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FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO AMBIENTE PROCISA DIANDRA FIORAVANTE CORCINI NEPOMUCENO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO BÁSICO: A IMPORTÂNCIA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA APRENDIZAGEM PONTE NOVA 2019

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FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA

SAÚDE E DO AMBIENTE – PROCISA

DIANDRA FIORAVANTE CORCINI NEPOMUCENO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO BÁSICO:

A IMPORTÂNCIA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA APRENDIZAGEM

PONTE NOVA

2019

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DIANDRA FIORAVANTE CORCINI NEPOMUCENO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO BÁSICO:

A IMPORTÂNCIA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA APRENDIZAGEM

Dissertação apresentada à Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga – FADIP –, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, sob orientação da Professora Doutora Lúcia Meirelles Lobão Protti.

PONTE NOVA

Agosto/ 2019

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Ficha Catalográfica

NEPOMUCENO, Diandra Fioravante Corcini. Educação Ambiental No

Ensino Básico: A Importância Das Metodologias Ativas Na

Aprendizagem. / Ponte Nova (MG), 2019 – 87 f.

Dissertação de Mestrado – Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga.

Mestrado em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente.

Orientadora: Lúcia Meirelles Lobão Protti.

1 – Ferramenta lúdica; 2 - Educação ambiental; 3 - Inclusão social.

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À equipe da Escola Estadual Benedito Valadares, por me acolher como parte de

uma grande família. O respeito às diferenças de todos os professores é o ponto de

partida para a busca por novos conhecimentos. Afinal, juntos somos mais fortes.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por colocar pessoas e sonhos tão especiais em minha vida.

À minha família, por sempre embarcar nos meus sonhos. Em especial ao meu

esposo, pelo companheirismo, paciência e apoio durante todo esse trajeto.

À minha orientadora, por ser tão exigente e, ao mesmo tempo, tão acolhedora.

Obrigada pelo carinho, confiança e pelas oportunidades que me foram concedidas.

À equipe da Escola Estadual Benedito Valadares, por despertar em mim a

esperança na educação, acreditando no meu projeto como uma metodologia

diferenciada e capaz de estimular nossos alunos na busca pelo aprendizado

significativo.

Às professoras Daniela e Iara, pelos incentivos, conselhos e apoio, em especial

durante a escrita deste estudo. Minha especial gratidão e admiração.

Enfim, a todas as pessoas envolvidas que, de alguma maneira, contribuíram para

que esse caminho pudesse ser trilhado.

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“Porque tudo que é feito com amor floresce”

Haia Marak

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RESUMO

Este trabalho caracteriza-se como um estudo de caso sobre a percepção ambiental de alunos do ensino fundamental II de uma escola estadual, localizada no município de Raul Soares-MG. O estudo tem como objetivo avaliar uma metodologia ativa baseada no lúdico, como estratégia de aprendizagem para a Educação Ambiental. Além disso, também foi foco das análises avaliar a percepção ambiental dos alunos antes e depois da aplicação da ferramenta lúdica, comparar a aprendizagem entre discentes especiais e regulares, explorar os sentidos pouco utilizados na educação tradicional e elaborar um produto que pudesse ser aplicado por diferentes educadores na Educação Ambiental, o Jardim Sensorial. Tal proposta justificava-se pela atual saturação do modelo tradicional de ensino e, por isso, pela necessidade de aprimoramento das práticas docentes, a fim de motivar os estudantes, tornando o processo de ensino e aprendizagem mais significativo. Para isso, foram convidados 20 alunos de inclusão e 20 alunos do ensino regular para participarem de uma aula lúdica, que consistia em um circuito de atividades, realizado em ambiente externo à sala de aula. Antes da aplicação da ferramenta didática proposta, os educandos responderam a um questionário, composto por 11 questões, para que seus conhecimentos prévios relacionados à percepção ambiental pudessem ser analisados. Durante o percurso que realizaram no ambiente externo, também responderam a um segundo questionário para avaliação da percepção ambiental através dos cinco sentidos. Por último, responderam a um terceiro questionário, envolvendo a avaliação da metodologia ativa vivenciada na aula de campo. Os resultados qualitativos foram processados por meio do método de análise de conteúdo e, posteriormente, avaliados por estatística descritiva. Como resultado geral, observa-se que os dois grupos apresentam uma percepção naturalista, o que demonstra uma ideia limitada à dimensão ambiental. Entretanto, o grupo de alunos especiais avança um pouco nesse sentido, uma vez que se colocam como parte do meio em que vivem. Percebe-se, também, que há uma resistência quanto a aulas diferenciadas para alguns alunos regulares, que, por tradição, estão acostumados com a transmissão passiva de conhecimentos, deixada pela educação tradicional. Observa-se, ainda, uma mudança de percepção dos alunos regulares, antes e após a aplicação da atividade lúdica, que passa da visão naturalista para a globalizante, o que não aconteceu com os alunos especiais. Nesse sentido, destaca-se que, apesar da utilização da metodologia ativa baseada no lúdico, é fundamental que haja um direcionamento mais efetivo por parte do mediador; em especial para os alunos de inclusão, de forma a garantir mais autonomia no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, importante também ressaltar que, apesar disso, sua utilização é um caminho essencial para o que se considera como aprendizado significativo, visando a uma educação efetivamente de qualidade. Palavras-chave: Ferramenta lúdica. Educação ambiental. Inclusão social.

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ABSTRACT

This study is characterized as a case study about the environmental perception of elementary school students from a public school located in Raul Soares-MG. The aim of study was to evaluate an active methodology based on playful, as a learning strategy for Environmental Education. Moreover, it was also objective of the analyzis to assess students' environmental perception before and after the application of the playful tool, to compare learning between special and regular students, to explore senses that are not much explored in traditional education and to elaborate an educational product that can be applied by different teachers in Environmental Education, the Sensory Garden. The reason for the elaboration of this project is based on the current saturation of traditional teaching model and also by the need to improve teaching practices in order to motivate students by making the teaching and learning process more meaningful. For this, 20 students with special needs and 20 regular students were invited to participate in a playful class, which consisted of a circuit of activities, performed outside the classroom. Before applying the proposed didactic tool, the students answered a questionnaire, composed of 11 questions, so that their previous knowledge related to environmental perception could be analyzed. During their circuit in the external environment, they also answered a second questionnaire to assess environmental perception through the five senses. Finally, they answered a third questionnaire about the active methodology experienced. Qualitative results were processed using the content analysis method and then evaluated by descriptive statistics. As a general result, it is observed that both group of students have a naturalistic perception, which demonstrates a limited idea to the environmental dimension. However, the group of students with special needs place themselves as part of their environment. It is also emphasized that there is a resistance to some regular students, who, by tradition, are used to the passive transmission of knowledge carried out by traditional education. There is also a change in the perception of regular students, before and after the application of playful activity, which goes from naturalistic to globalizing, what is not observed the students with special needs. In this sense, although the use of active methodolgy is essential, it is most effective when there is teacher guidance, especially for special students, thus ensuring more autonomy in the teaching and learning process. However, the use of active methodology is considered a fundamental path for meaningful learning, aiming at effective quality education. Keywords: Playful tool. Environmental education. Social inclusion.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Fluxograma do histórico da Educação Ambiental 23

Ilustração 2 - Definições de concepção 25

Ilustração 3 - Definições de percepção 27

Ilustração 4 - Definições de representação 28

Ilustração 5 - Circuito Sensorial Ambiental, composto por cinco etapas 38

Ilustração 6 - Caminho sensitivo composto por capim, areia, brita, folha seca,

terra e milho

39

Ilustração 7 - Experimento “Que som é esse?” 40

Ilustração 8 - Experimento “Cheiro de quê?” 41

Ilustração 9 - Experimento “Hum que gostinho é esse?” 41

Ilustração 10 - Experimento “O que eu vejo?” 42

Ilustração 11 - Desenho feito por uma aluna especial sobre a percepção da

palavra meio ambiente

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Ilustração 12 - Desenho feito por uma aluna regular sobre a percepção da

palavra meio ambiente

49

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Conceito de meio ambiente por alunos especiais (AE) e regulares

(AR)

47

Gráfico 2 - Percepção de meio ambiente pelos AE e AR 48

Gráfico 3 - Responsabilidade de cuidar do ambiente pelos AE e AR 52

Gráfico 4 - Elementos identificados como parte integrante do meio ambiente

através da audição

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Gráfico 5 - Relação dos sentidos que os alunos mais gostaram de utilizar

durante o circuito sensorial

57

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Identificação das deficiências dos alunos de acordo com os laudos

Tabela 2 - Categorização das respostas utilizadas no questionário aplicado

para avaliação da percepção ambiental dos alunos

36

46

Tabela 3 - A tipologia das concepções ambientais segundo Reigota (1991) 46

Tabela 4 - Elementos que fazem parte do meio ambiente na percepção dos AE

e AR

50

Tabela 5 - Identificação de acertos dos materiais através dos sentidos

Tabela 6 - Mudança de percepção ambiental relacionada à visão naturalista

53

58

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 16

1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA 20

1.1 HISTÓRICO E CONCEITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 20

1.2 O AMBIENTE E SUAS DEFINIÇÕES 25

1.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO

PÚBLICA

30

1.4 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA EA NO ENSINO FUNDAMENTAL 31

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O ENSINO SIGNIFICATIVO 35

2.1 PRIMEIRA ETAPA DO CIRCUITO: CAMINHO SENSITIVO 38

2.2 SEGUNDA ETAPA DO CIRCUITO: QUE SOM É ESSE? 39

2.3 TERCEIRA ETAPA DO CIRCUITO: CHEIRO DE QUÊ? 40

2.4 QUARTA ETAPA DO CIRCUITO: HUM! QUE GOSTINHO É ESSE? 41

2.5 QUINTA ETAPA DO CIRCUITO: O QUE EU VEJO? 42

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 45

3.1 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL 45

3.1.1 Conceituação/representação 46

3.1.2 Responsabilidade ambiental 51

3.2 APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA 52

3.3 AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA 56

CONSIDERAÇÕES FINAIS

70

REFERÊNCIAS 72

APÊNDICES 79

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INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental (EA) pode ser considerada uma prática social que

envolve a interdisciplinaridade entre o indivíduo, a sociedade e a natureza,

objetivando potencializar a atividade humana na prática social e ambiental (BRASIL,

2012). Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999) – PNEA

–, o cidadão e toda a coletividade são considerados para a construção de princípios

morais, aptidão, conhecimento, atitudes e competências relacionados à proteção

ambiental, tornando, assim, o meio ambiente acessível a toda população, o que se

mostra como fundamental na qualidade de vida e sustentabilidade.

Mousinho (2003) acrescenta que a EA contribui para o crescimento da

consciência crítica e incentiva o confronto entre questões ambientais e sociais.

Apoiada em teoria crítica, conforme indicado por Trein (2008), deve impulsionar a

participação social na forma de uma ação política, sendo aberta ao diálogo e

buscando o esclarecimento das incompatibilidades teórico-práticas.

Em 1972 ocorreu um dos eventos mais importantes para a evolução do

conceito ambiental no mundo (DIAS, 1992), a Organização das Nações Unidas

(ONU) promoveu, na Suécia, a “Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano”

(Conferência de Estocolmo), considerada um marco histórico-político internacional.

Seu principal resultado foi estabelecer a necessidade de um Programa Internacional

de EA. Foi nesse momento que a modalidade passou a ser compreendida como

recurso pedagógico, adquirindo relevância e vigência internacionais.

Vale destacar que, de acordo com a PNEA, a EA deve ser desenvolvida como

uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e

modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. Assim, a

condução da EA no ensino formal deve transcender o ensino tradicional, buscando,

para isso, estratégias plurais, integrativas e lúdicas, visto que a diversidade de

métodos didáticos colabora para incentivar os alunos (BUENO, 2003 apud VIVEIRO;

DINIZ, 2009) e busca atender às suas diferentes necessidades.

Com isso, os envolvidos no processo passam a ter uma aprendizagem

significativa a partir da diversidade de estratégias, o que garante mais oportunidades

para a construção do conhecimento, além de fornecer subsídios para que tais

educandos encontrem as atividades que os ajudem a compreender melhor o tema

estudado.

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O que se observa hoje, na prática, é bem distante do previsto em lei. A

experiência como professora de Ciências na Educação Básica tem mostrado que o

grande desafio do educador é a busca por estratégias plurais e alternativas que

estimulem o educando na construção do aprendizado. A vivência na educação,

durante oito anos de docência, sendo três deles com alunos de inclusão, aumenta a

percepção da importância de se adotar metodologias ativas – com destaque para o

lúdico – capazes de instigar e aprimorar o aprendizado.

Entende-se, portanto, que a EA é um direito de todos, em todos os níveis de

educação. Faz-se importante ressaltar que, com a Política Nacional de Educação

Especial, em 2003, foi implementado pelo Ministério da Educação (MEC) o

Programa Educação Inclusiva, visando à transformação dos sistemas de ensino em

sistemas educacionais inclusivos, com garantia de direito de acesso à escolarização

por todos. Por isso, também se faz fundamental a adaptação da EA para contemplar

a diversidade, a fim de considerar a pluralidade existente atualmente nas escolas

públicas.

Segundo a Constituição Federal (CF) de 1988, a educação é um direito de

todos e dever do estado e da família (BRASIL, 1988). De acordo com Gohn (2009) e

Colley, Hodkinson e Malcolm (2002), é conquistada ao longo da existência dos

cidadãos e pode ser dividida em três formas diferentes: educação escolar formal,

desenvolvida nas escolas; informal, conduzida pelos pais e pelo convívio com a

sociedade; e não-formal, que ocorre fora da instituição escolar, com objetivos

pré-definidos. Sabe-se, ainda, que o aluno com necessidades educacionais

especiais tem o direito de ser inserido preferencialmente na rede regular de ensino,

mediante a garantia de atendimento educacional especializado, de acordo com a CF

(BRASIL, 1988).

Entretanto, uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais (INEP), em 2016, traz uma informação alarmante.

Das 145.647 escolas existentes na rede pública, apenas 26% possuem

dependências adaptadas as pessoas com deficiência. A adaptação da infraestrutura

é fundamental, e tão importante quanto isso é a contratação de profissionais que

saibam trabalhar com os alunos especiais inseridos nas instituições educacionais.

Acrescenta-se, ainda, a necessidade de novas medidas para a estruturação

da educação inclusiva em nosso país, novos critérios pedagógicos, arquitetônicos e

formação de professores, concluindo que não basta apenas inserir um aluno com

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deficiência na escola comum, sendo fundamental que haja diversidade nos sistemas

de ensino e novas alternativas para um atendimento efetivo. Apenas dessa forma o

objetivo proposto é alcançado, qual seja, a aprendizagem significativa e autônoma,

visto que a intenção do estado, nesse contexto, é a de reforçar o conceito da sala de

aula como um ambiente de diversidade, respeito e assistência especializada.

Sendo assim, entende-se que ter a capacidade de discursar sobre a

educação ambiental é direito de todos esses alunos, o que ajudará na sua

transformação como cidadãos conscientes do meio em que vivem. Isso possibilitará

também a resolução de problemas do meio ambiente, por meio da formação como

sujeitos críticos, autônomos e participativos. Assim, garantir a todos os alunos,

regulares ou com necessidades especiais, uma EA efetiva é dever dos educadores.

Entretanto, a oferta do atendimento educacional especializado e a garantia da

acessibilidade para a educação inclusiva é um grande desafio vivenciado por

aqueles que trabalham em educação. Isso porque, tradicionalmente, tais alunos

eram segregados em instituições especializadas e escolas especiais ou ficavam

isolados no seio familiar e sua escolaridade limitava-se às séries iniciais do ensino

fundamental, pois a sociedade não lhes garantia condições para progressão escolar

e inclusão social.

Com o avanço das ciências e a promulgação de dispositivos legais, é

assegurada a educação da pessoa com necessidades especiais, que vem

alcançando níveis mais elevados de escolaridade, atingindo, em muitos casos, a

universidade, chegando também ao mercado de trabalho. Tal questão, aliada aos

inúmeros problemas ambientais que a sociedade globalizada enfrenta, exige uma

mudança na metodologia tradicional, ainda muito utilizada nas escolas públicas de

ensino fundamental, bem como o desenvolvimento de habilidades e competências

com vistas à formação dos alunos como sujeitos críticos e reflexivos.

As estratégias pedagógicas diferenciadas, como o circuito sensorial, por

exemplo, muitas vezes são deixadas de lado pelo profissional da educação, visto

que ele ainda encontra muitas dificuldades para sua elaboração e execução. Em um

estudo realizado por Peruzzi e Fofonka (2014) sobre a importância da aula prática

para a construção significativa do conhecimento e a visão dos professores das

Ciências da Natureza, constatou-se que a maioria deles expõe a falta de material e

de tempo como as maiores dificuldades encontradas na elaboração de aulas

práticas. O mesmo resultado foi encontrado na pesquisa de Bueno e Kovaliczn

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(2008): a falta de tempo para a realização das atividades experimentais, indisciplina

dos alunos, precariedade de materiais, falta de espaço e também de recursos

humanos apropriados foram apontadas como as principais dificuldades.

Dessa forma, a proposta deste estudo justificava-se pela atual saturação no

modelo tradicional de aulas e, por isso, pela necessidade de aprimoramento das

práticas docentes a fim de motivar os estudantes e tornar o processo de ensino e

aprendizagem mais significativos.

O objetivo geral desta dissertação é, portanto, avaliar o lúdico como estratégia

de aprendizagem para Educação Ambiental no ensino fundamental II, além de

analisar a percepção ambiental dos alunos antes e depois da aplicação da

ferramenta lúdica, comparar a aprendizagem entre alunos especiais e regulares,

explorar os sentidos pouco utilizados na educação tradicional, introduzir uma nova

prática de ensino e elaborar um produto que possa ser aplicado por diferentes

educadores na Educação Ambiental.

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1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

1.1 HISTÓRICO E CONCEITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Nos anos 1960, segundo Sousa (2011), surgiram manifestações populares

em defesa do meio ambiente devido a danos ambientais até então desconhecidos

pela população. Tais manifestações foram amplamente divulgadas após o

lançamento do livro Primavera Silenciosa (1962), da americana Rachel Carson,

que passou a ser considerado um clássico na história do movimento ambientalista

mundial, provocando uma grande agitação internacional e dando origem a

discussões em vários países. Iniciou-se, desse modo, o campo da EA, resultado da

associação entre educação e meio ambiente.

Uma etapa importante do processo de consolidação da relação entre

educação e meio ambiente, segundo informações da Secretaria do Meio Ambiente

de São Paulo (2003), aconteceu em 1972, na Conferência de Estocolmo, a qual se

atribui a inserção da temática da EA na agenda internacional. Foi a primeira atitude

mundial de tentar preservar o meio ambiente, tendo sido elaboradas recomendações

referentes à importância de um trabalho de educação voltado para as questões

ambientais.

A partir desse momento, o meio ambiente passou a se estruturar como uma

nova área de atuação dentro das políticas públicas. Cinco anos após Estocolmo, em

1977, aconteceu em Tbilisi, na Geórgia, a Conferência Intergovernamental sobre EA.

Nesse encontro foram formuladas as definições, os objetivos, os princípios e as

estratégias para a área, que até hoje são adotados em todo o mundo (HENRIQUES,

2007).

No Brasil, as iniciativas voltadas para EA surgiram a partir da Lei da Política

Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que sinalizou o ambiente como um

patrimônio público a ser assegurado e protegido para o uso coletivo, indicando a

necessidade de promovê-lo em todos os níveis de ensino, inclusive na educação da

comunidade, com o objetivo de capacitá-la para a participação ativa na defesa do

meio ambiente (BRASIL, 1981). Anos mais tarde, a Constituição Federal de 1988

enfatizou como dever do poder público promover a EA em todos os níveis e as

modalidades de ensino, pois

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“todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).

Na década de 1990, surgiram os principais marcos que deram à EA outra

institucionalidade, por meio da II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio-92, em que foi elaborado o

Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Esse

documento estabelece princípios fundamentais da educação para sociedades

sustentáveis, destacando a necessidade de formação de um pensamento crítico,

coletivo e solidário, de interdisciplinaridade, de multiplicidade e diversidade (SÃO

PAULO, 2003).

Em 1994, merece destaque o Programa Nacional de EA (PRONEA), cujas

ações destinam-se a assegurar, no âmbito educativo, a integração equilibrada das

múltiplas dimensões da sustentabilidade – ambiental, social, ética, cultural,

econômica, espacial e política – ao desenvolvimento do país, resultando em melhor

qualidade de vida para população brasileira.

Posteriormente, em 1997, com a elaboração do documento Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCNs –, considerado uma nova proposta curricular, o meio

ambiente passou a ser tema transversal nos currículos básicos do ensino

fundamental, complementado em 1999 pela Política Nacional de EA, quando esta foi

reconhecida e oficializada como área fundamental e permanente no processo de

ensino e aprendizado, através da educação formal, não-formal e informal, em

caráter interdisciplinar (BRASIL, 1999).

Ainda no campo internacional, houve iniciativas das Nações Unidas de

implementar a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-

2014), o que representa uma conquista para a Educação Ambiental, principalmente

no que tange ao enfrentamento da problemática socioambiental, na medida em que

reforça mundialmente a sustentabilidade a partir da Educação, potencializando as

políticas, os programas e as ações educacionais já existentes, além de multiplicar as

oportunidades inovadoras.

Em 2018, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a nova Base

Nacional Comum Curricular (BNCC), estabelecendo diretrizes para a elaboração de

currículos em todas as escolas do país. Indispensável mencionar que a BNCC é

uma exigência do Sistema Nacional de Educação, de acordo com a Constituição

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Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Esse documento

representa um passo fundamental em direção à garantia do direito à aprendizagem

e à equidade educacional.

No que diz respeito à EA, que tinha status de tema transversal – Meio

Ambiente –, de acordo com Andrade e Piccinini (2017), seu reconhecimento passou

a ser apenas de forma difusa nos eixos de formação. Os autores constatam que há,

ainda, uma perda de espaço, prevalecendo sua compartimentalização em disciplinas

e utilização como tema integrador em apenas três disciplinas, com reinserção

condicionada à autonomia das escolas, resultando, dessa forma, em um retrocesso

nas políticas em EA, principalmente na perspectiva crítica. Para os anos iniciais,

esse tema integrador – Educação Ambiental – se restringiu às disciplinas de

História, Geografia e Artes. Para os anos finais, o tema aparece unicamente nos

objetivos de aprendizagem de Geografia e Artes (MEC, 2017).

Com relação à disciplina de Ciências, a EA não se mostra como um tema em

potencial, como mencionado anteriormente, encontrando-se explicitamente apenas

na Unidade de Conhecimento “Ambiente, recursos e responsabilidades” que, em sua

descrição, tanto para os anos finais quanto iniciais do ensino fundamental, destaca

que

nesta unidade serão estudadas questões relacionadas a ambiente, recursos naturais e a responsabilidade no seu uso, caracterizando os fenômenos e as interações de sistemas e organismos com o ambiente, bem como as implicações causadas pelo uso de produtos tecnológicos quanto as alterações climáticas, de temperatura e de radiação que atingem a superfície terrestre (...) (BRASIL, 2016, p. 442).

Com isso, pode-se observar que o texto sinaliza para a responsabilidade

individual e coletiva, não contemplando sua complexidade. Observa-se, assim, que a

proposta não aparece nos objetivos de aprendizagem, que se materializam, ainda,

de forma fragmentada e restrita ao seu componente ecológico. Apesar de a EA estar

explicitamente restrita às Unidades de Conhecimento que se dedicam ao estudo do

ambiente, considera-se que outras unidades têm igual espaço para inserção da

temática e podem oferecer excelentes oportunidades de integração disciplinar.

Dessa forma, fica evidente que as políticas educacionais enfatizam seu papel

social, reproduzindo a discussão ambiental sem aprofundamento das questões

econômicas, políticas, culturais, sociais ou mesmo do conhecimento específico que

justifica a complexa dinâmica a qual insere esse tema (SANTINELO et al., 2016).

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É importante destacar que desde os anos 60, como mencionado

anteriormente, começaram a ser percebidas as consequências do avanço

tecnológico ao meio ambiente. Lideranças do mundo todo deram o primeiro sinal de

alerta, visto que os impactos negativos foram percebidos em escala global. O

crescimento econômico, que visa somente ao lucro a qualquer custo, degrada o

meio ambiente e afeta a qualidade de vida de todos. É urgente, por isso, um

desenvolvimento que garanta a sobrevivência das futuras gerações. Nessa

perspectiva, a educação ambiental atua ajudando as pessoas a entenderem que

cada sujeito é parte do meio ambiente e propõe a reflexão sobre os caminhos que

envolvem os aspectos dessa nova relação entre a humanidade e a natureza.

Abaixo um fluxograma foi elaborado com os principais marcos nacionais e

internacionais acerca da temática Educação Ambiental, para uma melhor

compreensão dos acontecimentos.

Ilustração 1 - Fluxograma do histórico da Educação Ambiental Fonte: Elaboração própria (2019).

Os acontecimentos históricos são fundamentais para a compreensão do que

se entende atualmente por Educação Ambiental. Para Guerra e Abílio (2006),

defini-la é falar sobre educação dando-lhe uma nova dimensão: a ambiental,

contextualizada e adaptada à realidade interdisciplinar. Os conceitos de EA podem

ser extraídos de vários documentos diferentes; no entanto, percebe-se que sua

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essência é sempre a mesma: um processo que visa à formação do cidadão,

intrinsecamente relacionado a questões ambientais e suas problemáticas. Nesse

prisma, destaca-se que, de acordo com o capítulo 36 da Agenda 21 (1992, s/p),

criada na Rio-92, a EA é um processo que busca

desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos.

O Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,

elaborado também durante a Rio-92, ressalta que a EA é reconhecida como um

processo político dinâmico, em permanente construção, orientado por valores

baseados na transformação social (OLIVEIRA, 2011).

A Organização das Nações Unidas (ONU), assim como o Ministério do Meio

Ambiente, acrescenta que é um processo permanente. A Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) aponta que o processo

de reconhecimento de valores e elucidação de conceitos a levam a desenvolver

habilidades e atitudes necessárias para entender e apreciar as inter-relações entre

os seres humanos, suas culturas e seus meios físicos. A EA também desenvolve a

prática da tomada de decisões e da autoformulação de comportamentos sobre

temas relacionados à qualidade do meio ambiente (ROSA, 2009).

Segundo Dias (1992), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

sinaliza EA como um processo de formação e informação orientado para o

desenvolvimento da consciência crítica acerca das questões ambientais e de

atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio

ambiental.

Já a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SÃO PAULO,

1994, p. 7), a reconhece como preparação de pessoas para a vida enquanto

integrantes da biosfera; “aprendizado para compreender, apreciar, saber, lidar e

manter os sistemas ambientais na sua totalidade” e “aprender a ver o quadro global

que cerca um problema específico”; além do conhecimento de “como gerenciar e

melhorar as relações entre a sociedade humana e o ambiente, de modo integrado e

sustentável” e de como empregar novas tecnologias, aumentar a produtividade,

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25

evitar desastres, minorar os danos, conhecer e utilizar as novas oportunidades e

tomar decisões acertadas.

Nesse sentido, pode-se dizer que a EA é mais que um processo de fomento

ao cidadão sobre a compreensão do meio físico, estando relacionado à sua inserção

nesse ambiente, suas ações e consequências. A sociedade precisa se conscientizar

de que é parte integrante do meio ambiente. Diante dessa perspectiva, protegê-lo é

sinônimo de proteger a existência da humanidade. Essa conscientização deve ser

individual e coletiva e, para ser efetiva, o desenvolvimento do pensamento crítico

nos jovens é fundamental.

1.2 O AMBIENTE E SUAS DEFINIÇÕES

Em pesquisas sobre o que pensam alunos, professores e outros atores

educacionais, há alguns termos que têm sido utilizados para se referir às

representações ambientais, como concepção, percepção e representação, muitas

vezes sendo eles inseridos em um mesmo texto de maneiras diferentes, o que

dificulta sua compreensão.

Matos e Jardilino (2016), em um estudo sobre os conceitos de concepção,

percepção, representação e crença no campo educacional, destacam similaridades,

diferenças e implicações do uso dessa variedade de termos para a pesquisa.

Algumas dessas definições utilizadas pelos autores em diferentes fontes, como

artigos, livros e, prioritariamente, dicionários especializados estão destacados nas

ilustrações 2, 3 e 4.

Ilustração 2 - Definições de concepção Fonte: MATOS; JARDILINO, 2016, p. 24.

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26

Os autores sinalizam que “as nossas concepções envolveriam um processo

de formação de conceitos” (MATOS; JARDILINO, 2016, p. 24). Brown (2008)

acrescenta que as “concepções” podem informar a maneira como as pessoas

percebem, avaliam e agem com relação a um determinado fenômeno, assim como

caracterizar um processo de formação de conceitos.

No que tange à palavra “percepção”, Matos e Jardilino (2016, p. 27)

constataram que ela está intrinsecamente relacionada à “organização e

interpretação de sensações/dados sensoriais” que resultam em uma “consciência de

si e do meio ambiente”, como uma “representação dos objetos externos/exteriores”.

Fundamental destacar também a interpretação como um fator importante: isso

significa que não se percebe o mundo diretamente porque a percepção do sujeito é

sempre uma interpretação desse mundo. Os conceitos levantados podem ser

analisados na ilustração 3.

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27

Ilustração 3 - Definições de percepção Fonte: MATOS; JARDILINO, 2016, p. 26.

Acerca do que é representação, os autores apontam que, segundo Durozoi e

Roussel (1996, p. 407), ela pode ser definida como “qualquer imagem, pensamento,

conteúdo formado no psiquismo” que desempenhe o papel de algo, uma

compreensão bastante ampla, conforme quadro a seguir.

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28

Ilustração 4 - Definições de representação Fonte: MATOS; JARDILINO, 2016, p. 27.

Observa-se, então, que todas as definições citadas acima estão

inter-relacionadas, o que explica parcialmente a grande diversidade de termos

presentes na literatura educacional e a dificuldade teórica em diferenciá-los. Os

autores Matos e Jardilino (2016, p. 30) concluíram que os conceitos utilizados nas

pesquisas educacionais (concepção, percepção e representação) “têm como

objetivo chegar a um mesmo resultado: informar a maneira como as pessoas

percebem, avaliam e agem com relação ao fenômeno pesquisado”. Entretanto,

“tratar esses conceitos como sinônimos leva a uma série de equívocos na

divulgação dos resultados das pesquisas”. Por essa razão, após a apresentação de

todas as definições, acredita-se ser mais apropriada a utilização do termo percepção

ambiental para a pesquisa em questão.

A Percepção Ambiental (PA) é definida por Faggionato (2005, s/p) como "uma

tomada de consciência do ambiente pelo homem". Assim o ser humano, por meio de

sua autodefinição, percebe o ambiente em que está localizado, aprendendo a

protegê-lo e a cuidá-lo, o que se mostra como o ato de o homem perceber o

ambiente em que está inserido, resguardando-o (PALMA, 2005; FERNANDES et al.,

2004). Tal interesse é proporcional às suas experiências e baseia-se na cultura,

ética e postura das relações pessoais que tornam único cada indivíduo estudado

(PALMA, 2005). Carvalho (2013) complementa afirmando que ela é uma forma de

compreender como os sujeitos acessam a realidade, situam-se e vinculam-se com o

mundo e consigo mesmo.

Com relação ao termo ambiente, vários significados podem ser considerados,

segundo estudos de Ribeiro e Cavassan (2012). Os autores propõem um olhar

epistemológico acerca da definição de ambiente e estabelecem que suas distintas

apropriações estão relacionadas ao desenvolvimento das Ciências Naturais e

Humanas e à maneira como elas foram se apropriando do termo. “A palavra meio

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29

ambiente é formada por dois vocábulos latinos: a preposição amb (o), que significa

ao redor, à volta, e o verbo ire, ir. A união dos dois termos constitui-se na expressão

ambire, que tem como sentido ir à volta” (COIMBRA, 2002, p. 25). Portanto,

refere-se a tudo o que está à nossa volta, o que nos cerca e nos rodeia.

Buscando facilitar o ensino de EA, é fundamental verificar como é a

percepção dos alunos quanto ao ambiente, além de seus conhecimentos, hábitos,

valores e necessidades. O estudo das percepções é um mecanismo que fornece tais

informações.

Reigota (1991; 1998; 2006) retrata sobre a importância de identificar as

percepções sobre meio ambiente dos alunos envolvidos no processo educativo,

visto que, desse modo, é possível direcionar de forma mais precisa os objetivos das

ações pedagógicas e até mesmo os resultados que podem alcançar. Sendo assim, o

estudo da percepção ambiental possibilita entender o comportamento dos sujeitos

diante da realidade, o que é diretamente influenciado pela interpretação que fazem

do ambiente.

O estudo da percepção do meio ambiente também é fundamental para

fornecer uma base para a elaboração de um programa de EA (SILVA, 2013). Uma

vez que o conhecimento não pode resultar de um ato passivo, o ser humano o busca

a partir de suas inquietações e dúvidas em relação aos problemas que vão surgindo

em seu contexto.

Reigota (2006) afirma que uma forma de representar as percepções sobre o

meio ambiente na escola pode ser categorizada em:

a) naturalista, quando o ambiente é associado à natureza, evidenciando

conceitos naturais, sendo ligada à fauna, flora e aos fenômenos físico-químicos.

Contudo, não considera o homem como parte integrante desse meio. Nesse

contexto, ele é visto como um ser externo;

b) globalizante, em que o meio é descrito levando em consideração as

relações entre a sociedade e a natureza, associando-se, por isso, a aspectos

sociais, naturais, econômicos, políticos, filosóficos e culturais. O ser humano, desse

modo, é percebido como ser social que interage com a comunidade;

c) antropocêntrica, visão na qual o ambiente é descrito pelos seus recursos

naturais; entretanto, são associados ao uso pelo homem para a sua sobrevivência.

Alinhado às categorias ambientais destacadas acima, Vasconcelos e Souto

(2003) afirmam que é essencial promover condições que possibilitem a formação da

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bagagem cognitiva do aluno. Uma alternativa complementar estaria nos espaços

não formais, por meio da percepção ambiental sensorial. A visão pela sua beleza, a

audição pela reprodução dos sons em sintonia com o ambiente, o paladar pelo sabor

específico da espécie, o olfato pelos aromas característicos e o tato pela sua textura

representam um elemento de grande importância e relevância para a EA.

1.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO PÚBLICA

A educação inclusiva se iniciou no Brasil oficialmente em 1854, com

incentivos do governo de Dom Pedro II, que criou organizações a fim de ajudar as

pessoas com deficiências. Só a partir do fim do século XX, por iniciativa do Ministério

da Educação e Cultura (MEC), teve início uma política de educação especial, devido

a diversas reivindicações de pais e organizações de pessoas com deficiência,

nomenclatura aceita atualmente (JOVER, 1999). Importante destacar que de acordo

com a Organização das Nações Unidas (ONU) pessoas com deficiência são aquelas

que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, ou sensorial os

quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e

efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Por meio da Lei nº 7.853/89, em apoio às pessoas com deficiências, sua

exclusão da escola foi considerada como crime. Dessa maneira, a educação

inclusiva foi favorecida a partir dos anos 1990, com a elaboração de alguns

documentos, como a Declaração Mundial de Educação para Todos (também

conhecida como Conferência de Jomtien), que destaca em seu artigo 3º a

necessidade de universalizar o acesso à educação e promover a equidade. Ele

mostra que as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência

merecem atenção especial, sendo, por isso, necessário que sejam inseridas de

forma igualitária nos sistemas de ensino, tendo garantido seu direito de acesso.

Já em 1994, é promulgada a Declaração de Salamanca, considerada um dos

principais documentos mundiais que visa a inclusão social, o qual enfatiza que para

uma escola ser considerada inclusiva, é fundamental que todos os alunos, sejam

eles regulares ou especiais, aprendam juntos, coletivamente.

Também se deve ressaltar que na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, instituída em 1996, ao aluno especial foi possível a escolha pelo estudo

em escola regular ou especial. Considera-se importante enfatizar que, no capítulo V,

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31

artigo 58, quando a opção for pela escola regular, ele tem direito, após análise de

suas necessidades, de apoios especializados. Contudo, em 2001, a partir do

Decreto nº 3.956, foi estabelecido que pessoas com deficiência deveriam frequentar

preferencialmente as escolas regulares (RAIÇA, 2008).

Desde então, a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais em

classes regulares é realidade cada vez mais frequente no Brasil. Por exemplo, no

período de 2001 a 2010/2011, as matrículas desse público em turmas regulares de

escolas públicas aumentaram 493%, conforme o Censo Escolar de 2011 (BRASIL,

2011). Sabe-se que, de acordo com a Constituição Federal de 1988,

todos têm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

Contudo, para que haja, de fato, a inclusão desses educandos, a escola deve

se adequar às suas necessidades em todos os setores, desde a infraestrutura até a

adoção de materiais didáticos especializados e preparação de funcionários,

docentes e alunos. No entanto, vale destacar que, mesmo a matrícula sendo

obrigatória, é dever dos pais e responsáveis analisar se a escola oferece condições

para o atendimento adequado ao filho.

A inclusão não é função apenas da escola, mas também da família, assim

como de toda a sociedade. O aluno especial apresenta limitações e capacidades

assim como qualquer outro, devendo ele também perceber o seu importante papel

na sociedade. Esse processo de integração, segundo Gil (2000), beneficiará o aluno

com necessidades especiais no desenvolvimento de várias habilidades,

preparando-o para uma vida adulta repleta de responsabilidades.

1.4 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PARA EA NO ENSINO FUNDAMENTAL

A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do

indivíduo, desde a infância até a velhice. Seu sucesso depende de vários fatores,

dentre os quais o talento do professor, o tipo intelectual do aluno, as oportunidades

oferecidas pelo ambiente da escola, as perspectivas futuras de vida do aluno, assim

como as estratégias pedagógicas.

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32

Importante ressaltar que, de acordo com Mota e Pereira (2014), a escola não

pode mais ser considerada como uma simples máquina de alfabetização. Sua

função não se restringe, como há algumas décadas, à modesta tarefa de ensinar.

Atualmente, sua responsabilidade é mais ampla e profunda, ou seja, deve levar o

aluno a ser mais crítico, compromissado e otimista em relação à aprendizagem.

Para que se possa alcançar um aprendizado significativo, é primordial o

estímulo ao educando na busca pelo conhecimento por meio de estratégias de

ensino diferenciadas, como as metodologias ativas. O docente deve desenvolver

competências adequadas ao seu perfil e melhorar as condições que favorecem o

ensino, com a implementação de estratégias pedagógicas e recursos didáticos, além

de romper com algumas práticas e concepções tradicionais, tornando o processo de

ensino-aprendizagem mais dinâmico e significativo. Segundo Zabala (1999), as

atividades devem partir de situações significativas e funcionais, a fim de que o

conteúdo possa ser aprendido junto com a capacidade de poder utilizá-lo

convenientemente.

Ressalta-se que, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN), as atividades práticas podem favorecer o ensino de Ciências, foco deste

estudo, alcançando também o ensino da educação ambiental. Sendo assim, os PCN

valorizam as atitudes e as atividades práticas, que podem ser desenvolvidas com o

incentivo, respeitando as diversas opiniões e a busca de informações por meio de

investigação (BRASIL, 2000).

Para que as metodologias de ensino sejam implementadas, é imprescindível

preparar profissionais por meio de educação continuada e melhorar as condições do

ensino, com a implementação de estratégias pedagógicas, como laboratórios,

bibliotecas e sala de informática, visando a eventuais pesquisas e ao aprendizado

dos alunos, assim como a estruturação, no caso do ensino de Ciências, de um

circuito sensorial, cuja finalidade mostra-se essencial para a cidadania desses

sujeitos.

Tal metodologia é chamada de ativa, que consiste na promoção de atividades

de investigação centradas nos alunos, culminando, potencialmente, no seu

entusiasmo, por serem eles próprios capazes de solucionar um problema, resultante

do trabalho em equipe (DILLON; STEVENSON, 2010; INQUIRE, 2013). No geral, as

metodologias de aprendizagem ativa devem promover experiências em contextos

reais, que façam parte do cotidiano dos alunos, para que possam adquirir

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competências que lhes permitam resolver problemas (BARATA, 2013). Bywater

(2014) complementa que para a EA é fundamental a ação participativa,

possibilitando aos alunos aplicar os seus conhecimentos.

Nesse contexto, é também importante que a aprendizagem ativa sobre

questões ambientais inclua atividades fora da sala de aula, na natureza, como

estratégia de evidências em contexto real, natural, relativas às hipóteses colocadas

(DILLON et al., 2006), como, por exemplo, as metodologias ativas voltadas para o

lúdico, como é o caso do Jardim Sensorial proposto como produto educacional neste

projeto de pesquisa.

Nessa perspectiva, é evidente que a educação passa por um novo cenário.

As mudanças ocorridas nos últimos anos têm afetado de modo importante a

educação e a forma como os estudantes têm se comportado no ambiente escolar.

Diante da hiperconectividade dos tempos atuais, se faz necessário o uso de

estratégias de ensino diferenciadas no processo de aprendizagem. Santos e Soares

(2011) acreditam que a evolução da tecnologia, juntamente com as mudanças

sociais, desenvolveram um novo tipo de aluno, mais crítico, mais informatizado e

com alto nível de entendimento.

Nesse sentido, o desafio das instituições educacionais é buscar

por metodologias inovadoras que proporcionem a prática pedagógica, em que o

aluno é personagem principal e o maior responsável pelo processo de

aprendizado. Nesse sentido, as metodologias ativas propõem um eficiente modelo

de ensino-aprendizagem que estimula a autonomia intelectual do estudante e utiliza

menos aulas expositivas e mais aulas dinâmicas. Assim, o aluno deixa de ser um

agente passivo na aprendizagem, que apenas escuta o que é ensinado, e passa a

ser o protagonista na construção do conhecimento. Já o professor, passa a atuar,

cada vez mais, como mediador do processo de ensino-aprendizagem, conduzindo

as aulas e as discussões.

Há várias metodologias ativas possíveis para se trabalhar na educação

básica, como proposta para o ensino das Ciências, como aprendizagem baseada

em problemas, estudos de casos ou projetos. A proposta da construção do Jardim

Sensorial, produto educacional desta dissertação, pode ser enquadrada como uma

metodologia ativa baseada em projetos através do lúdico, cujo intuito é ensinar se

divertindo e interagindo com os outros e o meio.

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Sabe-se que todos nós interagimos com o ambiente por meio dos órgãos

sensoriais. Para que isso aconteça com eficiência, é necessário receber os

estímulos, transportá-los ao cérebro e interpretar as informações nele contidas. Esse

mecanismo gera o aprendizado cognitivo. Segundo Pocock e Richards (2006), a

capacidade de percepção ambiental no corpo humano se deve a células sensoriais,

encontradas em todo o organismo e concentradas nos órgãos sensoriais, que

formam os cinco sentidos.

Nossos estímulos são percebidos pelas células sensoriais e encaminhados ao

cérebro pelos impulsos nervosos, onde são interpretados. Sendo assim, os órgãos

sensoriais representam, no corpo humano, a porta de entrada para o aprendizado.

De acordo com Tuan (1980), as pessoas compreendem o ambiente por meio dos

cinco sentidos, sendo que cada indivíduo percebe, reage e responde ao meio de

uma maneira diferente.

Diante desse contexto, a percepção individual ocorre por meio dos órgãos dos

sentidos associados a atividades cerebrais. É fundamental, portanto, que o educador

apresente diferentes mecanismos para a construção do conhecimento do aluno,

uma vez que, segundo Ferreira e Moreira (2017), a eficácia das metodologias

tradicionais de ensino tem sido questionada, especialmente diante de indivíduos

cada vez mais conectados e gerações cada vez mais tecnológicas. Emergem, então,

as chamadas metodologias ativas de aprendizagem como forma de suprir a

demanda crescente pela efetividade do processo ensino-aprendizagem.

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35

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O ENSINO SIGNIFICATIVO

A pesquisa em questão classifica-se quanto à abordagem em

quali-quantitativa, pois, através da classificação das fontes, possibilita a realização

de um julgamento qualitativo complementado por “estudo estatístico comparado”

(FONSECA, 1986, p. 6). Ou seja, considera a parte subjetiva e objetiva do problema,

sendo capaz de identificar e analisar dados que podem ou não ser mensurados

numericamente, por meio de questionários semiestruturados aplicados aos alunos.

Quanto à classificação da pesquisa, pode-se defini-la de duas formas,

utilizando, para isso, a classificação de Vergara (2013): quanto aos meios e aos fins.

Quanto aos meios, classifica-se como um estudo de caso, caracterizado por ser um

estudo profundo e detalhado de determinada unidade, empresa ou pessoa. Na

pesquisa em questão, será estudada a percepção ambiental de alunos do ensino

fundamental II, da Escola Estadual Benedito Valadares, localizada em Raul

Soares/MG, mediante uma metodologia ativa baseada no lúdico.

Quanto aos fins, considera-se como exploratória-descritiva, uma vez que,

segundo Zikmund (2000), os estudos exploratórios objetivam diagnosticar situações,

explorar alternativas ou descobrir novas ideias. Gil (1999) considera que a pesquisa

exploratória tem como objetivo principal desenvolver, esclarecer e modificar

conceitos e ideias. Já a finalidade descritiva, segundo Selltiz et al. (1965), busca

descrever um fenômeno ou situação em detalhe. Para Triviños (1987, p. 110), “o

estudo descritivo pretende descrever ‘com exatidão’ os fatos e fenômenos de

determinada realidade”, sendo utilizado quando a intenção do pesquisador é

conhecer determinada comunidade, suas características, valores e problemas

relacionados à cultura.

Contudo, Vergara (2000, p. 47) ressalta que os estudos descritivos “não têm o

compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal

explicação". Essa pesquisa se enquadra como exploratória-descritiva, pois busca

avaliar a importância de metodologias ativas na aprendizagem e descrever de que

maneira as estratégias pedagógicas lúdicas podem se tornar instrumentos

facilitadores da aprendizagem.

Quanto à delimitação temporal, a pesquisa se classifica como um estudo

transversal, que, de acordo com Fontelles (2009), é realizado em um curto período

de tempo, em um determinado momento, ou seja, em um ponto no tempo. Isso

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36

porque que há coleta de dados sobre a realidade em um momento específico – no

caso em três momentos específicos: antes, durante e após a aplicação de uma

ferramenta lúdica –, com a comparação entre eles.

É importante ressaltar que, como descreve Marconi e Lakatos (1990, s/p),

“[...] os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o

enfoque dado pelo autor”. Dessa forma, classificamos esta pesquisa como

quali-quantitativa, exploratória, descritiva e transversal. Além disso, vale destacar

que o estudo realizado respeitou as questões éticas e foi submetido e aprovado pelo

Comitê de ética da Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga (CEP/FADIP), sob

inscrição do número CAAE 88576818.4.0000.8063 e número do parecer de

aprovação 2.719.956.

O estudo de caso foi realizado com os alunos regulares e especiais, inseridos

no ensino fundamental II da Escola Estadual Benedito Valadares (EEBV), localizada

no município de Raul Soares, em Minas Gerais, mediante autorização da diretora da

instituição. A escola possui 23 alunos especiais, com laudo médico, matriculados no

ensino fundamental II. Os laudos são fornecidos à escola e ao corpo docente para

que todos conheçam suas características e direcionem o planejamento escolar de

acordo com a necessidade especial de cada um.

Participaram da pesquisa aqueles que possuíam laudo e que tiveram a

capacidade cognitiva avaliada por uma psicopedagoga. Portanto, o número amostral

foi condicionado à avaliação psicopedagógica, à autorização dos pais mediante

TCLE e à aceitação dos alunos, através do Termo de Assentimento Livre e

esclarecido (TALE), tendo sido selecionados 20 alunos, dos quais 17 estavam

presentes na escola no dia da aula de campo. A tabela abaixo caracteriza o perfil

das deficiências dos alunos considerados no estudo.

Tabela 1 - Identificação das deficiências dos alunos de acordo com os laudos

Deficiências Número de alunos

Retardo mental leve 5

Síndrome de Down 3

Visual total 2

Paralisia cerebral e tetraplegia 3

Esquizofrenia 1

TDAH 3

Fonte: Elaboração própria (2019).

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O mesmo número de estudantes, 20 alunos do ensino regular foi selecionado

através de sorteio para comparação das respostas. A amostragem aleatória foi

realizada por meio de planilha do Excel, em que se utilizou, além de comandos

VBA1, as funções =Procv2 e =AleatórioEntre3 para a busca pelos nomes, que

estavam em outro documento. Cabe notar que foram sorteados apenas alunos

regulares do ensino fundamental II do 8º ano, visto que o tema órgãos sensoriais

consta no Currículo Básico Comum (CBC) dessa etapa de ensino.

Após a seleção, os responsáveis foram convidados para uma reunião na

escola em data e horário pré-estabelecidos, na qual foram esclarecidos os objetivos

da pesquisa. O passo seguinte foi um encontro com dez professores que se

disponibilizaram a colaborar para a execução do projeto, em que foram repassadas

todas as informações pertinentes acerca da sua elaboração e execução. Todos

estavam cientes da importância de seu comprometimento com as funções para as

quais seriam designados durante a pesquisa, visando ao sucesso da prática.

A elaboração do circuito foi realizada um dia antes da aula de campo, com a

colaboração de três professoras para a organização do ambiente em dois circuitos

sensoriais. A solicitação de patrocínios para o fornecimento de alimentos, frutas,

brita, areia, terra, folhas secas, milho, madeira e potes para armazenamento dos

alimentos e etiquetamento se deu pela colaboração de duas professoras. Alguns dos

alimentos precisaram ser processados de forma diferenciada para a ingestão de

alunos com necessidades especiais, procedimento realizado no dia da aula de

campo, em um horário anterior à sua realização. O deslocamento para o espaço

extraclasse foi realizado mediante uma parceria particular, sem custo algum para a

escola.

A pesquisa de campo foi organizada em três fases. Na primeira delas, os

alunos responderam a um questionário (Apêndices A e B) na própria escola, para

que seus conhecimentos prévios relacionados à percepção ambiental pudessem ser

analisados. Na segunda fase, foram deslocados até o ambiente externo, conhecido

como Cabana do Pepe, onde participaram de uma aula lúdica envolvendo os cinco

1 O Visual Basic for Applications (VBA) é uma ferramenta de programação que permite a criação de macros e a automatização de diversos processos dentro no Excel. 2 PROCV significa “procurar na vertical”, ou seja, é uma função que busca dados distribuídos verticalmente em uma planilha. 3 AleatórioEntre é uma função de busca aleatória.

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sentidos. As atividades ocorreram no horário de aula, com duração de cerca de

quatro horas. Dividida em cinco etapas diferentes, cada uma delas foi caracterizada

por atividades que contemplassem um dos cinco sentidos humanos (Ilustração 5).

Ilustração 5 - Circuito Sensorial Ambiental, composto por cinco etapas Fonte: Elaboração própria (2018).

2.1 PRIMEIRA ETAPA DO CIRCUITO: CAMINHO SENSITIVO

A primeira etapa do circuito envolveu o tato: foi elaborado um caminho

sensitivo, composto por capim, areia, brita, folha seca, terra molhada e sementes

(Ilustração 6). Nesse espaço, os alunos especiais e regulares foram inseridos

individualmente e de olhos vendados, orientados a percorrer todo o caminho e

estimulados a falar sobre o que estavam sentindo e como descreviam o que

estavam tocando. Eles precisavam imaginar e identificar as diferentes texturas

apenas pelas sensações, sem enxergar os materiais em que estavam pisando.

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Ilustração 6 - Caminho sensitivo composto por capim, areia, brita, folha seca, terra e milho Fonte: Elaboração própria (2018).

2.2 SEGUNDA ETAPA DO CIRCUITO: QUE SOM É ESSE?

Na segunda etapa, a audição foi usada para o experimento “Que som é

esse?”. O objetivo foi aguçá-la através da identificação, apenas pelo som, do objeto

ou fenômeno apresentado. Foi utilizado fones de ouvidos, conectado ao celulares

dos mediadores, com seis sons diferentes: chuva, ventania, fogo, choro de bebê,

buzina e guitarra. Para essa etapa, os alunos sentaram-se em colchonetes, em um

ambiente confortável e agradável (Ilustração 7).

Após esse momento, foram orientados a retirar as vendas e, observando as

imagens referentes aos sons escutados, sinalizar quais deles pertenciam ao meio

ambiente. Como resultado, esperou-se que as crianças relacionassem de forma

correta o som aos objetos e fenômenos correspondentes, além de verificar se

compreendiam que todos eles faziam parte do meio ambiente.

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40

Ilustração 7 - Experimento “Que som é esse?” Fonte: Elaboração própria (2018).

2.3 TERCEIRA ETAPA DO CIRCUITO: CHEIRO DE QUÊ?

A terceira etapa teve como objetivo testar o sentido do olfato, através da

identificação dos diferentes aromas. Para isso, foi realizado o experimento 3 “Cheiro

de quê?”. Com os olhos vendados e o auxílio de um professor, os alunos sentiram o

cheiro de cada um dos quatro aromas: pó de café, limão, abacaxi e flores. De forma

sequencial e pausada, foram sendo questionados sobre sua identificação e se

compreendiam que todos eles faziam parte do meio ambiente. Tomou-se cuidado

para que os educandos não utilizassem nenhum outro sentido para reconhecer os

cheiros.

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Ilustração 8 - Experimento “Cheiro de quê?” Fonte: Elaboração própria (2018).

2.4 QUARTA ETAPA DO CIRCUITO: HUM! QUE GOSTINHO É ESSE?

No teste do paladar, foi feito o experimento “Hum! Que gostinho é esse?”,

com cinco alimentos: abacaxi, banana, cenoura, mandioca e couve. Com os olhos

vendados, os alunos foram estimulados a identificar o alimento, bem como suas

características.

Ilustração 9 - Experimento “Hum que gostinho é esse?” Fonte: Elaboração própria (2018).

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2.5 QUINTA ETAPA DO CIRCUITO: O QUE EU VEJO?4

Na última etapa, a visão foi testada com o experimento “O que eu vejo?”

(Ilustração 10). Para o seu desenvolvimento, foram elaboradas cinco questões. A

primeira delas era composta por sete imagens diferentes, e os alunos precisavam

relacionar cada imagem ao meio ambiente.

As questões 2, 3 e 4 estavam relacionadas à quantidade de seres vivos. Os

alunos foram estimulados a mostrarem, entre as duas imagens apresentadas –

ambiente rural e ambiente urbano –, em qual delas havia mais seres vivos, além de

assinalarem quais eram os seres vivos e não vivos nelas representados.

A última questão foi sobre qual das sete imagens propostas eles mais tinham

gostado. Como resultado, esperava-se que as crianças relacionassem todas as

imagens como parte do meio ambiente, além de perceberem que no meio rural é

encontrada uma quantidade maior de seres vivos.

Ilustração 10 - Experimento “O que eu vejo?” Fonte: Elaboração própria (2018).

Durante a aula prática, os alunos responderam oralmente a um questionário

(Apêndice C), com o auxílio de um professor treinado, à medida que passavam pelo

4 Para a integração das duas alunas cegas na atividade, foi necessário adaptar essa etapa, com explicações descritivas, de forma a facilitar a compreensão e permitir a sua participação.

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percurso. Os professores estavam aptos a fazerem as perguntas e anotarem as

respostas dos alunos nos questionários previamente impressos apenas nesse

momento. Contou-se com a colaboração da escola para os empréstimos de canetas

e pranchetas no dia do evento.

Após a participação em todas as atividades propostas, já na terceira fase, os

participantes da pesquisa responderam, em sala de aula, a um questionário sobre a

percepção ambiental e sensorial (Apêndice D e E), envolvendo a metodologia ativa

vivenciada na aula de campo.

Importante ressaltar que a aplicação da metodologia proposta, qual seja, o

circuito sensorial, ocorreu frente a um planejamento que contou com a participação

de toda a comunidade escolar, a aceitação e o interesse dos alunos e dos pais, a

colaboração dos professores e o apoio da direção da escola.

A elaboração dos questionários semiestruturados se deu após pesquisa

bibliográfica e adaptações às necessidades dos alunos participantes, de acordo com

a metodologia de Bezerra (2008) naquilo que se refere à aplicação de questionários

semiestruturados e à construção do mapa mental de percepção ambiental, e de

Silvério (2017), no que se relaciona aos estímulos à percepção ambiental sensorial.

Os questionários A, B e D foram analisados por meio de padrões de

respostas pelo método de análise de conteúdo, com base na técnica de Badin

(1977), que visa à interpretação cifrada do material de caráter qualitativo. Como

procedimento metodológico de acesso ao conteúdo de uma dada comunicação, o

estudioso menciona o recurso à análise categorial: delimitação de unidades de

codificação assumida pelo analista que, a partir da totalidade de um texto e em

nome de um ideal de objetividade e racionalidade, verifica, com base em critérios de

classificação, "a frequência de presença (ou de ausência) de itens de sentido"

(BARDIN, 1997, p. 37). Dessa forma, todas as respostas foram lidas

cuidadosamente e organizadas em categorias que resumem seu conteúdo.

Após a transformação dos dados categóricos em quantitativos, os resultados

foram analisados através de estatística descritiva, na qual a diferença entre as

respostas e os grupos de alunos (regular e especial) foi avaliada por meio das

variações das porcentagens encontradas. A associação entre o tipo da percepção

do meio ambiente e os grupos de alunos (regular e especial) foi realizada por meio

de teste Qui-quadrado para verificação da independência das variáveis. Já a

mudança de visão, antes e após a aplicação da metodologia ativa, foi avaliada pelo

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teste Qui-quadrado para homogeneidade das variáveis. Para todos os testes foi

considerado um nível de significância igual a 0,05. As análises foram processadas

no software Excel, versão 2011. Anteriormente a coleta dos dados, o estudo em

questão foi apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado sobre o CAAE

88576818.4.0000.8063 e número do parecer de aprovação 2.719.956.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram divididos em três etapas, de acordo com os questionários

utilizados para a elaboração do estudo, e apresentados nos seguintes tópicos:

avaliação da percepção ambiental, aplicação da estratégia pedagógica e avaliação

da estratégia pedagógica.

3.1 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL

O ambiente é percebido de diferentes formas pelos indivíduos, sendo, em

geral, resultado do modo como ocorre a interação (KRZYSCZAK, 2016). Justifica-se,

então, essa busca por definições, sendo fundamental a assimilação das percepções

ambientais antes de iniciar um trabalho com a EA. Portanto, “[...] o primeiro passo

para a realização de uma educação ambiental deve ser a identificação das

percepções das pessoas envolvidas no processo educativo” (REIGOTA, 1998, p.

14).

Assim, a análise sobre a percepção ambiental dos alunos foi realizada a partir

da categorização das perguntas do questionário, tendo sido divididas em duas

categorias – “Conceituação e Representação Ambiental” e “Percepção da

Responsabilidade Ambiental dos Educandos” – e organizadas em segmentos,

conforme a tabela 2.

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Tabela 2 - Categorização das respostas utilizadas no questionário aplicado para avaliação da percepção ambiental dos alunos

Categorias Segmentos Perguntas

Conceituação/ Representação

Conceito Qual é a primeira palavra que vem à sua cabeça

quando o assunto é meio ambiente? Para você, o que é meio ambiente?

Representação

Entre as imagens abaixo, qual ou quais representam para você o meio ambiente?

Faça um desenho que represente, na sua

percepção, o que é meio ambiente.

Elementos

Que elementos fazem parte do meio ambiente?

Como exemplo de três elementos relacionados ao conceito de ambiente, posso

citar...

Responsabilidade ambiental

Existência de problemas

No seu entender, existem problemas ambientais no município de Raul Soares?

Responsáveis pelo meio ambiente

Para você, de quem é a responsabilidade de cuidar do meio ambiente?

Fonte: Elaboração própria (2018).

Ainda para avaliar os resultados encontrados nessa etapa sobre as

percepções dos alunos em relação ao meio ambiente, foram utilizadas as categorias

propostas por Reigota (1991; 1998; 2006): naturalista, antropocêntrica e

globalizante.

Tabela 3 - A tipologia das concepções ambientais segundo Reigota (1991)

Categorias Características

Naturalista Meio ambiente como sinônimo de

natureza; são evidenciados somente os aspectos naturais.

Antropocêntrica Evidencia a utilidade dos recursos

naturais para a sobrevivência do ser humano.

Globalizante Relações recíprocas entre natureza e

sociedade.

Fonte: Elaboração própria (2018).

3.1.1 Conceituação/representação

A percepção de meio ambiente dos alunos do ensino fundamental, na maior

parte das vezes, apresenta-se como naturalista, conforme representado no gráfico 1.

Outros elementos como recursos, meio em que vivem e impactos também foram

destacados, porém representaram uma frequência menor. Resultados semelhantes

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foram encontrados por Siqueira et al (2014), ao pesquisarem a percepção ambiental

de estudantes do ensino fundamental II, em uma escola do município de Serra

Talhada (PE). Com base nos resultados apresentados pelos autores, “na percepção

de Meio Ambiente, para esses estudantes, o homem ainda não é uma figura

presente, nem os elementos históricos e culturais” (SIQUEIRA et al, 2014, p. 485).

Diante desse cenário, a escola assume um papel essencial por meio da educação

ambiental, levando os alunos a se reconhecerem como parte integrante do meio em

que vivem, através de metodologias ativas.

Gráfico 1 - Conceito de meio ambiente por alunos especiais (AE) e regulares (AR)

Fonte: Elaboração própria (2019). * Os percentuais representam o número de palavras marcadas pelos alunos nos questionários.

Importante ressaltar que, de acordo com o gráfico 1, observa-se que uma

pequena percentagem de alunos especiais aponta ações relacionadas aos impactos

ambientais como parte integrante do meio, o que representa um ponto positivo na

perspectiva ambiental, diferente dos alunos regulares, que não apresentam essa

percepção. Aires e Bastos (2011) observam que a palavra meio ambiente é utilizada

para idealizar natureza, EA, entre outros, o que se relaciona à percepção naturalista.

Entretanto, ressaltam que, assim como observado acima, nas últimas décadas, a

palavra meio ambiente tem sido relacionada a aspectos sociais e associados à crise

ambiental.

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Resultados semelhantes foram encontrados na avaliação das representações

ambientais deste estudo, no qual foi observado que a maior parte dos alunos

especiais (65%) e também regulares (81,8%), de fato, apresenta uma percepção

naturalista, o que evidencia uma ideia restrita à dimensão ambiental. Entretanto,

cabe ressaltar, que ao menos 25% dos AE e 13,7% dos AR mostram uma

percepção globalizante, como representado no Gráfico 2.

O teste Qui-quadrado mostrou ainda que a representação para o tipo de

percepção ambiental não se diferencia entre os alunos regulares e especiais (ꭕ2 =

1,38, p > 0,05), ou seja, independente do grupo de alunos, a visão naturalista é

predominante.

Gráfico 2 - Percepção de meio ambiente pelos AE e AR

Fonte: Elaboração própria (2019).

* As percentagens foram calculadas baseadas nos desenhos feitos por cada aluno.

Exemplos dessas representações, feitas por meio de desenhos, são

mostradas nas ilustrações 11 e 12, nas quais há uma visão globalizante feita por

uma aluna especial e uma visão naturalista representada por uma aluna regular,

respectivamente.

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Ilustração 11 - Desenho feito por uma aluna especial sobre a percepção da palavra meio ambiente

Ilustração 12 - Desenho feito por uma aluna regular sobre a percepção da palavra meio ambiente

Reigota (1998) também compactua com os apontamentos mencionados por

Aires e Bastos (2011). Segundo o autor, a grande maioria dos alunos idealiza o

ambiente como sinônimo de natureza, “elementos bióticos e abióticos”,

entendendo-a como algo intocado, o que demonstra a dificuldade em perceber a

integração do homem com o meio, conforme observado nesse segmento. Para o

mesmo autor, a ideia de uma natureza transformada pela ação humana aparece

com maior dificuldade, haja vista a impossibilidade de os alunos incorporarem

espontaneamente questões que satisfaçam a totalidade do problema, na qual o

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homem é apresentado como elemento constitutivo do meio ambiente, enquanto ser

social, vivendo em comunidades (REIGOTA, 1995).

Apesar de a maior parte das avaliações mostrar a visão naturalista como

predominante entre os alunos, a composição dos elementos integrantes do meio

ambiente apresenta um avanço na compreensão do tema, aparecendo uma

correlação entre o homem e a natureza. Através da análise do segmento

relacionado aos elementos que compõem o ambiente, destaca-se que 47,1% dos

alunos especiais consideram as praças e os parques como meio ambiente, 41,2%

entendem que construções, casas e prédios fazem parte do ambiente e 41,2%

inserem o homem nesse cenário. Nota-se que eles se inserem como parte

integrante do meio, o que caracteriza uma tendência para a percepção globalizante.

Segundo Jacobi (2003), essa percepção facilita o desenvolvimento de um

processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade. Em

contrapartida, para os alunos regulares, o ambiente está mais relacionado aos

elementos naturais, já que apenas dois alunos (10,0%) consideram os parques e as

praças como elementos do meio ambiente, desconsiderando, assim, as construções,

as casas e os prédios. Além disso, apenas 30,0% inserem o homem como parte do

meio ambiente, conforme indica a tabela 4.

Tabela 4 - Elementos que fazem parte do meio ambiente na percepção dos AE e AR

Elementos AE AR

Rios, Lagos e Mares 16 17

Praças e parques 8 2

Céu e ar 8 13

Construções, casas e prédios 7 0

Vegetação, Terra e montanhas 9 20

O ser humano 7 6

Animais 4 1

Ruas, calçadas e estradas 9 12

Chuvas e ventos 5 2

Sítio, Chácara e fazenda 7 13

Fonte: Elaboração própria (2019). * Importante destacar que os alunos poderiam dar mais de uma resposta à questão, assim como não responderem-na. Por isso, os valores mostrados na tabela não correspondem à soma exata do número amostral.

A diferença encontrada entre as percepções de alunos especiais e regulares

pode estar condicionada ao sistema, uma vez que os alunos especiais sofrem

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menos influência do grupo, assim como à dependência deles de outras pessoas e

dos elementos artificiais para se dimensionarem e se deslocarem no ambiente,

como mencionado por Nascimento (2009), quando ressalta a dependência afetiva e

comportamental desses sujeitos.

A partir dos dados apresentados, verifica-se que é necessário propor práticas

concretas ao tratar a educação ambiental, buscando a compreensão do aluno

acerca da temática ambiental, que é mais que um conjunto de ambientes naturais,

formados por fatores bióticos e abióticos. A ideia é que eles tenham uma percepção

mais abrangente e uma postura mais crítica em relação às questões ambientais,

considerando as relações mútuas entre natureza e sociedade. Interessante propor,

por exemplo, visitas monitoradas a ambientes degradados, como um rio poluído ou

ao lixão, de forma que o aluno visualize alguns impactos negativos gerados por

ações humanas.

3.1.2 Responsabilidade ambiental

A maior parte dos alunos especiais (75%) reconhece os problemas

ambientais do município. Dentre os citados, destaca-se o lixo (46,6%), a poluição

(33,3%), as queimadas (26,6%) e o desmatamento (13,3%). Eles poderiam citar

mais de uma resposta à questão, assim como poderiam não respondê-la. Por isso,

as percentagens apresentadas não correspondem à soma exata do número

amostral.

Resultado semelhante é observado na análise dos percentuais dos alunos

regulares: 86,4% reconhecem os problemas ambientais do município, sendo citados

a poluição (42%), o desmatamento (26,3%), o lixo (21,05%), as queimadas

(15,78%), a fumaça (10,52%) e o prédio (5,26%). Observa-se, também, que apesar

dos alunos regulares perceberem que todos são responsáveis pelo meio ambiente,

não se identificam como parte integrante do meio, como já demonstrado

anteriormente na análise dos elementos que fazem parte do ambiente. Isso reflete

na sua responsabilidade como agentes transformadores do meio em que vivem,

diferenciando-os dos especiais, que se sentem parte integrante do meio e, por sua

vez, responsáveis pelo ambiente em que atuam (Gráfico 3).

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Gráfico 3 - Responsabilidade de cuidar do ambiente pelos AE e AR

Fonte: Elaboração própria (2019). * As percentagens correspondem às respostas dadas pelos alunos em cada categoria (Eu, Ele, Nós e Outros). Em outros, eles mencionaram palavras como Deus e o próprio meio ambiente.

3.2 APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA

A aplicação da estratégia pedagógica consiste na análise de dados do

questionário aplicado aos alunos no momento do circuito sensorial. Verificou-se que

a maior parte dos alunos especiais (91%) e regulares (97%) acertou de forma

significativa os elementos apresentados como parte do meio através do sentido do

tato, sendo eles o capim, a areia, a brita, a folha seca, a terra e as sementes. Dessa

forma, enfatiza-se que o sentido mais desenvolvido relacionado à percepção seria o

tato; por isso, a importância de se investir em metodologias ativas que envolvam

esse sentido em especial. Seeley (2003) retrata que o tato é o sentido responsável

pela percepção de diferentes sensações na pele, devido à existência de vários tipos

de receptores específicos, distribuídos entre as diferentes camadas da pele.

Para Laguna (2012), assim como apresentado nesta pesquisa, quando o

indivíduo tem um comprometimento visual, o sentido do tato torna-se primordial para

o desenvolvimento de várias habilidades perceptível táteis. Grifing (1996) destaca

que as práticas pedagógicas relacionadas à modalidade tátil incluem também a

percepção e a interpretação por meio da exploração sensorial, sendo que no

processo de ensino e aprendizagem da criança com deficiência visual é fundamental

a exploração dos sentidos táteis, auditivos, olfativo, gustativo, pois são eles a base

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do conhecimento (LEÃO, 2010). No caso das demais crianças, a visão acaba

substituindo quase todos esses sentidos, tornando-as dependentes do contexto

visual em seu cotidiano.

Percebe-se também uma notável diferença entre a identificação dos AE e AR

no que se relaciona ao paladar. Entretanto, essa diferenciação se deve aos hábitos

alimentares dos AE, já que eles são mais padronizados e restritos. Dos alimentos

experimentados pelos alunos regulares, a média de acertos foi de 82,72%; em

contrapartida, a dos alunos especiais foi de 58,80%. A banana foi o único alimento

reconhecido por todos eles, seguido da maçã (90,9%), da cenoura (81,81%), da

couve (72,72%) e da mandioca (68,18%). Os dados encontrados na identificação

dos materiais através dos sentidos podem ser analisados na tabela 5.

Tabela 5 - Identificação de acertos dos materiais através dos sentidos

GRUPO DE PESQUISA TATO PALADAR OLFATO AUDIÇÃO VISÃO

AE 91,00% 58,80% 74,99% 76,46% 61,75%

AR 97,72% 82,72% 76,13% 82,60% 68,17%

Fonte: Elaboração própria (2019).

Na etapa da audição, quando questionados sobre a identificação dos sons,

percebe-se que a maioria dos alunos especiais (76,46%) e regulares (82,6%)

relaciona de forma correta o som aos objetos e fenômenos correspondentes.

Contudo, os elementos artificiais foram os que tiveram mais acertos, dentre eles o

choro, a buzina e a guitarra, um percentual de 98,48%. Dos elementos naturais

(chuva, ventania e fogo), a percentagem foi de 72,72%. Nota-se que a quantidade

maior de acertos se relaciona aos elementos que fazem parte do cotidiano dos

alunos, quais sejam, os artificiais. Apesar de os reconhecerem mais, em geral,

identificam como integrantes do meio ambiente os fatores naturais, conforme o

gráfico 4.

Sá (2007) retrata que as informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são

mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque elas recorrem a esses sentidos

com mais frequência para decodificar e guardar na memória as informações. Sem a

visão, os outros sentidos passam a receber a informação de forma intermitente. O

desenvolvimento aguçado da audição, do tato, do olfato e do paladar é resultante da

ativação contínua desses sentidos por força da necessidade. Sendo assim, não é

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um fenômeno extraordinário ou um efeito compensatório. Os sentidos

remanescentes funcionam de forma complementar e não isolada.

Gráfico 4 - Elementos identificados como parte integrante do meio ambiente através da audição

Fonte: Elaboração própria (2019).

O mesmo padrão da audição é observado para o olfato: apesar de acertarem

o cheiro de parcela considerável dos objetos, a identificação como elemento

integrante do meio ambiente restringiu-se à flor (elemento natural). A média de

acertos para o reconhecimento dos cheiros (café, limão, abacaxi e flor) foi de

76,13% para os AE e 74,99% para AE, sendo o café o único identificado por todos

os alunos; seguido do limão (86,36%); do abacaxi (68,18%) e da flor (50%).

No que se refere à etapa da visão, tanto os alunos especiais (61,75%) quanto

os regulares (68,17%) relacionam as imagens com ações antrópicas como parte do

meio ambiente. Entretanto, percebe-se que o sujeito estudado percebe o ambiente

principalmente com relação aos aspectos relacionados à natureza, à paisagem e

aos seus elementos naturais, desconsiderando as suas inter-relações de

dependência. Como pode ser verificado, ao analisar as imagens que apresentam

apenas elementos naturais, tanto os alunos especiais (90,19%) quanto os regulares

(93,93) as identificam como parte do meio ambiente.

Segundo Silva (2012), o meio ambiente é caracterizado pela interação dos

elementos naturais, artificiais e culturais que propiciam o desenvolvimento

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equilibrado da vida em todas as suas formas, compactuando, assim, com a definição

relacionada à visão globalizante. Entretanto, percebe-se através desta pesquisa uma

resistência de alguns alunos ao não identificarem os elementos artificiais e culturais

como parte do meio.

Como já verificado em análise anterior, é fundamental que o discente tenha

um aprendizado significativo através de metodologias ativas. Entretanto, é

importante que elas sejam planejadas com direcionamento antes, durante a após as

atividades, de forma que o educando esteja consciente do quê, para que e por que

determinadas atividades estão sendo propostas e quais são os conhecimentos e as

habilidades a serem desenvolvidas.

No estudo em questão, os alunos tiveram a oportunidade de participar de uma

aula diferenciada, fora do ambiente escolar, em um sítio, inseridos, dessa maneira,

em uma proposta de metodologia ativa lúdica, em um percurso sensorial que

envolvia os cinco sentidos. Com isso, puderam, na prática, vivenciar o ambiente por

meio de outros sentidos pouco utilizados na educação tradicional, com o objetivo de

tornar o aprendizado mais significativo.

Freire sinaliza a construção de uma educação participativa e

conscientizadora, que valorize a vivência do indivíduo no processo educacional. O

estudioso enfatiza que "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção" (FREIRE, 1996,

p. 22). Acredita-se que as metodologias ativas focadas nas percepções de Freire

estejam coerentes com as necessidades dos alunos, pois estas são identificadas e

solucionadas com a sua participação.

Através de situações multissensoriais, as informações são consolidadas de

forma mais significativa para o sujeito, podendo ser trabalhadas de maneira

transversal, integrando, com isso, todo o ensino. Para isso, deve-se recorrer ao uso

dos sentidos: “O contato direto e pessoal [...] com entendimento de que mais fácil

compreender e executar o que se vê...” (FIORI, 1991, p. 95). Dessa forma, segundo

Silva (2012, p. 6), os alunos são estimulados a utilizar os sentidos: ver, ouvir, tocar,

cheirar e provar: “A experiência do concreto é inerente ao ato educativo”.

Moura (2013) sinaliza que estudantes possuem diferentes preferências

sensoriais e se comportam de maneira distinta durante a aprendizagem. Em geral,

segundo Sprenger (2008, p. 33), o aprendizado pode ocorrer baseado em três

estilos de aprendizes:

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1) aprendizes visuais que prestarão uma atenção particular às informações visuais, incluindo texto; 2) aprendizes auditivos para quem as informações tornam-se mais assimiláveis pela discussão; 3) aprendizes cinestésicos ou táteis que aprendem melhor quando envolvem diretamente o corpo e podem precisar se “tornar” aquilo que estão aprendendo.

Contudo, ainda há um baixo número de alunos que faz parte de outros estilos

que não o visual e o auditivo, sendo tal fato consequência do processo de

escolarização (EHRMAN, 1996). Por isso, do ponto de vista do professor, o

conhecimento das formas de aprendizagem dos seus alunos é de grande valia na

elaboração de metodologias ativas, como o lúdico, visto que, assim, pode utilizar

estratégias diferenciadas em sala de aula, como mudanças de ambiente, conteúdos

discutidos com o uso de humor, imagens, música e várias outras formas de aguçar

os sentidos. Para isso, o planejamento de suas aulas é essencial.

3.3 AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA

Após a participação no circuito sensorial, onde o aluno teve a oportunidade de

explorar sentidos pouco utilizados na educação tradicional, eles responderam a um

terceiro questionário, em que foi possível analisar a opinião acerca da atividade

lúdica e consolidar o significado do termo meio ambiente. Percebeu-se que a aula de

campo foi por eles apreciada. Entretanto, destaca-se que, apesar da utilização da

metodologia ativa baseada no lúdico, é muito importante que haja um

direcionamento mais efetivo por parte do mediador; em especial para os alunos de

inclusão, de forma a garantir o aprendizado significativo.

Quando perguntados sobre o que sentiram durante o percurso na trilha

sensorial, os alunos especiais mencionaram a palavra calma (64,7%) e nenhuma

sensação (35,3%). Em contrapartida, os alunos regulares citaram calma (45%),

medo (40%) e nenhuma sensação (15%). Para eles, a aula foi divertida,

considerando tanto os especiais (88,23%) quanto os regulares (85%), sendo o

sentido do paladar o que mais apreciaram (Gráfico 5). Apesar dessa opinião, o tato

teve o resultado mais significativo quando relacionado à identificação dos materiais

apresentados. Verificou-se também que os alunos especiais não mencionaram o

sentido da visão. Em contrapartida, esse sentido foi citado por 15% dos alunos

regulares, o que pode evidenciar uma resistência quanto a aulas diferenciadas para

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esse público, que, por tradição, está acostumado com a transmissão de

conhecimentos passiva, deixada pela educação tradicional.

Observa-se que, dependendo da disciplina e do perfil da turma, os alunos

podem preferir determinado método de ensino. Em um estudo realizado por Kruger e

Ensslin (2013) sobre Método Tradicional e Método Construtivista de Ensino no

Processo de Aprendizagem, identificou-se que os alunos são mais receptivos à

utilização da metodologia tradicional, dando preferência às aulas expositivas e à

realização de exercícios.

Santos (2014, s/p), em outro estudo, resume que “os alunos preferem e

pensam que aprendem melhor em aulas construtivistas, no entanto os seus

resultados são superiores nas aulas expositivas”, destacando que, na verdade, as

diferentes metodologias são complementares. O estudioso enfatiza que, como os

alunos são habituados às aulas expositivas, alguns têm por hábito tirar anotações e

copiar fragmentos mencionados pelo professor, o que aumenta os níveis de

concentração. Por outro lado, nas aulas construtivistas, pelo fator surpresa implícito

e por se tratar de aulas mais ativas, dinâmicas e participativas, tal hábito perde-se

pela incompatibilidade com o método de ensino.

Partindo desses dados, percebe-se que alguns alunos sentem-se mais

seguros com as metodologias tradicionais; entretanto, a maioria sente-se mais

atraída pelos metodologias ativas, como evidenciado neste estudo.

Gráfico 5 - Relação dos sentidos que os alunos mais gostaram de utilizar durante o circuito

sensorial

Fonte: Elaboração própria (2019).

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Quando os alunos foram indagados ao final do questionário sobre o que seria

meio ambiente, verificamos que os alunos especiais (65%) ainda o consideravam

como algo relacionado com a natureza. Apesar da sua inserção em uma aula

diferenciada, nota-se que eles precisam de uma mediação mais efetiva para

consolidação do conhecimento (Tabela 6). Contudo, observa-se uma mudança de

percepção dos alunos regulares, antes e após a aplicação da atividade lúdica: houve

uma mudança significativa (ꭕ2 = 3,86, p < 0,05), de 82% para 55%, da percepção

ambiental inicial voltada para a visão naturalista em direção à visão globalizante.

Tabela 6 - Mudança de percepção ambiental relacionada à visão naturalista

Alunos Percepção naturalista antes da aula

lúdica Percepção naturalista depois da aula

lúdica

AE 65% 65%

AR 82%

55%

Fonte: Elaboração própria (2019).

Nesse sentido, destaca-se a importância de inserir o aluno no meio em que

vive, para que ele possa se sentir como parte integrante dele, através de

metodologias ativas como o lúdico, aliada à mediação mais efetiva. Medeiros (2011),

ao trabalhar com a importância da educação ambiental na escola nas séries iniciais,

já destaca que o trabalho docente deve relacionar o conteúdo ministrado às

questões do cotidiano dos discentes, contextualizando-o, a fim de que o aprendizado

seja mais significativo.

Sabe-se também que a educação se faz em processo, em diálogos, nas

múltiplas contradições encontradas entre sujeitos e natureza, que mutuamente se

transformam (FRANCO, 2015). Avaliar exclusivamente resultados e produtos de

aprendizagens como forma de aferir o ensino, característica da educação tradicional,

pode se configurar como uma grande falácia. Assim como sinaliza Freire (1983), o

conhecimento demanda uma busca constante por estratégias metodológicas

diferenciadas e conscientes.

Em consonância com o que destaca Freire (1979, p. 25), acredita-se que a

superação da resistência por metodologias ativas “é o parto que traz ao mundo este

homem novo, não mais opressor, não mais oprimido, mas o homem libertando-se.”

Além disso, ressalta-se a importância do papel do professor na utilização de

metodologias ativas, como o lúdico, que representam uma ferramenta valiosa no

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processo de aprendizagem, estimulando a curiosidade do aluno e facilitando a

construção do conhecimento, uma vez que “[...] só vai para a memória aquilo que é

objeto de desejo. A tarefa primordial do professor: seduzir o aluno para que ele

deseje e, desejando, aprenda” (ALVES, 1994, p. 70). Nessa perspectiva, educador e

educandos, lado a lado, vão se transformando em reais sujeitos da (re) construção

do saber, pois o conhecimento não está no professor, mas circula e é compartilhado

(FREIRE, 1996).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se da importância de uma educação libertadora, que desenvolva no

educando uma consciência crítica de sua realidade e que o insira no mundo como

ser pensante, como sujeito que parte da reflexão para a ação, sempre à procura de

transformação. Desse modo, o estudo que ora foi feito teve como objetivo

desenvolver uma ferramenta lúdica para trabalhar a educação ambiental com alunos

do ensino fundamental II. Para isso, comparou-se a percepção ambiental dos AE e

AR, com resultados que mostraram que os dois grupos apresentam uma percepção

naturalista. Entretanto, o grupo de alunos especiais avança um pouco nesse sentido,

uma vez que se colocam como integrantes do meio em que vivem, uma das

características da visão globalizante.

Interessante notar como os órgãos sensoriais são fundamentais para os

trabalhos com a educação ambiental, pois a partir deles os dois grupos de alunos

conseguiram se perceber como parte fundamental do espaço que ocupam, além de

reconhecerem os aspectos naturais e artificiais do espaço em que foram inseridos.

Com isso, é interessante perceber que as metodologias ativas possibilitam situações

multissensoriais, que permitem ao aluno uma aprendizagem mais significativa. Com

a inserção do lúdico no processo de ensino e aprendizagem, os educandos

conseguem trilhar caminhos de aprendizagem diferenciados, não se limitando

unicamente à simples observação do ambiente em que estão.

Sabe-se que implementar o aprendizado de forma crítica no processo de

ensino e aprendizagem tem se tornado objeto das práticas didáticas do ensino de

Educação Ambiental. Dessa forma, o grande desafio do ensino na sociedade vigente

é ir além da teoria, propondo aulas dinâmicas e dialogadas, em que o aluno possa

se encontrar como integrante desse meio, promovendo mudanças de postura que

resultem em ações transformadoras da realidade, não se limitando apenas ao

espaço escolar, mas atingindo a sociedade como um todo.

Com a construção do Jardim Sensorial, produto educacional desta pesquisa,

a ideia é que essa percepção de ensino diferenciada seja efetivada, uma vez que se

conseguirá trabalhar com atividades não apenas na área de Ciências, mas que

promovam uma interdisciplinaridade dentro da escola. Percebe-se que o ambiente

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de aprendizado foi ressignificado, principalmente aos alunos com necessidades

educacionais especiais.

Com o auxílio dos professores de apoio, o jardim foi adotado como uma

ferramenta lúdica para a aquisição de conhecimento. A proposta é que ele seja um

recurso de acessibilidade e interação para crianças e adolescentes com

necessidades educacionais especiais, o que tornará a Escola Estadual Benedito

Valadares e, consequentemente, Raul Soares, inovadora na área de educação

especial. Isso porque tal espaço é diferenciado e único na região.

Partindo dessa linha de pensamento, é indiscutível a necessidade de

integração e participação de todas as áreas do conhecimento nas intervenções

ambientais. Conhecer e trabalhar as percepções de meio ambiente foi a primeira

etapa para a construção sólida de uma aprendizagem por meio da EA, o que

contribui efetivamente para a formação crítica dos estudantes.

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APÊNDICES

Apêndice A – Questionário semiestruturado para análise prévia da percepção

ambiental da educação inclusiva da EEBV

APÊNDICE 2 - Questionário semiestruturado para análise da percepção ambiental dos estudantes especiais da Escola Estadual Benedito Valadares, Raul Soares-MG.

Faculdade Dinâmica Vale do Piranga Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do

Ambiente Aluna: Diandra Fioravante Corcini Nepomuceno

Orientadora: Lúcia Meirelles Lobão Protti

1)VOCÊ É UMA MENINA OU UM MENINO? FAÇA UM CÍRCULO NO DESENHO.

2) QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?

3) EM QUE TURMA VOCÊ ESTUDA? ________

4) QUAL A PRIMEIRA PALAVRA QUE VEM A SUA CABEÇA QUANDO O ASSUNTO É MEIO

AMBIENTE?

5.PARA VOCÊ O QUE É MEIO AMBIENTE:

NATUREZA ( ) LUGAR PARA VIVER ( )

BIOSFERA ( ) PROBLEMA ( )

RECURSO ( )

OUTROS: __________________________________________________________________________

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6. QUE ELEMENTOS FAZEM PARTE DO MEIO AMBIENTE?

RIOS, LAGOS E MARES ( ) O SER HUMANO ( )

PRAÇAS E PARQUES ( ) RUAS, CALÇADAS E ESTRADAS ( )

CÉU E AR ( ) OS ANIMAIS ( )

CONSTRUÇÕES, CASAS E PRÉDIOS ( ) SÍTIOS, CHÁCARAS E FAZENDAS ( )

VEGETAÇÃO, TERRA E MONTANHAS ( ) CHUVAS E VENTOS ( )

OUTROS: __________________________________________________________________________

7. VOCÊ ACHA QUE EXISTEM PROBLEMAS AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE RAUL SOARES?

( ) NÃO EXISTEM

( ) SIM, EXISTEM.

( ) NÃO SEI

QUAIS?___________________________________________________________________________

8.CITE TRÊS PALAVRAS RELACIONADAS AO MEIO AMBIENTE

____________________, ____________________, ___________________.

9. ENTRE AS IMAGENS ABAIXO QUAL OU QUAIS REPRESENTAM PARA VOCÊ O MEIO

AMBIENTE?

10.PARA VOCÊ DE QUEM É A RESPONSABILIDADE DE CUIDAR DO MEIO AMBIENTE?

________________________________________________________________________________

11.FAÇA UM DESENHO QUE REPRESENTE NA SUA CONCEPÇÃO O QUE É MEIO AMBIENTE

NO VERSO DA FOLHA.

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Apêndice B – Questionário semiestruturado para análise prévia da percepção

ambiental da educação regular da EEBV

APÊNDICE 1 - Questionário semiestruturado para análise da percepção ambiental dos estudantes regulares da Escola Estadual Benedito Valadares, Raul Soares-MG.

Faculdade Dinâmica Vale do Piranga Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do

Ambiente Aluna: Diandra Fioravante Corcini Nepomuceno

Orientadora: Lúcia Meirelles Lobão Protti

1.Sexo:( )M ( )F 2.Idade:_______ 3.Turma: ______________

4.Qual a primeira palavra que vem a sua cabeça quando o assunto é meio ambiente?

________________________________________________________________________________

5.Para você meio ambiente é:

Natureza ( ) Lugar para viver ( )

Biosfera ( ) Problema ( )

Recurso ( )

Outros: __________________________________________________________________________

6. Que elementos fazem parte do meio ambiente?

Rios, lagos e mares ( ) O ser humano ( )

Praças e parques ( ) Ruas, calçadas e estradas ( )

Céu e ar ( ) Os animais ( )

Construções, casas e prédios ( ) Sítios, chácaras e fazendas ( )

Vegetação, terra e montanhas ( ) Chuvas e ventos ( )

Outros: __________________________________________________________________________

7. No seu entender, existem problemas ambientais no Município de Raul Soares?

( ) Não existem

( ) Sim, existem.

( ) Não sei

Quais?___________________________________________________________________________

8.Como exemplo de (3) elementos relacionados ao conceito de ambiente posso

citar____________, ____________, ___________.

9. Entre as imagens abaixo qual ou quais representam para você o meio ambiente?

10.Para você de quem é a responsabilidade de cuidar do meio ambiente?

________________________________________________________________________________

11.Faça um desenho que represente na sua concepção o que é meio ambiente no verso da folha.

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Apêndice C – Questionário semiestruturado, aplicado durante o circuito, para

análise da percepção ambiental e sensorial da educação inclusiva e do ensino

regular da EEBV

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Apêndice D – Questionário semiestruturado, aplicado após aula de campo,

para análise da percepção sensorial dos alunos da educação inclusiva e do

ensino regular da EEBV

APÊNDICE 3 - Questionário semiestruturado para análise da percepção sensorial dos estudantes especiais da Escola Estadual Benedito Valadares, Raul Soares-MG.

Faculdade Dinâmica Vale do Piranga Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do

Ambiente Aluna: Diandra Fioravante Corcini Nepomuceno

Orientadora: Lúcia Meirelles Lobão Protti

1)VOCÊ É UMA MENINA OU UM MENINO? FAÇA UM CÍRCULO NO DESENHO.

2) QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?

3) EM QUE TURMA VOCÊ

ESTUDA? ________

4)ATRAVÉS DO CIRCUITO AMBIENTAL QUE FIZEMOS NA AULA PRÁTICA CIRCULE A

PARTE DO CORPO QUE VOCÊ USOU PARA TOCAR A SERRAPILHEIRA:

5)CIRCULE A PARTE DO CORPO QUE VOCÊ SENTIU O CHEIRO BOM DOS ALIMENTOS.

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Apêndice E – Questionário semiestruturado para análise de percepção

ambiental e sensorial dos estudantes regulares da EEBV, após aplicação de

metodologia ativa

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FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA

SAÚDE E DO AMBIENTE – PROCISA

DIANDRA FIORAVANTE CORCINI NEPOMUCENO

PRODUTO EDUCACIONAL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO BÁSICO:

A IMPORTÂNCIA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA APRENDIZAGEM

PONTE NOVA

2019

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DIANDRA FIORAVANTE CORCINI NEPOMUCENO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO BÁSICO:

A IMPORTÂNCIA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA APRENDIZAGEM

Produto educacional apresentada à Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga – FADIP –, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente, sob orientação da Professora Doutora Lúcia Meirelles Lobão Protti.

PONTE NOVA

Agosto/ 2019

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PRODUTO EDUCACIONAL

Como proposta final desta dissertação, foi construído um Jardim Sensorial

na Escola Estadual Benedito Valadares, instituição na qual atua a presente

pesquisadora. Tal ambiente pode ser descrito como um local com jardins de

diversos tipos, que tem como objetivo a percepção e a relevância do ambiente

vegetal por outros meios além da visão. Ele deve ser provido de diversas

características, como estrutura apropriada para pessoas com deficiência, plantas

que agucem os estímulos visuais, olfativos, gustativos e táteis, além de

atividades socioeducativas harmônicas com a proposta do espaço. O Instituto

Inglês Sensory Trust (2009) o classifica como uma área autossuficiente, onde se

pode ter experiências sensoriais e, quando bem estruturado, é um importante

artifício educativo e recreativo para diferentes usuários.

A finalidade deste projeto foi, então, utilizar esse espaço para a realização

de atividades complementares ao processo de ensino e aprendizagem em todas

as disciplinas, especialmente dos alunos especiais da Escola Estadual Benedito

Valadares e de outras escolas, que participam da Sala de Recursos da

instituição. As atividades que nele serão desenvolvidas mostram-se essenciais

para a cidadania desses sujeitos, já que será possibilitado um processo de

ensino e aprendizagem mais efetivo, a partir da imersão no tema estudado por

meio de atividades lúdicas.

Além disso, o projeto buscou ressignificar o ambiente escolar com a

construção do jardim, espaço considerado como instrumento facilitador da

aprendizagem, além de criar um ambiente para que os alunos discutam temas

como o estudo da botânica, educação ambiental e percepção sensorial e

conteúdo das outras disciplinas, que poderão trabalhar de forma interdisciplinar

com a área de Ciências.

O Jardim Sensorial construído tem cinco metros de largura por 28 metros

de comprimento, nos quais foram instalados dez metros de caminho sensorial,

com espaços onde foram inseridas madeira em círculos, brita, areia, eucalipto e

grama; quatro metros de pergolado, com uma mesa coletiva e bancos, que

servem como área de estudo para os alunos especiais e regulares; e dez metros

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para o plantio de um pequeno pomar, com duas mudas de graviola, duas de

pitanga e duas de acerola.

Além disso, foi construído um jardim vertical com hortaliças, a serem

utilizadas na cantina da escola, e também uma cascata com água corrente, que

abriga alguns peixes coloridos. Para a escolha das plantas, foram selecionadas

aquelas que poderiam despertar melhor as sensações e que pudessem ter

utilidade na alimentação escolar.

Já na entrada, sente-se um ambiente harmônico, com a pintura do chão

na cor verde para se assemelhar a um ambiente gramado, com frases nos muros

e pássaros, além de uma prancha inclusiva, material adaptado para que alunos

cadeirantes possam sentir as texturas dos elementos apresentados no caminho

sensorial, através do tato. Foi construída também uma pequena sapateira de

alvenaria, cujo objetivo é guardar os sapatos e pertences dos alunos antes da

entrada no ambiente sensorial. Além disso, foram elaborados folders com

informações sobre o jardim e costuradas vendas para serem utilizadas no

percurso.

A construção do espaço se deu com recursos obtidos por meio do edital

de seleção do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Comarca de Raul

Soares/MG, de 5 de novembro de 2018. O projeto satisfez integralmente as

exigências postas no edital e nos atos normativos de regência, possuindo,

inclusive, parecer favorável do Serviço Social Forense à sua habilitação. O valor

recebido foi de R$ 14.678,40.

Tal projeto se fez necessário uma vez que as Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica (2001) enfatizam o direito de acesso à

educação regular para educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, acrescentando, ainda, a

necessidade de novas medidas para a estruturação da educação inclusiva em

nosso país, novos critérios pedagógicos, arquitetônicos e formação de

professores.

Sabe-se que não basta apenas inserir um aluno com deficiência na escola

comum, sendo necessário que exista diversidade nos sistemas de ensino e

novas alternativas na busca por esse atendimento, para que efetivamente seja

atingido o objetivo proposto. Segundo o Ministério da Educação (BRASIL, 2006),

o aluno com necessidades educacionais especiais é considerado público alvo de

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projetos e ações específicas, com o intuito de garantir a eles um aprendizado

melhor a cada dia.

Ainda, segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA, 1999),

a educação ambiental considera o cidadão e toda coletividade na construção de

princípios morais, aptidão, conhecimento, atitudes e competências, focalizada

na proteção ambiental, acessível a toda população, fundamental na qualidade

de vida e sustentabilidade. Deve ser desenvolvida como uma prática educativa

integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino

formal. A Seção III do PNEA, sobre Educação Ambiental Não-Formal, afirma que

todos têm direito à educação ambiental, sendo responsabilidade do Poder

Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivá-la, incluindo a

participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas

de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as

organizações não-governamentais.

Sendo assim, o Jardim Sensorial como uma ferramenta para a educação

não-formal possibilita a interação entre o homem e o meio ambiente, por meio

dos sentidos: a visão pela sua beleza, a audição pela reprodução dos sons em

sintonia com o ambiente, o olfato pelo cheiro dos materiais nele dispostos, o

paladar pelo sabor específico da espécie e o tato pela sua textura. Tal espaço

representa um elemento de grande importância e relevância para a educação

ambiental, uma vez que é acessível a todos, mesmo para aqueles com

deficiências e limitações físicas, que podem contemplá-lo e usufrui-lo, utilizando

todos os sentidos. Além de forte componente cultural e educacional, educadores

afirmam que ele pode ser utilizado como uma ferramenta educacional para

acalmar e estimular crianças com dificuldades de aprendizagem.

Nas ilustrações a seguir, são apresentadas as etapas da construção do

Jardim Sensorial, a prancha criada especialmente para alunos cadeirantes, além

de fotos da inauguração, um exemplo do folder distribuído para aqueles que

visitam o espaço, a pesquisa a ser feita após a visita e algumas ilustrações de

grupos de estudantes de outras instituições que já utilizaram nosso jardim como

ferramenta complementar no processo de ensino aprendizagem. Todos esses

materiais foram elaborados pela autora da presente dissertação.

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Ilustração 1 - Espaço destinado à construção do Jardim Sensorial

Ilustração 2 - Primeiras etapas da construção do Jardim Sensorial

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Ilustração 3 - Etapa final da construção do Jardim Sensorial

Ilustração 4 - Presença de uma cascata, componente utilizado para aguçar o sentido da

audição

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Ilustração 5 - Pequeno pomar, com placas de identificação da espécie da muda plantada1

Ilustração 6 - Área destinada a estudos coletivos, com mesa e bancos

1 Importante notar a presença da escrita em braile.

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Ilustração 7 - Jardim vertical construído para aguçar o sentido do olfato

Ilustração 8 - Prancha inclusiva para alunos cadeirantes

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Ilustração 9 - Inauguração do Jardim Sensorial

Ilustração 10 - Professores participando do Circuito Sensorial

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Ilustração 11 - Parte externa do folder de divulgação do Jardim Sensorial

Ilustração 12 - Parte interna do folder de divulgação do Jardim Sensorial

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Ilustração 13 - Encarte usado após a aula no Jardim Sensorial

Ilustração 14 – Estudantes de outras instituições de ensino conhecendo nossa ferramenta

pedagógica.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Art. 2°. 2012. Disponível em: <http://conferenciainfanto.mec.gov.br/images/pdf/diretrizes.pdf>. Acesso em: 10 set. 2017. BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 25. out. 2018. ______. Ministério da Educação. Saberes e práticas da inclusão. Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2006.