Dirio de uma paixo.Procuro teu perfume, teu ombro, tua mo no respirar morno das casas. Revolvo-me no branco dos leois, como o mar revolve contras as paredes, em mar viva. O sopro do teu sono humedece-me o peito. Manh confusa, nevoenta luz onde se quebra o pesadelo. Procuro-te, peixe alucinante, no fundo lodoso de mim. O dia nasce com um travo de sol frio, e eu dum lado para o outro, dentro do exiguo quarto. O tnue tecido das cortinas serapa o sonho vivido em ti da cidade h muito acordad. Prolongo esse instante de iluso, espio teu copo desesperadamente nu. No espelo j no sei quem sou. Adivinho-te, paro o olho naqueles olhos-reflexo para me lembrar dos teus. Dentro do espelho apareceu ento a lvida pelo do tempo que nos separou. Uma flor spera cresce nos lbios, exterminadora. E na manh mole das flores minerais, sem forar nem esperma, meu corpo aproxima-se do mortal eclipse. Mil partculas fosforecentes explodem convulsivas. Convulsivas borboletas no cio. De novo teu perfume de essncia rara, lcoois nocturnos, mo, minha mo sozinha e nua prolongando-se em forma de caroo. Palpvel zinabre absorvido em espasmos lucidos, furioso. Latejando no estilhao cristalino da paixo, segregado no silncio imitente da morte. Deso as escadas, abro a porta com a solido terrivel do sonmbulo na boca. Compro o jornal, cigarros, o cu abre-se gelado por cima da srdida teia dos arranha-cus. O caf, estremeo num amrgo que evova novamente tua ausncia.Al berto.