade de um docente com vasta experiência não-acadêmica e com formação pedagógica e didática, tendo como pilares a arte e ciência da educação e do ensino, é de essencial importância para que a educação chegue aos educandos de forma correta e assimilativa.

A didática do ensino é uma extraordinária técnica para o ensinamento dos educandos, pois mostra que saber ensinar não é somente ter experiência fora da sala de aula. Precisa saber como lhe lidar com os alunos de forma científica, apresentando as técnicas corretas para o ensino-aprendizado correto.

A profissão de professor não pode ser considerada como um mero hobby, entendimento que tem ser erradicado pelas universidades. Dessa forma, os profissionais de outras áreas, principalmente os bacharéis, cogitam que ensinar é simplesmente “passar” para outras pessoas o que foi absorvido no campo empírico.

Há muito tempo prevaleceu no âmbito do Ensino Superior a crença de que, para tornar um bom professor, bastaria ter boa comunicação e arraigados conhecimentos relacionados à matéria que se quer lecionar.

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A justificativa para essa afirmativa é que o corpo discente das universidades e faculdades, em sua maioria, é constituído por adultos, que, diferentemente do corpo discente do ensino básico, integrado por crianças e adolescentes, jamais necessitaria de auxilio pedagógico. Por essa razão, é que até recentemente não se verificava preocupação explicita das autoridades educacionais com a preparação dos professores para o Ensino Superior. Ou melhor, a preocupação existia, mas só com a preparação de pesquisadores, subtendendo que quanto melhor o pesquisador fosse, mais competente professor seria.

Ensinar é uma arte, e está num grau de competência muito superior aos concebidos por esses profissionais, razão pela qual, quando olhado para esse lado de entendimento, desqualificam o ensino-aprendizado das instituições de Ensino Superior que, por sua vez, ficavam submetidas á empregá-los, mesmo não sendo qualificados como tal.

Na realidade de hoje, as escolas de Ensino Superior, em relação às questões educacionais, não admite mais justificativas desse tipo. Para qualquer professor agora é necessário não apenas firmes conhecimentos na área que pretende lecionar, mas também de astúcia na área pedagógica para tornar o aprendizado mais eficaz. Além disso, é necessário que o professor universitário tenha conhecimento de mundo, de ser humano, de ciência e de educação, compatível com as características de sua função.

As falhas na formação do professor universitário ficam bem óbvias nos levantamentos que se realizam com o corpo discente ao longo do curso. Assim, é comum verificar que a maioria dos julgamentos negativos direcionados aos professores concerne-se na falta de didática.

A metodologia e a formação do professor

O que vem se afirmando é que não basta ter conhecimento para ser um bom professor no ensino superior, a transmissão do saber com afirma Freire (1988) não é uma conta bancária aonde à cada aula faz-se um depósito. Ensinar no ensino superior é despertar consciências, muito mais que discursar horas e exigir memorização nas provas.

Segundo Freire (2002, p.86): ... a narração de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, os transformam em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vai enchendo os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixarem totalmente “encher”, tanto melhores educandos serão.

A metodologia do ensino tem relação direta com a didática e se confundem principalmente porque esta é a base daquela. Ambas carecem de método.

Metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento. Metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento.

A metodologia de ensino é uma expressão que teve a tendência de substituir a expressão "didática", que ganhou uma conotação pejorativa por causa do caráter formal e abstrato dos seus esquemas que não estão bem inseridos em uma verdadeira ação pedagógica. Assim, a metodologia de ensino é a parte da pedagogia que se ocupa diretamente da organização da aprendizagem dos alunos e do seu controle.

Cada área possui uma metodologia própria. A metodologia de ensino é a aplicação de diferentes métodos no processo ensino-aprendizagem. Os principais métodos de ensino

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usados no Brasil são: método Tradicional (ou Conteudista), o Construtivismo (de Piaget), o Sociointeracionismo (de Vygotsky) e o método Montessoriano (de Maria Montessori).

É muito comum ouvir-se: Este professor sabe muito, mas não tem didática. O que será a didática? Vejamos o que alguns autores nos dizem.

Segundo Gil (2007, p.2), o termo “didática” vem do grego didaktiké, que significa arte de ensinar. Iniciada sua difusão na obra Didática Magna, ou Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, publicada em 1657 por Jan Amos Comenius (1592- 1670),. Hoje são muitas as definições para esse termo, mas quase todas apresentam como ciência, arte ou técnica de ensino.

Para Masetto apud Gil (2007, p.2), “Didática é” ‘o estudo do processo de ensino-aprendizagem em sala de aula e de seus resultados’ e surge quando há intervenção dos adultos na atividade de aprendizagem dos jovens e crianças através de planejamento e pré-exame do ensino, que difere das intervenções feitas ao modo espontâneo de antes.

Deve-se entender que a didática faz parte da pedagogia ou andragogia conforme se refira ao ensino de crianças, jovens e adultos. Por isso a pedagogia é reconhecida como a arte e a ciência da educação, enquanto a Didática é conhecida como a ciência e a arte de ensino.

Libâneo (2001, p.3) afirma num de seus textos que: ...Um professor que aspira ter uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com a subjetividade dos alunos, sua linguagem, suas percepções, sua prática de vida. Sem essa disposição, será incapaz de colocar problemas, desafios, perguntas, relacionados com os conteúdos, condição para conseguir uma aprendizagem significativa. [...] A didática hoje precisa comprometer-se com a qualidade cognitiva das aprendizagens e esta, por sua vez, está associada à aprendizagem do pensar. Cabe-lhe investigar como pode ajudar os alunos a se construírem como sujeitos pensantes, capaz de pensar e lidar com conceitos, argumentar, resolver problemas, para se defrontarem com dilemas e problemas da vida prática. [...] Para adequar-se as necessidades contemporâneas relacionadas com as formas de aprendizagem, a didática precisa estabelecer a investigação sobre o papel mediador do professor na preparação dos alunos para pensar. [...] Nesse caso, a questão está em como o ensino pode impulsionar o desenvolvimento das competências cognitivas mediante a formação de conceitos teóricos. Ou, em outras palavras, o que fazer para estimular as capacidades investigadoras dos alunos ajudando-os a desenvolver competências e habilidades mentais.

A necessidade da formação continuada do professor do Ensino Superior é explicitada onde as aulas expositivas predominam e as queixas freqüentes dos alunos mostram a baixa qualidade da ensinagem. Completa com atitude do professor que não modifica, afirmando que está praticando o que seus mestres fizeram, usando como prática mais constante de avaliação da aprendizagem aplicação de provas, usando como critério autoritário, em relação ao aluno, a mensuração numérica do que o discente “aprende”, muito das vezes através de notas subjetivas. Aos alunos, entretanto, cabe sua colocação na condição de ouvintes. Cunha (1997, p. 26) afirma que “... os professores criam um certo sentimento de culpa se não são eles que estão ‘em ação’, isto é, ocupando espaço com a palavra em sala de aula”.

Troca de atitude

Atualmente encontra-se professores que vêem os alunos como os principais agentes do processo educativo. Verificam como estão suas aptidões, suas necessidades e interesses, para que possam buscar as melhores informações e auxiliá-los no desenvolvimento de suas habilidades, na modificação de atitudes e comportamentos e na

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busca de novos significados das coisas e dos fatos. As atividades desses educadores estão centradas nos discentes, em suas aptidões, capacidades, expectativas, interesses, possibilidades, oportunidades e condições para aprender. Atuam, portanto, como facilitadores da aprendizagem. Os educadores progressistas, preocupados com uma educação para mudança, constituem os exemplos mais claros de adoção desta postura. Nessa ótica, os discentes são incentivados a expressar suas próprias idéias, a investigar com independência e a procurar os meios para o seu desenvolvimento individual e social. (NETO, 2.011)

À medida que cresce a ostentação na aprendizagem, o professor deixa de ensinar para poder ajudar ao aluno a aprender. Nesse contexto, educar deixa de ser a arte de mera introdução de conhecimentos. Então, as preocupações dos professores começam a mudar para expressões como: “Quais as expectativas dos alunos?”, “Em que media determinado aprendizado poderá ser significativo para eles?”, “Quais as estratégias mais adequadas para facilitar seu aprendizado?”. (NETO, 2.011)

Um dos elementos básicos de discussão da ação docente refere-se ao ensinar, ao aprender e ao apreender. Essas ações são muitas vezes consideradas e executadas como ações disjuntas, ouvindo-se inclusive de professores, afirmações do tipo: “eu ensinei, o aluno é que não aprendeu”.

Foi diante dessas reflexões que surgiu o termo ensinagem, usado então para indicar uma prática social complexa efetivada entre os sujeitos, professor e aluno, englobando tanto ação de ensinar quanto a de apreender, em processo contratual, de parceria deliberada e consciente para o enfrentamento na construção do conhecimento escolar, resultante de ações efetivadas na, e fora da sala de aula.

Trata-se de uma ação de ensino da qual resulta a aprendizagem do estudante, superando o simples dizer do conteúdo por parte do professor, pois é sabido que na aula tradicional, que se encerra numa simples exposição de tópicos, somente há garantia da citada exposição, e nada se pode afirmar acerca da apreensão do conteúdo pelo aluno.

Nessa superação da exposição tradicional, como única forma de explicitar os conteúdos, é que se inserem as estratégias de ensinagem. Trabalhando com os conhecimentos estruturados Com a nova atitude o professor passa agora a ter um papel mais difícil. Não pode limitar-se somente a explanar a matéria; tem que se preparar para, a qualquer momento, ter que reorientar a aula, dar-lhe uma nova dimensão. Precisa se certificar de que a aula que ministra é superior à leitura de um livro ou à assistência a um filme. (ANASTASIOU, 1998)

Pedagogia e Andragogia

A preparação dos educadores para o ensino fundamental é oferecida em cursos de licenciaturas e habilitações de cunho pedagógico. A palavra pedagogia refere-se somente à condução de crianças; cursos dessa natureza não são adequados para a preparação de professores universitários, cujos alunos, embora nem sempre sejam adultos, estão mais próximos dessa etapa da vida do que da infância. Por essa razão é que a partir do último quartel do século XX, graças ao aparecimento do livro the modern practice of adult education de Malcom Knowles (1970), começou a popularizar-se o termo andragogia para referir-se à arte e a ciência de orientar adultos a aprender. (NETO, 2.011)

A andragogia fundamenta-se nos seguintes princípios:

Conceito de aprender. Este conceito é adotado como alternativa ao de “aluno” ou “formando”. O aprendente, ou aquele que aprende, é autodirigido, o que

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significa que a responsável pela sua aprendizagem e estabelece e delimita o seu percurso educacional.

Necessidade do conhecimento. Os adultos sabem melhor do que as crianças da necessidade de conhecimento. Eles se sentem muito mais responsáveis pela sua aprendizagem e pela delimitação de seu percurso educacional.

Motivação para aprender. O modelo andragógico leva em conta as motivações externas, como melhor trabalho e aumento salarial, mas também, valoriza, particularmente, as motivações internas relacionadas com sua própria vontade de crescimento, como auto-estima, reconhecimento, autoconfiança e atualização das potencialidades pessoais.

Papel da experiência. Os adultos entram num processo educativo com experiências bastante diversas e é a partir delas que eles se dispõem a participar ou não de algum programa educacional. Por isso, essas experiências devem ser aceitas como fonte de recursos a serem valorizados e partilhados, servindo base para a formação acadêmica. Os conhecimentos dos professores e os recursos institucionais, como os livros e as projeções, são fontes que por si só não garantem o interesse pela aprendizagem. Devem ser vistos como opções que são colocadas à disposição para livre escolha do aprendiz.

Prontidão para o aprendizado. O adulto tem uma orientação mais pragmática do que a da criança. O adulto está pronto para aprender o que decide aprender. Ele se torna disponível par aprender quando pretende melhorar seu desempenho em relação a determinado aspecto de sua vida. Sua seleção de aprendizagem é natural e realista; por isso, muitas vezes ele se nega a aprender o que os outros lhe impõem. Além disso, sua retenção tende a decrescer quando percebe que o conhecimento não pode ser aplicado imediatamente. Assim, convém organizar as experiências de aprendizagem de acordo com as unidades temáticas que tenham sentido e sejam adequadas às tarefas que os adultos são solicitados a realizar nos seus diversos contextos de vida. (NETO, 2.011)

Dessa forma, uma educação no contexto andragógico requer elaboração de diagnósticos de necessidades e interesses dos estudantes; definição de objetivos e planejamento das tarefas com a participação dos estudantes; estabelecimento de um clima cooperativo, informal e de suporte a aprendizagem; seleção de conteúdos significativos para os estudantes; definição de contratos e projetos de aprendizagem; aprendizagem orientada para tarefas ou centrada em problemas; uso de projetos de investigação, estudo independente e técnicas vivenciais; valorização da discussão e da solução de problemas em grupo; utilização de procedimentos de avaliação diretamente relacionados à aprendizagem.

Embora a adoção do conceito de Andragogia não seja consensual, pode-se afirmar que a prática docente do professor universitário pode ser significativamente melhorada com a adoção de seus princípios.

Ciclo docente

O ciclo docente compreende o conjunto de atividades exercidas pelo professor e

possui três fases: ZÓBOLI (2002) 1ª fase: o planejamento de ensino Plano é um roteiro, é tudo aquilo que pretendemos realizar e os meios para fazê-lo.

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Planejamento é atividade mental de organizar, concatenar, ou seja, ligar o plano a uma realidade que queira desenvolver na sala de aula. É o ato de traçar o plano, é a programação dos trabalhos escolares, usando posterior ação docente, de maneira a atingir os objetivos que anteriormente foram propostos.

Há três tipos de planejamento: 1-Planejamento de curso: é um planejamento mais amplo, abordando os

temas de um curso (bimestral, semestral ou anual), incluindo os objetivos, estratégias e avaliação de cada tema.

2- Planejamento de unidade: é um planejamento parcial, referindo-se a um único tema, incluindo também conteúdo, estratégias e avaliação de cada tema.

3- Planejamento de aula: é um plano detalhado, referente ao que se pretende tratar numa aula.

2º Fase: orientação ou execução da aprendizagem Aqui o professor executa aquilo que planejou. Todas as atividades têm como finalidade orientar o aluno alcançar os objetivos que

foram propostos. Está fase exigem grande habilidade por parte do professor, pois ele deve exercer

sua função de liderança. Nesta fase o professor se utiliza dos seguintes processos:

a) Incentivação: Aqui ele utiliza recursos, técnicas e métodos próprios para motivar os alunos, ou melhor, dizendo, para desperta interesse e prende-lhes atenção no tema proposto.

b) Apresentação do assunto: O professor apresenta uma visão geral do assunto que deverá ser estudado. Às vezes, os professores dispensam esta etapa, outras vezes ela é utilizada como uma aula plataforma.

c) Direção das atividades: O professor orienta os alunos com ou elementos do assunto, cirando situações e promovendo a oportunidade de os alunos “redescobrirem”.

d) Sistematização: O professor procura utilizar que possam globalizar, de forma ordenada, aquilo que foi trabalhado de forma analítica e parcial.

e) Retenção: O professor promove oportunidade de o aluno utilizar a experiência adquirida em situações generalizadas ou diferentes. 3ª Fase: controle ou avaliação

Esta fase consiste na supervisão constante do processo de aprendizagem para que seja eficazmente conduzida, isto é, que os alunos aprendam o que o professor ensinou e o processo alcance resultado.

A ação eficaz do controle envolve as seguintes atividades: a) A sondagem ou prognóstico: É o levantamento das condições concretas

dos alunos ao iniciar o processo (capacidades, carências) e prognóstico de como ele poderá ser realizado.

b)Manejo de classe ou direção de classe: Supervisão e controle do professor sobre os alunos para criar um ambiente que seja propício à aprendizagem.

c) Diagnóstico e retificação: O professor estuda as causas da aprendizagem eficiente (diagnóstico) e isto servirá como base para a seleção e o emprego de medidas que possam dar maior e melhor assistência ao aluno, podendo assim retificar a aprendizagem sempre que necessário.

d) Verificação e avaliação: É o uso de recursos e técnicas que possibilitam a avaliar o grau de resultados segundos os objetivos propostos no planejamento e avaliação do rendimento escolar ao longo do processo de ensino aprendizagem.

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Rendimento escolar são todas as transformações que se opera no pensamento, na linguagem, nas ações do aluno e em suas atitudes perante problemas e situações novas que lhes são apresentadas.

As etapas do ciclo docente se integram e se repetem periodicamente, na medida em que o trabalho do professor se desenvolve. Por este motivo o trabalho docente é considerado um ciclo.

Planejamento do ensino

Uma das coisas que se deve apreender bem cedo é que as ações ou obras sempre são feitas duas vezes: a primeira no pensamento e a outra na prática. A capacidade de vislumbrar um resultado (objetivo), pensar como chegar nele, que recursos (materiais, humanos, financeiros) precisam ser usados e como consegui-los e a primeira; fazer acontecer, materializar é a segunda.

O planejamento que a alguns anos era um ato

individual, hoje passa ser uma atividade coletiva participativa. Principalmente o planejamento educacional que não se admite mais ser um ato isolado e burocratizado de uma pessoa que se presume entender de tudo que é bom e mau para os estudantes.

Quando se planeja: “Sempre que se buscam determinados fins, relacionando-se alguns meios necessários para atingi-los. Isto de certa forma é planejamento” (Dalmás, 1972: p. 23). Já para Gandin (1983, p.16) “planejar é: Organizar a própria ação; implantar um processo de intervenção na realidade; explicitar os fundamentos da ação do grupo; e realizar um conjunto de ações, propostas para aproximar uma realidade de um ideal”.

Deve existir no planejamento um estado coletivo de busca pelas mudanças escolhidas. Passar de um estado crítico (situação atual) para um estado futuro melhor (situação desejada).

O planejamento gera um plano geral, que é a parte escrita do planejamento, é o mapa da caminhada. Este por sua vez se divide em programas que agrupam planos menores de afinidade de objetivos. E estes planos menores, especificados em detalhes técnicos qualitativos e quantitativos chamamos de projetos.

Tipos

• Educacional: Tomada de decisões sobre a educação no conjunto do desenvolvimento do país.

• De currículo: Formulação de objetivos educacionais a partir dos objetivos expressos nos documentos oficiais e tendo como em vista a realidade da instituição

Observações sobre currículo: o É tudo que acontece na vida do estudante e o cerca em todas as horas; o É muito mais do que o conteúdo a ser aprendido; o Significa toda vida escolar do estudante; o Consiste em experiências, por meio das quais os estudantes alcançam a

auto-realização e, ao mesmo tempo, aprendem a contribuir para a

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construção de uma sociedade e de um futuro melhor. (Adaptado: RAGAN, 2003) e pode ser:

Explicito: o que aparece e está escrito. Oculto: Transmissão de valores, normas, privilegias e

comportamento desenvolvidos informalmente. o Elaboração: por todos que direta ou indiretamente estão ligados ao

processo educativo para definição: Dos objetivos. Dos conteúdos básicos. Dos métodos. Das estratégias. Dos recursos disponíveis.

• De ensino: Especificação do planejamento de currículo – consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o professor fará na sala de aula para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos. Deve observar:

o Os objetivos estabelecidos através dos objetivos educacionais. o Os conhecimentos a serem adquiridos pelos estudantes, no sentido dos

objetivos estabelecidos. o Os procedimentos e recursos de ensino de estímulo às atividades de

aprendizagem. o O processo de avaliação que possibilite verificar, até que ponto os

objetivos foram alcançados. o Conhecimento da realidade – diagnóstico – situação atual; o Na elaboração do plano:

Determinação dos objetivos. Seleção e organização dos conteúdos. Seleção e organização dos procedimentos de ensino. Seleção dos recursos. Seleção de procedimentos de avaliação. Montagem do plano.

o Avaliação e flexibilização do plano. o Conhecimento da realidade:

Do aluno: Aspirações, Frustrações, Necessidades e Possibilidades. Do meio: Institucional, Social e Comunitário.

• De aula (regência): Mais específico em seus objetivos levando em consideração as mudanças comportamentais esperadas. Deve observar:

o Deve estar relacionado com os objetivos gerais da área de estudo que por sua vez com os educacionais e estes com os do plano curricular.

Elaboração dos planos

Determinação dos objetivos (exemplos) o Do curso: Qualificar professores e profissionais de outras áreas para atuar no

magistério em nível superior, possibilitando - lhe a refletir os fundamentos filosóficos, históricos sociológicos, antropológicos e psicológicos do conhecimento para compreender e construir o saber sistematizado no processo educativo.

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o Da disciplina: Capacitar os alunos para desenvolverem práticas de ensino de acordo com os princípios da pedagogia centrada no homem e seu desenvolvimento social.

o Da unidade: Levar os alunos participantes desta unidade a desenvolverem procedimentos capazes de melhorarem suas práticas em sala de aula.

o Da aula: que os alunos sejam capazes de ilustrar aulas com retro-projeções.

Subdivisão de objetivos por domínios (competências): o Domínio cognitivo – sobre a razão, a inteligência e a memória, informações e

conhecimentos intelectuais, princípios científicos, habilidades mentais de análise e síntese. Exemplos: Conceituar matemática financeira. Contextualizar a história da Didática com as situações históricas da

economia e da sociedade brasileira. o Domínio afetivo – refere-se a valores, atitudes, ética, formação do estudante.

Exemplos: Reconhecer e respeitar pela dignidade e integridade cada ser humano. Praticar a cooperação diante das necessidades coletivas.

o Domínio psicomotor – dispõe sobre as habilidades operativas ou motoras, operar máquinas e equipamentos. Exemplos: Desenhar o mapa do Brasil. Operar um computador. Construir um barco.

Conteúdos o Seleção e organização dos conteúdos – é um procedimento básico para atingir

os objetivos. o Observações:

Existem guias curriculares oficiais que oferecem a relação de conteúdos das várias áreas para serem desenvolvidos.

Importante, não esquecer a realidade da classe. Deve progredir do mais simples ao mais complexo. O conteúdo não importa tanto. O mais importante é o fato do professor estar

apto a levantar a idéia central do conhecimento que deseja trabalhar. Para que tal ocorrência se verifique é indispensável que o professor conheça em profundidade a natureza do fenômeno que pretende alcançar com seus alunos.

Exemplos:

» Unidade: Juros simples

» Pré-requisito: Razão e proporção

» Conteúdo: 1. Conceitos: capital, taxa de juros, montante. 2. Dedução da fórmula. 3. Fluxo de caixa: valor presente, valor futuro.

Procedimentos o São ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor para

colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta em função dos objetivos previstos. Como aprendizagem é um processo dinâmico, ela só ocorre quando o aluno realiza algum tipo de atividade. Ao escolher o procedimento didático ou de ensino o professor deverá considerar:

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Adequação dos competências/objetivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem.

A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a efetivar-se.

As características dos alunos (faixa etária, interesse, expectativas). O Aluno aprende por ele mesmo, o que ele mesmo faz e não o que faz

o professor.

“Os procedimentos de ensino devem, portanto, contribuir para que o aluno mobilize seus esquemas operatórios de pensamento e participe ativamente das experiências de aprendizagem, observando, lendo, escrevendo, experimentando, propondo hipóteses, solucionando problemas, comparando, classificando, ordenando, analisando, sintetizando, etc.”. (HAYDT, 2000, p. 144)

As atividades orientadoras de ensino estabelecem necessidades básicas que compreendem e resultam, respectivamente em:

Ensinar - traçar ações. Definir estratégias - o modo ou os procedimentos de como

colocar os conhecimentos em jogo no espaço educativo, buscando instrumentos auxiliares de ensino: Recursos metodológicos – adequação para cada objetivo e

ação (livro, giz, computador, ábaco etc.); e por fim. Os processos de análise e síntese - ao longo da atividade,

que são momentos de avaliação permanente para quem ensina e aprende. (MOURA, 2001, p. 155).

o O método: Conjunto de meios, considerados os mais apropriados, para

atingir determinados objectivos educativos. Não se tornar escravo de um método! O Formador deve adequar e experimentar vários, de acordo com todas

as condicionantes do processo de formação.

Tipos:

Método Passivo - tradicional

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o

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Estratégicas

As estratégias visam a consecução dos objetivos, portanto, há que se ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento com o processo de ensinagem. Por isso os objetivos que o norteiam devem estar claros para os sujeitos envolvidos – professores e alunos – e estar presentes no contrato didático, registrado no programa de aprendizagem correspondente ao módulo, fase, curso, etc... (ANASTASIOU, 2005) Por meio das estratégias aplicam-se ou exploram-se meios, modos, jeitos e formas para evidenciar o pensamento, respeitando as condições favoráveis para executar ou fazer algo. Esses meios ou formas comportam determinadas dinâmicas, devendo considerar o movimento, as forças e o organismo em atividade. Por isso, o conhecimento do aluno é essencial para a escolha da estratégia, com seu modo de ser, de agir, de estar, além de sua dinâmica pessoal. (ANASTASIOU, 2005) Estratégias Utilizadas no Processo Ensino-Aprendizagem Para Petrucci e Batiston (2006, p. 263), a palavra estratégia esteve, historicamente, vinculada à arte militar no planejamento das ações a serem executadas nas guerras, e, atualmente, largamente utilizadas no ambiente empresarial. Porém, os autores admitem que: [...] a palavra ‘estratégia’ possui estreita ligação com o ensino. Ensinar requer arte por parte do docente, que precisa envolver o aluno e fazer com ele se encante com o saber. O professor precisa promover a curiosidade, a segurança e a criatividade para que o principal objetivo educacional, a aprendizagem do aluno, seja alcançado.

Desse modo, o uso do termo “estratégias de ensino” refere-se aos meios utilizados pelos docentes na articulação do processo de ensino, de acordo com cada atividade e os resultados esperados.

Marion (2006); e Petrucci e Batiston (2006). Nota-se que as estratégias recomendadas pelos profissionais da pedagogia não diferem substancialmente daquelas recomendadas pelos profissionais docentes da área das ciências sociais aplicadas. Em alguns casos, há pequenas variações na nomenclatura da estratégia, guardando idênticas recomendações quanto à utilização. Algumas estratégias propostas: 1. Aula expositiva dialogada

Descrição Consiste

Na em uma exposição do conteúdo, com a participação ativa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida. O professor leva os estudantes a questionarem, interpretarem e discutirem o objetivo de estudo, a partir do reconhecimento e do confronto com a realidade. Deve favorecer a análise crítica, resultando na produção de novos conhecimentos. Propõe a superação da passividade e imobilidade intelectual dos estudantes.

Operação de pensamento

(Predominantes)

Obtenção e organização de dados. Interpretação. Crítica. Decisão. Comparação. Resumo.

Dinâmica da atividade O professor contextualiza o tema de modo a mobilizar as estruturas mentais do estudante para operar com as informações que este traz, articulando-se às que serão apresentadas: faz a apresentação dos objetivos de estudo da unidade e a sua relação com a disciplina ou curso. Faz exposição, que deve ser bem preparada, podendo solicitar exemplos aos estudantes, e busca o estabelecimento de conexões entre a experiência vivencial dos participantes, o objeto estudado e o todo da disciplina. É importante ouvir o estudante, buscando identificar sua realidade e seus conhecimentos prévios, que podem mediar a compreensão crítica do assunto e problematizar essa participação. O forte dessa estratégia é o diálogo, com espaço para o questionamento, críticas e solução de dúvidas: é imprescindível que o grupo discuta e reflita

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sobre o que está sendo tratado, a fim de que uma síntese integradora seja elaborada por todos.

Avaliação Participação dos estudantes contribuindo na exposição, perguntando, respondendo, questionando... Pela participação dói estudante acompanham-se a compreensão e a análise dos conceitos apresentados e construídos. Podem-se usar diferentes formas de obtenção da síntese pretendida na aula: de forma escrita, oral, pela entrega de perguntas, esquemas, portfólios, sínteses variadas, complementação de dados no mapa conceitual e outras atividades complementares a serem efetivadas em continuidade pelos estudantes.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A aula expositiva dialogada é uma estratégia que vem sendo proposta para superar

a tradicional palestra docente. Há grandes diferenças entre elas, sendo que a principal e a participação do estudante, que terá suas observações consideradas, analisadas, respeitadas, independentemente da procedência e da pertinência das mesmas, em relação ao assunto tratado. O clima de cordialidade, parceria, respeito e troca são essenciais. O domínio do quadro teórico relacional pelo professor deve ser tal que “o fio da meada” possa ser interrompido com perguntas, observações, intervenções, sem que o professor perca o controle do processo. Com a participação continua dos estudantes fica garantida a mobilização, e criadas as condições para a construção e a elaboração da síntese do objeto de estudo. Conforme o objetivo pretendido, o professor encaminha as reflexões e discussões para as categorias de historicidade, de totalidade, de criticidade, práxis, significação e os processos de continuidade e ruptura. 2. Estudo de texto

Descrição Consiste

Na exploração de idéias do autor a partir do estudo crítico de um texto e/ou na busca de informações e exploração de idéias dos autores estudados.

Operação de pensamento

(Predominantes)

Identificação. Obtenção e organização de dados. Interpretação. Crítica. Análise Reelaboração. Resumo

Dinâmica da atividade Momentos: 1 Contexto do texto: data, tipo de texto, autor e dados do autor... 2 Análise textual – preparação do texto: visão de conjunto, busca de esclarecimentos, vocabulário, fatos, autores citados, esquematização. 3 Análise temática – compreensão da mensagem do autor: tema, problema, tese, linha de raciocínio, idéia central e as idéias secundárias. 4 Análise interpretativa/extrapolação ao texto – levantamento e discussão de problemas relacionados com a mensagem do autor. 5 Problematização – interpretação da mensagem do autor: corrente filosófica e influências, pressupostos, associação de idéias, crítica. 6 Síntese – reelaboração da mensagem, com base na contribuição pessoal.

Avaliação Produção, escrita ou oral, com comentário do estudante, tendo em vista as habilidades de compreensão, análise, síntese, julgamento, inferências e interpretação dos conteúdos fundamentais e as conclusões a que chegou.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

Um estudo de texto pode ser utilizado para os momentos de mobilização, de

construção e de elaboração de síntese. A definição do texto dependerá do objetivo que professores e estudantes têm para aquela unidade de estudo. A escolha de um material que seja acessível ao estudante e ao mesmo tempo em que vá desafiá-lo, assim como o acompanhamento do processo pelo professor, são condições de sucesso nessa estratégia. São habituais as observações de docentes acerca da dificuldade de leitura e interpretação por parte dos estudantes. Se essas são habilidades constatadas como pouco desenvolvidas, elas devem se tornar objeto de trabalho sistemático na Universidade para todas as áreas de formação. Quando o hábito de leitura não estiver interiorizado, ficará

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mais fácil mobilizar o estudante para textos que se refiram à realidade, em especial, ao campo de trabalho futuro. Esses podem ser textos iniciais a serem acrescidos de outros com maiores especificidades de linguagem, conteúdos e complexidade da área em estudo.

Muitas vezes o professor trabalha um texto com os estudantes e pede um “resumo”; para resumir o estudante precisará identificar interpretar, analisar, organizar os dados, sintetizar para obter a produção solicitada pelo professor. Resumir não é uma operação mental simples, ela exige o auxílio e o acompanhamento do processo pelo professor pelo menos nas primeiras tentativas. A construção de esquemas, feitos coletivamente com a classe, auxilia o trabalho individualizado. 3. Protfólio

Descrição Consiste

Na identificação e na construção de registro, análise, seleção e reflexão das produções mais significativas ou identificação dos maiores desafios/dificuldades em relação ao objeto de estudo, assim como das formas encontradas para superação.

Operação de pensamento (Predominantes)

Identificação. Obtenção e organização de dados. Interpretação. Crítica. Análise. Reelaboração. Resumo

Dinâmica da atividade O portfólio pode evidenciar o registro do processo de construção de uma atividade, de um bloco de aulas, fase, módulo, unidade, projeto etc. A preparação deve ser feita pelo professor a partir da mobilização para a tarefa. Alguns passos podem ser seguidos, tais como:

combinar as formas de registro que podem ser escritas manualmente ou digitadas, em caderno, bloco, pasta...;

o material precisa estar identificado com dados como nome, série, ano, disciplina etc. Pode-se incluir uma foto que demonstre o momento em que o acadêmico está vivendo;

aproveitar para incluir orientações de formatação de trabalho científico tais como: capa, contra capa, sumário, os relatos em si, considerações finais, bibliografias utilizadas no decorrer das aulas/trabalhos;

Escrever apenas num dos lados da página, deixando a outra como espaço para o diálogo do professor;

os relatos em si podem ser nomeados, cujo título pode expressar o sentimento mais evidente daquele momento;

os registros podem conter trabalhos de pesquisa, textos individuais/coletivos, considerados interessantes, acrescidos de uma profunda reflexão sobre seu significado para a formação;

incluir outras produções significativas: realia, fotos, desenhos etc., com a respectiva análise;

anotar o sentimento de avanços e dificuldades pessoais;

inserir avaliação construtiva do desempenho pessoal e do desempenho do professor;

Ao professor compete proceder as leituras dos textos/produções e apontar os avanços e os aspectos que precisam ser retomados pelo estudante. Lembrar que o professor estabelece um diálogo com o estudante e precisa ser produtivo em favor da verdadeira aprendizagem.

Avaliação Definir conjuntamente critérios de avaliação do ensino e da aprendizagem, do desempenho do estudante e do professor. Os critérios de avaliação a individualidade de cada um:

organização e cientificidade da ação de professor e de estudante.

clareza de idéias na produção escrita;

construção e reconstrução da escrita;

objetividade na apresentação dos conceitos básicos;

envolvimento e compromisso com a aprendizagem.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A estratégia do portfólio, considerada nova na Educação Superior, possibilita o

acompanhamento de construção do conhecimento do docente e discente durante o próprio

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processo e não apenas, ao final desse. Daí sua principal característica de validação. Ele exige do professor um alto grau de organização, no sentido de acompanhar as produções/manifestações escritas dos estudantes. Aponta para um conceito diferenciado de tempo e espaço, de construção e reconstrução, de avaliação e nota. Dentre as inúmeras atividades que prática pedagógica coloca à disposição para a sala de aula, o portfólio se apresenta como o mais completo: propicia ao professor verificar de forma imediata as dificuldades que o estudante possa estar apresentando e propor soluções para sua superação. Além do mais, é um processo individual que permite a cada um crescer de acordo com suas necessidades e condições. Quanto às dimensões da construção do conhecimento, essa estratégia requer um alto grau de envolvimento de professor e estudante, por isso devem estar constantemente mobilizados para a construção do conhecimento e da realização de suas sínteses, como formas de registro. Esses registros vêm arraigados de elementos históricos de seus autores, retratam continuidade e rupturas pessoais, e por isso comportam elementos de significação e práxis. 4. Tempestade cerebral

Descrição Consiste

Numa possibilidade de estimular a geração de novas idéias de forma espontânea e natural, deixando funcionar a imaginação. Não há certo ou errado. Tudo o que for levantado será considerado, solicitando-se, se necessário, uma explicação posterior do estudante.

Operação de pensamento (Predominantes)

Imaginação e criatividade. Busca de suposições. Classificação

Dinâmica da atividade Ao serem perguntados sobre uma problemática, os estudantes devem: 1. Expressar em palavras ou frases curtas as idéias sugeridas pela questão proposta . 2. Evitar atitude crítica que levaria a emitir juízo e/ou excluir idéias. 3. Registrar e organizar a relação de idéias espontâneas. 4. Fazer a seleção delas conforme critério seguinte ou a ser combinado:

ter possibilidade de ser posta em prática logo,

ser compatível com outras idéias relacionadas ou enquadradas numa lista de idéias,

ser apreciada operacionalmente quanto a eficácia a curto, médio e longo prazo.

Avaliação Observação das habilidades dos estudantes na apresentação da idéias quanto a: capacidade criativa, concisão, logicidade, aplicabilidade e pertinência, bem como seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas ao problema apresentado.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

Trata-se de uma estratégia vivida pelo coletivo da classe, com participações

individuais, realizada de forma oral ou escrita. Pode ser estabelecida com diferentes objetivos, devendo a avaliação se referir aos mesmos. Utilizada como mobilização, desperta nos estudantes uma rápida vinculação com o objeto de estudo; pode ser utilizada no sentido de coletar sugestões para resolver um problema do contexto durante o processo de construção, possibilitando que o professor retome a teia de relações e avalie a criatividade e a imaginação, assim como os avanços do estudante sobre o assunto em estudo. O professor precisa considerar que irão interferir na explicitação do estudante a prática social já vivenciada, que interferem nas relações efetivas. Numa atividade de tempestade cerebral vivenciada com professores universitários, somente para conhecimento da estratégia e de suas possibilidades, foi proposta a palavra chave “barata”, como desencadeadora da estratégia. Surgiram contribuições esperadas: medo, inseto, cozinha, sujeira, chinelo, inseticida, etc. Mas apareceu também a palavra “música”, que criou entre os participantes surpresas e incompreensão... Qual seria o nexo estabelecido? No momento da exploração, a explicação dada referiu-se à música infantil: “a barata diz que tem sete saias de filó...”, que o participante ouvira naquela semana sendo cantada por

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sua filha. Este simples exemplo nos mostra a riqueza da possibilidade de diferentes conexões, pontos de chegada e de partida que os participantes trazem ao contexto... Tudo tem um nexo pessoal, e nos resta, como mediadores do processo, dar o espaço para que o nexo seja explicitado, explorado, ampliando a teia relacional que a estratégia possibilita. Isto nos faz retomar o princípio já explicitado de que o complexo é o que é tecido junto. Essa forma se pressa, também, para elaboração da síntese.

5. Mapa conceitual Descrição Consiste

Na construção de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes a estrutura do conteúdo.

Operação de pensamento (Predominantes)

Interpretação. Classificação. Crítica. Organização de dados. Resumo

Dinâmica da atividade O professor poderá selecionar um conjunto de textos, ou de dados, objetos informações, sobre um tema, ou objeto de estudo, de uma unidade de ensino e aplicar a estratégia do mapa conceitual propondo ao estudante a ação de:

identificar os conceitos chaves do objeto ou texto estudado;

selecionar os conceitos por ordem de importância;

incluir conceitos e idéias mais específicas;

estabelecer relação entre os conceitos por meio de linhas e identificar essas linhas com uma ou mais palavras que explicitem essa relação;

identificar conceitos e palavras que devem ter um significado ou expressam uma proposição;

buscar estabelecer relações horizontais e cruzadas, traçá-las;

perceber que há várias formas de traçar o mapa conceitual;

compartilhar os mapas coletivamente, comparando-os e complementando-os;

justificar a localização de certos conceitos, verbalizando seu entendimento

Avaliação Acompanhamento da construção do mapa conceitual a partir da definição coletiva dos critérios de avaliação:

conceitos claros;

relação justificadas;

riqueza de idéias;

criatividade na organização e

representatividade do conteúdo trabalhado.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

Nos Programas de Aprendizagem cujo conteúdo é predominantemente conceitual,

um dos desafios é construir com os estudantes o quadro relacional que sustenta a rede teórica a ser apreendida. A construção do mapa pode ser feita ao longo de todo um semestre ou se referir a apenas a uma unidade de estudo, tema, problemas, etc. O fundamental é a identificação dos conceitos básicos e das conexões entre esses conceitos e os deles derivados: isso leva a elaboração de uma teia relacional. Ao se confrontarem os mapas construídos individualmente e ou em grupos, os estudantes percebem que as conexões podem se diferenciar o que não acarreta em prejuízo, e sim, amplia o quadro perceptivo do grupo. Possibilita mobilização contínua, uma vez que o estudante tem que retomar e complementar o quadro durante toda a caminhada; possibilita construção do conhecimento que vai se ampliando na medida em que as conexões se processam e permite a elaboração da síntese numa visão de totalidade. O movimento de ruptura-continuidade é intenso nessa estratégia. Por tudo isso, o mapa conceitual, serve ao professor como ferramenta para acompanhar as mudanças na estrutura cognitiva dos estudantes e para indicar formas diferentes de aprofundar os conteúdos. 6. Estudo dirigido

Descrição Consiste

No ato de estudar sob a orientação e diretividade do professor, visando sanar dificuldades específicas.

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É preciso ter claro: o que, para quê, e do como é preparada a sessão.

Operação de pensamento (Predominantes)

Identificação. Obtenção e organização de dados. Busca de suposições. Aplicação de fatos e princípios a novas situações.

Dinâmica da atividade Prevê atividades individualizadas, grupais, podendo ser socializadas:

leitura individual a partir de um roteiro elaborado pelo professor;

resolução de questões e situações – problema, a partir do material estudado;

no caso de grupos de atendimento, debate sobre o tema estudado, permitindo a socialização dos conhecimentos, a discussão de soluções, a reflexão e o posicionamento crítico dos estudantes frente á realidade vivida.

Avaliação O acompanhamento se dará pela produção que o estudante vá construindo, na execução das atividades propostas, nas questões que formula ao professor, nas revisões que este lhe solicita, a partir do que vai se inserindo gradativamente nas atividades do grupo a que pertence. Trata-se de um processo avaliativo eminentemente diagnóstico, sem preocupação classificatória.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

Essa estratégia exige a identificação dos estudantes que dela necessitam, para

complementar aspectos não dominados do programa de aprendizagem pretendido. Pode então se direcionar a temas, problemas, focos específicos do objeto de estudo, referindo-se a aspectos pontuais e sobre os quais já se evidenciaram, com outros grupos de trabalho, dificuldades a serem retomadas.

Possibilita aos estudantes estudos específicos do conteúdo em defasagem, desenvolve reflexão e capacita os estudantes à retomada, individual ou coletiva, dos aspectos pontuais não dominados anteriormente. Pode se tornar um importante recurso didático que auxilia o professor a lidar com as diferentes sínteses, que os estudantes trazem no início da programação pretendida, substituindo ações habitualmente chamadas “de nivelamento” para entrada em novos níveis de complexidade dos conteúdos.

As dificuldades dos estudantes podem ser evidenciadas ao longo do processo de construção do conhecimento, sendo essa uma estratégia a ser efetividada no desenrolar do processo, antecedente ao seu fechamento, dando tempo ao estudante e ao professor da retomada necessária. Em se tratando de Programas de Aprendizagem com aspectos costumeiramente temidos pelos estudantes, por seu grau de abstração e dificuldades, o professor já pode ter preparado tópicos de estudo dirigido capazes de suprir os pontos nodais, já identificados. 7. Lista de discussão por meios informatizados

Descrição Consiste

Na oportunidade de um grupo de pessoas poder debater, à distância, um tema sobre o qual sejam especialistas ou tenham realizado um estudo prévio, ou queiram aprofundá-lo, por meio eletrônico.

Operação de pensamento (Predominantes)

Comparação. Observação. Interpretação. Busca de suposições. Construção de hipóteses. Obtenção e organização de dados.

Dinâmica da atividade Organizar um grupo de pessoas para discutir um tema, ou vários subgrupos com tópicos da temática para realizar uma reflexão contínua, debate fundamentado, com intervenções do professor que como membro do grupo, traz suas contribuições. Não é um momento de perguntas e respostas apenas entre estudantes e professor, mas entre todos os integrantes, como parceiros do processo. É importante o estabelecimento do tempo limite para o desenvolvimento da temática. Esgotando-se o tema, o processo poderá ser reativado a partir de novos problemas.

Avaliação Essa é uma estratégia onde ocorre uma avaliação grupal, ao longo do processo, cabendo a todos este acompanhamento. No entanto, como o professor é o responsável pelo processo de ensinagem, o acompanhamento das participações, da qualidade das inclusões, das

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elaborações apresentadas, torna-se elemento fundamental para as retomadas necessárias, na lista e, oportunamente, em classe.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A lista de discussão é utilizada para aprofundamento de objetos de estudo, tornando-

se uma estratégia própria ao momento de construção e de elaboração de sínteses contínuas. O tema é estabelecido coletivamente, ou proposto pelo professor a partir do caminho já iniciado pelo grupo, podendo os estudantes participar com perguntas ou respostas completas e/ou parciais, elaborações de novos elementos conceituais ou confirmação dos já construídos, adesões e divergências, cabendo ao professor um acompanhamento do processo.

A participação dependerá do processo de mobilização efetivado e possibilita a construção do conhecimento através da problematização, significação, da práxis, da continuidade e ruptura, já citados nos elementos da metodologia dialética. Essa se constitui numa estratégia inovadora, que depende de algumas condições concretas para sua operacionalização, porém que responde ao hábito já existente, por uma parcela da comunidade acadêmica, de consulta e acesso aos meios informatizados. De uma maneira geral, os estudantes gostam de utilizar-se da tecnologia e dos contatos informatizados.

8. Solução de problemas

Descrição Consiste

No enfrentamento de uma situação nova exigindo pensamento reflexivo, crítico e criativo a partir dos dados expressos na descrição do problema; exige a aplicação de princípios, leis que podem ou não ser expressos em fórmulas matemáticas.

Operação de pensamento (Predominantes)

Identificação. Obtenção e organização de dados. Planejamento. Imaginação Elaboração de Hipóteses. Interpretação. Decisão

Dinâmica da atividade 1. Apresentar ao estudante um determinado problema, mobilizando-o para a busca da solução. 2. Orientar os estudantes no levantamento de hipóteses e na análise de dados. 3. Executar as operações e comparar soluções obtidas. 4. A partir da síntese verificar a existência de leis e princípios que possam se tornar norteadores de situações similares.

Avaliação Observação das habilidades dos estudantes na apresentação das idéias quanto a sua concisão, logicidade, aplicabilidade e pertinência, bem como seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas ao problema apresentado.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

Habitualmente quando se fala em estratégias de solução de problemas, pensamos

em problemas matemáticos. Estes trabalham com modelos a serem aplicados distintamente a situações propostas pelos professores. Seu acompanhamento e avaliação seguem o modelo da racionalidade, associado ao desenvolvimento de atitude científica. Para além dele, essa estratégia vem sendo usada visando o desenvolvimento do pensamento reflexivo, crítico e criativo dos estudantes para situações e dados da realidade. Há currículos totalmente organizados em torno de resolução de situações problemáticas (PBL) e Programas de Aprendizagem onde a resolução de problemas aparece como uma estratégia, que vincula o estudante à área profissional em estudo.

Nestes casos o estudante mantém-se mobilizado, busca aplicar os conhecimentos construídos na direção da solução e na elaboração da síntese, uma vez que está diretamente interessado na resposta ou solução para a situação.

Existem Programas de Aprendizagem que mantém nos laboratórios de informática, um banco de problemas, dos quais o estudante deve selecionar alguns para trabalhar. A estratégia de resolução de problemas contempla as categorias presentes aos processos de construção do conhecimento quando estimula ou amplia a significação dos elementos apreendidos em relação à realidade ou área profissional. Exige uma constante continuidade

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e ruptura, no levantamento e na análise dos dados, e na busca e construção de diferentes alternativas para a solução. Possibilita a práxis reflexiva e perceptiva, a problematização – cerne e centro da própria atividade, a criticidade na identificação da solução, e a totalidade, pois tudo está interligado e mutuamente dependente. 9. Philips 66

Descrição Consiste

Numa atividade grupal, onde são feitas uma análise e discussão sobre temas/ problemas do contexto dos estudantes. Pode também ser útil para obtenção de informação rápida sobre interesses, problemas, sugestões e perguntas.

Operação de pensamento (Predominantes)

Análise. Interpretação. Crítica. Levantamento de Hipóteses. Busca de suposições. Obtenção de organização de dados.

Dinâmica da atividade Dividir os estudantes em grupos de 6 membros, que durante 6 minutos podem estar discutindo um assunto, tema, problema na busca de uma solução ou síntese final ou provisória. A síntese pode ser explicitada durante mais 6 minutos. Como suporte para discussão nos grupos, pode-se tomar por base um texto ou, simplesmente, o aporte teórico que o estudante já traz consigo. Preparar a melhor forma de apresentar o resultado do trabalho, onde todos os grupos possam explicitar o resultado pelo seu representante.

Avaliação Toda atividade grupal deve ser processada em seu fechamento. Os avanços, desafios e dificuldades enfrentadas variam conforme a maturidade e autonomia dos estudantes, e devem ser encaradas processualmente. A avaliação será feita sempre em relação aos objetivos pretendidos, destacando-se:

o envolvimento dos membros do grupo;

a participação conforme os papeis estabelecidos;

pertinência das questões e ou síntese elaborada;

o processo de auto avaliação dos participantes.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

Essa é uma estratégia que pode ser utilizada com classes numerosas, pois os

estudantes são agrupados em número de 6, e durante 6 minutos trabalham no levantamento de questões ou fechamento de um tema e têm mais 6 minutos para a socialização. Assim, tanto pode ser usada para os momentos de mobilização, quanto para a elaboração de sínteses. Permite excelente feedback ao professor a respeito de dúvidas que os estudantes tenham mantido sobre um assunto estudado ou em discussão.

A objetividade é bastante estimulada nessa estratégia, pela sua forma de organização que toma por base o n° 6: seis participantes, seis minutos para discussão e seis para socialização. Como o tempo é distribuído entre os grupos, o professor e os próprios estudantes, conseguem formular uma visão global dos avanços e dificuldades da classe. Aspectos atitudinais são sempre objeto de avaliação nas atividades grupais e podem ser estimulados e implementados gradativamente ao longo do trabalho escolar. 10. Grupo de verbalização e de observação (GV/GO)

Descrição Consiste

Na análise de tema/ problemas sob a coordenação do professor, que divide os estudantes em dois grupos: um de verbalização (GV), e outro de observação (GO). E uma estratégia aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento, e neste caso, requerendo leituras, estudos preliminares, enfim, um contato inicial com o tema.

Operação de pensamento (Predominantes)

Análise. Interpretação. Crítica. Levantamento de Hipóteses. Obtenção e organização de dados. Comparação. Resumo. Observação. Interpretação.

Dinâmica da atividade 1. Dividir os estudantes em dois grupos. Um para verbalização de um tema/problema e outro de observação. 2. Organizá-los em dois círculos: um interno e outro externo, dividindo o nº. de membros conforme o número de estudantes da turma. Em classes muito numerosas o grupo de observação será numericamente maior que o de verbalização.

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3. Num primeiro momento, o grupo interno verbaliza, expõe, discute o tema; enquanto isto, o GO observa, registra conforme a tarefa que lhe tenha sido atribuída. Em classes muito numerosas, as tarefas podem ser diferenciadas, para grupos destacados na observação. 4. Fechamento: o GO passa a oferecer sua contribuição, conforme a tarefa que lhe foi atribuída, ficando o GV na escuta. 5. Em classes com menor numero de estudantes, o grupo externo pode trocar de lugar e mudar de função – de observador para verbalizador. 6. Divide-se o tempo conforme a capacidade do tema em manter os estudantes mobilizados. 7. O fechamento, papel fundamental do docente, deve contemplar os objetivos, portanto, incluir elementos do processo e dos produtos obtidos.

Avaliação O grupo de verbalização será avaliado pelo professor e pelos colegas da observação. Os critérios de avaliação são decorrentes dos objetivos, tais como:

Clareza e coerência na apresentação.

Domínio da problemática na apresentação.

Participação do grupo observador durante a exposição.

Relação crítica da realidade.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

É uma estratégia que também pode ser utilizada quando o número de estudantes é

elevado, pela subdivisão dos grupos em GO e GV. Na construção do conhecimento, essa dinâmica dá melhores resultados se utilizada para o momento de síntese, pois exige dos participantes inúmeras operações de pensamento tais como: análise, interpretação, crítica, obtenção e organização de dados, comparação, resumo, observação, etc. Essas operações não são simples, exigindo, inclusive, do professor e do estudante, um envolvimento que antecede a realização da própria estratégia com a realização de busca de informações através leituras em livros, revistas e ou internet, conforme o problema em questão. 11. Dramatização

Descrição Consiste

Numa representação teatral, a partir de um foco problema, tema etc. Pode conter explicitação de idéias, conceitos, argumentos, e ser também um jeito particular de estudo de casos, já que a teatralização de um problema ou situação frente aos estudantes equivale apresentar-lhes um caso de relações humanas.

Operação de pensamento (Predominantes)

Decisão. Interpretação. Crítica. Busca de suposições. Comparação. Imaginação.

Dinâmica da atividade Pode ser planejada ou espontânea. 1. No primeiro caso, o professor escolhe o assunto e os papéis e os distribui entre os estudantes, orientando sobre como atuar. 2. No segundo caso o planejamento pode ser deixado inteiramente por conta dos estudantes, o que dá mais autenticidade ao exercício. 3. É possível montar um círculo ao redor da cena para que todos observem bem a apresentação; 4. O professor informa o tempo disponível e pede que prestem atenção em pontos relevantes conforme o objetivo do trabalho; 5. No final, fazer o fechamento da atividade.

Avaliação O grupo será avaliado pelo professor e pelos colegas. Sugestão de critérios de avaliação:

Clareza e coerência na apresentação;

Participação do grupo observador durante a apresentação;

Utilização de recursos que possam tornar a dramatização mais real;

Criatividade e espontaneidade.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

É uma estratégia que tem várias finalidades. Possibilita o desenvolvimento da

“empatia”, isto é, a capacidade de os estudantes se colocarem imaginariamente em um

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papel que não é o próprio. Traz à sala de aula um pedaço da realidade social, de forma viva e espontânea para ser observada e analisada pelos estudantes. Desenvolve a criatividade, desinibição, a inventividade e a liberdade de expressão. Em relação às dimensões da construção do conhecimento, pode ser utilizada especialmente, para os momentos de mobilização e de síntese. Na mobilização, como incentivo a mergulhar numa problemática real e como síntese, para verificar o alcance que o grupo realizou de uma problemática existente, em análise e ou discussão. 12. Seminário

Descrição Consiste

Num espaço onde as idéias devem germinar ou serem semeadas. Portanto, espaço onde um grupo discuta ou debata temas ou problemas que são colocados em discussão.

Operação de pensamento (Predominantes)

Análise. Interpretação. Crítica. Levantamento de Hipóteses. Busca de suposições. Obtenção de organização de dados. Comparação. Aplicação de fatos a novas situações.

Dinâmica da atividade Três momentos: 1. Preparação – papel do professor é fundamental:

apresentar o tema e ou seleciona-lo conjuntamente com os estudantes; justificar sua importância, desafiar os estudantes, apresentar os caminhos para realizarem as pesquisas e suas diversas modalidades (bibliográfica, de campo ou de laboratório);

organizar o calendário para as apresentações dos trabalhos dos estudantes;

orientar os estudantes na pesquisa (apontar fontes de consulta bibliográfica e/ou pessoas/instituições) e na elaboração de seus registros para a apresentação ao grupo;

organizar o espaço físico para favorecer o diálogo entre os participantes.

2. Desenvolvimento: discussão do tema onde o secretário anota os problemas formulados bem como soluções encontradas e as conclusões apresentadas. Cabe ao professor dirigir a sessão de crítica ao final de cada apresentação, fazendo comentários sobre cada trabalho e sua exposição, organizando uma síntese integradora do que foi apresentado. 3. Relatório: trabalho escrito em forma de resumo, pode ser produzido individualmente ou em grupo.

Avaliação Os grupos são avaliados e exercem também a função de avaliadores. Os critérios de avaliação devem ser adequados aos objetivos da atividade em termos de conhecimento, habilidades e competências. Sugestão de critérios de avaliação:

Clareza e coerência na apresentação;

Domínio do conteúdo apresentado;

Participação do grupo durante a exposição;

Utilização de dinâmicas e/ou recursos audiovisuais na apresentação.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A preparação do seminário e a garantia de funcionamento das diversas etapas de sua realização, se constituem em pressupostos importantes para um bom resultado do mesmo. Os estudantes precisam ter clareza prévia, dos diversos papéis que desenvolverão durante toda a dinâmica dos trabalhos. Enquanto que os grupos podem apresentar suas sínteses também por escrito, o professor precisa, além de fazer o fechamento após a apresentação de cada grupo, realizar síntese integradora ao final de todas as apresentações, a fim de garantir o alcance de todos os objetivos propostos para o seminário. No desenvolvimento dessa estratégia são atingidas as dimensões de mobilização para o conhecimento, enquanto se prepara, estudando, lendo, discutindo a base teórica e prática de sua pesquisa e, ao mesmo tempo, já constrói o conhecimento e produz as possíveis sínteses. Essas dimensões vêm imbricadas, uma enriquece a outra enquanto se complementam.

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13. Estudo de caso

Descrição Consiste

Na análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é desafiadora para os envolvidos.

Operação de pensamento (Predominantes)

Análise. Interpretação. Crítica. Levantamento de Hipóteses. Busca de suposições. Decisão. Resumo.

Dinâmica da atividade O professor expõe o caso a ser estudado (distribui ou lê o problema aos participantes), que pode ser um caso para cada grupo ou o mesmo caso para diversos grupos.

O grupo analisa o caso, expondo seus pontos de vista e os aspectos sob os quais o problema pode ser enfocado.

O professor retoma os pontos principais, analisando coletivamente as soluções propostas.

O grupo debate as soluções, discernindo as melhores conclusões.

Papel do professor: selecionar o material de estudo, apresentar um roteiro para trabalho, orientação aos grupos no decorrer do trabalho, elaborar instrumento de avaliação.

Análise de um caso: 1. Descrição do caso: aspectos e categorias que compõem o todo da situação. Professor deverá indicar categorias mais importantes as serem analisadas. 2. Prescrição do caso: estudante faz proposições para mudança da situação apresentada. 3. Argumentação: estudante justifica suas proposições mediante aplicação dos elementos teóricos de que dispõe.

Avaliação O registro da avaliação pode ser realizada por meio de ficha com critérios a serem considerados tais como:

Aplicação dos conhecimentos (a argumentação explicita os conhecimentos produzidos a partir dos conteúdos?)

Coerência na prescrição (os vários aspectos prescritos apresentam uma adequada relação entre si?)

Riqueza na argumentação (profundidade e variedade de pontos de vista)

Síntese.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A estratégia de Estudo de Caso oportuniza a elaboração de um forte potencial de

argumentação junto aos estudantes e refere-se tanto ao momento de construção do conhecimento como da síntese. Os aspectos relacionados à mobilização para o estudo são determinantes para o envolvimento de todos no estudo e busca de solução do caso proposto. O caso deve ser do contexto de vivência do estudante, ou de parte de uma temática em estudo. Quanto mais desafiador for o assunto, maior a possibilidade de se manter os estudantes envolvidos. As soluções não devem ser comparadas com os dos demais grupos, mas entre o esforço do próprio grupo. Preponderam aqui, categorias da construção do conhecimento como a da significação e da práxis. 14. Júri simulado

Descrição Consiste

Na simulação de um júri, em que, a partir de um problema, são apresentados argumentos de defesa e de acusação. Pode levar o grupo à análise e avaliação de um fato proposto com objetividade e realismo, à crítica construtiva de uma situação e à dinamização do grupo para estudar profundamente um tema real.

Operação de pensamento (Predominantes)

Imaginação. Interpretação. Crítica. Comparação. Análise. Levantamento de Hipóteses. Busca de suposições. Decisão.

Dinâmica da atividade Partir de um problema concreto e objetivo, estudado e conhecido pelos participantes.

Um estudante fará o papel de juiz e outro para o papel de escrivão e os demais componentes da classe serão divididos em quatro grupos:

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promotoria, de um a quatro estudantes; defesa, com igual número; conselho de sentença, com sete estudantes; e o plenário com os demais.

A promotoria e a defesa devem ter alguns dias para a preparação dos trabalhos, sob orientação do professor – cada parte terá 15 min para apresentar seus argumentos.

O juiz manterá a ordem dos trabalhos e formulará os quesitos ao conselho de sentença.

O escrivão tem a responsabilidade de fazer o relatório dos trabalhos.

O conselho de sentença, após ouvir os argumentos de ambas as partes, apresenta sua decisão final.

O plenário será encarregado de observar o desempenho da promotoria e da defesa e fazer uma apreciação final sobre sua desenvoltura.

Avaliação Considerar a apresentação concisa, clara e lógica das idéias, a profundidade dos conhecimentos e a argumentação fundamentada dos diversos papéis.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A estratégia de um júri simulado leva em consideração a possibilidade da realização

de inúmeras operações de pensamento como: defesa de idéias, argumentação, julgamento, tomada de decisão etc. Sua preparação é de intensa mobilização, pois além de ativar a busca do conteúdo em si, os aparatos de outro ambiente (roupas, mobiliário etc.) oportunizam um envolvimento de todos para além da sala de aula. Ainda, a estratégia pode ser regada de espírito de dramaturgia, o que deixa atividade interessante para todos independentes da função que irão desenvolver na apresentação final. Essa estratégia envolve todos os momentos da construção do conhecimento, da mobilização à síntese, pela sua característica de possibilitar o envolvimento de um nº. elevado de estudantes. 15. Simpósio

Descrição Consiste

Na reunião de palestras e preleções breves apresentadas por várias pessoas (duas a cinco) sobre um assunto ou sobre diversos aspectos de um assunto. Possibilita o desenvolvimento de habilidades sociais; de investigação; amplia experiências sobre um conteúdo específico; desenvolve habilidades de estabelecer relações.

Operação de pensamento (Predominantes)

Obtenção de dados. Crítica. Comparação. Elaboração de hipóteses. Organização de dados.

Dinâmica da atividade Professor coordena o processo de seleção dos temas e planeja o simpósio juntamente com os estudantes conforme:

Divididos em pequenos grupos estudam e esquematizam apresentação com antecedência, organizando o conteúdo em unidades significativas, de forma a apresentá-lo em, no máximo de 1h e 30 min, destinando de 15 a 20 min para a apresentação de cada comunicador (apresentador do pequeno grupo).

O professor é o responsável pela indicação das bibliografias a serem consultadas para cada grupo, ou para cada subtema, a fim de evitar repetições.

Cada pequeno grupo indica o seu representante que exercerá a função de comunicadora e comporá a mesa apresentadora do tema;

Durante as exposições os comunicadores não devem ser interrompidos.

O grande grupo assiste a apresentação do assunto anotando perguntas e dúvidas e encaminhando-as para o coordenador da mesa.

O coordenador da mesa resume as idéias apresentadas e encaminha às perguntas aos membros da mesa. Esse, não precisa ser necessariamente o professor, pode ser estudante indicado pelo grande grupo.

Não há necessidade de um fechamento de idéias.

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Avaliação Levar em conta:

A concisão das idéias apresentadas pelos comunicadores.

Pertinência das questões apresentadas pelo grande grupo.

Logicidade dos argumentos.

Estabelecimento de relações entre os diversos pontos de vista.

Conhecimentos relacionados ao tema e explicitados.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

O simpósio é uma estratégia que possibilita a ampliação do conhecimento tendo em

vista que os conteúdos, ao serem subdivididos para serem melhor estudados, terão na sua apresentação múltiplos olhares, enriquecendo o tema gerador. Ele tem efeito multiplicador. O número de estudantes envolvidos não é pré-determinado, pois quanto maior o número de grupos, mais subtemas poderão ser explorados. Em relação às dimensões da construção do conhecimento, o simpósio recebe ênfase principal na mobilização e na própria construção do conhecimento. A esses, acrescentam-se critérios como: de significação, de práxis, continuidade-ruptura, criticidade e de totalidade. Os expectadores do simpósio podem ser estudantes de outras fases, cursos etc. 16. Painel

Descrição Consiste

Na discussão informal de um grupo de estudantes, indicados pelo professor (que já estudaram a matéria em análise, interessadas ou afetadas pelo problema em questão), apresentarem pontos de vista antagônicos na presença de outros. Podem ser convidados estudantes de outras fases, cursos ou mesmo, especialistas na área.

Operação de pensamento (Predominantes)

Obtenção e organização de dados. Observação. Interpretação. Busca de suposições. Crítica. Análise.

Dinâmica da atividade O professor coordena o processo de painel.

Cinco a oito pessoas se colocam, sem formalidade, em semicírculo frente aos ouvintes, ou ao redor de uma mesa, para falar de um determinado assunto.

Cada pessoa deverá falar pelo tempo de 2 a 10 minutos;

O professor anuncia o tema da discussão e o tempo destinado a cada participante;

No final, o professor faz as conexões da discussão para, em seguida, convidar os demais participantes a formularem perguntas aos painelistas.

Avaliação Participação dos estudantes painelistas e da platéia analisando:

A habilidade de atenção e concentração.

Síntese das idéias apresentadas.

Argumentos consistentes na colocação das idéias como nas respostas aos participantes.

Consistência das perguntas elaboradas.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

O painel como estratégia de trabalho em sala de aula pode ser utilizado em muitas

situações. Como ele envolve mais pessoas discutindo entre si, torna-se mais interessante para os estudantes do que ouvir uma só pessoa, fazendo uma exposição. Nos momentos da metodologia dialética, ele pode ser aproveitado tanto para mobilização para o conhecimento, como de construção e ou mesmo, para o momento de elaboração de sínteses. Seu tempo, espaço, duração e preparação podem acontecer no próprio espaço de aula e não requer cuidado exacerbado. No entanto, ao se convidar outros painelistas, precisa-se ter clareza se eles têm domínio do conteúdo para favorecer discussões produtivas. 17. Fórum

Descrição Consiste

Num espaço, do tipo “Reunião” na qual todos os membros do grupo têm a oportunidade de participar do debate de um tema ou problema determinado.

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Pode ser utilizado após a apresentação teatral, palestra, projeção de um filme, para discutir um livro que tenha sido lido pelo grupo, um problema ou fato histórico, um artigo de jornal, uma visita ou uma excursão.

Operação de pensamento (Predominantes)

Busca de suposições. Hipóteses. Obtenção e organização de dados. Interpretação. Crítica. Resumo.

Dinâmica da atividade O professor explica os objetivos do fórum. Delimita o tempo total (ex.: 40 min) e o tempo parcial de cada participante. Define funções dos participantes:

Do coordenador que organiza a participação, dirige o grupo e seleciona as contribuições dadas para a síntese final.

Do grupo de síntese que faz as anotações que irão compor o resumo.

Do público participante - cada membro do grupo se identifica ao falar e dá sua contribuição, fazendo considerações e levantando questionamentos.

Ao final um membro do grupo síntese relata resumo elaborado.

Avaliação A avaliação, estabelecida previamente, levará em conta:

A participação dos estudantes como debatedores e ou como público.

Habilidade de atenção e concentração.

Síntese das idéias apresentadas.

Apresentação de argumentos consistentes.

A produção da síntese.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

O fórum se bem planejado pode ser útil na construção do conhecimento,

especialmente para os momentos de síntese do mesmo. Exige imensa preparação prévia por parte dos estudantes, na busca de leituras, filmes, fatos, visitas etc., carecendo de uma profunda mobilização. O espaço entre a preparação do fórum e sua efetivação não pode ser muito longo, correndo-se o risco de enfraquecer a dinâmica e empobrecer o alcance dos objetivos. É preciso dar atenção às temáticas ou problemas escolhidos para essa estratégia garantindo a participação de todos, nos diversos momentos do trabalho. Quanto às categorias da construção do conhecimento, a práxis e a significação têm ênfase maior. 18. Oficina (Laboratório ou Workshop)

Descrição Consiste

Na reunião de um pequeno número de pessoas com interesses comuns, a fim de estudar e trabalhar para o conhecimento ou aprofundamento de um tema, sob orientação de um especialista. Possibilita o aprender a fazer melhor algo, mediante a aplicação de conceitos e conhecimentos previamente adquiridos.

Operação de pensamento (Predominantes)

Obtenção e organização de dados. Interpretação. Aplicação de fatos e princípios a novas situações. Decisão. Planejamento de projetos e pesquisas. Resumo.

Dinâmica da atividade O professor organiza o grupo e providencia com antecedência ambiente e material didático necessário à oficina. A organização é imprescindível ao sucesso dos trabalhos. O grupo não deve ultrapassar a 15/20 pessoas. Pode ser desenvolvida através das mais variadas atividades: estudos individuais, consulta bibliográfica, palestras, discussões, resolução de problemas, atividades práticas, redação de trabalhos, saídas a campo outras.

Avaliação Participação dos estudantes nas atividades e a demonstração das habilidades visadas, expressas nos objetivos da oficina. Pode-se propor auto-avaliação, avaliação descritiva ou pelos produtos no final do processo.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

A oficina se caracteriza como uma estratégia do fazer pedagógico onde o espaço de

construção e reconstrução do conhecimento são as principais ênfases. É lugar de pensar, descobrir, reinventar, criar e recriar, favorecido pela forma horizontal na qual a relação humana se dá. Pode-se lançar mão de músicas, textos, observações diretas, vídeos,

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pesquisas de campo, experiências práticas, enfim vivenciar idéias, sentimentos, experiências, num movimento de reconstrução individual e coletiva. Quanto aos momentos de construção do conhecimento numa Oficina, a mobilização, a construção e a síntese do conhecimento estão imbricados. Das categorias da construção do conhecimento a significação e a práxis são determinantes numa estratégia como a Oficina. No final das atividades os estudantes materializam suas produções.

19. Estudo do meio

Descrição Consiste

Num estudo direto do contexto natural e social no qual o estudante se insere, visando uma determinada problemática de forma interdisciplinar. Cria condições para o contato com a realidade, propicia a aquisição de conhecimentos de forma direta, por meio da experiência vivida.

Operação de pensamento (Predominantes)

Observação. Obtenção e organização de dados. Interpretação. Classificação Busca de suposições. Análise. Levantamento de Hipóteses. Crítica. Aplicação de fatos a novas situações. Planejamento de projetos e pesquisas.

Dinâmica da atividade 1. Planejamento: os estudantes decidem junto com o professor o foco de estudo, os aspectos importantes a serem observados, os instrumentos a serem usados para o registro da observação e fazem uma revisão da literatura referente ao foco de estudo; 2. Execução do estudo conforme planejado; levantamento de pressupostos, efetivação da visita, da coleta de dados, da organização e sistematização, da transcrição e análise do material coletado. 3. Apresentação dos resultados: os estudantes apresentam as conclusões para a discussão do grande grupo, conforme os objetivos propostos para o estudo.

Avaliação O planejamento e acompanhamento do processo devem ser contínuos. Normalmente os objetivos estão em referência direta com os elementos estabelecidos no roteiro de observação e coleta de dados, organizado no plano. As etapas de organização, análise e síntese devem ser acompanhadas, com as correções necessárias. O relatório final pode contemplar as etapas da construção ou se referir a elementos de extrapolação, dependendo dos objetivos traçados.

(ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A., 2005)

O estudo do meio possibilita aos envolvidos – professor e estudantes – uma revisão,

um refletir sobre os dados da teoria que fundamentam objeto de estudo. Possibilita a vinculação do estudante á realidade, uma discussão dos elementos teórico que ainda respondem aos problemas e os que já se encontram superados. Como possibilita a aplicação de fatos a novas situações, a revisão de hipóteses, a organização e reorganização de dados, preparam o estudante para se flexibilizar, lidando com abertura diante de novos e inesperados elementos que a realidade dinâmica nos coloca. A mobilização é imediata, levando também a construção e elaboração de sínteses cada vez mais significativas, principalmente se os resultados dos grupos puderem ser socializados e ampliados.

Construção conjunta do conhecimento e as dinâmicas

O conhecimento é uma sinfonia. Para a sua execução é necessária a presença de

muitos elementos: os instrumentos, as partituras, os músicos, o maestro, o ambiente, a platéia, os aparelhos eletrônicos etc.... Também na construção do conhecimento a integração das muitas ciências não garante a sua perfeita execução. A interdisciplinaridade surge, assim, como possibilidade de enriquecer e ultrapassar a integração dos elementos do conhecimento. (FAZENDA, 1991). As dinâmicas de grupos podem contribuir nesta interdisciplinaridade.

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A aplicação de dinâmicas de grupos incorporada à psicopedagogia surge como uma nova competência e um novo saber em auxílio à construção de outros saberes. É preciso saber que os professores não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais que não se reduzem ao domínio dos conteúdos a serem ensinados, e aceitar a idéia de que a evolução exige que todos os professores possuam competências antes reservadas aos inovadores ou aqueles que precisavam lidar com públicos difíceis. (PERRENOUD, 2000)

Procurando dar uma conceituação (Beauclair, 2010):

A dinâmica de grupo na psicopedagogia é uma técnica de caráter vivencial, em que os elementos envolvidos, conseguem pela habilidade do animador energias para atingirem sentimentos, emoções, conhecimentos sobre si e sobre o grupo raramente conseguidos em suas individualidades.

Justificando afirma: A partir das reflexões aqui estabelecidas, percebo que as

dinâmicas de grupo contribuem significativamente para a modificação de atitudes e comportamentos individuais e grupais. O que se torna necessário é a construção de estudos metodológicos que possibilitem um entender com mais clareza e movimento teórico sobre sua prática, pois é necessário vincular teoria e prática para dar significado e sentido ao seu fazer, ou seja, dinâmica de grupo tem que ter objetivo, não é só fazer por fazer. (BEAUCLAIR, 2010)

Segundo Mrech (2010): “A intervenção psicopedagógica veio introduzir uma contribuição mais rica no enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é compreendido como um processo pluricausal, abrangente, implicando componentes de vários eixos de estruturação: afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos, políticos etc.”, podendo-se acrescentar que as dinâmicas de grupos podem contribuir muito com todo este processo.

Reforça esta posição quando a causa do processo de aprendizagem, bem como das dificuldades de aprendizagem, deixa de ser localizada somente no estudante e no professor e passa a ser vista como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo. (MRECH, 2010)

Resistências à ludicidade e às dinâmicas: aplicações

Um dos aspectos mais importantes a ser levado em conta pelo professor e pelo

psicopedagogo é o reconhecimento das estruturas prévias de alienação no saber que o professor e o estudante apresentam em relação ao uso de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos (dinâmicas em geral).

São elas que impedem seu emprego em uma variedade mais rica de utilização:

• A concepção e capacidade lúdica do professor. Um professor que não sabe e/ou não gosta de brincar dificilmente desenvolverá a capacidade lúdica dos seus estudantes.

• Ele parte do princípio de 'que o brincar é bobagem, perda de tempo. Assim, antes de lidar com a ludicidade do estudante, é preciso que o professor desenvolva a sua própria.

• O professor que, não gostando de brincar, esforça-se por fazê-lo, normalmente assume postura artificial, facilmente identificada pelos estudantes. A atividade proposta não anda.

• Em decorrência, muitas vezes os professores deduzem que brincar é uma bobagem mesmo, e que nunca deveriam ter dado essa atividade em sala de aula.

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• Diante de um material novo, é bastante comum o professor estabelecer, uma atitude distanciada em relação a este objeto, colocando-se como especialista e não como quem! Brinca com o material.

• O seu olhar é técnico, basicamente olhar de professor ou do psicopedagogo sobre o objeto, isto é, um olhar adulto. Acontece que quem vai utilizar o objeto geralmente é uma criança ou um

adolescente. Muitas vezes aí se estabelece uma incompatibilidade entre esses dois olhares. (Educação On-Line - www.educacaoonline.pro.br - O site da Educação)

Passos das dinâmicas

Como vimos escolher as dinâmicas faz parte do plano de aula e, portanto, devem ser escolhidas, antes ligadas aos objetivos do ensino, durante a aplicação sofrer a avaliação formativa, observar se está sendo realizada com animação e proveito, e depois a avaliação somativa, discussão com todos os integrantes do que se aprendeu com ela. Sem estes três quesitos básicos as dinâmicas pouco o nada representam para a aprendizagem.

Recursos didáticos

Recursos São componentes do ambiente da aprendizagem que estimulam o aluno apreender.

Humanos: Professor, alunos, pessoas da instituição e da comunidade. Materiais: Dependências físicas, materiais, ambiente interno e externo,

aparelhos e equipamentos, biblioteca, indústrias, lojas. o Importante: Sempre que precisar fazer uma demonstração aos alunos: mostrar

material por material explicando a sua utilidade. Fazer um chek-list e conferir antes da demonstração para verificar se não está

faltando alguma coisa. Testar com antecedência os materiais, instrumentos, aparelhos e

equipamentos. Ter competência psicomotora para usar o material a sua disposição.

Avaliação dos alunos o É o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados

alcançados pelos alunos em relação aos objetivos propostos. o Etapas da avaliação:

a) Estabelecer critérios - indicadores que possam mostrar o êxito alcançado. b) Estabelecer as condições – as situações em que o processo de avaliação

será realizado. c) Selecionar as técnicas e os instrumentos – dependendo o que se quer avaliar

– por exemplo, não é recomendável um teste objetivo de o que se pretende é verificar se o aluno sabe redigir um texto em português.

d) Realizar a aferição dos resultados – verificar os resultados alcançados – comparar com os parâmetros estabelecidos pelo planejamento.

o Tipos: a) Diagnóstica – Para verificar a situação atual do conhecimento dos alunos a

respeito do tema a ser abordado. Serve para constatar o nivelamento ou o desnivelamento do saber da sala sobre o tema proposto.

b) Formativa – É a que se processo durante o processo ou as atividades do ensino, através de perguntas sobre o entendimento, exercícios e reflexões do professor e dos alunos – corrige os alunos e orienta o professor.

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c) Somativa – Mede no final até que ponto os objetivos propostos foram alcançados. Procurar avaliar as competências afetivas, cognitivas e psicomotoras.

A tecnologia a serviço da didática

A Tecnologia Educacional está diretamente relacionada ao fazer educativo – à

didática, ao projeto político-pedagógico e ao contexto social onde se insere. "O livro tem um caso com a aparelhagem de som, a TV flerta com o jornal, o cinema

com o satélite, o telefone com o videocassete... Todos abençoados pelo computador, que é o sacerdote supremo dessa promiscuidade cibernética, a multimídia". (TAS, 2004)

Podemos definir como tecnologias educacionais todos os recursos que permitem enriquecer a arte de ensinar.

Multimídia

Para entender o conceito de multimídia não devemos, porém, nos limitar apenas a idéia de reunião de diferentes linguagens em um mesmo suporte, uma vez que no jornal impresso o texto vem acompanhado de fotografias e tanto na televisão como no cinema é possível ter ao mesmo tempo texto, som e imagem.

O grande diferencial das tecnologias multimidiáticas reside justamente na tão proclamada interatividade, a participação ativa do usuário e a capacidade de manipulação do conteúdo da informação.

Ao mesmo tempo em que são criadas tecnologias radicalmente novas como CDs, homepages, pendrives, outros meios surgem como prolongamento dos tradicionais. Graças ao desenvolvimento dos cabos, satélites e fibras ópticas observamos a consolidação e globalização da informação.

Olhando as raízes da palavra multimídia – meios, ou seja, habilidade de transferir informação através de mais de um meio, isto é, por intermédio de mais de um dos sentidos. A multimídia é, portanto, a utilização de muitos meios como textos, gráficos, sons, imagens, animação e simulação combinados para se conseguir um determinado efeito. (CASAS, 1996)

A Internet, por exemplo, é um ambiente multidirecional onde não há qualquer espécie de hierarquia ou gestão centralizada. O modelo comunicacional "um-todos", que caracterizou os sistemas tradicionalmente cunhados de comunicação de massa, dá lugar ao modelo "todos-todos", com o surgimento das redes telemáticas.

O mundo se apequena, as distâncias (espaços) são diminuídas, a visão é ampliada, a notícia é instantânea o livro e as livrarias são digitais e acessados imediatamente, aumentando e socializando o volume atualizado do conhecimento. O professor usa tudo isto ou ainda usa seu caderno de apontamentos de aula elaborado ao vários anos passados? Já nos anos oitenta Gilberto Gil nos manda o recado:

Parabolicamará Gilberto Gil (1980)

Antes mundo era pequeno Porque Terra era grande

Hoje mundo é muito grande Porque Terra é pequena Do tamanho da antena

Parabolicamará Ê volta do mundo, camará

Ê, ê, mundo dá volta, camará

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Antes longe era distante Perto só quando dava

Quando muito ali defronte E o horizonte acabava

Hoje lá trás dos montes dendê em casa camará

Ê volta do mundo, camará Ê, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade De saveiro leva uma encarnação

Pela onda luminosa Leva o tempo de um raio Tempo que levava Rosa

Pra aprumar o balaio Quando sentia

Que o balaio ía escorregar Ê volta do mundo, camará

Ê, ê, mundo dá volta, camará Esse tempo nunca passa

Não é de ontem nem de hoje Mora no som da cabaça Nem tá preso nem foge

No instante que tange o berimbau Meu camará

Ê volta do mundo, camará Ê, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade De saveiro leva uma encarnação

De avião o tempo de uma saudade Esse tempo não tem rédea

Vem nas asas do vento O momento da tragédia Chico Ferreira e Bento

Só souberam na hora do destino Apresentar

Ê volta do mundo, camará Ê, ê, mundo dá volta, camará

Finalmente... “Como a maioria das tecnologias, estas podem ser usadas como

instrumentos de domínio ou de emancipação, podem fortalecer os trabalhadores ou podem ser usadas pelo capital como poderosos instrumentos de dominação”. (ADORNO E HORKHEIMER, 1985)

"Educadores, de um modo geral, deveriam se preocupar com o potencial que tais tecnologias têm para alterar a percepção da realidade e, assim, modificar, substancialmente, o modo como as pessoas, adquirem novos conhecimentos, influindo, dessa forma, nos processos de educação formal e informal. (RISCHBIETER, 2000)

A tecnologia a serviço da metodologia

Fotocópias

Quando a fotografia, havia a crença de que a alma daqueles que fossem retratados ficaria presa para sempre à película sensível.

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Com o evento das fotocopiadoras as reproduções de textos e fotos se tornaram comum e acessível.

Este tipo de tecnologia permite além da reprodução mais rápida e com melhor qualidade, de tudo que o mimeografo fazia mais a edição de fotos.

Deve-se observar a que em todo cópia autorizada deve conter a fonte e o autor do texto, isto é ético.

Imprensa – Jornal

O jornal impresso deve ser encarado como um aliado do professor, meio pedagógico, que tem a vantagem de basear-se na cultura e sua situação local, o que não ocorre com os livros didáticos. Por oferecer diariamente o movimento da sociedade, significa o laço que prende o cidadão a comunidade em que vive e atua.

O importante em seu uso são as relações que se podem fazer:

Assunto do jornal Disciplinas

A temperatura sobe no planeta. Termometria e calorimetria

Telescópio detecta novo planeta Óptica

Avião cai com a Chapecoense Mecânica dos fluidos

Projetores – multimídias

Os diversos tipos de projetores são avanços importantes nos recursos visuais. Bem utilizados ajudam como os álbuns seriados, organizar o conteúdo, destacar os

assuntos mais importantes e diminuir a possibilidade do professor fazer divagações, trazendo constantemente para o assunto em tela.

O professor deve estar familiarizado com o aparelho antes de operá-lo.

Reprodução som e imagem

O advento da tecnologia e principalmente da eletrônica permitiu o desenvolvimento de armazenamento de áudio e imagens em tempo presente.

A tecnologia da reprodução de som e imagem disponível é acessível no mercado, está tornando seu uso rotineiro.

A criatividade do professor faz destas tecnologias importante oportunidade para ensinar. Ao baixar-se música, imagens, histórias, usando uma variedade muito grande de aparelhos (Celulares, Ipods, Mp players, Cd players, filmadoras...), pode-se ensinar contextualizam-se a realidade do momento.

Cinema e TV Tamanha foi a perplexidade provocada pelo cinema que alguns dos que assistiram

a exibição do primeiro filme desviaram-se com medo de serem atingidos pelo trem em movimento.

A utilização didática de filmes, hoje facilitada pelos vídeos e Dvds, constitui uma alternativa que não deve ser desprezada.

Com o vídeo, eu vejo o que quero como quero, quantas vezes eu quero e só o pedaço que me interessa.

Hoje existem na internet catálogos de filmes com assuntos relacionados a temas educacionais.

A técnica do Cine-forum é excelente nestes casos. A TV meio de comunicação de maior penetração no mundo atual, é um instrumento

por excelência da cultura de massa, pelo modo direto com que atinge um público numerosíssimo e pela capacidade de determinar comportamentos.

Pergunto o que isto mudou na prática de ensino nestas escolas? A Tecnologia só funciona se o professor tiver o método apropriado.

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Não é possível nos dias atuais enfrentar a problemática educacional sem o uso de multimeios, das tecnologias modernas e métodos que revolucionaram a escola convencional.

Informática

A Informática vem adquirindo cada vez mais relevância no cenário educacional. Sua utilização como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vêm aumentando de forma rápida entre nós. Nesse sentido, a educação vem passando por mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia.

Houve época em que era necessário justificar a introdução da Informática na escola. Hoje já existe consenso quanto à sua importância. Entretanto o que vem sendo questionado é da forma com que essa introdução vem ocorrendo. (LOPES, 2004)

“Quem acha isso pouco não deve ainda ter experimentado procurar algo na internet. Neste exato momento em que escrevo o artigo, para dar um exemplo, abro uma janela na web e uso a ferramenta de busca ‘alta vista’. Forneço a palavra-chave ‘avaliação’ em inglês, depois em português. A resposta quase imediata indica 4.496.894 e 107.700 páginas respectivamente. Tento delimitar melhor meu interesse: palavras-chaves ‘avaliação e escola’, paradoxalmente, as refer6encias aumentam: agora temos 5.222.340 páginas relacionadas em inglês e 564.625 em português”. (RAMAL, 2000).

Diz Flores (1996)“: A Informática deve habilitar e dar oportunidade ao aluno de adquirir novos conhecimentos, facilitar o processo ensino/aprendizagem, enfim ser um complemento de conteúdos curriculares visando o desenvolvimento integral do indivíduo”.

“As profundas e rápidas transformações, em curso no mundo contemporâneo, estão exigindo dos profissionais que atuam na escola, de um modo geral, uma revisão de suas formas de atuação”. (SANTOS VIEIRA, 2001)

“Utilizando a Internet como uma ferramenta, os alunos podem explorar ambientes, gerar perguntas e questões, colaborar com os outros e produzir conhecimentos, em vez de recebê-los passivamente”. (HEIDE, 2000)

É com esta visão que gostaríamos de enxergar as possibilidades pedagógicas da Internet, ou seja, como espaço – não físico nem real, mas virtual – para a realização de projetos de autoria, que levem o aluno à investigação e à resolução de problemas, em que ele possa experimentar e explorar diferentes ambientes e, em um trabalho cooperativo, construir novos conhecimentos a partir de suas próprias descobertas e realizações (NOGUEIRA, 2002)

A Internet pode ser empregada nas seguintes e outras atividades: Troca de mensagens eletrônicas (e-mail) entre todas as partes do mundo.

Compartilhamento de informações em busca de apoio para a solução dos problemas.

Participação em discussões entre membros da comunidade Internet sobre inúmeros tópicos – os usuários colocam questões para as outras pessoas que compartilham com o mesmo interesse (newsgroups).

Acesso a arquivos de dados, incluindo som, imagem e textos, e de mecanismos de busca na rede de uma determinada informação.

O Ciberespaço

“A aldeia global representava a transformação do mundo linear, especializado e visual – criado pela mídia impressa – num mundo simultâneo, holístico e multissensorial”. (GUIZZO, 1999)

“Antes, era uma coisa atrás da outra, uma de cada vez. Hoje, é tudo ao mesmo tempo em todo lugar. Na aldeia global tudo se fala tudo se ouve” (GUIZZO, 1999). “O ato de conectar-se ao ciberespaço sugere versões dos ritos de agregação e de separação, onde a tela do monitor possibilita a passagem a um outro mundo. A tela é a

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fronteira entre o individual e o coletivo; entre o orgânico e o artificial; entre o corpo e o espírito. O ciberespaço é onde se realizam ritos de passagem do espaço físico e analógico ao espaço digital sem fronteiras, do corpo átomo ao corpo bit”. Hipertexto

Quando se tem a concepção de conhecimento como cadeia, a idéia de linearidade e pré-requisitos é fundamental nessa linha cartesiana de pensamento.

“Nas cadeias cartesianas, os elos deveriam ser construídos linear e paulatinamente, ordenados por uma bem definida hierarquia que conduzirá do mais simples ao mais complexo, não se hesitando em delimitar com nitidez critérios de simplicidade/complexidade. É possível reconhecer ainda hoje a situação hegemônica de tal concepção, responsável por grande parte dos argumentos que suportam as retenções nos degraus das seriações escolares, como por exemplo, a idéia de pré-requisito” (MACHADO, 1996). Um sistema de hipertexto cria conexões entre textos, o que lhe permite encontrar facilmente informações relacionadas. As informações estão organizadas em relação a outras informações.

Você pode "se movimentar" de um documento para outro através de links (vínculos) de palavras. Cada palavra marcada, destacada, possui um vínculo com outro documento. Desta forma, o processo de leitura torna-se não linear. Dúvidas podem ser resolvidas no instante em que aparecem, sem a necessidade de procurar referências. Enfim, conforme a leitura das informações vai sendo feita, você "mergulha" nas informações relacionadas. Vejamos um exemplo.

Você está lendo a biografia de Getúlio Vargas e vê uma referência a sua famosa "Carta Testamento". Selecionando esta referência, você é remetido para o conteúdo completo da "Carta Testamento". Depois de lê-la, você pode retornar ao ponto em que estava na biografia de Vargas ou selecionar outras referências dentro da Carta, passando de um "caminho" de informação para outro, que vai sendo criado à medida que você se move dentro dos diversos textos. Da linearidade ao hipertexto

No hipertexto, hipermídia, links etc. não existe necessariamente uma rigidez de linearidade e pré-requisitos, já que teoricamente cada indivíduo pode seguir caminhos diferentes.

Hipermídia estende o conceito de hipertexto, pois une este a diversos outros tipos de informações, tais como: animação, áudio e gráficos.

O hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertexto. Os itens de formação são ligados linearmente, como nó em uma corda, mas cada um deles, ou a maioria estende suas conexões em estrela, de modo reticular. (LÉVY, 1993)

O e-mail

Por meio dele, diferentes alunos de diferentes regiões e realidades podem se comunicar, trocar, comparar, etc. dados e informações sobre um determinado assunto.

“Quando os alunos comunicam-se com as pessoas em lugares estranhos e distantes, eles começam a entender, apreciar e respeitar as diferenças e similaridades culturais, políticas, ambientais, geográficas e lingüísticas” (HEIDE, 200).

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Outra possibilidade do e-mail é a tutoria de uma investigação ou pesquisa, pois, normalmente, um site sobre um tema específico é criado por alguém que já pesquisou muito a respeito e em muitos casos seu elaborador é um especialista no assunto. Grupos de discussão – newsgroups.

Por meio desses grupos ou listas de discussão, os alunos podem se inscrever e participar com suas idéias e opiniões sobre diferentes temas, bem como ler o relato de experiências e informações de vários outros membros do grupo.

Assim, os processos de pesquisa ficam mais interativos e de uma certa forma a coleta de dados e de informações é mais realista, pois eles provêm de outras pessoas que já vivenciaram uma determinada situação. (NOGUEIRA, 2002).

Bate-papos on-line – Chat

Dinâmico e interativo, pois necessita de troca de informações é em tempo real, ou seja, num mesmo momento várias pessoas podem trocar informações sobre um determinado tema ou conteúdo.

Ainda pouco explorado como ferramenta pedagógica, mas de grande potencial e possibilidades, já que está se tornando um hábito muito utilizado pela maioria dos alunos internautas. (NOGUEIRA, 2002).

A mente e o aprendizado

Venho afirmando há muitos anos que ao segredo do ensino não está em simplesmente repassar conteúdos, mas criar uma necessidade do estudante aprender! As necessidades como motivação, tem impulsionado as ciências e as artes para novas descobertas. A aprendizagem começa quase sempre com um desejo insatisfeito... Se, porém alguém lhe conceder esse desejo de imediato, ele não terá necessidade e nem oportunidade de aprender. (Farber, 1963)

Assim o processo de descoberta e aprimoramento das ações para satisfazer as necessidades, pode ser chamado de aprendizado.

Tentando traçar um caminho que possa responder o mecanismo de como o conhecimento é apropriado pela pessoa com base em alguns teóricos, não como teoria realizada, mas como exercício e desafio, parto das necessidades como motivação.

Quando uma pessoa em qualquer de suas diversas fases de desenvolvimento sente uma necessidade, nasce também a vontade de realizá-la o que a levará ao aprendizado.

Começando pela cognição primária - o modo mais primitivo de conceber o mundo, quando ainda não existe uma distinção clara entre eu e não-eu, dentro e fora. Os instintos das necessidades vitais formam na estrutura mental (complexo neuronal) o início do sistema cognitivo. (Saber como mamar, chorar, defecar etc...).

O sistema cognitivo mental é onde se julga existirem os fenômenos mentais do conhecimento e da memória. É estudado pela Ciência Cognitiva que tem os objetivos de descrever, explicar, as principais disposições e capacidades da cognição humana; a linguagem, o raciocínio, a percepção, a coordenação motora e planificação.

Piaget (1996), explica o desenvolvimento intelectual, partindo da idéia que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, entende que o desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico.

Para Piaget, a atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento "total" do organismo (WADSWORTH, 1996)

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Ainda segundo Piaget (PULASKI, 1986), a adaptação é a essência do funcionamento intelectual, assim como a essência do funcionamento biológico. É uma das tendências básicas inerentes a todas as espécies. A outra tendência é a organização. Que constitui a habilidade de integrar as estruturas físicas e psicológicas em sistemas coerentes. Ainda segundo o autor, a adaptação acontece através da organização, e assim, o organismo discrimina entre a miríade de estímulos e sensações com os quais é bombardeado e as organiza em alguma forma de estrutura. Esse processo de adaptação é então realizado sob duas operações, a assimilação e a acomodação.

Antes de prosseguir com a definição da assimilação e da acomodação, é interessante introduzir um novo conceito que é amplamente utilizado quando essas operações, assimilação e acomodação, são empregadas. Esse novo conceito que estamos procurando introduzir é chamado por Piaget de esquema (schema).

Wadsworth (1996) define os esquemas como estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio. Assim sendo, os esquemas são tratados, não como objetos reais, mas como conjuntos de processos dentro do sistema nervoso. Os esquemas não são observáveis, são inferidos e, portanto, são constructos hipotéticos.

Conforme Pulaski (1986), esquema é uma estrutura cognitiva, ou padrão de comportamento ou pensamento, que emerge da integração de unidades mais simples e primitivas em um todo mais amplo, mais organizado e mais complexo. Dessa forma, temos a definição que os esquemas não são fixos, mas mudam continuamente ou tornam-se mais refinados.

Uma criança, quando nasce, apresenta poucos esquemas (sendo de natureza reflexa), e à medida que se desenvolve, seus esquemas tornam-se generalizados, mais diferenciados e mais numerosos.

A assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias (WADSWORTH, 1996). Ou seja, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui.

O próprio Piaget define a assimilação como (Piaget, 1996, p. 13): ... uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação. Entrando agora na operação cognitiva da acomodação, iniciamos com definição dada por PIAGET (p. 18, 1996): Chamaremos acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.

Assim, a acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das particularidades desse novo estímulo (NITZKE, 1997). Diante deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.

Wadsworth diz que (1996, p. 7) "A acomodação explica o desenvolvimento (uma mudança qualitativa), e a assimilação explica o crescimento (uma mudança quantitativa); juntos eles explicam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas cognitivas." Essa mesma opinião é compartilhada por Nitzke et alli (1997a), que escreve que os processos responsáveis por mudanças nas estruturas cognitivas são a assimilação e a acomodação.

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Piaget (1996), quando expõe as idéias da assimilação e da acomodação, no entanto, deixa claro que da mesma forma como não há assimilação sem acomodações (anteriores ou atuais), também não existem acomodações sem assimilação. Esta declaração de Piaget significa que o meio não provoca simplesmente o registro de impressões ou a formação de cópias, mas desencadeia ajustamentos ativos.

O conhecimento inicia com contato com o meio e sua cultura que cria a necessidade de interagir. Se o estímulo comunica algo em consonância com o que já existe (por exemplo: mamar no seio da mãe) aceito, não cria conhecimento novo apenas se acomada no sistema cognitivo. Porém se provoca dissonância (dar mamadeira) o aprendizado só se realizará se houver reajuste ou solução do conflito criado pelo desconhecimento ou estranheza do fato, ampliando o sistema cognitivo.

É a o armazenamento direto dos fatos consonantes e a resolução dos dissonantes que ampliam o sistema cognitivo, para formar a visão individual ou o conhecimento de cada um.

A compreensão da formação e ampliação do sistema cognitivo e importante para a prática do professor que procurar criar a necessidade do aluno aprender, ao trabalhar os conteúdos pela observação das consonâncias, dissonâncias, reajustes e resolução dos conflitos dos novos conhecimentos, poderá dar mais efetividade a ensinagem.

Mais sobre a avaliação

A memória do terror das avaliações compõe as histórias daqueles que passaram pelo ensino em todos os níveis. Não, raras às vezes, como aluno senti em mim e nos outros colegas, injustiças de avaliações cognitivistas, preponderantemente de memorização, sem levar em conta o estado físico, intelectual e psicológico do aluno. O que levava a raramente se modificar a lista dos melhores alunos da classe, praticamente a memória era o fator classificatório. Minha vivência no ensino superior por mais de três décadas me mostra que este tipo de avaliação ainda é a mais usada, esquecendo-se a própria Lei Diretrizes e Bases da Educação em vigor há quatorze anos (Lei 9304/96) que exige aos sistemas de ensino, sejam públicos ou particulares, que efetivem um processo avaliativo contínuo e qualitativo, mediador, em escolas e universidades. No ensino superior, por não ter valorizado a Lei, recebe o pretendente a docência submetido durante toda a sua vida de estudante, a processos de avaliação centrados na base da educação tradicional oriunda do modelo funcionalista que tem como objetivo apenas, mensurar, medir os alunos. Pimenta e Anastasiu (2002) explicam assim:

“Uma vez aprovado no concurso público ou contratado, o professor recebe

uma ementa, um plano de ensino do ano anterior e, com isso em mãos, o

horário de trabalho que lhe cabe desempenhar. A partir daí, as questões de

sala de aula, de aprendizagem e ensino, de metodologia e avaliação são de sua

responsabilidade (...) o professor é deixado à sua própria sorte (...).”

A pedagogia usada é a da imitação. Seguir o que seus professores faziam e quando indagado sobre seu método responder: Assim sempre foi e será! Na visão dos alunos

Os tempos mudaram e os alunos também e muitos não concordam com este tipo de tratamento, principalmente referente às avaliações.

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Brito (1984) buscou o pensamento da avaliação na visão do aluno e constatou que a maioria deles naquela época representava:

Provas e notas

Tem por finalidade verificar a aquisição de conhecimentos e a memorização.

Faz a maioria estudar para fazer provas, às vezes apenas às vésperas da mesma, não buscando uma efetiva compreensão dos conteúdos ensinados.

Warren (1987): em trabalho semelhante observou que:

• Os alunos consideram que os testes objetivos de múltipla escolha ou de resposta breve são inadequados como indicadores de qualidade.

• As informações obtidas pelos docentes, em seus procedimentos avaliatórios, normalmente são precárias e privilegia apenas as aprendizagens que envolvem a memória e os níveis mais baixos de entendimento.

• Os estudantes acreditam que as informações obtidas pelos professores a respeito da aprendizagem dos alunos geralmente são enganadoras e não expressam a real aprendizagem conseguida num curso.

• Pela opinião expressada pelos alunos dessa pesquisa, a avaliação de aprendizagem mostra certo grau de descrédito, quanto a sua efetividade.

Na visão de professores e estudiosos. Muitos professores e estudiosos vem criticando este tipo de avaliação e entre eles: Godoy (2005) in Boud (1990) que assim se manifestam:

• É comum a avaliação encorajar os alunos para que centrem sua atenção naqueles tópicos que, supostamente, serão objeto de verificação, em detrimento de outros que poderiam despertar maior interesse.

• Na maioria das vezes, não existe conexão entre os objetivos da disciplina e do curso com a avaliação. Este equívoco nasce diretamente de um sistema educacional divorciado da realidade que esqueceu a quem se destina.

• A natureza das tarefas de avaliação solicitadas influencia as estratégias de estudo adotadas pelos alunos. Se eles percebem que será solicitada a reprodução de informações, dirigem seus esforços num trabalho de memorização e, se imaginam que será enfatizada a solução de problemas procuram praticar esta habilidade resolvendo problemas.

• Alunos bem-sucedidos procuram encontrar pistas que possibilitem a identificação do que é importante numa avaliação formal. Eles assistem às aulas procurando por indícios sobre o que será enfatizado numa prova ou exame.

O que é avaliação

Tyler (1949) já em sua época tinha consciência de que avaliação seria a comparação

constante entre os resultados dos alunos, ou o seu desempenho e objetivos, previamente definidos.

A avaliação é o processo de verificação para se saber até que ponto os objetivos educacionais foram alcançados.

Bloom, Hastings e Madaus (1971) interpretam a avaliação como um processo com

as seguintes etapas:

• Diagnóstico - uma preparação inicial para a aprendizagem. (Antes)

• Formativa - uma verificação da existência de dificuldades por parte do aluno durante a aprendizagem. (Durante)

• Somativa - o controle sobre se os alunos atingiram os objetivos fixados previamente. (Depois)

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Stufflebeam (1985) em seu modelo sistêmico procura definir a avaliação como um processo racional onde existe um contexto (C), uma entrada ou input (I), um processo (P) e um produto (P), salientando que é preciso, antes da avaliação, identificar as necessidades educacionais e só depois elaborar programas centrados no processo educativo.

Como deve ser:

Ser inclusiva - Deve facilitar ao professor, propor alternativas de recuperação.

Ser abrangente - Além de verificar o desempenho do aluno, deve também fornecer subsídios para avaliar o desempenho do professor e de outros profissionais envolvidos na formação acadêmica, auxiliando na tomada de decisões sobre o projeto pedagógico.

Ser compartilhada - Deve ser refletida por toda comunidade do sistema educativo, a final e para ela que prestamos o serviço.

Momentos da avaliação:

Auto-avaliação: Pelo próprio aluno, investiga e analisa sua evolução diante dos objetivos da disciplina e de sua vida.

Avaliação interpares: Pelos sujeitos envolvidos no processo, por seus pares próximos, sejam eles professores, alunos ou outros profissionais dos serviços onde ocorrem as atividades de aprendizagem.

Avaliação individual: Pelo professor através de provas, trabalhos e atividades estabelecidas no planejamento.

Quem determina que avaliação deva ser assim?

Constituição Federal é qualitativa: Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A Lei Diretrizes e Bases da Educação é qualitativa: Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A mesma Lei no capítulo da Educação Superior: Art. 43º. A educação superior tem por finalidade: II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.

Missão do Projeto de desenvolvimento institucional PDI – de cada instituição: Disseminar o saber, formando profissionais críticos, investigativos, com formação humanística e visão interdisciplinar capazes de identificar as principais questões de sua área, apontando, de forma eficaz, soluções.

Objetivos do projeto dos cursos: o Formar profissionais que exerçam com ética e proficiência as atribuições

prescritas pela profissão, oferecendo capacitação científica e instrumental, desenvolvimento percepção crítica da realidade.

o Estimular a busca do autodesenvolvimento, como base de sua realização pessoal e profissional.

Perfil do egresso dos vários cursos – exemplo: Conforme o Art. 3º da Resolução CNE/CES n° 010 de 116 de dezembro de 2021: O curso de graduação em Magistério deve ensejar condições para que o futuro professor seja capacitado a:

Exercer a profissão através da postura sócio-crítica. Contribuir para construção de uma sociedade de valores morais elevados.

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Praticar em toda sua carreira a formação continuada.

Objetivos da disciplina (formação x informação) determinam que os alunos sejam avaliados segundo os aspectos:

Cognitivos - conhecer Afetivos - conviver Motores – práticar

A realidade

Vimos e poderemos ver nas documentações de todas as Instituições de nível superior comprometimentos que apontam além da avaliação informativa (só conhecimento) a qualitativa (formação da pessoa como cidadão) como forma de aquilatar a evolução da aprendizagem em direção ao desenvolvimento humano, mas que na prática a predominância é da primeira.

Hoffmann (2002) explica melhor dizendo que: Avaliar é dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas.

Nossa proposta

Considerando:

• A situação atual das práticas avaliativas da aprendizagem não coerentes com as exigências Constitucionais, Lei das Diretrizes e Bases da Educação, PDI, PPI e Projetos de cursos.

• Que as avaliações de âmbitos interno, (disciplinares) e de externo (órgãos governamentais) são essencialmente cognitivas e levam mais ao “ter” do que ao “ser”. É urgente refletir, analisar e replanejar a prática avaliativa da aprendizagem sob o

perigo de continuarmos com a reprodução da população ingênua de um lado e do outro uma classe dominante que se perpetuará no poder. Por que este tipo de avaliação é ideológica e só serve para classe hegemônica.

Finalizamos com nosso mestre Paulo Freire (2002,) "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre

si, mediatizados pelo mundo". “Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios

aos que julgam nada saber”.

Referência bibliográfica

ABREU, MESQUITA E ANCHIETA 1996. Abordagens do processo ensino-aprendizagem e

o professor. Universidade Católica de Brasília, BRASÍLIA - 1997.

ADORNO, Theodor et HORKHIEMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. ANASTASIOU. G. C., Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma possível teoria pedagógica. Curitiba: IBPEX, 1998: 193-201. ANASTASIOU, G.C. e ALVES, L. A.. Processo de ensinagem na universidade. Joinville, SC. UNIVILLE, 2005. BARSA, Nova enciclopédia. Encycloppaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. Rio de Janeiro 1998.

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