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Diário Eletrônico Publicação, terça-feira, 09 de agosto de 2016 – Ano 8 – nº 1696 Disponibilização, segunda-feira, 08 de agosto de 2016 Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte www.tce.rn.gov.br Conselheiros: Carlos Thompson Costa Fernandes (Presidente), Maria Adélia de Arruda Sales Sousa (Vice-Presidente), Paulo Roberto Chaves Alves (Corregedor), Tarcísio Costa(Diretor da Escola de Contas), Francisco Potiguar Cavalcanti Junior (Ouvidor), Antônio Gilberto de Oliveira Jales (Presidente da 1º Câmara), Renato Costa Dias (Presidente da 2º Câmara), Auditores: Marco Antônio de Moraes Rêgo Montenegro, Ana Paula de Oliveira Gomes, Antonio Ed Souza Santana Ministério Público Junto ao TCE Procuradores: Luciano Silva Costa Ramos (Procurador Geral), Carlos Roberto Galvão Barros, Luciana Ribeiro Campos, Othon Moreno de Medeiros Alves ,Ricart César Coelho dos Santos e Thiago Martins Guterres. Diário Oficial Eletrônico - Coordenação: Secretaria Geral, Av. Getúlio Vargas, 690, Petrópolis, CEP 59012-360, Natal-RN. Telefone (84) 3642-7323 e-mail [email protected]. Índice ATOS ADMINISTRATIVOS ..................................................... 1 DECISÕES DA PRESIDÊNCIA................................................ 1 ATOS DOS GABINETES ......................................................... 41 SECRETARIA DAS SESSÕES ................................................ 41 Primeira Câmara ................................................... 42 DECISÕES MONOCRÁTICAS................................................. 42 DIRETORIA DE ATOS E EXECUÇÕES .................................. 44 MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS ...................................... 44 ATOS ADMINISTRATIVOS Gabinete da Presidência EXTRATO DO PRIMEIRO TERMO ADITIVO AO CONTRATO Nº 007/2015 TCE/RN Contratante: Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte TCE/RN. Contratada: UNILIMP EMPREENDIMENTOS DE SERVIÇOS EIRELI ME. Autorização: Processo nº 5670/2015-TC. Objeto: O presente termo aditivo tem como objeto: a prorrogação do prazo de vigência por mais 12 meses, no período compreendido entre 03 de agosto de 2016 e 03 de agosto de 2017; e, reequilíbrio-financeiro passando o valor mensal deste contrato para R$ 63.525,86 (sessenta e três mil, quinhentos e vinte e cinco reais e oitenta e seis centavos), perfazendo-se um valor anual de R$ 762.310,32 (setecentos e sessenta e dois mil, trezentos e dez reais e trinta e dois centavos). Dotação Orçamentária: Órgão/Unidade: 02101 - Tribunal de Contas; Função/Sub-Função/Programa: 01.032.0100 Atividades de Apoio Administrativo; Projeto Atividade: 20210 Manutenção e Funcionamento; Natureza da Despesa: 3390.37 Locação de Mão de Obra - Fonte de Recursos: 100. Assinaturas: Marise Magaly Queiroz Rocha Secretária Geral do TCE/RN e Deyvid Denner Noia Duarte Representante Legal da empresa Unilimp Empreendimentos de Serviços LTDA - ME. Local/data da Assinatura: Natal, 03 de agosto de 2016. DECISÕES DA PRESIDÊNCIA Processo nº 011856/2016 TC Interessado: Francisco Artur de Souza Assunto: Pedido de Revisão em face de Acórdão nº 89/2014 proferida pelo TCE/RN DECISÃO Trata-se de Pedido de Revisão, formulado pelo Interessado em epígrafe, ex-presidente da Câmara Municipal de Boa Saúde/RN, no intuito de desconstituir a coisa julgada administrativa decorrente do Acórdão nº 89/2014 TC, proferido nos autos do Processo nº 002576/2002 TC. O Requerente, em sua peça inaugural, aduz o seguinte: ―O art. 132, inciso II, da LC 464/2012 permite a propositura de pedido de Revisão quando tiver havido ‗falsidade ou insuficiência de documentos que tenham servido de base à decisão‘‖. Por conseguinte, defende que a decisão condenatória não foi embasada adequadamente, haja vista que a aquisição de material sem destinação específica irregularidade apurada não fora discriminada em razão da existência de uma única sala no prédio que comporta a Câmara Municipal de Boa Saúde. Recebidos os autos no Gabinete da Presidência, ordenou-se o seu envio à Consultoria Jurídica, para análise e emissão de parecer. Destarte, a Consultoria, nos moldes do Parecer nº 112/2016 CJ/TC opinou pelo indeferimento liminar do pleito revisional, nos seguintes termos: OPINO pelo INDEFERIMENTO LIMINAR do Pedido de Revisão, com fulcro nos arts. 134, § 1º, da LCE nº 464/2012 c/c o art. 383, § 1º do Regimento Interno (Resolução nº 009/2012- TCE), em razão da ausência dos documentos exigidos pela legislação, quais sejam o inteiro teor da decisão revisanda e a prova do seu trânsito em julgado, bem como pela inexistência de documento novo com eficácia sobre a prova existente no processo, nos termos do art. 133, inciso III, da Lei Complementar nº 464/2012. Grifei Eis o sucinto relatório. Passo a decidir. FUNDAMENTAÇÃO Ab initio, é necessário salientar que conforme preleciona a Lei Orgânica do TCE/RN, em seu art. 134, § 1º , cabe ao Presidente desta Corte de Contas realizar o juízo de admissibilidade do Pedido de Revisão, podendo, para tanto, indeferir liminarmente caso esse não comporte os critérios abraçados pelo art. 134, caput, com redação idêntica ao art. 383, caput, da Resolução n° 009/2012 TCE, quais sejam: ―o inteiro teor da decisão revisanda, a prova do seu trânsito em julgado e os documentos em que se fundar a revisão, ou indicação de outros meios de prova, inclusive pericial‖.

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Diário Eletrônico Publicação, terça-feira, 09 de agosto de 2016 – Ano 8 – nº 1696

Disponibilização, segunda-feira, 08 de agosto de 2016

Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte

www.tce.rn.gov.br

Conselheiros: Carlos Thompson Costa Fernandes (Presidente), Maria Adélia de Arruda Sales Sousa (Vice-Presidente), Paulo Roberto Chaves Alves (Corregedor), Tarcísio Costa(Diretor da Escola de Contas), Francisco Potiguar Cavalcanti Junior (Ouvidor), Antônio Gilberto de Oliveira Jales (Presidente da 1º Câmara), Renato Costa Dias (Presidente da 2º Câmara), Auditores: Marco Antônio de Moraes Rêgo Montenegro, Ana Paula de Oliveira Gomes, Antonio Ed Souza Santana Ministério Público Junto ao TCE – Procuradores: Luciano Silva Costa Ramos (Procurador Geral), Carlos Roberto Galvão Barros, Luciana Ribeiro Campos, Othon Moreno de Medeiros Alves ,Ricart César Coelho dos Santos e Thiago Martins Guterres. Diário Oficial Eletrônico - Coordenação: Secretaria Geral, Av. Getúlio Vargas, 690, Petrópolis, CEP 59012-360, Natal-RN. Telefone (84) 3642-7323 – e-mail [email protected].

Índice ATOS ADMINISTRATIVOS ..................................................... 1 DECISÕES DA PRESIDÊNCIA................................................ 1 ATOS DOS GABINETES ......................................................... 41 SECRETARIA DAS SESSÕES ................................................ 41

Primeira Câmara ................................................... 42 DECISÕES MONOCRÁTICAS................................................. 42 DIRETORIA DE ATOS E EXECUÇÕES .................................. 44 MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS ...................................... 44

ATOS ADMINISTRATIVOS

Gabinete da Presidência EXTRATO DO PRIMEIRO TERMO ADITIVO AO CONTRATO Nº 007/2015 – TCE/RN Contratante: Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte – TCE/RN. Contratada: UNILIMP EMPREENDIMENTOS DE SERVIÇOS EIRELI – ME. Autorização: Processo nº 5670/2015-TC. Objeto: O presente termo aditivo tem como objeto: a prorrogação do prazo de vigência por mais 12 meses, no período compreendido entre 03 de agosto de 2016 e 03 de agosto de 2017; e, reequilíbrio-financeiro passando o valor mensal deste contrato para R$ 63.525,86 (sessenta e três mil, quinhentos e vinte e cinco reais e oitenta e seis centavos), perfazendo-se um valor anual de R$ 762.310,32 (setecentos e sessenta e dois mil, trezentos e dez reais e trinta e dois centavos). Dotação Orçamentária: Órgão/Unidade: 02101 - Tribunal de Contas; Função/Sub-Função/Programa: 01.032.0100 – Atividades de Apoio Administrativo; Projeto Atividade: 20210 – Manutenção e Funcionamento; Natureza da Despesa: 3390.37 – Locação de Mão de Obra - Fonte de Recursos: 100. Assinaturas: Marise Magaly Queiroz Rocha – Secretária Geral do TCE/RN e Deyvid Denner Noia Duarte – Representante Legal da empresa Unilimp Empreendimentos de Serviços LTDA - ME. Local/data da Assinatura: Natal, 03 de agosto de 2016.

DECISÕES DA PRESIDÊNCIA

Processo nº 011856/2016 – TC Interessado: Francisco Artur de Souza Assunto: Pedido de Revisão em face de Acórdão nº 89/2014 proferida pelo TCE/RN

DECISÃO

Trata-se de Pedido de Revisão, formulado pelo Interessado em epígrafe, ex-presidente da Câmara Municipal de Boa Saúde/RN, no intuito de desconstituir a coisa julgada administrativa decorrente do Acórdão nº 89/2014 – TC, proferido nos autos do Processo nº 002576/2002 – TC.

O Requerente, em sua peça inaugural, aduz o seguinte:

―O art. 132, inciso II, da LC 464/2012 permite a propositura de pedido de Revisão quando tiver havido ‗falsidade ou insuficiência de documentos que tenham servido de base à decisão‘‖.

Por conseguinte, defende que a decisão condenatória não foi embasada adequadamente, haja vista que a aquisição de material sem destinação específica – irregularidade apurada – não fora discriminada em razão da existência de uma única sala no prédio que comporta a Câmara Municipal de Boa Saúde.

Recebidos os autos no Gabinete da Presidência, ordenou-se o seu envio à Consultoria Jurídica, para análise e emissão de parecer.

Destarte, a Consultoria, nos moldes do Parecer nº 112/2016 – CJ/TC opinou pelo indeferimento liminar do pleito revisional, nos seguintes termos:

OPINO pelo INDEFERIMENTO LIMINAR do Pedido de Revisão, com fulcro nos arts. 134, § 1º, da LCE nº 464/2012 c/c o art. 383, § 1º do Regimento Interno (Resolução nº 009/2012-TCE), em razão da ausência dos documentos exigidos pela legislação, quais sejam o inteiro teor da decisão revisanda e a prova do seu trânsito em julgado, bem como pela inexistência de documento novo com eficácia sobre a prova existente no processo, nos termos do art. 133, inciso III, da Lei Complementar nº 464/2012. Grifei

Eis o sucinto relatório. Passo a decidir.

FUNDAMENTAÇÃO

Ab initio, é necessário salientar que – conforme preleciona a Lei Orgânica do TCE/RN, em seu art. 134, § 1º –, cabe ao Presidente desta Corte de Contas realizar o juízo de admissibilidade do Pedido de Revisão, podendo, para tanto, indeferir liminarmente caso esse não comporte os critérios abraçados pelo art. 134, caput, com redação idêntica ao art. 383, caput, da Resolução n° 009/2012 – TCE, quais sejam: ―o inteiro teor da decisão revisanda, a prova do seu trânsito em julgado e os documentos em que se fundar a revisão, ou indicação de outros meios de prova, inclusive pericial‖.

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Nesse viés, em consonância com a verificação da

Consultoria Jurídica, o Interessado não alcançou o êxito desejado, haja vista a presença de deficiências tanto em relação ao ―inteiro teor da decisão revisanda‖, quanto em relação ―a prova do trânsito em julgado‖, elementos fundamentais para a sua formação, como retro evidenciados.

Observo que a sua peça inaugural veio desacompanhada do voto do Conselheiro Relator, do Acórdão condenatório, além da certidão de trânsito em julgado do referido.

Convém sobrelevar, ainda, que o Pedido de Revisão tem índole similar à ação rescisória, cujo escopo é a desconstituição da coisa julgada administrativa. Seu conhecimento é cabível somente quando configurada uma das taxativas hipóteses arroladas na legislação pertinente.

Com efeito, tanto o Pedido de Revisão quanto a Ação Rescisória¹ estão inseridos na categoria das ações autônomas de impugnação², uma vez que representam nova relação jurídica processual, ulterior ao trânsito em julgado da ação originária. Desta feita, trata-se, in casu, de ação própria, via processual autônoma, não se tratando, por conseguinte, de recurso ou sucedâneo recursal (relação endoprocessual), fato este que, por si só, enseja o preenchimento de pressupostos e condições inerentes à nova relação processual.

Especificamente em relação ao Pedido de Revisão, as situações que lhe dão ensejo estão contidas no art. 133, da Lei Complementar Estadual n° 464/2012, que dispõe, in verbis:

Art. 133. O pedido de revisão, admissível uma única vez, somente pode fundar-se nas alegações de: I - erro de cálculo; II - falsidade ou insuficiência de documentos que tenham servido de base à decisão; ou III - superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova existente no processo.

Ao compulsar os autos, verifica-se que o presente

Pedido de Revisão não versa sobre erro de cálculo nem tampouco sobre falsidade de documentos.

Malgrado o Requerente tenha embasado sua alegação no art. 133, inciso II, da antedita Lei, o fato é que os documentos e as fotos anexadas não podem ser tratados como novos.

Repiso a fundamentação do julgado desta Corte de Contas, trazida a lume pela CONJUR, qual seja:

SUMÁRIO: RECURSO DE REVISÃO. ALEGAÇÃO DE DOCUMENTO NOVO COM EFICÁCIA SOBRE A PROVA PRODUZIDA. DOCUMENTO PRODUZIDO POSTERIORMENTE À DELIBERAÇÃO RECORRIDA. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO. – Documento novo, para efeito de recurso de revisão, é aquele cuja existência o recorrente desconhecia, não tendo podido dele fazer uso no momento apropriado. – Não é documento novo o constituído após a sentença rescindenda (JTJ 157/267). – Novo, para fins de rescisória, não é o documento, e sim, a sua obtenção, por isso que deve ele ser preexistente ao deslinde da causa, mas só obtido a posteriori (STJ, 1ª Seção, AR 195-DF, Rel. Min. Geraldo Sobral, DJU 10/06/91). (Processo nº TC 012.014/2002-5, ACÓRDÃO Nº 841/2009 - TCU – Plenário, Relator Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES, Julgamento em 29/4/2009. Sem destaque no original).

Ademais, em consonância com o disposto acima, invoco

decisão acolhida pelo Tribunal Superior do Trabalho, na qual evidencia a necessidade de constituição de documentos anteriores à prolação da decisão questionada, com o fulcro de efetivamente admitir a Ação Rescisória – não é demais salientar a similitude da natureza entre o Pedido de Revisão e a mencionada ação autônoma -, senão vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. DOCUMENTO NOVO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Documento novo capaz de ensejar o corte rescisório é aquele cronologicamente velho, já existente à época em que proferida a sentença rescindenda, mas ignorado pela parte ou de impossível utilização nos autos originários e capaz, por si só, de assegurar pronunciamento favorável à parte autora. Assim, não se enquadram na hipótese do artigo 485, inciso VII, do CPC, documentos de conhecimento da parte que não possuía justo motivo para não apresentá-los em juízo. Na hipótese dos autos, os relatórios reputados novos, embora precedentes ao ajuizamento da reclamação trabalhista matriz, não eram ignorados pelo então Reclamante, até porque foram por ele elaborados, e não houve justificativa razoável para a sua não utilização no curso da ação originária. Incidência da Súmula nº 402 do TST. Recurso ordinário não provido.

Ressalto, de mais a mais, que deve este Tribunal de Contas ter maior rigor quanto à admissibilidade de pedidos de revisão, interpretando os dispositivos legais que tratam das hipóteses de rescindibilidade da coisa julgada administrativa.

Deve-se evitar que os pedidos de revisão que, frise-se, não são espécies recursais, se prestem a propiciar a reapreciação da prova produzida, à revisão dos critérios de julgamento, ou que sejam manejados como instrumentos recursais. Assim se reforçam os efeitos da coisa julgada administrativa no âmbito deste Tribunal, a qual não pode ser banalizada pela própria Corte com a admissibilidade de pedidos de revisão flagrantemente infundados ou que não preencham seus requisitos formais previstos em lei.

Pensar e tratar a questão de maneira diferente é o mesmo que transformar o instituto autônomo e excepcional do pedido de revisão em espécie recursal ordinária, ofendendo a segurança jurídica emanada das decisões transitadas em julgado proferidas pela Corte de Contas e eternizando a sua jurisdição em fase de conhecimento.

DISPOSITIVO

Desta feita, em apreço aos princípios da segurança jurídica, do devido processo legal e da razoável duração do processo, e considerando que o pleito revisional não se amolda às expressas e restritas hipóteses de cabimento insculpidas na norma legal e regimental de regência, INDEFIRO LIMINARMENTE o Pedido de Revisão em apreço, com fulcro no art. 134, § 1º da Lei Orgânica desta Corte (Lei Complementar Estadual nº 464/2012) c/c art. 383, §1º do seu Regimento Interno (Resolução nº 009/2012 – TCE/RN).

Publique-se. Efetuada a aludida publicação, siga o feito à Diretoria de

Atos e Execuções – DAE, a fim de que proceda à INTIMAÇÃO do Interessado em epígrafe, pela via postal, nos termos do artigo 45, inciso III, e seu § 1º, inciso II, ambos da Lei Complementar Estadual nº 464/2012.

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Conselheiro CARLOS THOMPSON COSTA FERNANDES

Presidente do TCE/RN ________________ ¹Disciplinada no art. 966 e seguintes do Novo CPC (Lei Federal nº 13.105/15). ² Sobre o tema, lecionam Fredie Didier Jr e Leonardo Carneiro da Cunha: ―O sistema de impugnação da decisão judicial é composto dos seguintes instrumentos: a) recursos; b) ações autônomas de impugnação; c) sucedâneos recursais. O recurso é o meio de impugnação da decisão judicial utilizado dentro do mesmo processo em que é proferida. Pelo recurso, prolonga-se o curso (a litispendência)do processo. A ação autônoma de impugnação é o instrumento de impugnação da decisão judicial, pelo qual se dá origem a um processo novo, cujo objetivo é o de atacar ou interferir em decisão judicial. Distingue-se do recurso exatamente porque não é veiculada no mesmo processo em que a decisão recorrida fora proferida. Sãoexemplos: a ação rescisória, a querela nullitatis, os embargos de terceiro, o mandado de segurança e o habeas corpus contra ato judicial e a reclamação. Sucedâneo recursal é todo meio de impugnação de decisão judicial que nem é recurso nem é ação autônoma de impugnação. É uma categoria residual: o que não for recurso, nem ação autônoma, será um sucedâneo recursal. A categoria dos sucedâneos recursais engloba, enfim, todas as outras formas de impugnação da decisão. São exemplos: pedido de reconsideração, pedido de suspensão da segurança (Lei n. 8.437/1992, art. 40; Lei n. 12.016/2009, art. 15) e a correição parcial. (In Curso de direito processual civil: o processo civil nos tribunais, recursos, ações de competência originária de tribunal e querela nullitatis, incidentes de competência originária de tribunal. 13. ed. reform. v. 3 — Salvador: Ed. JusPodivm, 2016).

PROCESSO N. 12.988/2016-TC INTERESSADA: Ludmila Carlos Amorim de Araújo Rosado ADVOGADOS: Francisco Barros Dias (OAB/RN 1.142) e Marcos Lacerda Almeida Filho (OAB/RN 8.009) ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por LUDMILA CARLOS AMORIM DE ARAÚJO ROSADO, ex-Prefeita do Município de Rafael Godeiro/RN, por meio do qual, aduz, em suma, que:

(i) foi condenada nos autos dos Processos nºs. 11.484/2005-TC e 9.962/2007-TC que tramitaram neste Tribunal de Contas, conforme Acórdãos nºs 78/2011-TC e 286/2012-TC, os quais concluíram pela não aprovação da matéria com reconhecimento de irregularidades formais sanáveis, todas destituídas de nódoa de improbidade administrativa, quais sejam: concessão irregular de diárias (R$ 1.200,00) e pagamento indevido de taxa e juros decorrente de cheques sem fundos (R$ 1.934,48), além de fracionamento de despesa, ausência de envelope e numeração de folhas, ausência de licitação e ausência de guia de tombamento, o que gerou multa de R$ 1.900,00; (ii) no âmbito das execuções (Processos nºs 11.484/2005-TC e 9.962/2007-TC) dos citados acórdãos condenatórios efetuou os pagamentos, cumprindo integralmente as obrigações que lhes foram impostas, saneando assim os Processos nºs. 11.484/2005-TC e 9.962/2007-TC; e,

(iii) deve incidir a recomendação ministerial, bem como os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o que impede a inserção do seu nome na lista a ser encaminhada à Justiça Eleitoral, posto que a lesividade das irregularidade cometidas se revela diminuta.

2. Diante do exposto, a requerente pugnou pela exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas, ou, ao menos, que não seja comunicado à Justiça Eleitoral. 3. Por meio do Parecer n. 114/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou que:

(i) as irregularidades em questão não se enquadram na recomendação ministerial; (ii) o pagamento, seguido do eventual saneamento do processo no âmbito do Tribunal de Contas, não afasta a irregularidade insanável cometida pelo gestor, conferindo direito apenas a certificação da quitação;

(iii) o fato de figurar o nome do gestor na lista encaminhada por esta Corte de Contas à Justiça Eleitoral, por si só, não lhe impõe a condição de inelegível, sendo imprescindível o reconhecimento do ato doloso configurador de improbidade administrativa quando da análise do pedido de registro de candidatura, matéria esta reservada à jurisdição eleitoral, segundo a jurisprudência pátria;

(iv) a lista possui caráter meramente informativo e declaratório, portanto, não é lesiva a direitos; e, (v) por se tratarem de irregularidades materiais insanáveis e formais, cometidas em três exercícios consecutivos, devem ser informadas à Justiça Eleitoral, não havendo o que se falar em afronta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade por tal fato.

4. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido. 5. É o relatório. Passo a decidir. 6. Inicialmente, assente-se que no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 7. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que a requerente não discute o mérito das decisões, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, mesmo, na visão dela, não tendo cometido ato doloso de improbidade administrativa e saneado os feitos com o pagamento integral.

Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte - Diário Eletrônico nº 1696 – Publicação, terça-feira, 09 de agosto de 2016 Pág. 4 - 4 -

8. Dito de outro modo, a requerente se limita a tratar dos efeitos das decisões no âmbito administrativo desta Corte de Contas, matéria que deve ser conhecida e apreciada por esta Presidência. Sob esse aspecto, em que pese tenha a requerente demonstrado o adimplemento das obrigações impostas por tais decisões passadas em julgado nesta Corte de Contas, é importante registrar que o §3º, do art. 53, da Constituição Estadual, incluído pela EC n. 13, de 15 de julho de 2014, dispõe que o pagamento tempestivo do débito decorrente do dever de restituir e/ou da obrigação de pagar multa, imposto(s) por decisão desta Corte de Contas, ―sanará o processo‖ se reconhecida a ―boa-fé‖, o que não se verifica na hipótese dos autos. 9. Sobre o assunto, sem análise de sua constitucionalidade, a jurisprudência especializada eleitoral já assentou que o saneamento do processo no âmbito do Tribunal de Contas, em virtude do pagamento do débito ou multa por ele imposto, seguido de quitação, não afasta a prática da irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível. Sendo assim, o pagamento não impede a inserção do nome do gestor na lista em questão, muito menos justifica sua exclusão. Vejamos precedentes do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral sobre o tema:

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. CONTAS REJEITADAS. TRIBUNAL DE CONTAS. DESCUMPRIMENTO DA LEI DE LICITAÇÕES. VÍCIOS INSANÁVEIS. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, l, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. Precedente. 2. A rejeição de contas por decisão irrecorrível do órgão competente, em virtude de irregularidades relacionadas ao descumprimento da Lei n° 8.666/94, notadamente a extrapolação de limites para a modalidade de licitação adotada, a falta de orçamento e justificativa de preço na contratação de obra, e o fracionamento de despesas, acarreta a inelegibilidade descrita na alínea g do inciso l do art. 1º da LC n° 64/90, por configurarem tais práticas vícios insanáveis e atos dolosos de improbidade administrativa. 3. O dolo a que alude o referido dispositivo legal é o genérico, e não o específico, ou seja, a simples vontade de praticar a conduta em si que ensejou a improbidade. Precedentes do TSE. (TSE: AgRg-RO 59835, Acórdão de 02/10/2014, Relª Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 02/10/2014). Grifei. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. REJEIÇÃO DE CONTAS PELO TCE/ES. EX-PRESIDENTE DA CÂMARA

MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE GASTOS PELO PODER LEGISLATIVO. ART. 29-A. IRREGULARIDADES INSANÁVEIS QUE CONFIGURAM ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1°, I, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. Nos termos da orientação fixada neste Tribunal, o não recolhimento de verbas previdenciárias e a extrapolação dos limites de gastos pelo Poder Legislativo Municipal previstos na Constituição Federal são irregularidades insanáveis que configuram atos dolosos de improbidade administrativa. 2. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. 3. Recurso especial a que se nega provimento para manter o indeferimento do registro do candidato. (TSE: RESPE 4366, Acórdão de 19/08/2014, Relª. Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 17/9/2014). Grifei. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. INELEGIBILIDADE. ART. 1, 1, G, DA LEI COMPLEMENTAR N° 64190. REJEIÇÃO DE CONTAS. PAGAMENTO DA MULTA. IRRELEVÂNCIA. DESPROVIMENTO. 1. A caracterização da inelegibilidade prevista no art. 1, 1, g, da LC 64190 pressupõe a rejeição de contas relativas ao exercício de cargo ou função pública por decisão irrecorrível proferida pelo órgão competente (salvo se suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário) em razão de irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa. 2. Na espécie, o TCE/ES rejeitou as contas prestadas pelo agravante - relativas aos exercícios de 2004 e 2005, na qualidade de presidente da Câmara Municipal de Ibatiba/ES - em razão do descumprimento da LC 10112000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 3. A quitação da multa imposta pelo Tribunal de Contas não tem o condão de afastar a inelegibilidade. Precedentes. 4. Agravo regimental não provido. (TSE: AgReg-RESPE 407-04/ES, Relª. Minª. Nancy Andrighi, em 12/10/2012). Grifei.

10. Acrescente-se, ainda, que o art. 338 do Regimento Interno dessa Corte de Contas estabelece categoricamente que comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida e promoverá a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD), não importando essas providências em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, in verbis:

Art. 338. Comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da

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dívida, não importando em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, promovendo a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD).

11. Na mesma linha de raciocínio, o Tribunal Superior Eleitoral assentou que compete à Justiça Eleitoral, e não ao Tribunal de Contas, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato ímprobo, praticado na modalidade dolosa. Vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (...) A questão controvertida neste recurso, portanto, restringe-se a verificar o enquadramento do recorrente na casa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, considerando que suas contas como ex-presidente da Câmara de Vereadores de Carapebus/RJ referentes ao exercício de 2002 foram desaprovadas pelo Tribunal de Contas do

Estado do Rio de Janeiro. Assim dispõe o referido dispositivo legal: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa,e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito)anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (...) (Grifo nosso) Essa causa de inelegibilidade não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário em âmbito administrativo, verificável no momento em que o cidadão se apresentar candidato em determinada eleição. Além disso, nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Conquanto a Câmara de Vereadores ou o próprio Tribunal de Contas não julguem improbidade administrativa, compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato improbo, praticado na modalidade dolosa. (...)‖ (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). Grifei.

12. No mesmo sentido é a recente jurisprudência do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE, COM FULCRO NO ARTIGO 10, CAPUT, DA LEI 12.016/2009, QUE INDEFERIU A INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DESTA CORTE DE JUSTIÇA. PRETENSÃO DA AGRAVANTE DE SER EXCLUÍDA DE LISTA DE REJEIÇÃO DE CONTAS ENVIADA PELO TCE À JUSTIÇA ELEITORAL. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE ATO DOLOSO E DE RECOLHIMENTO

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VOLUNTÁRIO DO DÉBITO IMPUTADO. JUÍZO DE VALOR QUE SE REFERE À COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA ELEITORAL. INSURGÊNCIA RECURSAL EM DESFAVOR DE JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS APTOS A MODIFICAR A DECISÃO RECORRIDA. MANUTENÇÃO DO DECISUM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJRN: AgReg-MS 2015.018609-0/0001.00, Tribunal Pleno, Rel. Des. Dilermando Mota, julgado em 16/03/2016, publicado em 23/03/2016). Grifei.

13. Sendo assim, frise-se que, nos termos do art. 11, §5º, da Lei Federal n. 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), combinada com o art. 1º, I, ―g‖, da Lei Complementar Federal n. 64/90 (Lei da Inelegibilidade), ao Tribunal de Contas compete apenas o envio à Justiça Eleitoral da ―relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível‖, cujo caráter dela é meramente informativo e a natureza do ato exclusivamente declaratória, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral. Vejamos:

―O Tribunal de Contas da União, ao prestar informações, corretamente ressaltou que o ato de inclusão na lista de responsáveis por contas julgadas irregulares e seu envio à Justiça Eleitoral não tem qualquer efeito que traduza lesão ou ameaça de lesão a direitos. A prática desse ato pelo TCU apenas ocorre por determinação legal expressa, constante do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Compete à Justiça Eleitoral, uma vez de posse da lista, apreciar e julgar sobre eventual inelegibilidade daquele que têm o nome nela incluído. O ato do TCU, portanto, não repercute diretamente sobre os direitos políticos do impetrante. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte é firme ao entender que a mera inclusão de nomes na lista de contas rejeitadas, para posterior remessa à Justiça Eleitoral, é ato declaratório e não resulta em lesão ou ameaça de lesão a direitos. Esse entendimento está consignado no MS 22.087, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.5.1996, e também no MS 24.991, de minha relatoria, DJ 20.10.2006, além de outros casos, tais como: MS 27.481, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; MS 27.388, Rel. Min. Joaquim Barbosa,DJe 5.2.2010; MS 27.476, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 2.9.2008; MS 27.605, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 1.10.2008. Ante o exposto, nego seguimento ao presente mandado de segurança (art. 21, § 1º, RI-STF), ficando prejudicado o pedido de medida liminar‖. (STF: MS 29.407/DF, Rel Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 21/02/2011, Data de Publicação: 25/02/2011). Grifei.

―ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. INCLUSÃO EM LISTA PARA REMESSA AO ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL DO NOME DO ADMINISTRADOR PÚBLICO QUE TEVE SUAS CONTAS REJEITADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NATUREZA DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA DE PRAZO PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL. 1. No presente caso, visa o recorrente a declaração de eventual prescrição quanto à prática do ato da Corte de Contas que, em cumprimento do art. 1º, inc. I, "g", da LC n. 64/1990, determinou o envio à Justiça Eleitoral da relação de administradores cujas contas foram julgadas irregulares no quinquênio anterior à realização das eleições municipais designadas para 5.10.2008. 2. A prescrição é fato jurídico que extingue a pretensão. A pretensão, por sua vez, decorre da violação de um direito subjetivo (art. 189 do Código Civil). 3. A inclusão pelo Tribunal de Contas do nome recorrente em lista de maus gestores não altera o mundo jurídico, não impõe nenhuma prestação nem sujeição ao recorrente, vale dispor, não envolve direito subjetivo ou potestativo. E, se não há imposição de prestação, tampouco sujeição a um direito, não há a prescrição nem a decadência. Em verdade, há o mero ato de declarar uma certeza jurídica - a constatação da irregularidade das contas do recorrente por meio de processo administrativo que teve curso na Corte de Contas - e, exatamente em razão dessa natureza declaratória, tal ato não se sujeita a prazo decadencial ou prescricional. 4. O ato impugnado não constitui pretensão punitiva como sustenta o recorrente, até porque o debate sobre a eventual aplicação da sanção de inelegibilidade será em outra Corte dotada de competência para tanto e mediante a observância das garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 5. A previsão de prazo extintivo para a prática do ato em testilha na LC n. 63/90, norma específica que disciplina o processo de tomada de contas, seria inconciliável com a natureza do mesmo ato. Por isto mesmo, mais incoerente com o ato jurídico em exame seria aplicar qualquer outro prazo prescricional ou decadencial previsto em norma geral. 6. Impera observar, por último, que o art. 25, §§ 1º e 2º, da LC n. 63/1990 e o art. 29, §§ 6º e 7º, da Deliberação n. 200/96, exclusiva e respectivamente, dizem respeito à ultimação da prestação ou da tomada de contas inicialmente consideradas iliquidáveis ou cujo encaminhamento foi dispensado, não guarda nenhuma relação com o ato de inclusão em lista de responsáveis por contas irregulares. 7. Recurso ordinário não provido‖. (STJ: RMS 29.972/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011). Grifei AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º,

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I, G, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. IRREGULARIDADE. NATUREZA INSANÁVEL. NÃO-COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO IMPUGNANTE. INCLUSÃO. LISTA. TRIBUNAIS DE CONTAS. CARÁTER INFORMATIVO. 1. Esta Corte já assentou que a inclusão do nome do administrador público na lista remetida à Justiça Eleitoral pela Corte de Contas, não gera, por si só, inelegibilidade, uma vez que se trata de procedimento meramente informativo. 2. É ônus do impugnante comprovar que a rejeição de contas de eventual candidato ocorreu em face de irregularidade insanável, de modo a incidir a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE: AgR 31451/RN, Rel. Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Data de Julgamento: 11/10/2008, Data de Publicação: 11/10/2008) Grifei.

14. No mesmo sentido: MS 31511/DF, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 18.09.2012; e, MS 31454 MC/DF, da relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 29.06.2012. 15. Assente-se, outrossim, que o Tribunal de Contas, no esteio do seu arranjo de competência, pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos. Nesse sentido, é o enunciado autorizativo da Súmula n. 347, do STF, bem como da Lei Orgânica (arts. 142 ss.) e do Regimento Interno (arts. 403 ss.). Essa competência, por óbvio, insere-se no âmbito do controle difuso, incidental ou concreto, abrangendo, igualmente, quaisquer espécies normativas, inclusive emenda à constituição, conforme entendimento de há muito consagrado no STF (ADIs 829-3 e 830-7). 16. Todavia, a Lei Orgânica do TCE e seu Regimento Interno preceituam a necessidade de instauração de incidente de constitucionalidade, reservando a questão ao Plenário. Acontece que a Suprema Corte já decidiu que a apreciação da constitucionalidade, por órgão de controle, no âmbito das funções eminentemente administrativas, não se sujeita à cláusula de reserva de plenário, o que é o caso dos autos, dada a competência para julgamento da presente matéria ser exclusiva do Presidente do Tribunal. Vejamos o ementário do precedente referido:

EMENTA: RECLAMAÇÃO – ARGUIÇÃO DE OFENSA AO POSTULADO DA RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97) – SÚMULA VINCULANTE Nº 10/STF – INAPLICABILIDADE – IMPUGNAÇÃO DEDUZIDA CONTRA ATO EMANADO DO CONSELHO DA MAGISTRATURA DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – ÓRGÃO DA CORTE JUDICIÁRIA ESTADUAL QUE EXERCE ATIVIDADE DE CARÁTER EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVO – INVIABILIDADE DA AÇÃO RECLAMATÓRIA – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A alegação de desrespeito à exigência constitucional da reserva de plenário (CF, art. 97) supõe, para restar configurada, a existência de decisão emanada de autoridades ou órgãos judiciários proferida em sede jurisdicional.

(STF: Rcl 15.287 AgR/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 05/08/2014, publicado em 01/09/2014). Grifei.

17. Sendo assim, considerando que o Tribunal de Contas dispõe de competência para o controle de constitucionalidade, conclui-se ser possível o seu Chefe, no âmbito administrativo, monocraticamente, negar aplicação a norma que considere inconstitucional. Neste sentido, citamos festejado precedente da nossa Suprema Corte.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISORIA. REVOGAÇÃO. PEDIDO DE LIMINAR. [...] OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO, POR SUA CHEFIA - E ISSO MESMO TEM SIDO QUESTIONADO COM O ALARGAMENTO DA LEGITIMAÇÃO ATIVA NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -, PODEM TÃO-SÓ DETERMINAR AOS SEUS ÓRGÃOS SUBORDINADOS QUE DEIXEM DE APLICAR ADMINISTRATIVAMENTE AS LEIS OU ATOS COM FORÇA DE LEI QUE CONSIDEREM INCONSTITUCIONAIS. [...] (STF: ADI 221 MC, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 29/03/1990, DJ 22/10/1993). Grifei.

18. Neste prisma, considerando que o Tribunal de Contas é órgão administrativo de controle externo, e que a apreciação do pedido em questão é prerrogativa exclusiva desta Presidência, no exercício exclusivo da função administrativa desta Corte de Contas, conforme já consignado, tem-se por inaplicável o princípio da reserva de plenário, não havendo óbice a tal controle em juízo monocrático. 19. Destarte, verifica-se que nada impede que esta Presidência, no exercício exclusivo de sua função administrativa, exerça o controle difuso de constitucionalidade sem submissão ao plenário, e afaste a incidência da regra prevista no § 7º, do art. 53, da Constituição Estadual, inserida pela EC 13/2014, posto ser ela eivada de inconstitucionalidade formal e material, como segue. 20. Bem, a inconstitucionalidade formal em questão da EC 13/2014, no tocante ao § 7º, do art. 53, decorre do vício de iniciativa, visto que, conforme já decidiu a Suprema Corte (ADI 4.643/RJ), competia a esta Corte de Contas deflagrar o processo legislativo sobre seu funcionamento e organização, o que não ocorreu, acabando o constituinte estadual por violar as prerrogativas da autonomia e do autogoverno inerentes a este Tribunal de Contas (CF, arts. 73 a 75, e 96, II). Vejamos o mencionado precedente:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ATRICON. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 142/2011. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA. VIOLAÇÃO ÀS PRERROGATIVAS DA AUTONOMIA E DO AUTOGOVERNO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 1. As Cortes de Contas do país, conforme reconhecido pela Constituição de 1988 e por

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esta Suprema Corte, gozam das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que inclui, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e seu funcionamento, como resulta da interpretação lógico-sistemática dos artigos 73, 75 e 96, II, ―d‖, CRFB/88. Precedentes: ADI 1.994/ES, Rel. Ministro Eros Grau, DJe 08.09.06; ADI nº 789/DF, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 19/12/94. 2. O ultraje à prerrogativa de instaurar o processo legislativo privativo traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência indubitavelmente reflete hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo eventualmente concretizado. Precedentes: ADI nº 1.381 MC/AL, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 06.06.2003; ADI nº 1.681 MC/SC, Rel. Ministro Maurício Corrêa, DJ 21.11.1997. 3. A Associação dos Membros do Tribunal de Contas do Brasil – ATRICON, por se tratar de entidade de classe de âmbito nacional e haver comprovado, in casu, a necessária pertinência temática, é agente dotado de legitimidade ativa ad causam para propositura da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do art. 103, IX, da Constituição Federal, conforme, inclusive, já amplamente reconhecido pelo Plenário desta Corte. Precedentes: ADI 4418 MC/TO, Relator Min. Dias Toffoli, DJe 15.06.2011; ADI nº 1.873/MG, Relator Min. Marco Aurélio, DJ de 19.09.03. 4. Inconstitucionalidade formal da Lei Complementar Estadual nº 142/2011, de origem parlamentar, que altera diversos dispositivos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, por dispor sobre forma de atuação, competências, garantias, deveres e organização do Tribunal de Contas estadual, matéria de iniciativa privativa à referida Corte. 5. Deferido o pedido de medida cautelar a fim de determinar a suspensão dos efeitos da Lei Complementar Estadual nº 142, de 08 de agosto de 2011, da lavra da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, até o julgamento definitivo da presente ação direta de inconstitucionalidade. (STF: ADI 4643 MC/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2014, publicado em 28/11/2014). Grifei.

21. Sob a óptica material, a inconstitucionalidade de tal dispositivo reside no flagrante atentado aos princípios da inafastabilidade da jurisdição, do juiz natural e do devido processo legal, bem como contra a competência privativa da União para legislar sobre o Direito Eleitoral (CF, arts. 5º, XXXV, LIII, LIV, 14, §9º, e 22, I). Isto porque ao se referir que por meio de pagamento seria possível sanar processo onde foi proferida decisão irrecorrível que reconheceu irregularidade insanável no âmbito do Tribunal de Contas, o constituinte derivado acabou por instituir casuística que, em tese, seria capaz de influir nas hipóteses de inelegibilidade, evidenciando assim desvio de finalidade do ato legislativo, posto que acabou editado em descompasso com o interesse público.

22. Não é demais dizer que esses argumentos compõem a causa de pedir da ADI 5.323/RN, movida pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON, e em trâmite na Suprema Corte na relatoria da Ministra Rosa Weber, já contando, registre-se, com parecer favorável da Advocacia-Geral da União – AGU e do Ministério Público Federal – MPF, pela inconstitucionalidade do §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, decorrente da inovação indevida do constituinte derivado reformador potiguar, por meio da EC 13/2014. Vejamos os respectivos excertos das conclusões:

AGU, em 24.09.2015: ―Diante do exposto, o Advogado-Geral da União manifesta-se pela procedência parcial do pedido veiculado pela requerente, devendo ser declarada a inconstitucionalidade dos artigos 53, §§ 6° e 7°; e 55, § 1°, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, tanto em seu texto original, quanto na redação dada pela Emenda Constitucional n° 13/2014; bem como da expressão "com o reconhecimento da boa-fé, a liquidação tempestiva do débito ou multa atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade na apreciação das contas", constante do § 3° do mencionado artigo 53 da Carta estadual‖. MPF, em 13.11.2015: ―As normas interferem, de fato, na organização e no funcionamento da corte de contas, porquanto impõem forma de atuação, competências e deveres a serem observados no desempenho de suas funções institucionais. Dessa maneira, as razões adotadas pela Corte na ADI 4.418/TO são suficientes para afirmar inconstitucionalidade das disposições constantes dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Carta do Rio Grande do Norte.‖ [...] As disposições dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Constituição do Rio Grande do Norte encontram-se em desconformidade com o entendimento adotado em tais precedentes. O regramento veiculado nos dispositivos constitui inovação indevida do constituinte derivado potiguar, porquanto não possui correspondência no modelo federal de configuração das cortes de contas. Por essa razão, há também afronta os arts. 25, caput, e 75, caput, da CR. Ante o exposto, opina a Procuradoria-Geral da República pela procedência parcial do pedido.‖

23. Frise-se, por oportuno, que diante da existência da ADI 5.323/RN, que já aguarda julgamento final perante a Suprema Corte, tem-se por desnecessária a representação desta Presidência às autoridades legitimadas para fins de inconstitucionalidade das disposições em questão. 24. Assente-se, ainda, que ao contrário do que sustenta a requerente, além das irregularidades formais (fracionamento de despesa, ausência de envelope e numeração de folhas, ausência de licitação e de guia de tombamento), ela cometeu irregularidades materiais insanáveis, quais sejam: concessão irregular de diárias e pagamento indevido de taxas e juros bancários, em virtude da emissão de cheques sem provisão de

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fundos. Outrossim, nenhuma das irregularidades referidas se enquadram na recomendação ministerial juntada aos autos. 25. Em reforço, considerando que nos Acórdãos n. 78/2011-TC e 286/2012-TC, dentre outras, consta obrigação de ressarcir o erário municipal, em razão da concessão irregular de diárias e do pagamento indevido de multa e juros bancários, decorrentes da emissão de cheques sem provisão de fundos, apresenta-se relevante anotar que o próprio Tribunal Superior Eleitoral considera sedimentado o entendimento de que contas julgadas irregulares por força de atos lesivos ao erário, o que é o caso, configuram irregularidades insanáveis sob a ótica da Lei de Inelegibilidades, entendimento este que inviabiliza flagrantemente a pretensão da requerente de ver seu nome subtraído da lista a ser encaminhada pelo Tribunal de Contas do Estado. Veja-se:

―[...]. Prefeito. Inelegibilidade. Rejeição de contas. TCU. Convênios federais. Dano ao erário. Desprovimento. 1. Indefere-se o pedido de registro de candidatura se presentes, simultaneamente, os três requisitos do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/90, quais sejam, contas rejeitadas por irregularidade insanável, decisão irrecorrível do órgão competente e que não haja provimento judicial a afastar os efeitos da decisão que rejeitou as contas. 2. A decisão do Tribunal de Contas da União que assenta dano ao erário configura irregularidade de natureza insanável. [...]‖ (TSE: REspe nº 3965643, rel. Min. Marcelo Ribeiro, julgado em 06.05.2010). Grifei. ―AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATO. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. CONVÊNIO. JULGAMENTO PELO TCU. IRREGULARIDADE INSANÁVEL. INELEGIBILIDADE CONFIGURADA. RECURSO PROVIDO. I. Não compete à Justiça Eleitoral julgar o acerto ou desacerto da decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União, tampouco verificar se determinadas cláusulas contratuais de convênio federal foram (ou não) respeitadas, sob pena de grave e indevida usurpação de competência. II. Cabe à Justiça Eleitoral analisar se, na decisão que desaprovou as contas de convênio, estão (ou não) presentes os requisitos ensejadores da causa de inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar 64/1990, quais sejam, contas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente. III. A decisão do Tribunal de Contas da União que assenta dano ao erário configura irregularidade de natureza insanável. IV. Recurso conhecido e provido. Decisão: O Tribunal, por maioria, proveu o Agravo Regimental para prover o Recurso Especial e indeferir o registro de candidatura de Breno José de Araújo Costa, nos termos do voto do Ministro Ricardo Lewandowski, que redigirá o acórdão. Vencidos os Ministros Relator e Arnaldo Versiani. (TSE: AgR-AgR-RESPE n. 33806, Rel.

Min. EROS ROBERTO GRAU, Relator(a) designado(a) Min. ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI, Data 18/06/2009)‖. Grifei.

26. Por último, como bem sustentou a CONJUR, em se tratando de irregularidades materiais insanáveis e formais, cometidas em três exercícios consecutivos, devem ser informadas à Justiça Eleitoral, não havendo o que se falar em afronta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade por tal fato. 27. Em arremate, seja por que o pagamento tempestivo do débito ou multa imposto pelo Tribunal de Contas, seguido de quitação em saneamento do processo, não afasta a prática de irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível, seja pela inconstitucionalidade de todo o §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, incidentalmente ora reconhecida, seja pela não aplicação da recomendação ministerial a hipótese dos autos, seja pela ausência de violação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, entendo regular o cumprimento interno dos Acórdãos n. 78/2011-TC e 286/2012-TC apontados pela requerente, a justificar a manutenção do seu nome na pré-falada lista. 28. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido. Publique-se. À DAE para que cientifique a requerente, por seus advogados. Natal, 08 de agosto de 2016.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

PROCESSO N. 013422/2016-TC INTERESSADO: JOSÉ PEDRO DOS SANTOS NETO ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por JOSÉ PEDRO DOS SANTOS NETO, por meio do qual, aduz, em suma, que virtude do Processo nº 019271/2001 – TC, figura indevidamente na lista dos gestores que tiveram as contas julgadas irregulares por este Tribunal, sob o fundamento de que efetivamente pagou a multa imposta nos aludidos autos, em razão do Acórdão nº 462/2011-TC. 2. Diante do exposto, o requerente pugnou pela exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas. 3. Por meio do Parecer n. 126/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou que: (i) a decisão desta Corte de Contas citada pelo requerente se encontra protegida pelo manto da coisa julgada, sendo, portanto, imutável;

(ii) o pedido de revisão seria o único meio apto a impugná-la; (iii) o pagamento da dívida fruto da multa, seguido do saneamento do processo no âmbito do Tribunal de Contas, não afasta a irregularidade insanável cometida pelo gestor;

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(iv) o fato de figurar o nome do gestor na lista encaminhada por esta Corte de Contas à Justiça Eleitoral, por si só, não lhe impõe a condição de inelegível, sendo imprescindível o reconhecimento do ato doloso configurador de improbidade administrativa quando da análise do pedido de registro de candidatura, matéria esta reservada à jurisdição eleitoral, segundo a jurisprudência pátria; (v) a previsão do §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, com redação dada pela Emenda Constitucional n. 13/2014, revela-se inconstitucional em aspecto formal, por vício de iniciativa, pois o parlamento estadual usurpou iniciativa que pertence a esta Corte de Contas, já que tratou da sua competência e organização; e, em aspecto material, haja vista o desrespeito aos princípios da inafastabilidade da jurisdição, do juiz natural, do devido processo legal formal e material, além da afronta à competência normativa privativa da União relativa ao Direito Eleitoral; (vi) esta Corte de Contas pode declarar a inconstitucionalidade dos §§ 3º e 7º, do art. 53, da Constituição Estadual, com redação dada pela Emenda Constitucional n. 13/2014, e afastar a incidência deles, inclusive sem reserva de plenário, conforme jurisprudência pátria.

4. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido. 5. É o relatório. Passo a decidir. 6. Inicialmente, como bem pontuou a CONJUR, no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 7. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que o requerente não discute o mérito da decisão, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, sob o fundamento de que cumpriu o Acórdão nº 462/2011-TC, no tocante ao pagamento da multa imposta. 8. Dito de outro modo, o requerente se limita a tratar dos efeitos de tal decisão no âmbito administrativo desta Corte de Contas, matéria que deve ser conhecida e apreciada por esta Presidência. 9. Pois bem, prefacialmente, ainda que não tenha sido levantada essa tese pelo requerente, é importante registrar que o §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, incluído pela EC n. 13, de 15 de julho de 2014, publicada no DOE de 16 de julho de 2014, data do início de sua vigência, conforme art. 2º de tal emenda, confere a esta Corte de Contas competência para, no julgamento de contas, valorar sobre a existência ou não de ato doloso de improbidade administrativa. 10. Com isso, considerando que o aludido Acórdão n. 462/2011 – TC, referido pelo requerente, foi proferido em

20/09/2011, ou seja, bem antes da vigência da disposição constitucional aludida, que se iniciou em 16 de julho de 2014, por óbvio, esta Corte de Contas não fez juízo de valor algum sobre a existência ou não de ato doloso de improbidade administrativa, nem era, em tese, obrigada a tal, pois se inexistia norma relativa à obrigação em questão, inexistia também dever nesse sentido. 11. Pontue-se que, em respeito ao princípio da irretroatividade da lei – sobretudo pelo risco de ser maléfica sua incidência, até por que inexiste expressa regra constitucional de transição –, bem como ao ato jurídico perfeito e a coisa julgada (LINDB, art. 6º), é vedado a esta Corte de Contas rever o decisum em questão, à luz do §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, sobretudo neste requerimento. 12. Ademais, por mais que, em tese, a revisão sobre a ocorrência ou não de ato doloso de improbidade administrativa pudesse ser benéfica ao requerente, ela também não seria possível nesta Corte de Contas, pois se trata de matéria que, a meu ver, é reservada exclusivamente ao Poder Judiciário, conforme jurisprudência pátria, inclusive com decisão já da nossa Suprema Corte:

EMENTA: RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEMISSÃO. PODER DISCIPLINAR. LIMITES DE ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. ATO DE IMPROBIDADE. [...] 4. Ato de improbidade: a aplicação das penalidades previstas na Lei n. 8.429/92 não incumbe à Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a prática de atos de improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério Público para ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de demissão. Recurso ordinário provido. (STF: RMS 24.699/DF, Rel. Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 30/11/2004, DJ 01-07-2005). Grifei. ADMINISTRATIVO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. SERVIDOR PÚBLICO. PENA DE DEMISSÃO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRINCÍPIO DA RESERVA DE JURISDIÇÃO. O enquadramento da conduta do servidor como ato de improbidade administrativa, para fins de perda da função pública, submete-se à apreciação judicial, ante a incidência do princípio da reserva de jurisdição, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.429/92. [...] (TRF-4: AG 19429/RS, Rel. Des. Federal SÉRGIO RENATO TEJADA GARCIA, Data de Julgamento: 16/09/2009, QUARTA TURMA, Data de Publicação: 21/09/2009). Grifei.

13. Outrossim, relevante frisar que o §3º, do art. 53, da Constituição Estadual, incluído pela EC n. 13, de 15 de julho de 2014, dispõe que o pagamento tempestivo do débito decorrente do dever de restituir e/ou da obrigação de pagar multa, imposto(s) por decisão desta Corte de Contas, ―sanará o processo‖ se reconhecida a ―boa-fé‖.

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14. Sobre o assunto, sem análise de sua constitucionalidade, a jurisprudência especializada eleitoral já assentou que o saneamento do processo no âmbito do Tribunal de Contas, em virtude do pagamento do débito ou multa por ele imposto, seguido de quitação, o que é o caso dos autos, não afasta a prática da irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível. Sendo assim, o pagamento não impede a inserção do nome do gestor na lista em questão, muito menos justifica sua exclusão. Vejamos precedentes do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral sobre o tema:

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. CONTAS REJEITADAS. TRIBUNAL DE CONTAS. DESCUMPRIMENTO DA LEI DE LICITAÇÕES. VÍCIOS INSANÁVEIS. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, l, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. Precedente. 2. A rejeição de contas por decisão irrecorrível do órgão competente, em virtude de irregularidades relacionadas ao descumprimento da Lei n° 8.666/94, notadamente a extrapolação de limites para a modalidade de licitação adotada, a falta de orçamento e justificativa de preço na contratação de obra, e o fracionamento de despesas, acarreta a inelegibilidade descrita na alínea g do inciso l do art. 1º da LC n° 64/90, por configurarem tais práticas vícios insanáveis e atos dolosos de improbidade administrativa. 3. O dolo a que alude o referido dispositivo legal é o genérico, e não o específico, ou seja, a simples vontade de praticar a conduta em si que ensejou a improbidade. Precedentes do TSE. (TSE: AgRg-RO 59835, Acórdão de 02/10/2014, Relª Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 02/10/2014). Grifei. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. REJEIÇÃO DE CONTAS PELO TCE/ES. EX-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE GASTOS PELO PODER LEGISLATIVO. ART. 29-A. IRREGULARIDADES INSANÁVEIS QUE CONFIGURAM ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1°, I, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. Nos termos da orientação fixada neste Tribunal, o não recolhimento de verbas previdenciárias e a extrapolação dos limites de gastos pelo Poder Legislativo Municipal previstos na Constituição Federal são

irregularidades insanáveis que configuram atos dolosos de improbidade administrativa. 2. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. 3. Recurso especial a que se nega provimento para manter o indeferimento do registro do candidato. (TSE: RESPE 4366, Acórdão de 19/08/2014, Relª. Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 17/9/2014). Grifei. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. INELEGIBILIDADE. ART. 1, 1, G, DA LEI COMPLEMENTAR N° 64190. REJEIÇÃO DE CONTAS. PAGAMENTO DA MULTA. IRRELEVÂNCIA. DESPROVIMENTO. 1. A caracterização da inelegibilidade prevista no art. 1, 1, g, da LC 64190 pressupõe a rejeição de contas relativas ao exercício de cargo ou função pública por decisão irrecorrível proferida pelo órgão competente (salvo se suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário) em razão de irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa. 2. Na espécie, o TCE/ES rejeitou as contas prestadas pelo agravante - relativas aos exercícios de 2004 e 2005, na qualidade de presidente da Câmara Municipal de Ibatiba/ES - em razão do descumprimento da LC 10112000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 3. A quitação da multa imposta pelo Tribunal de Contas não tem o condão de afastar a inelegibilidade. Precedentes. 4. Agravo regimental não provido. (TSE: AgReg-RESPE 407-04/ES, Relª. Minª. Nancy Andrighi, em 12/10/2012). Grifei.

15. Acrescente-se, ainda, que o art. 338 do Regimento Interno dessa Corte de Contas estabelece categoricamente que comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida e promoverá a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD), não importando essas providências em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, in verbis:

Art. 338. Comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida, não importando em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, promovendo a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD).

16. Na mesma linha de raciocínio, o Tribunal Superior Eleitoral assentou que compete à Justiça Eleitoral, e não ao Tribunal de Contas, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato ímprobo, praticado na modalidade dolosa. Vejamos:

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ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (...) A questão controvertida neste recurso, portanto, restringe-se a verificar o enquadramento do recorrente na casa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, considerando que suas contas como ex-presidente da Câmara de Vereadores de Carapebus/RJ referentes ao exercício de 2002 foram desaprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Assim dispõe o referido dispositivo legal: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito)anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da

Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (...) (Grifo nosso) Essa causa de inelegibilidade não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário em âmbito administrativo, verificável no momento em que o cidadão se apresentar candidato em determinada eleição. Além disso, nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Conquanto a Câmara de Vereadores ou o próprio Tribunal de Contas não julguem improbidade administrativa, compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato improbo, praticado na modalidade dolosa. (...)‖ (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). Grifei.

17. No mesmo sentido é a recentíssima jurisprudência do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE, COM FULCRO NO ARTIGO 10, CAPUT, DA LEI 12.016/2009, QUE INDEFERIU A INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DESTA CORTE DE JUSTIÇA. PRETENSÃO DA AGRAVANTE DE SER EXCLUÍDA DE LISTA DE REJEIÇÃO DE CONTAS ENVIADA PELO TCE À JUSTIÇA ELEITORAL. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE ATO DOLOSO E DE RECOLHIMENTO VOLUNTÁRIO DO DÉBITO IMPUTADO. JUÍZO DE VALOR QUE SE REFERE À COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA ELEITORAL. INSURGÊNCIA RECURSAL EM DESFAVOR DE JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS APTOS A MODIFICAR A DECISÃO RECORRIDA. MANUTENÇÃO DO DECISUM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJRN: AgReg-MS 2015.018609-0/0001.00, Tribunal Pleno, Rel. Des. Dilermando Mota, julgado em 16/03/2016, publicado em 23/03/2016). Grifei.

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18. Sendo assim, frise-se que, nos termos do art. 11, §5º, da Lei Federal n. 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), combinada com o art. 1º, I, ―g‖, da Lei Complementar Federal n. 64/90 (Lei da Inelegibilidade), ao Tribunal de Contas compete apenas o envio à Justiça Eleitoral da ―relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível‖, cujo caráter dela é meramente informativo e a natureza do ato exclusivamente declaratória, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral. Vejamos:

―O Tribunal de Contas da União, ao prestar informações, corretamente ressaltou que o ato de inclusão na lista de responsáveis por contas julgadas irregulares e seu envio à Justiça Eleitoral não tem qualquer efeito que traduza lesão ou ameaça de lesão a direitos. A prática desse ato pelo TCU apenas ocorre por determinação legal expressa, constante do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Compete à Justiça Eleitoral, uma vez de posse da lista, apreciar e julgar sobre eventual inelegibilidade daquele que têm o nome nela incluído. O ato do TCU, portanto, não repercute diretamente sobre os direitos políticos do impetrante. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte é firme ao entender que a mera inclusão de nomes na lista de contas rejeitadas, para posterior remessa à Justiça Eleitoral, é ato declaratório e não resulta em lesão ou ameaça de lesão a direitos. Esse entendimento está consignado no MS 22.087, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.5.1996, e também no MS 24.991, de minha relatoria, DJ 20.10.2006, além de outros casos, tais como: MS 27.481, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; MS 27.388, Rel. Min. Joaquim Barbosa,DJe 5.2.2010; MS 27.476, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 2.9.2008; MS 27.605, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 1.10.2008. Ante o exposto, nego seguimento ao presente mandado de segurança (art. 21, § 1º, RI-STF), ficando prejudicado o pedido de medida liminar‖. (STF: MS 29.407/DF, Rel Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 21/02/2011, Data de Publicação: 25/02/2011). Grifei. ―ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. INCLUSÃO EM LISTA PARA REMESSA AO ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL DO NOME DO ADMINISTRADOR PÚBLICO QUE TEVE SUAS CONTAS REJEITADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NATUREZA DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA DE PRAZO PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL. 1. No presente caso, visa o recorrente a declaração de eventual prescrição quanto à prática do ato da Corte de Contas que, em cumprimento do art. 1º, inc. I, "g", da LC n. 64/1990, determinou o envio à Justiça Eleitoral da relação de administradores cujas contas foram julgadas irregulares no quinquênio anterior à realização das eleições municipais designadas para 5.10.2008.

2. A prescrição é fato jurídico que extingue a pretensão. A pretensão, por sua vez, decorre da violação de um direito subjetivo (art. 189 do Código Civil). 3. A inclusão pelo Tribunal de Contas do nome recorrente em lista de maus gestores não altera o mundo jurídico, não impõe nenhuma prestação nem sujeição ao recorrente, vale dispor, não envolve direito subjetivo ou potestativo. E, se não há imposição de prestação, tampouco sujeição a um direito, não há a prescrição nem a decadência. Em verdade, há o mero ato de declarar uma certeza jurídica - a constatação da irregularidade das contas do recorrente por meio de processo administrativo que teve curso na Corte de Contas - e, exatamente em razão dessa natureza declaratória, tal ato não se sujeita a prazo decadencial ou prescricional. 4. O ato impugnado não constitui pretensão punitiva como sustenta o recorrente, até porque o debate sobre a eventual aplicação da sanção de inelegibilidade será em outra Corte dotada de competência para tanto e mediante a observância das garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 5. A previsão de prazo extintivo para a prática do ato em testilha na LC n. 63/90, norma específica que disciplina o processo de tomada de contas, seria inconciliável com a natureza do mesmo ato. Por isto mesmo, mais incoerente com o ato jurídico em exame seria aplicar qualquer outro prazo prescricional ou decadencial previsto em norma geral. 6. Impera observar, por último, que o art. 25, §§ 1º e 2º, da LC n. 63/1990 e o art. 29, §§ 6º e 7º, da Deliberação n. 200/96, exclusiva e respectivamente, dizem respeito à ultimação da prestação ou da tomada de contas inicialmente consideradas iliquidáveis ou cujo encaminhamento foi dispensado, não guarda nenhuma relação com o ato de inclusão em lista de responsáveis por contas irregulares. 7. Recurso ordinário não provido‖. (STJ: RMS 29.972/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011). Grifei AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. IRREGULARIDADE. NATUREZA INSANÁVEL. NÃO-COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO IMPUGNANTE. INCLUSÃO. LISTA. TRIBUNAIS DE CONTAS. CARÁTER INFORMATIVO. 1. Esta Corte já assentou que a inclusão do nome do administrador público na lista remetida à Justiça Eleitoral pela Corte de Contas, não gera, por si só, inelegibilidade, uma vez que se trata de procedimento meramente informativo. 2. É ônus do impugnante comprovar que a rejeição de contas de eventual candidato ocorreu em face de irregularidade insanável, de modo a incidir a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Agravo regimental a que se nega provimento.

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(TSE: AgR 31451/RN, Rel. Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Data de Julgamento: 11/10/2008, Data de Publicação: 11/10/2008) Grifei.

19. No mesmo sentido: MS 31511/DF, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 18.09.2012; e, MS 31454 MC/DF, da relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 29.06.2012. 20. Assente-se, outrossim, que o Tribunal de Contas, no esteio do seu arranjo de competência, pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos. Nesse sentido, é o enunciado autorizativo da Súmula n. 347, do STF, bem como da Lei Orgânica (arts. 142 ss.) e do Regimento Interno (arts. 403 ss.). Essa competência, por óbvio, insere-se no âmbito do controle difuso, incidental ou concreto, abrangendo, igualmente, quaisquer espécies normativas, inclusive emenda à constituição, conforme entendimento de há muito consagrado no STF (ADIs 829-3 e 830-7). 21. Todavia, a Lei Orgânica do TCE e seu Regimento Interno preceituam a necessidade de instauração de incidente de constitucionalidade, reservando a questão ao Plenário. Acontece que a Suprema Corte já decidiu que a apreciação da constitucionalidade, por órgão de controle, no âmbito das funções eminentemente administrativas, não se sujeita à cláusula de reserva de plenário, o que é o caso dos autos, dada a competência para julgamento da presente matéria ser exclusiva do Presidente do Tribunal. Vejamos o ementário do precedente referido:

EMENTA: RECLAMAÇÃO – ARGUIÇÃO DE OFENSA AO POSTULADO DA RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97) – SÚMULA VINCULANTE Nº 10/STF – INAPLICABILIDADE – IMPUGNAÇÃO DEDUZIDA CONTRA ATO EMANADO DO CONSELHO DA MAGISTRATURA DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – ÓRGÃO DA CORTE JUDICIÁRIA ESTADUAL QUE EXERCE ATIVIDADE DE CARÁTER EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVO – INVIABILIDADE DA AÇÃO RECLAMATÓRIA – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A alegação de desrespeito à exigência constitucional da reserva de plenário (CF, art. 97) supõe, para restar configurada, a existência de decisão emanada de autoridades ou órgãos judiciários proferida em sede jurisdicional. (STF: Rcl 15.287 AgR/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 05/08/2014, publicado em 01/09/2014). Grifei.

22. Sendo assim, considerando que o Tribunal de Contas dispõe de competência para o controle de constitucionalidade, conclui-se ser possível o seu Chefe, no âmbito administrativo, monocraticamente, negar aplicação a norma que considere inconstitucional. Neste sentido, citamos festejado precedente da nossa Suprema Corte.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISORIA. REVOGAÇÃO. PEDIDO DE LIMINAR. [...] OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO, POR SUA CHEFIA - E ISSO

MESMO TEM SIDO QUESTIONADO COM O ALARGAMENTO DA LEGITIMAÇÃO ATIVA NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -, PODEM TÃO-SÓ DETERMINAR AOS SEUS ÓRGÃOS SUBORDINADOS QUE DEIXEM DE APLICAR ADMINISTRATIVAMENTE AS LEIS OU ATOS COM FORÇA DE LEI QUE CONSIDEREM INCONSTITUCIONAIS. [...] (STF: ADI 221 MC, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 29/03/1990, DJ 22/10/1993). Grifei.

23. Neste prisma, tendo em vista que o Tribunal de Contas é órgão administrativo de controle externo, e que a apreciação do pedido em questão é prerrogativa exclusiva desta Presidência, no exercício exclusivo da função administrativa desta Corte de Contas, conforme já consignado, tem-se por inaplicável o princípio da reserva de plenário, não havendo óbice a tal controle em juízo monocrático. 24. Destarte, verifica-se que nada impede que esta Presidência, no exercício exclusivo de sua função administrativa, exerça o controle difuso de constitucionalidade sem submissão ao plenário, e afaste a incidência da regra prevista nos §§ 3º e 7º, do art. 53, da Constituição Estadual, inserida pela EC 13/2014, posto ser ela eivada de inconstitucionalidade formal e material, como segue. 25. Bem, a inconstitucionalidade formal em questão da EC 13/2014, no tocante aos §§ 3º e 7º, do art. 53, decorre do vício de iniciativa, visto que, conforme já decidiu a Suprema Corte (ADI 4.643/RJ), competia a esta Corte de Contas deflagrar o processo legislativo sobre seu funcionamento e organização, o que não ocorreu, acabando o constituinte estadual por violar as prerrogativas da autonomia e do autogoverno inerentes a este Tribunal de Contas (CF, arts. 73 a 75, e 96, II). Vejamos o mencionado precedente:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ATRICON. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 142/2011. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA. VIOLAÇÃO ÀS PRERROGATIVAS DA AUTONOMIA E DO AUTOGOVERNO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 1. As Cortes de Contas do país, conforme reconhecido pela Constituição de 1988 e por esta Suprema Corte, gozam das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que inclui, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e seu funcionamento, como resulta da interpretação lógico-sistemática dos artigos 73, 75 e 96, II, ―d‖, CRFB/88. Precedentes: ADI 1.994/ES, Rel. Ministro Eros Grau, DJe 08.09.06; ADI nº 789/DF, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 19/12/94. 2. O ultraje à prerrogativa de instaurar o processo legislativo privativo traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência indubitavelmente reflete hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo eventualmente concretizado.

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Precedentes: ADI nº 1.381 MC/AL, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 06.06.2003; ADI nº 1.681 MC/SC, Rel. Ministro Maurício Corrêa, DJ 21.11.1997. 3. A Associação dos Membros do Tribunal de Contas do Brasil – ATRICON, por se tratar de entidade de classe de âmbito nacional e haver comprovado, in casu, a necessária pertinência temática, é agente dotado de legitimidade ativa ad causam para propositura da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do art. 103, IX, da Constituição Federal, conforme, inclusive, já amplamente reconhecido pelo Plenário desta Corte. Precedentes: ADI 4418 MC/TO, Relator Min. Dias Toffoli, DJe 15.06.2011; ADI nº 1.873/MG, Relator Min. Marco Aurélio, DJ de 19.09.03. 4. Inconstitucionalidade formal da Lei Complementar Estadual nº 142/2011, de origem parlamentar, que altera diversos dispositivos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, por dispor sobre forma de atuação, competências, garantias, deveres e organização do Tribunal de Contas estadual, matéria de iniciativa privativa à referida Corte. 5. Deferido o pedido de medida cautelar a fim de determinar a suspensão dos efeitos da Lei Complementar Estadual nº 142, de 08 de agosto de 2011, da lavra da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, até o julgamento definitivo da presente ação direta de inconstitucionalidade. (STF: ADI 4643 MC/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2014, publicado em 28/11/2014). Grifei.

26. Sob a óptica material, a inconstitucionalidade de tal dispositivo reside no flagrante atentado aos princípios da inafastabilidade da jurisdição, do juiz natural e do devido processo legal, bem como contra a competência privativa da União para legislar sobre o Direito Eleitoral (CF, arts. 5º, XXXV, LIII, LIV, 14, §9º, e 22, I). Isto porque, como visto acima, as decisões proferidas pelos Tribunais de Contas são puramente administrativas, não lhes competindo declarar a existência de ato de improbidade na modalidade dolosa, haja vista ser matéria exclusivamente reservada ao Poder Judiciário, em particular, quando referente à inelegibilidade, o que atrai a competência absoluta da Justiça Eleitoral. Ademais, ao se referir que por meio de pagamento seria possível sanar processo onde foi proferida decisão irrecorrível que reconheceu irregularidade insanável no âmbito do Tribunal de Contas, o constituinte derivado acabou por instituir casuística que, em tese, seria capaz de influir nas hipóteses de inelegibilidade, evidenciando assim desvio de finalidade do ato legislativo, posto que acabou editado em descompasso com o interesse público. 27. Não é demais dizer que esses argumentos compõem a causa de pedir da ADI 5.323/RN, movida pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON, e em trâmite na Suprema Corte na relatoria da Ministra Rosa Weber, já contando, registre-se, com parecer favorável da Advocacia-Geral da União – AGU e do Ministério Público Federal – MPF, pela inconstitucionalidade do §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, decorrente da inovação indevida do constituinte derivado reformador potiguar, por meio da EC 13/2014. Vejamos os respectivos excertos das conclusões:

AGU, em 24.09.2015: ―Diante do exposto, o Advogado-Geral da União manifesta-se pela procedência parcial do pedido veiculado pela requerente, devendo ser declarada a inconstitucionalidade dos artigos 53, §§ 6° e 7°; e 55, § 1°, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, tanto em seu texto original, quanto na redação dada pela Emenda Constitucional n° 13/2014; bem como da expressão "com o reconhecimento da boa-fé, a liquidação tempestiva do débito ou multa atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade na apreciação das contas", constante do § 3° do mencionado artigo 53 da Carta estadual‖. MPF, em 13.11.2015: ―As normas interferem, de fato, na organização e no funcionamento da corte de contas, porquanto impõem forma de atuação, competências e deveres a serem observados no desempenho de suas funções institucionais. Dessa maneira, as razões adotadas pela Corte na ADI 4.418/TO são suficientes para afirmar inconstitucionalidade das disposições constantes dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Carta do Rio Grande do Norte.‖ [...] As disposições dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Constituição do Rio Grande do Norte encontram-se em desconformidade com o entendimento adotado em tais precedentes. O regramento veiculado nos dispositivos constitui inovação indevida do constituinte derivado potiguar, porquanto não possui correspondência no modelo federal de configuração das cortes de contas. Por essa razão, há também afronta os arts. 25, caput, e 75, caput, da CR. Ante o exposto, opina a Procuradoria-Geral da República pela procedência parcial do pedido.‖

28. Frise-se, por oportuno, que diante da existência da ADI 5.323/RN, que já aguarda julgamento final perante a Suprema Corte, tem-se por desnecessária a representação desta Presidência às autoridades legitimadas para fins de inconstitucionalidade das disposições em questão.

29. Em arremate, seja por ter o Acórdão sido proferido antes de 16 de julho de 2014, data do início da vigência da Emenda Constitucional n. 13/2014, seja por que o pagamento tempestivo do débito ou multa imposto pelo Tribunal de Contas, seguido de quitação em saneamento do processo, não afasta a prática de irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível, seja pela irretroatividade e inconstitucionalidade de parte do §3º, acima referida, e de todo o §7º, ambos do art. 53, da Constituição Estadual, incidentalmente ora reconhecida, entendo regular o cumprimento interno do Acórdão n. 462/2011-TC apontado pelo requerente, a justificar a manutenção do seu nome na famigerada lista. 30. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido. À DAE para que cientifique o requerente.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

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PROCESSO Nº 14.613/2016-TC INTERESSADO: Jaime Calado Pereira dos Santos ADVOGADO: Edward Mitchel Duarte Amaral – OAB/RN 9.231-B ASSUNTO: Exclusão da lista de gestores julgados pelo TCE/RN

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por JAIME CALADO PEREIRA DOS SANTOS, por meio do qual, comunica, em suma, valendo-se de interpretada dada ao §1º do art. 269, do NCPC, que foi proferida decisão pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, nos autos do Agravo de Instrumento n. 2012.012350-1, que acabou por afastar os efeitos da decisão interlocutória proferida nos autos do Processo n. 012066-65.2012.8.20.0001, em trâmite na 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Natal/RN, resultando, por conseguinte, na suspensão dos efeitos do Acórdão n. 074/2009-TC até o julgamento final da lide. 2. Em arremate, o requerente requer o cumprimento de tal comando judicial, o que, na sua visão, obriga esta Corte de Contas a excluir o Processo n. 003145/2003-TC da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas. 3. Por meio do Parecer n. 125/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou, ao que interessa, que:

(i) a interpretação dada pelo requerente ao §1º do art. 269, do NCPC, mostra-se inadequada, não se prestando o presente a intimar esta Corte de Contas de decisão judicial, por duas razões. A uma, porque não foi realizada pelo correio. A duas, porque não está endereçada ao advogado da outra parte, considerando que a representação judicial desta Corte de Contas incumbe à Procuradoria Geral do Estado (PGE/RN); (ii) o objeto da ação e da decisão judicial mencionada pelo requerente é o Processo n. 000804/2004-TC, onde foi proferido o Acórdão n. 074/2009-TC, e não o Processo n. 003145/2003-TC em questão, cujo Acórdão é o n. 100/2011-TC; e, (iii) a decisão judicial apresentada foi reformada por meio dos Acórdãos proferidos em 17.01.2013, relativos aos Agravos de Instrumentos nºs. 2012.009630-7 e 2012.012350-1, disponibilizados no DJe em 17.01.2013, mantendo-se com isso a decisão interlocutória que denegou a antecipação da tutela que objetivava suspender a eficácia de decisão desta Corte de Contas. Por fim, o Processo n. 0123066-65.2012.8.20.0001 encontra-se concluso para sentença, com parecer do Ministério Público Estadual opinando pela improcedência dos pedidos autorais. Enfim, ainda não há decisão de mérito a ser cumprida.

4. Destarte, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido de exclusão do nome do requerente da pré-falada lista, no que tange ao Processo n. 003145/2003-TC. 5. É o relatório. Passo a decidir.

6. De plano, assente-se que o §1º do art. 269, do NCPC, inovou o sistema processual possibilitando que o advogado de uma parte intime o advogado da parte contrária, por meio de ofício, instruído com cópia do despacho, da decisão ou sentença que objetiva dar ciência, a ser encaminhado pelos Correios, com aviso de recebimento. 7. Sendo a parte contrária a ser intimada qualificada como ente federado, bem como suas respectivas autarquias ou fundações de direito público, no esteio do §3º do art. 269, do NCPC, o ofício de intimação deve ser encaminhado para o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. 8. Na hipótese dos autos, o advogado do requerente não se valeu de ofício, muito menos dos Correios para entrega com aviso de recebimento. Ademais, encaminhou o ato judicial, que deseja dar ciência, direto a esta Corte de Contas, ao invés de enviá-lo para o órgão de representação judicial competente, qual seja: a Procuradoria Geral do Estado (PGE/RN). 9. Destarte, no esteio do que assentou a CONJUR, verifica-se a impropriedade da interpretação dada pelo requerente à nova regra processual presente no NCPC, o que revela a inaptidão do ―ato de intimação‖. 10. De qualquer sorte, no mérito, percebo que nenhuma razão assiste ao requerente, conforme motivação articulada nos três pontos a seguir. 11. A uma, porque o objeto da ação e da decisão judicial mencionada pelo requerente é o Processo n. 000804/2004-TC, onde foi proferido o Acórdão n. 074/2009-TC, e não o Processo n. 003145/2003-TC em questão, cujo Acórdão é o de n. 100/2011-TC. 12. A dois, porque a decisão judicial apresentada foi reformada, por meio dos Acórdãos proferidos em 17.01.2013, relativos aos Agravos de Instrumentos nºs. 2012.009630-7 e 2012.012350-1, disponibilizados no DJe em 17.01.2013, mantendo-se com isso a decisão interlocutória que denegou a antecipação da tutela que objetivava suspender a eficácia da decisão desta Corte de Contas. 13. A três, porque o Processo n. 0123066-65.2012.8.20.0001 encontra-se concluso para sentença, ou seja, ainda não há decisão de mérito a ser cumprida por esta Corte de Contas. 14. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido do requerente. 15. Publique-se. Em seguida, à DAE para que cientifique o requerente. Ato contínuo, arquivem-se os autos. Natal, 08 de agosto de 2016.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

PROCESSO N. 014717/2016-TC INTERESSADA: José Eurico Alecrim Filho ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por JOSÉ EURICO ALECRIM FILHO, por meio do qual, aduz, em suma,

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que consta seu nome na lista de gestores que tiveram suas contas rejeitadas por irregularidades insanáveis em julgamento desta Corte de Contas, consoante Acórdãos n. 239/2006-TC e n. 70/2014-TC, proferidos, respectivamente, nos autos dos processos n. 006689/1995 – TC e n. 000453/1999 – TC. 2. Alega, outrossim, que não agiu com dolo, já tendo quitado a multa que lhe fora aplicada e que a decisão prolatada nos autos do processo n. 006689/1995 – TC completará, no mês de agosto deste ano de 2016, 08 anos desde a ocorrência de seu trânsito em julgado. Quanto ao processo n. 000453/1999 – TC, assevera que foi constatado um incidente de nulidade ―já devidamente protocolado nos autos‖. 3. Diante do exposto, o requerente pugnou pela exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas, por este Tribunal, devido a irregularidades insanáveis. 4. Remetido o feito à Consultoria Jurídica, esta sugeriu, por intermédio da Nota n. 049/2016-CJ/TC, a devolução do feito à Presidência para fins de notificação do Interessado para este emendar a Inicial, carreando aos autos todos os documentos comprobatórios de seu pleito, especialmente os referentes à nulidade arguida no âmbito do processo n. 000453/1999 – TC. 5. Intimado o Requerente, este apresentou o documento n. 015327/2016 – TC em que pleiteou a juntada apenas da cópia do comprovante de protocolo do incidente de nulidade. 6. Regressando os autos à CONJUR, esta, por meio do Parecer n. 142/2016 – CJ/TC, sustentou que:

(i) preliminarmente, este Presidente possui competência para deliberar sobre a matéria, conforme dispõem os arts. 13 da LCE n. 464/2012 e 78, incisos XXIV e XLV, da Resolução n. 009/2012 desta Corte, e que, em virtude da lista já ter sido homologada e remetida à justiça eleitoral, sugere que somente seja o pleito submetido à deliberação do Plenário se o pedido for deferido; (ii) ―em 15/08/2016 já estará consolidado o transcurso do prazo dos 08 (oito) anos desde o trânsito em julgado do Acórdão nº 239/2006-TC e, portanto, o nome do Requerente deve ser excluído da lista encaminhada à Justiça Eleitoral, em relação ao processo nº 006689/1995-TC‖ e que, para isto, ―a Presidência desta Corte de Contas deverá submeter a exclusão ao Tribunal Pleno, tendo em vista que a lista já foi homologada pelo colegiado‖; (iii) no que toca ao processo n. 000453/1999 – TC, o Requerente não possui o direito à exclusão de seu nome da lista encaminhada à Justiça Eleitoral, na medida em que a alegação de nulidade processual não se mostrou comprovada pelo Interessado, este que somente se limitou a trazer ao feito a primeira página do incidente com a data do protocolo em 07/07/2016. Ademais, consignou que, por meio de consulta ao sistema informatizado deste Tribunal, não constatou decisão alguma acerca de referido incidente, hábil a enseja a modificação dos Acórdãos nºs 486/2011-TC e 70/2014-TC, proferidos nos autos do processo nº 000453/1999-TC;

(iv) o fato de figurar o nome da gestora na lista encaminhada por esta Corte de Contas à Justiça Eleitoral, por si só, não lhe impõe a condição de inelegível, sendo imprescindível o reconhecimento do ato doloso configurador de improbidade administrativa quando da análise do pedido de registro de candidatura, matéria esta reservada à jurisdição eleitoral, segundo a jurisprudência pátria.

7. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo deferimento do pedido em relação ao processo n. 006689/1995 – TC (com a submissão ao Tribunal Pleno), e pelo indeferimento do pleito em relação ao processo nº 000453/1999 – TC, já que, neste último processo, ―a inclusão do Requerente na lista encaminhada à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral atende às disposições do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504, de 1997, c/c o art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64, de 1990, posto que a irregularidade apurada é insanável e caberá ao Poder Judiciário julgar se a conduta praticada configura ou não ato doloso de improbidade administrativa‖. 8. É o relatório. Passo a decidir. 9. Inicialmente, registre-se que no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 10. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que o requerente não discute o mérito da decisão, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, mesmo tendo quitado a multa imposta no âmbito do processo n. 006689/1995–TC (Acórdão n. 239/2006-TC) – fato que, na visão dele, revela sua boa-fé, sanando o feito –, além de que o referido Acórdão completará, segundo aduz, no mês de agosto deste ano de 2016, 08 anos desde a ocorrência de seu trânsito em julgado. Já quanto ao processo n. 000453/1999-TC, cinge-se o Interessado a discutir a ocorrência de Incidente de Nulidade. 11. Dito de outro modo, o requerente se limita a tratar dos efeitos de tais decisões no âmbito administrativo desta Corte de Contas, matéria que deve ser conhecida e apreciada por esta Presidência. 12. Pois bem. De logo, é importante registrar o teor do art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990, aludido pelo Interessado em epigrafe, vejamos:

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de

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despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição.

13. O dispositivo invocado estabelece que compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar a existência dos elementos mínimos essenciais à configuração da inelegibilidade, quais sejam: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, posicionamento exarado pelo Tribunal Superior Eleitoral, senão, vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). (Grifei)

14. Do aludido regramento, friso que o legislador estabeleceu requisitos cumulativos, assim, que todos os elementos mínimos indicados no art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da LC nº 64/1990, devem obrigatoriamente ser demonstrados em

conjunto, a fim de que se tenha atestada a inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 15. Assim, ressalto que consta, dentre os requisitos cumulativos, a imprescindibilidade de decisão irrecorrível proferida por órgão competente, no sentido da rejeição das respectivas contas, em razão de irregularidade insanável, sendo esse o marco inicial para contagem do aludido prazo. 16. Isso, porque o dispositivo em comento, ao elencar os requisitos, menciona a necessidade de decisão irrecorrível e, logo em seguida, assim dispõe ―para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão‖. Ora se, inicialmente, o legislador se refere à decisão irrecorrível e, no corpo do mesmo texto, menciona que deverá ser observado o prazo de 8 (oito) anos da data da decisão, vislumbro que o termo ―decisão‖ retoma a expressão ―decisão irrecorrível‖. Assim, considero que não há dúvidas quanto à intenção do legislador, senão a de estabelecer como marco inicial do antedito prazo a data da decisão irrecorrível, tendo em vista a imprescindibilidade do trânsito em julgado para posterior análise da inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 17. Inclusive, conforme bem salientado pela CONJUR, esse é o entendimento do Tribunal de Contas da União, consolidado por meio da Resolução n. 241/2011, art. 1º, §2º, o qual aqui reproduzo, por considerar de extrema relevância o seu conhecimento, consoante segue:

Art. 1º Nos anos em que ocorrerem eleições, o Tribunal encaminhará à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral, até o dia cinco do mês de julho, a relação dos responsáveis com contas julgadas irregulares, nos termos do disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, com trânsito em julgado nos oito anos imediatamente anteriores à realização de cada eleição. (...) §2º Para os fins desta resolução, considera-se transitado em julgado o acórdão que não mais se sujeita aos recursos previstos nos arts. 32, incisos I e II, e 48 da Lei n° 8.443, de 1992, considerados os respectivos prazos legais.

18. Diante de tais considerações, demonstra-se evidente que o prazo de 08 (oito) anos deve ser calculado tendo como marco inicial a data da decisão irrecorrível (trânsito em julgado), pois que sem esta a rejeição das contas não é consolidada e, por conseguinte, não é capaz de ensejar a inelegibilidade. 19. Paralelo a isso, ressalto que a aferição do transcurso de tal prazo deve ser procedida no momento da análise dos requisitos ensejadores da inelegibilidade, qual seja, a data da formalização do pedido de registro de candidatura, à luz do art. 11, caput e §10, da Lei 9.504/1997, conforme se vê:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. § 10. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade.

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20. Nessa linha, vertendo a análise especificamente à situação do requerente, denota-se que na data de 15/08/2016 (referida no dispositivo supra) já terá transcorrido o prazo de 08 anos desde a ocorrência do trânsito em julgado do Acórdão n. 239/2006-TC (proferido no âmbito do processo n. 006689/1995-TC), uma vez que o mesmo transitou em julgado em 06/08/2008, motivo pelo qual deve o interessado, quanto a esta condenação, ser excluído da lista enviada à Justiça Eleitoral, assistindo razão, quanto a este ponto, ao interessado. 21. Passo a análise do segundo pleito do requerente, igualmente visando à exclusão de lista, doravante ao argumento de que, nos autos do processo n. 000453/1999-TC, foi constatado Incidente de Nulidade. 22. Relativamente a este processo n. 000453/1999-TC, o Pleno desta Corte exarou o Acórdão n. 70/2014-TC¹ em que negou provimento ao Pedido de Reconsideração interposto pelo interessado, mantendo-se, portanto, o Acórdão n. 486/2011-TC, cujo voto² acolhido foi proferido pela Excelentíssima Conselheira Relatora Maria Adélia Sales, o qual, no que interessa ao caso em apreço, aplicou multa ao requerente, então Secretário Adjunto da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos – SERHID devido à constatação de irregularidade formal constatada no âmbito da Licitação n. 004/98 realizada pela referida Secretaria. 23. Registro que o trânsito em julgado do mencionado Acórdão n. 486/2011-TC se deu em 05/05/2012, consoante atestado pela Diretoria de Atos e Execuções deste Tribunal. 24. Pois bem. A alegação do interessado no sentido de que houve nulidade deste último processo não prospera. Isso porque, como bem pontuou a CONJUR, o incidente de nulidade processual não restou comprovado, tendo o requerente tão-somente juntado ao feito a primeira página do aludido incidente de nulidade com a data do protocolo em 07/07/2016. 25. Acrescente-se, nesse sentido, que, em consulta ao Sistema de Acompanhamento Processual desta Corte, verifiquei que inexiste decisão acerca do reportado incidente de nulidade hábil a modificar os Acórdãos n. 486/2011-TC e n. 70/2014-TC prolatados no âmbito deste processo n. 000453/1999-TC. 26. Com ser assim, não há amparo jurídico ao acolhimento do segundo pleito do requerente, razão pela qual o indefiro, devendo-se manter o seu nome na lista encaminhada à Justiça Eleitoral, quanto a esta última condenação imposta nos autos do processo n. 000453/1999-TC. 27. De mais a mais, é importante registrar que o §3º, do art. 53, da Constituição Estadual, incluído pela EC n. 13, de 15 de julho de 2014, publicada no DOE de 16 de julho de 2014, data do início de sua vigência, conforme art. 2º de tal emenda, dispõe que o pagamento tempestivo do débito decorrente do dever de restituir e/ou da obrigação de pagar multa, imposto(s) por decisão desta Corte de Contas, ―sanará o processo‖ se reconhecida a ―boa-fé‖. 28. Sobre o assunto, sem análise de sua constitucionalidade, a jurisprudência especializada eleitoral já assentou que o saneamento do processo no âmbito do Tribunal de Contas, em virtude do pagamento do débito ou multa por ele imposto, seguido de quitação, não afasta a prática da irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível. Sendo assim, o pagamento não impede a inserção do nome do gestor na lista em questão, muito menos justifica sua exclusão. Vejamos precedentes do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral sobre o tema:

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. CONTAS REJEITADAS. TRIBUNAL DE CONTAS. DESCUMPRIMENTO DA LEI DE LICITAÇÕES. VÍCIOS INSANÁVEIS. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, l, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. Precedente. 2. A rejeição de contas por decisão irrecorrível do órgão competente, em virtude de irregularidades relacionadas ao descumprimento da Lei n° 8.666/94, notadamente a extrapolação de limites para a modalidade de licitação adotada, a falta de orçamento e justificativa de preço na contratação de obra, e o fracionamento de despesas, acarreta a inelegibilidade descrita na alínea g do inciso l do art. 1º da LC n° 64/90, por configurarem tais práticas vícios insanáveis e atos dolosos de improbidade administrativa. 3. O dolo a que alude o referido dispositivo legal é o genérico, e não o específico, ou seja, a simples vontade de praticar a conduta em si que ensejou a improbidade. Precedentes do TSE. (TSE: AgRg-RO 59835, Acórdão de 02/10/2014, Relª Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 02/10/2014). Grifei. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. REJEIÇÃO DE CONTAS PELO TCE/ES. EX-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE GASTOS PELO PODER LEGISLATIVO. ART. 29-A. IRREGULARIDADES INSANÁVEIS QUE CONFIGURAM ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1°, I, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. Nos termos da orientação fixada neste Tribunal, o não recolhimento de verbas previdenciárias e a extrapolação dos limites de gastos pelo Poder Legislativo Municipal previstos na Constituição Federal são irregularidades insanáveis que configuram atos dolosos de improbidade administrativa. 2. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas.

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3. Recurso especial a que se nega provimento para manter o indeferimento do registro do candidato. (TSE: RESPE 4366, Acórdão de 19/08/2014, Relª. Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 17/9/2014). Grifei. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. INELEGIBILIDADE. ART. 1, 1, G, DA LEI COMPLEMENTAR N° 64190. REJEIÇÃO DE CONTAS. PAGAMENTO DA MULTA. IRRELEVÂNCIA. DESPROVIMENTO. 1. A caracterização da inelegibilidade prevista no art. 1, 1, g, da LC 64190 pressupõe a rejeição de contas relativas ao exercício de cargo ou função pública por decisão irrecorrível proferida pelo órgão competente (salvo se suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário) em razão de irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa. 2. Na espécie, o TCE/ES rejeitou as contas prestadas pelo agravante - relativas aos exercícios de 2004 e 2005, na qualidade de presidente da Câmara Municipal de Ibatiba/ES - em razão do descumprimento da LC 10112000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 3. A quitação da multa imposta pelo Tribunal de Contas não tem o condão de afastar a inelegibilidade. Precedentes. 4. Agravo regimental não provido. (TSE: AgReg-RESPE 407-04/ES, Relª. Minª. Nancy Andrighi, em 12/10/2012). Grifei.

29. Acrescente-se, ainda, que o art. 338 do Regimento Interno dessa Corte de Contas estabelece categoricamente que comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida e promoverá a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD), não importando essas providências em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, in verbis:

Art. 338. Comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida, não importando em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, promovendo a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD).

30. Pontue-se, por oportuno, que a análise referente à ocorrência ou não de ato doloso de improbidade administrativa dos gestores que figuram na lista não pode ser feita por esta Corte de Contas, pois se trata de matéria que, a meu ver, é reservada exclusivamente ao Poder Judiciário, conforme jurisprudência pátria, inclusive com decisão já da nossa Suprema Corte:

EMENTA: RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEMISSÃO. PODER DISCIPLINAR. LIMITES DE ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. ATO DE IMPROBIDADE. [...] 4. Ato de improbidade: a aplicação das penalidades previstas na Lei n. 8.429/92 não incumbe à Administração, eis que privativa do

Poder Judiciário. Verificada a prática de atos de improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério Público para ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de demissão. Recurso ordinário provido. (STF: RMS 24.699/DF, Rel. Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 30/11/2004, DJ 01-07-2005). Grifei. ADMINISTRATIVO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. SERVIDOR PÚBLICO. PENA DE DEMISSÃO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRINCÍPIO DA RESERVA DE JURISDIÇÃO. O enquadramento da conduta do servidor como ato de improbidade administrativa, para fins de perda da função pública, submete-se à apreciação judicial, ante a incidência do princípio da reserva de jurisdição, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.429/92. [...] (TRF-4: AG 19429/RS, Rel. Des. Federal SÉRGIO RENATO TEJADA GARCIA, Data de Julgamento: 16/09/2009, QUARTA TURMA, Data de Publicação: 21/09/2009). Grifei.

31. Na mesma linha de raciocínio, o Tribunal Superior Eleitoral assentou que compete à Justiça Eleitoral, e não ao Tribunal de Contas, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato ímprobo, praticado na modalidade dolosa. Vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e

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normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (...) A questão controvertida neste recurso, portanto, restringe-se a verificar o enquadramento do recorrente na casa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, considerando que suas contas como ex-presidente da Câmara de Vereadores de Carapebus/RJ referentes ao exercício de 2002 foram desaprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Assim dispõe o referido dispositivo legal: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa,e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (...) (Grifo nosso) Essa causa de inelegibilidade não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário em âmbito administrativo, verificável no momento em que o cidadão se apresentar candidato em determinada eleição. Além disso, nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Conquanto a Câmara de Vereadores ou o próprio Tribunal de Contas não julguem improbidade administrativa, compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato improbo, praticado na modalidade dolosa. (...)‖ (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). Grifei.

32. No mesmo sentido é a recentíssima jurisprudência do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE, COM FULCRO NO ARTIGO 10, CAPUT, DA LEI 12.016/2009, QUE INDEFERIU A INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DESTA CORTE DE JUSTIÇA. PRETENSÃO DA AGRAVANTE DE SER EXCLUÍDA DE LISTA DE REJEIÇÃO DE CONTAS ENVIADA PELO TCE À JUSTIÇA ELEITORAL. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE ATO DOLOSO E DE RECOLHIMENTO VOLUNTÁRIO DO DÉBITO IMPUTADO. JUÍZO DE VALOR QUE SE REFERE À COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA ELEITORAL. INSURGÊNCIA RECURSAL EM DESFAVOR DE JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS APTOS A MODIFICAR A DECISÃO RECORRIDA. MANUTENÇÃO DO DECISUM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJRN: AgReg-MS 2015.018609-0/0001.00, Tribunal Pleno, Rel. Des. Dilermando Mota, julgado em 16/03/2016, publicado em 23/03/2016). Grifei.

33. Sendo assim, frise-se que, nos termos do art. 11, §5º, da Lei Federal n. 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), combinada com o art. 1º, I, ―g‖, da Lei Complementar Federal n. 64/90 (Lei da Inelegibilidade), ao Tribunal de Contas compete apenas o envio à Justiça Eleitoral da ―relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível‖, cujo caráter dela é meramente informativo e a natureza do ato exclusivamente declaratória, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral. Vejamos:

―O Tribunal de Contas da União, ao prestar informações, corretamente ressaltou que o ato de inclusão na lista de responsáveis por contas julgadas irregulares e seu envio à Justiça Eleitoral não tem qualquer efeito que traduza lesão ou ameaça de lesão a direitos. A prática desse ato pelo TCU apenas ocorre por determinação legal expressa, constante do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Compete à Justiça Eleitoral, uma vez de posse da lista, apreciar e julgar sobre eventual inelegibilidade daquele que têm o nome nela incluído. O ato do TCU, portanto, não repercute diretamente sobre os direitos políticos do impetrante. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte é firme ao entender que a mera inclusão de nomes na lista de contas rejeitadas, para posterior remessa à Justiça Eleitoral, é ato declaratório e não resulta em lesão ou ameaça de lesão a direitos. Esse entendimento está consignado no MS 22.087, Rel. Min. Carlos

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Velloso, DJ 10.5.1996, e também no MS 24.991, de minha relatoria, DJ 20.10.2006, além de outros casos, tais como: MS 27.481, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; MS 27.388, Rel. Min. Joaquim Barbosa,DJe 5.2.2010; MS 27.476, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 2.9.2008; MS 27.605, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 1.10.2008. Ante o exposto, nego seguimento ao presente mandado de segurança (art. 21, § 1º, RI-STF), ficando prejudicado o pedido de medida liminar‖. (STF: MS 29.407/DF, Rel Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 21/02/2011, Data de Publicação: 25/02/2011). Grifei. ―ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. INCLUSÃO EM LISTA PARA REMESSA AO ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL DO NOME DO ADMINISTRADOR PÚBLICO QUE TEVE SUAS CONTAS REJEITADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NATUREZA DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA DE PRAZO PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL. 1. No presente caso, visa o recorrente a declaração de eventual prescrição quanto à prática do ato da Corte de Contas que, em cumprimento do art. 1º, inc. I, "g", da LC n. 64/1990, determinou o envio à Justiça Eleitoral da relação de administradores cujas contas foram julgadas irregulares no quinquênio anterior à realização das eleições municipais designadas para 5.10.2008. 2. A prescrição é fato jurídico que extingue a pretensão. A pretensão, por sua vez, decorre da violação de um direito subjetivo (art. 189 do Código Civil). 3. A inclusão pelo Tribunal de Contas do nome recorrente em lista de maus gestores não altera o mundo jurídico, não impõe nenhuma prestação nem sujeição ao recorrente, vale dispor, não envolve direito subjetivo ou potestativo. E, se não há imposição de prestação, tampouco sujeição a um direito, não há a prescrição nem a decadência. Em verdade, há o mero ato de declarar uma certeza jurídica - a constatação da irregularidade das contas do recorrente por meio de processo administrativo que teve curso na Corte de Contas - e, exatamente em razão dessa natureza declaratória, tal ato não se sujeita a prazo decadencial ou prescricional. 4. O ato impugnado não constitui pretensão punitiva como sustenta o recorrente, até porque o debate sobre a eventual aplicação da sanção de inelegibilidade será em outra Corte dotada de competência para tanto e mediante a observância das garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 5. A previsão de prazo extintivo para a prática do ato em testilha na LC n. 63/90, norma específica que disciplina o processo de tomada de contas, seria inconciliável com a natureza do mesmo ato. Por isto mesmo, mais incoerente com o ato jurídico em exame seria aplicar qualquer outro prazo prescricional ou decadencial previsto em norma geral. 6. Impera observar, por último, que o art. 25, §§ 1º e 2º, da LC n. 63/1990 e o art. 29, §§ 6º e 7º,

da Deliberação n. 200/96, exclusiva e respectivamente, dizem respeito à ultimação da prestação ou da tomada de contas inicialmente consideradas iliquidáveis ou cujo encaminhamento foi dispensado, não guarda nenhuma relação com o ato de inclusão em lista de responsáveis por contas irregulares. 7. Recurso ordinário não provido‖. (STJ: RMS 29.972/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011). Grifei AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. IRREGULARIDADE. NATUREZA INSANÁVEL. NÃO-COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO IMPUGNANTE. INCLUSÃO. LISTA. TRIBUNAIS DE CONTAS. CARÁTER INFORMATIVO. 1. Esta Corte já assentou que a inclusão do nome do administrador público na lista remetida à Justiça Eleitoral pela Corte de Contas, não gera, por si só, inelegibilidade, uma vez que se trata de procedimento meramente informativo. 2. É ônus do impugnante comprovar que a rejeição de contas de eventual candidato ocorreu em face de irregularidade insanável, de modo a incidir a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE: AgR 31451/RN, Rel. Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Data de Julgamento: 11/10/2008, Data de Publicação: 11/10/2008) Grifei.

34. No mesmo sentido: MS 31511/DF, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 18.09.2012; e, MS 31454 MC/DF, da relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 29.06.2012. 35. Assente-se, outrossim, que o Tribunal de Contas, no esteio do seu arranjo de competência, pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos. Nesse sentido, é o enunciado autorizativo da Súmula n. 347, do STF, bem como da Lei Orgânica (arts. 142 ss.) e do Regimento Interno (arts. 403 ss.). Essa competência, por óbvio, insere-se no âmbito do controle difuso, incidental ou concreto, abrangendo, igualmente, quaisquer espécies normativas, inclusive emenda à constituição, conforme entendimento de há muito consagrado no STF (ADIs 829-3 e 830-7). 36. Todavia, a Lei Orgânica do TCE e seu Regimento Interno preceituam a necessidade de instauração de incidente de constitucionalidade, reservando a questão ao Plenário. Acontece que a Suprema Corte já decidiu que a apreciação da constitucionalidade, por órgão de controle, no âmbito das funções eminentemente administrativas, não se sujeita à cláusula de reserva de plenário, o que é o caso dos autos, dada a competência para julgamento da presente matéria ser exclusiva do Presidente do Tribunal. Vejamos o ementário do precedente referido:

EMENTA: RECLAMAÇÃO – ARGUIÇÃO DE OFENSA AO POSTULADO DA RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97) – SÚMULA VINCULANTE Nº 10/STF – INAPLICABILIDADE – IMPUGNAÇÃO DEDUZIDA CONTRA ATO

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EMANADO DO CONSELHO DA MAGISTRATURA DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – ÓRGÃO DA CORTE JUDICIÁRIA ESTADUAL QUE EXERCE ATIVIDADE DE CARÁTER EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVO – INVIABILIDADE DA AÇÃO RECLAMATÓRIA – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A alegação de desrespeito à exigência constitucional da reserva de plenário (CF, art. 97) supõe, para restar configurada, a existência de decisão emanada de autoridades ou órgãos judiciários proferida em sede jurisdicional. (STF: Rcl 15287 AgR/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 05/08/2014, publicado em 01/09/2014). Grifei

37. Sendo assim, considerando que o Tribunal de Contas dispõe de competência para o controle de constitucionalidade, conclui-se ser possível o seu Chefe, no âmbito administrativo, monocraticamente, negar aplicação a norma que considere inconstitucional. Neste sentido, citamos festejado precedente da nossa Suprema Corte.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISORIA. REVOGAÇÃO. PEDIDO DE LIMINAR. [...] OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO, POR SUA CHEFIA - E ISSO MESMO TEM SIDO QUESTIONADO COM O ALARGAMENTO DA LEGITIMAÇÃO ATIVA NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -, PODEM TÃO-SÓ DETERMINAR AOS SEUS ÓRGÃOS SUBORDINADOS QUE DEIXEM DE APLICAR ADMINISTRATIVAMENTE AS LEIS OU ATOS COM FORÇA DE LEI QUE CONSIDEREM INCONSTITUCIONAIS. [...] (STF: ADI 221 MC, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 29/03/1990, DJ 22/10/1993). Grifei.

38. Neste prisma, considerando que o Tribunal de Contas é órgão administrativo de controle externo, e que a apreciação do pedido em questão é prerrogativa exclusiva desta Presidência, no exercício exclusivo da função administrativa desta Corte de Contas, conforme já consignado, tem-se por inaplicável o princípio da reserva de plenário, não havendo óbice a tal controle em juízo monocrático. 39. Destarte, verifica-se que nada impede que esta Presidência, no exercício exclusivo de sua função administrativa, exerça o controle difuso de constitucionalidade sem submissão ao plenário, e afaste a incidência de parte da regra prevista no § 3º, qual seja: ―com o reconhecimento da boa-fé, a liquidação tempestiva do débito ou multa atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade na apreciação das contas‖, e da regra do §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, inseridas pela EC 13/2014, pois são eivadas de inconstitucionalidade formal e material, como segue. 40. Bem, a inconstitucionalidade formal em questão da EC 13/2014, no tocante aos §§3º e 7º, do art. 53, decorre do vício de iniciativa, visto que, conforme já decidiu a Suprema Corte (ADI 4.643/RJ), competia a esta Corte de Contas deflagrar o

processo legislativo sobre seu funcionamento e organização, o que não ocorreu, acabando o constituinte estadual por violar as prerrogativas da autonomia e do autogoverno inerentes a este Tribunal de Contas (CF, arts. 73 a 75, e 96, II). Vejamos o mencionado precedente:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ATRICON. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 142/2011. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA. VIOLAÇÃO ÀS PRERROGATIVAS DA AUTONOMIA E DO AUTOGOVERNO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 1. As Cortes de Contas do país, conforme reconhecido pela Constituição de 1988 e por esta Suprema Corte, gozam das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que inclui, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e seu funcionamento, como resulta da interpretação lógico-sistemática dos artigos 73, 75 e 96, II, ―d‖, CRFB/88. Precedentes: ADI 1.994/ES, Rel. Ministro Eros Grau, DJe 08.09.06; ADI nº 789/DF, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 19/12/94. 2. O ultraje à prerrogativa de instaurar o processo legislativo privativo traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência indubitavelmente reflete hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo eventualmente concretizado. Precedentes: ADI nº 1.381 MC/AL, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 06.06.2003; ADI nº 1.681 MC/SC, Rel. Ministro Maurício Corrêa, DJ 21.11.1997. 3. A Associação dos Membros do Tribunal de Contas do Brasil – ATRICON, por se tratar de entidade de classe de âmbito nacional e haver comprovado, in casu, a necessária pertinência temática, é agente dotado de legitimidade ativa ad causam para propositura da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do art. 103, IX, da Constituição Federal, conforme, inclusive, já amplamente reconhecido pelo Plenário desta Corte. Precedentes: ADI 4418 MC/TO, Relator Min. Dias Toffoli, DJe 15.06.2011; ADI nº 1.873/MG, Relator Min. Marco Aurélio, DJ de 19.09.03. 4. Inconstitucionalidade formal da Lei Complementar Estadual nº 142/2011, de origem parlamentar, que altera diversos dispositivos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, por dispor sobre forma de atuação, competências, garantias, deveres e organização do Tribunal de Contas estadual, matéria de iniciativa privativa à referida Corte. 5. Deferido o pedido de medida cautelar a fim de determinar a suspensão dos efeitos da Lei Complementar Estadual nº 142, de 08 de agosto de 2011, da lavra da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, até o julgamento definitivo da presente ação direta de inconstitucionalidade.

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(STF: ADI 4643 MC/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2014, publicado em 28/11/2014). Grifei.

41. Sob a óptica material, a inconstitucionalidade de tal dispositivo reside no flagrante atentado aos princípios da inafastabilidade da jurisdição, do juiz natural e do devido processo legal, bem como contra a competência privativa da União para legislar sobre o Direito Eleitoral (CF, arts. 5º, XXXV, LIII, LIV, 14, §9º, e 22, I). Isto porque, como visto acima, as decisões proferidas pelos Tribunais de Contas são puramente administrativas, não lhes competindo declarar a existência de ato de improbidade na modalidade dolosa, haja vista ser matéria exclusivamente reservada ao Poder Judiciário, em particular, quando referente à inelegibilidade, o que atrai a competência absoluta da Justiça Eleitoral. Ademais, ao se referir que por meio de pagamento seria possível sanar processo onde foi proferida decisão irrecorrível que reconheceu irregularidade insanável no âmbito do Tribunal de Contas, o constituinte derivado acabou por instituir casuística que, em tese, seria capaz de influir nas hipóteses de inelegibilidade, evidenciando assim desvio de finalidade do ato legislativo, posto que acabou editado em descompasso com o interesse público. 42. Não é demais dizer que esses argumentos compõem a causa de pedir da ADI 5.323/RN, movida pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON, e em trâmite na Suprema Corte na relatoria da Ministra Rosa Weber, já contando, registre-se, com parecer favorável da Advocacia-Geral da União – AGU e do Ministério Público Federal – MPF, pela inconstitucionalidade parcial do §3º, e total do §7º, ambos do art. 53, da Constituição Estadual, decorrente da inovação indevida do constituinte derivado reformador potiguar, por meio da EC 13/2014. Vejamos os respectivos excertos das conclusões:

AGU, em 24.09.2015: ―Diante do exposto, o Advogado-Geral da União manifesta-se pela procedência parcial do pedido veiculado pela requerente, devendo ser declarada a inconstitucionalidade dos artigos 53, §§ 6° e 7°; e 55, § 1°, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, tanto em seu texto original, quanto na redação dada pela Emenda Constitucional n° 13/2014; bem como da expressão "com o reconhecimento da boa-fé, a liquidação tempestiva do débito ou multa atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade na apreciação das contas", constante do § 3° do mencionado artigo 53 da Carta estadual‖. MPF, em 13.11.2015: ―As normas interferem, de fato, na organização e no funcionamento da corte de contas, porquanto impõem forma de atuação, competências e deveres a serem observados no desempenho de suas funções institucionais. Dessa maneira, as razões adotadas pela Corte na ADI 4.418/TO são suficientes para afirmar inconstitucionalidade das disposições constantes dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Carta do Rio Grande do Norte.‖ [...] As disposições dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Constituição do Rio Grande do Norte encontram-se em desconformidade

com o entendimento adotado em tais precedentes. O regramento veiculado nos dispositivos constitui inovação indevida do constituinte derivado potiguar, porquanto não possui correspondência no modelo federal de configuração das cortes de contas. Por essa razão, há também afronta os arts. 25, caput, e 75, caput, da CR. Ante o exposto, opina a Procuradoria-Geral da República pela procedência parcial do pedido.‖

43. Frise-se, por oportuno, que diante da existência da ADI 5.323/RN, que já aguarda julgamento final perante a Suprema Corte, tem-se por desnecessária a representação desta Presidência às autoridades legitimadas para fins de inconstitucionalidade das disposições em questão. 44. Em reforço, apresenta-se relevante anotar que o próprio Tribunal Superior Eleitoral considera sedimentado o entendimento de que contas julgadas irregulares por força de atos lesivos ao erário configuram irregularidades insanáveis sob a ótica da Lei das Inelegibilidades, entendimento este que inviabiliza flagrantemente a pretensão do requerente de ver seu nome subtraído da lista a ser encaminhada pelo Tribunal de Contas do Estado. Veja-se:

―[...] Prefeito. Inelegibilidade. Rejeição de contas. TCU. Convênios federais. Dano ao erário. Desprovimento. 1. Indefere-se o pedido de registro de candidatura se presentes, simultaneamente, os três requisitos do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/90, quais sejam, contas rejeitadas por irregularidade insanável, decisão irrecorrível do órgão competente e que não haja provimento judicial a afastar os efeitos da decisão que rejeitou as contas. 2. A decisão do Tribunal de Contas da União que assenta dano ao erário configura irregularidade de natureza insanável. [...]‖ (TSE: REspe nº 3965643, rel. Min. Marcelo Ribeiro, julgado em 06.05.2010). Grifei. ―AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATO. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. CONVÊNIO. JULGAMENTO PELO TCU. IRREGULARIDADE INSANÁVEL. INELEGIBILIDADE CONFIGURADA. RECURSO PROVIDO. I. Não compete à Justiça Eleitoral julgar o acerto ou desacerto da decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União, tampouco verificar se determinadas cláusulas contratuais de convênio federal foram (ou não) respeitadas, sob pena de grave e indevida usurpação de competência. II. Cabe à Justiça Eleitoral analisar se, na decisão que desaprovou as contas de convênio, estão (ou não) presentes os requisitos ensejadores da causa de inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar 64/1990, quais sejam, contas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente.

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III. A decisão do Tribunal de Contas da União que assenta dano ao erário configura irregularidade de natureza insanável. IV. Recurso conhecido e provido. Decisão: O Tribunal, por maioria, proveu o Agravo Regimental para prover o Recurso Especial e indeferir o registro de candidatura de Breno José de Araújo Costa, nos termos do voto do Ministro Ricardo Lewandowski, que redigirá o acórdão. Vencidos os Ministros Relator e Arnaldo Versiani. (TSE: AgR-AgR-RESPE n. 33806, Rel. Min. EROS ROBERTO GRAU, Relator(a) designado(a) Min. ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI, Data 18/06/2009)‖. Grifei.

45. Em arremate, seja porque o pagamento tempestivo do débito ou multa imposto pelo Tribunal de Contas, seguido de quitação em saneamento do processo, não afasta a prática de irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível, seja pela inconstitucionalidade de parte do §3º, acima referida, e de todo o §7º, ambos do art. 53, da Constituição Estadual, incidentalmente ora reconhecida, entendo regular o cumprimento interno dos Acórdãos n. 486/2011-TC e n. 70/2014-TC (proferidos no processo n. 000453/1999-TC) apontados pelo requerente, a justificar a manutenção do seu nome, quanto a esta condenação, na pré-falada lista. 46. Pelo exposto, DEFIRO parcialmente pedido do requerente e determino, ad referendum do Tribunal Pleno, a exclusão do seu nome da lista dos gestores que tiveram suas contas rejeitadas por esta Corte de Contas, exclusivamente quanto ao Acórdão n. 239/2006-TC proferido no âmbito do Processo n. 006689/1995-TC; em relação ao Processo n. 000453/1999-TC, no âmbito do qual foram prolatados os Acórdãos n. 486/2011-TC e n. 70/2014-TC, INDEFIRO o pedido, mantendo-se o nome do interessado, em relação a esta última condenação, na referida lista. 47. Publique-se. Em seguida, à DAE para que cientifique o requerente, por seu advogado, regularmente constituído e habilitado aos autos, e expeça ofício à Justiça Eleitoral comunicado o ocorrido.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

_______________ ¹ ACÓRDÃO Nº 70/2014-TC Vistos, relatados e discutidos estes autos de pedido de reconsideração interposto pelo responsável Rômulo de Macedo Vieira, então Secretário da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado, contra acórdão da relatoria da Conselheira Maria Adélia Sales, proferido em 29 de setembro de 2011, ACORDAM os Conselheiros, nos termos do voto proferido pelo Conselheiro Relator, julgar pelo conhecimento e não provimento do recurso. (Processo nº 000453/1999-TC, Tribunal Pleno, Relator: Conselheiro Tarcísio Costa). ² ―Voto Pela IRREGULARIDADE da matéria, nos termos do art. 78, inciso II, parágrafo 3º, alínea ―b‖, da Lei Complementar n 121/94, nos seguintes moldes: a) pela exclusão da responsabilidade do Sr. Paulo Lopes Varella Neto, Secretário de Estado dos Recursos Hídricos do RN, vez que não figurou em qualquer ato de execução do contrato; b) aplicação de multa aos responsáveis Alexandre Camarano, Raimundo Zeferino de Freitas Júnior, Rômulo de Macedo Vieira, José Eurico Alecrim Filho e Sérvulo Luiz Hollanda e Silva no valor individual de R$ 500,00 (quinhentos reais), a título de sanção administrativa ao dano formal incorrido, que entendo suficiente como penalidade; c) aplicação de multa individual no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) aos agentes identificados no item anterior e à empresa TECNOSOLO S/A, ante as irregularidades em relação ao

aditamento do contrato, bem como, adiantamento do pagamento, em consonância com o art. 102, inciso II, alínea ―a‖, do referido diploma legal‖.

PROCESSO N. 014742/2016-TC INTERESSADO: Leonardo Ferreira de Azevedo ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por LEONARDO FERREIRA DE AZEVEDO, por meio do qual, aduz, em suma, que teve suas contas julgadas irregulares pelo Acórdão n. 993/2000-TC proferido no âmbito do Processo n. 010909/1996-TC em 05.10.2000, de maneira que já haveria transcorrido o prazo de 8 (oito) anos desde a referida Decisão, à luz do art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990. 2. Diante do exposto, o requerente pugnou pela exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas. 3. Por meio do Parecer n. 134/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou que:

(i) ―Em que pese, de fato, o interessado ter sido condenado por meio do Acórdão nº 993/2000, de 05 de outubro do ano 2000, ele interpôs pedido de reconsideração e posteriormente embargos de declaração de tal decisão, tendo o processo somente transitado em julgado em 18 de agosto de 2014‖; (ii) ―O prazo para contagem dos oito anos previsto na Lei Complementar nº 64/1990 inicia-se após o trânsito em julgado da decisão irrecorrível‖.

4. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido. 5. É o relatório. Passo a decidir. 6. Inicialmente, no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 7. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que o requerente não discute o mérito da decisão, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, sob o argumento de que já haveria transcorrido o período de 8 (oito) anos desde a decisão condenatória proferida em 05.10.2000, no âmbito do Processo n. 010909/1996-TC, em face do disposto na Lei Complementar nº 64/1990, art. 1º, inciso I, alínea ―g‖. 8. Pois bem. De logo, é importante registrar o teor do art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990, aludido pelo interessado em epigrafe, vejamos:

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Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição.

9. O dispositivo invocado estabelece que compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar a existência dos elementos mínimos essenciais à configuração da inelegibilidade, quais sejam: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, posicionamento exarado pelo Tribunal Superior Eleitoral, senão, vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela

ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). (Grifei)

10. Do aludido regramento, friso que o legislador estabeleceu requisitos cumulativos, de maneira que todos os elementos mínimos indicados no art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da LC nº 64/1990, devem obrigatoriamente ser demonstrados em conjunto, a fim de que se tenha atestada a inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 11. Assim, ressalto que consta, dentre os requisitos cumulativos, a imprescindibilidade de decisão irrecorrível proferida por órgão competente, no sentido da rejeição das respectivas contas, em razão de irregularidade insanável, sendo esse o marco inicial para contagem do aludido prazo. 12. Isso, porque o dispositivo em comento, ao elencar os requisitos, menciona a necessidade de decisão irrecorrível e, logo em seguida, assim dispõe ―para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão‖. Ora se, inicialmente, o legislador se refere à decisão irrecorrível e, no corpo do mesmo texto, menciona que deverá ser observado o prazo de 8 (oito) anos da data da decisão, vislumbro que o termo ―decisão‖ retoma a expressão ―decisão irrecorrível‖. Assim, considero que não há dúvidas quanto à intenção do legislador, senão a de estabelecer como marco inicial do antedito prazo a data da decisão irrecorrível, tendo em vista a imprescindibilidade do trânsito em julgado para posterior análise da inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 13. Inclusive, conforme bem salientado pela CONJUR, esse é o entendimento do Tribunal de Contas da União, consolidado por meio da Resolução n. 241/2011, art. 1º, §2º, o qual aqui reproduzo, por considerar de extrema relevância o seu conhecimento, consoante segue:

Art. 1º Nos anos em que ocorrerem eleições, o Tribunal encaminhará à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral, até o dia cinco do mês de julho, a relação dos responsáveis com contas julgadas irregulares, nos termos do disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, com trânsito em julgado nos oito anos imediatamente anteriores à realização de cada eleição. (...) §2º Para os fins desta resolução, considera-se transitado em julgado o acórdão que não mais se sujeita aos recursos previstos nos arts. 32, incisos I e II, e 48 da Lei n° 8.443, de 1992, considerados os respectivos prazos legais.

14. Diante de tais considerações, demonstra-se evidente que o prazo de 08 (oito) anos deve ser calculado tendo como marco inicial a data da decisão irrecorrível (trânsito em julgado), pois que sem esta a rejeição das contas não é consolidada e, por conseguinte, não é capaz de ensejar a inelegibilidade. 15. Paralelo a isso, ressalto que a aferição do transcurso de tal prazo deve ser procedida no momento da análise dos requisitos ensejadores da inelegibilidade, qual seja, a data da

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formalização do pedido de registro de candidatura, à luz do art. 11, caput e §10, da Lei 9.504/1997, conforme se vê:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. § 10. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade.

16. Vertendo à análise especificamente à situação do requerente, denota-se que o mesmo, de fato, teve suas contas de gestão rejeitadas por irregularidade insanável por meio do Acórdão n. 993/2000, datado de 05.10.2000, proferido no âmbito do Processo n. 010909/1996-TC. No entanto, o trânsito em julgado da referida Decisão ocorreu, tão somente, em 18.08.2014, tendo em vista a interposição de Pedido de Reconsideração e Embargos Declaratórios. 17. Dessa forma, o aludido Acórdão resta protegido pelo manto da coisa julgada apenas a partir de 18.08.2014, razão pela qual, não assiste razão ao requerente, uma vez que, até o presente momento, não houve transcurso do prazo de 8 anos, já que deve ser computado desde a decisão irrecorrível no âmbito administrativo. 18. Paralelo a isso, ressalto que, nos termos do art. 11, §5º, da Lei Federal n. 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), combinada com o art. 1º, I, ―g‖, da Lei Complementar Federal n. 64/90 (Lei da Inelegibilidade), ao Tribunal de Contas compete apenas o envio à Justiça Eleitoral da ―relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível‖, cujo caráter dela é meramente informativo e a natureza do ato exclusivamente declaratória, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral. Vejamos:

―O Tribunal de Contas da União, ao prestar informações, corretamente ressaltou que o ato de inclusão na lista de responsáveis por contas julgadas irregulares e seu envio à Justiça Eleitoral não tem qualquer efeito que traduza lesão ou ameaça de lesão a direitos. A prática desse ato pelo TCU apenas ocorre por determinação legal expressa, constante do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Compete à Justiça Eleitoral, uma vez de posse da lista, apreciar e julgar sobre eventual inelegibilidade daquele que têm o nome nela incluído. O ato do TCU, portanto, não repercute diretamente sobre os direitos políticos do impetrante. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte é firme ao entender que a mera inclusão de nomes na lista de contas rejeitadas, para posterior remessa à Justiça Eleitoral, é ato declaratório e não resulta em lesão ou ameaça de lesão a direitos. Esse entendimento está consignado no MS 22.087, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.5.1996, e também no MS 24.991, de minha relatoria, DJ 20.10.2006, além de outros casos, tais como: MS 27.481, Rel. Min.

Ricardo Lewandowski; MS 27.388, Rel. Min. Joaquim Barbosa,DJe 5.2.2010; MS 27.476, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 2.9.2008; MS 27.605, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 1.10.2008. Ante o exposto, nego seguimento ao presente mandado de segurança (art. 21, § 1º, RI-STF), ficando prejudicado o pedido de medida liminar‖. (STF: MS 29.407/DF, Rel Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 21/02/2011, Data de Publicação: 25/02/2011). Grifei. ―ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. INCLUSÃO EM LISTA PARA REMESSA AO ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL DO NOME DO ADMINISTRADOR PÚBLICO QUE TEVE SUAS CONTAS REJEITADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NATUREZA DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA DE PRAZO PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL. 1. No presente caso, visa o recorrente a declaração de eventual prescrição quanto à prática do ato da Corte de Contas que, em cumprimento do art. 1º, inc. I, "g", da LC n. 64/1990, determinou o envio à Justiça Eleitoral da relação de administradores cujas contas foram julgadas irregulares no quinquênio anterior à realização das eleições municipais designadas para 5.10.2008. 2. A prescrição é fato jurídico que extingue a pretensão. A pretensão, por sua vez, decorre da violação de um direito subjetivo (art. 189 do Código Civil). 3. A inclusão pelo Tribunal de Contas do nome recorrente em lista de maus gestores não altera o mundo jurídico, não impõe nenhuma prestação nem sujeição ao recorrente, vale dispor, não envolve direito subjetivo ou potestativo. E, se não há imposição de prestação, tampouco sujeição a um direito, não há a prescrição nem a decadência. Em verdade, há o mero ato de declarar uma certeza jurídica - a constatação da irregularidade das contas do recorrente por meio de processo administrativo que teve curso na Corte de Contas - e, exatamente em razão dessa natureza declaratória, tal ato não se sujeita a prazo decadencial ou prescricional. 4. O ato impugnado não constitui pretensão punitiva como sustenta o recorrente, até porque o debate sobre a eventual aplicação da sanção de inelegibilidade será em outra Corte dotada de competência para tanto e mediante a observância das garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 5. A previsão de prazo extintivo para a prática do ato em testilha na LC n. 63/90, norma específica que disciplina o processo de tomada de contas, seria inconciliável com a natureza do mesmo ato. Por isto mesmo, mais incoerente com o ato jurídico em exame seria aplicar qualquer outro prazo prescricional ou decadencial previsto em norma geral. 6. Impera observar, por último, que o art. 25, §§ 1º e 2º, da LC n. 63/1990 e o art. 29, §§ 6º e 7º, da Deliberação n. 200/96, exclusiva e respectivamente, dizem respeito à ultimação da prestação ou da tomada de contas inicialmente

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consideradas iliquidáveis ou cujo encaminhamento foi dispensado, não guarda nenhuma relação com o ato de inclusão em lista de responsáveis por contas irregulares. 7. Recurso ordinário não provido‖. (STJ: RMS 29.972/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011). Grifei AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. IRREGULARIDADE. NATUREZA INSANÁVEL. NÃO-COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO IMPUGNANTE. INCLUSÃO. LISTA. TRIBUNAIS DE CONTAS. CARÁTER INFORMATIVO. 1. Esta Corte já assentou que a inclusão do nome do administrador público na lista remetida à Justiça Eleitoral pela Corte de Contas, não gera, por si só, inelegibilidade, uma vez que se trata de procedimento meramente informativo. 2. É ônus do impugnante comprovar que a rejeição de contas de eventual candidato ocorreu em face de irregularidade insanável, de modo a incidir a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE: AgR 31451/RN, Rel. Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Data de Julgamento: 11/10/2008, Data de Publicação: 11/10/2008) Grifei.

19. No mesmo sentido: MS 31511/DF, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 18.09.2012; e, MS 31454 MC/DF, da relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 29.06.2012. 20. Em arremate, por ter o Acórdão n. 993/2000 transitado em julgado, tão somente, em 18.08.2014, entendo que não se aplica o art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da LC n. 64/1990, pois que não houve transcurso do referido prazo de 8 (oito) anos da decisão irrecorrível no âmbito administrativo, de maneira que se demonstra regular a inserção e manutenção do nome do requerente na famigerada lista. 21. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido. À DAE para que cientifique o requerente.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

PROCESSO N. 014847/2016-TC INTERESSADO: Mario Silverio da Costa ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por MARIO SILVERIO DA COSTA, por meio do qual, aduz, em suma, que teve suas contas julgadas irregulares pelo Acórdão n. 187/2008-TC proferido no âmbito do Processo n. 013001/2006-TC em 25.03.2008, de maneira que já haveria transcorrido o prazo de 8 (oito) anos desde a referida Decisão, à luz do art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990.

2. Diante do exposto, o requerente pugnou pela exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas. 3. Por meio do Parecer n. 140/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou que:

(i) ―Em que pese, de fato, o interessado ter sido condenado por meio do Acórdão nº 187/2008, de 25 de março do ano 2008, o processo veio a transitar em julgado (sic) em 13 de fevereiro de 2009‖; (ii) ―O prazo para contagem dos oito anos previsto na Lei Complementar nº 64/1990 inicia-se após o trânsito em julgado da decisão irrecorrível‖.

4. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido. 5. É o relatório. Passo a decidir. 6. Inicialmente, no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 7. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que o requerente não discute o mérito da decisão, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, sob o argumento de que já haveria transcorrido o período de 8 (oito) anos desde a decisão condenatória proferida em 25.03.2008, no âmbito do Processo n. 013001/2006-TC, em face do disposto na Lei Complementar nº 64/1990, art. 1º, inciso I, alínea ―g‖. 8. Pois bem. De logo, é importante registrar o teor do art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990, aludido pelo interessado em epigrafe, vejamos:

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição.

9. O dispositivo invocado estabelece que compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar a existência dos elementos mínimos essenciais à configuração da inelegibilidade, quais sejam: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade

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administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, posicionamento exarado pelo Tribunal Superior Eleitoral, senão, vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). (Grifei)

10. Do aludido regramento, friso que o legislador estabeleceu requisitos cumulativos, assim, que todos os elementos mínimos indicados no art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da LC nº 64/1990, devem obrigatoriamente ser demonstrados em conjunto, a fim de que se tenha atestada a inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 11. Assim, ressalto que consta, dentre os requisitos cumulativos, a imprescindibilidade de decisão irrecorrível proferida por órgão competente, no sentido da rejeição das respectivas contas, em razão de irregularidade insanável, sendo esse o marco inicial para contagem do aludido prazo.

12. Isso, porque o dispositivo em comento, ao elencar os requisitos, menciona a necessidade de decisão irrecorrível e, logo em seguida, assim dispõe ―para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão‖. Ora se, inicialmente, o legislador se refere à decisão irrecorrível e, no corpo do mesmo texto, menciona que deverá ser observado o prazo de 8 (oito) anos da data da decisão, vislumbro que o termo ―decisão‖ retoma a expressão ―decisão irrecorrível‖. Assim, considero que não há dúvidas quanto à intenção do legislador, senão a de estabelecer como marco inicial do antedito prazo a data da decisão irrecorrível, tendo em vista a imprescindibilidade do trânsito em julgado para posterior análise da inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 13. Inclusive, conforme bem salientado pela CONJUR, esse é o entendimento do Tribunal de Contas da União, consolidado por meio da Resolução n. 241/2011, art. 1º, §2º, o qual aqui reproduzo, por considerar de extrema relevância o seu conhecimento, consoante segue:

Art. 1º Nos anos em que ocorrerem eleições, o Tribunal encaminhará à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral, até o dia cinco do mês de julho, a relação dos responsáveis com contas julgadas irregulares, nos termos do disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, com trânsito em julgado nos oito anos imediatamente anteriores à realização de cada eleição. (...) §2º Para os fins desta resolução, considera-se transitado em julgado o acórdão que não mais se sujeita aos recursos previstos nos arts. 32, incisos I e II, e 48 da Lei n° 8.443, de 1992, considerados os respectivos prazos legais.

14. Diante de tais considerações, demonstra-se evidente que o prazo de 08 (oito) anos deve ser calculado tendo como marco inicial a data da decisão irrecorrível, pois que sem esta a rejeição das contas não é consolidada e, por conseguinte, não é capaz de ensejar a inelegibilidade. 15. Paralelo a isso, ressalto que a aferição do transcurso de tal prazo deve ser procedida no momento da análise dos requisitos ensejadores da inelegibilidade, qual seja, a data da formalização do pedido de registro de candidatura, à luz do art. 11, caput e §10, da Lei 9.504/1997, conforme se vê:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. § 10. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade.

16. Vertendo a análise especificamente à situação do requerente, denota-se que o mesmo, de fato, teve suas contas de gestão rejeitadas por irregularidade insanável por meio do Acórdão n. 187/2008, datado de 25.03.2008, proferido no âmbito do Processo n. 013001/2006-TC. No entanto, o trânsito em julgado da referida Decisão ocorreu, tão somente, em 13.02.2009.

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17. Dessa forma, o aludido Acórdão resta protegido pelo manto da coisa julgada apenas a partir de 13.02.2009, razão pela qual, não assiste razão ao requerente, uma vez que, até o presente momento, não houve transcurso do prazo de 8 anos, já que deve ser computado desde a decisão irrecorrível no âmbito administrativo. 18. Paralelo a isso, ressalto que, nos termos do art. 11, §5º, da Lei Federal n. 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), combinada com o art. 1º, I, ―g‖, da Lei Complementar Federal n. 64/90 (Lei da Inelegibilidade), ao Tribunal de Contas compete apenas o envio à Justiça Eleitoral da ―relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível‖, cujo caráter dela é meramente informativo e a natureza do ato exclusivamente declaratória, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral. Vejamos:

―O Tribunal de Contas da União, ao prestar informações, corretamente ressaltou que o ato de inclusão na lista de responsáveis por contas julgadas irregulares e seu envio à Justiça Eleitoral não tem qualquer efeito que traduza lesão ou ameaça de lesão a direitos. A prática desse ato pelo TCU apenas ocorre por determinação legal expressa, constante do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Compete à Justiça Eleitoral, uma vez de posse da lista, apreciar e julgar sobre eventual inelegibilidade daquele que têm o nome nela incluído. O ato do TCU, portanto, não repercute diretamente sobre os direitos políticos do impetrante. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte é firme ao entender que a mera inclusão de nomes na lista de contas rejeitadas, para posterior remessa à Justiça Eleitoral, é ato declaratório e não resulta em lesão ou ameaça de lesão a direitos. Esse entendimento está consignado no MS 22.087, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.5.1996, e também no MS 24.991, de minha relatoria, DJ 20.10.2006, além de outros casos, tais como: MS 27.481, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; MS 27.388, Rel. Min. Joaquim Barbosa,DJe 5.2.2010; MS 27.476, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 2.9.2008; MS 27.605, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 1.10.2008. Ante o exposto, nego seguimento ao presente mandado de segurança (art. 21, § 1º, RI-STF), ficando prejudicado o pedido de medida liminar‖. (STF: MS 29.407/DF, Rel Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 21/02/2011, Data de Publicação: 25/02/2011). Grifei. ―ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. INCLUSÃO EM LISTA PARA REMESSA AO ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL DO NOME DO ADMINISTRADOR PÚBLICO QUE TEVE SUAS CONTAS REJEITADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NATUREZA DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA DE PRAZO PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL. 1. No presente caso, visa o recorrente a declaração de eventual prescrição quanto à prática do ato da Corte de Contas que, em

cumprimento do art. 1º, inc. I, "g", da LC n. 64/1990, determinou o envio à Justiça Eleitoral da relação de administradores cujas contas foram julgadas irregulares no quinquênio anterior à realização das eleições municipais designadas para 5.10.2008. 2. A prescrição é fato jurídico que extingue a pretensão. A pretensão, por sua vez, decorre da violação de um direito subjetivo (art. 189 do Código Civil). 3. A inclusão pelo Tribunal de Contas do nome recorrente em lista de maus gestores não altera o mundo jurídico, não impõe nenhuma prestação nem sujeição ao recorrente, vale dispor, não envolve direito subjetivo ou potestativo. E, se não há imposição de prestação, tampouco sujeição a um direito, não há a prescrição nem a decadência. Em verdade, há o mero ato de declarar uma certeza jurídica - a constatação da irregularidade das contas do recorrente por meio de processo administrativo que teve curso na Corte de Contas - e, exatamente em razão dessa natureza declaratória, tal ato não se sujeita a prazo decadencial ou prescricional. 4. O ato impugnado não constitui pretensão punitiva como sustenta o recorrente, até porque o debate sobre a eventual aplicação da sanção de inelegibilidade será em outra Corte dotada de competência para tanto e mediante a observância das garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 5. A previsão de prazo extintivo para a prática do ato em testilha na LC n. 63/90, norma específica que disciplina o processo de tomada de contas, seria inconciliável com a natureza do mesmo ato. Por isto mesmo, mais incoerente com o ato jurídico em exame seria aplicar qualquer outro prazo prescricional ou decadencial previsto em norma geral. 6. Impera observar, por último, que o art. 25, §§ 1º e 2º, da LC n. 63/1990 e o art. 29, §§ 6º e 7º, da Deliberação n. 200/96, exclusiva e respectivamente, dizem respeito à ultimação da prestação ou da tomada de contas inicialmente consideradas iliquidáveis ou cujo encaminhamento foi dispensado, não guarda nenhuma relação com o ato de inclusão em lista de responsáveis por contas irregulares. 7. Recurso ordinário não provido‖. (STJ: RMS 29.972/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011). Grifei AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. IRREGULARIDADE. NATUREZA INSANÁVEL. NÃO-COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO IMPUGNANTE. INCLUSÃO. LISTA. TRIBUNAIS DE CONTAS. CARÁTER INFORMATIVO. 1. Esta Corte já assentou que a inclusão do nome do administrador público na lista remetida à Justiça Eleitoral pela Corte de Contas, não gera, por si só, inelegibilidade, uma vez que se trata de procedimento meramente informativo.

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2. É ônus do impugnante comprovar que a rejeição de contas de eventual candidato ocorreu em face de irregularidade insanável, de modo a incidir a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE: AgR 31451/RN, Rel. Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Data de Julgamento: 11/10/2008, Data de Publicação: 11/10/2008) Grifei.

19. No mesmo sentido: MS 31511/DF, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 18.09.2012; e, MS 31454 MC/DF, da relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 29.06.2012. 20. Em arremate, por ter o Acórdão n. 187/2008 transitado em julgado, tão somente, em 13.02.2009, entendo que não se aplica o art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da LC n. 64/1990, pois que não houve transcurso do referido prazo de 8 (oito) anos da decisão irrecorrível no âmbito administrativo, de maneira que se demonstra regular a inserção e manutenção do nome do requerente na famigerada lista. 21. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido. À DAE para que cientifique o requerente.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

PROCESSO N. 014934/2016-TC INTERESSADO: José Micarlo Tomas de Oliveira ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por JOSÉ MICARLO TOMAS DE OLIVEIRA, por meio do qual, aduz, em suma, que em virtude do Processo nº 004015/2008 – TC, figura indevidamente na lista dos gestores que tiveram as contas julgadas irregulares por esta Corte de Contas. 2. Alega o requerente que não praticou qualquer ato doloso de improbidade administrativa e, ademais, que as irregularidades aferidas tratam-se de vícios formais que não seriam aptos a ensejar a inclusão do seu nome na antedita lista. 3. Diante do exposto, o requerente pugnou pela exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas. 4. Por meio do Parecer n. 141/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou, em síntese, que:

(i) teve as contas reprovadas, relativas ao exercício de 2008, por não comprovar a publicação dos Relatórios de Gestão Fiscal, bem como por ultrapassar o limite constitucional para despesas do Poder Legislativo, estabelecido no art. 29- A, inciso I, da Constituição4 , resultando na aplicação de duas multas distintas: R$ 7.171,20 (sete mil cento e setenta e um reais e vinte centavos) e R$ 500,00 (quinhentos reais).

(ii) A ausência de comprovação da publicação dos Relatórios de Gestão Fiscal, segundo a Recomendação Conjunta do Ministério Público Eleitoral e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, não enseja a inclusão na lista encaminhada à Justiça Eleitoral. (iii) a irregularidade decorrente do não cumprimento de um limite constitucional constitui clara infração à norma constitucional, que resultou na condenação do responsável. Sendo assim, não há como excluir o nome do Interessado da lista encaminhada à Justiça Eleitoral. (iv) O mero recolhimento da multa não transmuda a natureza da irregularidade para a prática de ato regular, exceto se o Tribunal de Contas modificar o seu julgado mediante uma decisão favorável ao interessado.

5. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido. 6. É o relatório. Passo a decidir. 7. Inicialmente, como bem pontuou a CONJUR, no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 8. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que o requerente não discute o mérito da decisão, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, posto que a irregularidade verificada, em sua visão, estaria incluída nas hipóteses da Recomendação Conjunta do MPC e do MP Eleitoral, bem como que não teria realizado ato doloso de improbidade administrativa. 9. Dito de outro modo, o requerente se limita a tratar dos efeitos de tal decisão no âmbito administrativo desta Corte de Contas, matéria que deve ser conhecida e apreciada por esta Presidência. 10. Pois bem, prefacialmente, é importante destacar o teor da Recomendação Conjunta do Ministério Público de Contas do Estado do Rio Grande do Norte e do Ministério Público Eleitoral, trazida a lume pelo requerente:

―Ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte, Conselheiro Paulo Roberto Chaves Alves, que tome todas as medidas administrativas necessárias à exclusão da lista de inelegíveis a ser remetida ao Tribunal Regional Eleitoral dos gestores que tenham, exclusivamente, sido condenados por decisão irrecorrível desta Corte nas seguintes hipóteses: i) Prestação de contas em atraso que haja ensejado aplicação de multa, desde que tenham sido efetivamente prestadas; ii) Irregularidade decorrente de multas de pequeno valor por atraso ocasional no pagamento de contas atinentes à prestação de serviços públicos, tais como de água, luz e telefone;

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iii) Mora na remessa e/ou publicação do Relatório de Gestão Fiscal, desde que tenha sido remetido ou publicado; iv) Mora na remessa e/ou publicação do Relatório Resumido de Execução Orçamentária, desde que tenha sido remetido ou publicado; v) Descumprimento de diligência ou de determinação emanada do TCE/RN, que tenha atraído a aplicação de multa.

11. Importante, nesse contexto, destacar ainda o Acórdão nº 1176/2012 – TC, in verbis:

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acolhendo parcialmente a informação do Corpo Instrutivo e integralmente o Parecer do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ACORDAM os Conselheiros, nos termos do voto proferido pelo Conselheiro Relator, julgar pela NÃO APROVAÇÃO DA MATÉRIA, em conformidade com o art. 78, incisos I e II, da Lei Complementar Estadual nº 121/94, em decorrência dos vícios supra apontados, impondo-se ao Sr. José Micarlo Tomas de Oliveira: a) A cominação de sanção legal, na forma de multa no valor de R$ 7.171,20, correspondente a 30% do valor do subsídio anual do gestor, devidamente corrigido monetariamente pelo Corpo Técnico, com fulcro no o art. 5°, inciso I, IV e § 1°, da Lei Ordinária n° 10.028/2000, e no art. 26, inciso V, da Resolução n° 007/2005 - TCE, por ter infringido as normas que determinam a comprovação da publicação dos Relatórios de Gestão Fiscal - RGFs, e ter, concomitantemente, ultrapassado o limite de despesas com pessoal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. b) A cominação de sanção legal, na forma de multa no valor de R$ 500,00, pelo descumprimento do limite de despesas gerais do Poder Legislativo, nos termos do artigo 29-A, inciso I, da Constituição Federal, com fulcro no artigo 102, inciso II, alínea ‗b‗, da Lei Complementar Estadual nº 121/1994. (Processo nº 004015/2008-TC, 1ª Câmara, Relator: Carlos Thompson Costa Fernandes) (Grifou-se)

12. Ao confrontar as hipóteses trazidas pela já citada Recomendação com as irregularidades demonstradas nos autos, vê-se claramente uma divergência, qual seja, a efetiva publicação do RGF. 13. A Recomendação é clara ao excluir os nomes dos gestores que foram condenados ao pagamento de multas pela mora na publicação dos relatórios exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, desde que os referidos tenham, de fato, sido publicados. 14. Diferentemente, no caso em tela, tem-se que o gestor foi condenado, dentre outras irregularidades, também pela ausência de divulgação do supramencionado relatório, sem que haja nos autos qualquer prova acerca da mencionada publicação em momento posterior. 15. Assim sendo, a conduta praticada pelo requerente não se amolda a hipótese de exclusão prevista na Recomendação.

16. Ademais, no que toca à condenação decorrente do descumprimento do limite de despesas gerais do Poder Legislativo, nos termos do artigo 29-A, inciso I, da Constituição Federal, e o tempestivo pagamento da multa a que se refere, conforme Certidão colacionada ao Processo de Execução nº 000732/2015 (Processo Eletrônico), vejamos. 17. De logo, é importante registrar que o §3º, do art. 53, da Constituição Estadual, incluído pela EC n. 13, de 15 de julho de 2014, publicada no DOE de 16 de julho de 2014, data do início de sua vigência, conforme art. 2º de tal emenda, dispõe que o pagamento tempestivo do débito decorrente do dever de restituir e/ou da obrigação de pagar multa, imposto(s) por decisão desta Corte de Contas, ―sanará o processo‖ se reconhecida a ―boa-fé‖. 18. Sobre o assunto, sem análise de sua constitucionalidade, a jurisprudência especializada eleitoral já assentou que o saneamento do processo no âmbito do Tribunal de Contas, em virtude do pagamento do débito ou multa por ele imposto, seguido de quitação, não afasta a prática da irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível. Sendo assim, o pagamento não impede a inserção do nome do gestor na lista em questão, muito menos justifica sua exclusão. Vejamos precedentes do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral sobre o tema:

ELEIÇÕES 2014. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO FEDERAL. CONTAS REJEITADAS. TRIBUNAL DE CONTAS. DESCUMPRIMENTO DA LEI DE LICITAÇÕES. VÍCIOS INSANÁVEIS. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, l, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. Precedente. 2. A rejeição de contas por decisão irrecorrível do órgão competente, em virtude de irregularidades relacionadas ao descumprimento da Lei n° 8.666/94, notadamente a extrapolação de limites para a modalidade de licitação adotada, a falta de orçamento e justificativa de preço na contratação de obra, e o fracionamento de despesas, acarreta a inelegibilidade descrita na alínea g do inciso l do art. 1º da LC n° 64/90, por configurarem tais práticas vícios insanáveis e atos dolosos de improbidade administrativa. 3. O dolo a que alude o referido dispositivo legal é o genérico, e não o específico, ou seja, a simples vontade de praticar a conduta em si que ensejou a improbidade. Precedentes do TSE. (TSE: AgRg-RO 59835, Acórdão de 02/10/2014, Relª Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 02/10/2014). Grifei. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. ELEIÇÕES 2012. VEREADOR. REJEIÇÃO DE CONTAS

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PELO TCE/ES. EX-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E EXTRAPOLAÇÃO DOS LIMITES DE GASTOS PELO PODER LEGISLATIVO. ART. 29-A. IRREGULARIDADES INSANÁVEIS QUE CONFIGURAM ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE. INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE DO ART. 1°, I, G, DA LC N° 64/90. DESPROVIMENTO. 1. Nos termos da orientação fixada neste Tribunal, o não recolhimento de verbas previdenciárias e a extrapolação dos limites de gastos pelo Poder Legislativo Municipal previstos na Constituição Federal são irregularidades insanáveis que configuram atos dolosos de improbidade administrativa. 2. O saneamento do processo promovido pelo TCE com base na sua legislação específica, diante da quitação do débito, não tem o condão de assentar a boa-fé e a ausência de dolo por parte do recorrente, porquanto o dolo a se perquirir para a incidência da inelegibilidade por rejeição de contas se refere às condutas irregulares praticadas. 3. Recurso especial a que se nega provimento para manter o indeferimento do registro do candidato. (TSE: RESPE 4366, Acórdão de 19/08/2014, Relª. Minª. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: 17/9/2014). Grifei. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA. VEREADOR. INELEGIBILIDADE. ART. 1, 1, G, DA LEI COMPLEMENTAR N° 64190. REJEIÇÃO DE CONTAS. PAGAMENTO DA MULTA. IRRELEVÂNCIA. DESPROVIMENTO. 1. A caracterização da inelegibilidade prevista no art. 1, 1, g, da LC 64190 pressupõe a rejeição de contas relativas ao exercício de cargo ou função pública por decisão irrecorrível proferida pelo órgão competente (salvo se suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário) em razão de irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa. 2. Na espécie, o TCE/ES rejeitou as contas prestadas pelo agravante - relativas aos exercícios de 2004 e 2005, na qualidade de presidente da Câmara Municipal de Ibatiba/ES - em razão do descumprimento da LC 10112000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 3. A quitação da multa imposta pelo Tribunal de Contas não tem o condão de afastar a inelegibilidade. Precedentes. 4. Agravo regimental não provido. (TSE: AgReg-RESPE 407-04/ES, Relª. Minª. Nancy Andrighi, em 12/10/2012). Grifei.

19. Acrescente-se, ainda, que o art. 338 do Regimento Interno dessa Corte de Contas estabelece categoricamente que comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida e promoverá a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD), não importando essas providências em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, in verbis:

Art. 338. Comprovado o recolhimento integral, o Tribunal expedirá certificado de quitação da dívida, não importando em modificação do julgamento quanto à irregularidade das contas, promovendo a devida anotação no Cadastro Geral de Acompanhamento de Decisões (CGAD).

20. Pontue-se, por oportuno, que a análise referente à ocorrência ou não de ato doloso de improbidade administrativa dos gestores que figuram na lista não pode ser feita por esta Corte de Contas, pois se trata de matéria que, a meu ver, é reservada exclusivamente ao Poder Judiciário, conforme jurisprudência pátria, inclusive com decisão já da nossa Suprema Corte:

EMENTA: RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEMISSÃO. PODER DISCIPLINAR. LIMITES DE ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. ATO DE IMPROBIDADE. [...] 4. Ato de improbidade: a aplicação das penalidades previstas na Lei n. 8.429/92 não incumbe à Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a prática de atos de improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério Público para ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de demissão. Recurso ordinário provido. (STF: RMS 24.699/DF, Rel. Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 30/11/2004, DJ 01-07-2005). Grifei. ADMINISTRATIVO. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. SERVIDOR PÚBLICO. PENA DE DEMISSÃO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRINCÍPIO DA RESERVA DE JURISDIÇÃO. O enquadramento da conduta do servidor como ato de improbidade administrativa, para fins de perda da função pública, submete-se à apreciação judicial, ante a incidência do princípio da reserva de jurisdição, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.429/92. [...] (TRF-4: AG 19429/RS, Rel. Des. Federal SÉRGIO RENATO TEJADA GARCIA, Data de Julgamento: 16/09/2009, QUARTA TURMA, Data de Publicação: 21/09/2009). Grifei.

21. Na mesma linha de raciocínio, o Tribunal Superior Eleitoral assentou que compete à Justiça Eleitoral, e não ao Tribunal de Contas, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato ímprobo, praticado na modalidade dolosa. Vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I

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E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (...) A questão controvertida neste recurso, portanto, restringe-se a verificar o enquadramento do recorrente na casa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar nº 64/1990, considerando que suas contas como ex-presidente da Câmara de Vereadores de Carapebus/RJ referentes ao exercício de 2002 foram desaprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Assim dispõe o referido dispositivo legal: Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (...) (Grifo nosso) Essa causa de inelegibilidade não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário em âmbito administrativo, verificável

no momento em que o cidadão se apresentar candidato em determinada eleição. Além disso, nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido a irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Conquanto a Câmara de Vereadores ou o próprio Tribunal de Contas não julguem improbidade administrativa, compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar elementos mínimos que apontem conduta que caracterize ato improbo, praticado na modalidade dolosa. (...)‖ (TSE: RESPE 33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). Grifei.

22. No mesmo sentido é a recentíssima jurisprudência do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE, COM FULCRO NO ARTIGO 10, CAPUT, DA LEI 12.016/2009, QUE INDEFERIU A INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA POR INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DESTA CORTE DE JUSTIÇA. PRETENSÃO DA AGRAVANTE DE SER EXCLUÍDA DE LISTA DE REJEIÇÃO DE CONTAS ENVIADA PELO TCE À JUSTIÇA ELEITORAL. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE ATO DOLOSO E DE RECOLHIMENTO VOLUNTÁRIO DO DÉBITO IMPUTADO. JUÍZO DE VALOR QUE SE REFERE À COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA ELEITORAL. INSURGÊNCIA RECURSAL EM DESFAVOR DE JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS APTOS A MODIFICAR A DECISÃO RECORRIDA. MANUTENÇÃO DO DECISUM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJRN: AgReg-MS 2015.018609-0/0001.00, Tribunal Pleno, Rel. Des. Dilermando Mota, julgado em 16/03/2016, publicado em 23/03/2016). Grifei.

23. Sendo assim, frise-se que, nos termos do art. 11, §5º, da Lei Federal n. 9.504/97 (Lei Geral das Eleições), combinada com o art. 1º, I, ―g‖, da Lei Complementar Federal n. 64/90 (Lei da Inelegibilidade), ao Tribunal de Contas compete apenas o envio à Justiça Eleitoral da ―relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível‖, cujo caráter dela é meramente informativo e a natureza do ato exclusivamente declaratória, conforme precedentes do Supremo

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Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral. Vejamos:

―O Tribunal de Contas da União, ao prestar informações, corretamente ressaltou que o ato de inclusão na lista de responsáveis por contas julgadas irregulares e seu envio à Justiça Eleitoral não tem qualquer efeito que traduza lesão ou ameaça de lesão a direitos. A prática desse ato pelo TCU apenas ocorre por determinação legal expressa, constante do art. 11, § 5º, da Lei nº 9.504/97. Compete à Justiça Eleitoral, uma vez de posse da lista, apreciar e julgar sobre eventual inelegibilidade daquele que têm o nome nela incluído. O ato do TCU, portanto, não repercute diretamente sobre os direitos políticos do impetrante. Nesse sentido, a jurisprudência desta Corte é firme ao entender que a mera inclusão de nomes na lista de contas rejeitadas, para posterior remessa à Justiça Eleitoral, é ato declaratório e não resulta em lesão ou ameaça de lesão a direitos. Esse entendimento está consignado no MS 22.087, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.5.1996, e também no MS 24.991, de minha relatoria, DJ 20.10.2006, além de outros casos, tais como: MS 27.481, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; MS 27.388, Rel. Min. Joaquim Barbosa,DJe 5.2.2010; MS 27.476, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 2.9.2008; MS 27.605, Rel. Min. Menezes Direito, DJe 1.10.2008. Ante o exposto, nego seguimento ao presente mandado de segurança (art. 21, § 1º, RI-STF), ficando prejudicado o pedido de medida liminar‖. (STF: MS 29.407/DF, Rel Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 21/02/2011, Data de Publicação: 25/02/2011). Grifei. ―ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. INCLUSÃO EM LISTA PARA REMESSA AO ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL DO NOME DO ADMINISTRADOR PÚBLICO QUE TEVE SUAS CONTAS REJEITADAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS. NATUREZA DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA DE PRAZO PRESCRICIONAL OU DECADENCIAL. 1. No presente caso, visa o recorrente a declaração de eventual prescrição quanto à prática do ato da Corte de Contas que, em cumprimento do art. 1º, inc. I, "g", da LC n. 64/1990, determinou o envio à Justiça Eleitoral da relação de administradores cujas contas foram julgadas irregulares no quinquênio anterior à realização das eleições municipais designadas para 5.10.2008. 2. A prescrição é fato jurídico que extingue a pretensão. A pretensão, por sua vez, decorre da violação de um direito subjetivo (art. 189 do Código Civil). 3. A inclusão pelo Tribunal de Contas do nome recorrente em lista de maus gestores não altera o mundo jurídico, não impõe nenhuma prestação nem sujeição ao recorrente, vale dispor, não envolve direito subjetivo ou potestativo. E, se não há imposição de

prestação, tampouco sujeição a um direito, não há a prescrição nem a decadência. Em verdade, há o mero ato de declarar uma certeza jurídica - a constatação da irregularidade das contas do recorrente por meio de processo administrativo que teve curso na Corte de Contas - e, exatamente em razão dessa natureza declaratória, tal ato não se sujeita a prazo decadencial ou prescricional. 4. O ato impugnado não constitui pretensão punitiva como sustenta o recorrente, até porque o debate sobre a eventual aplicação da sanção de inelegibilidade será em outra Corte dotada de competência para tanto e mediante a observância das garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 5. A previsão de prazo extintivo para a prática do ato em testilha na LC n. 63/90, norma específica que disciplina o processo de tomada de contas, seria inconciliável com a natureza do mesmo ato. Por isto mesmo, mais incoerente com o ato jurídico em exame seria aplicar qualquer outro prazo prescricional ou decadencial previsto em norma geral. 6. Impera observar, por último, que o art. 25, §§ 1º e 2º, da LC n. 63/1990 e o art. 29, §§ 6º e 7º, da Deliberação n. 200/96, exclusiva e respectivamente, dizem respeito à ultimação da prestação ou da tomada de contas inicialmente consideradas iliquidáveis ou cujo encaminhamento foi dispensado, não guarda nenhuma relação com o ato de inclusão em lista de responsáveis por contas irregulares. 7. Recurso ordinário não provido‖. (STJ: RMS 29.972/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/02/2011, DJe 10/03/2011). Grifei AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. PREFEITO. REJEIÇÃO DE CONTAS. ART. 1º, I, G, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/90. IRREGULARIDADE. NATUREZA INSANÁVEL. NÃO-COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO IMPUGNANTE. INCLUSÃO. LISTA. TRIBUNAIS DE CONTAS. CARÁTER INFORMATIVO. 1. Esta Corte já assentou que a inclusão do nome do administrador público na lista remetida à Justiça Eleitoral pela Corte de Contas, não gera, por si só, inelegibilidade, uma vez que se trata de procedimento meramente informativo. 2. É ônus do impugnante comprovar que a rejeição de contas de eventual candidato ocorreu em face de irregularidade insanável, de modo a incidir a inelegibilidade do art. 1º, I, g, da Lei Complementar nº 64/90. Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE: AgR 31451/RN, Rel. Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Data de Julgamento: 11/10/2008, Data de Publicação: 11/10/2008) Grifei.

24. No mesmo sentido: MS 31511/DF, da relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 18.09.2012; e, MS 31454 MC/DF, da relatoria da Ministra Rosa Weber, julgado em 29.06.2012.

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25. Ressalto, neste ponto, a título de esclarecimento, que o E. Tribunal Superior Eleitoral já consolidou o posicionamento de que são insanáveis as irregularidades decorrentes da não observância dos limites estatuídos pelo art. 29-A, inciso I, da CF, conforme pontuou a CONJUR. Vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2012. REGISTRO DE CANDIDATURA VEREADOR. INDEFERIMENTO. PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL. CONTAS DE GESTÃO. TRIBUNAL DE CONTAS. REJEIÇÃO. IRREGULARIDADE INSANÁVEL. ATO DOLOSO DE IMPROBIDADE. ART. 1°, I. G, DA LC N°64/90. INCIDÊNCIA. DESPROVIMENTO. 1. Está consolidado nesta Corte o entendimento de que a irregularidade decorrente da extrapolação do limite máximo previsto no artigo 29-A, I, da Constituição Federal para as despesas do Poder Legislativo é insanável e constitui ato doloso de improbidade administrativa (Precedentes: REspe nº 115-43, rel. Min. Marco Aurélio, redator para acórdão Min. Dias Toffoli, de 9.10.2012; AgR-REspe nº 431- 16, de 30.10.2012, rel. Min. Arnaldo Versiani). 2. A jurisprudência deste Tribunal já assentou ser irrelevante a indagação quanto ao percentual extrapolado para a caracterização da inelegibilidade em questão (Precedente: REspe nº 115-43, rel. Min. Marco Aurélio, redator para acórdão Min. Dias Toffoli, de 9.10.2012). 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 39659, Acórdão de 02/04/2013, Relator(a) Min. LUCIANA CHRISTINA GUIMARÃES LÓSSIO, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 92, Data 17/05/2013, Página 59) (Grifei)

26. Assente-se, outrossim, que o Tribunal de Contas, no esteio do seu arranjo de competência, pode apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos. Nesse sentido, é o enunciado autorizativo da Súmula n. 347, do STF, bem como da Lei Orgânica (arts. 142 ss.) e do Regimento Interno (arts. 403 ss.). Essa competência, por óbvio, insere-se no âmbito do controle difuso, incidental ou concreto, abrangendo, igualmente, quaisquer espécies normativas, inclusive emenda à constituição, conforme entendimento de há muito consagrado no STF (ADIs 829-3 e 830-7). 27. Todavia, a Lei Orgânica do TCE e seu Regimento Interno preceituam a necessidade de instauração de incidente de constitucionalidade, reservando a questão ao Plenário. Acontece que a Suprema Corte já decidiu que a apreciação da constitucionalidade, por órgão de controle, no âmbito das funções eminentemente administrativas, não se sujeita à cláusula de reserva de plenário, o que é o caso dos autos, dada a competência para julgamento da presente matéria ser exclusiva do Presidente do Tribunal. Vejamos o ementário do precedente referido:

EMENTA: RECLAMAÇÃO – ARGUIÇÃO DE OFENSA AO POSTULADO DA RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97) – SÚMULA VINCULANTE Nº 10/STF – INAPLICABILIDADE – IMPUGNAÇÃO DEDUZIDA CONTRA ATO EMANADO DO CONSELHO DA

MAGISTRATURA DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – ÓRGÃO DA CORTE JUDICIÁRIA ESTADUAL QUE EXERCE ATIVIDADE DE CARÁTER EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVO – INVIABILIDADE DA AÇÃO RECLAMATÓRIA – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A alegação de desrespeito à exigência constitucional da reserva de plenário (CF, art. 97) supõe, para restar configurada, a existência de decisão emanada de autoridades ou órgãos judiciários proferida em sede jurisdicional. (STF: Rcl 15287 AgR/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 05/08/2014, publicado em 01/09/2014). Grifei

28. Sendo assim, considerando que o Tribunal de Contas dispõe de competência para o controle de constitucionalidade, conclui-se ser possível o seu Chefe, no âmbito administrativo, monocraticamente, negar aplicação a norma que considere inconstitucional. Neste sentido, citamos festejado precedente da nossa Suprema Corte.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISORIA. REVOGAÇÃO. PEDIDO DE LIMINAR. [...] OS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO, POR SUA CHEFIA - E ISSO MESMO TEM SIDO QUESTIONADO COM O ALARGAMENTO DA LEGITIMAÇÃO ATIVA NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE -, PODEM TÃO-SÓ DETERMINAR AOS SEUS ÓRGÃOS SUBORDINADOS QUE DEIXEM DE APLICAR ADMINISTRATIVAMENTE AS LEIS OU ATOS COM FORÇA DE LEI QUE CONSIDEREM INCONSTITUCIONAIS. [...] (STF: ADI 221 MC, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 29/03/1990, DJ 22/10/1993). Grifei.

29. Neste prisma, considerando que o Tribunal de Contas é órgão administrativo de controle externo, e que a apreciação do pedido em questão é prerrogativa exclusiva desta Presidência, no exercício exclusivo da função administrativa desta Corte de Contas, conforme já consignado, tem-se por inaplicável o princípio da reserva de plenário, não havendo óbice a tal controle em juízo monocrático. 30. Destarte, verifica-se que nada impede que esta Presidência, no exercício exclusivo de sua função administrativa, exerça o controle difuso de constitucionalidade sem submissão ao plenário, e afaste a incidência de parte da regra prevista no § 3º, qual seja: ―com o reconhecimento da boa-fé, a liquidação tempestiva do débito ou multa atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade na apreciação das contas‖, e da regra do §7º, do art. 53, da Constituição Estadual, inseridas pela EC 13/2014, pois são eivadas de inconstitucionalidade formal e material, como segue. 31. Bem, a inconstitucionalidade formal em questão da EC 13/2014, no tocante aos §§3º e 7º, do art. 53, decorre do vício de iniciativa, visto que, conforme já decidiu a Suprema Corte (ADI 4.643/RJ), competia a esta Corte de Contas deflagrar o processo legislativo sobre seu funcionamento e organização, o

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que não ocorreu, acabando o constituinte estadual por violar as prerrogativas da autonomia e do autogoverno inerentes a este Tribunal de Contas (CF, arts. 73 a 75, e 96, II). Vejamos o mencionado precedente:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. ATRICON. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 142/2011. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. VÍCIO DE INICIATIVA. VIOLAÇÃO ÀS PRERROGATIVAS DA AUTONOMIA E DO AUTOGOVERNO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. 1. As Cortes de Contas do país, conforme reconhecido pela Constituição de 1988 e por esta Suprema Corte, gozam das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que inclui, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo que pretenda alterar sua organização e seu funcionamento, como resulta da interpretação lógico-sistemática dos artigos 73, 75 e 96, II, ―d‖, CRFB/88. Precedentes: ADI 1.994/ES, Rel. Ministro Eros Grau, DJe 08.09.06; ADI nº 789/DF, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 19/12/94. 2. O ultraje à prerrogativa de instaurar o processo legislativo privativo traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência indubitavelmente reflete hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo eventualmente concretizado. Precedentes: ADI nº 1.381 MC/AL, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 06.06.2003; ADI nº 1.681 MC/SC, Rel. Ministro Maurício Corrêa, DJ 21.11.1997. 3. A Associação dos Membros do Tribunal de Contas do Brasil – ATRICON, por se tratar de entidade de classe de âmbito nacional e haver comprovado, in casu, a necessária pertinência temática, é agente dotado de legitimidade ativa ad causam para propositura da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos termos do art. 103, IX, da Constituição Federal, conforme, inclusive, já amplamente reconhecido pelo Plenário desta Corte. Precedentes: ADI 4418 MC/TO, Relator Min. Dias Toffoli, DJe 15.06.2011; ADI nº 1.873/MG, Relator Min. Marco Aurélio, DJ de 19.09.03. 4. Inconstitucionalidade formal da Lei Complementar Estadual nº 142/2011, de origem parlamentar, que altera diversos dispositivos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, por dispor sobre forma de atuação, competências, garantias, deveres e organização do Tribunal de Contas estadual, matéria de iniciativa privativa à referida Corte. 5. Deferido o pedido de medida cautelar a fim de determinar a suspensão dos efeitos da Lei Complementar Estadual nº 142, de 08 de agosto de 2011, da lavra da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, até o julgamento definitivo da presente ação direta de inconstitucionalidade.

(STF: ADI 4643 MC/RJ, Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2014, publicado em 28/11/2014). Grifei.

32. Sob a óptica material, a inconstitucionalidade de tal dispositivo reside no flagrante atentado aos princípios da inafastabilidade da jurisdição, do juiz natural e do devido processo legal, bem como contra a competência privativa da União para legislar sobre o Direito Eleitoral (CF, arts. 5º, XXXV, LIII, LIV, 14, §9º, e 22, I). Isto porque, como visto acima, as decisões proferidas pelos Tribunais de Contas são puramente administrativas, não lhes competindo declarar a existência de ato de improbidade na modalidade dolosa, haja vista ser matéria exclusivamente reservada ao Poder Judiciário, em particular, quando referente à inelegibilidade, o que atrai a competência absoluta da Justiça Eleitoral. Ademais, ao se referir que por meio de pagamento seria possível sanar processo onde foi proferida decisão irrecorrível que reconheceu irregularidade insanável no âmbito do Tribunal de Contas, o constituinte derivado acabou por instituir casuística que, em tese, seria capaz de influir nas hipóteses de inelegibilidade, evidenciando assim desvio de finalidade do ato legislativo, posto que acabou editado em descompasso com o interesse público. 33. Não é demais dizer que esses argumentos compõem a causa de pedir da ADI 5.323/RN, movida pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON, e em trâmite na Suprema Corte na relatoria da Ministra Rosa Weber, já contando, registre-se, com parecer favorável da Advocacia-Geral da União – AGU e do Ministério Público Federal – MPF, pela inconstitucionalidade parcial do §3º, e total do §7º, ambos do art. 53, da Constituição Estadual, decorrente da inovação indevida do constituinte derivado reformador potiguar, por meio da EC 13/2014. Vejamos os respectivos excertos das conclusões:

AGU, em 24.09.2015: ―Diante do exposto, o Advogado-Geral da União manifesta-se pela procedência parcial do pedido veiculado pela requerente, devendo ser declarada a inconstitucionalidade dos artigos 53, §§ 6° e 7°; e 55, § 1°, da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, tanto em seu texto original, quanto na redação dada pela Emenda Constitucional n° 13/2014; bem como da expressão "com o reconhecimento da boa-fé, a liquidação tempestiva do débito ou multa atualizado monetariamente sanará o processo, se não houver sido observada outra irregularidade na apreciação das contas", constante do § 3° do mencionado artigo 53 da Carta estadual‖. MPF, em 13.11.2015: ―As normas interferem, de fato, na organização e no funcionamento da corte de contas, porquanto impõem forma de atuação, competências e deveres a serem observados no desempenho de suas funções institucionais. Dessa maneira, as razões adotadas pela Corte na ADI 4.418/TO são suficientes para afirmar inconstitucionalidade das disposições constantes dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Carta do Rio Grande do Norte.‖ [...] As disposições dos arts. 53, §§ 3º, parte final, 6º e 7º; e 55, § 1º, da Constituição do Rio Grande do Norte encontram-se em desconformidade

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com o entendimento adotado em tais precedentes. O regramento veiculado nos dispositivos constitui inovação indevida do constituinte derivado potiguar, porquanto não possui correspondência no modelo federal de configuração das cortes de contas. Por essa razão, há também afronta os arts. 25, caput, e 75, caput, da CR. Ante o exposto, opina a Procuradoria-Geral da República pela procedência parcial do pedido.‖

34. Frise-se, por oportuno, que diante da existência da ADI 5.323/RN, que já aguarda julgamento final perante a Suprema Corte, tem-se por desnecessária a representação desta Presidência às autoridades legitimadas para fins de inconstitucionalidade das disposições em questão. 35. Em arremate, seja por que o pagamento da multa imposta pelo Tribunal de Contas, seguido de quitação em saneamento do processo, não afasta a prática de irregularidade insanável reconhecida na decisão irrecorrível, seja pela inconstitucionalidade de parte do §3º, acima referida, e de todo o §7º, ambos do art. 53, da Constituição Estadual, incidentalmente ora reconhecida, ou ainda, em face da ausência de comprovação de efetiva publicação do RGF, entendo regular o cumprimento interno do Acórdão n. 1176/2016-TC apontado pelo requerente, a justificar a manutenção do seu nome na pré-falada lista. 36. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido de exclusão, em virtude da condenação sofrida pelo requerente no âmbito do Processo n. 004015/2008-TC. 37. À DAE para o cumprimento da providência retro mencionada, bem como para que promova a ciência do requerente em relação a esta decisão.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

PROCESSO N. 015332/2016-TC INTERESSADA: Honório Barbalho de Meiroz Grilho Filho ASSUNTO: Relação de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por HONÓRIO BARBALHO DE MEIROZ GRILHO FILHO, por meio do qual, aduz, em suma, que seu nome foi indevidamente incluído na lista dos gestores que tiveram as contas rejeitadas por esta Corte de Contas, em virtude de irregularidade insanável, recentemente publicada e encaminhada à Justiça Eleitoral. 2. Argumenta o requerente que o Acórdão n. 454/2006-TC, proferido nos autos do processo nº 009423/2003-TC, lhe aplicou multa, a qual, no entanto, foi declarada prescrita, com supedâneo no art. 115 da Lei Complementar Estadual n. 464/2012, tendo sido, segundo aduz, confirmada pelo Acórdão n. 123/2016-TC. 3. Diante do exposto, o requerente pugnou pela baixa na sua responsabilidade e exclusão de seu nome da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas, por este Tribunal, devido a irregularidades insanáveis.

4. Por meio do Parecer n. 145/2016 – CJ/TC, a Consultoria Jurídica sustentou, ao que interessa, que:

(i) preliminarmente, este Presidente possui competência para deliberar sobre a matéria, conforme dispõem os arts. 13 da LCE n. 464/2012 e 78, incisos XXIV e XLV, da Resolução n. 009/2012 desta Corte, e que, em virtude da lista já ter sido homologada e remetida à justiça eleitoral, sugere que somente seja o pleito submetido à deliberação do Plenário se o pedido for deferido; (ii) ―na data de hoje, já está consolidado o transcurso do prazo dos 08 (oito) anos desde o trânsito em julgado do Acórdão nº 454/2006- TC e, portanto, o nome do Requerente deve ser excluído da lista encaminhada à Justiça Eleitoral, em relação ao processo nº 009423/2003-TC, tão somente em razão do transcurso do prazo e não pelo reconhecimento da prescrição executória‖ e que, para isto, ―a Presidência desta Corte de Contas deverá submeter a exclusão ao Tribunal Pleno, tendo em vista que a lista já foi homologada pelo colegiado‖;

5. Por derradeiro, a CONJUR opinou pelo deferimento do pedido, uma vez que já transcorreu o prazo dos 08 (oito) anos, previsto art. 1º, inciso I, alínea ―g‖ da Lei Complementar nº 64/1990, desde o trânsito em julgado do Acórdão nº 454/2006-TC e, assim, o nome do Requerente deve ser excluído da lista encaminhada à Justiça Eleitoral, exclusivamente em relação ao processo nº 009423/2003-TC, devendo este Presidente observar a ratificação pelo Pleno, em obediência ao art. 11, XXI, e 78, XXXVIII, na medida em que a lista já foi homologada pelo Colegiado. 6. É o relatório. Passo a decidir. 7. Inicialmente, registre-se que no microssistema processual no âmbito desta Corte de Contas, disciplinado pela Lei Orgânica vigente (LCE/RN 464/12, arts. 132 ss.), o único meio processual apto a promover a modificação de decisão passada em julgado é o Pedido de Revisão, cuja natureza jurídica se assemelha à ação rescisória. 8. Destarte, como tal expediente não foi manejado, ao menos em tese, estaria obstado o conhecimento do presente. No entanto, percebe-se que o requerente não discute o mérito da decisão, mas, tão somente, a presença do seu nome em lista de gestores que tiveram as contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, mesmo tendo havido a prescrição da multa imposta no âmbito do processo n. 009423/2003-TC, prescrição esta confirmada no Acórdão n. 123/2016-TC (o qual transitou em julgado em 02/05/2016). Assim sendo, esta matéria que deve ser conhecida e apreciada por esta Presidência. 9. Pois bem. De logo, é importante registrar o teor do art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990, aludido pelo Interessado em epigrafe, vejamos:

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que

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configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição.

10. O dispositivo invocado estabelece que compete à Justiça Eleitoral, no processo de registro de candidatura, verificar a existência dos elementos mínimos essenciais à configuração da inelegibilidade, quais sejam: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, posicionamento exarado pelo Tribunal Superior Eleitoral, senão, vejamos:

ELEIÇÕES 2012. CANDIDATO A PREFEITO. RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. REGISTRO DE CANDIDATURA DEFERIDO. INELEGIBILIDADE DO ART. 1º, INCISO I, ALÍNEA ―G‖, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 64/1990. NÃO INCIDÊNCIA NA CAUSA DE INELEGIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS. DESCUMPRIMENTO DO ART. 29-A, INCISO I E § 1º, DA CF/1988. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990 não é imposta pela decisão do Tribunal de Contas estadual que desaprova contas, mas pode ser efeito secundário dessa decisão administrativa, verificável no momento em que o cidadão requerer o registro de sua candidatura. 2. Nem toda desaprovação de contas enseja a causa de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, somente as que preenchem os requisitos cumulativos constantes dessa norma, assim enumerados: i) decisão do órgão competente; ii) decisão irrecorrível no âmbito administrativo; iii) desaprovação devido à irregularidade insanável; iv) irregularidade que configure ato doloso de improbidade administrativa; v) prazo de oito anos contados da decisão não exaurido; vi) decisão não suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário. 3. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, para fins de incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, inciso I, alínea g, da LC nº 64/1990, exige-se ―o dolo genérico, relativo ao descumprimento dos princípios e normas que vinculam a atuação do administrador público‖ (ED-AgR-REspe nº 267-43/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 9.5.2013). 4. O Tribunal Regional Eleitoral, analisando o conjunto probatório dos autos, concluiu pela ausência de ato doloso de improbidade administrativa, o que não permite o reenquadramento jurídico dos fatos. 5. Recursos especiais desprovidos. Agravo regimental prejudicado. (TSE: RESPE

33.224/RJ, Rel. Min. GILMAR FERREIRA MENDES, Data de Julgamento: 21/08/2014, Data de Publicação: 26/09/2014). (Grifei)

11. Do aludido regramento, friso que o legislador estabeleceu requisitos cumulativos, assim, que todos os elementos mínimos indicados no art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da LC nº 64/1990, devem obrigatoriamente ser demonstrados em conjunto, a fim de que se tenha atestada a inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 12. Assim, ressalto que consta, dentre os requisitos cumulativos, a imprescindibilidade de decisão irrecorrível proferida por órgão competente, no sentido da rejeição das respectivas contas, em razão de irregularidade insanável, sendo esse o marco inicial para contagem do aludido prazo. 13. Isso, porque o dispositivo em comento, ao elencar os requisitos, menciona a necessidade de decisão irrecorrível e, logo em seguida, assim dispõe ―para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão‖. Ora se, inicialmente, o legislador se refere à decisão irrecorrível e, no corpo do mesmo texto, menciona que deverá ser observado o prazo de 8 (oito) anos da data da decisão, vislumbro que o termo ―decisão‖ retoma a expressão ―decisão irrecorrível‖. Assim, considero que não há dúvidas quanto à intenção do legislador, senão a de estabelecer como marco inicial do antedito prazo a data da decisão irrecorrível, tendo em vista a imprescindibilidade do trânsito em julgado para posterior análise da inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. 14. Inclusive, conforme bem salientado pela CONJUR, esse é o entendimento do Tribunal de Contas da União, consolidado por meio da Resolução n. 241/2011, art. 1º, §2º, o qual aqui reproduzo, por considerar de extrema relevância o seu conhecimento, consoante segue:

Art. 1º Nos anos em que ocorrerem eleições, o Tribunal encaminhará à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público Eleitoral, até o dia cinco do mês de julho, a relação dos responsáveis com contas julgadas irregulares, nos termos do disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, com trânsito em julgado nos oito anos imediatamente anteriores à realização de cada eleição. (...) §2º Para os fins desta resolução, considera-se transitado em julgado o acórdão que não mais se sujeita aos recursos previstos nos arts. 32, incisos I e II, e 48 da Lei n° 8.443, de 1992, considerados os respectivos prazos legais.

15. Diante de tais considerações, demonstra-se evidente que o prazo de 08 (oito) anos deve ser calculado tendo como marco inicial a data da decisão irrecorrível (trânsito em julgado), pois que sem esta a rejeição das contas não é consolidada e, por conseguinte, não é capaz de ensejar a inelegibilidade. 16. Paralelo a isso, ressalto que a aferição do transcurso de tal prazo deve ser procedida no momento da análise dos requisitos ensejadores da inelegibilidade, qual seja, a data da formalização do pedido de registro de candidatura, à luz do art. 11, caput e §10, da Lei 9.504/1997, conforme se vê:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos

Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte - Diário Eletrônico nº 1696 – Publicação, terça-feira, 09 de agosto de 2016 Pág. 40 - 40 -

até às dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. § 10. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade.

17. Nessa linha, vertendo a análise especificamente à situação do requerente, denota-se que na data de 15/08/2016 (referida no dispositivo supra) já terá transcorrido o prazo de 08 anos desde a ocorrência do trânsito em julgado do Acórdão n. 454/2006-TC (proferido no âmbito do processo n. 009423/2003-TC), uma vez que o mesmo transitou em julgado em 23/04/2007, motivo pelo qual deve o interessado, quanto a esta condenação, ser excluído da lista enviada à Justiça Eleitoral. 18. A bem da verdade, in casu, conforme precisamente observado pela CONJUR, o reportado prazo dos 08 anos, já no presente momento, encontra-se transcorrido, o que, à evidência, quando do advento da futura data de 15/08/2016, já terão perpassados mais de 9 anos, atendo-se, portanto, ao requisito legal, fazendo jus, por esta razão, ao direito de exclusão de seu nome da aludida lista. 19. Acentue-se, neste ponto, que o direito do interessado de ser excluído da referida lista, na linha do que também destacou a CONJUR, se dá não pelo fundamento por ele mencionado (prescrição da execução da multa), mas sim pelo transcurso do prazo de 08 anos previsto no já citado art. 1º, inciso I, alínea ―g‖, da Lei Complementar nº 64/1990, o que, aliás, diante da indiscutível natureza da matéria – ordem pública – deve ser apreciado, inclusive, ex officio. 20. Pelo exposto, DEFIRO o pedido do requerente e determino, ad referendum do Tribunal Pleno, a exclusão do seu nome da lista dos gestores que tiveram suas contas rejeitadas por esta Corte de Contas, exclusivamente quanto ao Acórdão n. 454/2006-TC proferido no âmbito do Processo n. 009423/2003-TC. 21. Publique-se. Em seguida, à DAE para que cientifique o requerente, por seu advogado, regularmente constituído e habilitado aos autos, e expeça ofício à Justiça Eleitoral comunicado o ocorrido.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

PROCESSO Nº 15.678/2016-TC INTERESSADO: José Carlos Gonçalo ADVOGADO: Edward Mitchel Duarte Amaral – OAB/RN 9.231-B ASSUNTO: Exclusão da lista de gestores julgados pelo TCE/RN

DECISÃO 1. Trata-se de REQUERIMENTO formulado por JOSÉ CARLOS GONÇALO, por meio do qual, comunica, em suma, valendo-se de interpretada dada ao §1º do art. 269, do NCPC, que foi proferida sentença de mérito em desfavor do Estado do Rio Grande do Norte, nos autos do Processo n. 0100124-60.2015.8.20.0154, em trâmite na Vara Única da Comarca de São Rafael/RN, que tornou nulo o Acórdão n. 172/2011-TC, proferido por esta Corte de Contas nos autos do Processo n. 6.190/2006-TC.

2. Em arremate, o requerente requer o cumprimento de tal comando judicial, o que, na sua visão, obriga esta Corte de Contas a excluir o Processo n. 6.190/2006-TC e, por conseguinte, o seu nome, da lista de gestores que tiveram contas rejeitadas por irregularidades insanáveis, em julgamento desta Corte de Contas. 3. Por meio do Parecer n. 146/2016 – CJ/TC, a CONJUR sustentou, ao que interessa, que:

(i) a interpretação dada pelo requerente ao §1º do art. 269, do NCPC, mostra-se inadequada, não se prestando o presente a intimar esta Corte de Contas de decisão judicial, por duas razões. A uma, porque não foi realizada pelo correio. A duas, porque não está endereçada ao advogado da outra parte, considerando que a representação judicial desta Corte de Contas incumbe à Procuradoria Geral do Estado (PGE/RN); e, (ii) no esteio de pesquisa realizada no sistema e-SAJ do TJRN, verifica-se que a sentença referida pelo requerente fora publicada no dia 27.07.2016 e ainda não passou em julgado, estando em curso o prazo recursal para o Estado do Rio Grande do Norte, considerando que o mandado de intimação fora juntado aos autos no dia 29.07.2016. Por fim, acrescentou que o eventual recurso de apelação interposto pela Fazenda Pública Estadual terá o condão de suspender os efeitos do decisum em questão, até porque inexiste execução provisória em trâmite.

4. Destarte, a CONJUR opinou pelo indeferimento do pedido de exclusão do nome do requerente da pré-falada lista. 5. É o relatório. Passo a decidir. 6. De plano, assente-se que o §1º do art. 269, do NCPC, inovou o sistema processual possibilitando que o advogado de uma parte intime o advogado da parte contrária, por meio de ofício, instruído com cópia do despacho, da decisão ou sentença que objetiva dar ciência, a ser encaminhado pelo correio, com aviso de recebimento. 7. Sendo a parte contrária a ser intimada qualificada como ente federado, bem como suas respectivas autarquias ou fundações de direito público, no esteio do §3º do art. 269, do NCPC, o ofício de intimação deve ser encaminhado para o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. 8. Na hipótese dos autos, o advogado do requerente não se valeu de ofício, muito menos dos Correios para entrega com aviso de recebimento. Ademais, encaminhou o ato judicial, que deseja dar ciência, direto a esta Corte de Contas, ao invés de enviá-lo para o órgão de representação judicial competente, qual seja: a Procuradoria Geral do Estado (PGE/RN). 9. Destarte, no esteio do que assentou a CONJUR, verifica-se a impropriedade da interpretação dada pelo requerente à nova regra processual presente no NCPC, o que revela a inaptidão do ―ato de intimação‖. 10. De qualquer sorte, no mérito, percebo que nenhuma razão assiste ao requerente, conforme motivação apresentada

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pela CONJUR, a qual adoto integralmente. É que a sentença de mérito referida não passou em julgado, visto que se encontra em curso o prazo recursal, considerando que o mandado de intimação da Fazenda Pública Estadual fora juntado aos autos no dia 29.07.2016. Ademais, inexiste execução provisória do decisum e o eventual recurso de apelação a ser interposto será capaz de afastar a eficácia da sentença em questão. 11. Destarte, percebe-se que os efeitos jurídicos do Acórdão n. 172/2011-TC, proferido nos autos do Processo n. 6.190/2006-TC, mantém-se incólumes. Sendo assim, ainda não há o que se falar em exclusão do nome do requerente da citada lista, visto que, ao menos por ora, inexiste ordem judicial a ser cumprida por esta Corte de Contas. 12. Pelo exposto, INDEFIRO o pedido do requerente. 13. Publique-se. Em seguida, à DAE para que cientifique o requerente. Ato contínuo, arquivem-se os autos. Natal, 08 de agosto de 2016.

Carlos Thompson Costa Fernandes Conselheiro Presidente

ATOS DOS GABINETES

Gabinete da Conselheira Maria Adélia Sales PROCESSO Nº: 1092/2015 -TC INTERESSADO: PREFEITURA MUNICIPAL DE PARELHAS ASSUNTO: EXECUÇÃO DE DECISÃO PROFERIDA NO PROCESSO 4836/2011-TC

DESPACHO

Trata-se de processo que retorna da Diretoria de Atos e Execuções com sugestão de incidência da prescrição da pretensão executória no feito, nos termos do parágrafo único do art. 115 da Lei Complementar Estadual nº 464/2012.

De fato, em análise dos atos praticados a partir do

trânsito em julgado da decisão, verifica-se que transcorreu lapso ininterrupto superior a cinco anos.

Nesse rumo, incide a novel Lei Orgânica do Tribunal,

que passou a dispor sobre a prescrição da pretensão executória nos seguintes termos:

Art. 115. Após o trânsito em julgado da decisão condenatória, prescreve em cinco anos a pretensão executória relativa a crédito decorrente da aplicação de multa. Parágrafo único. O prazo previsto no caput interrompe-se pela citação da parte, inclusive por meio de edital, e suspende-se pelo período de cumprimento do parcelamento.

Diante disso, ante as razões expostas, declaro a

prescrição da pretensão executória nos presente caderno processual somente em relação às multas aplicadas.

Ocorre que a DAE ainda alertou acerca do valor ínfimo

previsto na condenação ora em execução.

Neste sentido, conforme dispõe o art. 441 do Regimento Interno desta Corte, ―a título de racionalização administrativa e economia processual, e com o objetivo de evitar que o custo da cobrança seja superior ao valor a ser adimplido, o Tribunal poderá determinar, desde logo, o arquivamento do processo, sem cancelamento do débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor, para que lhe possa ser dada quitação‖.

Sendo assim, entendo cabível a aplicação do

mencionado dispositivo ao caso em concreto, razão pela qual ordeno seu arquivamento, determinando que a DAE promova a inscrição do nome do responsável no cadastro informativo de créditos não quitados do Tribunal mencionado no art. 339, I, do RITCERN quanto ao débito remanescente nos autos.

Publique-se no Diário Oficial Eletrônico do TCE/RN e

sigam os autos ao MPJTC para que tome ciência desta decisão. Com o retorno do processo do MPJTC, e se for o caso

sem recurso, sigam os autos à DAE para adoção das medidas insertas no presente despacho.

Isto feito, arquive-se o caderno processual em epígrafe. Natal/RN, 8 de agosto de 2016.

Conselheira Maria Adélia Sales Relatora

PROCESSO Nº: 249/2015– TC INTERESSADO: PREFEITURA MUNICIPAL DE UPANEMA ASSUNTO: EXECUÇÃO - PROCESSO Nº 2240/2008-TC RESPONSÁVEL: JORGE LUIZ COSTA DE OLIVEIRA ADVOGADO: JOSÉ ANSELMO DE CARVALHO JÚNIOR (OAB/RN 3703)

DESPACHO

Após o trânsito em julgado, o responsável atravessou requerimento solicitando o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva imposta no processo supracitado, insurgência esta que possui nítida intenção de reabrir a discussão no feito supracitado. Trata-se, na verdade, de tentativa de atribuir ao requerimento uma espécie de recurso de reconsideração, pleito este que não é cabível, haja vista o trânsito em julgado já mencionado acima.

Sendo assim, com fundamento no art. 360, VII, do

Regimento Interno desta Corte, indefiro liminarmente o pedido de prescrição pleiteado.

Publique-se na forma do art. 360, §2º do RITCE/RN. Ato contínuo, retornem-se os autos à Diretoria de Atos e

Execuções (DAE), para que proceda com a execução do ACÓRDÃO N° 555/2011, na forma do artigo 118 e seus incisos, da Lei Complementar nº 464/2012.

Natal/RN, 8 de agosto de 2016.

Conselheira Maria Adélia Sales

Relatora

SECRETARIA DAS SESSÕES

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Primeira Câmara

SECRETARIA DAS SESSÕES DA PRIMEIRA CÂMARA PAUTA DA 30ª SESSÃO ORDINÁRIA APRAZADA PARA O DIA

11/8/2016 QUINTA-FEIRA ÀS 09:00HORAS PROCESSOS A SEREM RELATADOS PELO EXMº. SR. CONSELHEIRO ANTÔNIO GILBERTO DE OLIVEIRA JALES 1 - Processo Nº 002096/1997 - TC (002096/1997 - PMBARCELON) Interessado: PREF.MUN. BARCELONA/RN Assunto: ANÁLISE NA DOCUMENTAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BARCELONA, RELATIVO AO EXERCÍCIO DE 1994 RESP: PAULO GOMES JÚNIOR 2 - Processo Nº 015335/2009 - TC (389566/2008 - FJA) Interessado: FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO Assunto: PAGAMENTO EM ATENDIMENTO A DILIGÊNCIA DO PROC:13232/2008 RESP: JOAQUIM CRISPINIANO NETO ADVOGADO: DINNO IWATA MONTEIRO OAB /RN Nº 6167 3 - Processo Nº 010400/2014 - TC (010400/2014 - PMSMARIA) Interessado: PREF.MUN.SANTA MARIA/RN Assunto: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL PROCESSOS A SEREM RELATADOS PELO EXMº. SR. CONSELHEIRO TARCÍSIO COSTA 1 - Processo Nº 005337/2010 - TC (005337/2010 - PMESANTO) Interessado: PREF.MUN.ESPIRITO SANTO/RN Assunto: APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE RESP.: DAISE FLORÊNCIO DA COSTA CORREIA 2 - Processo Nº 701759/2011 - TC (701759/2011 - CMTANANIAS) Interessado: CAM.MUN.TENENTE ANANIAS/RN Assunto: APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE RESP.: FRANCISCO EDUARDO DOS SANTOS PROCESSOS A SEREM RELATADOS PELA EXMª. SRª. CONSELHEIRA MARIA ADÉLIA SALES 1 - Processo Nº 003801/2015 - TC (003801/2015 - TC) Interessado: PREF.MUN.LAGOA NOVA/RN Assunto: FISCALIZAÇÃO DA LEGALIDADE DE CONCURSO PÚBLICO/SELEÇÃO SIMPLIFICADA PROPOSTA DE VOTO DOS PROCESSOS A SEREM RELATADOS PELO EXMº. SR. AUDITOR RELATOR MARCO ANTÔNIO DE MORAES RÊGO MONTENEGRO 1 - Processo Nº 015278/2015 - TC (015278/2015 - TC) Interessado: MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO RN Assunto: REPRESENTAÇÃO (3 VOLUMES)

Maria Goretti Oliveira Oliveira Lima Diretora Adjunta da Secretaria das Sessões – Primeira Câmara

DECISÕES MONOCRÁTICAS

Processo Nº: 006988 /2007 - TC ( 236384 /2003 - SECD) Interessado: JULIETA DE SOUZA LEITE Assunto: APOSENTADORIA

Relator: Conselheiro ANTÔNIO GILBERTO DE OLIVEIRA JALES DECISÃO Nº 000767/2016 – TC

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ANÁLISE DE ATO DE PESSOAL. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PARA APRECIAÇÃO DA SUA LEGALIDADE. ARTIGO 71, INCISO III, DA CF. LEGALIDADE E CONSEQUENTE REGISTRO DO ATO E DA DESPESA POR ELE GERADA.

DECIDE monocraticamente, de acordo com a

Resolução nº 009/2012-TCE, de 19 de abril de 2012, e em consonância com a informação do Corpo Técnico bem como o parecer do Ministério Público que atua junto a esta Corte de Contas, julgar pelo registro do ato em tela, nos termos do artigo 71, inciso III, da Constituição Federal, artigo 53, inciso III, da Constituição Estadual, e artigo 1º, inciso III, combinado com o artigo 95, inciso I, ambos da Lei Complementar Estadual nº 464/12, bem assim pela anotação da despesa por ele gerada. Gabinete do Conselheiro, 8 de agosto de 2016

ANTÔNIO GILBERTO DE OLIVEIRA JALES Conselheiro Relator

Ana Carolina C. Jaegge Assessor de Gabinete

Processo Nº: 006360 /2007 - TC ( 156461 /2006 - SECD) Interessado: FCA NASCIMENTO FREITAS Assunto: APOSENTADORIA Relator: Conselheiro ANTÔNIO GILBERTO DE OLIVEIRA JALES DECISÃO Nº 000768/2016 – TC

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ANÁLISE DE ATO DE PESSOAL. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PARA APRECIAÇÃO DA SUA LEGALIDADE. ARTIGO 71, INCISO III, DA CF. LEGALIDADE E CONSEQUENTE REGISTRO DO ATO E DA DESPESA POR ELE GERADA.

DECIDE monocraticamente, de acordo com a

Resolução nº 009/2012-TCE, de 19 de abril de 2012, e em consonância com a informação do Corpo Técnico bem como o parecer do Ministério Público que atua junto a esta Corte de Contas, julgar pelo registro do ato em tela, nos termos do artigo 71, inciso III, da Constituição Federal, artigo 53, inciso III, da Constituição Estadual, e artigo 1º, inciso III, combinado com o artigo 95, inciso I, ambos da Lei Complementar Estadual nº 464/12, bem assim pela anotação da despesa por ele gerada. Gabinete do Conselheiro, 8 de agosto de 2016

ANTÔNIO GILBERTO DE OLIVEIRA JALES Conselheiro Relator

Ana Carolina C. Jaegge Assessor de Gabinete

Processo Nº: 007027 /2005 - TC ( 229680 /2003 - SECD) Interessado: MARLUCE RELAMPAGO VALDIVINO Assunto: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Relator: Conselheira MARIA ADÉLIA SALES DECISÃO Nº 003161/2016 – TC

Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte - Diário Eletrônico nº 1696 – Publicação, terça-feira, 09 de agosto de 2016 Pág. 43 - 43 -

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ANÁLISE DE ATO DE PESSOAL. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PARA APRECIAÇÃO DA SUA LEGALIDADE. ARTIGO 71, INCISO III, DA CF. LEGALIDADE E CONSEQUENTE REGISTRO DO ATO E DA DESPESA POR ELE GERADA.

DECIDE monocraticamente, de acordo com a

Resolução nº 009/2012-TCE, de 19 de abril de 2012, e em consonância com a informação do Corpo Técnico bem como o parecer do Ministério Público que atua junto a esta Corte de Contas, julgar pelo registro do ato em tela, nos termos do artigo 71, inciso III, da Constituição Federal, artigo 53, inciso III, da Constituição Estadual, e artigo 34, inciso III, combinado com o artigo 84, inciso I, ambos da Lei Complementar Estadual nº 121/94, bem assim pela anotação da despesa por ele gerada. Gabinete do Conselheiro, 8 de agosto de 2016

MARIA ADÉLIA SALES Conselheiro Relator

Suely Maria Leite A. Vilar

Assessor de Gabinete Processo Nº: 005399 /2015 - TC ( 226780 /2011 - SECD) Interessado: IVONE SOARES DE OLIVEIRA Assunto: APRECIAÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA. Relator: Conselheiro TARCÍSIO COSTA DECISÃO Nº 002755/2016 – TC

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA DE SERVIDOR(A) PÚBLICO(A). COMPETÊNCIA DO TCE PARA REGISTRAR O ATO APOSENTADOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 53, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E DO ART. 1°, INCISO III, C/C O ART. 95, INCISO I, AMBOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 464/2012. PELA LEGALIDADE DO ATO CONCESSIVO DE APOSENTADORIA E DA DESPESA RESPECTIVA.

DECIDE monocraticamente, de acordo com o art. 53 da

Lei Complementar Estadual nº 464/2012, c/c o art. 189, § 1º, do Regimento Interno deste Tribunal (aprovado pela Resolução nº 009/2012-TCE), em consonância com a informação do Corpo Técnico e com o parecer do Ministério Público que atua junto a esta Corte de Contas, julgar pelo registro do ato de aposentadoria sob apreciação, bem como pela anotação da respectiva despesa, nos termos do art. 53, inciso III, da Constituição Estadual e do art. 1°, inciso III, combinado com o art. 95, inciso I, ambos da Lei Complementar n° 464/2012. Gabinete do Conselheiro, 8 de agosto de 2016

TARCÍSIO COSTA Conselheiro Relator

Mirley S. A. de Medeiros Assessor de Gabinete

Processo Nº: 006009 /2015 - TC ( 201743 /2010 - SECD) Interessado: ROSA MARIA FARIAS FERNANDES DE OLIVEIRA Assunto: APRECIAÇÃO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA Relator: Conselheiro TARCÍSIO COSTA

DECISÃO Nº 002756/2016 – TC

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA DE SERVIDOR(A) PÚBLICO(A). COMPETÊNCIA DO TCE PARA REGISTRAR O ATO APOSENTADOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 53, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL E DO ART. 1°, INCISO III, C/C O ART. 95, INCISO I, AMBOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 464/2012. PELA LEGALIDADE DO ATO CONCESSIVO DE APOSENTADORIA E DA DESPESA RESPECTIVA.

DECIDE monocraticamente, de acordo com o art. 53 da

Lei Complementar Estadual nº 464/2012, c/c o art. 189, § 1º, do Regimento Interno deste Tribunal (aprovado pela Resolução nº 009/2012-TCE), em consonância com a informação do Corpo Técnico e com o parecer do Ministério Público que atua junto a esta Corte de Contas, julgar pelo registro do ato de aposentadoria sob apreciação, bem como pela anotação da respectiva despesa, nos termos do art. 53, inciso III, da Constituição Estadual e do art. 1°, inciso III, combinado com o art. 95, inciso I, ambos da Lei Complementar n° 464/2012. Gabinete do Conselheiro, 8 de agosto de 2016

TARCÍSIO COSTA Conselheiro Relator

Mirley S. A. de Medeiros Assessor de Gabinete

Processo Nº: 014456 /2001 - TC ( 000412 /2001 - IPERN) Interessado: GERALDA DOMINGOS RIBEIRO Assunto: PENSÃO E SALÁRIO FAMÍLIA Relator: Conselheiro TARCÍSIO COSTA DECISÃO Nº 002757/2016 – TC

EXECUÇÃO. INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL RELATIVAMENTE A CRÉDITO DECORRENTE DA APLICAÇÃO DE MULTA. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. APLICAÇÃO DO ART. 115 DA LEI COMPLEMENTAR N° 464/2012. ARQUIVAMENTO DOS AUTOS.

Consta do presente processo decisão proferida por esta

Corte de Contas na sessão do dia 18/12/2003, formalizada no Acórdão n° 230/2003 – TCE, que condenou o Sr. Hermano de Paiva Oliveira ao pagamento de multa.

O trânsito em julgado do decisum se deu no dia

16/09/2004. Certificado o trânsito em julgado e iniciados os atos

executórios, a Diretoria de Atos e Execuções – DAE lavrou informação suscitando a possível incidência da hipótese de prescrição da pretensão executória, prevista no art. 115, caput, da Lei Complementar Estadual nº 464/2012.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público de Contas

emitiu parecer opinando pelo reconhecimento da prescrição da pretensão executória, nos moldes do já citado art. 115, caput, da nossa Lei de Regência.

Pois bem. O referido preceito legal preconiza que

prescreve em 5 (cinco) anos, após o trânsito em julgado da decisão condenatória, a pretensão executória relativa a crédito

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decorrente da aplicação de multa. O seu parágrafo único ainda preceitua que o mencionado prazo interrompe-se pela citação da parte, inclusive por meio de edital, e suspende-se pelo período de cumprimento do parcelamento.

Nesse contexto, percebe-se que a prescrição da

pretensão executória, quanto à imposição da multa, já se perfectibilizou no feito em apreço, porquanto já decorridos mais de 5 (cinco) anos desde o último marco interruptivo para contagem do prazo prescricional.

À luz do exposto, em harmonia com o parecer do

Ministério Público de Contas, reconheço a prescrição da pretensão executória, com fundamento no art. 115, caput, da Lei Complementar Estadual nº 464/2012.

Ato contínuo, os autos seguirão à Diretoria de Atos e Execuções (DAE) para que seja providenciada a baixa na responsabilidade do(a) então gestor(a), com a posterior remessa do feito ao arquivo geral deste Tribunal de Contas para fins de arquivamento. Gabinete do Conselheiro, 8 de agosto de 2016

TARCÍSIO COSTA Conselheiro Relator

Mirley S. A. de Medeiros Assessor de Gabinete

DIRETORIA DE ATOS E EXECUÇÕES

EDITAL DE CITAÇÃO

PRAZO: 15 (quinze) DIAS Com base no que dispõem os artigos 45, §1º, III, e 46, §2º, da Lei Complementar Estadual nº 464/2012 (LOTCE), e artigos 220, III, e 221, §3º, da Resolução nº 009/2012-TCE (RITCE), por se encontrar (em) em lugar ignorado ou incerto, fica(m) o(s) abaixo relacionado(s) citado(s) para no prazo de 05 (cinco) dias, a contar da fluência do prazo de 15 dias da publicação deste edital, comprovar (em) o cumprimento das determinações impostas na decisão transitada em julgado, nos termos do art. 117 da LOTCE. Havendo imputação de multa, o valor deverá ser recolhido à conta do FRAP/TCE - BANCO DO BRASIL S.A., devendo o boleto bancário ser impresso por meio do sítio do Tribunal de Contas (www.tce.rn.gov.br/portalresponsavel). Em caso de ressarcimento ao erário, deverá ser comprovado o efetivo recolhimento aos cofres públicos do ente credor, mediante juntada aos autos do documento original respectivo. Não ocorrendo a comprovação do pagamento no prazo legal, será aplicado o disposto no art. 118 e incisos da LOTCE. Os autos do(s) processo(s) encontram-se à disposição para consulta e extração de cópias, se necessário, no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte, situado à Av. Pres. Getúlio Vargas, 690 – Ed. Dr. MÚCIO VILAR RIBEIRO DANTAS - (DAE - 1º andar) - Petrópolis - Natal/RN - CEP 59012-360. Processo nº: 011079/2008 - TC / Citação nº 001311/2016 - DAE Assunto: Prestação de Contas de acordo com a resolução 012/2007 ref. ao bimestre: 01/2008 Interessado (a): Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano Responsável (eis): Deoclecio Marques de Lucena Filho Relator (a): Conselheiro (a) Antônio Gilberto de Oliveira Jales

Natal/RN, 8 de agosto de 2016 Eduardo Felipe Borges Carneiro Costa

Diretor de Atos e Execuções

EDITAL DE NOTIFICAÇÃO PRAZO: 15 (quinze) DIAS

Com base no que dispõem os artigos 45, §1º, III, e 46, §2º, da Lei Complementar Estadual nº 464/2012, e artigos 220, III, e 221, §3º, da Resolução nº 009/2012-TCE, por se encontrar (em) em lugar ignorado ou incerto, fica(m) o(s) abaixo relacionado(s) notificados(s) para, no prazo de 15 (Quinze) dias, a contar da fluência do prazo de 15 dias da publicação deste edital, sanar divergências e irregularidades ou complementar a instrução processual, sob pena de aplicação da multa prevista no art. 107, inciso II, "e", da LCE nº 464/2012. Os autos do(s) processo(s) encontram-se à disposição para consulta e extração de cópias, se necessário, no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte, situado à Av. Pres. Getúlio Vargas, 690 – Ed. Dr. MÚCIO VILAR RIBEIRO DANTAS - (DAE - 1º andar) - Petrópolis - Natal/RN - CEP 59012-360. Processo nº: 006350/2012 - TC / Notificação nº 000755/2016 - DAE Assunto: Apreciação de registro do ato de admissão Interessado (a): Raimundo Nacelio da Costa Responsável (eis): Raimundo Nacelio da Costa Relator (a): Conselheiro (a) Antônio Gilberto de Oliveira Jales

Natal/RN, 8 de agosto de 2016 Eduardo Felipe Borges Carneiro Costa

Diretor de Atos e Execuções

MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS

PORTARIA Nº 042/2016 – PGMPJTC

Natal/RN, 08 agosto de 2016.

O PROCURADOR-GERAL ADJUNTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, no uso de suas atribuições legais, que lhe são conferidas pelo art. 9º, inciso II e V, c/c o art. 9º-A, da Lei Complementar 178, de 11 de outubro de 2000, com alterações disciplinadas pela Lei Complementar nº 560, de 29 de dezembro de 2015, com respaldo da deliberação ocorrida por oportunidade da 3ª Sessão Extraordinária do ano de 2015 do CSMP, ocorrida em 29 de outubro de 2015 e com fulcro no Despacho de fls. 13 do procedimento deflagrado pelo Memorando nº 001/2016 – PROC_PLS,

RESOLVE: Conceder ao Bacharel LUCIANO SILVA COSTA

RAMOS, ocupante do cargo de Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, o afastamento de suas funções, durante dois anos, a partir de 08 de janeiro de 2017, mantida a percepção de sua remuneração, a fim de participação em curso de Doutorado na Universidade de Coimbra/Portugal, fundamentada nos artigos 10, IV, e 19, caput, da Lei Complementar nº 178/2000, c/c o art. 197, III, da Lei Complementar nº 141/1996.

Publique-se.

Thiago Martins Guterres

Procurador-Geral Adjunto do Ministério Público de Contas