dicionário de falares do alentejo

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Dicionrio de Falares do Alentejo

ABAIXAR, v. int. Defecar. ABALADIA, s. f. ltima rodada, ltimos copos. Termo mais usado no Baixo-Alentejo. ABALAR, v. tr. Partir. Observao: no Alentejo, em geral, nunca se diz partir, mas sim abalar. ABEBERAR, v. tr. Demolhar, embeber, ensopar (Baixo-Alentejo). J ouvi usar este termo em locais de todo o Alentejo. ABEXIXE DA GAITA, loc. s. Pnis, zona pbica (Portalegre DB). ACARRO, s. m. Descanso, folga dos animais. Geralmente empregue para os rebanhos de ovinos, durante o vero, nas horas de maior calor, em que os animais se deitam sombra. AORDA-CEGA, s. f. Aorda que no leva acompanhamento (JPM). Sempre ouvi que as aordas eram cegas porque o caldo tinha poucos ou nenhuns olhinhos de gordura a boiar, isto porque tinha penria de azeite. ADREGO, v. int. Acerto. Casualidade, coincidncia (Portel). um adrego, um caso raro. AFEGAR (), v. int. Respirar com dificuldade. AGASTURAS, s. f. pl. nsias, enjoos, aborrecimentos (Alandroal). AJOUJAR-SE, v. r. Amancebar-se. ALCAGOITA, s. f. O m. q. alcagaita. Amendoim. ALGARISMO, s. m. Bulha, altercao (Beja GAS). AMAGAR-SE, v. r. Ficar-se (a perdiz), apesar de perseguida, merc do calor (AMS). Vai amagar-se, vai deitar-se na cama. ANDANTE, s. m. Guardanapo ou rodinha que, nas casas pobres, servia a todos (GAS). Rodilha: pano velho. APORREAR, v. tr. Provocar com palavras ofensivas ou sarcsticas. ARREMATAR, v. int. Dizer palavras injuriosas ou obscenas. AVEJO, s. m. Lobisomem. BABANA, adj. Parvalho, simplrio. BAETA, BAETOS (), s. m. pl. Brinde que os padrinhos de baptismo do s mes ou s crianas (vora GAS e MAS). Tambm se chama baeta ao barbeiro. Em Messejana existiu, durante a dcada de oitenta, a Rdio Baeta que tinha a particularidade de ter um locutor analfabeto. BALHANA, s. f. Amontoado de objectos com pouco prstimo. BARRIGA-DE-ALMECE, adj. Barrigudo, gordo (DB). Almece: soro resultante do fabrico do queijo. Utiliza-se na alimentao de animais e, se for de leite de ovelha, tambm as gentes o consomem com sopas de po. H uma receita de um bolo de almece na regio de Montemoro-Novo. BATUCALHO, s. m. Ataque epilptico (MJS). BENZA-AMOR, s. f. Insecto Louva-a-Deus (Ferreira do Alentejo). BICAL, s. f. Variedade de Azeitona. Tambm se diz de uma pessoa que no gosta de uma grande variedade de alimentos. BIA, s. f. Pequena refeio (GAS). Pedao de toucinho (DB). BUFORA, s. f. Pistola (Mora). BURRO, s. m. Assento de trs ps, executado a partir de um tronco de rvore, constituindo uma nica pea. CABANEIRO, s. m. Cesto de vime ou empreita. Homem que vive em cabana. Tambm de se denominavam de cabaneiros os candeeiros a petrleo, de lata com chamin de vidro e pega em cima, que no se apagavam com o vento. Quando os dias estavam chuvosos mas com a temperatura amena, diziam-se que estavam cabaneiros. CAGA-AZEITE, s. m. Liblula, libelinha (Portel GAS). CAGUINCHAS, s. 2 gn. Pessoas queixinhas (Portalegre DB). Tambm se uso noutros locais para denominar uma pessoa pequena e medrosa. CALCANTES, s. m. pl. Ps, sapatos. CAMISA-DO-BAPTISMO, s. f. A pele do corpo (GAS).

CANDEIO, s. m. A florao das oliveiras e dos sobreiros (Baixo-Alentejo). No Alentejo Central tambm se usa o mesmo termo. CAQUEIRO, s. m. Cntaro que se quebrou e cujas partes bojuda e inferior se aproveitam para depsito das cinzas ou para recipiente de restos de comida para animais. CARDAL, s. m. Cemitrio (GAS). CATALO, s. m. Espcie de enchido, feito de carne picada de diferentes partes do porco, gros inteiros de pimenta preta, pimenta branca moda, vinho branco, sal e noz-moscada (Barrancos). Observao: a origem deste enchido deve-se, provavelmente, presena, no sculo XIX, de trabalhadores catales do sector corticeiro. Na Azaruja, onde tambm houve influncia dos operrios corticeiros catales h um enchido denominado botifarra. nada mais que o courato com algum toucinho cozido embutido na tripa de porco. CHIMBALAU, s. m. Grande prejuzo (Portalegre DB). Este termo vulgarizou-se por todo o Alentejo. COZER, v. int. Dormir, para passar a bebedeira. Ests a cozer a bebedeira? CRIAO, s. f. Educao. EMBARAADA, s. f. Mulher grvida. EM CAO, loc. adv. Nu, despido (Gomes Aires/Almodvar). EMPAPOILAR, v. tr. Enfeitar garridamente; vestir com apuro. EMPINADELA, s. f. Discusso acalorada. Fazer peito a uma postura mais agressiva. ENCABECIONAR, v. int. Apaixonar-se, manter uma ideia fixa (MJS). Cismar. ENCEGUEIRADO, adj. Cego, obcecado, apaixonado (Portalegre). Este termo usado em variadssimos locais do Alentejo. ENCHARCADA, s. f. Doce feito de amndoa, acar, ovos e farinha. Doce possivelmente com origem conventual mas com uma tradio antiga e continuada na zona de Mouro. ENFUEIRADO, adj. Bbado (Beja). O uso deste termo estende-se a muitos outros locais do Alentejo. ENGADANHADO, adj. Enregelado, tolhido pelo frio (Tolosa/Nisa). Este termo usado em variadssimos locais do Alentejo e, geralmente, emprega-se quando se perde a agilidade nos dedos por enregelados. ENGEROCAR, v. tr. Improvisar atabalhoadamente. ENREGAR, v. int. Iniciar qualquer trabalho (GS); comear, dar em. Este termo, geralmente, era usado nos trabalhos agrcolas. ENTRETENGA, s. f. Distraco, entretenimento (Mouro; Aljustrel). Termo comum a inmeras zonas do Alentejo. ENXOFRADO, adj. Adoentado, mal disposto (Portalegre DB). Termo comum a vrias zonas do Alentejo. ENXUGO, s. m. Tareia, sova. ESBANDALHAR, v. tr. e int. Estar ou pr fora do lugar prprio (Gomes Aires/Almodvar). Espalhar (Tolosa/Niza). Termo comum a vrios stios do Alentejo. Em Cuba, glosava-se a tctica da equipa de futebol dizendo: pontap para o meio campo e depois esbandalhar. ESCAMADO, adj. Zangado, irado (Alto Alentejo). ESCAMPAR, v. tr. Deixar de chover (Mouro AJF). Termo comum a vrios stios do Alentejo. ESCLAMOUCAR, v. tr. Avariar, danificar (GS). ESCORCIONEIRA, s. f. Doce feito a partir das razes desta planta (vora (LV). Planta espontnea, principalmente da zona Monte de Trigo/Portel, cuja raiz era cristalizada em calda de acar. Na minha infncia, ainda rivalizava com as pastinhas elsticas Pirata (produzidas em vora) no mascar da brincadeira. ESGRAVULHAR, v. tr. e int. Remexer, revolver, voltear. ESPERTINA, s. f. Insnia, falta de sono (Mouro). Digo eu, termo que entrou no lxico, no s de todo o Alentejo, mas tambm do resto do pas. ESTRAFEGO, s. m. O m. q. Desfego. Acto, em princpio, afectuoso e bastante carnal de saudar ou fazer festas a outrem.

ESTRAMELO, s. m. Copo de whisky (Beja). ESTREFENEFE, s. f. Canseira (Portalegre). ESTUCHA, s. f. Coisa aborrecida (Portalegre DB). Termo difundido por todo o Alentejo. FACEIRA, s. f. Correnteza de casas numa rua (AJF). FALSETA, s. f. Cigarro (GAS). FAROTA, s. f. Mulher enredeira, brigona (Campo-Maior GAS); mulher ou rapariga azougada que gosta de andar fora de casa (GS). FARTUM, s. m. Cheiro desagradvel de rano; bafio. FAVA, s. f. Piolho (JPM). Dente grande (Portel GAS). FEZES, s. f. pl. Ralaes, torturas, preocupaes. FLAITE, s. m. Usado na expresso num flaite, num pice, num instante (JPM). Dor repentina; pontada. FONA, s. 2 gn. Indivduo avarento (vora). Observao: este vocbulo tambm o ouvimos em Trs-os-Montes. FOXE, s. m. lanterna a pilhas. FUTRICA, s. m. Estabelecimento comercial de pouca importncia (GAS). GADANHOS, s. m. pl. Os dedos; as mos. GALHANA, adj. Ir pata galhana, fazer o caminho a p (JPM). GANDEO (), s. m. Andar ao gandeo, andar na vadiagem (Alto Alentejo). GANGUEAR, v. int. Ir de escantilho (JPM). Termo tambm empregue quando se v outra pessoa a chorar. GARGANEIRO, adj. e s. m. Que ou que come muito. GAZIL, adj. Alegre, vaidoso, (GAS); esperto. Tambm se emprega numa pessoa muito extrovertida. GIMBRINHAS, adj. Pequenote, franzino (Portalegre DB). GRAVANADA, s. m. Chuvada forte (GAS). GRAVE, s. m. Pessoa vestida de cerimnia, bem trajada (JPM). O fulano(a) vai com um ar muito grave. GRISA, s. f. Fome (JPM). GRULHA, adj. Trapalho, trapaceiro, aldrabo (AJF). GUERLNDIA, s. f. Galanteria (JPM). HARPA, s. f. Fome, apetite (GAS). IMPAZINAR, v.int. e tr. Abarrotar-se de comida. INDRMINA, s. f. Mentira. INT, prep. At (Aviz). JAGODES, adj. Ordinrio, estafermo, troca-tintas. Em Messejana, ouvi pela primeira vez este termo e percebi que empregue com frequncia. JANEIRO, s. m. O cio dos gatos. JUDEU, s. m. Susto, sobressalto (Mora e Serpa GAS). Tambm se emprega o termo relativamente a uma pessoa que gosta de fazer partidas a outrem. LAMBANA, s. f. Soco, murro, bofetada (JPM). Comida mal confeccionada e de sabor desagradvel (MJS). LANEDO, s. m. Burburinho, algazarra, desordem (Odemira JPM). LARU, s. m. Vadiagem, vida despreocupada. LAZEIRA, s. f. Preguia, indolncia. Porcaria, sujidade (Santiago do Cacm). Este termo empregue, com os dois significados, em muitos locais do Alentejo. LIMPANTE, s. m. Rodilha para limpar loua, talheres, etc. (Vila Viosa JPM); guardanapo. LIORNA, s. f. Confuso, enredo (Cabea Gorda/Beja). Trabalho imperfeito (Almodvar). LUZECU, s. m. Pirilampo. MACAVENCO, adj. Parvo, ingnuo (Escoural). J ouvi este termo, noutros locais do Alentejo, para designar uma pessoa feia. MAGANA, s. f. Mulher dissoluta (Serpa JPM; Mouro AJF); mulher divertida, descontrada,

jovial. Observao: no encontramos um nico alentejano que nos confirmasse o significado proposto por Jos Pedro Machado ou Agostinho Jos Fortes. Sem querer entrar em controvrsias, afirmo que frequente ouvir: vamos s maganas. MALATO, s. m. Borrego de um ano (Alandroal). MALINA, s. f. Qualquer doena grave. Mulher de mau feitio. No ltimo caso, o mesmo se diz do masculino. MALTS, adj. Vagabundo, vadio. Sem entrar na questo etimolgica da palavra, em tempos idos, o termo designava pessoas que tinham uma vida nmada, geralmente, porque no eram aceites no mercado de trabalho ou se recusavam a ser por rebeldia. Sublinhando o atrs referido, a condio do malts era muito heterognea, indo do deficiente at ao foragido poltico, da pouca at muita instruo. Diz-se que, ainda que informal, os malteses tinham um cdigo de conduta cavalheiro. MANFIO, s. m. Indivduo que no inspira confiana. MAZARULHO, adj. Cair de mazarulho. Cair desamparado (Santiago do Cacm). Nalguns locais tambm se emprega o termo para designar uma pessoa corpulenta. MILHADURA, s. f. Gorjeta, gratificao (GAS). Rao de milho (JPM). MIFA, s. f. Medo (DB). NNCIO, adj. Nscio, parvo (JPM). comum o uso deste adjectivo em Alcovas. NOITIB, adj. Noctvago (Portalegre DB). Ouvi usar o termo noutros locais do Alentejo com o mesmo significado. OCUPADA, adj. Grvida (Cuba). OPA, s. f. Borrar a opa, borrar a pintura, fazer asneira, fracassar (MJS). Para mim, o termo sempre significou, traje ou vesturio. ORGADURA, s. f. Esqueleto (JPM). PAIVANTE, s. m. Cigarro. PAPELEIRO, adj. Que amigo de fazer escndalos, actos de leviandade. PARRANA, s. e adj. Parrana, gebo, gordo e sem actividade. PATATUM, s. m. Perda dos sentidos, vertigem, chilique (Santo Amador Moura). PELE, s. f. Bebedeira (GAS). PENICHA, s. f. Pessoa sovina, avarenta (Portel GAS). PRANTAR, v. tr. Pr, colocar.