diagnóstico ergonômico preliminar

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ÉRIC AUGUSTO ESQUIÇATI DIAGNÓSTICO ERGONÔMICO PRELIMINAR EM TRABALHADORES RURAIS ENVOLVIDOS NA COLHEITA DA CULTURA DA MANDIOCA

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Page 1: Diagnóstico ergonômico preliminar

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE

SEGURANÇA DO TRABALHO

ÉRIC AUGUSTO ESQUIÇATI

DIAGNÓSTICO ERGONÔMICO PRELIMINAR EM

TRABALHADORES RURAIS ENVOLVIDOS NA COLHEITA DA

CULTURA DA MANDIOCA

MARINGÁ

2009

Page 2: Diagnóstico ergonômico preliminar

i

ÉRIC AUGUSTO ESQUIÇATI

DIAGNÓSTICO ERGONÔMICO PRELIMINAR EM

TRABALHADORES RURAIS ENVOLVIDOS NA COLHEITA DA

CULTURA DA MANDIOCA

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Estadual de Maringá como requisito parcial para Obtenção do Grau de Especialista em Engenharia de Segurança do trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Wellington C. de Castilho

MARINGÁ

2009

Page 3: Diagnóstico ergonômico preliminar

ii

ÉRIC AUGUSTO ESQUIÇATI

DIAGNÓSTICO ERGONÔMICO PRELIMINAR EM

TRABALHADORES RURAIS ENVOLVIDOS NA COLHEITA DA

CULTURA DA MANDIOCA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho no programa de Pós-graduação (lato sensu) em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Estadual de Maringá.

Prof. MSc. Edson Ikeda, Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Dr. Wellington C. de Castilho (Orientador)

_______________________________________________

Prof. Dr. José Aparecido Canova - UEM

_______________________________________________

Prof. MSc. Alexandre Júnior Fenato - UEM

Page 4: Diagnóstico ergonômico preliminar

iii

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi diagnosticar fatores de riscos relacionados a acidentes ou

doenças ocupacionais em trabalhadores rurais envolvidos na colheita da cultura da mandioca.

Para isso, foram observadas propriedades rurais localizadas na região Noroeste do Paraná,

onde se puderam constatar basicamente dois sistemas de colheita: um por “balaios” e outro

por “big bags”. A pesquisa compreendeu o período de maio a setembro de 2008. O

diagnóstico ergonômico, por realizar-se em situações reais de trabalho, torna-se uma

importante ferramenta para detecção dos riscos da atividade, uma vez que o trabalho pode

causar danos ao organismo humano, quando desenvolvido em situações adversas. A

metodologia empregada na pesquisa foi de cunho exploratório, efetuando-se o levantamento

de informações a campo, abordando o problema quali-quantitativamente, por meio de

observação e aplicação de questionário. Comprovou-se que a movimentação e o transporte

manual de cargas aliadas às más posturas empregadas durante a colheita da mandioca são

causas diretas de acidentes e doenças ocupacionais, afetando principalmente a coluna

vertebral dos indivíduos estudados. A pesquisa realizada revela o perfil do trabalhador rural e

a estreita relação entre os acidentes e doenças ocupacionais e os fatores de riscos associados

com a atividade executada. Os resultados mostram a necessidade de programas de prevenção

contra acidentes e doenças ocupacionais no campo, onde cuidados principalmente com os

fatores de risco físico são de grande relevância.

Palavras-chave: Mandiocultura; Ergonomia; Diagnóstico ergonômico; Levantamento e

Transporte manual de cargas.

Page 5: Diagnóstico ergonômico preliminar

iv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2

1.2 JUSTIFICATIVA 2

1.3 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5

2.1 COLUNA VERTEBRAL 5

2.1.1 DEFORMAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL 5

2.1.2 NUTRIÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL 6

2.1.3 LESÕES DE DISCOS CARTILAGINOSOS INTERVERTEBRAIS 6

2.1.4 LOMBALGIA 7

2.2 FADIGA 7

2.2.1 FATORES FISIOLÓGICOS DA FADIGA 7

2.2.2 FATORES PSICOLÓGICOS DA FADIGA 8

2.3 PAUSAS NO TRABALHO 8

2.4 SITUAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL 9

2.5 LEGISLAÇÃO E ERGONOMIA 10

2.5.1 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 10

2.5.2 LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGA INDIVIDUAL DE

MATERIAIS. 11

2.5.3 TREINAMENTO 14

Page 6: Diagnóstico ergonômico preliminar

v

2.6 SAÚDE OCUPACIONAL DE TRABALHADORES AGRÍCOLAS 14

2.7 ERGONOMIA DE CONSCIENTIZAÇÃO 15

3 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS PARA COLETA DE

DADOS 17

3.1 OBSERVAÇÃO 17

3.2 ANÁLISE DOCUMENTAL 17

3.3 QUESTIONÁRIO 17

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 18

4.1 A COLHEITA DA MANDIOCA 18

4.1.1 COLHEITA MANUAL 19

4.1.2 COLHEITA SEMIMECANIZADA 19

4.2 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS 28

5 CONCLUSÃO 33

5.1 REGULARIZAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 33

5.2 LEVANTAMENTO E TRANSPORTE DE CARGA 34

5.3 TREINAMENTOS E ORIENTAÇÕES 34

APÊNDICE

38

Page 7: Diagnóstico ergonômico preliminar

vi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 4.1 - COLHEITA MANUAL DE MANDIOCA. 19

FIGURA 4.2 - ROÇADEIRA FRONTAL PARA PODA DAS RAMAS DE MANDIOCA. 20

FIGURA 4.3 – ROÇADEIRA FRONTAL EM FUNCIONAMENTO. 21

FIGURA 4.4 – LAVOURA DE MANDIOCA APÓS A PODA. 22

FIGURA 4.5 - TRATOR COM "AFOFADOR" E ROÇADEIRA FRONTAL. 22

FIGURA 4.6 - TRABALHADORES RETIRANDO AS RAÍZES DO SOLO COM O AUXÍLIO DE

"ENXADÃO". 23

FIGURA 4.7 - TRABALHADOR DECEPANDO RAÍZES DE MANDIOCA. 24

FIGURA 4.8 - CARREGAMENTO MANUAL PELO SISTEMA DE "BALAIOS". 25

FIGURA 4.9 - CARREGAMENTO PELO SISTEMA DE "BIG BAG". 26

FIGURA 4.10 - PREENCHIMENTO DOS "BIG BAGS" ATRAVÉS DE BALAIOS. 27

Figura 4.11 - Equipamento "roll on". 28

Page 8: Diagnóstico ergonômico preliminar

vii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1 - ÁREA COLHIDA E QUANTIDADE PRODUZIDA DE RAIZ DE MANDIOCA NO

BRASIL E PRINCIPAIS ESTADOS. SAFRAS 2005/06 A 2007/08. 1

TABELA 2.1 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR, EM REGIME DE

TRABALHO INTERMITENTE COM PERÍODOS DE DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. 9

TABELA 2.2 - VALORES DE "F" PARA A EQUAÇÃO NIOSH. 13

TABELA 2.3 - QUALIDADE DA PEGA (C) PARA A EQUAÇÃO NIOSH. 13

TABELA 4.1 - DISTRIBUIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL (EPI). 29

TABELA 4.2 - NÚMERO DE TRABALHADORES COM DORES OU DESCONFORTO MUSCULAR

NAS DIFERENTES PARTES DO CORPO. 30

TABELA 4.3 - NÚMERO DE TRABALHADORES QUE SENTEM DORES DECORRENTES DO

TRABALHO E QUE JÁ FALTARAM ALGUMA VEZ NO PERÍODO DE 1 ANO. 31

Page 9: Diagnóstico ergonômico preliminar

viii

1 INTRODUÇÃO

O Estado do Paraná possui cerca de 180 mil hectares ocupados pela mandiocultura (IBGE,

2008), colocando-o atrás apenas de Bahia, Pará e Maranhão (Tabela 1.1). Os municípios que

compreendem a região Noroeste do Paraná respondem por mais de 35% desse total. Estima-se

que para cada hectare cultivado na cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz),

necessita-se de 0,2 homem/ano. Dessa forma, apenas nessa região há aproximadamente 12,6

mil trabalhadores rurais envolvidos nas diferentes etapas de manejo da cultura.

Tabela 1.1 - Área colhida e quantidade produzida de raiz de mandioca no Brasil e principais

estados. Safras 2005/06 a 2007/08.

Fonte: IBGE (2008).

Na região de Paranavaí a mandiocultura é voltada para a industrialização. Entidades de

representação regional estimam em torno de 70 unidades industriais processadoras, sendo que

algumas operam de forma sazonal. Enquanto a farinha é vendida diretamente para consumo

humano, a fécula, juntamente com os seus produtos derivados (amido nativo, amido

modificado e polvilho), tem competitividade crescente no mercado de amiláceos para a

alimentação humana (massas, biscoitos, sorvetes, pães, sopas, iogurtes, pudins, balas, geléias,

embutidos, polvilho para pão de queijo etc.); ou, ainda, como insumos em diversos ramos

industriais, tais como o de papel e celulose, embalagens, colas, mineração, têxtil,

farmacêutico, petroquímico e cosmético.

Page 10: Diagnóstico ergonômico preliminar

ix

Apesar dos avanços da tecnologia e a mecanização das tarefas, esta cultura ainda é

extremamente dependente de mão-de-obra. O processo de colheita é a etapa mais desgastante

e de maior risco ocupacional. As más posturas adotadas durante essa atividade aliada à carga

física demandada em virtude dos esforços desprendidos pelos trabalhadores agrícolas podem,

potencialmente, alterar o desempenho funcional destes, assim como, provocar distúrbios

posturais e o aparecimento, a curto e/ou a longo prazo, de patologias recorrentes

(MONTEIRO & ADISSI, 2000).

1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A aplicação da ergonomia na agricultura é relativamente recente quando comparada com

outros setores da economia. Frente a esta realidade tomou-se a decisão de realizar o presente

trabalho abrangendo o diagnóstico ergonômico preliminar de trabalhadores rurais envolvidos

na colheita da cultura da mandioca. E assim, baseando-se nesse diagnóstico, procurar:

Diagnosticar fatores de riscos que podem provocar acidentes e doenças

ocupacionais no trabalho agrícola da população em estudo;

Propor medidas que ajudem a eliminar ou minimizar os problemas detectados;

Identificar regiões corporais com queixas de sintomas de desconforto músculo-

esquelético decorrentes do trabalho.

No entanto, será dada especial atenção ao risco físico responsável pela maior parte dos

afastamentos e doenças ocupacionais registrados na atividade, no caso, o levantamento de

peso excessivo, que é inerente à colheita da mandioca.

1.2 JUSTIFICATIVA

No âmbito nacional, não existe uma consciência dos sérios problemas que acarretam para a

saúde dos trabalhadores agrícolas o manuseio de cargas acima dos níveis máximos que o ser

humano pode suportar.

Segundo a pesquisa "Dor no Brasil", realizada em parceria entre a empresa farmacêutica

Pfizer e o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), a dor na coluna é

descrita pela população como a mais forte, a que mais incomoda e a mais grave para a saúde.

Além disso, um estudo realizado recentemente por pesquisadores australianos mostrou que a

recuperação das lombalgias é muito mais longa do que o previsto pelas atuais orientações

médicas.

Page 11: Diagnóstico ergonômico preliminar

x

Na agricultura, 64% dos trabalhadores têm que trabalhar em posições dolorosas ou

enfadonhas e 48% dos trabalhadores agrícolas reclamam de dor lombar (MOHR, 1998).

Embora a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em seu art. 198 fixe o peso máximo de

60 kg para o levantamento manual de carga, sabe-se que as atividades envolvendo o manuseio

freqüente de cargas acima de 50 kg, bem como o manuseio de pesos em determinadas

posições, particularmente, levantando-os do chão, aumentam, substancialmente, a incidência

de lombalgias e outras doenças envolvendo a coluna vertebral.

Na agricultura, perigos físicos são os riscos principais. Manipulação manual de cargas,

movimentos bruscos e irregulares, e posturas inadequadas ou pouco ergonômicas são

responsáveis pelo aparecimento de lesões denominadas de trauma cumulativo (MELLO &

RIBEIRO, 1992). Segundo Dul & Weerdmeester (2004), o levantamento de pesos é uma das

maiores causas das dores nas costas.

Várias medidas de controle têm sido propostas em diversos países no sentido de impedir a

evolução do quadro clínico entre os trabalhadores que já manifestam sintomas e prevenir o

aparecimento de sintomas entre aqueles que não tiveram nenhum episódio. Elas devem ser

propostas a partir de criteriosa identificação dos fatores de risco na situação do trabalho.

Algumas das medidas de controle são:

introdução de pausas de descanso ou de mudanças de atividades;

adequação de máquinas, equipamentos e ferramentas manuais;

adequação das condições biomecânicas;

adequação de posturas e movimentos às capacidades fisiológicas;

planejamento da freqüência de movimentos de trabalho;

rodízio de trabalhadores em diferentes tarefas;

realização de ginástica laboral para favorecer a melhora da condição física e

psicológica do trabalhador.

1.3 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS

Para a realização desta pesquisa e do cumprimento dos objetivos propostos, foi necessária a

utilização de determinadas técnicas de pesquisa. As situações foram observadas, comparadas

Page 12: Diagnóstico ergonômico preliminar

xi

com o que é padronizado para a segurança e minimização de riscos, para que posteriormente,

pudessem ser estabelecidas intervenções.

As técnicas utilizadas neste trabalho foram:

• Observação;

• Análise documental;

• Questionário.

Page 13: Diagnóstico ergonômico preliminar

xii

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é uma estrutura óssea constituída de 33 vértebras. Classificam-se em cinco

grupos: sete vértebras cervicais; doze torácicas ou dorsais; cinco lombares; cinco estão

fundidas e formam o sacro e as quatro da extremidade inferior são pouco desenvolvidas e

constituem o cóccix. Estas nove últimas são fixas e também são denominadas como

sacrococcigeanas. Portanto, apenas 24 das 33 vértebras são flexíveis e, destas, as que possuem

maior mobilidade são as cervicais (pescoço) e as lombares (abdominais).

Rigidez e mobilidade são as funções da coluna. A primeira garante a sustentação do corpo,

permitindo a postura ereta. A mobilidade permite rotação para os lados e movimentos para

frente e para trás.

Entre uma vértebra e outra existe um disco cartilaginoso, composto de uma massa gelatinosa.

As vértebras também se conectam por ligamentos. Os movimentos da coluna vertebral

tornam-se possíveis pela compressão e deformação dos discos e pelo deslizamento dos

ligamentos.

A superposição das vértebras forma um canal por onde passa a medula espinhal, que se liga

ao encéfalo. Pela medula circulam as informações sensitivas, que transitam pelas

extremidades para o cérebro e retornam, trazendo as ordens para os movimentos motores. A

ruptura da medula interrompe esse fluxo, causando paralisia.

2.1.1 Deformações da coluna vertebral

A coluna é uma das estruturas mais fracas do organismo. Ela apresenta maior resistência para

forças na direção axial, sendo mais vulnerável para forças de cisalhamento (perpendiculares

ao eixo).

Sendo uma peça muito delicada, está sujeita a diversas deformações. Estas podem ser

congênitas ou adquiridas durante a vida, por diversas causas, como esforço físico, má postura

no trabalho, deficiência da musculatura de sustentação, infecções e outras. Quase sempre

esses casos estão associados a processos dolorosos. As principais anormalidades da coluna

são a lordose, a cifose e a escoliose. As pessoas portadoras dessas anormalidades não estão

Page 14: Diagnóstico ergonômico preliminar

xiii

impedidas de trabalhar, mas dependendo do grau em que elas ocorrem, devem evitar esforços

físicos exagerados.

A prevenção é a melhor opção para que essas deformações não apareçam. Isso é feito com

exercícios para fortalecer a musculatura dorsal, e evitando-se cargas pesadas ou posturas

inadequadas, principalmente se estas forem prolongadas, sem permitir mudanças freqüentes.

Ao levantar cargas pesadas devem ser utilizadas as pernas e não as costas como apoio e

sustentação do movimento. Os ombros devem ser posicionados para trás, com a coluna ereta e

joelhos flexionados. Manter a carga o mais perto possível do peito e aí endurecer as pernas

para levantar a carga, mantendo as costas retas.

2.1.2 Nutrição da coluna vertebral

Os discos cartilaginosos da coluna não possuem vasos sanguíneos. Dessa forma, recebem

nutrientes dos tecidos vizinhos através de difusão. Portanto, os movimentos de compressão e

descompressão alternados dos discos funcionam como uma bomba hidráulica que os irrigam.

Uma contração prolongada dos discos, que ocorre, por exemplo, em cargas estáticas, é muito

prejudicial, porque interrompe esse processo nutricional e pode provocar a sua degeneração.

2.1.3 Lesões de discos cartilaginosos intervertebrais

As doenças degenerativas atingem em primeira instância as bordas dos discos, que se compõe

de resistentes massas fibrosas. Elas levam a alterações dos tecidos, traduzidas por perdas de

água, de modo que o anel fibroso torna-se frágil e quebradiço. Essas alterações do anel fibroso

são eventualmente acompanhadas de um achatamento dos discos intervertebrais. Com isto, é

perturbada a mecânica da coluna vertebral e assim nasce o risco de pequenos deslocamentos

das vértebras. Sob estas condições, bastam pequenos acontecimentos, como o levantar de uma

carga, o escorregar dos pés ou outros incidentes súbitos semelhantes para desencadear fortes

dores nas costas, chamadas de lombalgia.

O ideal é que se mantenha a coluna o mais reta possível durante o levantamento de uma carga.

Quando o curvar das costas causa a curvatura da coluna lombar, a sobrecarga nos discos é

grande e assimétrica. A pressão na borda da frente é muita mais alta que na borda de trás do

disco. Isso ocasiona desgaste do disco intervertebral e especialmente prejudicial para o anel

fibroso.

Page 15: Diagnóstico ergonômico preliminar

xiv

2.1.4 Lombalgia

É uma dor na região lombar provocada pela fadiga da musculatura das costas. Os casos mais

graves de lombalgia provocam fortes dores e podem incapacitar a pessoa para o trabalho, por

períodos de 3 a 10 dias. Dependendo da gravidade, esse período pode estender-se para 15 a 30

dias ou até meses.

Geralmente são causadas pela distensão dos músculos e ligamentos das vértebras ou

movimentos bruscos de torção. A situação tende a agravar-se nas pessoas que tem a

musculatura dorsal pouco desenvolvida e aquelas que ultrapassaram os 40 anos, quando os

discos tendem a degenerar-se, é justamente essa uma espécie de “idade limite” para o trabalho

na colheita da mandioca. Certamente, orientações no intuito de conscientizar os trabalhadores

da importância da prática de exercícios preventivos, adotar posturas corretas no levantamento

de cargas e evitar movimentos bruscos de torção contribuiriam para um maior tempo de

serviço nessa atividade.

2.2 FADIGA

Fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução reversível da

capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho. A fadiga é causada por

um conjunto complexo de fatores, cujos efeitos são cumulativos. Em primeiro lugar estão os

fatores fisiológicos, relacionados com a intensidade e duração do trabalho físico e mental.

Depois, há uma série de fatores psicológicos, como a monotonia, a falta de motivação e, por

fim, os fatores ambientais e sociais, como a iluminação, ruídos, temperaturas e o

relacionamento social com a chefia e colegas de trabalho.

Embora os mecanismos causadores da fadiga não sejam totalmente conhecidos, há uma

razoável descrição das conseqüências da mesma. Uma pessoa fatigada tende a aceitar menores

padrões de precisão e segurança. Ela começa a fazer uma simplificação de sua tarefa,

eliminando tudo o que não for essencial. A força, velocidade e precisão dos movimentos

tendem a diminuir. Os movimentos tornam-se descoordenados e, assim, os erros tendem a

aumentar (BARNES, 1977).

2.2.1 Fatores fisiológicos da fadiga

A fadiga fisiológica resulta do acúmulo de ácido lático, subproduto do metabolismo, nos

músculos devido à atividade muscular demasiadamente intensa. A fadiga também pode ser

Page 16: Diagnóstico ergonômico preliminar

xv

causada pelo esgotamento das reservas de energia, que se manifesta pelo baixo teor de açúcar

no sangue. Esse quadro de estafa é reversível, desde que não ultrapasse certos limites, e o

corpo se recupera com pausas concedidas durante o trabalho, ou com o repouso diário.

Entretanto, existe outro tipo de fadiga, chamada de crônica, que não é aliviada por pausas ou

sonos e tem efeito cumulativo. É caracterizada por fastio, aborrecimento, falta de iniciativa e

ansiedade. Com o tempo pode causar úlceras, doenças mentais e cardíacas. Nessa situação o

repouso já não é suficiente para recuperação, devendo-se recorrer ao tratamento médico.

2.2.2 Fatores psicológicos da fadiga

Os sintomas da fadiga psicológica são mais dispersos e não se manifestam de forma

localizada, mas de forma mais ampla, como sentimento de cansaço geral, aumento da

irritabilidade, desinteresse e maior sensibilidade a certos estímulos como fome, calor, frio ou

má postura.

Esse tipo de fadiga está relacionado de forma complexa a uma série de fatores como a

monotonia, motivação, estado geral da saúde, relacionamento social e assim por diante.

2.3 PAUSAS NO TRABALHO

Pausas devem ser proporcionadas sempre que o trabalho demandar atividade física pesada, ou

quando for realizado em ambientes desfavoráveis como altas temperaturas e excesso de

exposição à luz solar. Pausas de curta duração, embutidas no próprio ciclo de trabalho são

mais efetivas do que as longas, feitas após o término da atividade. Nesse caso, pode ocorrer

um efeito cumulativo da fadiga e, a recuperação, tornar-se mais difícil.

Em trabalhos árduos ou em ambientes hostis, há necessidade de aumentar essas pausas. Há

casos em que a duração das pausas deve ser maior que a duração do próprio trabalho.

Também é importante a variação de atividades durante o ciclo de trabalho, pois serve para

prevenir ou retardar a fadiga.

A NR-15, em seu anexo nº 3, determina os limites de tolerância para exposição ao calor, que

deve ser avaliada através do “Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo” (IBUTG).

Para ambientes externos com carga solar, o índice é definido pela seguinte equação:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (Eq. 2.1)

onde:

Page 17: Diagnóstico ergonômico preliminar

xvi

“tbn” é a temperatura de bulbo úmido natural,

“tg” é a temperatura de globo,

“tbs” é a temperatura de bulbo seco.

As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região

do corpo mais atingida.

Em função do índice obtido e do tipo de atividade, que no caso da colheita da mandioca é tida

como pesada, é definido o regime de pausas no trabalho, conforme a Tabela 2.1.

Tabela 2.2 - Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente

com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

Fonte: SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO, NR – 15 (2007)

2.4 SITUAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL

Mesmo com modernas técnicas e formas de cultivo associadas aos novos equipamentos e

máquinas, a agricultura ainda é vista pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como

um dos três setores mais perigosos no mundo em matéria de segurança e saúde no trabalho,

junto com os setores da Mineração e Construção Civil (OIT, 2001).

Em relação às estatísticas brasileiras referentes à atividade agropecuária, existe muita

dificuldade em se ter dados fidedignos. Estima-se que, no país, há perto de 18 milhões de

trabalhadores na agricultura (agroindústria e agropecuária), mas apenas um milhão tem

registro de trabalho legal. Segundo o Anuário da Previdência Social, em 2007, o setor agrícola

participou com 5,1% do total de acidentes de trabalho registrados. Esse valor refere-se aos

benefícios concedidos, isto é, quando o acidente ou a doença gerou uma Comunicação de

Acidente de Trabalho (CAT).

Page 18: Diagnóstico ergonômico preliminar

xvii

Quanto às doenças do trabalho, as partes do corpo mais incidentes foram o ombro, o dorso

(inclusive músculos dorsais, coluna e medula espinhal) e o ouvido (externo, médio, interno,

audição e equilíbrio), com 16,7%, 12,3% e 11,5%, respectivamente.

No caso específico da cultura da mandioca, a colheita é limitada a um determinado período do

ano. O trabalho temporário em agricultura é caracterizado por formas casuais de trabalho,

condição de funcionamento precária, e pequena ou nenhuma proteção social. O pagamento é

efetuado por produtividade, não importando a quantidade de horas trabalhadas no dia.

Os chamados “bóias-frias” só se preocupam com o retorno financeiro, já que o pagamento é

baseado na quantidade de raízes colhidas, e não no seu bem-estar. Isso favorece o

aparecimento de doenças ocupacionais. Se o próprio trabalhador não se importa, o

empregador, conseqüentemente, não se preocupa em cumprir as recomendações contidas nas

Normas Regulamentadoras. A situação é ainda piorada pelo fato de as pessoas trabalharem

por conta própria, sem carteira assinada e raramente registrarem a ocorrência de acidentes. Se

todos estes acidentes fossem notificados, provavelmente haveria uma maior pressão das

autoridades em relação ao cumprimento da legislação por parte dos empregadores rurais.

2.5 LEGISLAÇÃO E ERGONOMIA

A décima sétima Norma Regulamentadora do trabalho trata da Ergonomia e visa estabelecer

parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às condições

psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,

segurança e desempenho eficiente. A ergonomia pode ser interpretada como o estudo da

engenharia humana voltada para planejamento do trabalho, de forma a conciliar a habilidade e

os limites individuais dos trabalhadores que o executam.

2.5.1 Análise ergonômica do trabalho

A NR-17, no subitem 17.1.2, deixa claro a responsabilidade do empregador em zelar pela

saúde de seus contratados, devendo o mesmo providenciar a realização da análise ergonômica

do trabalho:

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características

psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do

trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme

estabelecido nesta NR.

Page 19: Diagnóstico ergonômico preliminar

xviii

A análise do trabalho é um método elaborado para estudar o funcionamento real das situações

de trabalho. As condutas realizadas no trabalho constituem seu objeto principal, permitindo

identificar os processos que regem a relação entre elas e o sistema de constrangimento nos

quais elas se desenvolvem. Este método contribui para identificar, de um lado, a diferença

entre o "dever-fazer" (a tarefa prescrita) e o "fazer" (a atividade real) e, de outro lado, como o

indivíduo faz reajustamentos, chamados de regulação (de TERSSAC,1990).

É imprescindível a observação sistemática da atividade, bem como dos meios disponíveis para

realizar a tarefa. Entrevistas orais ou escritas, gravadas ou não, filmagens e principalmente a

profunda análise “in loco” dos procedimentos durante o trabalho, são excelentes ferramentas

para obtenção de informações.

Outro ponto crucial é a análise da população de trabalhadores. Para isso deve-se adquirir as

seguintes informações: faixa etária, demais atividades desempenhadas, tempo de serviço,

tipos de contrato, experiência, características antropométricas, pré-requisitos para

desempenho da atividade, nível de escolaridade e capacitação, estado de saúde, morbidade,

mortalidade, absenteísmo etc.

2.5.2 Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.

Em 1990, uma proposta encaminhada à Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho (SSST)

incluía um quadro estabelecendo a carga máxima para levantamento levando-se em conta a

idade (trabalhador adulto jovem e adolescente aprendiz), o sexo e a freqüência do trabalho

(raramente ou freqüentemente). Como os valores desse quadro contrariavam o disposto no

Capítulo V da CLT, ele foi eliminado já que uma Norma Regulamentadora não pode

contrariar a lei maior.

Na prática essa dificuldade pode ser contornada por meio do subitem 17.2.2 da NR-17. Se

forem constatados acometimentos à saúde e à segurança (por exemplo, lombalgias) em

determinado local onde há levantamento de cargas, mesmo quando respeitados os limites

preconizados pela CLT, os agentes fiscalizadores poderão exigir modificações.

Para evitar esse risco, é questão apenas de compilar os dados referentes à morbidade dos

trabalhadores que comprovem o acometimento a sua saúde, no caso, lombalgias, hérnias de

disco, qualquer comprometimento da coluna vertebral causado por excessivo esforço.

O fato de a legislação ainda permitir transporte e levantamento de carga com limites muito

elevados, não quer dizer que se deve ater aos mesmos. Quanto mais leve for a carga, menor é

Page 20: Diagnóstico ergonômico preliminar

xix

a possibilidade de o trabalhador comprometer sua saúde e, portanto, de não faltar ao trabalho.

As lombalgias constituem um grave problema para a seguridade social e onera bastante toda a

população.

2.5.2.1 Equação NIOSH

O National Institut on Occupational and Safety Health (NIOSH), órgão do governo

americano, desenvolveu uma equação que permite calcular qual seria o limite de peso

recomendável, com o objetivo de prevenir ou reduzir a ocorrência de dores causadas pelo

levantamento de cargas.

A equação estabelece um valor de referência de 23 kg que corresponde à capacidade de

levantamento no plano sagital, de uma altura de 75 cm do solo, para um deslocamento vertical

de 25 cm, segurando-se a carga a 25 cm do corpo. Essa seria a carga aceitável para 99% dos

homens e 75% das mulheres, sem provocar nenhum dano físico, em trabalhos repetitivos.

Esse valor de referência é multiplicado por seis fatores de redução (valores iguais ou

inferiores a 1,0), que dependem das condições de trabalho.

A equação de NIOSH é expressa pela equação 2.2:

PRL = 23 x (25/H) x (1 – 0,003/[v – 75]) x (0,82 + 4,5/D) x (1 – 0,0032 x A) x F x C (Eq. 2.2)

onde:

“PRL” é o peso limite recomendável, em kg;

“H” é a distância horizontal entre o indivíduo e a carga, em cm;

“v” é a distância vertical na origem da carga, em cm;

“D” é o deslocamento vertical, entre a origem e o destino, em cm;

“A” é o ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital, em graus;

“F” é a freqüência média de levantamentos, em levantamentos/minuto (Tabela 2.2);

“C” é a qualidade da pega (Tabela 2.3).

Page 21: Diagnóstico ergonômico preliminar

xx

Tabela 2.3 - Valores de "F" para a equação NIOSH.

Fonte: NIOSH (1991)

Tabela 2.4 - Qualidade da pega (C) para a equação NIOSH.

Fonte: NIOSH (1991)

Na colheita da mandioca pelo sistema de “balaios”, uma pessoa levanta esse recipiente cheio à

altura da superfície do solo (v = 0,0) e a 30 cm do corpo (H = 30), deslocando-o até 300 cm

Page 22: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxi

(vide subitem 4.1.2.3) de altura (D = 300), rotacionando o corpo em 45° (A = 45). Esse

movimento é repetido uma vez a cada quatro minutos, durante 8 h/dia (F = 0,85). A qualidade

da pega é ruim (C = 0,90).

Nessas condições, aplicando a equação de NIOSH, um trabalhador pode levantar 10,476 kg

sem sofrer danos músculo-esqueléticos.

Além de possíveis lesões músculo-esqueléticas, o trabalho manual pesado contínuo aumenta a

freqüência respiratória a as batidas do coração. Se o trabalhador não estiver em boa forma

física, ele se cansará rapidamente. Submeter o trabalhador à sua capacidade máxima de

resistência física é muito prejudicial ao trabalhador.

2.5.3 Treinamento

A NR-17, no subitem 17.2.3, também faz menção sobre a necessidade do trabalhador que

manuseia cargas pesadas receber treinamento para desempenho dessa tarefa.

17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as

leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho

que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes.

Apesar de extremamente simples, as medidas indicadas para o correto levantamento e

transporte manual de cargas não são praticadas, por desconhecimento dos “bóias-frias”.

Treinamentos voltados para a conscientização e orientação culminariam numa significante

redução de acidentes e afastamentos motivados por lesões resultantes do transporte

inadequado de peso.

2.6 SAÚDE OCUPACIONAL DE TRABALHADORES AGRÍCOLAS

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde

(OMS), definiram:

“A saúde ocupacional tem como objetivos: a promoção e manutenção, no mais alto grau, do

bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações; a prevenção,

entre os trabalhadores, de doenças ocupacionais causadas por suas condições de trabalho; a

proteção dos trabalhadores em seus empregos, dos riscos resultantes de fatores adversos à

saúde; a colocação e conservação (manutenção) dos trabalhadores nos ambientes

ocupacionais adaptadas às aptidões fisiológicas e psicológicas; em resumo: a adaptação do

trabalho ao homem e de cada homem ao seu próprio trabalho.”

Page 23: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxii

Segundo Vieira (1994), é importante um programa de saúde ocupacional com os seguintes

objetivos:

a) Proteção da saúde e bem-estar do trabalhador contra os riscos e condicionamento do

ambiente de trabalho;

b) A colocação do trabalhador numa atividade, de acordo com a sua capacidade física e

emocional, de modo a poder realizá-lo sem perigo para ele e seus colegas e sem dano à

propriedade;

c) O provimento de atendimento médico de emergência para os acidentes de trabalho e

doenças profissionais/ocupacionais e não ocupacionais, bem como reabilitação profissional;

d) A manutenção da saúde do trabalhador, através de atividades promocionais, procedimentos

específicos de medicina preventiva e freqüente revisão do estado de saúde;

e) O controle dos riscos potenciais à saúde inerentes à operação de trabalho.

Por estes objetivos, o programa de saúde ocupacional deveria ser uma realidade no meio rural.

No entanto, não é o que se observa na prática. Fatores já mencionados anteriormente, como

inexistência de contrato trabalhista; fiscalização ineficiente e ausência de programas

municipais voltados à saúde dos trabalhadores rurais contribuem para essa situação.

2.7 ERGONOMIA DE CONSCIENTIZAÇÃO

A ergonomia busca a perfeita adequação do trabalho, e o ambiente de trabalho ao trabalhador,

e por meio de técnicas busca a plena interação homem-máquina, devendo ser levados em

conta todos os seus múltiplos aspectos, desde o recrutamento e seleção até a formação dos

trabalhadores, respeitando-se sempre, as características psicofisiológicas destes

(GONÇALVES, 2000).

Assim, é lógico pensar que os princípios ergonômicos são amplamente utilizáveis e

necessários para a prevenção. O que se considera aqui, não é apenas a implantação de uma

ergonomia de concepção do posto de trabalho ou de uma ergonomia de correção, mas acima

de tudo, de uma ergonomia de conscientização, onde o trabalhador aprenda a portar-se de

forma segura diante da situação de trabalho, sabendo quais delas colocarão em risco sua saúde

e segurança, bem como os procedimentos a serem realizados para eliminar ou minimizar esses

riscos.

Page 24: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxiii

Dessa forma, concebe-se a ergonomia como uma concepção de vida, através da qual se

buscam maneiras de melhor realizar atividades sem sobrecarregar demasiadamente o sistema

humano, pois de acordo com Kroemer (1995), o corpo usado dentro da razão é uma barreira

forte contra o surgimento de lesões músculo-esqueléticas.

Entretanto, diante do atual contexto econômico e social, no qual estão inseridas as

organizações empregadoras no mundo, a utilização da ergonomia é considerada como “um

luxo para poucos privilegiados”, no entanto os trabalhadores agrícolas estão de fora deste

contexto.

2.8 PROGRAMA DE ERGONOMIA

Conforme NIOSH (2003), quando se necessita de um programa de ergonomia:

• Quando alguns trabalhos causam tensão, fadiga localizada, incomodidade ou dor que não

desaparecem depois de descansar a noite toda;

• Quando os registros de lesões indicam dor nas mãos, os braços ou ombros, dor de costas ou

síndrome de conduto carpial;

• Quando os trabalhadores fazem freqüentemente referência a moléstias e dores físicas

relacionadas com certos tipos de tarefas;

• Quando inclui no trabalho atividades forçadas e repetitivas, levantamento freqüente de

carga, levantamento de carga acima da cabeça, posições de trabalho incômodas ou o uso de

equipamento que produz vibrações;

• Quando se encontram casos de transtornos musculoesqueléticos relacionados com o trabalho

entre as empresas competidoras ou similares;

• Quando indicam as publicações comerciais ou a informação sobre seguro dos empregadores

um risco de transtornos musculoesqueléticos relacionados com o trabalho.

Page 25: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxiv

3 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS PARA COLETA DE DADOS

3.1 OBSERVAÇÃO

As observações permitem ao analista traçar uma primeira idéia (superficial, mas necessária)

do trabalho, de levantar as principais operações a serem efetuadas pelo trabalhador: sua

freqüência, sua duração e como elas são realizadas. No presente estudo, foi realizada a

observação direta estruturada, não participante, individual, efetuada em campo de pesquisa,

acompanhada de máquina fotográfica e filmadora para registro do ambiente e situações de

riscos.

3.2 ANÁLISE DOCUMENTAL

No caso específico desta pesquisa, foram estudados documentos sobre o registro e análise de

acidentes de trabalho. Da mesma forma, procurou-se sobre documentação relacionada com o

controle de riscos, além de dados estatísticos do Instituto Nacional da Seguridade Social

(INSS) e do Ministério do Trabalho.

3.3 QUESTIONÁRIO

Os questionários e entrevistas possuem técnicas próprias de elaboração e aplicação, que

precisam ser obedecidas, como garantias para a sua validade e fidedignidade. O questionário

deve ser objetivo e preciso nas instruções que dá. É feito com uma série de perguntas

ordenadas, que devem ser respondidas por escrito pelo informante (SELLTIZ et al., 1987).

A coleta das informações foi realizada com a precaução de observar a data e o horário que

melhor convinham aos sujeitos participantes. Ao estabelecer contato com os sujeitos da

pesquisa foram expostos os objetivos da mesma e a obtenção do consentimento dos

participantes do estudo. O questionário (vide APÊNDICE A) foi aplicado junto a uma

amostra de dez agricultores. As questões abordaram assuntos referentes a escolaridade, idade,

sexo, horário de trabalho, educação em saúde, trabalho, saúde, fatores de risco, postura,

ferramentas, doenças, acidente e uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI),

totalizando 20 questões.

Page 26: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxv

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 A COLHEITA DA MANDIOCA

A mandioca é de origem tropical, provavelmente das regiões Nordeste e Central do Brasil.

Foram os colonizadores catarinenses que a introduziram na região Noroeste do Paraná, há

cerca de meio século. Destaca-se por ser uma cultura bastante rústica e de trato simples.

Enquanto que a maioria das culturas exploradas no Paraná já estão em processo de

mecanização avançado, a mandiocultura ainda emprega grande quantidade de mão-de-obra,

principalmente na capina (3 a 4 meses após o plantio) e na colheita.

As operações que envolvem a colheita correspondem à aproximadamente 43% dos custos

variáveis da cultura (TAKAHASHI e GONÇALO, 2001). Destes, 50% são provenientes dos

gastos com mão-de-obra. O pagamento utiliza como critério a quantidade de raízes colhidas,

ou seja, por produtividade. Em média, utilizam-se cerca de 11 dias/homem/ha (1) na colheita

feita pelo sistema de “balaios” e de 7 dias/homem/ha no sistema de “big bags”. Cada sistema

será abordado em mais detalhes posteriormente.

Além da quantidade de homens exigida em cada sistema, outro fator que influencia

diretamente o custo da colheita é a coincidência com a época de colheita da cana-de-açúcar na

região Noroeste do Paraná. Dessa forma, há escassez de mão-de-obra, o que culmina em

preços mais altos exigidos para a execução da tarefa.

Lembrando que os trabalhadores são pagos de acordo com a quantidade colhida, valores mais

altos também são cobrados no caso de áreas que apresentam altas infestações por plantas

invasoras. Estas dificultam o arranquio das raízes, reduzindo a eficiência da colheita. Também

provocam redução da produtividade da cultura, o que demanda uma maior área colhida para

se fechar a carga do frete.

Nas atividades realizadas no campo os trabalhadores estão expostos aos mais variados riscos

como: ataque por animais peçonhentos (cobras, aranhas e escorpiões); insetos (lagartas e

himenópteros); intensa exposição à radiação não ionizante, ao frio e a intempéries (não

existem abrigos para proteção dos trabalhadores); ruídos emitidos por máquinas agrícolas;

quedas devido à irregularidade do terreno e durante o transporte dos trabalhadores (feito por

1 Homens efetivamente colhendo mandioca. Não estão inclusos motoristas e tratoristas. Considerando produtividade da lavoura de 33t/ha.

Page 27: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxvi

caminhões); ferramentas cortantes e desconforto ergonômico (trabalho agachado e encurvado,

levantamento e transporte de cargas pesadas).

4.1.1 Colheita manual

Totalmente em desuso atualmente nas lavouras comerciais, essa modalidade de colheita é

feita em pequenas áreas, utilizando-se mão-de-obra familiar. Processo demasiadamente

desgastante e muito pouco eficiente, demandando cerca de 22 dias/homem/ha. O trabalhador

permanece encurvado e chega a praticar forças de até 85 kg (2) para arrancar uma única planta

de mandioca (Figura 4.1).

Figura 4.1 - Colheita manual de mandioca.

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

Será dada maior ênfase neste trabalho à colheita do tipo semimecanizada por se tratar do

modelo que abrange um maior contingente de trabalhadores.

4.1.2 Colheita semimecanizada

Na região Noroeste do Paraná, são utilizados basicamente dois sistemas de colheita

semimecanizada, o de “balaios” e o de “big bags”. Ambos são idênticos nas etapas iniciais.

Diferenciam-se somente no modo de como ocorre o carregamento dos caminhões que

transportam a mandioca para as indústrias processadoras. No item 4.1.2.1 serão descritas as

etapas da colheita mecanizada.

2 Medição feita com dinamômetro. Planta com 8 meses, em solo de textura mista, úmido e sem interferência de plantas daninhas.

Page 28: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxvii

4.1.2.1 Poda das ramas

Na operação de poda das ramas (parte aérea), que é feita em conjunto com a retirada das

raízes do solo (vide subitem 4.1.2.2), o trator leva na sua dianteira um implemento provido de

duas hélices, denominado roçadeira frontal (Figura 4.2). Tal equipamento é movido por um

eixo cardã adaptado à porção frontal do trator. Ele tem a finalidade de cortar as ramas das

plantas de mandioca para que possa ocorrer a movimentação dos trabalhadores dentro da

lavoura. O corte é feito à altura de 0,2m a 0,3m da superfície. Essa pequena porção de parte

aérea não podada servirá como ponto de pega para que os colhedores possam retirar as raízes

do solo (vide subitem 4.1.2.2).

Figura 4.2 - Roçadeira frontal para poda das ramas de mandioca.

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

Quando em funcionamento, grande quantidade da parte aérea das plantas são arremessadas

com certa velocidade a até 10 metros de distância (Figura 4.3). A NR-31, que trata da Saúde e

Segurança do Trabalho na Agricultura, em seu subitem 31.12.4, recomenda a não utilização

de implementos que ofereçam risco de projeção de materiais que não dispuserem de proteção

efetiva. No entanto, este equipamento é de invenção e uso recentes. Enquanto seu

aperfeiçoamento, no que diz respeito à segurança, não é feito, poder-se-ia, sempre que

possível, realizar essa operação no período noturno. Em último caso, por se tratar de trabalho

a céu aberto, talvez o uso de equipamento de proteção para os olhos aliado a distância segura

mantida por parte dos trabalhadores evitariam acidentes.

Page 29: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxviii

Figura 4.3 – Roçadeira frontal em funcionamento.

Fonte: CLETO LANZANI JANEIRO (2008)

Apesar do risco oferecido, a roçadeira frontal tem sido uma grande alternativa ao modo de

realizar a operação de poda. Esta também é feita com a roçadeira tradicional, que fica

posicionada na traseira do trator. Isso faz com que o tratorista trabalhe o tempo todo voltado

com o pescoço para trás para que possa acompanhar a operação. Juntando-se à má postura de

trabalho do operador, pedaços de rama também são arremessados a distâncias consideráveis.

Outra desvantagem desse implemento é que impede que o “afofador” (vide subitem 4.1.2.2)

seja utilizado ao mesmo tempo em que se faz a poda. Isso traz um revés de ordem econômica.

A eficiência da colheita diminui devido à interrupção da operação para a troca de

implementos e o gasto com combustível é dobrado, pois se percorre a mesma área duas vezes:

uma para podar e outra para afofar.

Após realizada a poda, as ramas das plantas de mandioca permanecem na lavoura. Esse

material se torna uma barreira ao livre trânsito do trabalhador, que pode vir a tropeçar e sofrer

uma queda. Como conseqüência dessa queda, surge o risco de perfuração, uma vez que, a

porção da parte aérea, que servirá como ponto de pega, apresenta formato pontiagudo (Figura

4.4) em decorrência do corte sofrido pela lâmina da roçadeira frontal.

Page 30: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxix

Figura 4.4 – Lavoura de mandioca após a poda.

Fonte: JOSÉ OSMAR LORENZI (2007)

4.1.2.2 Retirada das raízes do solo

Ao mesmo tempo em que se realiza a poda com o equipamento de dupla hélice, um

implemento chamado “afofador” (Figura 4.5), acoplado ao hidráulico do trator, penetra a 0,4

m de profundidade no solo, afrouxando-o, e traz as raízes quase para fora. O “afofador”

facilita em muito a colheita da mandioca já que reduz para 10 a 15 kg a força exigida do

trabalhador para o arranquio das raízes.

Figura 4.5 - Trator com "afofador" e roçadeira frontal.

Fonte: CLETO LANZANI JANEIRO (2008)

Page 31: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxx

No entanto, os tubérculos crescem de maneira irregular e desuniforme. Assim, muitas raízes

se desprendem da cepa e permanecem no solo. Então, ao mesmo tempo em que vão

arrancando as plantas e as amontoando, os colhedores verificam, com auxílio de enxadão, se

raízes permaneceram no solo (Figura 4.6). Durante essa etapa, trabalham todo o tempo

encurvados devido ao fato da ferramenta utilizada possuir o cabo muito curto. Os

trabalhadores argumentam que o enxadão de cabo curto torna a operação mais rápida e

precisa. Além da postura desagradável, também há o risco de ferimento com ferramenta de

corte, principalmente nos membros inferiores, uma vez que não é comum o uso de “perneiras”

(EPI que envolve a perna do indivíduo).

Figura 4.6 - Trabalhadores retirando as raízes do solo com o auxílio de "enxadão".

Fonte: O AUTOR

Depois de formados os montes ou “bandeiras” (nome adotado pelos trabalhadores), a próxima

etapa compreende a decepa, ou seja, a separação das raízes das cepas (Figura 4.7). Para isso

são utilizados facões extremamente afiados. Os trabalhadores seguram a cepa com uma das

mãos e com a outra desferem os golpes de facão. Essa operação é realizada num ritmo

frenético, o que colabora para o risco de acidente com instrumento cortante, principalmente

nas mãos e braços. Movimentos repetitivos envolvendo pulso e antebraço também ocorrem,

podendo resultar em lesões futuras.

Page 32: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxi

Figura 4.7 - Trabalhador decepando raízes de mandioca.

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

Na NR-31, o item 31.11 Ferramentas Manuais, entre outros, indica que o empregador deve

oferecer gratuitamente as ferramentas adequadas ao trabalho, e que estas devem ser seguras e

eficientes e ainda que as de corte devem ser guardadas e transportadas em bainha. Porém, na

prática, essas determinações não são cumpridas.

4.1.2.3 Carregamento

Nesse momento é que ocorre a distinção entre os sistemas de colheita semimecanizada.

Balaio:

Este sistema é o mais comumente praticado por não demandar maior número de

implementos. É importante frisar que a maior parte das lavouras de mandioca são feitas

por arrendatários que nem sempre possuem maquinários e implementos próprios.

As raízes são colocadas manualmente nos balaios, que ficam à altura do solo. O

trabalhador então tem que erguê-lo e transportá-lo até o caminhão. Essa distância é em

média de 5,0 m e o balaio cheio pesa de 25,0 a 30,0 kg.

A carroceria do caminhão geralmente tem capacidade para 23,0 t de raízes. As laterais

dessa carroceria são compostas por três partes móveis. Assim, no início do carregamento a

altura de deposição é de 1,5m (carroceria desmontada). No entanto, à medida que vai

sendo preenchida, as peças que compõem as laterais vão sendo encaixadas uma sobre a

Page 33: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxii

outra, passando a exigir maior esforço do trabalhador, que tem que elevar o balaio por

sobre a cabeça e depois impulsioná-lo para que atinja alturas de até 3,0m (carroceria

completamente montada) (Figura 4.8). Na realização desse movimento ombros, braços,

joelhos e coluna vertebral são sobrecarregados.

São feitos dois carregamentos diários. O primeiro entre às 7h00 e 11h00 e o segundo, das

12h00 às 16h00. É nesse intervalo que ocorre a única pausa diária de trabalho e é

justamente o momento da refeição. Não existe um local apropriado para o descanso.

São colhidas em torno de 46,0 t de raízes. As equipes formadas são de no máximo 14

trabalhadores. Tem-se então um rendimento médio de 3,0 t/homem. Dessa forma, cada

trabalhador repete a operação de carregamento de 100 a 120 vezes num único dia. Além

disso, percorre cerca de 3,5 km durante a execução das diferentes tarefas que

compreendem a colheita da mandioca.

Dentro da realidade do trabalho rural, esta é uma atividade que remunera muito bem, o

que realça o interesse das pessoas nesse tipo de serviço. Facilmente, um safrista recebe em

torno de R$ 80,00 por dia(3), o que é muito se comparado ao que se paga por um dia de

capina, que gira em torno de R$ 23,00.

Figura 4.8 - Carregamento manual pelo sistema de "balaios".

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

3 Valor praticado no mês de junho de 2008.

Page 34: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxiii

Curiosamente, na região Oeste do Paraná os colhedores não utilizam balaios, arremessam

as raízes diretamente na carroceria do caminhão. Segundo os trabalhadores, procedendo

dessa forma a colheita é mais rápida. A vantagem é que não precisam levantar e

transportar cargas pesadas. Por outro lado, realizam movimentos repetitivos com os braços

e trabalham agachados.

“Big Bags”

No sistema de “big bags”, também chamado de “sacolão”, as raízes são acomodadas

dentro destes, que possuem capacidade para 350 a 700 kg. Em seguida, um guincho

acoplado ao trator os transporta até o caminhão (Figura 4.9).

Figura 4.9 - Carregamento pelo sistema de "big bag".

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

Nessa fase do carregamento, utiliza-se o tratorista, uma pessoa no solo para engatar os

sacolões no guincho e outra sobre o caminhão para abri-los. Um guincho pode carregar

de 60 a 80 t de raízes por dia com muita eficiência, além da vantagem de poder ser

utilizado no período noturno. Dessa forma, o rendimento desse sistema é bem superior ao

tradicional, atingindo até 4,5 t/homem/dia. No entanto, ainda é muito pouco utilizado,

restringindo-se a propriedades que possuem grandes áreas ocupadas pela mandiocultura.

Page 35: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxiv

Mesmo o guincho procedendo o transporte e a deposição das raízes na carroceria do

caminhão, o que elimina a etapa mais desgastante para o trabalhador, estes continuam

preenchendo os sacolões por meio de balaios (Figura 4.10), ou seja, apesar de mais

moderno, esse método de colheita ainda não elimina o levantamento e transporte de

cargas.

Figura 4.10 - Preenchimento dos "big bags" através de balaios.

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

Além disso, também exige a mobilização de um trator e a aquisição de um guincho

exclusivamente para o transporte dos sacolões. E ainda existe a questão dos próprios

trabalhadores preferirem o sistema de balaio. Isso se deve ao fato de que os montes feitos com

plantas de mandioca que serão decepadas devem ser maiores para que hajam raízes suficientes

para preencher os “big bags”. Para isso, os trabalhadores devem carregar e/ou arremessar as

plantas de mandioca por maiores distâncias. E isso, para eles, acaba por ser não mais

desgastante, mas sim mais incômodo que o levantamento e transporte dos balaios até o

caminhão.

Recentemente, um equipamento conhecido como “roll-on” (Figura 4.11) vem sendo utilizado

no sentido de dinamizar a logística da colheita. Nele, um mesmo caminhão possui várias

caçambas, que saem do chassi e são deixadas no solo por sistema hidráulico. Isto possibilita

várias viagens com um único caminhão, pois as caçambas ficam carregadas aguardando serem

Page 36: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxv

transportadas até a indústria. No entanto, o custo de aquisição destes equipamentos é alto e

por isso seu uso restringi-se aos poucos produtores mais capitalizados.

Figura 4.11 - Equipamento "roll on".

Fonte: JOÃO EDUARDO PASQUINI (2008)

4.2 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS

A seguir, apresentam-se os dados obtidos com a aplicação do questionário, oferecendo

informações necessárias para dar cumprimento aos objetivos traçados no presente trabalho.

Quanto ao sexo, todos são do gênero masculino com idades entre 22 e 38 anos. Como já foi

mencionado, dificilmente encontram-se pessoas com mais de 40 anos nessa atividade, a não

ser que tenham iniciado tardiamente. Mulheres não trabalham na colheita da mandioca por ser

uma atividade de extremo esforço físico. De modo geral, os colhedores começaram na

atividade entre os 13 e 27 anos.

Quando se analisa os dados referentes à escolaridade, observa-se que 08 indivíduos possuem

o 1º grau incompleto. Os demais possuem o 2º grau incompleto e são justamente os mais

jovens.

Com relação a orientações sobre prevenção de riscos de acidentes de trabalho e doenças

ocupacionais, todos responderam nunca ter recebido.

Todos responderam que existem pausas no trabalho, no entanto, somente durante o almoço e

variam entre 60 a 90 minutos. Perguntados se essas pausas são suficientes para recuperação

Page 37: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxvi

do cansaço, 06 dos entrevistados assinalaram não. Dentre os que acham as pausas suficientes,

03 deles têm menos de 32 anos. É importante instituir mais pausas durante a jornada de

trabalho, pois ajudam a eliminar ou pelo menos reduzir os efeitos da fadiga, que prejudica o

desempenho dos trabalhadores e propicia acidentes.

Sobre a ocorrência de acidentes com ferramentas, equipamentos ou maquinários, apenas 02

indivíduos foram vitimados, todos por ferramentas de uso manual. Destes, nenhum recebeu

qualquer assistência por parte do empregador. Este é um dado preocupante, uma vez que é

responsabilidade do empregador zelar pela saúde e bem-estar de seus contratados, além de

viabilizar pronto atendimento médico.

Analisando-se os dados referentes a Primeiros Socorros, todos relataram não haver materiais e

nem treinamentos. Isso preocupa, pois os trabalhadores agrícolas estão expostos a inúmeros

riscos e os locais onde trabalham geralmente ficam distantes de postos de atendimento

médico.

Ao se observar os dados referentes à questão que trata de EPI´s (Tabela 4.1) nota-se que

apenas 06 componentes da amostra os utilizam e, ainda assim, não existe um uso adequado,

tendo em vista que muitos equipamentos de proteção sequer são utilizados.

Tabela 4.5 - Distribuição da utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Fonte: O AUTOR

Tipo de EPI Nº de Pessoas

Roupa de proteção 02

Óculos de proteção 0

Protetor de ouvido 0

Protetor solar 0

Botas 06

Luvas 04

Máscara 0

Chapéu 04

Perneira 0

Não usa 04

Excetuando-se botas, chapéu e luvas, que tiveram bom percentual de utilização, muitos outros

sequer foram citados.

Page 38: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxvii

Segundo a NR-6, é competência do empregador fornecer, gratuitamente, EPI adequado ao

risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento. Além do que, exigir o uso por

parte do empregado, orientando-o e treinando-o quanto a correta utilização, guarda e

conservação.

Sendo esta uma das causas que provoca a ocorrência de acidentes do trabalho ou doenças

ocupacionais, deve-se ressaltar a existência de quatro pessoas que simplesmente não usam

nenhum tipo de EPI. Essa atitude só contribui para os altos índices de acidentes de trabalho no

meio rural brasileiro. No entanto, cabe averiguar o porquê da não utilização. Será falta de

conhecimento, de conscientização ou o não fornecimento pelo empregador?

Perguntou-se aos safristas se sentiam dores ou desconforto muscular que julgavam ser

resultado do trabalho. Oito deles responderam que sim. Complementando a resposta,

indagava-se quais as regiões do corpo acometidas. Não foram oferecidas alternativas. As

respostas estão na Tabela 4.2.

Tabela 4.6 - Número de trabalhadores com dores ou desconforto muscular nas diferentes partes

do corpo.

Fonte: O AUTOR

Parte do corpo Nº de Pessoas

Coluna vertebral 08

Ombros 02

Pernas 02

Do total que revelaram sentir dores ou desconfortos musculares, todos indicaram a coluna

vertebral como a parte do corpo mais atingida. Isso ocorre, fundamentalmente, das más

posturas somadas ao levantamento de peso, a que os trabalhadores obrigam-se a adotar para a

realização da colheita da mandioca. Ombros e pernas também foram citados, porém em

percentual mais reduzido.

Dores nas costas, ombros, braços e mãos são os sintomas mais comuns relatados pelos

trabalhadores agrícolas (NIOSH, 2003).

Quanto a ausência de dor relatada por apenas 02 membros da população da amostra, trata-se

de indivíduos com idades inferiores a 27 anos e com pouco mais de 5 anos na atividade. Isso

indica que a idade aliada ao pouco tempo de serviço na atividade mascara os resultados, uma

vez que futuramente estes podem vir a sofrer de algum tipo de dor ou desconforto muscular

Page 39: Diagnóstico ergonômico preliminar

xxxviii

decorrente do trabalho. Tal previsão poderá ser evitada desde que atitudes prevencionistas

sejam praticadas.

Consultados a respeito de faltas ao trabalho no último ano, todos os que afirmaram sentir

dores (08 indivíduos), ausentaram-se determinada quantidade de vezes devido ao quadro de

dor, como demonstra a Tabela 4.3.

Tabela 4.7 - Número de Trabalhadores que sentem dores decorrentes do trabalho e que já

faltaram alguma vez no período de 1 ano.

Fonte: O AUTOR

Quantidade de faltas Nº de Pessoas

Nunca faltou 0

Entre uma e dez vezes 06

Mais de 10 vezes 02

Pode-se concluir que, se o indivíduo sente dor, ele falta ao trabalho. E o maior prejudicado é

ele, tendo em vista que, além de sofrer com a dor, perde dias de trabalho que se traduzem em

redução na renda, já que é pago por dia trabalhado. Nesse sentido, faz-se importante o registro

em carteira de trabalho para que o ônus não fique somente com os trabalhadores. Eles

ficariam assegurados em caso de acidentes ou dores crônicas decorrentes de esforços

desempenhados para o cumprimento das tarefas.

As duas últimas perguntas do questionário envolvem um assunto polêmico e que foi abordado

recentemente pela imprensa. Trata-se do consumo de álcool e drogas por trabalhadores do

meio rural como forma de potencializar e suportar a carga diária de trabalho.

Quando questionados se conhecem quem faça uso dessas substâncias durante a execução do

trabalho, 08 deles afirmaram que sim. Isso confirma o alerta feito pelas reportagens exibidas.

O consumo de álcool e drogas pelos trabalhadores agrícolas já é uma realidade e deve ser

tratado como um problema de saúde pública.

A outra pergunta referia-se diretamente aos amostrados. A maioria, 08 indivíduos, disseram

nunca ter feito uso de tais substâncias durante o serviço. O restante assumiu consumi-las,

porém não concordaram que há aumento no rendimento do trabalho.

É imprescindível que as autoridades tomem providências no sentido de coibir o uso de álcool

e principalmente drogas no campo. Não só pelos reflexos negativos no trabalho, mas

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essencialmente pelo risco que essas substâncias oferecem à saúde e à vida social destes

cidadãos.

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5 CONCLUSÃO

5.1 REGULARIZAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO

De acordo com o exposto, ficam evidentes as dificuldades por que passam as pessoas que

trabalham na colheita da mandioca. Cabe salientar que a regularização da questão trabalhista

é o primeiro passo para que a realidade do trabalhador rural comece a mudar.

Uma alternativa para sanar essa situação é o sistema de Condomínio de empregadores

rurais(4). Basicamente, dá-se a contratação do empregado rural temporário (safristas) por um

grupo de produtores que compartilham a mão-de-obra: os empregados prestam serviço para

todos os produtores, conforme as necessidades de cada um deles.

As vantagens deste sistema, tanto para empregadores como para trabalhadores, são inúmeras.

Para os produtores as vantagens são a segurança jurídica e a redução no custo de contratação

(salários, encargos, normas de segurança e saúde, dispensa). As despesas com o contrato de

trabalho são rateadas de forma proporcional ao número de dias em que cada um utilizou a

mão-de-obra em sua propriedade.

Com a regularização do contrato, os trabalhadores teriam garantidos todos os direitos

trabalhistas e previdenciários, como: piso salarial, férias, 13° salário, repouso semanal

remunerado, auxílio-doença e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Nesse caso, ficaria facilitada também a aquisição, por parte dos empregadores rurais

envolvidos, de máquinas, equipamentos, ferramentas, EPI`s e treinamentos (primeiros

socorros, prevenção de doenças ocupacionais, uso correto de EPI`s, ginástica laboral) visando

melhorar a realidade em que é exercida a atividade da colheita da mandioca.

Também é de responsabilidade dos empregadores proceder a análise ergonômica do trabalho

para analisar, diagnosticar e corrigir a situação real de trabalho; introduzir pausas no trabalho

e construir locais apropriados para esse descanso; adotar programa de saúde ocupacional e

programa de ergonomia.

4 Essa proposta surgiu de produtores rurais integrantes da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – FAESP e foi implementada por fazendeiros do noroeste do Paraná, na cidade de Rolândia, em 1997, tendo sido objeto de tratamento legislativo pela edição da Lei n° 10.256, de julho de 2001.

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Uma outra opção, seria a criação de empresas especializadas na colheita da mandioca. Estas

forneceriam além da mão-de-obra, as máquinas (tratores, caminhões com sistema hidráulico

para recolhimento de caçambas) e equipamentos (guinchos, caçambas, “big-bags”) utilizados

durante a operação.

5.2 LEVANTAMENTO E TRANSPORTE DE CARGA

Evidentemente, o levantamento e transporte manual de cargas é a atividade que representa

maior risco para a saúde dos trabalhadores envolvidos na colheita da mandioca. è de

fundamental importância reduzir em pelo menos três vezes a quantidade de peso carregada

pelos trabalhadores no sistema de “balaios”.

Para isso, o desenho e a capacidade de cada balaio deveriam ser modificados. Sugere-se um

recipiente retangular, dotado de alças nas extremidades de forma a facilitar a pega.

Capacidade para até 21 kg de raízes e transportado por dois trabalhadores ao mesmo tempo.

No sistema de “big bag”, ao invés de levantar e transportar as raízes até os sacolões utilizando

balaios, poderia-se decepar as plantas de mandioca diretamente nos sacolões. Um suporte

desmontável sustentaria o sacolão aberto durante a operação.

Como alternativa para evitar o levantamento e transporte de peso no sistema de “balaios” e a

mobilização de um trator exclusivamente para elevar os sacolões durante o carregamento,

pode-se adaptar um braço hidráulico, também conhecido como “munck”, ao caminhão.

5.3 TREINAMENTOS E ORIENTAÇÕES

A aplicação do questionário revelou que os trabalhadores não recebem qualquer tipo de

treinamento ou orientação sobre como exercer sua atividade de forma segura. A prevenção

apresenta-se como a principal e melhor opção no trato das doenças ocupacionais, cabendo aos

profissionais da área de saúde ocupacional a missão de incentivar a adoção de medidas que

visem ao menos estacionar tais doenças e interferir decisivamente contra o surgimento de

novos casos.

As Secretarias de Saúde municipais poderiam criar programas de educação em saúde, higiene

e segurança do trabalho com o objetivo de levar informações até o meio rural, abordando

temas como:

ergonomia de conscientização;

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prevenção de acidentes e doenças ocupacionais;

primeiros socorros;

orientação anti-drogas e prevenção de DST´s / AIDS;

ginástica laboral;

conscientização sobre a importância do uso de EPI´s e sua correta utilização.

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6 REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Questionário

INSTRUMENTO DE ENTREVISTADiagnóstico ergonômico preliminar em comunidade envolvida na colheita da mandioca.Tem como objetivo diagnosticar fatores de risco que podem provocar acidentes e doenças ocupacionais nesta comunidade. Trata-se de uma pesquisa exigida pelo Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade Estadual de Maringá – UEM.

1. Escolaridade:( ) 1º Grau incompleto ( ) 1º Grau completo( ) 2º Grau incompleto ( ) 2º Grau completo( ) 3º grau incompleto ( ) 3º grau completo

2. Sexo:( ) Masculino ( ) Feminino

3. Idade:....................anos

4. Com que idade começou a trabalhar na colheita da mandioca? ..................... anos

5. Qual é o seu horário de trabalho?De manhã das......................h as ......................hA tarde das..........................h as ......................h

6. Você já recebeu alguma orientação sobre prevenção de riscos de acidente de trabalho edoenças ocupacionais? ( ) Sim ( ) Não

7. Você avalia que esta orientação em relação à prevenção de riscos de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais? ( ) Boa ( ) Regular ( ) Péssima

8. Existem pausas no seu trabalho? ( ) Sim ( ) NãoSe sim qual o tipo de pausa?( ) lanche ( ) almoço ( ) descanso intermediárioqual o tempo de duração dessas pausas?__________________________________________________________________________________________________________________

10. As pausas são suficientes para a recuperação do cansaço? ( ) Sim ( ) Não

11. Sofreu algum acidente de trabalho nos últimos 10 anos em sua atividade de trabalho atual com o uso de ferramentas, equipamentos ou maquinário? ( ) Sim ( ) Não

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Se sim, qual a parte do corpo que foi atingido:____________________________________

12. Esse acidente aconteceu com o uso de:( ) Ferramentas de uso manual ( ) Maquinário agrícola( ) Equipamento ( ) Outros

13. Teve alguma assistência por parte do empregador? ( ) Sim ( ) Não

14. Existem materiais de Primeiros Socorros no seu local de trabalho? ( ) Sim ( ) Não

15. Já recebeu algum tipo de treinamento em Primeiros Socorros? ( ) Sim ( ) Não

16. Quais os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que você usa na sua jornada detrabalho?( ) Roupa de Proteção ( ) Óculos de proteção ( ) Protetor de ouvido ( ) Protetor solar( ) Botas ( ) Luvas ( ) Máscara ( ) Perneira ( ) Chapéu ( ) Não usa

17. Sente dores ou desconforto muscular que você julga ter sido resultado do seu trabalho? ( ) Sim ( ) NãoSe sim, em que parte (s) do corpo? ____________________________________________

18. Já faltou ao trabalho devido a essas dores?( ) nunca faltou ( ) entre uma e dez vezes ( ) mais de 10 vezes

19. Conhece pessoas que fazem uso de álcool/drogas durante o trabalho? ( ) Sim ( ) Não

20. Já trabalhou sob o efeito de álcool/drogas? ( ) Sim ( ) NãoSe sim, você acha que melhora o rendimento no trabalho? ( ) Sim ( ) Não