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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISE AMBIENTAL Diagnóstico da Ictiofauna do córrego São Mateus, afluente do Rio do Peixe, Juiz de Fora, Minas Gerais Philipe Lanzoni Duprat Juiz de Fora 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAFACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISE AMBIENTAL

Diagnóstico da Ictiofauna do córrego São Mateus, afluente do Rio do Peixe, Juiz de Fora,

Minas Gerais

Philipe Lanzoni Duprat

Juiz de Fora2012

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Philipe Lanzoni Duprat

Diagnóstico da Ictiofauna do córrego São Mateus, afluente do Rio do Peixe, Juiz de Fora, Minas Gerais

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Especialização em Análise Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Análise Ambiental

Orientador: Prof. Dr. José Carlos de Oliveira

Juiz de Fora2012

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Diagnóstico da Ictiofauna do córrego São Mateus, afluente do Rio do Peixe, Juiz de Fora, Minas Gerais

Philipe Lanzoni Duprat

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora designada pelo Colegiado do Curso de Especialização em Análise Ambiental da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Especialista em Análise Ambiental.

Aprovada em: / /

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha

Prof. Dr. José Carlos de Oliveira

Prof. Dr. Roberto da Gama Alves

Juiz de Fora2012

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Dedico este trabalho aos meus queridos pais, José Pereira Duprat e Eliana Barbára Fernandes Lanzoni Duprat pelos ensinamentos, apoio, incentivo e paciência nesta jornada de minha vida e principalmente pelo imenso amor e carinho ofertados sempre.

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AGRADECIMENTOS

Sou grato, primeiramente, a Deus por dar-me saúde e força nos momentos difíceis e

animo quando achava que tudo estava perdido.

Ao meu Orientador Professor Dr. José Carlos de Oliveira, pelos ensinamentos e

paciência nas horas difíceis. Obrigado pelo apoio, confiança e amizade a mim ofertados,

colaborando para a concretização deste trabalho.

A Srª. Angélica, diretora da RPPN Salvaterra e proprietária da Fazenda Santa Cruz e

ao Sr. Rogério, administrador da Fazenda São Mateus, pela compreensão e permissividade

com a qual permitiram a realização deste trabalho.

Ao Professor Cézar Henrique Barra Rocha e por sua competência e liderança dentro

do NAGEA.

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RESUMO

O córrego São Mateus tem sua história nos últimos três séculos intimamente ligada ao

fim da mineração e à expansão e declínio da lavoura cafeeira, em Minas Gerais, culminando

com a implantação de uma PCH com barragem e reservatório no córrego São Mateus e a

criação de uma estância hidromineral na sub-bacia do córrego Salvaterra, na primeira metade

do século XX. No século atual foi instalado o depósito de resíduos sólidos da cidade (um

lixão, depois um aterro sanitário) na cabeceira do córrego Salvaterra, responsável por uma

série de impactos ao meio biótico aquático, por derrames de lixo e chorume. O

monitoramento biológico em rios é essencial para identificar as respostas do ambiente aos

impactos causados pela ação antrópica, além de fornecer diretrizes que possam regulamentar

o uso dos recursos hídricos, possibilitando o desenvolvimento de alternativas para minimizar

a degradação dos mesmos. O presente trabalho tem como objetivo principal diagnosticar o

nível de integridade dos peixes da bacia do Córrego São Mateus. A bacia hidrográfica do

córrego São Mateus, em Juiz de Fora (MG), inclui um trecho de zona urbana (bairro Nova

Califórnia), um trecho de zona suburbana (chácaras e condomínios do Salvaterra e São

Mateus) e zona rural (fazenda São Mateus), ocupando uma área aproximada de 30 km². Oito

trechos foram amostrados coletando os dados físicos e para a coleta de peixes foram aplicadas

combinações de diversos métodos de captura, de forma a ser obtida uma amostra a mais

próxima possível da totalidade da ictiofauna presente em cada trecho amostrado. As espécies

mais abundantes foram o acará Geophagus brasiliensis, o barrigudinho Phalloceros harpagos

e o guaru Poecilia reticulata.

Palavras-chaves: Chorume; impacto ambiental; peixes de riachos; Zona da Mata – MG

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ABSTRACT

Stream São Mateus has a history in the last three centuries closely connected to the

end of mining and the expansion and decline of the coffee crop in Minas Gerais, culminating

with the implementation of PCH with a dam and reservoir on stream São Mateus and the

creation of a resort hydromineral in sub-basin of the stream Salvaterra, in the first half of the

twentieth century. This century has been installed the solid waste disposal in the city (a dump

after a landfill) at the head of the stream Salvaterra, responsible for a series of impacts to

aquatic biota, for garbage and leachate spills. Biological monitoring in rivers is essential to

identify the responses to the environmental impacts caused by human action, and provides

guidelines that can regulate the use of water resources, enabling the development of

alternatives to minimize degradation. The present work has as main objective to diagnose the

level of integrity fish creek basin São Mateus. The watershed of the stream to São Mateus, in

Juiz de Fora (MG), includes an excerpt from an urban area (neighborhood of Nova

Califórnia), a stretch of suburban area (farms and condominiums Salvaterra and São Mateus)

and rural (Farm São Mateus), occupying an area of approximately 30 km². Eight sections

were sampled by collecting the physical data and collection of fish were used combinations of

various methods of capture, to be obtained from a sample close as possible of all the fish

fauna present in each section sampled. The most abundant species were the discus

Geophagus brasiliensis, the “barrigudinho” Phalloceros harpagos and guppy Poecilia

reticulata.

Keywords: Leachate ; environmental impact; stream fishes; Zona da Mata – MG

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa da localização da RPPN Vale do Salvaterra, Aterro Controlado/Sanitário

Salvaterra e Centro Empresarial Park Sul ---------------------------------------------------------- 13

Figura 2 - Mapa contendo os 8 trechos amostrados ----------------------------------------------- 18

Figura 3 - Composição percentual por família, em termos de número de indivíduos e biomassa, da totalidade dos peixes coletados nos 8 trechos amostrados na bacia do córrego São Mateus ---------------------------------------------------------------------------------------------- 22

Figura 4 - Vistas dos pontos médios de cada trecho amostrado na bacia do córrego São

Mateus --------------------------------------------------------------------------------------------------- 25

Figura 5 - Exemplares representativos das espécies de peixes das ordems Characiformes e

Siluriformes coletadas na bacia do córrego São Mateus ------------------------------------------ 26

Figura 6 - Exemplares representativos das espécies de peixes das ordens Gymnotiformes,

Cyprinodontiformes e Perciformes coletadas na bacia do córrego São Mateus --------------- 27

Figura 7 – A - Imagem de satélite do trecho 5 na data de 21/06/2006; B – Imagem de satélite

do trecho 5 na data de 09/05/2011 ------------------------------------------------------------------- 38

Figura 8 – A - Imagem de satélite do trecho 7 (Fonte: Google Earth, 2012); B – Fotografia do

trecho 7 mostrando o assoreamento na foz do córrego São Mateus ----------------------------- 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Localização, altitude, hierarquia fluvial (ordem) e data de coleta dos trechos nos

córregos mostrados na bacia do córrego São Mateus --------------------------------------------- 19

Tabela 2 - Descrição geral dos 8 trechos amostrados na bacia do córrego São Mateus ------ 20

Tabela 3 - Fisiografia, dados físico-químicos, composição granulométrica predominante da

amostra de fundo no ponto médio e vegetação do entorno nos 8 trechos amostrados na bacia

do córrego São Mateus -------------------------------------------------------------------------------- 23

Tabela 4 - Espécies de peixes registradas nos 8 trechos estudados na bacia do córrego São

Mateus, identificadas ao nível genérico ------------------------------------------------------------- 28

Tabela 5 - Número total de indivíduos coletados (N), amplitude do comprimento padrão (CP)

em mm e biomassa total (BM) em gramas dos peixes coletados nos trechos de riachos de

números 1 a 8 da bacia do córrego São Mateus ---------------------------------------------------- 29

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................................09

2 - OBJETIVO.........................................................................................................................12

3 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...........................................................13

3.1 – Bacia do córrego São Mateus e sub-bacia do córrego Salvaterra .................13

3.2 – Recursos Hídricos ..............................................................................................14

3.3 – Descrição Morfoclimática .................................................................................14

3.4 – Histórico da ocupação da área e uso atual ......................................................15

4 - MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................18

4.1 – Desenho amostral ..............................................................................................18

4.2 – Coleta de Dados Ambientais .............................................................................21

4.3 – Coleta e fotografia de peixes .............................................................................21

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................22

6 – CONCLUSÃO...................................................................................................................40

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................41

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1 - INTRODUÇÃO

A bacia do córrego São Mateus, um afluente do rio do Peixe (bacia do rio Paraíba do

Sul), em Juiz de Fora (MG), ocupa área de 30 Km2 e tem como caudais principais o próprio

córrego São Mateus e o seu mais importante afluente, córrego Salvaterra. Esta bacia tem uma

história de intervenções antrópicas que a torna de grande interesse para estudos de avaliação

do efeito de alterações drásticas e irreversíveis a médio prazo em ambientes aquáticos de

pequena escala.

O córrego São Mateus tem sua história nos últimos três séculos intimamente ligada ao

fim da mineração e à expansão e declínio da lavoura cafeeira, em Minas Gerais, culminando

com a implantação de uma PCH com barragem e reservatório no córrego São Mateus e a

criação de uma estância hidromineral na sub-bacia do córrego Salvaterra, na primeira metade

do século XX. A partir da segunda metade do século passado, vem acelerando a expansão

suburbana da cidade de Juiz de Fora, com fazendas sendo fracionadas em sítios, chácaras,

loteamentos e condomínios. Finalmente, no século atual foi instalado o depósito de resíduos

sólidos da cidade (um lixão, depois um aterro sanitário) na cabeceira do córrego Salvaterra,

responsável por uma série de impactos ao meio biótico aquático, por derrames de lixo e

chorume. Ironicamente, nesta mesma época e neste mesmo afluente foi criada a única unidade

de conservação da bacia do córrego São Mateus, a RPPN Vale de Salvaterra.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural Vale de Salvaterra, criada em 2002,

através da Portaria nº 102 do Instituto Estadual de Floretas (IEF), possui área de 263,3 ha e

caráter de perpetuidade. Por se tratar de uma área particular, poderá haver visitação pública, a

critério do proprietário.

Diagnóstico e monitoramento da ictiofauna

O monitoramento biológico em rios é essencial para identificar as respostas do

ambiente aos impactos causados pela ação antrópica, além de fornecer diretrizes que possam

regulamentar o uso dos recursos hídricos, possibilitando o desenvolvimento de alternativas

para minimizar a degradação dos mesmos (KARR et al., 2000).

Riachos e cabeceiras são habitados principalmente por espécies de peixes de pequeno

porte (geralmente menos que 15 cm de comprimento padrão), com distribuições geográficas

restritas, pouco ou nenhum valor comercial e muito dependentes da vegetação ripária para

alimentação, abrigo e reprodução. Infelizmente, tais espécies, por serem fortemente

dependentes do material orgânico alóctone importado da vegetação marginal para sobreviver,

também estão ameaçadas por atividades antrópicas prejudiciais (CASTRO et al., 2003).

Estas atividades devem ser avaliadas e monitoradas, diagnosticando a extensão e

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tendências espaço - temporais (sazonais ou de longo prazo). É esperado que a comunidade de

peixes se modifique conforme os trechos do rio, como resultado dos processos evolutivos e

históricos de adaptações peculiares de cada espécie, modulados por influências ambientais,

condições de habitats e alteradas por influências de origem antrópica (TEIXEIRA et al.,

2004).

Dentre estas potenciais atividades antrópicas o lançamento de chorume em cursos

d'água é altamente degradante. O chorume é um líquido escuro contendo alta carga poluidora,

o que pode ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente. De acordo com Hamada (1997),

o potencial de impacto deste efluente está relacionado com a alta concentração de matéria

orgânica, reduzida biodegradabilidade, presença de metais pesados, substâncias recalcitrantes,

pH baixo e DBO, DQO e COT muito altos. A sobrevivência de peixes de riachos depende da

integridade das florestas, sua destruição os expõe à luz direta do Sol e aos seus predadores,

além de diminuir a oferta de alimentos e alterar o ciclo hidrológico (OYAKAWA et al., 2006).

Os processos que estruturam as comunidades em ecossistemas de rios ocorrem numa

escala espacial e temporal. Espacialmente, os processos longitudinais são de grande

importância na definição da estrutura e do funcionamento das comunidades de peixes. Em

muitos sistemas lóticos, os trechos superiores apresentam uma diversidade de habitats menor

do que os trechos inferiores. O estudo de comunidades envolve uma síntese dos fatores

ambientais e das interações bióticas, e a estrutura de uma comunidade pode ser analisada

sobre vários aspectos, utilizando-se parâmetros como diversidade, riqueza e equitabilidade.

Peres Neto et al. (1995) sugerem um modelo de uso do microhabitat para peixes de

riachos tropicais, onde a diversidade da comunidade depende da heterogeneidade de habitats,

a qual é uma função do número e tamanho dos microhabitats. Em riachos tropicais, o aumento

da diversidade ao longo do rio tem sido associado por vários autores a um aumento na

heterogeneidade de habitats, o qual, por sua vez, é relacionado principalmente a um aumento

na vazão e na disponibilidade de abrigos (CASTRO et al., 2003; UEIDA & BARRETO, 1999;

PERES NETO et al., 1995).

O diagnóstico ambiental poder ser definido como o conhecimento de todos os

componentes ambientais de uma determinada área para a caracterização da sua qualidade

ambiental. A sua efetivação se dá por equipe multidisciplinar composta por profissionais das

diferentes áreas de abrangência, conforme as medidas a serem implementadas. Portanto,

elaborar um diagnóstico ambiental é interpretar a situação ambiental problemática dessa área,

a partir da interação e da dinâmica de seus componentes relacionada aos elementos físicos,

biológicos e socioculturais.

A caracterização da situação ou da qualidade ambiental (diagnóstico ambiental) pode

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ser realizada com objetivos diferentes, focando um ou mais aspectos em etapas ou ciclos, que

constituem o monitoramento ambiental. Dentre estes aspectos, a ictiofauna tem especial

interesse como componente biótico, não apenas pelo seu potencial valor como alimento e

lazer, mas principalmente por ser um valioso indicador biológico.

O diagnóstico da ictiofauna da sub-bacia do córrego São Mateus é parte do

diagnóstico da bacia do rio do Peixe, considerando seus aspectos físicos, químicos, bióticos e

sócio-econômicos, um documento que deveria embasar as decisões municipais para o

planejamento das atividades possíveis na bacia, desde que foi considerada Área de Proteção

Especial, em 1987, mas que nunca foi elaborado.

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2 - OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo principal diagnosticar o nível de integridade dos peixes da bacia do Córrego São Mateus. Sendo os objetivos específicos:

1 – Identificar a composição taxonômica da ictiofauna local;

2 – Avaliar os impactos sobre a ictiofauna nos córregos Salvaterra e São Mateus pelos sucessivos

e contínuos derrames de chorume na cabeceira do primeiro.

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3 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1 – Bacia do córrego São Mateus e sub-bacia do córrego Salvaterra

A bacia hidrográfica do córrego São Mateus, em Juiz de Fora (MG), inclui um trecho

de zona urbana (bairro Nova Califórnia), um trecho de zona suburbana (chácaras e

condomínios do Salvaterra e São Mateus) e zona rural (fazenda São Mateus), ocupando uma

área aproximada de 30 km². Desta área, cerca de 11 km² correspondem à sub-bacia do córrego

Salvaterra. O rio do Peixe, onde deságua o córrego São Mateus, é enquadrado como Rio

Classe 1 (ou seja, passível de utilização para abastecimento, consumo e irrigação), conforme

Deliberação Normativa COPAM n° 16 de 25/09/96. A bacia hidrográfica do rio do Peixe, no

trecho em que atravessa o município de Juiz de Fora, é definida pela Lei Municipal n° 7240

de 11/12/1987 como Área de Proteção Especial para preservação de mananciais, o que não

impediu a autorização do órgão ambiental municipal para mineração no seu leito, nem para

implantação da UHE de Picada. O córrego Salvaterra nasce entre os Aterros

Controlado/Sanitário Salvaterra e o Centro Empresarial Park Sul (Figura 1). Nesta sub-bacia

está situada a RPPN Vale de Salvaterra (Figura 1).

Figura 1 – Mapa da localização da RPPN Vale do Salvaterra, Aterro Controlado/Sanitário Salvaterra e Centro Empresarial Park Sul (Fonte: Pires e Villaça, 2011)

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3.2 – Recursos Hídricos

Os recursos hídricos são abundantes, explicando em parte a presença de vinte e três

nascentes mapeadas na RPPN Vale de Salvaterra, que emergem na região com algumas tendo

águas de classe I, responsáveis pelo abastecimento das propriedades e da dessedentação de

animais (OLIVEIRA e VILLAR, 2006).

Todos os fluxos superficiais direcionam-se radialmente em torno da elevação central,

fluindo em direção à Fazenda Santa Cruz, Fazenda Salvaterra, Fazenda São Mateus e em

seguida ao Rio do Peixe (PIRES e VILLAÇA, 2011).

Por volta de 1932 foi descoberta na região água potável com radioatividade e presença

favorável de tório, fato que projetou a fazenda Salvaterra em Estância Hidromineral,

marcando os últimos anos de sua ascendência (OLIVEIRA e VILLAR, 2006).

3.3 – Descrição Morfoclimática

A região na qual está inserida a bacia hidrográfica é formada por planícies de

inundação predominantemente meândricas e solos superpostos, fortíssimas decomposição de

rochas e intensa mamelonização. Em sua estrutura geológica ocorrem predominantemente

rochas de origem gnáissica. O processo de intemperismo, como o químico, é freqüente,

motivo pelo qual as rochas da região encontram-se geralmente em decomposição (PIRES E

VILLAÇA, 2011). O clima local é tropical de altitude, com duas estações: verão chuvoso,

com temperaturas elevadas e inverno seco, com temperaturas amenas, segundo W. Köppen. O

mês de Janeiro é o que apresenta maior pluviosidade; em consequência, registra-se o maior

número de deslizamentos e processos erosivos nas áreas desprovidas de cobertura vegetal.

A região tem uma significativa gama de redes de drenagens, somados à boa

precipitação existente (1.100 a 1.800 mm a/a), que é devido à massa de ar tropical atlântica

(mTa) e aos ventos alísios de sudeste, que ocasionam as chuvas de relevo nestes mares de

morros. Assim, os efeitos de sedimentação em fundos de vale e de colúvios nas áreas altas são

muito intensos. O solo é composto em sua maioria por latossolos (PIRES E VILLAÇA,

2011).

A vegetação local é caracterizada como Mata Estacional Semi-decídua, estando no

domínio do bioma Mata Atlântica, mas a vegetação primitiva da região da bacia hidrográfica,

no sul da cidade de Juiz de Fora compreende um mosaico composto de manchas de floresta

(capoeira), cerrado, campo de altitude e campo rupestre (OLIVEIRA e VILLAR, 2006).

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3.4 – Histórico da ocupação da área e uso atual

O histórico da região reflete a exploração desordenada do solo destinado ao cultivo de

café. Essa herança pode ser percebida hoje com a dificuldade de recomposição florestal dos

vários cursos d’água existentes. Os fragmentos florestais não se encontram ligados por

corredores ecológicos, mas são matrizes que contribuem para a sucessão natural de algumas

áreas que necessitam de reflorestamento (PIRES E VILLAÇA, 2011).

Da mesma forma como ocorreu em vários outros estados brasileiros, onde os

processos de ocupação e exploração remontam ao período colonial, nesta região a cobertura

vegetal primitiva foi reduzida a remanescentes esparsos, em sua maioria bastante perturbados

pelo plantio de café, pela pecuária extensiva ou pela retirada de madeira. Oliveira e Villar

(2006, p.31) constatam que

[...] em Salvaterra foi gasto em derrubadas de matas, em Minas Gerais denominadas mais vulgarmente derribadas, em construção das primeiras benfeitorias, divisão da propriedade em sítios e plantação de roças menos exigíveis e mais rápidas. Terra dadivosa, manifestou-se logo como fazenda para diversos tipos de cultura, assim, de bastar a si mesma, não precisando de vir de fora senão sal, combustíveis, maquinaria e material humano adequado”[...] .

Atualmente, a existência de loteamentos é um fator que contribui para aumentar o

contingente populacional na bacia hidrográfica. Na área correspondente à sub-bacia

hidrográfica do córrego Salvaterra, as principais concentrações urbanas existentes são os

condomínios de Alfa burgos e Beta burgos, que integram o sistema de Cinturão de Proteção,

planejado na área de confluência e nos limites da RPPN Vale de Salvaterra. Cada condomínio

possui cerca de 30 granjas cada, parceladas em terrenos que variam de 2.500 m² a 3000 m²

(PIRES E VILLAÇA, 2011). A existência destes condomínios é respaldada pela legislação de

condomínios rurais obedecendo aos critérios necessários para o parcelamento do solo. Essa

implantação é responsável pela sustentabilidade financeira da RPPN, visto que a mesma não

possui atividades que sejam capazes de mantê-la (OLIVEIRA e VILLAR, 2006).

O Aterro Controlado/Sanitário do Salvaterra, localizado nas margens da Rodovia

BR-040, com seu uso como área para disposição final de resíduos sólidos não é muito

diferente da maioria dos vazadouros espalhados pelo Brasil. Desde janeiro de 1999, todos os

resíduos gerados no município, inclusive hospitalar e industrial, eram depositados nesta área

e, por muito tempo, caracterizou-se como um procedimento inadequado, que representava no

início do ano de 2005 um passivo ambiental de 6 (seis) anos, perfazendo cerca de 800.000

toneladas de resíduos dispostos em forma de aterro controlado ou lixão (TEIXEIRA et al,

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2007).

O aterro sanitário Salvaterra foi desativado em 11 de abril de 2010, passando para

apreciação do órgão de controle ambiental o seu Plano de Encerramento, que consiste

basicamente na implantação de camada de cobertura final e plantio de gramíneas, com a

finalidade de realizar a cobertura final dos resíduos e proteção dos taludes; inserção de

cinturão verde e manutenção do paisagismo e sistema de drenagem; além da continuidade dos

programas de monitoramento geotécnico, de efluentes e dos recursos hídricos (DEMLURB,

2012).

Segundo Vale (2007, p. 45) a escolha da área não foi propícia para a determinada

atividade constatando que

[...] o local, uma gleba de aproximadamente 40 ha, distante 11,2 km do centro da cidade, situa-se na sub-bacia do córrego Salvaterra, pertence à Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, definida pela Lei Municipal n° 7240 de 11/12/1987 como Área de Proteção Especial para preservação de mananciais. A escolha, portanto, foi de encontro ao Plano Diretor de Limpeza Urbana da cidade, que descartava para depósito de lixo qualquer área inserida na Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, enquadrado como Rio Classe 1 (ou seja, passível de utilização para abastecimento, consumo e irrigação), conforme Deliberação Normativa COPAM n° 16 de 25/09/96. (MACÊDO, op. Cit., p. 94). É interessante também ressaltar que o terreno escolhido para a implantação do aterro encontra-se em Área de Preservação Permanente (APP), o espaço ambiental definido nos artigos 2° e 3° da Lei Federal n° 4.771/1965 (Código Florestal) [...].

Portanto, essa inobservância da legislação ambiental teve conseqüências de várias

naturezas: custos ambientais (soterramento e contaminação de nascentes, contaminação do

lençol freático, assoreamento do córrego Salvaterra, supressão da cobertura vegetal, processos

erosivos e risco de acidente com os caminhões destinados a transportar o chorume para a

Estação de Tratamento de Esgoto); custos sociais (risco à saúde da população local devido à

contaminação dos poços rasos da região); risco de acidentes aéreos (devido ao fato de o aterro

estar situado em zona aeroportuária); prejuízo de atividades comerciais e turísticas no entorno

e degradação de fazendas próximas; além de custos econômicos (investimentos na

recuperação do lixão/aterro controlado, obras emergenciais, pagamento de multas, dentre

outros).

Outra questão refere-se ao local do Salvaterra em que se iniciou o descarte dos

resíduos. Segundo Vale (2007, p.63), em vários pontos da área em que o lixo foi depositado, o

lençol freático era muito superficial, o que provocou o contato dos resíduos com a água,

situação agravada pelo fato de o local não possuir a vala para captação de chorume

[...] diga-se, a propósito, que a contaminação das águas da região foi aspecto que gerou muita apreensão por parte dos produtores rurais do vale do

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Salvaterra. Em março de 2000, a análise de água solicitada por um dos proprietários da fazenda São Mateus, Haroldo Villela de Andrade, comprovou que, na cabeceira do seu açude, por onde passa o córrego São Mateus (a jusante do antigo lixão/aterro controlado do Salvaterra), os níveis de coliformes totais e fecais já estavam muito acima dos valores permitidos, assim como o nível de ferro, chegando-se à conclusão [...] de que a água se encontrava poluída e, portanto, imprópria para consumo humano [...].

Segundo Teixeira et al.(2007), os valores encontrados nas análises do chorume

realizadas na época de operação do aterro Salvaterra eram característicos da situação atual,

com a presença na lagoa de acumulação, de uma mistura de chorume velho, da área já

encerrada, e nova do aterro sanitário em operação. E também de acordo com Teixeira et al.

(2006) as águas de chuva e as surgências no aterro são drenadas diretamente para o afluente

do córrego Salvaterra localizado dentro dos limites da área do aterro.

Em março de 2007 foi realizada uma coleta de água no córrego Salvaterra a pedido da

proprietária da Fazenda Santa Cruz, Norma Val do Rio de Lacerda. O resultado da análise

dessa amostra apontou índices de DBO5 e de nitrogênio amoniacal acima dos valores

aceitáveis estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357, revelando alteração das condições

de qualidade das águas do córrego e indicando a ocorrência de impactos resultantes do

contato com o chorume proveniente do depósito de lixo (VALE, 2007).

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4 - MATERIAL E MÉTODOS

4.1 – Desenho amostral

Os 8 trechos amostrados na bacia do córrego São Mateus (Figura 2), cada um com

aproximadamente 30 metros de extensão, foram escolhidos de tal forma que representasse um

córrego sem a interferência do outro, ou a soma de ambos, e a diversidade de ambientes

daquele córrego. O ponto médio de cada trecho e a altitude foram georreferenciados via

satélite com receptor GPS, modelo GarminMap 76CSx, e as respectivas datas de coleta estão

na Tabela 1. Na Tabela 2, encontra-se a descrição sucinta dos trechos amostrados.

Figura 2 – Mapa contendo os 8 trechos amostrados (modificado de PIRES E

VILLAÇA, 2011)

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4.2 – Coleta de Dados Ambientais

A informação geral de campo sobre cada trecho de riacho foi padronizada, quando

cabível, de acordo com o modelo formulado (Anexo). A documentação fotográfica do

ambiente foi feita com uma câmera Sony Cyber-Shot DSC – P93. Os dados de mensuração

física do ambiente foram tomados com trena e a velocidade da corrente estimada pelo método

do objeto flutuante (BROWER & ZAR, 1984). Nas imediações do ponto médio de alguns

trechos, foram coletadas amostras de aproximadamente 250 ml de água para as análises de

pH, em laboratório, sendo este o único parâmetro químico indicador da qualidade da água. As

medidas de temperaturas do ar e da água foram tomadas com equipamentos digitais portáteis.

4.3 – Coleta e fotografia de peixes

Para a coleta de peixes, em cada trecho de 30m de riacho, foi aplicada uma

combinação de diversos métodos de captura, de forma a ser obtida uma amostra a mais

próxima possível da totalidade da ictiofauna presente em cada trecho amostrado. Assim

sendo, o esforço de coleta aplicado a cada variante metodológica foi tão padronizado quanto

possível.

Realizou-se 4 coletas diurnas em oito pontos amostrais durante os meses de Junho de

2011 e Fevereiro de 2012 (Tabela 1). Nos locais de remanso, de maior profundidade, foram

utilizadas tarrafas (malha 12mm e malha 20mm) e redes de emalhar (10 metros malhas 20, 40

e 60 mm). Nos trechos de menor profundidade foram utilizadas tarrafas, redes de arrasto e

puçás de malha fina, e nos de corredeira os peixes foram coletados pelo método “levanta-

pedra” com puçá e pequenas redes de arrasto (OLIVEIRA & LACERDA, 2004).

Todos os exemplares capturados foram imediatamente fixados em solução formalina

10%, transferidos para etanol 70% para conservação e depositados na Coleção Ictiológica da

UFJF. O material coletado em cada campanha foi separado em lotes mono-específicos e os

indivíduos de cada lote foram contados, medidos (Comprimento Padrão em mm) e pesados

(g), sendo posteriormente fotografados em vista lateral esquerda ou dorsal, sobre um fundo

contrastante.

As coletas foram feitas apenas para registrar a presença das espécies e a pesagem e

medição foram feitas apenas estimar os estágios jovem / adulto, confrontados com a literatura.

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5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

São apresentados os dados referentes a fisiografia, parâmetros físico-químicos,

granulometria predominante de fundo e vegetação de entorno na Tabela 3. Na Figura 4, o

ponto médio de cada trecho é ilustrado. A bacia do córrego São Mateus tem como substrato

dominante de fundo a areia e o cascalho. Suas margens apresentam grande predominância de

pastagem, indicando que o ambiente está consideravelmente alterado. De acordo com as

análises de pH a água do córrego não mostrou-se drasticamente alterada, contrariando com as

análises de Pires e Villaça, 2011.

Foram coletados durante o período do trabalho 374 exemplares de 19 espécies (Figura

5 e Figura 6) em 17 gêneros pertencentes a 11 famílias de 5 ordens (Tabela 4), perfazendo

uma biomassa de 19761,2 gramas (Tabela 5). Das espécies registradas, aproximadamente

41,7% pertencem a Ordem Characiformes, 30,6% a Ordem Cyprinodontiformes, 21,2% a

Ordem Perciformes e somente 5,7% pertencem a Ordem Siluriformes e 0,8% a Ordem

Gymnotiformes. Apenas 40 exemplares coletados (aproximadamente 10,7% do total) têm

comprimento padrão superior a 150 mm, refletindo o porte do córrego. As espécies mais

abundantes foram Geophagus brasiliensis (21,1%), Phalloceros harpagos (16,8%) e Poecilia

reticulata (14,4%); as com maior biomassa foram Hoplias cf. malabaricus (64,8%) e G.

brasiliensis (17,9%).A composição da ictiocenose, em termos de abundância por família,

indica a predominância de Characidae, seguida de Poeciliidae e Cichlidae e biomassa indica a

predominância expressiva de Erythrinidae (Figura 3).

Figura 3 - Composição percentual por família, em termos de número de indivíduos e biomassa, da totalidade dos peixes coletados nos 8 trechos amostrados na bacia do córrego São Mateus.

ErythrinidaeCharacidae

CichlidaePoeciliidae

AnostomidaeCrenuchidae

PimelodidaeTrichomycteridae

CallichthyidaeLoricariidae

Gymnotidae

0

10

20

30

40

50

60

70 % Número de indivíduos % Biomassa

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Figura 4 – Vistas dos pontos médios de cada trecho amostrado na bacia do córrego São

Mateus. 1) Afluente do Córrego Salvaterra, Faz. Santa Cruz; 2) Córrego Salvaterra, Faz. Santa

Cruz; 3) Córrego São Mateus, a montante da foz do córrego Salvaterra; 4) Córrego São

Mateus à jusante da foz do córrego Salvaterra; 5) Córrego São Mateus à montante da represa,

Faz. São Mateus; 6) Córrego São Mateus à jusante da represa, Faz. São Mateus; 7) Foz do

córrego São Mateus; 8) Córrego Bocaina, afluente do Córrego Salvaterra.

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Figura 5 - Exemplares representativos das espécies de peixes das ordems Characiformes e

Siluriformes coletadas na bacia do córrego São Mateus. 1) Hoplias cf. malabaricus; 2)

Astyanax cf. bimaculatus ; 3) Hyphessobrycon anisitsi; 4) Hyphessobrycon bifasciatus; 5)

Oligosarcus hepsetus; 6) Characidium lauroi; 7) Leporinus copelandii ; 8) cf

Hyphessobrycon sp.; 9) Imparfinis minutus; 10) Rhamdia quelen; 11) Trichomycterus

mimonha ; 12) Corydoras nattereri ; 13) Neoplecostomus microps; 14) Hypostomus affinis .

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Figura 6 - Exemplares representativos das espécies de peixes das ordens Gymnotiformes,

Cyprinodontiformes e Perciformes coletadas na bacia do córrego São Mateus. 1) Gymnotus

carapo; 2a) Phalloceros harpagos macho; 2b) Phalloceros harpagos fêmea; 3a) Poecilia

reticulata macho; 3b) Poecilia reticulata fêmea; 4) Crenicichla lacustris; 5) Geophagus

brasiliensis .

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Tabela 4 - Espécies de peixes registradas nos 8 trechos estudados na bacia do córrego São Mateus, identificadas ao nível genérico.

Ordem CharaciformesFamília Erythrinidae

Hoplias cf. malabaricus (Bloch, 1794)Família Characidae

Astyanax cf. bimaculatus (Linnaeus, 1758)Hyphessobrycon anisitsi (Eigenmann, 1907)Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1817)cf Hyphessobrycon sp.

Família CrenuchidaeCharacidium lauroi (Travassos, 1949)

Família AnostomidaeLeporinus copelandii Steindachner, 1875

Ordem SiluriformesFamília Heptapteridae

Imparfinis minutus (Lütken, 1874)Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824)

Família TrichomycteridaeTrichomycterus mimonha Costa, 1992

Família CallichthyidaeCorydoras nattereri Steindachner, 1877

Família LoricariidaeNeoplecostomus microps (Steindachner, 1876)Hypostomus affinis (Steindachner, 1877)

Ordem GymnotiformesFamília Gymnotidae

Gymnotus carapo Linnaeus, 1758

Ordem CyprinodontiformesFamília Poeciliidae

Phalloceros harpagos Lucinda, 2008Poecilia reticulata Peters, 1859

Ordem PerciformesFamília Cichlidae

Crenicichla lacustris (Castelnau, 1855)Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)

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Com relação ao número de espécies, as ordens Characiformes e Siluriformes tiveram maior

representatividade, com aproximadamente 73,6% do total de espécies coletadas do total.

A presença de apenas 10,7% de indivíduos com mais de 15 cm de comprimento

padrão demonstra, inequivocamente, a dominância de peixes de pequeno porte na ictiofauna

dos córregos amostrados, reforçando a hipótese de CASTRO (1999, 2003) de que a

predominância de peixes de pequeno porte é o único padrão geral de valor diagnóstico

registrado até o momento para a ictiofauna de riachos sul-americanos. Ainda segundo

CASTRO (1999, 2003), o pequeno porte, entre outros aspectos, permite aos peixes de riacho a

ocupação de micro-hábitats bastante específicos em um ambiente com dimensões físicas

reduzidas, resultando no fato que as espécies tendem a passar seus ciclos de vida completos

em áreas geograficamente restritas. Tal fato, dado o devido tempo, poderia propiciar taxas

relativamente elevadas de especiação alopátrica.

Considerando todos os 8 trechos amostrados a riqueza variou de 0 a 16 espécies (com

média de aproximadamente 6 espécies por trecho), sendo o trecho 7 com maior riqueza (16

espécies) e o trecho 2 com menor (nenhuma espécie), valores estes muito inferiores a outros

estudos em riachos da mesma ordem (BARRETO & ARANHA, 2005 ; CASTRO et al.,

2003; CASATTI & CASTRO, 1997).

Considerando os 8 trechos amostrados na bacia do córrego São Mateus, as espécies

mais abundantes, em número de indivíduos, foram G. brasiliensis (n = 79) e P. harpagos (n =

63), e aquelas com maior biomassa foram H. cf. Malabaricus (12.807 g) e G. brasiliensis

(3.539,9 g). A abundância destas espécie ( G. brasiliensis e P. harpagos) deve-se ao fato de

serem oportunistas, sendo uma possível indicação da limitação de habitats ou da baixa

qualidade ambiental do córrego. A expressiva diferença no total de biomassa das duas

espécies ( H. cf. malabaricus e G. brasiliensis) em relação às demais, pode ser explicada pois

H. cf. malabaricus é a única espécie carnívora (piscívora) registrada em 87,5% do curso do

córrego e G. brasiliensis, além de ser oportunista, é uma espécie que tolera grandes variações

no hábitat e tolera razoavelmente bem degradações antrópicas.

Dentre as possíveis causas da baixa diversidade (riqueza observada) e do pequeno

número de indivíduos coletados (principalmente adultos), o histórico deste córrego contribuiu

sistematicamente, pois o desmatamento para o plantio de café afetou diretamente, acarretando

primeiramente a um início do assoreamento, e a implantação da barragem na Fazenda São

Mateus amplificou os problemas, impedindo o deslocamento das espécies (migração) com o

rio de maior porte (rio do Peixe). Recentemente os dois deslizamentos de ocorridos no Aterro

Controlado/Sanitário Salvaterra, em janeiro de 2002 e em abril de 2004, fizeram com que

toneladas de resíduos e chorume fossem despejadas no córrego, aumentando

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significativamente o assoreamento e acumulando poluentes no mesmo. Além destes

componentes, atualmente o chorume do aterro é descartado diariamente no córrego, o

assoreamento continua devido a terra vinda do aterro, dos rejeitos da Pedreira Pedra Sul e das

construções civis na cabeceira do córrego São Mateus, mais as barragens construídas para a

piscicultura e para o lazer nos afluentes, que contribuem para a invasão de espécies exóticas e

a não dispersão das espécies nativas ao longo da bacia do córrego São Mateus. A ausência da

faixa de APP (Áreas de Preservação Permanente) na maior parte do curso do córrego e seus

afluentes e a sobrepesca no rio do Peixe contribuem ainda mais para a degradação do córrego

São Mateus.

Analisando a estrutura trófica e espacial da ictiocenose estudada, as dezenove espécies

encontradas no córrego dividem-se em cinco guildas, refletindo provavelmente a macro-

organização característica de nichos ecológicos alimentares nos riachos do sistema da bacia

do Rio Paraibuna (MG) como um todo, indicando que os trechos do córrego escolhidos,

apesar de impactados em graus variados, não foram ainda deleteriamente simplificados,

excluindo o trecho 2.

Os carnívoros, preferencialmente piscívoros, são representados por H. cf.

malabaricus, Oligosarcus hepsetus e Gymnotus carapo, correspondendo a aproximadamente

11% do total de indivíduos coletados. Nesta guilda, os principais itens alimentares nos adultos

são os peixes, enquanto os juvenis usualmente se alimentam de larvas de crustáceos, de

insetos e outros invertebrados pequenos (BORGES et al., 2005). A espécie H. cf.

malabaricus, conhecida popularmente como traíra, têm preferência por ambientes lênticos,

apresenta uma reprodução parcelada, ou seja, faz várias pequenas desovas na temporada

reprodutiva em pequenas depressões, onde a fêmea deposita seus ovos, enquanto o macho os

fertiliza, cuidando por poucos dias, até que eclodam e nadem para a vegetação (FISHER,

2012). São comuns em todo o território nacional, habitam águas paradas de represas, lagoas,

brejos e remansos, tendo preferência por barrancos com vegetação, onde espreitam e

emboscam suas presas; podendo caçar o dia todo, prefere horários crepusculares, sobretudo ao

anoitecer. Normalmente atacam as presas que caibam longitudinalmente na sua boca, não

importando o comprimento, podendo ainda predar outra traíra com a metade do seu tamanho,

ou até mais (FISHER, 2012). A bocarra, O.hepsetus, é um carnívoro de pequeno a médio

porte (CARMASSI, 2011) com ampla distribuição nos ambientes de água doce do sudeste do

Brasil (SANTOS et al. 2005). A alimentação tem maior intensidade no verão e no outono

apresentando diferenciação ontogenética sendo os indivíduos menores (5 a 20 cm)

principalmente insetívoros e os maiores (> 20 cm) restritamente piscívoros (BOTELHO et al.

2007). O seu micro-hábitat é a meia água, em pequenos poços junto as margens, sendo seu

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período de atividade crepuscular e vespertino (CASATTI, 2002). O período reprodutivo é

longo (8 meses), porém mais intenso nos períodos com mais chuvas. A desova é do tipo

parcelada sem cuidado parental (GOMIERO et al. 2008). Segundo GONÇALVES (2007),

adultos de G. carapo, popularmente conhecido como sarapó, acima de 200 mm de

comprimento total possuem hábitos alimentares piscívoros. Moluscos (incluindo gastrópodes

e bivalves), insetos terrestres (Odonata, Coleoptera, Homoptera) e itens vegetais são

consumidos ocasionalmente. Segundo ROTTA (2004) a espécie G. carapo possue órgãos

elétricos que são utilizados para a eletrocominucação promovida pela emissão de uma

pequena descarga elétrica. Esta utiliza o campo elétrico gerado por esta descarga para sua

orientação, que compensa sua falta de visão na hora de predar espécies menores, como

também para suas interações sociais, principalmente na época de reprodução. Estudos

biológicos e ecológicos realizados por RESENDE & PEREIRA (2000), mostraram que estes

peixes vivem em ambientes lênticos, com plantas aquáticas de raizame denso que retém muita

matéria orgânica advinda do processo de inundação, onde se abrigam e encontram seu

alimento. Possuem hábito noturno, saindo no crepúsculo para águas mais abertas. São

encontradas em locais rasos, com profundidades inferiores a um metro.

Os invertívoros nectônicos incluem Hyphessobrycon anisitsi , Hyphessobrycon

bifasciatus e Crenicichla lacustris, correspondendo a aproximadamente 18,2% do total de

indivíduos coletados. Nesta guilda, os principais itens alimentares nos adultos são larvas e

adultos de Diptera, Mollusca, Annelida, Odonata, Cladocera e insetos terrestres

ocasionalmente (GONÇALVES, 2007). Popularmente conhecida como lambari, H. anisitsi e

H. bifasciatus, encontram se presentes em várias lagoas e rios brasileiros. Devido ao seu

pequeno porte, não representa espécies de valor comercial, porém, tem importante papel na

cadeia trófica local servindo como forrageio para diversas espécies de valor comercial

(COUTINHO et al., 2000). A espécie C. Lacustris, conhecida como joaninha, durante o dia

ocupa principalmente abrigos junto de raízes submersas da vegetação marginal, apresenta-se

semi-estacionária, com coloração disruptiva e captura suas presas através da tática de

emboscada (CASATTI, 2002).

Os invertívoros bentônicos incluem Characidium lauroi , Imparfinis minutus ,

Trichomycterus mimonha, Corydoras nattereri, Neoplecostomus microps e G. brasiliensis,

correspondendo a aproximadamente 27% do total de indivíduos coletados. Nesta guilda, a

principal tática alimentar empregada na captura do alimento é a especulação do substrato e os

principais itens são autóctones, com predominância de larvas aquáticas de insetos e bivalves

(CASATTI, 2002). Conhecido popularmente como charutinho, C. lauroi, espécie com corpo

fusiforme e nadadeiras pares ventralmente orientadas e bem desenvolvidas foi incluída neste

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grupo. Estas nadadeiras permitem maior equilíbrio e ancoragem durante sua permanência

junto ao fundo do riacho, mesmo em áreas de forte correnteza. Sua alimentação é basicamente

composta por larvas aquáticas de insetos, principalmente Diptera, Trichoptera e

Ephemeroptera (CASSATI et al., 2001). A espécie I. minutus é encontrada em riachos com

substrato de rochas ou lama, com correnteza de moderada a rápida, não sendo nadadora ativa

e de longas distâncias. Realiza a atividade alimentar tocando o substrato com o focinho

enquanto ondula a região posterior do corpo, possuindo hábito alimentar predador enquanto

inspeciona o substrato pelos barbilhões (percepção quimiossensorial e tátil), sendo

classificado como especulador de substratos; possui hábito noturno e solitário, e manifesta

comportamento agressivo por disputa de abrigo entre as rochas, por golpes com a cabeça

contra o indivíduo de menor porte; o período reprodutivo situa-se de outubro a janeiro,

evidenciado pela ocorrência elevada de gônadas maduras (MORAES & BRAGA, 2011). T.

mimonha e C. nattereri, são espécies que, embora os micro-hábitats preferenciais sejam

diversificados, habitam mais freqüentemente substratos arenosos, a principal tática alimentar

utilizada é a especulação do substrato, onde os barbilhões cefálicos destas espécies têm

função sensorial na localização de presas. Os itens predominantes na dieta são larvas

aquáticas de Diptera e Trichoptera e ninfas de Ephemeroptera (CASSATI et al., 2001). O

cascudinho N. microps, é uma espécie que habita ambientes lóticos encachoeirados e

torrentosos, é de porte pequeno, e o comprimento médio de primeira maturação gonadal e

fecundidade indicam que a espécie segue a estratégia K, ou seja, adota recursos de adaptação

ao meio em que vive e não de abundância (BRAGA et al., 2008). Por ser um peixe de hábito

bentônico e desprovido de bexiga natatória , tem facilidade de nadar próximo ao fundo e

vasculhar o substrato com o lábio e papilas em busca de presas e sugá-las (BRAGA, 2004).

Embora sendo considerados itens ocasionais, ninfas de Plecoptera e larvas de Coleoptera-

Psephenidae (Psephenus) ocorrem sob pedras ou outros objetos submersos em riachos e são

capturadas por sucção por N. microps, que vasculha o substrato em busca de alimento

(BRAGA et al., 2008). Esse modo de forragear é corroborado pela existência de outras presas

no ambiente, mas de hábito vágil e que não foram ingeridas por N. microps, bem como

perifiton, cuja obtenção necessita de que o peixe raspe o substrato. A disposição do aparato

bucal de N. microps dificulta a obtenção de outros itens bentônicos de natureza vágil, como

larvas de Trichoptera e ninfas de Ephemeroptera (BRAGA et al., 2008). O cará G.

brasiliensis, habita ambientes lênticos como lagoas de planície de inundação, lagoas costeiras,

lagos, reservatórios e também em ambientes lóticos. Apresenta grande plasticidade trófica,

escavando o sedimento com sua boca protrátil, abocanhando o alimento e selecionando-o,

fazendo com que as partículas não alimentares sejam eliminados pelas aberturas operculares;

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o item predileto em sua alimentação são larvas da família Chironomidae (NUNES, 2012).

Os onívoros nectônicos incluem Astyanax cf. bimaculatus, Leporinus copelandii , P.

harpagos e Poecilia reticulata, correspondendo a aproximadamente 39,8% do total de

indivíduos coletados. Nesta guilda, espécies de meia-água coletam itens alimentares

arrastados pela corrente. O lambari A. cf. bimaculatus forma grupos de até 30 indivíduos que

nadam à meia-água coletando partículas arrastadas pela corrente, e em algumas ocasiões já

foram avistados investindo contra raízes submersas de gramíneas marginais; durante a noite,

os indivíduos de permanecem estacionários nos poços mais profundos do riacho, porém,

adultos dormentes já foram observados capturando insetos que submergiam na água, vindos

da vegetação ripária (CASSATI et al., 2001). Segundo ANDRIAN et al. (2001), a variação

sazonal do índice alimentar indica que, no outono, destacam-se Monocotiledoneae (47,19%)

e Dicotiledoneae (32,64%); no inverno, insetos (53,68%) e Dicotiledoneae (39,95%); na

primavera, insetos (78,8%) e Dicotiledoneae (18,04%); e no verão, Dicotiledoneae (79,31%) e

insetos (13,56%); esta variação reflete a característica oportunista da espécie, que busca

alimentos mais disponíveis, de acordo com a oferta nas diferentes estações do ano. Conhecido

como piau, L. copelandii, possuem corpo fusiforme, boca de pequena amplitude, com no

máximo oito dentes em cada maxila e posição terminal ou subinferior, sendo classificados

generalizadamente como onívoros devido à grande diversidade de itens presentes em suas

dietas (animais e vegetais de origem autóctone e alóctone) (DURÃES et al., 2001). O

barrigudinho P. harpagos, vive preferencialmente em remansos e praticam a cata de itens na

superfície, sendo uma espécie ovovivípara de ciprinodontiforme, apresenta dimorfismo

sexual, sendo que o macho, menor, possui a nadadeira anal modificada em órgão copulador

denominado gonopódio; podem praticar adicionalmente outras táticas alimentares, tais como

cata de itens arrastados pela corrente, poda e cata de presas; a preferência por micro-hábitats

mais lênticos é uma característica marcante desta espécie (CASSATI et al., 2001). O guaru P.

reticulata, segundo AMARAL et al. (2001), é comumente encontrado em águas salgadas e

salobras, principalmente nas saídas de lagoas e bocas de rios. Os indivíduos desta espécie são

vivíparos com fecundação interna, apresentando dimorfismo sexual, onde os machos possuem

um órgão formado pela transformação da nadadeira anal (os raios da nadadeira anal,

particularmente o terceiro, quarto e o quinto, são mais longos do que os outros) auxiliando a

relação sexual. A reprodução é contínua ao longo do ano e as fêmeas começam a reproduzir a

partir de 3 cm de comprimento total, quando chegam a aproximadamente 7 cm de

comprimento, apresentam uma média de 51 embriões por gestação. As fêmeas têm a região

ventral permanentemente dilatada por contínuas gestações. Esta espécie tem sido utilizada em

testes de tolerância térmica, efeitos letais de cádmio e testes com derivados de petróleo na

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Venezuela e na China, apresentando tolerância, sugerindo seu emprego como indicador

biológico.

Os onívoros bentônicos incluem Rhamdia quelen, Hypostomus affinis e cf

Hyphessobrycon sp. correspondendo a aproximadamente 4% do total de indivíduos coletados.

Nesta guilda as espécies coletam seu alimento vasculhando o substrato. O bagre R. quelen,

segundo GOMIERO et al. (2007), representou no ano 2000 cerca de 1,4% do total de pescado

produzido pelo setor aqüícola brasileiro, sendo muito importante para a piscicultura da região

sul do Brasil, tendo hábitos noturnos com preferência por locais calmos e profundos dos rios,

com seixos grandes ou com troncos submersos. É um bagre bentônico especulador do

substrato, alimenta-se de insetos terrestres e aquáticos, crustáceos, restos vegetais, além de

peixes como os lambaris e os guarús (CASSATI et al., 2001). As fêmeas atingem

comprimentos e pesos superiores aos dos machos, sendo 66,5 cm o comprimento assintótico

das fêmeas e 52 cm o dos machos, podendo alcançar mais de 3 kg (GOMES et al., 2000).

Popularmente conhecido como cascudo a espécie H. affinis, segundo CARDONE (2006), é

restrita ao fundo dos riachos, apresenta corpo achatado e lábios modificados em um disco oral

utilizado para fixação temporária ao substrato, tende a se alimentar de algas e matéria

orgânica em decomposição, ingerindo juntamente com os itens que lhes servem de alimento,

enorme quantidade de sedimento, assim podendo ser classificada como iliófaga-detritívora,

uma vez que, há grande ingestão de sedimento e de matéria orgânica autóctone e alóctone,

principalmente de origem vegetal.

ESTEVES (1999) e CASTRO et al. (2003), sintetizam os hábitos alimentares e itens

predominantes na dieta de peixes de riachos brasileiros e concluem que a categoria alimentar

onívoro é predominante, diferindo do presente trabalho para a ictiocenose dos peixes do

córrego São Mateus, onde 56% das espécies são carnívoras (piscívoras e invertívoras).

O trecho 1 (afluente do córrego Salvaterra, Faz. Santa Cruz), devido a degradação das

margens e contaminação de chorume na época das cheias e por ocasionais desbarrancamentos

no Aterro Sanitário/Controlado Salvaterra, têm sua ictiofauna local prejudicada. A

significativa presença de espécies indicadoras de boa qualidade (H. anisitsi e H. bifasciatus)

assim como o elevado número de espécies generalistas e tolerantes a poluição (P. harpagos e

P. reticulata) e o baixo número de carnívoros, são fatores que indicam a degradação ambiental

do local. Este pequeno afluente, embora já alterado, pode servir como exportador natural de

espécies para o córrego Salvaterra, já que este encontra-se severamente prejudicado, bastando

unicamente o fim do descarte de chorume.

O trecho 8 (Córrego Bocaina, afluente do Córrego Salvaterra), também localizado na

parte superior da bacia, mostra-se também degradado, devido ao intenso despejo de rejeitos

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provenientes da Pedreira Pedra Sul, elevando assim os níveis de sedimentos na água do

córrego Bocaina e desfavorecendo a fauna de um modo geral e especialmente a ictiofauna do

local. Grande parte do córrego encontra-se desprovido de peixes devido ao assoreamento que

expulsa os animais adultos, prejudicam a produção primária e pelo grande assentamento

destes sedimentos impedindo o crescimento dos organismos produtores. Apesar de não haver

contaminação química o grande despejo de sedimentos da Pedreira Pedra Sul desfavorece a

ictiofauna local e impacta o córrego em todo o seu trajeto, sendo que na porção inferior os

sedimentos acumulados já inviabilizam a produção de peixes. Este córrego poderia ser

também um grande colaborador para a recolonização de peixes no córrego Salvaterra, mas

devido aos impactos descritos acima e a uma barragem na sua porção inferior, este encontra-

se também em uma situação crítica, sendo necessário medidas que impeçam ou diminuam as

degradações que ocorrem naquele local.

O trecho 2 (Córrego Salvaterra, Faz. Santa Cruz), o mais degradado de toda a bacia,

após todas as coletas realizadas não apresentou nenhum indivíduo capturado. Em todos os

dias de amostragem a água apresentou coloração diferenciada (escura) e presença de espuma,

o que difere do trecho 1, seu afluente, que sempre apresentou água transparente e sem a

presença de espuma. Estas constatações podem servir para quetionar se o descarte do chorume

do Aterro Sanitário/Controlado Salvaterra continua a ser realizado no córrego Salvaterra, sem

nenhum tratamento prévio e sem fiscalização dos órgãos competentes. Este trecho, além da

continua degradação proveniente do chorume, sofreu também com os ocasionais

desbarrancamentos do aterro Salvaterra, e ainda hoje encontram-se presentes nas margens e

no próprio leito do córrego resíduos (sacolas plásticas, garrafas PET, metais variados, entre

outros) não recolhidos, oriundos dos desastres ocorridos. Como o descarte do chorume parece

ser diário, a recolonização de espécies através de seus afluentes, é inviabilizada ou impedida,

como demonstra a ausência de indivíduos coletados durante todo o trabalho.

O trecho 3 (Córrego São Mateus, a montante da foz do córrego Salvaterra), apresenta-

se pouco degradado em suas margens, pois estas ainda apresentam vegetação arbórea. Por ser

um trecho que se encontra próximo a desembocadura do córrego Salvaterra, é impactado

indiretamente, pois ocorre pouca ou nenhuma migração de indivíduos devido à degradação

que ocorre a jusante e em montante a construção de condomínios residenciais gera uma

grande quantidade de sedimentos que se depositam justamente nas partes mais baixas, onde o

local de coleta foi realizado.

O trecho 4 (Córrego São Mateus à jusante da foz do córrego Salvaterra), é justamente

o trecho onde é possível observar o retorno de certas espécies (H. cf. Malabaricus, R. quelen,

A. cf. bimaculatus , H. bifasciatus, P. harpagos, P. reticulata e G. brasiliensis) recolonizando

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a área após os deslizamentos dos maciços de lixo do Aterro Salvaterra que certamente

despovoaram a comunidade de peixes. Mas mesmo com este início de recolonização o trecho

ainda parece sofrer com o constante derramamento de chorume, fazendo com que até as

espécies mais tolerantes sejam escassas no local; somado a isto as margens são amplamente

degradadas dificultando o retorno permanente da ictiofauna no local.

O trecho 5 (Córrego São Mateus à montante da represa, Faz. São Mateus), é um

ambiente represado que aumenta ainda mais as concentrações dos poluentes e não permite a

migração dos peixes que estão a jusante da represa, fazendo com que o número de espécies no

trecho seja pequena. A represa da Fazenda São Mateus ainda contribui para a deposição de

sedimentos a montante, mas após os deslizamentos dos maciços de lixo, o volume de

sedimentos aumentou consideravelmente como pode ser observado na Figura 8, onde

anteriormente o lago era contínuo sem nenhuma ilha em seu meio e atualmente o grande

deposito destes sedimentos criaram uma grande ilha no centro do lago. Apesar de concentrar a

maioria dos sedimentos e do chorume a população local de peixes encontra-se relativamente

bem desenvolvida (Tabela 7), mas estes não conseguem recolonizar consideravelmente o

córrego a montante, por causa do chorume e porque os sedimentos já fazem com que o

córrego fique raso demais, não proporcionando a atração adequada para os peixes subirem o

córrego.

A B

Figura 8 – A - Imagem de satélite do trecho 5 na data de 21/06/2006; B – Imagem de satélite

do trecho 5 na data de 09/05/2011. (Fonte: Google Earth, 2012)

O trecho 6 (Córrego São Mateus à jusante da represa, Faz. São Mateus), mostra-se

depauperado de sua ictiofauna, devido a represa a montante que altera a vazão natural do

córrego e por ser uma barreira para o deslocamento das espécies. O trecho apresenta grande

declividade (encachoeirado), sendo que poucas espécies especializadas conseguem sobreviver

neste tipo de hábitat. A ausência de espécies carnívoras (piscívoras) é um fator que indica o

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quão grave é a degradação do local.

E finalmente o trecho 7 (Foz do córrego São Mateus), apesar de suas margens

degradadas, mostrou-se com o maior número de espécies e maior variedade de nichos entre as

espécies. Isto ocorre principalmente devido a permanente comunicação com um curso d'água

maior, o Rio do Peixe, fazendo com que aumente os micro-hábitats, a disponibilidade de

alimento, os sítios de desova e áreas de abrigo de predadores. Mas neste trecho também é

observado o assoreamento na foz do córrego (Figura 9), o que prejudica a migração de peixes,

devido à pequena lâmina d'água causada pelo acúmulo de sedimentos, que pode fazer com

que eles fiquem menos propensos a aventurar-se por este ambiente com pouca profundidade,

diminuindo assim a quantidade de espécies possíveis de serem encontradas no local.

A B

Figura 9 – A - Imagem de satélite do trecho 7 (Fonte: Google Earth, 2012); B – Fotografia do

trecho 7 mostrando o assoreamento na foz do córrego São Mateus.

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6 - Conclusão

O histórico de ocupação da área, a ausência de APP na maior parte da bacia e os

impactos gerados pelo Aterro Sanitário/Controlado Salvaterra e pela Pedreira Pedra Sul

afetam diretamente a ictiofauna do córrego São Mateus. O intenso despejo de chorume

prejudica os animais sobreviventes e impede a recolonização de certas áreas depauperadas de

suas espécies, além do grande volume de sedimentos dissolvidos na água faz com que os

indivíduos adultos se dispersem e impedem, após seu assentamento, a produção primária

local.

Dos oito trechos amostrados, somente em um (Trecho 2) não foi observado qualquer

espécie de peixe, indicando que o córrego ainda é bastante afetado pelo chorume proveniente

do Aterro Sanitário/Controlado Salvaterra, nos outros trechos a fauna mostra-se desfavorecida

ou em início de recuperação.

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7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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