diagnÓstico para avaliaÇÃo e aÇÕes prioritÁrias da...

54
DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA BIODIVERSIDADE DO BENTOS MARINHO DO BRASIL Autor: LUCINICE F. BELÚCIO - UFPA e-mail: [email protected] Colaboradores: Daniela Natalie B. Cardoso - UFPA Márcio Silva Souza - UFPA Roseane Pinto Bittencourt - UFPA Edilene Goes - UFPA Belém - PA 1999

Upload: trinhphuc

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA BIODIVERSIDADE DO BENTOS MARINHO DO BRASIL

Autor: LUCINICE F. BELÚCIO - UFPA e-mail: [email protected] Colaboradores: Daniela Natalie B. Cardoso - UFPA Márcio Silva Souza - UFPA Roseane Pinto Bittencourt - UFPA Edilene Goes - UFPA

Belém - PA 1999

Page 2: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

2

I. APRESENTAÇÃO.......................................................................................... 3

II. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 4

III. OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 4

IV. METAS ........................................................................................................... 5

V. METODOLOGIA............................................................................................. 5

VI. DIAGNÓSTICO .............................................................................................. 6

VI.1. Esforço de estudo ................................................................................... 6

VI.2. Caracterização da biodiversidade........................................................... 9

VI.2.1. Diversidade de Ecossistemas e ambientes......................................... 9

VI.2.2. Os agrupamentos ecológicos do zoobentos ..................................... 11

VI.2.3. A Biodiversidade de taxa biológicos.................................................. 12

VI.3. Quantificação e Avaliação..................................................................... 43

VI.4. Levantamento de espécies chave (raras, endêmicas, introduzida, ...); 45

VI.5. Levantamento dos principais tipos de pressão (intervenção) antrópica

na Costa Brasileira;.......................................................................................... 46

VI.6. Coleções e Áreas de Conservação....................................................... 48

VII. RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 49

VIII. Indicativos................................................................................................. 53

IX. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................... 53

X. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 54

Page 3: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

3

I. APRESENTAÇÃO O Programa Nacional da Diversidade Biológica (PRONABIO) do Ministério do

Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) foi delineado após

a Convenção sobre Biodiversidade Biológica, resultante da Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), ratificada pelo Brasil e

em vigor desde 1994. O Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da

Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO, implementado neste contexto, abrange os

grandes biomas nacionais: Cerrado e Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos,

Amazônia, Caatinga e Zona Costeira e Marinha.

A conservação e o uso sustentável dos recursos biológicos existentes na Zona

Costeira e Marinha é um dos principais temas de debate a nível mundial. Esse fato

implica na demanda por uma estratégia nacional de biodiversidade para o Bioma. O

subprojeto “Avaliação e Ações Prioritária para a Zona Costeira e Marinha” foi, assim,

delineado para subsidiar o preenchimento dessa lacuna; sendo a área temática “Bentos

da Zona Costeira e Marinha do Brasil, aqui apresentada, direcionada a levantar e

consolidar informações sobre a biodiversidade do Bentos marinho brasileiro.

Foram considerados como integrantes deste bioma a plataforma continental

brasileira (incluindo as 12 milhas náuticas ao largo do continente) e as imediações das

ilhas costeiras e oceânicas.

As comunidades bentônicas são de difícil estudo por ser trabalhosa a obtenção

de amostras apropriadas para censos e pela grande riqueza sistemática dos grupos

envolvidos, que exige a necessidade de vasta gama de pesquisadores para estudá-los.

Além da riqueza em espécies, há que se levar em consideração os

Ecossistemas presentes no Bioma estudado, o grau de comprometimento destes (que

de certo modo condiciona a natureza da biodiversidade bentônica), as possíveis

intervenções antrópicas, assim como, as medidas de preservação e recuperação já

adotadas.

Page 4: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

4

II. INTRODUÇÃO Os organismos marinhos desempenham funções importantíssimas no processos

biogeoquímicos que sustentam a biosfera e fornecem um variedade de produtos e

serviços , que são essenciais para a vida na Terra, incluindo a produção trófica, de

substâncias naturais, a assimilação de resíduos e a regulação do clima no mundo.

A taxa de eficiência de quaisquer destes processos mediados por organismos

vivos, assim como a amplitude do benefícios e serviços , que fornecem, são

determinadas pelas interações que entre os organismos e as interações entre

organismos e ambiente e portanto pela biodiversidade.

A descrição e caracterização das comunidades bênticas implica em levantar as

espécies e caracterizá-las, de modo a obter parâmetros para avaliá-las em ambientes

impactados. Baseado nestes parâmetros utilizados preliminarmente, poder-se-ia

determinar o efeito de mudança de longo prazo e larga escala causadas pelo homem.

O bentos representa a biota dos organismos ligados aos fundos e de interface

da água com materiais sólidos como algas, corais, esponjas, etc., constituído de uma

ampla variedade de filos, envolvidos no ciclo dos materiais no mar. Portanto, de

reconhecida importância no fluxo de energia nas cadeias tróficas dos ambientes

marinhos e estuarinos.

A identificação de prioridades nacionais, regionais e locais na área de Bentologia

representa um grande desafio, uma vez que há cerca de 250.000 espécies marinhas

descritas e não descritas e, destas, uma minoria (aproximadamente 2%) habita a

coluna d'água propriamente dita. A maioria das espécies, portanto, está associada aos

sedimentos do fundo, constituindo o BENTOS.

III. OBJETIVO GERAL

Levantamento e consolidação das informações sobre a biodiversidade de

organismos bentônicos da Zona costeira e marinha do Brasil, com subseqüente

Page 5: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

5

caracterização da biodiversidade desse Bioma, e dos mecanismos para sua

conservação e uso sustentável.

O diagnóstico do nível de conhecimento científico sobre os diferentes grupos

taxonômicos e das condições de infra-estrutura para a conservação é,

indiscutivelmente, uma das etapas primordiais para qualquer programa de conservação

da biodiversidade.

IV. METAS

• Diagnóstico do estado atual do conhecimento específico sobre os diversos grupos

taxonômicos;

• Diagnóstico das intervenções e grau de alterações a que estão sujeitos os

organismos bentônicos;

• Sistematização das informações relevantes sobre os organismos bentônicos da

costa brasileira;

• Recomendações de ações prioritárias para a conservação da biodiversidade

bentônica.

V. METODOLOGIA

Com o propósito de realizar um levantamento das espécies do Zoobentos

registradas para a costa brasileira, utilizou-se como principal fonte de referências

bibliográficas, a revisão recente "O Bentos da Costa Brasileira" realizada por Lana et al.

(1996). A referida revisão contem cerca de 3.500 referências, dentre livros, capítulos de

livros, artigos em periódicos, dissertações, teses e resumos publicados sobre esse

grupo no Brasil. As referências contidas foram atualizadas, até o ano de 1998,

utilizando o Biological Abstracts e Aquatic Sciences and Fisheries Abstracts.

Uma vez que uma parcela significativa dos periódicos brasileiros não é

indexada, foram realizados levantamentos em bibliotecas especializadas, com

Page 6: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

6

destaque para as do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo,

Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Pernambuco, Museu

Paraense Emílio Goeldi e Laboratório de Hidrobiologia da Universidade Federal do

Maranhão.

Foram principalmente considerados os trabalhos completos publicados ou as

monografias, dissertações e teses por permitirem uma melhor avaliação de

metodologia e maior segurança na determinação das espécies.

Procurou-se, assim, identificar trabalhos que continham informações sobre

espécies do bentos brasileiro, especialmente levantamentos faunísticos, relatórios de

cruzeiros, etc. na tentativa de elaborar uma listagem dos principais grupos citados para

o Brasil, avaliando o que está sendo estudado pelo pesquisadores nacionais, bem

como os ambientes e ecossistemas em que são encontrados. Não sendo possível a

realização de um levantamento exaustivo, procurou-se sistematizar um grande número

de trabalhos que representassem o esforço de pesquisa em cada região do país, ou

em cada área geográfica.

As informações obtidas foram planilhadas de modo a, sempre que possível,

disponibilizar informações taxonômicas sobre a espécie registrada, o ambiente, a

localização geográfica, assim como outros dados considerados relevantes. A partir

destas informações foram calculadas o número de espécies para cada grupo do bentos

encontrado e para cada região geográfica, bem como levantadas informações sobre

endemismos e novos registros e registro únicos.

Foram considerados, de outro modo, os pesquisadores e suas linhas de

pesquisa no país, de modo a obter um indicativo do esforço do grupo realizado.

VI. DIAGNÓSTICO

VI.1. ESFORÇO DE ESTUDO

(foi ou vem sendo realizado por instituições) A partir da listagem abaixo de pesquisadores do bentos do Brasil, apresentamos

os dados para cada região geográfica:

Page 7: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

7

Figura 1 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na região Norte.

Figura 1 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na

região Nordeste.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

CRUSTACEA

MOLLUSCA

SIPUNCULA

BRIOZOARIO

S

PORIFERA

CNIDARIA

ANNELIDA

ECHINODERMATA

TUNICADOS

PLATYELM

INTHES

PROTOZOA

NEMATODA

ASCIDIA

CEA

FORAMINIFERA

PANTOPODA

PHORONIDA

ECHIURA

INDEFIN

IDOS

Grupos

Nº R

elat

ivo

de P

esqu

isad

ores

(%)

0

5

10

15

20

25

30

CRUSTACEA

MOLLUSCA

SIPUNCULA

BRIOZOARIO

S

PORIFERA

CNIDARIA

ANNELIDA

ECHINODERMATA

TUNICADOS

PLATYELM

INTHES

PROTOZOA

NEMATODA

ASCIDIA

CEA

FORAMINIFERA

PANTOPODA

PHORONIDA

ECHIURA

INDEFIN

IDOS

Grupos

Nº R

elat

ivo

de P

esqu

isad

ores

Page 8: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

8

Figura 3 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na região Central.

Figura 4 – Número (%) de pesquisadores por táxon do bentos estudado na região Sul.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

CRUSTACEA

MOLLUSCA

SIPUNCULA

BRIOZOARIO

S

PORIFERA

CNIDARIA

ANNELIDA

ECHINODERMATA

TUNICADOS

PLATYELM

INTHES

PROTOZOA

NEMATODA

ASCIDIA

CEA

FORAMINIFERA

PANTOPODA

PHORONIDA

ECHIURA

INDEFIN

IDOS

Grupos

Nº R

elat

ivo

de P

esqu

isad

ores

(%)

0

5

10

15

20

25

30

35

CRUSTACEA

MOLLUSCA

SIPUNCULA

BRIOZOARIO

S

PORIFERA

CNIDARIA

ANNELIDA

ECHINODERMATA

TUNICADOS

PLATYELM

INTHES

PROTOZOA

NEMATODA

ASCIDIACEA

FORAMINIFERA

PANTOPODA

PHORONIDA

ECHIURA

INDEFIN

IDOS

Grupos

Nº R

elat

ivo

de P

esqu

isad

ores

(%)

Page 9: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

9

Fica claro a partir desses dados, a enorme diferença no esforço já efetuado nas

regiões, com uma distribuição mais homogênea de espécies por grupo na região Sul.

Fato que certamente se deve ao maior número de pesquisadores atuando em áreas

mais diversificadas. Um outro fato marcante é a carência de pesquisas sobre

biodiversidade na região norte do país, que carece também de investimentos em

recursos humanos. As outras 2 regiões encontram-se em estado intermediário, já

possuindo quadros técnicos formados, mas necessitando ainda de diversificação nas

áreas de atuação.

VI.2. CARACTERIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

VI.2.1. Diversidade de Ecossistemas e ambientes

A margem continental brasileira ocupa uma área de 1.850.000 km2. Segundo

Lana et al. (1996), a plataforma continental brasileira pode ser definida, em

comparação com outras plataformas tropicais, como relativamente rasa e pouco

produtiva, apesar de enriquecimentos localizados por intrusões intermitentes de águas

de ressurgência ou convergência ricas em nutrientes e/ou pelo material orgânico

detrítico ou dissolvido exportado de estuários ou secundariamente de recifes de coral.

Não há evidências de que esteja submetida a processos anóxicos extensivos e

intensivos, presumidamente responsáveis pelas marcadas variações temporais na

abundância e diversidade do bentos tropical, como sugerido por Alongi (1990), com

base no conhecimento de plataformas do noroeste da África e do Golfo de Bengala.

De acordo com os estudos morfológicos (Série Projeto REMAC, n. 7) e

estrural (neste volume) da margem continental brasileira, nela podemos

distinguir três regiões, para os fins deste trabalho denominadas Norte, Leste e

Sul.

Região Norte A região Norte caracteriza-se pela plataforma continental larga (mais de

300 km na foz do Amazonas). Ali, o controle da progradação sedimentar resultou

Page 10: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

10

de barreiras estabelecidas pelos prolongamentos das zonas de fratura

equatoriais. O sopé, bem definido e relativamente estreito, é confinado pela

Cadeia Norte Brasileira.

As principais feições morfológicas e estruturais da região Norte

compreendem o Cone do Amazonas, as Planíces Abissais de Demarara e do

Ceará, a elevação do Ceará, a Cadeia Norte Brasileira, a Cadeia de Fernando

de Noronha e as zonas de fratura equatoriais (São Paulo, Romanche e

Fernando de Noronha). A região está limitada, respectivamente ao norte e ao

sul, pela Planície Abissal de Demarra e pela Zona de Fratura de Fernando de

Noronha.

Região Leste Tem por características a plataforma continental estreita (40 km, em

média), o talude íngreme (25º) e o sopé continental mal definido, mas amplo e

livre de barreiras estruturais. Algumas zonas de fratura são pouco visíveis por

métodos sísmicos, sob a cobertura sedimentar, e reconhecidas localmente rumo

ao continente, espalhadas em margens das regiões Norte e Sul.

Na região leste se encontram os Platôs Marginais do Rio Grande do Norte

e de Pernanbuco, os Montes Submarinos da Paraíba, de Pernabuco e da Baía,

os Bancos dos Abrolhos e Royal Charlotte, a Cadeia de Vitória/Trindade, as

Bacias de Pernanbuco/Paraíba, Sergipe/Alagoas, Recôncavo, Jequitinhonha,

Almada e Espiríto Santo, e as Zonas de Fratura de Maceió, de Sergipe, de

Salvador e de Vitória/Trindade(*).

Ao norte, a região é limitada pela Zona de Fratura de Fernando de

Noronha. O limite sul, sob o aspecto morfológico, é a Zona de Fratura de

Vitória/Trindade, e sob o aspecto estrutural, a Zona de Fratura do Rio de Janeiro

(*).

Page 11: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

11

Região Sul A região Sul distingüe-se por sua plataforma continental larga (150 km, em

média) e mais progradante do que a da região Norte. O talude e o sopé são

largos e mostram mergulhos suaves. As bacias marginais ultrapassam a borda

da plataforma e são bastantes profundas (8 km em Pelotas, RS), refletindo,

talvez, um controle estrutural em sua formação, a qual se realizou por reflexura

da crosta continental, e não por basculamento de blocos, como ocorreu na

região Leste. A elevação do Rio Grande, com os seus quase 400000km de área,

mascara as zonas de fratura, que no entanto, são razoavelmente identificáveis

no restante da região.

Esta região envolve as seguintes feições: Platô de São Paulo, Elevação

do Rio Grande (incluindo a porção leste), Cone do Rio Grande, Bacias de

Pelotas, Santos e Campos, e Zonas de Fratura (*) do Rio de Janeiro, de

Florianópolis, de Porto Alegree do Chuí. Seu limite norte é a Zona de Fratura

(atual Lineamento) de Vitória/Trindade, e o limite sul, Planície Abissal da

Argentina.

As características básicas dos ecossistemas tropicais, entre os quais se inclui

em grande parte a plataforma continental brasileira, são a elevada diversidade de

espécies e a baixa biomassa de cada uma. Estas características ecológicas têm óbvias

implicações pesqueiras. Ao contrário do que ocorre em águas mais frias e mais

produtivas, onde estoques de elevadas biomassas podem ser explorados de forma

mais uniforme e eficiente, estoques tropicais de pequenas biomassas exigem uma

correspondente diversidade de métodos e petrechos de captura, o que torna a pesca

uma atividade muito heterogênea e de eficiência e resultados muito variáveis.

No entanto, com exceção dos trabalhos de Capitoli & Bonilha (1990, 1991) e

Sumida (1994), a fauna bêntica da quebra de plataforma e do talude permanece

virtualmente desconhecida, até mesmo do ponto de vista taxonômico.

Em cada ambiente foram listados uma diversidade de tipos de fundo, aqui

neste documento ainda não disponíveis (serão colocados em anexo).

Page 12: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

12

VI.2.2. Os agrupamentos ecológicos do zoobentos

Os animais do bentos têm sido tradicionalmente estudados considerando-se,

principalmente sua compartimentalização em tamanhos. Apesar de ter se dado

principalmente em função de limitações metodológicas, alguns autores discutem a

validade dos grupos estudados representarem unidades funcionais da fauna bêntica.

MACROFAUNA

As afirmações de Lana et al. (1996) sobre o macrobentos continuam válidas:

Embora as informações sobre o macrobentos sejam mais numerosas e referidas com

maior detalhe, são ainda insuficientes para a estimativa confiável de densidades

populacionais ou biomassas e consequentemente do potencial de captura de muitas

das espécies que constituem recursos naturais diretamente utilizados pelo homem. A

maioria das informações disponíveis trata da denominada megafauna (Tommasi et al.,

1988; Pires-Vanin, 1989, 1992, 1993), como equinodermas, corais, moluscos e alguns

peixes demersais ou espécies com algum tipo de valor econômico. O mais abrangente

e integrado estudo da macrofauna de plataforma foi o Projeto “Utilização racional dos

ecossistemas costeiros da região tropical brasileira: Estado de São Paulo” (Pires-Vanin

& Matsuura, 1993; Pires-Vanin et al., 1993).

MEIOFAUNA

Os animais que compõem a meiofauna só foram considerados como parte de

uma comunidade característica por Remane (1933), o qual utiliza pela primeira vez o

termo “fauna intesticial”. Até à metade dos anos 60, a maioria dos trabalhos ficou

restrita a taxonomia dos grupos de meiofauna e a estudos ecológicos descritivos.

Alguns estudos indicam que a biomassa da meiofauna nos estuários e no mar profundo

pode ser correspondente à da macrofauna e que as mudanças associadas à variação

Page 13: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

13

da maré são fatores principais que limitam a fauna intersticial, onde geralmente ocorre

predominância do grupo Nematoda (Coul, 1988; Giere, 1993).

Posteriormente se desenvolveram estudos experimentais de laboratório, o uso

da meiofauna como bioindicador da conservação de comunidades e/ou de mudanças

ambientais e ainda trabalhos de ecologia experimental no ambiente natural.

Agravante o fato da maioria dos dados ecológicos disponíveis estarem

apresentados na forma de resumos em eventos científicos, Monografias, Dissertações

ou Teses, observa-se que, a grande concentração de informações nos estados de

Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

O conhecimento do bentos das plataformas continentais tropicais e subtropicais

permanece insatisfatório, ainda mais no que se refere à micro- e meiofauna. Isto é

particularmente verdadeiro para a costa brasileira, onde os estudos sobre a meiofauna

estão restritos ao norte-nordeste (Aller & Aller, 1986; Fonseca-Genevois et al. 1989,

1990, 1991; Houllou & Fonseca-Genevois, 1989; Lucena & Fonseca-Genevois, 1980,

1995; Fonseca-Genevois & Almeida, 1990; Fonseca-Genevois & Lucena, 1990;

Oliveira, 1994) e sudeste (Medeiros, 1987; Corbisier, 1991, 1993, 1995).

Estudos sobre o bacteriobentos de plataforma são extremamente escassos ao

largo da costa brasileira (Aller & Aller, 1986).

VI.2.3. A Biodiversidade de taxa biológicos

A riqueza em termos de biodiversidade na região é de difícil estimativa, pois não

estão todas identificadas. Muitas espécies bênticas ou associadas de alguma forma

aos fundos marinhos têm importância econômica direta, como é o caso dos crustáceos,

moluscos. Outras constituem o principal item alimentar de peixes demersais, que vivem

sobre a superfície dos sedimentos. Por outro lado, não se deve subestimar o papel

desempenhado por organismos bênticos na aeração e remobilização dos fundos

marinhos, acelerando os processos de remineralização de nutrientes e

consequentemente os próprios processos de produção primária e secundária.

Aqui é apresentada uma síntese do conhecimento da biodiversidade da fauna

bentônica do litoral brasileiro, sendo enfocados 42 grupos taxonômicos com

representantes marinhos.

Page 14: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

14

CILIATA OU CILIOPHORA

Existem aproximadamente 8.000 espécies de CILIATA OU CILIOPHORA no

globo. Não é possível estimar o número de espécies bentônicas para o mundo; para o

Brasil são mencionadas cerca de 83 espécies registradas. Os primeiros trabalhos sobre

os ciliados no Brasil, referentes a protozoários do plâncton, foram realizados no Rio de

Janeiro no início do século. Somente na década de 70 são encontrados os primeiros

trabalhos de ciliados BENTÔNICOS psamófilos, comensais e simbiontes de

organismos bentônicos (Kattar, 1970, 1982; Eston, 1985; Clamp, 1993). Estes autores

registraram respectivamente 65 espécies mesopsâmicas, 1 espécies comensal no

ouriço-do-mar Lytechinus variegatus e 17 espécies colonizando substratos artificiais,

todas para São Paulo. Todos os levantamentos concentram-se em praias e regiões

costeiras rasas.

Os ciliados bentônicos brasileiros são pouco conhecidos. Excetuando-se o Rio

de Janeiro, não existem coleções ou mesmo especialistas pesquisando o filo. É

portanto impossível avaliar alterações de suas populações em função de mudanças

ambientais, a existência de introduções ou espécies endêmicas e ameaçadas.

PLACOZOA

Apesar de autores como Pearse & Pearse (1991) considerarem a coleta de

organismos do grupo uma tarefa simples e de suporem que são abundantes em água

tropicais e subtropicais, não temos conhecimento de qualquer registro de Placozoa na

costa brasileira, ou mesmo de pesquisadores que se dediquem ao estudo do Filo. Não

sabemos, portanto, se representam algum papel ecológico nos ecossistemas marinhos

brasileiros.

MESOZOA

Mundialmente são conhecidas cerca de 85 espécies de Mesozoa. (Meglitsch &

Schram, 1991). Não há na literatura referências sobre Mesozoa do Brasil, exceto o

trabalho de Mendes (1940). Este autor confirma a ocorrência do grupo para o litoral do

estado de São Paulo, apesar não ter conseguido coletá-los. Também não é possível

diagnosticar o papel deste grupo no bentos marinho do Brasil.

Page 15: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

15

PORIFERA

São conhecidas no mundo cerca de 6.000 a 7.000 espécies viventes de Porifera.

(Hooper & Lévi, 1994; Van Soest, 1994). Foram listadas para o Brasil 112 espécies de

poríferos e estima-se que existam mais de 200 espécies marinhas.

Segundo Hajdu et al. (1996), a maior parte dos registros originais de esponjas

para a costa brasileira foi gerada por especialistas estrangeiros trabalhando material

dragado por expedições estrangeiras de história natural, como as dos navios "Alert"

(Ridley, 1881) e "Challenger" (Poléjaeff, 1884; Ridley & Dendy, 1887; Sollas, 1888).

A costa brasileira está dentre as menos estudadas com referência a sua

espongofauna marinha (de Laubenfels, 1956; Boury-Esnault, 1973; Hechtel, 1976;

Cuartas, 1985; Hajdu et al., 1992, 1995; Hajdu & Desqueyroux-Faúndez, 1994). Os

levantamentos existentes são em grande parte de natureza qualitativa e muitas vezes

não visavam diretamente a espongofauna (p. ex. Duarte & Morgado, 1983; Almeida et

al., 1996; Berlinck et al., 1996; Chehade et al., 1997).

Nestes levantamentos algumas classes estão muito mal representadas, como a

classe Calcarea, uma vez que inventários realizados em localidades restritas

contribuíram com elevado número de espécies(Muricy et al., 1991), é provável que

muitas outras venham a ser encontradas na costa brasileira.

Alguns trabalhos de cunho quantitativo foram realizados em localidades de

Santa Catarina e Rio de Janeiro (Lerner, 1996; Muricy, 1989; Muricy et al., 1991).

No mais, a maior parte das espécies são citadas para os estados de xxxxxxx,

xxx. Mesmo nestes, não existem inventários completos para os diversos ambientes

marinhos rasos ou para água profundas, assim como, não existem acompanhamentos

temporais das populações dessas regiões. A maior parte do material é oriundo de

ambientes praianos.

Em função do pouco conhecimento de aspectos biológicos básicos e dos

padrões de distribuição espacial dos poríferos, não é possível apresentar a status de

espécies como endêmica, invasora, rara ou em extinção para a costa brasileira.

Existem coleções de esponjas no Museu de Ciências Naturais (Fundação

Zoobotânica do Rio Grande do Sul, RS); Museu de Zoologia (Universidade de São

Paulo, SP); Departamento de Zoologia (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ) e

no Museu Nacional do Rio de Janeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ).

Page 16: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

16

Outras pequenas coleções já existiram em Instituições de estados costeiros do

Nordeste brasileiro, como por exemplo a do LABOMar (Universidade Federal do Ceará,

CE), mas não sabemos o estado atual das mesmas.

CNIDARIA

O filo possui cerca de 11.000 espécies descritas no mundo (Bouillon, 1994),

distribuídas nas classes: Hydrozoa (4.000), Scyphozoa (200), Cubozoa {16) e Anthozoa

(6.500). No Brasil estão registradas cerca de 470, destas grande parte são pelágicas e

algumas dulcícolas. É muito difícil quantificar o porcentual de espécies bentônicas. Em

nosso levantamento, registramos 204 espécies de Cnidaria bentônicas para a costa

brasileira.

Excetuando-se os Hydrozoa, existem cerca de 80 espécies de cnidários

bentônicos descritos para o Brasil, sendo 3 cifopólipos (RJ e SP), 40 octocorais, 17

anêmonas-do-mar (SP) e 15 corais hermatípicos coloniais. Além de vários corais

solitários, não hermatípicos, que foram recentemente registrados na plataforma

continental brasileira, ao largo do litoral norte do estado de São Paulo (Pires, 1997). É

provável, ainda, a existência de mais 3 espécies de cubozoa, cuja fase medusóide já

foi encontrada em coletas de plâncton, em redes de pesca ou jogadas na praia

(Cornelius & Silveira, 1997).

Os primeiros estudos dos cnidários brasileiros realizados por Steenstrup (1854),

Müller (1858, 1861; complementações em Corrêa, 1966), Verrill (1868), Allman (1888),

Ritchie (1909), Verrill (1912), Cordero (1939), e Oliveira (1949, 1950), tratavam de

descrições e registros pontuais de algumas espécies. Trabalhos mais extensivos de

cunho faunísticos e sistemático foram desenvolvidos a partir da década de 40,

abordando hidrozoários bentônicos (Vannucci Mendes, 1946; Vannucci, 1949, 1950,

1951, 1954); corais pétreos (Laborel, 1969a, b); anêmonas-do-mar {Corrêa, 1964) e

antozoários (Tixier-Durivault, 1970; Tommasi, 1971; Pires, 1988).

Dentre os trabalhos mais recentes, na mesma linha, podemos citar: Castro

(1990a, b); Bouillon & Grohmann (1994); Pires et al. (1992); Amaral (1994, 1997);

Marques-Paraense (1996); Migotto {1996); Silveira & Morandini (1995, 1997a). Com

abordagem ecológica: Haddad (1992), para costões rochosos do Paraná; Pittombo et

Page 17: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

17

a1. (1989), para corais de Abrolhos e Rosso & Marques (1997), para zona entremarés

de São Paulo.

A sistemática e a biologia do grupo no Brasil ainda é incipiente. A estimativa de

Bouillon (1985) de que apenas 25% das espécies de hidróides tinham seus ciclos de

vida conhecidos e que existiam famílias inteiras cuja fase de pólipo ou de medusa era

ignorada, continua válida.

A maioria dos trabalhos existentes são sobre organismos de costões rochosos

(entremarés e inframarés). Existem também levantamentos realizados na plataforma

continental do sul e sudeste do Brasil e alguns registros para estuários e manguezais

de São Paulo (Vannucci, 1949, 1951, 1954; Rosso & Marques, 1997).

Permanece quase totalmente desconhecida a fauna de cnidários de substratos

consolidados e inconsolidados, do talude continental brasileiro como um todo e da

plataforma continental do nordeste e norte do país, bem como das ilhas oceânicas.

Em geral, os cifozoários, cubozoários e hidrozoários têm ampla distribuição

geográfica, sendo cosmopolitas, circuntropicais ou de zonas subtropicais. Distribuições

restritas e endemismos são relativamente mais freqüentes entre os antozoários. Os

endemismos presentes na costa brasileira para os Hydrozoa e Scyphozoa devem,

portanto, ser resultantes da carência de dados sobre a distribuição das espécies: A

existência de espécies endêmicas é maior entre os Anthozoa. No Brasil são registradas

8 espécies endêmicas (dentre as 15 existentes) de corais hermatípicos.

O filo possui uma alto potencial de dispersão, uma vez que as medusas livre-

natantes podem percorrer grandes áreas e, acredita-se que pólipos e colônias

bentônicas, vivos ou em estágios de dormência ou de resistência, podem ser

transportados por distâncias muito maiores, soltos na água ou em substratos

flutuantes. Em vista desses fatos, agravados pelo transporte de colônias em casco de

navios e pelo despejo de água de lastro de grandes embarcações (atividade não

controlada nos portos nacionais), há grande possibilidade de existirem espécies

introduzidas, embora não registradas.

Não constatamos pressão de coleta sobre as espécies de cnidários bentônicos

no Brasil, com exceção de corais pétreos, corais-de-fogo e gorgonáceos, coletados

com maior intensidade para sourvenir, por turistas e aquaristas. Esta atividade

representa uma maior pressão no Rio de Janeiro, Pernambuco e sul da Bahia.

Page 18: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

18

A poluição e a extinção de ambientes são a maior ameaça aos cnidários, assim

como à maioria dos invertebrados marinhos, podendo responder por extinções locais

de espécies, ou diminuição drástica de populações.

Segundo Migotto (1997) a poluição e mudanças ambientais globais têm sido

responsabilizadas por uma série de doenças observadas em corais pétreos. O

branqueamento é um destes fenômenos que se difundiu drasticamente em todas as

regiões coralinas, a partir da década de 80, e que, em 1994 e 1996, afetou o litoral

norte do estado de São Paulo. Kikuchi, R. et al. (1999), observaram um evento de

branqueamento de corais no litoral norte da Bahia causado pelo El Nino.

Até o momento não foi possível obter informações sobre este tipo de fenômeno

para outras regiões do país.

No Brasil, o maior número de exemplares encontram-se depositados no Museu

Nacional (Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ). Pequenas coleções regionais e

didáticas podem ser encontradas em outras instituições de pesquisa e de ensino.

CTENOPHORA

O filo está representado por 90 espécies exclusivamente marinhas no

mundo. No Brasil, foram registradas somente 4 espécies, sendo 2 duvidosas,

todas pelágicas. Não havendo registro de espécies da Ordem Platyctenida

(epibentônica). Devido à extrema dificuldade de captura e conservação de espécimes, os

estudos sistemáticos encontram-se em estágio incipiente, sendo possível a ocorrência

de espécies bentônicas. Dadas às características do filo, é possível que introduções de

espécies exóticas, venham a ocorrer em regiões portuárias.

GNATHOSTOMULIDA

No mundo são reconhecidas de 80 a 100 espécies, estima-se em cerca de 1.000

espécies atuais (Margulis & Schwartz, 1988). Na costa brasileira, no entanto, não foram

encontrados referências em relação ao número de espécies e distribuição destes

animais.

Page 19: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

19

Com exceção de Gioia (1987) não existem referências sobre o filo para o Brasil.

Devem existir espécies endêmicas, porém não estão estudadas. Não existem coleções

do grupo, uma vez que a dificuldade de manuseio dos espécimes é um entrave para a

montagem.

PLATYHELMINTHES

O grupo apresenta cerca de 7.900 espécies marinhas bentônicas no mundo. No

Brasil estima-se que existem 350 de Turbelaria marinhos bentônicos e não há registro

de Cestóideos parasitos de animais bentônicos.

Os turbelários marinhos brasileiros foram estudados por: Marcus (1947, 1948,

1949, 1950, 1951, 1952, 1954); Marcus, E. du B.-R. (1954, 1955, 1957, 1958, 1965,

1970) e Marcus, E. du B.-R. & Marcus (1951, 1968); Corrêa (1949, 1956, 1964); Hyman

(1955) e Smith (1960). Pesquisas de cunho ecológico desenvolvidas por Morgado

(1980); Duarte (1980); Dutra (1989); Duarte & Nalesso (1996) registram a presença do

grupo, sem no entanto identificá-lo a nível específico.

Existe um pequeno número de trabalhos sobre a subclasse Cestodaria marinha

brasileira. Os trabalhos disponíveis preocupam-se principalmente com aspectos da

biologia do parasitismo. A literatura sobre a subclasse Eucestoda trata principalmente

de populações de parasitos associadas a espécies de peixes de interesse comercial

(Rego, 1977; São Clemente, 1986a; São Clemente & Gomes, 1989a, b; 1992; Amato et

al., 1990; Pereira Júnior, 1993; Takemoto et al., 1996).

Para os turbelários, a maioria das espécies registradas no Brasil é proveniente

da costa de São Paulo, sendo aparentemente endêmicas. No entanto, este fato pode

ser apenas devido ao desconhecimento da fauna de áreas adjacentes.

Em relação ao Cestoides, os trabalhos brasileiros da subclasse Eucestoida

tratam na grande maioria da ordem Trypanorhyncha, havendo, assim, uma lacuna no

conhecimento sobre outras ordens (Tetraphyllidea e Pseudophyllidea).

É provável que, com a intensificação dos estudos, encontremos também

representantes dessa ordem infestando animais bentônicos, uma vez que formas

imaturas destes vermes podem ser encontradas em invertebrados e/ou vertebrados

(hospedeiros intermediários), dependendo do grupo de cestóide considerado.

Page 20: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

20

A falta de novos levantamentos e de dados sobre a flutuação natural das

populações das espécies conhecidas não permite avaliar potenciais ameaças de

extinção.

O padrão de distribuição das diversas espécies de eucestóides marinhos está

diretamente associado ao padrão de distribuição geográfica e temporal dos seus

respectivos hospedeiros, sejam estes intermediários ou definitivos.

Não há coleções organizadas sobre Platelmintos marinhos.

GASTROTRICHA

O filo contém cerca de 240 espécies marinhas no mundo. Estes organismos

ainda não foram estudados a nível específico, no Brasil.

Os trabalhos sobre o grupo para o Brasil resumem-se aos trabalhos de Forneris

(1972, 1985), desenvolvidos em região entremarés de São Paulo

A nível mundial é reconhecida a relação entre a presença de gastrótricos com a

granulometria do sedimento. Forneris (1972), reconheceu a presença desses animais

em baixas densidades populacionais em praias do estado de São Paulo. A existência

de espécies endêmicas é muito provável, embora não confirmada.

Não existem coleções do grupo no Brasil. A dificuldade de manuseio dos

espécimes é um obstáculo para a organização de coleções. As poucas espécies

reconhecidas foram documentadas através de desenhos e registros fotográficos e, em

raros casos, por montagem lâmina-lamínula.

ROTIFERA

Existem cerca de 50 espécies marinhas deste grupo no mundo, não sendo

possível estimar, até o momento, o número de espécies brasileiras bentônicas

ou mesmo marinhas. O estudo dos rotíferos, no Brasil, iniciou-se com pesquisadores estrangeiros do

final do século XIX, que aqui estiveram ou que analisaram material proveniente de

expedições científicas. Na década de 50, teve início o estudo de rotíferos límnicos, nas

instituições brasileiras. As pesquisas ainda hoje estão voltadas para estes ambientes.

Page 21: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

21

Com relação às formas bentônicas, Hadel (1997) observou formas associadas

holotúrias no Estado de São Paulo. Rotíferos meiobentônicos são, portanto,

praticamente desconhecidos no Brasil, não há listas de espécies, conhecimento sobre

padrões de distribuição ou endemismos.

ACANTHOCEPHALA

Não é possível avaliar o número de espécies de Acanthocephala, no Brasil, que

parasitam animais marinhos bentônicos, mas é provável a existência dessas espécies,

uma vez que os Acanthocephala acompanham os hábitats de seus hospedeiros. Eles

têm sido encontrados principalmente em peixes.

LORICIFERA

O filo compreende aproximadamente 50 espécies pertencentes a cinco gêneros,

porém, cerca de 60 ainda aguardam descrição formal (Kristensen, 1991). Não há

registros da ocorrência de Loricifera para o Brasil. Em vista de serem aparentemente

cosmopolitas, é provável que sejam encontrados na costa brasileira.

KINORHYNCHA

São conhecidas cerca de 150 espécies no mundo (Ruppert & Barnes, 1994).

Apenas uma espécie (Cateria styx) foi encontrada no Brasil, oriunda do Rio de Janeiro

(Gerlach, 1956), posteriormente encontrada em São Paulo (Higgins, 1968), e até o

presente registrada apenas para a costa brasileira. Um exame mais criterioso das

amostras pode levar a descoberta de um maior número de espécimes e espécies.

Atualmente, é impossível estimar a biodiversidade do filo no Brasil. É provável que os

representantes desse grupo sejam seriamente afetados em locais sujeitos à

degradação ambiental.

Page 22: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

22

Não existem coleções do filo, mas apenas exemplares, montados em lâminas,

depositados em coleções do Departamento de Zoologia e no Instituto Oceanográfico,

ambos da USP.

PRIAPULA

Existem 16 espécies de Priapula marinhas bentônicas descritas mundialmente.

Apenas 1 espécie (Acanthopriapulus horridus), é citada para a costa brasileira, no

Estado do Rio de Janeiro (Tommasi, 1968). Não é possível estimar o número total de

espécies marinhas bentônicas viventes no Brasil, bem como de espécies endêmicas,

invasoras, introduzidas e/ou ameaçadas de extinção.

NEMATODA

Foram descritas mais de 4.000 espécies marinhas de vida livre. No Brasil

existem 225 espécies de Nematoda, não sendo possível estimar o número total de

espécies existentes.

As primeiras espécies de nemátodos marinhos bentônicos do Brasil foram

descritas para a Bahia, em 1920. Durante a década de 50, Gerlach e Meyl

descreveram diversas espécies de ambientes costeiros (praias e manguezais) de São

Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Pernambuco.

Infelizmente todos os dados existentes desse período são de natureza

qualitativa. Não havendo dados para as demais regiões do País e para ambientes de

água profundas. Exceção é registrada para a Plataforma continental interna de

Ubatuba, onde vem sendo desenvolvidos trabalhos (Corbisier, não publicado) de

natureza quantitativa.

Não há informações sobre endemismos, espécies introduzidas ou ameaçadas

de extinção. Boucher & Lambshead (1995), no entanto, acreditam que devido a grande

diversidade específica e sua alta adaptabilidade, os nemátoda não estão entre os

grupos em risco eminente de extinção.

Não existem coleções das espécies coletadas por Gerlach, no Brasil ou no

exterior.

Page 23: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

23

CHAETOGNATA

Existem 125 espécies descritas mundialmente, das quais 18 são

encontradas no Brasil, nenhuma delas bentônicas. As primeiras coletas de espécimes deste filo em águas brasileiras foram feitas

por Charles Darwin, em 1844. Este como todos os demais trabalhos referem-se a

espécies pelágicas. Não há, portanto, como estimar o número de espécies bentônicas

para o Brasil, endemismos, introdução de espécies ou espécies ameaçadas.

MOLLUSCA

O número de espécies de Mollusca marinhas do globo está entre 80.000 e

120.000. No Brasil, 1.600 espécies marinhas estão registradas. Em nosso

levantamento, registramos 1568 espécies de bentônicas para a costa brasileira.

A literatura sobre o filo Mollusca no Brasil é extensa. Diversos pesquisadores

estudaram e descreveram espécies brasileiras, a partir do século 18, entre eles

destacam-se: Lamarck (1802-1835); Spix (1827); Sowerby (1830-1909); Orbigny (1835-

1848); Reeve (1841-1870); Martini & Chemnitz (1837-1911); Dall (1881-1927); Ihering

(1883-1932); Pilsbry (1889-1957; incluindo o "Manual of Conchology" de Tryon); Haas

(1916-1969); Scott (1934-1984); Morretes (1937) Carcelles (1938-1954); Parodiz (1942-

1974); Paraense (1940-1997); Clench {1942-1970); Abbott (1944-1982); Castellanos

{1948-1982); Marcus (1953-1983); Bonetto (1954-1986); Klappenbach (1961-1986);

Rios (1966-1994); Matthews (1968-1975); Narchi (1966-1996); Penna-Neme (1971-

1984); Oliveira (1974-1994) e Coelho (1979-1981).

Mollusca é um dos grupos mais inventariado na costa brasileira. Este filo desperta

o interesse seja pelas belíssimas conchas que produz, seja pela utilização econômica,

alimentar e industrial de seus componentes, ou ainda pela facilidade e disponibilidade

de coleta de exemplares. Assim, existem representantes do filo, citados para todos as

regiões do país, em todos os ambientes: de entremarés às profundidades abissais.

Devido à grande riqueza específica deste táxon, no entanto, acreditamos que mesmo

Page 24: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

24

nas regiões mais bem inventariadas, ainda teremos um incremento no número total de

espécies, com o estudo mais detalhado das áreas e das espécies já catalogadas.

Os ambientes melhor conhecidos são os costões rochosos, as praias e os

ambientes de águas rasas. Os ambientes sublitorâneos ainda carecem de pesquisas

mais aprofundadas.

Nos manguezais, apesar de sua grande importância econômica, diversos grupos

têm sido negligenciados; é o caso dos Hydrobiidae, dos Pulmonata e mesmo de outras

espécies de gastrópodos (p. ex. Thais) e bivalves (p. ex. Chione), que têm se mostrado

endêmicas de certos estuários ao longo da costa brasileira e permanecem sem estudo

algum.

Mesmo espécies de bivalves de grande interesse econômico, precisam de mais

pesquisas para qualificar seu real status taxonômico. No Brasil existem coleções no

Museu de Zoologia (Universidade de São Paulo, SP); Museu Nacional (Universidade

Federal do Rio de Janeiro, RJ); no Museu Oceanográfico (Fundação Universidade do

Rio Grande, RS); no LABOMar (Universidade Federal do Ceará, CE); Universidade de

Mossoró (PB); Universidade Federal Rural de Pernambuco.

NEMERTINEA

São reconhecidas 1.149 espécies de Nemertinea a nível mundial e cerca de 40

espécies marinhas bentônica ocorrendo no Brasil.

Humes (1942) fez a primeira citação de uma espécie de Nemertinea para o

Brasil Carcinonemertes carcinophila, no Rio de Janeiro. Outros trabalhos, como de Corrêa (1948, 1950, 1953, 1954, 1957,1958,1961, 1964, 1966), Gibson (1973), Santos (1974);

Santos (1997) e Senz (1997), podem ser citados para o Brasil. O único estado brasileiro que foi inventariado é São Paulo. O levantamento de

espécies brasileiras, porém, está desatualizado. Assim, não há bases para relacionar

espécies invasoras, introduzidas ou ameaçadas de extinção.

A importância ecológica das espécies de nemertinea do Brasil (a maioria

endêmica) é desconhecida e coleções organizadas são inexistentes. Existem, no

entanto, pesquisadores atuando no Departamento de Zoologia do Instituto de

Biociências da USP.

Page 25: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

25

SIPUNCULA

Estão descritas 150 espécies no mundo, destas 30 para o litoral brasileiro.

A literatura pertinente ao filo para a costa brasileira é muito reduzida, podendo

ser resumida aos trabalhos de De Jorge et a1. (1969, 1970), Cutler & Cutler (1980),

Ditadi (1976, 1981, 1982), Ditadi & Migotto (1981, 1982) e Migotto & Ditadi (1988).

Os ambientes mais conhecidos são a zona entremarés e infralitorâneas de São

Paulo. É provável que um número muito maior de espécies possa ser encontrado com

uma pesquisa mais intensa em outros ambientes e em todas as regiões do país.

Não é provável encontramos um grande número de espécies endêmicas, além

da já conhecida Sipunculus marcusi. Também não há registros de espécies invasoras,

introduzidas e/ou ameaçadas de extinção.

A impactação de praias de baixa energia, habitat onde estes organismos são

encontrados, pode representar uma ameaça às espécies conhecidas e desconhecidas

de nossa costa.

Não temos conhecimento de coleções formais do táxon no Brasil.

ECHIURA

Estão descritas 130 espécies no mundo, destas 9 para a costa do Brasil.

A literatura pertinente ao filo para a costa brasileira é muito reduzida, podendo

ser resumida aos trabalhos de Amor (1971), De Jorge & Ditadi (1969), De Jorge et al.

(1969), Ditadi (1970a, b, c, 1982, 1983, 1984, 1997, 1998), Ditadi & Mendes (1986),

Macha & Ditadi (1972) e Schaeffer (1972).

Os ambientes mais conhecidos são a zona entremarés e infralitoral raso,

especialmente da costa de São Paulo e Rio de Janeiro.

Não há, na literatura, indicação de espécies de Echiura endêmicas, invasoras

e/ou introduzidas na costa brasileira. Impactos causados em praias areno-lodosas

podem representar uma ameaça às espécies conhecidas e desconhecidas de nossa

costa.

Não temos conhecimento de coleções formais do táxon no Brasil.

Page 26: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

26

POGONOPHORA

O grupo conta com cerca de 140 espécies descritas no mundo, não há registro

do táxon para a costa brasileira.

Acredita-se que sua ocorrência seja cosmopolita, em águas profundas e frias, e

em águas mais rasas nos mares polares (Southward, 1971, 1986; Margulis & Schwartz,

1988).

Como são animais de ocorrência aparentemente cosmopolita, é muito provável a

chance de existirem espécies ainda não coletadas nas águas profundas do extenso

litoral brasileiro.

ANNELIDA-POLYCHAETA

Acredita-se que o número de espécies de Polychaeta, no mundo, esteja entre

8.000 e 10.000 (Pettbone, 1982; Brusca & Brusca, 1990). Segundo Amaral & Morgado

(1997), na década de 70 a estimativa apontavam cerca de 400 espécies para a costa

brasileira e hoje este número está por volta de 600. Em nosso levantamento

registramos 593 espécies para a costa brasileira.

Os primeiros registros do grupo para o Brasil foram feitos por Müller (1858);

Hanse (1882) e por especialistas estrangeiros que usaram o material gerado por

grandes expedições estrangeiras de história natural, como as dos navios "Challenger" (

) ; "Eugenies" (Kinberg, 1865, 1910); "Meteor" (Friedrich, 1950) e Discovery (Tebble,

1960). Outros trabalhos importantes foram realizados Treadwell (1923, 1932); Luederwaldt

(1929) e Hartman (1948). Os primeiros trabalhos com uma série de espécies novas para

o Brasil foram publicados por Nonato (1958, 1963, 1965, 1966).

A partir da década de 70, grande interesse foi despertado pelo estudo, tanto o

sistemático como o ecológico, dos poliquetas no país e, conseqüentemente, um

razoável número de trabalhos, principalmente na costa sul-sudeste, foi realizado:

Zibrowius (1970), Orensanz & Gianuca (1974), Amaral (1975, 1980b), Rullier &

Amoureux (1979), Lana (1981, 1984), Bolivar (1986), Blankensteyn {1988), Morgado

(1988), Paiva (1990), Camargo (1993), entre outros. Estes trabalhos foram fortemente

Page 27: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

27

impulsionados pela existência de chaves taxonômicas elaboradas por Amaral & Nonato

(1981, 1982, 1984, 1994). Recentemente, Amaral & Nonato (1996) publicaram chaves

atualizadas para a identificação das 57 famílias e 275 gêneros até então registrados

para a costa brasileira.

Apesar de constituir um dos grupos de maior abundância na macrofauna, pouca

informação existe sobre os poliquetos da costa brasileira. A maioria dos estudos

concentram-se principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e do Paraná,

uma vez que dispõem da maior parte dos esforços de coleta e dos sistematas. Porém,

mesmo nessas regiões os esforços de coleta são diferenciais com áreas mais bem

amostradas como o litoral norte de São Paulo e outras de pouca informação.

Em nosso levantamento registramos grande número de espécies registradas

para uma única localidade, o que demonstra o fato da carência de trabalhos realizados

no Brasil.

Apesar do grau de conhecimento, persiste o problema do reduzido número de

estudos taxonômicos e sinecológicos, sendo estes, em sua maioria, contribuições

isoladas.

A raridade de citações em escala mundial reflete as dificuldades em se constatar

espécies em extinção no ambiente marinho, devido, em parte, à inconspicuidade da

maioria dos organismos, e, principalmente, à falta de estudos populacionais e

monitoramento faunístico. Entretanto, há um consenso entre os especialistas, no

sentido de considerar motivo de preocupação, mais que a extinção isolada da espécie,

a extinção de hábitats, particularmente os costeiros, por sustentarem maior diversidade

de espécies e serem mais vulneráveis à ação antrópica. Neste contexto, têm sido

considerados potencialmente ameaçados o Arenicolidae Arenicola brasiliensis Nonato,

1958 e o Eunicidae Eunice sebastiani Nonato, 1965, espécies "comuns" em praias

arenosas. Como medida de proteção, recomenda-se, portanto, o emprego de

estratégias para a conservação dos hábitats, fortemente associadas à implantação de

programas de educação ambiental.

É provável que existam coleções, mantidas sob a guarda dos pesquisadores no

Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP); no Departamento de

Zoologia e no Museu de História Natural da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) e na Universidade Federal do Paraná.

Page 28: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

28

OLIGOCHAETA

Das 116 espécies de oligoquetas aquáticos e anfíbios do Brasil somente 14

foram registradas em ambientes salobros ou marinhos. (Gavrilov, 1981).

O estudo de oligoquetas aquáticos e anfíbios da região Neotropical teve seu

início no século XIX. F E. Beddard, W. Michaelsen, L. Cognetti de Martüs, C. Moreira, J.

Stephenson, H. Luederwaldt e L. Cernosvitov são, dentre outros, os pesquisadores

pioneiros do séc. XIX e do início do XX. A revisão do conhecimento a cerca do grupo foi

feita por Gavrilov (1977, 1981). O autor abordou aspectos da história, ecologia e

distribuição geográfica, além de inventariar as espécies, inclusive as marinhas.

No Brasil, o estudo do grupo toma impulso com a criação da Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1934). Os pesquisadores

Eveline Du Bois-Reymond Marcus & Ernst Marcus foram na década de 40 a 60 e

Gilberto Righi, década de 60, os nomes mais expressivos em termos de geração de

conhecimento sobre os oligoquetas aquáticos no Brasil. também merece destaque a

colaboração, embora esporádica, dos pesquisadores E.C.R Bittencourt, I. Ayres & E.

Kanner.

Nas duas últimas décadas, os oligoquetas marinhos brasileiros têm sido

esporadicamente estudados por pesquisadores estrangeiros e brasileiros destacando-

se Marcus (1950), Marcus (1965), Erséus (1980, 1983); Harman & Loaden (1984),

Medeiros (1989). Os estados que concentram a maioria dos inventários são São Paulo,

Rio de Janeiro e Santa Catarina, sendo o estado de São Paulo o que apresenta maior

número de registros (9 espécies). Contudo, os dados provêm de amostras pontuais e

nenhum setor do litoral paulista foi sistematicamente investigado. Muitas das espécies

assinaladas para São Paulo são, por ora, conhecidas somente de suas localidades-

tipo.

Tendo em vista a virtual inexistência de levantamentos de oligoquetas marinhos

e estuarinos, é prematuro cogitar sobre endemismos. Monopylephorus parvus

Ditlevsen, 1904 e Enchytraeus albidus Henle, 1837 têm distribuição cosmopolita, ou

quase cosmopolita. Pontodrilus bermudensis Beddard, 1891 tem distribuição

circumundial nas zonas tropical e subtropical. Peloscolex gabriellae ocorre também em

Page 29: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

29

Aruba e Curaçao. Confusões na sistemática desta espécie tornam incertos os demais

registros nos EUA (Righi & Kanner, 1979).

Os exemplares das espécies descritas para o estado de São Paulo estão

depositados no Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências, Universidade de

São Paulo. Há exemplares das espécies descritas por Erséus e por Harman & Loden

no Museum National d'Histoire Naturelle (MNHN), Paris, e em outros museus.

HIRUDINEA

Não há registros recentes sobre o número de espécies de hirudíneos marinhos,

entretanto, esse deve ser ligeiramente superior a sessenta

Para o Brasil são conhecidas 3 espécies da família Piscicolidae (Weber, 1915;

Pinto, 1923; Cordero, 1937; Ringuelet, 1943) e 1 espécie da Família Ozobranchidae

(Schlenz, 1971).

É impossível afirmar qualquer coisa relativa a endemismo, espécies invasoras e

introduzidas ou ameaçadas quando se sabe tão pouco sobre esse grupo de animais

marinhos. O mesmo se aplica para as eventuais estratégias de preservação.

TARDIGRADA

Existe registro de 136 espécies de Tardigrada marinhos no mundo, no Brasil

existe registro de 6 espécies.

O número de referências bibliográficas encontradas para tardígrado é muito

limitado: Marcus, (1946); Marcus, E. du B.-R. (1952); Hõfling-Epiphanio (1972);

Medeiros (1987); Corrêa (1987); Renaud-Mornant (1990).

Estudos meiofaunísticos realizados em Pernambuco pela Profa. Dra. Verônica da

Fonsêca-Genevois e sua equipe forneceram material que foi descrito por.

a não ser por alguns registros de ocorrência de exemplares do filo em amostragens

realizadas em estudos de meiofauna. A despeito da possibilidade de existir uma grande

diversidade de Tardigrada no nosso litoral.

O maior número de registros do grupo foi feito para São Paulo, principalmente

da zona entremarés e infralitoral, como também na zona das cracas. Encontramos

também registros para os estados de Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro.

Page 30: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

30

Trabalho de densidade por Medeiros (1987), em estudo sobre meiofauna realizado

na Praia Grande, SP.

No Brasil não existe material-tipo das espécies descritas e nem coleções de

Tardigrada.

SUBFILO UNIRAMIA

Existem cerca de 300 espécies marinhas no mundo, das quais cerca de

45 compõem a família Gerridae - exclusivamente neustônica. Não há registros

de espécies de Miriápodos marinhos descritos em ambientes da costa brasileira.

CHELICERIFORMES

Existem 65.000 espécies viventes de Cheliceriformes (bentônicas?). No

Brasil existem 70 espécies marinhas registradas. Quantas bentônicas? Um dos primeiros trabalhos relativos a queliceriformes bentônicos brasileiros

datam da década de 20, e trata-se um registro de uma espécie de aranha encontrada

na Praía de Icaraí (RJ) de Vellar (1924).

A literatura sobre pantópodos brasileiros é relativamente extensa. Na década de

40 Marcus deu um grande impulso a sistemática do grupo, publicando um conjunto de

trabalhos sobre os Pantopoda (Marcus, 1940a, b, c). Outros autores também

realizaram trabalhos sobre o grupo (Sawaya, 1941, 1945, 1947; Corrêa, 1948; Mello-

Leitão, 1945, 1946, 1949a,b e Hedgpeth, 1943, 1948). Na década seguinte

encontramos, ainda, os trabalhos de Sawaya (1951, 1952), Marcus (1952) e Mello-

Leitão (1955) Stock (1955). Na década de 60 se resume aos trabalhos de Marcus &

Marcus (1962) e Zilberberg (1963) e Forneris (1969) e Stock (1966). Outros trabalhos

realizados sobre pignogonida foram produzidos por: Zago (1970); Varoli {1981, 1996);

Page 31: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

31

Ribeiro et al. (1982); Masunari (1983a); Coelho & Calábria (1983); Stock (1974, 1979

1986b, 1992); Varoli (1994); Montouchet (1979); Masunari, (1983b); Jacobi (1987);

Nalesso et al. (1995) e Duarte & Nalesso (1996).

No que diz respeito aos Pycnogonida existem registros de espécies coletadas

nas diversa regiões do país. Os registros incluem material provenientes da plataforma

brasileira, bem como de costões entremarés, bancos de mexilhão e fital.

Em relação à ordem Acarina são encontrados numerosos trabalhos: Biasi

(1964b); André & Naudo (1965); Grandjean (1968); André & Naudo (1965); Grandjean

(1968); Masunari (1983a) e Medeiros (1987). Nestes, no entanto, as espécies são

tratadas a nível de ordem.

No Estado de São Paulo, existem registros para ambientes de costão e

meiofauna de praias arenosas. Existem ainda registros para o litoral da Bahia e Foz do

Rio Amazonas.

Não existem registros para Pseudoscorpionida no Brasil.

Não existem dados sobre espécies de profundidades, espécies endêmicas ou

introduzidas.

No Brasil, existem exemplares depositados no Museu de Zoologia e no

Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (USP); no Museu Paranaense,

no Museu Nacional; no Instituto Oswaldo Cruz.

COPEPODA

Existem cerca de 10.000 espécies marinhas, estuarinas e dulcícolas. No Brasil,

foram registrados 434 táxons marinhos e estuarinos. Cerca da metade das espécies

conhecidas vive em associação com outros filos animais aquáticos. Bentônicas?

O estudo dos copépodes brasileiros teve início com as grandes expedições

oceanográficas do final do século passado. Os primeiros trabalhos publicados sobre

copépodes planctônicos costeiros e neríticos do Rio de Janeiro e São Paulo datam da

década de 40. A diversidade dos copépodes bentônicos marinhos, no entanto, é pouco

conhecida.

Os harpacticóides psâmicos e do fital dos estados de Santa Catarina, Paraná,

São Paulo e Pernambuco foram estudados principalmente nas décadas de 50 e 60, por

Page 32: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

32

H. Jakobi e Rouch. Campaner (1977, 1978a, b, 1979) e Alvarez (1984, 1985a, b, c,

1986) descreveram 14 espécies de Calanóides e misofrióides epibênticos do sul e

sudeste do Brasil, em profundidades variando de aproximadamente 100 a 1.100m.

Descrições de ciclopóides bentônicos brasileiros forma feitas do por Herbst (1955).

Subseqüentemente, várias outras espécies foram descritas ou registradas nos estados

de Sergipe, Bahia e São Paulo (Rocha & Botelho, 1997). Copépodos parasitos foram

estudados por Carvalho (1940 e 1962) e Dias (1996).

As três ordens restantes de Copepoda (Platycopioida, Mormonilloida e

Gelyelloida) nunca foram registradas no Brasil.

Copépodos bentônicos brasileiros tem sido principalmente estudados em

ambientes no fital, estuarinos-lagunares, em produndidades variando de até cerca de

1000 m. Estes animais são principalmente citados para São Paulo, Rio de Janeiro,

Santa Catarina, Paraná, Sergipe e Bahia.

Ao contrário das espécies planctônicas, os copépodos bentônicos e associados

a outros organismos apresentam distribuição mais restritas, muito provavelmente

devido à falta de conhecimento que se tem sobre elas.

Existem alguns poucos registros de espécies planctônicas introduzidas,

especialmente em tanques de cultivos de outros animais comerciais. Não temos

conhecimento, porém de nenhuma espécie de copépodos bentônicos introduzida ou

ameaçada de extinção, supõe-se que a poluição por despejo de esgotos domésticos e

industriais sem tratamento e os derramamentos de petróleo em áreas portuárias

estejam alterando a composição específica de copépodes bentônicos, principalmente

os do intersticial de praias arenosas.

Existem exemplares de copépodos bentônicos na coleção de Crustacea do

Museu de Zoologia da USP, como também na coleção do Departamento de Zoologia do

Instituto de Biociências da USP.

MYSTACOCARIDA

Existem apenas 9 espécies descritas para o mundo. No Brasil, existem registros

de 3 espécies brasileiras.

Page 33: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

33

As espécies conhecidas para a costa brasileira foram descritas nos trabalhos de

Renaud-Mornand (1976; 1978-1979). É provável que 2 destas espécies sejam

endêmicas, uma vez que não foram na listagem mundial fornecida por Zinn (1986) Não

temos conhecimento de nenhuma espécie de mystacocarida introduzida ou ameaçada

de extinção. Os tipos da espécies brasileiras encontram-se depositadas em museus no

estrangeiro.

BRANCHIURA

Existem cerca de 130 espécies de Branchiura incluindo espécies marinhas,

estuarina e dulcícolas. No Brasil, não há registro de espécies marinhas.

A literatura sobre os representantes brasileiros da subclasse Branchiura não é

extensa e foi compilada por Castro (1981, 1985) e Malta (1997). As publicações sobre

espécies brasileiras encontradas são trabalhos sistemáticos e sobre a relação

hospedeiro-parasito de branquiúros de água doce.

THECOSTRACA

No mundo existem cerca de 900 espécies de Thecostraca bentônicos e

epiparasitos. No Brasil, existe registro de 78 espécies.

Os trabalhos mais antigos sobre Thecostracos brasileiros enfocavam áreas

restritas da costa brasileira. Trabalhos recentes de Young (1984, 1995 e 1997),no

entanto, tratam de organismos de toda a costa brasileira.

Nos trabalhos mencionados, existem registros de animais da zona supralitoral

até profundidades além da plataforma continental. Para o grupo existem estudos de

distribuição espacial e correlação espécie-habitat. Há pouca informação sobre a fauna

de cirripédios de águas profundas (80 a l.000 m). A maior riqueza de espécies ocorre

entre 20° e 30° S.

Existe registro de 5 espécies endêmicas para a costa brasileira: Ascoscalpellum

boubalocerus Young, 1992; Litoscalpellum benriquecostai (Weber, 1960); Chthamalus

bisinuatus Pilsbry, 1916; Fistulobalanus citerosum (Henry, 1974) e Megabalanus

vesiculosus Darwin, 1854.

Page 34: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

34

Como espécies introduzidas na costa brasileira são reconhecidas (Young, 1995):

Balanus reticulatus Utinomi, 1967; em Recife e Baía de Todos os Santos; Chirona

amaryllis (Darwin, 1854), uma espécie associada a cnidários, foi introduzida do Indo-

Pacífico ocidental no litoral do Piauí, Pernambuco e Bahia; Megabalanus coccopoma

(Darwin, 1854) é uma espécie introduzida do Pacífico norte oriental no litoral sul e sudeste

brasileiro.

Young (1995) acredita ainda que Balanus eburneus Gould, 1841, tenha sido

introduzida em baías portuárias poluídas do leste e sudeste brasileiro e que as

espécies cosmopolitas ou circunglobais, Balanus trigonus Darwin, 1854, B. improvisus

Darwin, 1854, B. amphitrite Darwin, 1854 e Megabalanus tintinnabulum (L. 1758),

teriam sido trazidas involuntariamente pelo homem, já há muito tempo.

Este grupo pode ser encontrado em coleções de diversas instituições nacionais,

especialmente no Museu Nacional do Rio de Janeiro (UFRJ).

TANTULOCARIDA

Existem 24 espécies em todo o mundo, não havendo registros para o Brasil.

Uma vez que estes animais estão distribuídos em todos os oceanos, em

profundidades além de 300 m e que existem prováveis hospedeiros nos mares do

Brasil, é possível que venham a ser detectados na costa brasileira.

PERACARIDA

Existem 11.400 espécies no mundo incluindo Mictacea e Spelaeogriphaceae

(dulcícolas) e isópodos terrestres. Existem cerca de 500 espécies no Brasil, foram

catalogadas 464 marinhas bentônicas.

Os registros iniciais de Peracáridos da costa brasileira provêm da primeiras

expedições oceanográficas estrangeira que coletaram material na costa brasileira:

"U.S. Exploring Expedition" (1838-1842), "Plankton Expediton der Humboldt-Stiftung"

(1889); a "British Antarctic Expedition (Terra Nova)" (1910). A partir da década de 40

pesquisadores brasileiros como Oliveira (1940); Mello-Leitão (1941) e Lemos de Castro

Page 35: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

35

( 1960) abordaram espécies de isopoda, anfípoda e tanaidacea marinhos bentônicos.

Os cumáceos foram, posteriormente, listados por Brum (1966, 1970, 1971).

Pesquisas mais recentes foram realizadas por Pires (1977a, b, 1980, 1982,

1987, 1996); Tararam et al., 1978; Tararam & Wakabara (1981); Masunari (1980, 1983);

Santos (1992); Wakabara et al. (1988); Roccatagliata (1985, 1986).

Pires (1997) considera que o grupos Amphipoda e Isopoda apresentam espécies

com ampla distribuição geográfica, indicando a grande capacidade destes animais de

colonizar os mais diversos ambientes e que ocorram espécies endêmicas dentre os

Cumacea, sem contudo listá-las.

Existe uma coleção de Isopodos marinhos depositada no Museu de Zoologia

(USP).

DECAPODA

Foram catalogados 801 espécies de decápodos marinhos bentônicos para o

Brasil.

Os primeiros estudos de decápodos brasileiros foram realizados Moreira (1901),

com a publicação dos "Crustáceos do Brasil". A partir da década de 60, merecem

destaque os levantamentos faunísticos realizados por: Forest & Saint Laurent (1967);

Coelho ?????Coelho & Ramos (1972); Fausto-Filho (1966, 1967, 1968, 1970. 1975);

Christoffersen (1979, 1982) e Melo (1985, 1996), versando sobre grupos particulares.

Mais recentemente, estudo de determinadas famílias e gêneros foram realizadas por:

Melo-Filho (1992, 1997); Calado (1995); D'Incao (1995) e Veloso (1996); Pita et al.

(1985). Dentre os levantamentos faunísticos e ecológicos mais recentes podem ser

citados: Gouvêa (1986a, b); Hebling & Rieger (1986}; Hebling et al. (1994); Branco

(1990); Fransozo et al. (1992); Pires-Vanin (1992); Cobo et al. (1993) e Santos et al.

(1994).

Foram estudados até o momento decápodos de toda a costa brasileira e de

todos os ambientes até os limites da plataforma. Isso não implica, no entanto, em um

completo entendimento dos padrões de biodiversidade dos decápodos brasileiros.

Mesmo em se considerando as regiões melhor levantadas (NE e SE), ainda restam

realizar levantamentos de habitats crípticos litorâneos e de grandes profundidades. Nas

Page 36: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

36

demais regiões, os levantamentos são pontuais ou direcionados a espécies

economicamente exploradas.

Para o grupo existem grande número de estudo biogeográficos, de distribuição

espacial e correlação espécie-habitat.

Considerando que estes animais têm seus padrões de dispersão ligados a fase

de vida planctônica. Não existem muitas espécies com seus ciclos de vida

completamente conhecidos.

Tais estudos estão dirigidos aos aspectos do desenvolvimento larval (Fransozo &

Negreiros-Fransozo, 1997) e juvenil (Fransozo & Negreiros-Fransozo, 1987); da

reprodução (Santos & Negreiros-Fransozo, 1996); do crescimento (Pinheiro &

Fransozo, 1993); da distribüição ecológica {Mantelatto et al., 1995).

Existem coleções de decápodos no Museu de Zoologia da Universidade de São

Paulo; no Departamento de Oceanografia da UFPE; no Museu Nacional do Rio de

Janeiro. Além de outras de menor porte em Instituições da costa brasileira. Alguns

pesquisadores que trabalham com o grupo mantêm pequenas coleções de referência.

PHORONIDA

O número total de espécies de Phoronida no mundo é de 16 ; sendo que existem

4 ocorrem no Brasil.

A primeira referência, o primeiro registro e a primeira descrição de foronida no

Brasil foi feita por Marcus (1949). Outros trabalhos onde são encontradas registros do

grupo são: Forneris (1959, 1969, 1987); Nonato & Petti (1996).

No Brasil, encontramos referências apenas ao Estado de São Paulo,

especialmente em ambientes entremarés e poucos locais do sublitoral. As espécies

encontradas até o momento são de ampla distribuição. Não existem registros de

endemismos e há dúvida se as espécies encontradas são autóctones. A ocorrência de

espécies introduzidas é provável, uma vez que são espécies inscrustantes. Não

existem coleções do grupo no País, devendo existir alguns espécimes no Instituto

Oceanográfico de São Paulo.

Page 37: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

37

ENTOPROCTA

São encontradas aproximadamente 150 espécies no mundo e 10 espécies no

Brasil.

Com exceção de Forneris (1964), as demais referências encontradas sobre

Entoprocta da costa brasileira são trabalhos realizados por Marcus (1937, 1938, 1939,

1941a, 1941b, 1949, 1955) e Marcus & Marcus (1968).

A espécies encontradas são oriundas do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e

Espírito Santo, geralmente de águas rasas (até 20 m).

Dentre estas espécies, é possível que as 3 espécies novas, descritas por

Marcus, sejam endêmicas. Não temos conhecimento de nenhuma espécie de

introduzida ou ameaçada de extinção. A ocorrência de espécies introduzidas, no

entanto, é provável, uma vez que são espécies inscrustantes. Não existem coleções do

grupo no País. Os tipos da espécies brasileiras encontram-se depositadas em museus

no exterior.

BRYOZOA

São encontradas aproximadamente 5.500 espécies no mundo e 284 espécies no

Brasil.

Dentre os mais antigos trabalhos que versam sobre o registro de espécies de

briozoários brasileiros, assim como sua biologia destacam-se: d'Orbigny (1847); Ridley

(1881); Kirkpatrick (1890); Meissner (1893); Gliesch (1925); Canu & Bassler (1928);

Guimarães & Rosa (1941); Marcus (1937, 1938a, b, 1939, 1941a, b, c, 1942a, b, 1944,

1949, 1955); Marcus & Marcus (1962); Luederwaldt (1929); Sawaya (1943), Corrêa

(1948); Villela (1948a, b); Forneris (1964); Braga (1967, 1968); Barbosa (1970); Buge

(1974, 1979). Estudos ecológicos mais recentes, revelaram a ocorrência de briozoários

entre os organismo encontrados (Morgado, 1980), Rocha (1993, 1995).

As espécies brasileiras, até o momento registradas, foram encontradas nos

estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, geralmente da zona entremarés até 20

metros de profundidade, habitando associadas a conchas e algas.

Não foram realizados estudos populacionais ou mesmo, levantamentos

atualizados das espécies brasileiras. Assim não existem registros sobre espécies

Page 38: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

38

ameaçadas de extinção, invasões e introduções. A ameaça sobre algumas espécies

sensíveis pode ocorrer na medida em que os hábitats sejam perturbados.

Não existem coleções brasileiras de Briozoa. Os tipos das espécies brasileiras

também não se encontram depositadas em museus no exterior.

BRACHIOPODA

São encontradas 355 espécies, exclusivamente marinhas e bentônicas, no

globo. Somente 2 espécies, registradas para o Espírito Santo e Rio de Janeiro,

estão descritas para o Brasil e uma terceira ainda não descrita para a enseada

do Flamengo (Nonato & Petti, 1996).

ECHINODERMATA

Existem 7.000 espécies marinhas e estuarinas registradas no mundo e

329 no Brasil, somente 206 foram por nós catalogadas. O primeiro trabalho sobre os Echinodermata brasileiros foi a "História Natural do

Brasil (Marcgrave, 1942). Entre os trabalhos sobre espécies de Echinodermata

brasileiros destacam-se: Lütken (1864), Lyman (1875, 1878,1882),Verrill (1868),

Rathbun (1878, 1879), Ludwig (1881, 1882), Ihering (1897); Sluiter (1910), Luederwaldt

& Fonseca (1923), Luederwaldt (1929a, b),Oliveira (1949, 1950, 1951), Krau (1950),

Ancona Lopez & Sawaya (1955), Ancona Lopez (1957, 1964); Deichmann (1963),

Tommasi (1957, 1958a, 1959, 1963, 1964a, b1965a, b, c, 1966a, 1967a, 1967b, 1969a,

b, c, 1970a,b, 1971 a, 1971 b c, d 1972, 19741985), Oliveira (1940), Krau (1954), Brito

(1960, 1962, 1971), Buckup & Thomé (1962), Lima-Verde (1969), Tommasi & Lima-

Verde (1970), Nunes (1975), Tommasi & Abreu (1974), Tommasi & Hecht (1988),

Tommasi & Oliveira (1976), Camargo (1982),Avila-Pires (1983); Albuquerque

(1986),Tommasi & Aron (1988), Tommasi et al., (1988a, b); Clark & Downey (1992) e

Hendler et a1. (1995) .Tommasi (1970c), Boffi (1972), e Monteiro (1987, 1990a, b,

1992, 1993), Tommasi (1958b, 1962, 1964c) e Giordano (1986), sobre Echinoidea; e

Ancona Lopez (1957, 1962, 1963, 1965), Hadel (1997), Hadel et al. (1998) e Tiago

(1998) Tommasi et al. (1998).

Page 39: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

39

A comparação do número de espécies registradas no mundo e no Brasil mostra

uma baixa ocorrência do grupo no nosso litoral, refletindo, provavelmente, uma falha no

conhecimento da distribuição e ocorrência destes animais na costa brasileira.

No estado de São Paulo, a fauna de Crinoidea, Echinoidea e Asteroidea

apresenta uma distribuição batimétrica com uma nítida área de mudança faunística

entre as isóbatas de 50 e 100m de profundidade, delimitando dois conjuntos de

espécies: o da plataforma interior (do mediolitoral até 50-100m de profundidade) e o da

plataforma exterior (de 50-100m até a borda da plataforma continental).

A maioria dos Ophiuroidea estudados na costa paulista foi amostrada no Litoral

Norte, em profundidades menores que 300m, com apenas algumas espécies coletadas

até cerca de 600m

Com relação aos ambientes, são poucas as informaçõés disponíveis, uma vez

que poucos estudos foram realizados focalizando apenas os Ophiuroidea. Além disso,

muitos dos projetos desenvolvidos não analisaram fatores ambientais com os quais a

ocorrência das diferentes espécies pudesse ser relacionada.

Os Holothuroidea constituem a classe menos estudada entre os Echinodermata

do Atlântico Sul-Ocidental , particularmente as espécies de grandes profundidades.

Embora a maior diversidade seja encontrada em águas tropicais rasas, apenas umas

poucas espécies das Ordens Aspidochirotida e Apodida têm sido estudadas nestes

ambientes. Quanto às poucas espécies de Holothuroidea do estado de São Paulo, a

maioria está representada por espécies da região entremarés e por algumas que

chegam a 65m de profundidade.

Existem coleções de Echinodermata no Instituto Oceanográfico e no Museu de

Zoologia da USP. Desconhecemos a existência de outras coleções no País. O estado

de São Paulo conta, atualmente, com apenas três instituições que abrigam coleções

parciais deste filo. No Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da UNESP,

campus de São José do Rio Preto, encontra-se depositada uma interessante coleção

de ofiuróides, com espécies amostradas no Brasil e em outras regiões do mundo.

HEMICHORDATA

Existem 90 espécies no mundo e 7 no Brasil.

Page 40: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

40

Spengel (1893) iniciou o estudo do grupo no Brasil, pela descrição de

Balanoglossus gigas, com material oriundo de Santa Catarina (Müller, 1898), e de

Schizocardium brasiliensis, proveniente do Rio de Janeiro.

Os registros dessas espécies foram, posteriormente expandidos para outras

localidades da costa de São Paulo (Sawaya, 1950, 1951; Petersen, 1987; Nonato &

Petti, 1996) e Rio de Janeiro (Petersen, 1987). Outros trabalhos sobre Hemichordata

são os de Sawaya (1964)Sawaya & Forneris (1953); Bjôrnberg (1959 Burdon Jones &

Petersen (1964) e Petersen (1965, 1987) sob o nome Willeya loya, Petersen & Ditadi

(1967, 1971) em São Sebastião.

As espécies brasileiras foram estudadas em Santa Catarina, São Paulo e Rio de

Janeiro, todas em região entremarés ou águas rasas de praias abrigadas. Não foram

realizados estudos populacionais dessas espécies, embora sejam conhecidos dados

sobre estágios larvais Bjõrnberg (1953, 1955. Assim não existem registros sobre espécies

ameaçadas de extinção, invasões e introduções. É possível que as espécies

encontradas em praias atualmente muito perturbadas, como a do Araçá - SP (Belúcio,

1995) sofram declínio consideráveis em suas populações.

Atualmente, não há, no Brasil, pesquisadores trabalhando com o grupo nem

coleções organizadas. As lâminas histológicas que serviram de base para a descrição

de W. loya encontram-se depositadas no Departamento de Ecologia Geral do Instituto

de Biociências da Universidade de São Paulo.

SUBFILO UROCHORDATA

Existem cerca de 2.600 espécies descritas no mundo e 100 espécies

brasileiras. As primeiras referências sobre Ascidias na costa brasileira estão relacionadas a

expedições oceanograficas do final do século XVIII (Gould, 1852; Herdman, 1880,

1886). Dentre os trabalhos que mencionam espécies de Ascídias estão: Traustedt,

1882, 1883; Michaelsen, 1907, 1923; Hartmeyer, 1912 de Van Name (1945 Moure et al.

(1954), Bjõrnberg (1956),,. Millar (1958, 1961, 1977), Rodrigues (1962, 1964, l966,

1977), Monniot (1969/70), Simões (1981), Aron & Sole ` Cava (1991), Rocha & Monniot

Page 41: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

41

( 93, 1995), Rodrigues & Rocha (1993) e Lotufo (1997). Eston et al. (1986); Souza

(1989); Rocha {1993, 1995) e Nogueira (1995)

Estudos abordando aspectos essencialmente ecológicos de ascídias no Brasil

foram realizados por Rocha (1988, 1991, 1993, 1995) e por Lotufo (1997)..

Os levantamentos mais relevantes e completos foram feitos para o estado de

São Paulo.

Entretanto, já foram coletados vários exemplares que estão atualmente em processo

de identificação ou descrição, e algumas regiões ainda não foram exaustivamente

estudadas, como as ilhas costeiras e locais com profundidades superiores a 10m.

O grau de endemismo do estado de São Paulo é aparentemente baixo

(aproximadamente 10%) podendo, no entanto, aumentar ou diminuir, em função de

como evoluírem os critérios de delimitação específica e do incremento de estudos em

outras regiões do Brasil. A fauna brasileira, de maneira geral, é bastante similar à fauna

caribenha, isto é, trata-se de uma fauna essencialinente tropical.

Quanto à presença de espécies invasoras ou introduzidas, constata-se que o

número de espécies coloniais presentes no canal de São Sebastião (Rodrigues &

Rocha, 1993; Rocha & Monniot, 1995) é bem maior atualmente do que há 30 anos

(Rodrigues, 1962). Comparando os dados de Lotufo (1997) com os de Millar (1958) e

Rodrigues (1962), percebe-se também um aumento na Baía de Santos. Por outro lado,

algumas espécies de ascídias simples tornaram-se raras ou desapareceram destes

locais.

O aparecimento de espécies exóticas em muitos portos é um fenômeno mundial

(Monniot et al., 1991). Ascídias crescem com facilidade em cascos de navios que não

tenham sido recentemente pintados; muitas espécies são tolerantes a poluentes e a

variações de salinidade e temperatura. Leve-se em conta ainda que o ambiente

portuário apresenta águas ricas em detritos orgânicos e bactérias, favorecendo o

desenvolvimento de organismos filtradores. Por outro lado, ascídias são sensíveis tanto

às baixas salinidades como à quantidade de partículas em suspensão na água. e,

portanto, estarão ameaçadas por alterações ambientais desta natureza. Atualmente

não é possível identificar espécies ameaçadas de extinção, devido à escassez de

dados que indiquem as flutuações naturais das populações.

A principal coleção do grupo está depositada no Departamento de Ecologia

Geral do Instituto de Biociências da USP, onde Sérgio de Almeida Rodrigues tinha o

Page 42: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

42

seu grupo de trabalho estabelecido. A coleção conta com espécies coletadas no Brasil

inteiro, além de outras, trazidas do exterior.

No Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, encontram-se

depositados alguns tipos. No Departamento de Zoologia da Universidade Federal do

Paraná existe uma coleção, sob a responsabilidade de Rosana Moreira da Rocha,

com material proveniente principalmente de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Nenhuma destas coleções se encontra atualmente informatizada.

Recentemente, foi elaborado um guia ilustrado para a identificação das

espécies do litoral paulista (Rodrigues et al., 1998b).

Uma lista das espécies reportadas para a costa do estado de São Paulo

encontra-se disponível em Rodrigues et. al. (1998a).

Em relação aos ambientes pouco estudados no estado de São Paulo, um

esforço de coleta deveria ser direcionado a fundos rochosos com profundidades

maiores que 10m, principalmente nas ilhas costeiras, e a fundos moles de todas as

profundidades.

CEPHALOCHORDATA

Existem 25 espécies registrada para o mundo e 2 para o Brasil.

Page 43: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

43

VI.3. QUANTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO

O esforço de catalogação resultou em 4397 espécies bentônicas

encontradas na costa brasileira, sendo 1954 gêneros e 627 famílias (figura 5).

Pelo grande número de dados catalogados, no entanto, este número pode ser

considerado conservador em relação ao número real de espécies que devem

existir no Bentos brasileiro. Alguns grupos estão claramente mais bem

estudados que os demais, p. Ex. Crustáceos Decápodos e Mollusca. No entanto,

em função da alta riqueza de espécies deste grupos, muito ainda resta a fazer. Na área marinha, as espécies utilizadas como alimento e ambientes rasos e litorâneos

são mais bem estudadas que as de maiores profundidades.

Figura 5 – Número de espécies catalogadas por grupo.

O número exato de espécies de organismos permanece ainda desconhecido em

nível mundial. Há notáveis diferenças entre os números que somam as espécies já

descritas e atualmente entendidas como válidas. Além disso, a ignorância da

diversidade existente parece aumentar conforme diminui o tamanho dos organismos. As coletas de material foram realizadas de maneira pontual, ou seja, ao acaso

no tempo e no espaço (Figura 6), mas é possível destacar a influências das instituições

no número de espécies obtido por região. Há muito mais coletas realizadas nas regiões

central e sul, do que nas demais do país.

Nº de Espécies Catalogadas por Grupo

0

200

400

600

800

1000

Mollus

ca, G

astro

poda

Anneli

da, P

olych

aeta

Crustac

ea, A

mphipo

da

Echino

derm

ata, O

phiur

oidea

Porifer

a, Dem

ospo

ngiae

Crustac

ea, C

opep

oda,

Harpac

ticoid

a

Crustac

ea, T

heco

strac

a

Mollus

ca, P

olypla

coph

ora

Crustac

ea, S

tomato

poda

Echino

derm

ata, H

olothu

roide

a

Crustac

ea, C

opep

oda,

Cyclop

oida

Crustac

ea, M

ysida

cea

ni/ne

Pantop

oda

Briozo

a

Echiur

a

Porifer

a, Calc

area

Mollus

ca, C

epha

lopod

a

Crustac

ea, M

ystac

ocari

da

Crustac

ea, S

ynca

rida

Crustac

ea, B

ranch

iopod

a

Crustac

ea, C

ladoc

era

Nemato

da

Cepha

locho

rdata

Crustac

ea, C

opep

oda,

Siphon

ostom

atoida

Crustac

ea,Tan

aidac

ea

Platyh

elmint

hos,

Turbell

aria

Tardigr

ada

Page 44: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

44

No entanto, tenho ressalvas, na qualidade de coordenador da especialidade,

quanto à aplicabilidade de extensas listagens de espécies ou mesmo de uma boa parte

dos dados primários, disponíveis ou efetivamente fornecidos,

Figura 6 – Número de espécies catalogadas por região geográfica.

VI.4. LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES CHAVE (RARAS, ENDÊMICAS, INTRODUZIDAS, ETC);

Os dados de endemismo são de difícil catalogação, no entanto, foi

possível listar as seguinte espécies citadas endêmicas do Brasil. Estes dados

devem ainda ser confrontados com os dados de registros para a costa brasileira.

Leucozonia ponderosa Vermeij & Snyder, 1998

Mithrodia victoriae Bell, 1822

Ophiosciasma attenuatum Lyman, 1878

Agaronia travassosi Morretes, 1938

Anachis fenneli Radwin, 1968

Artacama benedeni Kinberg, 1866

Asaphis deflorata (Linnaeus, 1758)

Bullata bullata (Born, 1778)

Bullata largillierti (Kiener, 1834)

24112299

1855

966

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

LE S NE N

Page 45: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

45

Chicoreus carolynae Vokes, 1990

Chicoreus tenuivaricosus (Dautzenberg, 1927)

Collisella marcusi (Righi, 1966)

Collisella noronhensis (E. A. Smith, 1890)

Conella ledaluciae (Rios & Tostes, 1981)

Conus archetypus brasiliensis Clench, 1942

Conus clerii Reeve, 1844

Cyphoma macumba Petuch, 1979

Dentimargo janeiroensis (E. A. Smith, 1915)

Fissurella emmanuelae Métivier, 1970

Fusinus brasiliensis (Grabau, 1904)

Glycymeris tellinaeformis (Reeve, 1843)

Lepton cema (Narchi, 1966)

Limaria albicoma (Dall, 1886)

Lysilla pacifica Hessle, 1917

Lyssila loveni Malmgren, 1865

Malea noronhensis Kempf & Matthews, 1969

Melanella ephamilla (Watson, 1883)

Miltha childrenae (Gray, 1825)

Octobranchus longipes Blankensteyn & Lana 1987

Odontocymbiola americana (Reeve, 1856)

Olivella defiorei Klappenbach, 1964

Orthoyoldia scapania (Dall, 1889)

Terebellides anguicomus F. Muller, 1858

Terebellides koreni Hansen, 1882

Terebellides stroemi Sars, 1835

Terebra riosi Bratcher & Cernohorsky, 1985

Trichobranchus lobiungens Hessle, 1917

Voluta ebraea Linnaeus, 1758

Fusinus strigatus (Philippi, 1851)

Chasmagnathus granulata Dana, 1851

Xestospongia grayi (Hechtel, 1983)

Astraea latispina (Philippi, 1844)

Page 46: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

46

Marginella fulminata (Kiener, 1841)

Turbinella laevigata Anton, 1839

Lophogorgia violacea (Pallas, 1766)

Morum matthewsi Emerson, 1967

Strombus gallus Linnaeus, 1758

Turbinella laevigata Anton, 1839

Strombus goliath Schroter, 1805

Voluta ebraea Linnaeus, 1758

VI.5. LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE PRESSÃO (INTERVENÇÃO) ANTRÓPICA NA COSTA BRASILEIRA;

No caso de organismos bentônicos inexistem listas de espécies

ameaçadas ou em declarado processo de extinção. Há, isto sim, ecossistemas

ameaçados ou já em franco processo de extinção. Algumas destas espécies,

como é o caso de Strombus goliath Schroter, 1805, vem sofrendo pressão de captura

constante em alguns estados da costa do Nordeste, merecem planos de estudo e

manejo urgente nas áreas de maior pressão.

Pressão antrópica

A degradação do meio ambiente costeiro e marinho ocorre em função de

poluição,a terro, dragagem, áreas portuárias, construção de estradas, etc.

De uso direto (extrativismo)

- coleta de moluscos,

- captura de crustáceos, principalmente de fêmeas, na época do defeso

Derivadas de uso indireto (ocupação social):

- Especulação imobiliária,

- Atividades portuárias,

- Adição de poluentes como óleos e metais pesados,

- Urbanização: geração de resíduos sólidos,

Page 47: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

47

- Construção de estradas,

- Mergulho submarino

- O turismo desordenado vem descaracterizando a faixa litorânea, com a implantação

de condomínios, grandes empreendimentos hoteleiros e praias particulares além do

acúmulo de resíduos sólidos.

- coleta intensiva e seletiva sobre populações de uma espécie, geralmente com fins

ornamentais, alimentares ou para coleções.

- construção de portos, derrames de óleo, despejo de produtos, os quais causam

perda da biodiversidade local ou inversão de dominância das espécies presentes

em comunidades locais (Belúcio, 1995).

Em praias mais freqüentadas por banhistas, como as do sudeste brasileiro coletas

"esportivas" predatórias do caranguejo-fantasma Callichirus spp. (Crustacea,

Decapoda) "corrupto" pode causar danos a populações locais de moluscos.

A introdução de espécies exóticas através de transporte em casco de navios ou na

água de lastro, pode acarretar o desaparecimento de espécies nativas, através da

ocupação de seus nichos e o crescimento desenfreado da espécie invasora (Gould,

1993). O reconhecimento deste fenômeno é difícil pela deficiência de inventário da

fauna nacional e de sua dinâmica de população.

A impactação de praias de baixa energia, habitat onde estes organismos são

encontrados, pode representar uma ameaça às espécies conhecidas e desconhecidas

de nossa costa.

VI.6. Coleções

Não existe ainda no Brasil um levantamento adequado das coleções

existentes de organismos mortos (museus e herbários) e vivos. Também não se

conhece quais são as coleções destinadas apenas a estudo e quais as de

referência, pois ambas devem ser tratadas de modo diferente. As maiores e

melhores coleções são, em nosso país, de propriedade dos governos federal,

estadual e mesmo municipal.

Os centros (museus e herbários) atuais, que têm especialistas dedicados

ao levantamento da diversidade biológica, encontram-se, como regra geral, mal

Page 48: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

48

equipados para a tarefa que vêm desempenhando. Neles, as áreas físicas

destinadas a alojar as coleções são precárias ou se encontram em precário

estado de conservação, a ponto de até colocar em risco a integridade de seus

acervos.

Um dos mecanismos mais tradicionais utilizados no mundo para a

conservação de biodiversidade é o estabelecimento de um sistema de unidades

de conservação, geralmente parques e reservas, acrescidos de áreas em outras

categorias de manejo, protegendo frações de ecossistemas naturais sem a

interferência do homem. Cerca de 130 países já criaram um total aproximado de

8.000 áreas protegidas, equivalentes a 3% da extensão territorial dos países

(WRI et al., 1992; McNeely, 1992; Noss, 1996a).

O Brasil possui hoje um sistema de unidades de conservação

relativamente extenso, com mais de 900 unidades de conservação (293

federais, 178 RPPNs e 451 estaduais), em várias categorias de manejo,

totalizando cerca de 70 milhões de hectares. Esse dado implica em que,

teoricamente, 8% do território nacional esteja hoje sob alguma forma de

proteção oficial (MMA, 1998). Considerando somente as unidades de

conservação de uso indireto, que em virtude das restrições de uso constituem-se

naquelas de maior relevância para a conservação da biodiversidade, menos de

3% da superfície do território brasileiro se encontra dedicado oficialmente a esse

objetivo (520 unidades, totalizando 22 milhões de hectares). Deve ser ressaltado

que essa fração reduzida não encontra-se distribuída segundo critérios de

representatividade ao longo das diferentes regiões biogeográficas, resultando

pois em grandes lacunas no sistema.

De modo geral o conhecimento do bentos dentro dessas unidades de

conservação é muito precário.

Estima-se que grande parte do país está fortemente modificada por efeito

antrópico, sendo que este processo é mais acentuado nos estados de SP, RJ,

PE e BA.

Page 49: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

49

VII. RECOMENDAÇÕES

EXPANSÃO DOS LEVANTAMENTOS DAS ESPÉCIES PARA OS DEMAIS ESTADOS DA COSTA

BRASILEIRA:

Ciliata, Platyhelminthes - Turbellaria, Gastrotricha, Rotifera, Kinorhyncha,

Priapula, Nematoda, Nemertinea, Sipuncula, Echiura, Pogonophora, Annelida-

Polychaeta, Annelida-Oligochaeta, Copepoda, Peracarida, Entoprocta,

Echinodermata, Subfilo Urochordata

INTENSIFICAÇÃO DO LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES NOS ESTADOS MENOS ESTUDADOS DA

COSTA BRASILEIRA:

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Mystacocarida, Phoronida, Briozoa, Brachiopoda,

Hemichordata

MELHORAR O LEVANTAMENTO DE RAMOS DO GRUPOS COM MENOR REPRESENTAÇÃO NAS

COLEÇÕES EXISTENTES:

Porifera, Platyhelminthes

MELHORAR A DIFUSÃO DE TÉCNICAS MODERNAS DE COLETA E/OU FIXAÇÃO PARA O GRUPO:

Mesozoa, Porifera, Cnidaria, Gastrotricha, Pogonophora (águas profundas)

MELHORAR O ENTENDIMENTO DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DO GRUPO:

Porifera, Nematoda, Mollusca, Cheliceriformes, Peracarida, Phoronida, Briozoa,

Brachiopoda, Hemichordata, Subfilo Urochordata

EXPLORAR AMBIENTES MENOS CONHECIDOS COMO ESTUÁRIOS E MANGUEZAIS:

Ciliata, Porifera, Cnidaria, Nematoda, Subfilo Urochordata

MELHOR O ENTENDIMENTO DOS PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DO GRUPO:

Page 50: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

50

Ciliata, Porifera, Cnidaria, Mollusca, Pogonophora, Thecostraca, Decapoda,

Briozoa, Echinodermata, Subfilo Urochordata

ESTÍMULO À REALIZAÇÃO DE PESQUISAS DE CUNHO QUANTITATIVO EM TODAS AS REGIÕES DA

COSTA BRASILEIRA:

Ciliata, Porifera, Nematoda, Phoronida, Briozoa

PROVER RECURSOS PARA MANUTENÇÃO DAS COLEÇÕES EXISTENTES:

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Thecostraca

MELHORAR A INFRA-ESTRUTURA DAS COLEÇÕES E VIABILIZAR A INFORMATIZAÇÃO DAS

MESMAS:

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Decapoda, Echinodermata,

Subfilo Urochordata

PROVER RECURSOS PARA CRIAÇÃO DE COLEÇÕES:

Ciliata, Mesozoa (pelo menos uma), Gnasthostomulida (pelo menos uma),

Platyhelminthes, Kinorhyncha, Priapula, Nematoda, Nemertinea, Sipuncula,

Echiura, Annelida-Oligochaeta, Tardigrada, Mystacocarida, Phoronida,

Entoprocta, Briozoa, Brachiopoda, Hemichordata

FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS NA ÁREA DE CURADORIA:

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Decapoda, Briozoa, Subfilo

Urochordata

FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS NO TÁXON:

Para a Meiofauna: A preocupação atual e relevante com o estudo e manutenção

da biodiversidade, associada à situação do conhecimento sobre taxonomia da

meiofauna, por si também preocupante, nos permite apenas colocar em

Page 51: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

51

evidência a real e urgente necessidade de formação de pesquisadores na área

de sistemática e solicitar à comunidade científica um maior empenho no sentido

de cobrar dos órgãos de fomento uma maior atuação através de políticas ou

programas de indução que permita um rápido desenvolvimento de nossos

conhecimentos na área de biodiversidade, em especial no meiobentos.

ESTIMULAR A FORMAÇÃO DE COLEÇÕES NAS DEMAIS ÁREAS GEOGRÁFICAS DO PAÍS E/OU O

INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES ENTRE INSTITUIÇÕES DE PESQUISA:

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Annelida-Polychaeta, Copepoda, Decapoda,

Echinodermata

FINANCIAMENTO DE PUBLICAÇÕES (DIAGNOSES, GUIAS, CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO) DOS

GRUPOS DO BENTOS:

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Nemertinea, Annelida-Polychaeta, Copepoda,

Decapoda, Echinodermata

INTERCÂMBIO DE CONHECIMENTOS INTERDISCIPLINARES, ENRIQUECENDO OS CONHECIMENTOS

DO FILO EM ÁREA COMO A FISIOLOGIA, QUÍMICA, GENÉTICA E FAMACOLOGIA, DE MODO A

POSSIBLITAR A UTILIZAÇÃO RACIONAL DA BIODIVERSIDADE EM BIOTECNOLOGIA ( APLICAÇÕES

INDUSTRIAIS, ALIMENTÍCIAS):

Porifera, Cnidaria, Mollusca, Decapoda

FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS NA ÁREA:

Ciliata, Mesozoa, Gnasthostomulida, , PRIAPULA, Nematoda, Nemertinea,

Sipuncula, Pogonophora, Annelida-Oligochaeta, Tardigrada, Cheliceriformes,

Mystacocarida, Phoronida

REALIZAR LEVANTAMENTOS MAIS CUIDADOSOS PARA DETECTAR A POSSÍVEL PRESENÇA DO

GRUPO NA COSTA BRASILEIRA:

Page 52: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

52

Placozoa, Ctenophora, Gnasthostomulida, Platyhelminthes - Cestoides,

Acanthocephala, Loricifera, Chaetognata, Subfilo Uniramia, Branchiura,

Tantulocarida

ESFORÇOS PARA MELHORAR O ENTENDIMENTO DA SISTEMÁTICA DO GRUPO, AINDA EM ESTÁGIO

INCIPIENTE:

Cnidaria, Ctenophora, Gastrotricha, Rotifera, Tardigrada

INTEGRAR OS CONHECIMENTOS SOBRE OS CICLOS DE VIDA (FASE BENTÔNICA X PLANTÔNICA):

Cnidaria, Pogonophora, Decapoda

PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

Cnidaria, Mollusca, Decapoda

IMPLEMENTAÇÃO DE POLITICAS PÚBLICAS:

Cnidaria, Mollusca, Decapoda

Sipuncula, Echiura - destruição do habitat

Estudados apenas ocasionalmente - Hirudinea

CRIAÇÃO DE PROJETOS PRIORITÁRIOS PARA PESQUISA, CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL

DOS ECOSSISTEMAS MARINHOS BRASILEIROS.

CRIAÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA INVENTÁRIO BIOLÓGICO EM REGIÕES ONDE O

CONHECIMENTO DA BIOTA É INSATISFATÓRIO.

ESTUDO DA FAUNA ACOMPANHANTE DAS ESPÉCIES PESCADAS DEVIDO AO ELO EXISTENTE NA

CADEIA ALIMENTAR.

ESTUDO ECOLÓGICO E BIOLÓGICO DE ESPÉCIES EXPLORADAS COM MAIOR FREQÜÊNCIA.

Page 53: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

53

ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO DAS UCS (UNIDADES DE CONSERVAÇÃO)

VIII. Indicativos

Muitas questões teriam e têm de ser equacionadas e resolvidas. Citando

algumas das mais importantes:

•desigualdade nos esforços aplicados para conservação dos principais biomas

brasileiros;

•acesso limitado à informação sobre diversidade biológica;

•participação limitada de comunidades locais e de ONGs, e do setor empresarial

nos projetos governamentais; e

•número limitado de parcerias entre setor público e privado visando à

sustentabilidade da diversidade biológica:

estudo do real status das espécies na costa brasileira:

IX. Bibliografia Consultada

LANA, P. Et al. 1996. O Bentos da costa brasileira. REVIZEE/MMA.

MIGOTTO, A.E. & TIAGO, C.G. (eds.). 1997. Biodiversidade do Estado de São Paulo: Síntese do Conhecimento do Século XX - 3: Invertebrados Marinhos. FAPESP, São Paulo, 310p.

RIOS, E. 1994. Seashells of Brazil. 2ª ed. Editora da FURG, Rio Grande, 344p.

pranchas 1-113

YOUNG, P.S. (ed.) 1998. Catalogue of Crustacea of Brazil. Série Livros 6.

Museu Nacional, Rio de Janeiro. 717p.

Page 54: DIAGNÓSTICO PARA AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS DA ...rodadas.anp.gov.br/arquivos/Round7/arquivos_r7/SISMICA_R7/refere/... · VI.1. Esforço de estudo ... brasileira (incluindo

54

X. Referências Bibliográficas COULL, B. C. 1988. 3. Ecology of the marine meiofauna. In: R. P. Higgins & H. Thiel

(eds), Introduction to the marine meiofauna. Smithsonian Inst. Press.

Washington, DC. p. 18-38.

GIERE, O. 1993. Meiobenthology: the microscopic fauna in aquatic sediments. Springer-Verlag, Berlin, 328 pp.

BEZERRA, T. N. C., FONSÊCA-GENOVOIS, V. & GENOVOIS, B. 1996. Distribuição

horizontal e vertical da meiofauna em uma região tropical intermareal (Istimo de

Olinda – Pernambuco- Brasil). Trab. Oceanog. UFPR, Recife, 24: 249-264.

Agradecimentos: Agradeço aos que participaram da compilação e digitalizaçãoo de informações:

Biólogos Lúcia de Fátima Almeida; César França Braga; Walber Teixeira Paula;

Marcelo Cunha Bahia; Marcelo Menezes Rodrigues e Márcia Francineli B.

Cunha (Laboratório de Biologia/UFPA - Programa REVIZEE); assim como os

estudantes Mauro Renan P. Costa, Leidiane Santos; Michel Moraes, Kléber

Sousa, Maria Bentes, Rousemar Foro; Susana Bittencourt e Michelle Benício.