á ouviu o barulho do silêncio? Todos os dias, muitas pessoas deste

planeta vivem sem o sentido da audição que pode ser profundo ao ponto de não ouvirem nada, ou menos intenso, conseguindo distinguir alguns sons. Consciente desta situação, que para os ouvintes é uma grande limitação, o grupo de voluntários da rede e clientes do sul da EDP Distribuição disponibiliza algum do seu tempo dando o que pode à Associação de Surdos de Évora. Os voluntários tratam-nos pelos nomes, sabem do que gostam, o que estão a sentir e, como tal, para lhes darem um pouco mais organizaram uma festa de Natal, na passada sexta-feira, nas instalações desta associação.

José Marmé, director de rede e clientes do sul da EDP Distribuição explicou que esta iniciativa faz parte de um conjunto de acções, a nível nacional, em que a EDP Distribuição “dispõe do melhor que tem e que são as pessoas que se voluntariam para que estas situações aconteçam”.

O dirigente salientou que este é “apenas um dos lados visíveis” da política de responsabilidade social da EDP Distribuição. “Estamos, aqui, a apoiar esta instituição que pelo seu trabalho, que muitas vezes não se vê, não deixa de ter um papel fundamental na sociedade”, reforçou.

José Marmé lembrou que estamos inseridos numa sociedade que atravessa momentos difíceis, justifi cando, deste modo, que todos os que podem, devem ajudar o próximo. “Eu, pessoalmente, estou orgulhoso desta acção, não só

2 RegionalTERÇA-FEIRA , 18 DE DEZEMBRO DE 2012 diário do SUL

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Voluntários da rede e clientes do sul da EDP Distribuição organizaram uma festa

Crianças da Associação de Surdos de Évorareceberam presentes e muito afecto

como pessoa, mas como superior hierárquico de todos estes funcionários que se voluntariaram para tornar este dia, um dia diferente”, asseverou.

A Associação de Surdos de Évora, localizada no Bairro da Casinha, Rua Frei Miguel, nº 30 r/c, em Évora, teve a casa cheia com 14 crianças surdas, com idades compreendidas entre os três e os 17 anos, às quais os voluntários da rede e clientes do sul da EDP Distribuição proporcionaram momentos de diversão, com um palhaço que fazia animações com os balões, um lanche e presentes trazidos pelo “Pai Natal” EDP.

Para Julema Gaspar, vice-presidente da Associação de Surdos de Évora, esta festa natalícia foi uma grande prenda, sobretudo por ter deixado as crianças e os adolescentes felizes. “Eles estão muito contentes porque tiveram a oportunidade de sair da escola, do seu espaço

normal, fi caram a conhecer a associação - visto que alguns não a conheciam ainda – e puderam conviver com outras pessoas que têm a mesma vivência, percebendo, acima de tudo, que não os únicos.

A inclusãoda diferença no seioda sociedade

“A associação é uma instituição pública de solidariedade social e tem como objectivo ajudar a inclusão dos surdos na sociedade”, explicitou a mesma responsável, acrescentando que presta serviços de apoio, tal como as idas ao médico, ajuda em documentos a tratar nas Finanças e na Câmara, nas escolas e na escolha e aplicação de aparelhos auditivos. “A ideia é promover a autonomia destas pessoas, embora nós sejamos a rectaguarda, sempre que é

preciso”, salientou. Diogo tem 11 anos, não é

surdo profundo, conseguindo entender o “Diário do Sul”, mas a intérprete de língua gestual fez questão de o acompanhar. “A festa está a ser muito boa, deixa-me muito feliz por ver também outras pessoas surdas”, confi denciou. A palhaça foi uma acção de que disse ter gostado muito por a achar muito engraçada “e por construir balões muito giros em forma de animais, de espadas e de coroas dos reis”. Questionado sobre se sente integrado, Diogo sorriu e respondeu afi rmativamente, sublinhando que tanto fala com surdos como com ouvintes “e conversamos mesmo muito!”. (risos)

Marta é mais velha, tem 17 anos, também ela não é surda profunda e consegue verbalizar. Na sua opinião, esta festa foi muito importante “pelo convívio que está a proporcionar,

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nomeadamente o facto de permitir encontrar pessoas que não via há muito tempo”. Marta é igualmente um caso de sucesso de integração na sociedade, explicando que isso se deve “ao acompanhamento que sempre tive por parte de uma intérprete de língua gestual”, bem como ao facto de conseguir falar, o que torna a sua vida “perfeitamente normal”.

No fi nal da festa, os voluntários

da rede e clientes do sul da EDP Distribuição ofereceram presentes às crianças e adolescentes e à associação uma máquina fotográfi ca digital e uma impressora multifunções.

A todos, e em língua gestual, que não consigo aqui reproduzir, mas que pode ser visualizada na “Diário do Sul TV”, a presidente da Associação de Surdos de Évora, também ela surda, Ana Luísa, desejou a todos um “Feliz Natal”.

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