didática ad1

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1- A partir da análise do filme “Conrak – um educador por excelência”, pudemos observar que apesar dos esforços do professor Conroy, sua prática não agradou aos seus superiores. Isto porque, naquele momento, a educação vivia um momento de didática tradicional, onde se ensinava a todos de uma única forma sem considerar suas particularidades, apenas os mantendo dentro do sistema educacional para que pudessem servir à sociedade e cumprir seu papel. Observando um pouco mais a proposta tradicional, chegamos à conclusão de que a mesma visa apenas despejar no mercado de trabalho, operários. Pessoas aptas ao trabalho, desconsiderando seu desenvolvimento individual, e ensinando de acordo com a média dos conhecimentos da turma. Dessa forma, percebemos que esta prática tradicionalista, que se estabelece a partir das necessidades do mercado de trabalho, serve apenas àqueles que necessitam de mão de obra de baixo custo, preparando estas pessoas apenas para o trabalho. Por este motivo, e devido ao choque entre as propostas da escola e do professor Conroy, o mesmo acaba sendo demitido, por estar em desacordo e querer fornecer aos alunos mais informações do que o “necessário” para que realizassem seu trabalho. 2- A trama envolve os protagonistas principais: professor (Pat Conroy), a diretora da escola (Sra. Scott) e o superintendente (Sr. Skeffington). O professor Pat Conroy é enviado para uma ilha no Estado da Carolina do Sul para ensinar crianças afro-descendentes entre 8 e 14 anos. Quando começa as suas atividades percebe que estas não sabem ler, escrever e não conhecem a cultura americana. A partir das necessidades dos alunos, o professor começa a ensinar relacionado os conteúdos à realidade dos mesmos, mas os conteúdos ensinados partem do referencial cultural dominante.

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Page 1: Didática AD1

1- A partir da análise do filme “Conrak – um educador por excelência”, pudemos observar que apesar dos esforços do professor Conroy, sua prática não agradou aos seus superiores. Isto porque, naquele momento, a educação vivia um momento de didática tradicional, onde se ensinava a todos de uma única forma sem considerar suas particularidades, apenas os mantendo dentro do sistema educacional para que pudessem servir à sociedade e cumprir seu papel.

Observando um pouco mais a proposta tradicional, chegamos à conclusão de que a mesma visa apenas despejar no mercado de trabalho, operários. Pessoas aptas ao trabalho, desconsiderando seu desenvolvimento individual, e ensinando de acordo com a média dos conhecimentos da turma.

Dessa forma, percebemos que esta prática tradicionalista, que se estabelece a partir das necessidades do mercado de trabalho, serve apenas àqueles que necessitam de mão de obra de baixo custo, preparando estas pessoas apenas para o trabalho.

Por este motivo, e devido ao choque entre as propostas da escola e do professor Conroy, o mesmo acaba sendo demitido, por estar em desacordo e querer fornecer aos alunos mais informações do que o “necessário” para que realizassem seu trabalho.

2- A trama envolve os protagonistas principais: professor (Pat Conroy), a diretora da escola (Sra. Scott) e o superintendente (Sr. Skeffington). O professor Pat Conroy é enviado para uma ilha no Estado da Carolina do Sul para ensinar crianças afro-descendentes entre 8 e 14 anos. Quando começa as suas atividades percebe que estas não sabem ler, escrever e não conhecem a cultura americana. A partir das necessidades dos alunos, o professor começa a ensinar relacionado os conteúdos à realidade dos mesmos, mas os conteúdos ensinados partem do referencial cultural dominante. Percebemos nesse filme algumas concepções de multiculturalismona qual a cultura externa é acolhida pela cultura dominante ou quando o professor branco ensina aos alunos afro-descendentes a partir dos referenciais da cultura branca, como por exemplo, quem foi Picasso e Beethoven, os nomes de todos os presidentes norte-americanos, as tradições, as festividades que remontam ao período de colonização (Dia das bruxas), dentre outros.

As crianças passam a incorporar essa cultura dominante e a usá-la no seu dia a dia. Passando a incorporar esta cultura em sua identidade. Percebemos também perceber que a identidade cultural é definida a partir dos genes. Esse tipo de multiculturalismo é visto no filme através das políticas adotadas pelas autoridades com relação à escola, como no exemplo em que Conroy quer levar as crianças para a cidade e conhecer a festividade do Dia das Bruxas e o superintendente Sr. Skeffington, se recusa a aceitar que as crianças saiam da ilha. Podemos perceber também o endosso a essa atitude preconceituosa pelos habitantes da cidade em relação as crianças afro-descendentes da ilha, destacando também as relações de poder envolvidas na trama, onde, apesar dos esforços do professor, o mesmo foi demitido, provando o poder que o sistema exerce sobre o ensino.

A atuação do professor foi bastante importante para as crianças, pois ensinava com o objetivo de incluí-las em uma cultura diferente da sua. Apesar das crianças

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estarem no mesmo país que o professor Conroy, não conheciam a chamada cultura dominante. Esse filme se passa no contexto das políticas educacionais multiculturalistas no início dos anos 70 nos Estados Unidos, mostrando as diferenças entre as culturas e a subtração da cultura do outro. Por este motivo, é bastante importante a sua análise para percebermos as relações interculturais e estabelecer o respeito entre as culturas.

3- As questões observadas no filme ainda são bastante atuais, embora o filme seja dos anos setenta, são aspectos comuns, infelizmente, ainda nos dias de hoje.

Atualmente ainda é muito complicado para o professor trabalhar de forma que destoe daquilo que é proposto no currículo escolar, que muitas vezes é formulado de forma tradicional e tecnicista, sem levar em consideração as particularidades existentes dentro de cada sala de aula. No filme nos deparamos diversas vezes com este embate entre o professor e as autoridades educacionais, que não concordavam que a forma de ensino do professor era adequada àquilo que eles almejavam. O professor prosseguiu por todo o filme sem contar com apoio e aprovação de seus superiores, nenhuma espécie de incentivo ou concordância. Tanto que, vendo a persistência do professor em prosseguir com seu método, o mesmo foi afastado por estar em desacordo com o proposto.

A comunidade local já era condicionada a acreditar que a postura do professor era inadequada, pois todos compartilhavam da visão de que por serem negros só poderiam aprender a trabalhar. Um dos motivos da demissão de Conrack - que recorre a instância superior, que chega a ser cômico, se não fosse trágico -, é de que o professor mostrou "uma vagina de uma mulher nua na sala de aula", quando na verdade se tratava de uma obra clássica de pintura do artista plástico Pablo Picasso. Pior que o desconhecimento do aluno e de toda uma comunidade é o preconceito, a discriminação, o conservadorismo e o desconhecimento de outros educadores, que pelos mais variados motivos, impedem que educadores libertários exerçam a sua profissão.

As mudanças que este trabalho poderia ter causado naquela comunidade seriam imensas. Questões que atualmente são incansavelmente debatidas como preconceito, sexualidade e até mesmo conhecimento, teriam sido levadas aos alunos proporcionando à eles momentos de reflexão e por fim, mudança no modo de visualizar sua cultura, tornando-se inseridos e atuantes na vida em sociedade, não apenas mais um operário da massa. Algo que seria válido à toda comunidade.

Apesar do currículo totalmente tradicional e quadrado daquela comunidade, o professor, aos poucos, conseguiria tornar seus alunos tão críticos quanto a sua didática.